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SEDUFSM

S I N D I C AT O Impresso

ANDES
Especial
9912248799/2009-DR/RS

NACIONAL Sedufsm

CORREIOS

Publicação mensal da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES - Setembro/Outubro de 2010 ISSN 2177-9988

RENATO SEERIG

FRITZ NUNES

Assembleia na SEDUFSM rejeitou


desconstrução da Carreira

Rejeitada proposta de
Carreira do governo
Radar, pág. 03

Arquivo ANDES-SN

Setor das IFES e GT Carreira aprovaram


manifestação em Brasília, dia 21 de outubro

Ato público defenderá

Mobilização por Carreira e ANDES-SN


Págs. 05 e 06

Estatuinte na UFSMAs três entidades representativas da UFSM SEDUFSM, ASSUFSM e DCE-, estão se
RENATO SEERIG

mobilizando para propor uma Estatuinte na instituição. A ideia surgiu durante o painel
promovido pela SEDUFSM (foto acima), no dia 16 de setembro, e foi aos poucos sendo
consolidada a partir da estruturação de um Grupo de Trabalho envolvendo os três segmentos.
A Estatuinte seria uma forma de repensar a estrutura e o caráter da universidade a partir da
Elvandir José da Costa, procurador
participação de toda a comunidade, e não somente por decisões tomadas pela Reitoria. aposentado da UFSM

Ex-procurador da UFSM
Ainda nesta edição: afirma que universidade
perdeu a “alma”
Liberado o pagamento dos 28, 86% Radar, pág. 03 Com a palavra, págs. 08 e 09
Cinema e história, a parceria que deu certo Extra-classe, pág. 10

w w w .se dufsm .org.br


02 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EDITORIAL Clauber

Estatuinte Já!
A UFSM tem uma história que nem todos conhecem. Afora a
questão da fundação, a partir da atuação de José Mariano da
Rocha Filho, assunto bastante badalado, existem outros
momentos importantes, como por exemplo, o fato de ter sido a
primeira universidade federal a realizar uma consulta à
comunidade para eleger o reitor, logo no primeiro ano (1985)
após o fim da ditadura militar.
Também faz parte da história da universidade a experiência
de uma Assembleia Estatuinte, no início dos anos 90, que
envolveu todos os segmentos da instituição. A iniciativa
acabou indo por água abaixo, seja pela oposição interna, que
o ex-reitor Tabajara Gaúcho da Costa, chama de forças
reacionárias , seja pela aprovação, em 1995, da LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação), do senador Darcy Ribeiro,
que fez retroceder a democracia nas universidades.
Desde então, o segmento docente passou a ser
predominante dentro da instituição. Não deixa de ser
interessante que, em um país em que os processos de
democracia têm avançado muito nos últimos anos, a
universidade ainda seja um espaço em que uns valem mais
que outros. É esse questionamento que, neste momento, todos
começam a se fazer.
Em âmbito federal, o presidente Lula assinou decretos que
na teoria concederam mais autonomia às IFES. Essa
decisão terá como impacto uma liberalidade aos reitores, não
apenas para captar recursos do setor privado, mas também
para ampliar a relação com as fundações, hoje tão
questionada devido a diversos escândalos de desvio de
recursos.
Não parece irônico que, se os reitores reivindicam mais
PONTO A PONTO
autonomia de um lado, por outro, mantenham-se renitentes
em ampliar a democracia e a participação da comunidade, Valorização patrimonial Jantar docente
seja a interna como a externa? Não seria o momento de se
FRITZ NUNES

questionar a atual estrutura sobre a qual está assentada a No sábado, dia 23 de outubro, a
instituição? SEDUFSM realiza o seu tradicional
É um pouco disso que os três segmentos da UFSM estão jantar relativo ao Dia do Professor, que
pensando ao lançar a idéia de uma Estatuinte Já! . é comemorado oficialmente no dia 15
Enquanto adequações ao estatuto da universidade são de outubro. O evento, este ano, inicia às
propostas para, por exemplo, atender interesses de uma 20h30min e terá como local o salão
expansão feita à toque de caixa, os professores, os estudantes
adulto Vira Cambota , localizado na
e os servidores, reivindicam uma discussão mais ampla, com a
rua Duque de Caxias, nº 2319, anexo ao
participação de toda a comunidade. Chega de mudanças
prédio da Fadisma. O buffet será
propostas em gabinetes, por seres iluminados . Queremos a
montado com base no cardápio do cheff
convocação de uma Assembleia Estatuinte exclusiva, com
Enquanto a SEDUFSM se estrutura para uma Caco Pereira. Após o jantar, a animação
participação paritária de todos os segmentos. Queremos ser
outra sede da entidade no campus, procura musical ficará por conta de Gibão
protagonistas na construção de uma nova proposta de valorizar a sede que já possui, no centro da
universidade. Acústico . Os convites podem ser
cidade. Recentemente, foi feito um investi- adquiridos na sede da SEDUFSM ao
mento na colocação de dois portões, nos corre- custo de 10 reais para filiados e 15 reais
dores que dão acesso ao auditório do sindicato. para acompanhantes. Crianças até 5
EXPEDIENTE A instalação dos portões garante maior segu- anos não pagam e as de 5 a 10 anos
rança ao patrimônio. Também foram coloca- pagam 5 reais. O jantar-baile representa
A diretoria da SEDUFSM é composta por: dos toldos para fazer a cobertura da porta dos
Presidente: Rondon Martim Souza de Castro; Vice-presidente: Julio Ricardo também uma comemoração antecipada
fundos e também sobre rampa e escadas que
Quevedo dos Santos; Secretária-geral: Leila Wolff; Tesoureiro-geral: Sérgio A. dos 21 anos da seção sindical, que serão
Massen Prieb; Primeira secretária: Carmem Deleacir Ribeiro Gavioli; Primeira dão acesso ao auditório (ver foto). A ação é
completados no dia 7 de novembro.
tesoureira: Glaucia Vieira Ramos Konrad; Segunda suplente: Rejane Terezinha uma iniciativa de valorização da sede do sindi-
Pereira dos Santos e Terceiro suplente: Luís Eduardo de Souza Robaina. cato e consequentemente do próprio filiado.
Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033)
Relações Públicas: Vilma Luciane Ochoa
Arquivista: Cláudia Rodrigues Valorização do Servidor
Demais funcionários: Claudionéia Petry, Márcio Prevedello, Paulo Marafiga e
Maria Helena Ravazzi da Silva.
Diagramação e projeto gráfico: J. Adams Propaganda
A UFSM, através da Pró-reitoria de Recursos Humanos, realiza atividades na semana de 25 a 29
Ilustrações: Clauber Sousa e Reinaldo Pedroso de outubro que têm por objetivo comemorar o Dia do Servidor Público, cuja data transcorre no
Impressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.500 exemplares dia 28 desse mês. Uma das atividades é a palestra Resgate e valorização do servidor público ,
Obs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem no dia 29 de outubro, às 8h30min, no salão Imembuy, que será feita de forma conjunta entre
as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax) ASSUFSM e SEDUFSM. Pelo sindicato docente, fala o presidente, professor Rondon de Castro.
(55)3222.5765 ou pelo e-mail sedufsm@terra.com.br
Informações também podem ser buscadas no site do sindicato:
Pelo sindicato dos servidores, fala Eloiz Cristino, da coordenação geral. Também está previsto,
www.sedufsm.org.br no dia 26 de maio, à noite, no Theatro Treze de Maio, o I Encontro Musical de Talentos tos
A SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa Servidores da UFSM, sob a coordenação do professor José Francisco Dias (Juca). O evento
Maria(RS). deverá reunir nomes como o de Janú Uberti e Tiane Tambara.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES SETEMBRO/OUTUBRO 2010 03

RADAR

Proposta de carreira do governo rejeitada


Fotos: FRITZ NUNES
proposta do governo foi discutida e posicionar contra ou a favor. Preva-
rejeitada por ter como principal leceu o argumento de diversos
conseqüência a desconstrução da professores, segundo os quais não
carreira, prejudicando de forma muito haveria sentido em rejeitar algo que já
aguda os docentes aposentados. está em vigor se não se tinha uma pro-
Contudo, a compreensão do grupo é posta substitutiva. Para a professora
de que o movimento docente não deve aposentada Maria Beatriz de Morais
apenas rejeitar a proposta, mas Carnielutti, é preciso que o ANDES
apresentar uma alternativa. E é isso mude a sua forma de agir . Acrescentou
que tem sido construído nas reuniões que não podemos negociar de mãos
do GT Carreira. A proposta do grupo, vazias .
apresentada na edição de agosto do Alcides Adornes, professor do
Jornal da SEDUFSM, está tendo sua departamento de Física, destacou que
análise finalizada pela assessoria além do parecer jurídico em relação à
jurídica do sindicato, e deve ser MP 495/2010, o ANDES deveria ter
colocada brevemente em apreciação encaminhado uma proposta alterna-
numa assembleia da categoria. tiva . Na opinião do professor Carlitos
AUTONOMIA- Na plenária do dia Schallenberger, também aposentado da
Argumento principal é de que proposta do governo "desconstrói" a carreira 8, os professores também avaliaram a UFSM, o que o Sindicato Nacional
solicitação do ANDES-SN para que precisaria fazer é apresentar ao
Reunidos ao final da tarde do dia 8 de apresentadas estão a criação da classe houvesse uma posição em relação à Congresso Nacional, responsável por
setembro, no auditório da SEDUFSM, de professor Sênior e de novas gratifi- Medida Provisória 495/2010, editada avaliar futuramente a Medida Provi-
os professores, em assembleia, rejeita- cações como a de preceptoria (na área pelo governo e que trata da Auto- sória, uma proposta do ANDES em
ram a proposta do governo sobre de Saúde) e a de Coordenação de nomia Universitária. A discussão era relação à Autonomia, e não simples-
carreira docente. A minuta de projeto de cursos. se seria tomada uma posição mente rejeitar o que foi anunciado pelo
lei foi apresentada ao ANDES-SN no O vice-presidente da SEDUFSM, favorável ou contrária à iniciativa do governo. A assembleia teve a
dia 21 de julho e deve ser encaminhada professor Julio Quevedo dos Santos, governo, que teve o apoio dos participação de 12 professores e foi
pelo governo, ao Congresso Nacional, disse que nas reuniões do Grupo de reitores. Por unanimidade, a coordenada pelo presidente, professor
após as eleições. Dentre as mudanças Trabalho de Carreira da SEDUFSM, a assembleia decidiu por não se Rondon de Castro.

Liberado o recurso dos 28, 86%


Os docentes beneficiados na ação movida pela Seção Sindical dos
Docentes da UFSM SEDUFSM, na qual estavam sendo pleiteados
créditos relativos ao reajuste de 28,86%, receberam os valores diretamente
em suas contas bancárias. Na terça, 21 de setembro, foram pagos os
docentes que tinham conta na Caixa Econômica Federal e, na quarta, 22,
passaram a receber os correntistas do Banco do Brasil. Ao analisar o
resultado dessa ação, que beneficiou um total de 208 docentes, o presidente
da SEDUFSM, Rondon de Castro, disse que era uma importante conquista
do sindicato em defesa da categoria. Destacou ainda que a seção sindical
continuará atuando sem medir esforços para que os direitos dos professores
sejam respeitados, tanto no campo político como no jurídico.
A assessoria jurídica do escritório Wagner Advogados Associados
(WAA) ressaltou que a parcela liberada corresponde aos valores
incontroversos ou seja, aqueles que a Universidade concorda que são GT Etnia organiza programação do "Novembro Negro"
devidos. Os valores controvertidos - não reconhecidos pela UFSM - mas
apurados pelos peritos contábeis contratados pelo escritório jurídico
continuam sendo discutidos no processo. Um total de 208 docentes foi Negritude
beneficiado pela liberação do recurso. O Grupo de Trabalho de Etnia, Gênero e Classe (GTEGC) está preparando a
A ação foi julgada procedente em relação aos professores que programação da SEDUFSM para a semana da 'consciência negra' em Santa
incorporaram quintos de CDs e FGs, uma vez que não houve a incidência Maria. O evento receberá o título de Novembro Negro e fará parte do Cultura
do percentual sobre tais parcelas. Os demais docentes, segundo na SEDUFSM do dia 22 de novembro. A atividade será marcada por abordagem
entendimento do Supremo Tribunal Federal - STF, não fazem jus ao de temas relativos à consciência negra no Rio Grande do Sul, tais como:
reajuste porque foram beneficiados por reposicionamentos instituídos pela - A atuação dos lanceiros negros na Guerra dos Farrapos e a Traição de
Lei nº 8.627/93, que resultaram em acréscimo de 31,82% no cargo efetivo, Porongos;
no ano de 1993. - A Saga de Zumbi de Palmares e o processo de conscientização afro-sul-rio-
O ajuizamento desta ação ocorreu ainda no ano de 1998, pelo então grandense,
assessor jurídico do sindicato, Celso Carmelo de Moraes. Ele acompanhou - O centenário da Revolta da Chibata, ocorrido em 22 de novembro de 1910,
o processo até o ano de 2002, quando passou a atuar o escritório WAA. tendo como protagonista João Cândido Felizberto, o marujo negro que liderou o
A assessoria jurídica de Wagner Advogados informa também que não foi movimento dos marinheiros contra a Chibata. O GTEGC definiu os temas para a
retido o adiantamento do Imposto de Renda, de modo que o valor recebido Semana da Consciência Negra na reunião do dia 30 de setembro, na sede da
deve ser informado pelos beneficiários na próxima declaração à Receita SEDUFSM, que contou com a participação dos professores Julio Quevedo dos
Federal. Os demonstrativos dos valores pagos serão enviados pelo correio e Santos, Carmem Deleacir Ribeiro Gavioli, Sandra Fontoura, Giane Vargas
o recibo de pagamento de honorários advocatícios deve ser buscado pelo Escobar e da arquivista da SEDUFSM, Claudia Rodrigues. Um dos convidados,
cliente junto ao escritório. A lista completa dos beneficiados encontra-se à mas ainda não confirmados para a programação do GT é o senador gaúcho, Paulo
disposição na secretaria do sindicato. Paim (PT).
04 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES
ESTATUINTE
RADAR ESPECIAL UNIVERSITÁRIA
O que queremos
para a UFSM?

SEDUFSM impulsiona debate da Estatuinte Fotos: FRITZ NUNES


Aparentemente, o debate sobre alte- fessor da UFSM, Carlos Pires, 2º vice-
rações do estatuto da UFSM era para presidente da Regional RS do
ser um não-debate. Isso porque a reito- ANDES-SN, de que se montasse um
ria parecia estar evitando a discussão. grupo com representação dos três seg-
Com exceção do pró-reitor de Exten- mentos foi bem aceita. Não apenas as
são, professor João Rodolpho Flores, representações dos técnico-
que informou ao Jornal da SEDUFSM administrativos e dos estudantes con-
que estava sendo feita uma pesquisa cordaram com a ideia. Os ex-reitores,
junto a outras instituições, buscando Tabajara e Sarkis, corroboraram a
subsídios para futuras alterações esta- proposta, que também foi elogiada
tutárias, do gabinete do reitor, Felipe pelo diretor do Centro de Ciências da
Müller, sequer uma versão oficial foi Saúde, Paulo Afonso Burmann. O
manifestada. E, quando convidado diretor do CCS destacou que a reforma
para participar do debate sobre a universitária vem sendo implementa-
Estatuinte Universitária , a justifica- da pela tática do comendo pelas bei-
tiva para se ausentar foi de que a Admi- radas e, que, por isso, é preciso esta-
nistração Central pouco tinha a contri- belecer um calendário rápido para as
buir em função das discussões ainda discussões.
estarem em fase embrionária . N o p a i n e l o rg a n i z a d o p e l a
Mesmo sem a participação da reito- Seminário apontou para a construção coletiva de propostas à universidade SEDUFSM, os convidados foram o
ria, a SEDUFSM promoveu o painel Mesmo não sendo atividade massi- diretor do Centro de Tecnologia, no ex-reitor Tabajara Gaúcho da Costa, o
Estatuinte Universitária , com o va, teve presenças qualificadas para início da década de 90, participou da dirigente da ASSUFSM, Eloiz Cristi-
subtítulo O que queremos para a o debate. Entre elas, o ex-reitor da discussão da Estatuinte. no, o coordenador de Comunicação do
UFSM? na noite de quinta, 16, no UFSM, professor Tabajara Gaúcho CALENDÁRIO- Embora um dos DCE, José Luis Zasso e o integrante da
auditório da SEDUFSM, que contou da Costa, que dirigiu a UFSM no pontos centrais da discussão tenha Regional RS do ANDES-SN, Carlos
com a participação do Diretório Cen- período em que foi instituída uma sido o caráter que se pretende para a Alberto da Fonseca Pires. O coordena-
tral de Estudantes (DCE) e do sindica- Assembleia Estatuinte (1989-1993), universidade, houve um encaminha- dor do evento foi o presidente da
to dos servidores (ASSUFSM). O o ex-reitor por duas gestões, Paulo mento prático em relação ao que SEDUFSM, professor Rondon de
público presente chegou a 20 pessoas. Jorge Sarkis, que na condição de deveria ser feito. A sugestão do pro- Castro.

Grupo de Trabalho formado Proposta


Na primeira reunião do GT que tratará da
O primeiro efeito prático do painel Estatuinte Universitária , que ocorreu na
sobre a Estatuinte Universitária SEDUFSM, no dia 27 de setembro, o DCE e os
ocorreu na quinta, 23 de setembro. sindicatos de professores e servidores (SEDUFSM
Reunidas no campus da UFSM, e ASSUFSM) definiram que formalizarão uma
debaixo de um lonão montado pela
proposta de Assembleia Estatuinte para a
ASSUFSM, as três entidades
Universidade Federal de Santa Maria. O grupo de
SEDUFSM, ASSUFSM e DCE-,
discussão, que inclui, além das três entidades repre-
decidiram montar um Grupo de
sentativas, estudantes independentes elaborará
Trabalho (GT) para discutir de que
uma proposta de documento para ser formalizado
forma seriam discutidos os temas
na instituição. O documento solicitará a convoca-
relativos a uma mudança estatutária
ção de uma Assembleia Estatuinte.
na instituição. A decisão tomada foi
Conforme o presidente da SEDUFSM, professor
de que os integrantes do GT seriam
Rondon de Castro, o estudo para a elaboração da
compostos de forma paritária, sem
proposta tomará como base um documento
fechar a possibilidade de participação
de pessoas que não compusessem a aprovado no Conselho Universitário, em 1992,
Segmentos discutirão a Estatuinte com representação paritária direção dos sindicatos e do DCE. época em que foi convocada a Assembleia
A integrante da coordenação geral da ASSUFSM, Loiva Chansis, considerou que é preciso Estatuinte na UFSM. Também passarão pelo crivo
buscar respostas sobre o porquê de nos últimos anos as categorias não terem se reunido para do grupo, as propostas de cada entidade em relação
discutir os problemas da universidade. Ela entende que o grupo de trabalho montado pode vir a à universidade. Para Carlos Pires, 2º vice-
recuperar ideias como a do projeto Repensar a universidade , lançado em 2005, pela presidente da secretaria regional do ANDES-SN,
SEDUFSM, junto com os outros segmentos. existe um consenso entre os participantes, que é o
Na opinião do presidente da SEDUFSM, Rondon de Castro, é inegável que existem muitos fato de todos primarem pela defesa da democracia
pontos em comum na luta dos três segmentos da universidade, e o principal deles é a defesa da interna na instituição.
instituição . Para Rondon, a universidade está sendo atacada por um projeto que a levará ao Também foi unanimidade entre os participantes a
caminho da privatização. Os indícios, segundo ele, passam pelo modelo de produtividade atual, realização, no início de novembro, de um seminário
que tem transformado a instituição em uma fábrica de diplomas , em que a pesquisa de valor na UFSM que tem por objetivo debater o processo
social é relegada a um segundo plano, com interesse apenas naquilo que pode ser absorvido pelo estatuinte. É nesse encontro que se pretende ouvir a
mercado. comunidade em relação à principal interrogação de
uma Estatuinte Universitária: Que universidade
queremos? .
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES SETEMBRO/OUTUBRO 2010 05

RADAR ESPECIAL

Processo é político e não técnico


Para quem imagina que discutir altera- sões com a comunidade universitária
Fotos: RENATO SEERIG

ções no Estatuto se resume a uma ques- foi a aprovação de uma proposta polí-
tão técnica, está enganado. Na concep- tico-pedagógica para a UFSM. Para o
ção do professor aposentado da UFSM, ex-reitor, uma Estatuinte só faz sentido
ex-reitor da instituição, Tabajara Gaú- se puder discutida por toda a comuni-
cho da Costa, o processo é político e dade e não apenas no âmbito dos con-
não técnico . Durante o período em que selhos superiores.
comandou a UFSM (dezembro de 1989 a Discutir o poder
dezembro de 1993), Tabajara conviveu e Em entrevista publicada no site da
estimulou a formação de uma Assem- SEDUFSM no último dia 13 de setem-
bleia Estatuinte, que teve seu funciona- bro, o ex-pró-reitor de Assuntos Estu-
mento aprovado nos conselhos superio- dantis da UFSM, durante a gestão Taba-
res da instituição. O grupo jara, professor Marco Auré-
foi composto de forma pari- lio Oliveira da Silva, frisou
tária por membros dos três que uma Estatuinte na uni-
segmentos da instituição, versidade só tem sentido se
com a participação da comu- for para discutir a estrutura
nidade externa e, convoca- de poder. Marco Aurélio,
da exclusivamente para a que coordenou o processo
tarefa, teve um prazo de estatuinte na UFSM após a
360 dias para a conclusão. morte do professor Sérgio Tabajara (microfone): 'forças reacionárias' impediram êxito da Estatuinte
Um dos principais entra- Pires, afirma que se não
ves para que a Estatuinte da houver a compreensão de te o painel sobre a estatuinte promovi- tários dos segmentos e com a presença
época superasse as amarras que precisa ser discutido do pela SEDUFSM, no dia 16 de da comunidade externa.
existentes, herança do Zasso: é preciso esse poder , aí o que se pre- setembro, ele se disse preocupado com Zasso avalia que uma das questões cru-
período autoritário, era o discutir o "poder central" tende é somente uma dis- os encaminhamentos da reitoria em ciais é a da centralidade do poder . No
que o ex-reitor considera cussão de fachada . relação às mudanças no Estatuto. entendimento do estudante, o fato de o
como forças reacionárias encasteladas Esse entendimento também é com- Segundo ele, o movimento estudantil reitor presidir todos os conselhos superi-
em setores importantes da universidade. partilhado pelo coordenador de comu- já em 2009, durante um congresso estu- ores representa uma centralização de
Apesar desse antagonismo interno, con- nicação do Diretório Central de Estu- dantil na UFSM, aprovou a realização poder que não estaria mais condizente
sidera que um fruto positivo das discus- dantes (DCE), José Luis Zasso. Duran- de uma Estatuinte com membros pari- com a realidade atual.

Proposta
A universidade que se quer
Durante o painel sobre a Estatuinte, no último dia 16, o membro da coordenação
pedagógica
geral do sindicato dos servidores (ASSUFSM), Eloiz Cristino, disse que a categoria Em entrevista ao Jornal da SEDUFSM, o
defende a construção de um projeto coletivo para a universidade. Esta é a essência professor Marco Aurélio da Silva, pró-reitor na
do pensamento da Federação de Sindicatos de Servidores das Universidades gestão de Tabajara Gaúcho da Costa, afirmou
Brasileiras (Fasubra). A entidade, inclusive, tem um projeto que se chama como uma espécie de lamento que a proposta
Universidade Cidadã para os trabalhadores . político-pedagógica que resultou do processo
Cristino ressalta que um dos pilares da autonomia universitária é a democracia estatuinte de 1993, tenha sido desconsiderada
interna . O dirigente considera criticável que em pleno regime democrático a pelas administrações sucessivas. Entretanto,
Administração se feche sobre mudanças pretendidas na forma de gerir a buscando a opinião de um pró-reitor da gestão
instituição. Ele se referiu à forma como vem sendo encaminhadas as propostas da Odilon do Canto e de um ex-reitor, a opinião não é
Administração, como foi o caso das mudanças do vestibular e, agora, das alterações compartilhada.
(adequações) do estatuto, que estavam em pauta no Conselho Universitário, mas Érico Henn, professor aposentado do Centro de
foram adiadas. Eloiz Cristino: mais Tecnologia e que atuou como pró-reitor de
No entendimento da ASSUFSM, a partir de deliberações com a categoria ao qual democracia na UFSM Graduação na gestão que se sucedeu a de Tabajara
representa, um dos pontos aprovados é de que deveria haver um Congresso Interno da Comunidade (a do professor Odilon do Canto), destaca que a
Universitária para discutir a reformulação do estatuto e do regimento da UFSM, além da elaboração do proposta político-pedagógica não foi
Plano de Desenvolvimento da Instituição PDI. engavetada . Ao contrário. Segundo ele, ela
serviu de referencial para uma série de ações da
O que queremos? Pró-Reitoria de Graduação durante nossa gestão
Na condição de expositor no painel sobre a Estatuinte, o ex-presidente da à frente da mesma , citando como exemplos, o
SEDUFSM e atual diretor da Regional RS do ANDES-SN, professor Carlos Pires, processo de Avaliação Institucional dos Cursos de
enfatizou que todas as alterações que têm ocorrido na universidade pública Graduação e o programa Trabalho Pedagógico da
brasileira se relacionam à concepção de Estado que os sucessivos governos UFSM.
buscaram implementar. E essas mudanças passam especialmente pelo Para o professor Paulo Sarkis, reitor da UFSM
enxugamento e esvaziamento das funções estatais. Pires destacou que a entre o final de 1997 e o final de 2005, a proposta
universidade está estruturada com base no paradigma da constituição de 1988. político-pedagógica foi bem aproveitada. Ele
Portanto, questiona ele, se precisaria em primeiro lugar saber se o que foi discutido e destaca que ela foi muito importante para a
aprovado na década de 80 encontra-se em consonância com a realidade atual. Instituição e acabou implantada no segundo
No desfecho do evento houve um debate e, em sua elaboração final, o presidente mandato dele, após amplas discussões em todos
da SEDUFSM, Rondon de Castro, considerou que o ponto central das discussões é a os cursos . Mesmo não tendo sido consolidada a
universidade que queremos . Para ele, iniciativas como a de criação de um Centro Estatuinte, diz Sarkis, tenho a percepção de que
de Ensino a Distância ligado diretamente à reitoria, somado à dimensão que as ela foi adotada com grande aceitação e é defendida
Pires: concepção do fundações e as terceirizações têm assumido na instituição, seriam um sinal de que a
Estado que se quer pela comunidade, naturalmente sem perder o
universidade, a cada dia, parece mais preocupada em trabalhar para o mercado . espírito crítico do aperfeiçoamento continuado .
06 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

OPINIÃO

Você acredita em
pesquisas eleitorais? ANDES se mobiliza pela Carreira Arquivo ANDES-SN
O ANDES-SN decidiu que vai
Fotos: Arquivo/SEDUFSM exigir negociação efetiva sobre a
Cândido Silveira de Souza, 61 proposta de reestruturação da
anos, professor aposentado da carreira docente apresentada pelo
UFRGS, 1º tesoureiro da governo federal. Em reunião
Regional RS do ANDES-SN. conjunta do Setor das Instituições
Em princípio, não acredito. Federais do Ensino Superior - Ifes
Ocorre que a mídia, de uma e do Grupo de Trabalho sobre
forma ou de outra, acaba Carreira - GTC, no final de sema-
influenciando essas pesquisas. na dos dias 11 e 12 de setembro, na
No momento em que é dito que o sede do Sindicato Nacional, os
candidato A ou B está se docentes deliberaram a apresen-
sobressaindo em relação aos tação de posição que responda,
outros, isso vai se transfor- item por item, à minuta de projeto
mando em realidade. Entretanto, já aconteceu muitas de lei elaborada pelo Ministério do
vezes que o resultado das pesquisas não se confirmou Planejamento, Orçamento e Ges-
nas urnas, o que demonstra que devemos ter cautela ao tão - MP. No final de semana dos
25 seções sindicais representadas na reunião do GT Carreira e Setor
nos pautar por elas . dias 9 e 10 de outubro, o tema das IFES
voltará à pauta, em nova reunião
Marcius Fuchs, 21 anos, estu- do setor e do GT, especialmente visando á com a participação dos docentes aposentados e das
mobilização para o dia 21 de outubro (ver matéria carreiras de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico
dante do curso de Educação
à página 7). - EBTT.
Física do CEFD. Conforme a presidente do ANDES-SN, Marina Eixos temáticos
Não. Esses tempos estávamos Barbosa Pinto, a base da categoria docente Os representantes das 25 Seções Sindicais
estudando a disciplina de respondeu muito bem ao processo de mobilização ligadas às universidades federais que participaram
metodologia da pesquisa que o para construção de uma proposta de carreira do desta reunião, em Brasília, apresentaram os
próprio método a ser usado dá ANDES-SN, iniciado no nosso último CONAD, resultados das assembléias de base realizadas pelas
margem para a manipulação. realizado em Fortaleza (CE) no final de junho. Seções Sindicais (sobre a assembleia da
Por exemplo, na minha casa Vamos cumprir esta tarefa no prazo estabelecido e SEDUFSM, ver matéria à pág. 03), que rejeitaram
nunca passaram para perguntar argumentar com os representantes do governo que a proposta do governo e já apontaram os primeiros
em quem eu iria votar. E sem o projeto de carreira não deve ser orientado por resultados dos debates para a construção do projeto
falar que está totalmente ligado uma lógica que prejudique a concepção de de carreira do ANDES-SN.
aos moldes do tipo de eleição que temos hoje, que é educação pública e a valorização do trabalho Conforme metodologia predefinida, as assem-
totalmente antidemocrático, pois a população não tem docente , esclarece ela. bléias deliberaram sobre dois eixos temáticos
acesso a todos os candidatos. Os debates realizados Na reunião, os docentes definiram também um propostos para a construção do projeto do ANDES-
sem a presença de todos os candidatos e isso impede as amplo calendário de mobilização, com a realização SN: "pressupostos sobre o ambiente em que o
pessoas de conhecerem as propostas de todos. Por isso, de reuniões, debates e seminários diretamente nas trabalho docente deve ser exercido" e "fatores que
a pesquisa acaba refletindo apenas o que é apresentado Seções Sindicais, culminando com a organização devem incidir no desenvolvimento do docente na
pelos meios de comunicação . de um ato público em Brasília, que contará também carreira".

João Carlos Costa, 62 anos,


coordenador financeiro do
sindicato dos servidores
Buscando apoio parlamentar
(ASSUFSM). A presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa do, estivemos presentes em todos os embates
Acredito, até mesmo porque a Pinto e o 2º vice-presidente, Luis Mauro políticos nacionais importantes e temos
pesquisa é um meio de colocar Sampaio Magalhães, se reuniram com o representando os mais de 70 mil docentes das
para a população como é que deputado federal Miro Teixeira (PDT/RJ), no instituições de ensino superior brasileiras ,
está o andamento do processo dia 14 de setembro, com o objetivo de buscar enfatizou ela. Luís Mauro Magalhães acres-
eleitoral. Num país com as apoio para garantir o legítimo direito do centou que o registro para a Apufsc-Sindical foi
dimensões do Brasil, continen- Sindicato Nacional de representar os docentes dado sem a realização de quaisquer mediações e
tal, eu acho interessante, pois das instituições de ensino superior do sem que fosse dada ao ANDES-SN a
isso mantém o eleitor bem informado. Isso serve para a estado de Santa Catarina. chance de contestação da medida.
O ANDES-SN, que é o legítimo
eleição em nível federal como também para a eleição
sindicato dos docentes do ensino Representamos Reconhecimento
em nível estadual .
superior de todo o país, está mais de 70 mil O deputado Miro Teixeira
Sérgio Sebalhos de Souza, 65
impedido de representar a docentes das reconheceu a legitimidade do
parcela da categoria que atua ANDES-SN e a importância do
anos, professor do departamen- naquela região desde maio
universidades seu papel na sua história da luta
to de Engenharia Mecânica do deste ano, quando o Ministério brasileiras dos trabalhadores brasileiros.
CT. do Trabalho e Emprego - MTE (Maria Barbosa Pinto, Ele se comprometeu a apoiar e a
Não acredito pelo fato de que concedeu registro sindical ao presidente do fazer as gestões necessárias,
existem discrepâncias muito Sindicato dos Professores das Uni- ANDES-SN) manifestando acreditar que a
acentuadas entre as pesquisas e versidades Federais de Santa Catarina - contenda poderá ser resolvida por via
o resultado das eleições. Isso Apufsc-Sindical, garantindo-lhe o direito de política, mediante a continuidade da
pode ser um indicativo de que representar oficialmente os professores univer- interlocução com o ministro Carlos Lupi. Em
haja algum tipo de manipulação, sitários do estado. carta enviada ao ANDES-SN no dia 15 de
não se pode afirmar que sim e Marina argumentou com Miro Teixeira que o setembro, o parlamentar relatou que já havia
nem que não. Contudo, essas Sindicato Nacional possui total legitimidade na conversado com o ministro Carlos Lupi,
diferenças entre pesquisas e resultados eleitorais é que representação da categoria. Em 2011, o assegurando a continuidade do diálogo com o
nos faz questionar a credibilidade delas . ANDES-SN completará 30 anos. Neste perío- ANDES-SN acerca do impasse.
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES SETEMBRO/OUTUBRO 2010 07

Sindicato promove Ronai Pires da Rocha, 59 anos,


professor do departamento de
Filosofia do CCSH.
Uma pesquisa eleitoral, na

ato público em Brasília


O próximo dia 21 de outubro será marcado por tantes no momento em que um sindicato como o
forma como é planejada e
praticada pelos membros da
comunidade de ciências sociais,
atende padrões de estatística,
uma grande manifestação em Brasília. Conforme ANDES-SN completa 30 anos de existência, distribuição de população, in-
decisão do setor das federais, que foi referendada ameaçado por medidas burocráticas e unilaterais tervalos, etc. Elas têm sido obje-
nas assembleias de base, um ato público ocorrerá a por parte de um governo que esconde medidas to de sucessivos aperfeiçoa-
partir das 9h, em frente ao Ministério do Trabalho autoritárias por trás de uma popularidade mentos. Como todo empreendi-
e Emprego, tendo como mote principal a defesa do midiática. mento humano, estão sujeitas a erros, mas é evidente
ANDES-SN. Pelo menos desde 2004, o Sindicato A atuação do Sindicato deve ser ressaltada que elas têm a confiabilidade que merece todo e
Nacional vem enfrentando tentativas sempre pela questão do comprometi- qualquer estudo desse tipo. Assim, não vejo nenhum
Arquivo/SEDUFSM
de deslegitimá-lo, por meio de suces- mento com a promoção e a defesa do problema em pesquisas eleitorais, quando são feitas
sivos obstáculos à sua atuação, inclu- ensino público, gratuito, laico e de de acordo com as regras preconizadas pelos
indo a criação de uma entidade para- qualidade social para todos, com a especialistas na área e recebidas por todos nós como o
lela, com a intenção de substituí-lo. transformação do modelo sócio- são: instrumentos falíveis de sondagem de opiniões,
O registro sindical foi suspenso, econômico vigente, tendo como tendências, etc. .
num ataque inédito, só debelado após sentido de futuro a construção de um
longa batalha política e jurídica. E, projeto democrático e autônomo de
em que pesem as iniciativas judiciais educação e sociedade.
recorrentes, buscando garantir a prer- Infelizmente, segundo Rondon, o Caravanas
rogativa da entidade para represen- governo Lula resolveu seguir a trilha A cidade de Ituiutaba/MG, sede do Campus do Pontal,
tação sindical ampla, o ANDES-SN do governo anterior, do PSDB, que um campus avançado da Universidade Federal de
continua ameaçado por medidas Rondon: reagir às ameaças em meados da década de 90, adotou Uberlândia, sediou no dia 24 de setembro, a 1ª Caravana
administrativas do Ministério do políticas referenciadas nos processos do ANDES-SN. Com a temática 'Novos docentes: antigos
Trabalho e Emprego (MTE), em franco desres- básicos da chamada Reforma do Estado e novos desafios', o evento compõe a estratégia da direção
peito a decisões judiciais transitadas em julgado, privatização, terceirização e publicização . E as nacional do ANDES-SN de fomentar o debate nos campi
inclusive no Superior Tribunal de Justiça (STJ). universidades públicas e os que nelas estudam e avançados, aproximando o sindicato do cotidiano dos
Para reverter essas situações, o entendimento é de trabalham têm sido afetados por tais políticas, que docentes, principalmente os novos professores.
que e só a mobilização pode conseguir. buscam redirecionar suas funções intrínsecas o Organizado pela Secretaria Regional Leste do ANDES-
Para o presidente da SEDUFSM, professor ensino, a pesquisa e a extensão, por meio da SN e pela Adufu Seção Sindical, a atividade foi dividida
Rondon de Castro, ações como essas são impor- adoção de uma lógica de administração gerencial. em três Rodas de Conversa, sobre: 1- Expansão e
condições de trabalho; 2. Carreira docente e
aposentadoria e 3. ANDES-SN: desafios do nosso
sindicato na luta pela valorização do trabalho docente.

Encontro reúne 100 aposentados Arquivo/APUFPR


Participaram como expositores das temáticas os
professores Luiz Henrique Schuch - 1º vice-presidente do
ANDES-SN, Antônio de Almeida ADUFU-SS e
Entre os dias 27 e 29 de agosto, a
Ricardo Roberto Behr - 2º vice-presidente da Secretaria
Associação dos Professores da
da Regional Leste.
Universidade Federal do Paraná - Conforme o 2º Vice-presidente da Regional RS do
Apufpr Seção Sindical sediou o ANDES-SN, professor Carlos Pires, esse tipo de ação do
XV Encontro Nacional de Assun- Sindicato Nacional também deve ser adotada em outras
tos de Aposentadoria do ANDES- regiões, como no Rio Grande do Sul. O pontapé inicial foi
SN. A atividade contou com cerca dado com visita aos campi da Universidade Federal do
de 100 participantes, entre Pampa (Unipampa).
docentes da UFPR e represen-
tantes de 27 seções sindicais
filiadas ao Sindicato Nacional.
O XV Encontro Nacional de ELES DISSERAM
Assuntos de Aposentadoria que
apresentou o tema Vida, Saúde e Serra é um idiota que apareceu com Lula, querendo dizer
Trabalho: Aposentividade teve que está do lado, que é igual a Lula. É burro . (Caetano Veloso,
como foco analisar as relações em declaração publicada na revista Carta Capital do dia 29.09.2010)
Sindicato precisa definir ações para as demandas dos aposentados
entre o trabalho desenvolvido ao
As declarações de Lula sobre sua própria popularidade
longo da carreira e as condições de saúde e vida de que os debates aqui realizados darão
levada pelos docentes após a aposentadoria, subsídios para definição de políticas e ações do fazem lembrar de outro presidente popular que o Brasil
destacando as possibilidades de participação do sindicato dirigidas às demandas dos profes- teve: Garrastazu Médici . (Senador Demóstenes Torres, do DEM-
segmento nas atividades sindicais e no processo sores aposentados , ressalta a diretora do GO, sobre declaração de Lula de que após as pesquisas de avaliação do
governo, Obama o chamaria de o cara do cara . Folha de São Paulo,
de decisão sobre os rumos das universidades. Andes-SN Bartira Grandi, encarregada do
30.09.2010, pág. A4)
Durante os três dias de evento, foram Grupo de Trabalho Seguridade Social e
realizados debates, palestras, conferências e Assuntos de Aposentadoria pelo Sindicato Eu sofri muito. Nós perseguimos bandeiras. Somos
apresentações culturais que aprofundaram a Nacional. Na avaliação da docente, o encontro extremamente coerentes, não temos olhos na nuca para
discussão do movimento docente sobre a conseguiu cumprir com os objetivos apontados ficar olhando só para trás. O PT era oposição, e estávamos
relação entre saúde, vida, trabalho e aposen- no seu planejamento e proporcionou um saindo da ditadura, disputando espaço . (Neuza Canabarro, ex-
tadoria. Estamos extremamente felizes com o momento de discussão aprofundada sobre secretária de Educação do governo Collares, relembrando os conflitos do
resultado desse evento. Temos a compreensão vários temas do interesse dos professores. passado com o PT, que hoje é apoiado pelo PDT. Zero Hora, 1º de outubro
de 2010).
08 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

COM A PALAVRA
Arquivo/ANDES-SN

Elvandir José da Costa


A universidade perdeu sua alma
Às vésperas de se aposentar como professor do departamento de Direito, Elvandir José da Costa mantém as suas opiniões fortes se comparadas ao
período em que era o chefe da Procuradoria Jurídica da UFSM, na gestão do reitor Tabajara Gaúcho da Costa (1989-1993). Na época, Elvandir, que
ainda hoje mantém o hábito de fumar um cigarro de palha e usar chapéu, era visto como uma figura antipática e polêmica. Contudo, numa roda de
conversa, percebe-se o seu estilo manso, o que não o impede de ter opiniões duras. Em 2007, meses antes de estourar a Rodin, concedeu uma entrevista ao
Jornal da SEDUFSM e disse que as fundações eram o caixa dois da universidade. Passados três anos após o escândalo que abalou a UFSM, Elvandir
acredita na inocência do ex-reitor Paulo Sarkis, mas é bastante duro com uns dois ou três que ele prefere não citar os nomes. Estariam envolvidos em
tantas irregularidades, que, se fosse com ele (Elvandir), daria um tiro na própria cabeça por não ter mais coragem de encarar os filhos. Contudo, é para a
universidade a sua avaliação mais ácida. Ela perdeu sua alma, sua origem , ressalta ele. E acrescenta: Ninguém mais ensina nada . Acompanhe a
seguir os principais trechos da entrevista:

PERGUNTAS&RESPOSTAS

Pergunta- Em agosto de 2007, o sr. concedeu uma entrevista ao Jornal da mas certamente depois fizeram e a fundação passou a ser um instrumento deles.
SEDUFSM em que afirmava que as fundações eram uma espécie de caixa dois Claro, essa expressão eu não precisava ter usado. Mas foi assim que aconteceu e
da universidade. Meses depois estourou o escândalo da Operação Rodin , depois se criou uma inimizade radical. O secretário-executivo da
envolvendo Fatec e Fundae e afetando personalidades importantes da Fatec nem me cumprimentava.
UFSM. Quando o sr. criticava as fundações, imaginava que as
irregularidades chegassem ao nível em que foram detectadas? P- Quem era o secretário-executivo?
Resposta- Lamentavelmente, eu tinha a informação de como R- O professor Silvestre (Selhorst), que foi um dos
funcionavam as coisas na fundação. Isso gerou uma denúncia há flagrados nessa operação (Rodin). E eu sempre me
mais ou menos uns 15 anos. Na época, uns dois ou três anos antes opondo à fundação e eles querendo sempre ampliar a
de eu me aposentar, fui ao Procurador da República (João Carlos atuação. A situação chegou a um ponto em que eu disse: -
Rocha), e pedi a ele que examinasse as contas da fundação para Olha, se fizerem, eu vou ter que comunicar ao Tribunal
ver se havia alguma irregularidade. Claro que, por falta de de Contas de como as coisas são feitas. É claro que eu
estrutura (da procuradoria), ele, um funcionário recém chegado, percebia o que estava se passando, mas eu tinha algumas
deu parecer de que as contas estavam formalmente regulares, ou limitações. É que a universidade tinha alguns problemas
seja, do ponto de vista documental. Mas, eu continuei enfrentando a e resolvia-os através da fundação. Então,
questão. Tive até uma reunião com o professor Sarkis (Paulo), que foi criada uma dependência de tal forma
era diretor de Centro (do CT), e com outros diretores de que verificamos que as pessoas, no seu
Centro, entre eles, o professor José Fernandes. expediente, ganhavam da universidade e
Junto estava também o professor Tabajara também em projetos através da fundação. E
(Gaúcho da Costa, reitor de 1989 a 1993). os instrumentos comprados pelos tais projetos
Eles (diretores) queriam fazer compras eram emplacados como sendo da fundação.
de ração de animais e remédios para Então, virou uma relação promíscua da
hospital através das fundações. Eu, fundação com a UFSM. Agora, a
na condição de procurador fundação em si não é um mal. Ela foi
jurídico da UFSM, perguntei a criada pelo professor Benetti
eles se tinham orçamento e se (Gilberto Aquino, reitor de 1985-
tinham o respaldo financeiro. 1989) e o Leoveral (Negreiros,
Responderam que tinham. também procurador jurídico) e
Então, eu perguntei por que outros, com o objetivo de auxiliar a
não faziam via licitação. universidade. O problema foi a
Nisso, um deles respondeu distorção da função das fundações e
que não havia agilidade os professores não dando aula,
através do processo licita- deixando os alunos nos corredores,
tório. Aí eu respondi: - Mas para ir trabalhar em projetos nas
tem um problema. O sr. é fundações. E os veículos da
gerente setorial da universi- fundação de livre circulação na
dade e não consegue ser ágil. universidade. E recursos da univer-
Como conselheiro da fun- sidade repassados à fundação para
dação o sr. consegue ser terem livre aplicação, quando o
ágil. Qual o interesse objetivo era fugir do cum-
que tem por trás disso? primento à lei. Assim, infeliz-
Evidentemente, a pes- mente, tomou esse rumo, por um
soa disse que com o abuso.
Elvandir não dá para
conversar . Se le- P- Quando o sr. bateu de frente com
vantaram e se retira- pessoas envolvidas com as fundações,
ram. E não fizeram além da inimizade, houve algum
o que pretendiam outro tipo de atrito ou tentativa de
naquela época, represália?
Fotos: RENATO SEERIG
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES SETEMBRO/OUTUBRO 2010 09

R- Quando se acirrou a disputa, com grandes interesses sendo colocados, houve professor deixa um aluno no corredor, não vem dar aula e fica tudo por isso mesmo. O
alguns problemas. Os interesses se davam principalmente entre pessoas da que era uma exceção, hoje virou uma regra. Eu achei que depois que inventaram a
universidade e firmas fornecedoras. Havia também um conflito permanente com o internet, os professores iriam parar de viajar, de gastar com diárias e passagens, mas
NPD (hoje CPD, que era o Núcleo de Processamento de Dados), que trabalhava para foi pior. Só eu preciso dizer que eu não estou desiludido com a universidade. Eu
a fundação e não fazia o que a gente precisava para a UFSM. Então, nesse período, o nunca me iludi.
que aconteceu é de eu chegar para pegar a camioneta no fim do expediente, e os pneus
estarem no chão. Outro dia um grampo de cabelo enfiado na fechadura. Esse tipo de P- O presidente Lula assinou uma Medida Provisória, que teve o aplauso dos
coisa, mas nunca ninguém me disse uma vírgula sobre a fundação. Nunca ousaram reitores, em que teoricamente é concedida mais autonomias às universidades.
me dizer nada. Uma vez até eu dei uma entrevista para um jornalzinho da (curso de) Entretanto, no que se refere à relação com as fundações, o que era pedido pelo
Comunicação em que eu dizia só tenho medo de mim mesmo e de mais ninguém . E Tribunal de Contas (TCU) não chegou a ser cumprido. O sr. acredita que o
eu tinha análises jurídicas certas. Depois eles conseguiram uma legislação especial resultado prático vai ser mais autonomia mesmo?
para atuação das fundações, que agora (atual R- Não houve garantia de que a universidade seja
governo) foi aperfeiçoada para comprometer e uma unidade orçamentária da União com prestígio.
submeter ainda mais a universidade aos interesses da Ela vai ter que começar a andar por sua própria
fundação. E quanto às relações pessoais, havia uma conta. E essa é a autonomia que sempre quiseram
certa normalidade, porque eu entendo que no serviço dar. E sempre se lutou contra esse tipo de autonomia.
público não se desenvolvem amizades, mas Eu vi barbaridades feitas em universidades
camaradagens. Quando entra o interesse ou a disputa brasileiras, que eu conheço razoavelmente, uma boa
por uma chefia, acaba qualquer relação de modelo quantidade, com a pouca autonomia que se tinha.
afetivo. E, afora isso, eu posso afirmar que tive Nós chegamos a ter universidade em que o
prejuízos profissionais no meu escritório, bastante procurador ganhava 47 mil reais. Uma universidade
grandes. Numa universidade em que se desquitam que era pioneira em concessão de índices do
como se desquitam, quantos inventários, quantos governo. Já aqui, para ganhar, foi uma luta.
usucapiões eu teria feito no escritório se eu fosse um Processos e processos e a gente era obrigado a
procurador simpático. Mas, acontece que depois eu recorrer. E eu era encarregado de fazer isso, de
saí pelo Brasil a fazer inquéritos. Fiz em Minas atrapalhar que os outros pudessem receber essas
Gerais uns dois ou três, em Belém do Pará, Brasília, ações. E cada vez que eu ganhava uma ação, eu
Florianópolis. Inquéritos contra os procuradores que cortava na carne, porque eu perdia o índice
não recorriam, que não cumpriam o seu dever de correspondente. Então, eu acho que autonomia
fiscalizar o cumprimento da lei como está na pleiteada sempre sem saber o que fazer com ela, e
descrição das nossas tarefas. Eu nunca tive problema que autonomia era, isso nunca foi definido, acho que
de qualquer tipo. O reitor, na verdade, ele me vai resultar no abandono da universidade brasileira a
garantiu no cargo. O sindicato dos servidores foi no viver sob suas próprias custas e, assim, a cobrar por
mínimo umas três vezes pedir a minha destituição. E serviço prestado à comunidade. E, dessa forma,
o reitor (Tabajara) me garantiu. E eu verifico, quando vamos chegar ao ensino pago pela via transversa.
vou me aposentar no fim do ano do magistério, que a
universidade acabou. Ela é muito boa para nos pagar P- Voltando um pouco à questão das fundações.
salário, dar emprego e algum prestígio. Houve escândalo, houve denúncia. Na sua
experiência de anos atuando na área jurídica, o sr.
P- Como o sr. pode detalhar mais essa afirmação de que a universidade acabou? vê com otimismo ou com pessimismo a questão da responsabilização dos
R- Acabou como instituição de ensino. Eu verifico que o pessoal sai sem... envolvidos no suposto desvio de 40 milhões de reais?
R- Na primeira instância, com a juíza local (Simone Barbisan Fortes), eles vão
P- A universidade virou o que? encontrar um paredão. Agora, quando chegar no tribunal, a coisa é diferente porque
R- Sai sem condições. Falaram que virou um colegião e eu acho que realmente se tem o general que vence todos os generais, que é o general tempo, e que milita a favor
transformou nisso. Do ponto de vista da pesquisa, não se fabrica pesquisador. Ou o dos réus. Claro que, no processo tem pessoas inocentes. Tem pessoas que
sujeito é ou não é. Todo mundo pesquisar? Mas pesquisar o que? Então, a formalmente assinavam, mas que não tiraram proveito de dinheiro algum. Pelo
universidade perdeu a sua alma. Perdeu a sua origem. Como dizia o professor menos, duas ou três pessoas. E uma delas, eu não tenho dúvida em afirmar, que uma
Mariano (José Mariano da Rocha Filho, fundador da universidade), a UFSM delas era o Sarkis (Paulo Jorge, reitor entre 1997 e 2005). Um homem que
foi criada voltada para a sua região geoducacional, com o compromisso não tinha nada contra si. Tinha um baita escritório de cálculo. Uma
do desenvolvimento regional. Então, o prestígio nacional, Não estou tradição bárbara, um reitor que governou.
internacional, a pesquisa de repercussão, é ótimo. Mas, a universidade desiludido.
não ensina. Aliás, ninguém mais ensina nada. Os alfabetizadores não P- Por que o sr. afirma com tanta certeza em relação à inocência do
alfabetizam, os estudantes no segundo grau não aprendem nada. E Nunca me prof. Sarkis?
agora vão aprender na graduação ou na pós-graduação? Vão iludi com a R- Porque ele recebeu 40 mil de um serviço que ele prestou. Quanto
empurrando para cima as informações que deviam ser dadas na ao resto, não. Ele não recebeu mais dinheiro. E nem fez essas coisas, a
graduação. E a universidade segue o modelo brasileiro, que na verdade
universidade distribuição do dinheiro. Disso ele não participou. Conheço bem o
é norte-americano. Eu assisti perfeitamente isso, quando veio um sujeito sujeito.
chamado Rudolf Atkon, que era grego naturalizado norte-americano. Ele
veio para cá como espião do departamento de Estado norte-americano, que veio P- O sr. acha que teria acontecido o que? Teria sido envolvido em tudo isso?
para cá dentro do acordo MEC-USAID para implantar o sistema americano aqui. E, R- A questão é justamente essa, a da relação entre universidade e fundação. E ele
na pós-graduação, nós demos um chute na Europa. Nossos veterinários e agrônomos (Sarkis) era partidário da fundação e foi isso que, provavelmente, permitiu a ele
estudavam na Alemanha, na França, na Inglaterra, e aí optamos pelo modelo norte- construir muitas obras na universidade. E aí ele acabou nesse imbroglio todo. Então,
americano, que é o que vigora atualmente. Cada universidade vive às suas custas, a não ser que haja coisas que eu não saiba, acredito que não tenha se beneficiado de
fazendo pesquisa e vendendo serviço. E esse é o modelo americano. E isso começou irregularidades, pois não é de personalidade dele. Mas, é apenas um exemplo. Tem
com o sr. Rudolf Atkon. É um modelo que não tem compromisso e, os valores outros. O Renan Rademacher. Não tem a mínima possibilidade de ele ter botado a
culturais são substituídos pelos norte-americanos. A universidade cresce mão em qualquer mil réis. É um sujeito que todo mundo conhece. Só que o processo
fisicamente, estruturalmente, aumenta vagas, mas qualitativamente não. Eu sou do vai rolando e as pessoas estão com o nome ali, envolvidas. Mas, por outro lado, tem
tempo em que o professor tinha que levar o aluno numa fazenda, para mostrar o gado. outras pessoas, umas duas ou três, com envolvimentos terríveis. Coisas que, se
Os alunos e o professor se cotizavam para pagar a diária e o combustível. O professor fossem comigo, eu daria um tiro na cabeça, porque o sujeito não tem mais condição
não ganhava diária, não ganhava nada e ia fazer o que tinha que fazer. Então, nós de olhar na cara do filho. Contudo, a gente sabe, o indivíduo tem percepção seletiva.
perdemos o apreço, perdemos a perspectiva pela atividade universitária, que não é só O sujeito passa a achar aquilo normal. Não é só aqui. Ocorre com as fundações em
ensinar. A Constituição diz que tem que formar também a cidadania. Ora, se um todo o Brasil.
10 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EXTRA-CLASSE

Paixão que une história e cinema


Fotos: Arquivo Pessoal
Alexandre Maccari Ferreira. Ele procurou o 2010 (volume 3). Para fazer uma amálgama de todo
professor do departamento de História, esse processo, Diorge Konrad destaca que foram
Diorge Alceno Konrad, também um cinéfilo convidados nomes como o de Rogério Koff, que já
assumido e propôs a construção de um projeto havia sido crítico de cinema; Vitor Biasoli, professor
sobre cinema e História. O objetivo não seria do departamento de História, que já havia coorde-
competir com os cineclubes já existentes, mas nado uma disciplina que tratava de História e
sim, abrir um espaço para que se pudesse Cinema; Carlos Blaya Perez, professor do
discutir cinema e história , resgatando departamento de Documentação e especializado em
clássicos ou mesmo filmes pouco difundidos, Fotografia.
possibilitando assim fazer interrelações e a Na sequência a esses nomes citados, vieram a se
partir delas, elaborar reflexões. Foram somar inúmeros outros, dentre os quais: Glaucia
convidados professores do próprio curso de Ramos Konrad,
História, mas, ao mesmo tempo, ampliando hoje professora
para professores de outras áreas, pesquisa- do departamento
dores, jornalistas ou simplesmente apaixo- de Arquivologia;
nados por cinema. os bolsistas
'Ciclos de cinema' é um projeto construído por uma equipe ampla Konrad especifica que desde o primeiro Cleudir Rhoden
momento em que foi projetada a ideia dos (2005), João
Santa Maria, inegavelmente, tem uma tradição de ciclos, se pensou que a meta seria de proporcionar Júlio Gomes dos
cineclubes, que reúnem aquelas pessoas que se uma análise crítica entre os campos histórico e Santos Júnior
interessam por filmes e são apaixonadas pela cinematográfico, ressaltando suas proximidades e (2006), Camila
denominada sétima arte. Mas será que os filmes e o distanciamentos, com temáticas relacionadas à dos Santos
cinema também podem ser somados ao estudo história em geral, a partir de debates coordenados (2007 e 2008),
acadêmico? Para Rogério Koff, professor do que ilustrassem momentos variados da História do Humberta Soa-
departamento de Ciências da Informação da UFSM, Cinema e da validação da imagem como fonte res Lemos (2009
que já atuou como crítico de cinema nos meios de documental para a pesquisa. e 2010) e dez-
comunicação santa-marienses, entretenimento e OBRA ESCRITA- É dessa forma que surgem os enas de outros
reflexão não se colocam em pólos opostos. Na ciclos de cinema histórico , que já completou cinco alunos, profes-
condição atual de diretor do Centro de Ciências anos de existência e que resultou na produção de três sores da Unive- Cartaz da 27ª edição dos Ciclos de
Sociais e Humanas da UFSM (CCSH), Koff foi um volumes da obra Um livro a cada filme . O projeto, rsidade Federal Cinema, tratando das "Eras de Eric"
dos incentivadores dos Ciclos de Cinema que adentrou em sua 27ª edição, faz parte do FIEX de Santa Maria,
Histórico . (Financiamento Interno de Extensão). O primeiro UNIFRA, UFRGS e de outras instituições, entre
Os ciclos de cinema nascem em 2005 a partir de volume foi lançado em 2006, com os posteriores outros colaboradores de diversas áreas, especial-
uma iniciativa do então estudante de História, sendo impressos em 2007 (volume 2) e em agosto de mente de Comunicação.

Mais de 300 filmes somando “emoção e razão” Fruição


Desde que surgiram os ciclos de cinema histórico já A avaliação do professor Vitor
ocorreram 27 edições. Foram exibidos e comentados mais Biasoli, do departamento de Histó-
de 300 filmes. Para o mentor do projeto, que hoje atua como ria, é bastante positiva sobre os
professor de História da Unifra, Alexandre Maccari ciclos . Segundo ele, é uma proposta
Ferreira, a mobilização que os ciclos deram na organização que possibilita vivências muito
de outros ciclos é um fator positivo. Foram muitas horas de significativas. Ele destaca que
debates sobre filmes, história e sociedade, três volumes de filmes antigos, que geralmente são
livros já lançados e outros quatro previstos. É uma dinâmica vistos em casa, solitariamente - como
que desejamos levar adiante enquanto houver público, A ponte do rio Kwai ou O pagador
interesse institucional e esforços pessoais para realizar essas
de promessas, puderam ser
atividades , destaca Maccari. Em relação á importância e
assistidos coletivamente e, ao final
dificuldades enfrentadas nesses cinco anos, acompanhe as
da sessão, impressões, opiniões e
respostas do professor e organizador do Ciclos .
SEDUFSM- Quais as dificuldades em organizar um análises tiveram a oportunidade de
evento como os ciclos ? serem compartilhadas.
Comentários dos filmes se transformam em artigos para o livro Enfatiza Biasoli que a dinâmica
Maccari- O surgimento dos
Ciclos está situado em um nesse sentido, mas que influência no número de das sessões do ciclo - a exibição do
momento em que poucas espectadores. filme e mais o comentário de um pro-
atividades deste porte eram SEDUFSM- Qual a importância e ao mesmo tempo, fessor ou acadêmico, somado ao
realizadas na academia. Nossa quais as dificuldades para levar adiante uma publicação debate e a troca de impressões, per-
ideia não era seguir a organi- como a 'Uma história a cada filme'? mite um leque variado de experiên-
zação fixa de datas de um Maccari- Talvez o grande diferencial do nosso trabalho cias, que enriquecem a todos nós que
cineclube, mas realizar mostras com o cinema seja a publicação de 'Uma História a Cada participamos das sessões . Para o
mais longas e mais periódicas Filme'. Isso porque temos necessidade de pensar o cinema professor, o projeto ciclos de cine-
em estrutura de evento, claro enquanto ponto de partida de um estudo mais científico e ma tem colocado na roda não ape-
que com um formato, de crítico. A principal dificuldade está em reunir uma grande nas bons filmes, mas a possibilidade
comentários similares a estrutu- diversidade de textos de diferentes autores e realizar uma de a comunidade universitária se
ra dos cineclubes. Com o passar revisão grande, evitando o número menor de erros, o que é exercitar na fruição estética, na
dos anos, o número de ciclos de uma tarefa muito difícil. Enfim, o livro é o resultado de aliar crítica (acadêmica ou não) e na
Volume III de "Uma história outros cursos aumentou, geran- extensão e pesquisa, divertimento e esforço teórico e crítico, exploração das tantas riquezas que o
a cada filme", de 2010 do uma concorrência saudável emoção e razão. cinema abre para todos nós .
Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES SETEMBRO/OUTUBRO 2010 11

EXTRA-CLASSE

O lúdico aliado ao ensino de química


ARQUIVO PESSOAL
têm sido são mais de ordem técnica do
que propriamente de conteúdo.
KEMI- A personagem principal seja Ferramenta
dos jogos ou do filme produzido, é a O grande mérito do projeto, segundo
Kemi . O nome remete às origens da Marta Toccheto, é o fato de usar meto-
palavra 'química'. No caso dos jogos dologias digitais como ferramenta me-
eletrônicos, por exemplo, foi todológica para o ensino de química.
produzido o jogo Drogas: labirinto É desta forma, com uma linguagem
sem saída . A concepção resgata os próxima ao adolescente que preten-
antigos jogos estilo come-come . O demos desmistificar a química no en-
sino médio , Arquivo/SEDUFSM
aluno deverá livrar a 'Kemi' dos
destaca ela.
amigos fatais, das drogas, e assim
Ressalta
completar as três fases previstas. ainda que as
Nestas fases, os alunos, ao mesmo mídias nada
tempo em que livram a personagem tem a ver com
dos inimigos por um labirinto, ensino a dis-
respondem perguntas sobre o tância e nem
conteúdo. com telecurs-
Em relação ao filme, que foi o . A presença
intitulado de A viagem de Kemi e do professor e
Jogos eletrônicos colocam os temas de química dentro da atualidade deverá ser disponibilizado na TV a aula presen-
Em abril de 2009, o Jornal da Em 2010 está sendo testado o uso de Escola e no Portal do MEC, a direção é cial, diz ela, Marta Toccheto: mídias
SEDUFSM trouxe uma matéria sobre mídias eletrônicas como ferramenta de de Paulo Nascimento, o gaúcho não são substi- são ferramentas para o
tuídas pelas aprendizado
um projeto desenvolvido no curso de ensino-aprendizagem. O experimento responsável também por Valsa para
Química da UFSM, envolvendo outras está sendo usado na 1ª série da Escola Bruno Stein e Em teu nome . O mídias. São ferramentas digitais para
trabalho usa técnicas cinematográficas auxiliar o professor a contextualizar a
parcerias, cujo objetivo é atrair os alunos Metodista Centenário, de Santa Maria.
e de dramaturgia para a elaboração de química com o dia-a-dia , explica
para aulas que não caiam na monotonia. Também nessa situação, conforme a
Marta. Para isso, complementa, foi
Para isso, foram desenvolvidos jogos professora, tem se observado que a episódios de no máximo 10 minutos de
criada uma personagem central, a
eletrônicos e até um filme tratando de forma lúdica de aprender química duração. 'Kemi', que significa terra negra em
uma forma mais simples os conteúdos. O realmente desmistifica a disciplina, O roteiro de A viagem de Kemi foi egípcio, de onde deriva a palavra
projeto, coordenado pela professora do pois os alunos, ao mesmo tempo em produzido com base na elaboração química. A 'Kemi' é uma adolescente
departamento de Química, Marta que se divertem, também testam seus conjunta entre Marta e os professores comum, exatamente como os alunos do
Toccheto, em fase de finalização, já foi conhecimentos. Luiz Nascimento, da Universidade ensino médio, porém, ela tem um
testado em algumas AVA L I A Ç Ã O - O Federal do Rio Grande do Sul interesse inexplicável pela química, até
escolas causando boa material produzido está (UFRGS) e Lia Bressan, da Pontifícia descobrir a origem do seu apelido. Ao
impressão. Conforme a passando por uma análise Universidade Católica (PUC-RS). Os descobrir a origem da palavra e a
pesquisadora, no final de do setor de avaliação do três integram o projeto, que foi ligação com seu apelido, tudo se
2009, foi finalizado o Ministério da Educação financiado pelo Ministério da esclarece e, a partir de então, ela passa
desenvolvimento de 306 (MEC). Conforme a Educação e da Ciência e Tecnologia, a convidar os alunos a serem seus
mídias eletrônicas, sendo professora, em face do com uma verba que chega a 2,7 companheiros numa viagem pela
102 audiovisuais, 104 grande volume de trabalho milhões de reais. química.
Jogo em que 'Kemi'
áudios e 102 jogos precisa se livrar do em que a comissão do
eletrônicos. labirinto das drogas MEC está envolvida,
Após a finalização de muito em função de haver REINALDO PEDROSO
algumas mídias, os primeiros testes mais duas instituições desenvolvendo
foram feitos ainda em 2009. Os locais conteúdos de química, o retorno da
selecionados foram as escolas Irmão avaliação, por enquanto, chegou a
José Otão e Colégio Técnico- Industrial cerca de 30% do conteúdo. É bem - Eleitor do Tiririca.
(CTISM), da UFSM. As turmas possível, diz a pesquisadora, que essa
escolhidas foram de 1º e 2º anos do dificuldade na avaliação poderá
ensino médio. Segundo Marta Toccheto, acarretar atrasos na divulgação e na
a receptividade foi animadora , distribuição do material para as escolas
especialmente no caso dos jogos, que e a sua disponibilização nos demais
proporcionam uma maior interatividade portais previstos. Sobre a análise,
entre o aluno e os conteúdos de química. Marta diz que os ajustes solicitados

Recursos
O recurso para o projeto, explica usado, entre outras coisas, na compra
Marta Toccheto, foi utilizado em sua de equipamentos como microcom-
maior parte nos encargos de contratação putadores que futuramente poderão
da produtora e pagamento de atores e fazer parte de uma espécie de labo-
outros recursos humanos de apoio. So- ratório de aprendizagem da química
mente essa parte, segundo ela, consome com o uso de mídias eletrônicas. Esses
em torno de 2 milhões de reais. equipamentos se transformarão em
O restante, cerca de 700 mil reais, será patrimônio da UFSM.
(Estou no Facebook com textículos e desenhos)
12 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

ARTIGO

Economista-presidente, um alívio?
Curioso o fato de termos como os mais recursos públicos aos pobres. Não também
fortes candidatos à presidência, dois que o PT seja só isso não, ao contrário do
economistas. Curioso ainda que sejam PSDB as teses Unicampeiras (e do próprio
ambos economistas heterodoxos - para os Serra!) de responsabilização do Estado por
não iniciados, economistas que não um projeto de desenvolvimento nacional,
seguem o chamado mainstream (a linha ainda conseguem se fazer ouvir no PT, como
dominante) que é, no principal, se viu no segundo mandato e apesar do Banco
defensora do livre mercado, da Central (reduto dos economistas anti-Serra-
responsabilizacão do Estado por tudo Dilma que eu considero verdadeiros
que há de mal - como o cobrar impostos terroristas de gabinete).
e impedir que o investimento privado Mas é de dar dó mesmo do Brasil, pois não
tenha à sua disposição maiores recursos, há no PT, e muito menos no PSDB, um
ou gerar inflação com seus gastos esforço maior por repensar e re-capacitar o
excessivos, etc., etc.. Estado, por torná-lo mais capaz de desenhar
Pois bem, Serra e Dilma são formados melhores estratégias, (como fazem os
na mesma "escola". Independente de asiáticos) em todas as áreas onde ele deve se
informações "formais" (a briga besta fazer presente, inclusive no seu papel junto
'quem se formou em que?'), Dilma Roussef às empresas e aos mercados para que estes
teve aulas de economia na Unicamp e José também possam funcionar melhor.
Serra deu aulas lá, em diferentes momentos. Com mais concorrência interna (e mais
Ambos escreveram já sobre economia (ele união pra concorrer no mercado externo),
muito mais que ela) e, ainda bem, nenhum com mais condições para os pequenos,
nos pede para esquecer isso. Mas e então, com mais facilidade para se abrir ou fechar
estaremos bem servidos agora com gente assim uma empresa e menos necessidade de fazê-
diplomada? Nem mais nem menos do que estávamos com o doutor da lo, entre outras. Não adianta só gastar mais ou contratar mais (ainda
Sorbonne, FHC, ou com o sem-diplomas, Lula. Todos esses são que passe por isso), mas há que planejar, gastar e contratar
políticos mais que qualquer coisa, representam interesses, são Não há melhor. Há, aliás, economistas e outros profissionais, em
membros de partidos (que vêm de uma parte ). várias aéreas estudando tudo isso. Mas, como eu disse, não se
Chega a dar dó de Serra o fato de ele ser de um partido que
no PT e no PSDB trata de capacitação técnica, mas de vontade política que nos
era candidato a ser a social democracia brasileira e virou um esforço para dirija a isso. Só assim haverá melhoria de qualidade do
refúgio (não só, mas principalmente) da direita que nunca leu re-capacitar o ensino, da produção interna, da saúde, da política mesma, do
um livro seu, e, se leu, mandou queimar. Mas também chega a Estado tipo de cidadão que formamos, com os economistas aí
dar dó do PT ter virado o partido da social democracia brasileira. incluídos.
Não que o problema seja a social democracia no Brasil é mesmo Glaucia Campregher
um avanço querer diminuir a pobreza e a desigualdade social dirigindo Professora Adjunta do departamento de Ciências Econômicas da UFSM

DICA CULTURAL
CD
MEU SEGREDO MAIS SINCERO (Leila Pinheiro)
Aos 50 anos de idade e 30 anos de carreira ,a cantora Leila Pinheiro apresenta mais um disco
primoroso - Meu Segredo Mais Sincero -, com 15 canções do seu parceiro e amigo Renato
Russo. Para esse trabalho, ela selecionou músicas de toda a cronologia do grupo e do artista.
Quase todos os álbuns de estúdio da Legião Urbana tiveram canções selecionadas. Ainda é Cedo
abre o álbum valorizando o clima intimista; seguem-se vários sucessos como Índios, Teatro dos
Vampiros, Angra dos Reis, Pais e Filhos, Há Tempos e Metal Contra as Nuvens, Daniel Na Cova
Dos leões. Tempo Perdido tem uma história especial. Na época do lançamento desta canção
(1986), Leila procurou Renato para lhe mostrar a versão só para piano que ela havia feito e o
músico a considerou grandiosa A cantora registrou a faixa em seu CD Nos Horizontes do
Mundo Ao vivo e resolveu revisitá-la para este novo trabalho. A italiana La Solitudine fecha
Lançamento: Biscoito Fino
o álbum com um dueto póstumo emocionante. Vale destacar o lindo material fotográfico do
Preço: R$ 28,00 pela internet e, disco que mostra registros do primeiro encontro dos dois, ocorrido em 1986. (* Jornalista.
nas lojas, cerca de R$ 40,00 Produz e apresenta o programa Fazendo Arte , de segunda à sexta, das 11h às 12h,na
Quem ouviu? Rejane Miranda (*) RádioUniversidade- 800AM-www.ufsm.br/fazendoarte)

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