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Há uma série de notações da dança, e uma obra de Patrice Pavis (2003) que trata da
análise de espetáculos. A notação da dança é uma prática que data da Idade Média1.
Inúmeros sistemas de notação do movimento vigoram em países como França,
Espanha, Inglaterra, Rússia, Itália, EUA, etc.
Riom cita o texto de Patrice Pavis (2000) - “Réflexion sur la notation de la mise en
scène théâtrale” / “Reflexão sobre a notação da mise en scène no teatro”. Palavras
chave: Metalinguagem/notação/descrição/transcrição/sistema
1
on faire?” PAVIS (2000). Trata-se de uma metalinguaguem que busca descrever o
objeto teatral. O corpo e seus acessórios, objetos cênicos, figurinos etc. E quais seriam
as funções desta notação? Reproduzir, conservar, preservar as especificidades do
espetáculo...
Da notação para a partitura - em geral confunde-se estes dois termos, notação (sistema
de escrita/representação) e partitura (disposição gráfica de todas as partes de uma
composição). A partitura em si já é uma obra de arte que dá acesso a uma obra
coreográfica. Uma questão a se pensar: o que entendemos por obra?
É importante saber porque anotamos uma obra, qual o objetivo da notação, mais do
que “como” fazê-la. Uma das contribuições da notação é enriquecer a capacidade de
observação, aguçando os sentidos utilizados para a percepção de uma obra. Leva-se,
em média, dois anos para se aprender uma notação.
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Foot Line, Knee Line, Hip Line, Shoulder line: são as
quatro primeiras linhas, de baixo para cima do
pentagrama, em que são representadas respectivamente
as partes do corpo: linha do pé, linha do joelho, linha
do quadril, linha do ombro.
Observa-se que, hoje em dia muitos ballets clássicos têm sido remontados a partir das
notações dos coreólogos. Todavia, para otimizar uma remontagem, é importante
cotejar fontes diversas como: a gravação em vídeo, a notação, a memória, os cadernos
de coreógrafos e bailarinos, as fotos, os desenhos, etc. A notação é mais uma forma de
documentação - um registro para preservar a dança, em suas inúmeras formas, como
por exemplo, o trabalho de uma companhia. Ela contribui para o arquivo do
repertório, tendo em vista, que um repertório pode apresentar várias re-leituras de uma
mesma obra.
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Emílio é gaúcho de S.Jeronimo, RS, e foi 1º bailarino do Theatro Municipal do RJ.
Fez carreira internacional dançando no "Cia. Nacional de Bailados"- Lisboa, "Theatre de L'Art du
Ballet"- Paris e 1º bailarino do "Ballet Municipal de Santiago"- Chile.
Diplomou-se como Coreólogo no "Benesh Institute of Choreology", em Londres.
Desde 1995 é coreólogo remontador do ballet "La fille mal Gardee", tendo feito esse trabalho em
diversos países.
3
quantidade de sinais, cujo sentido de leitura é feito tanto na vertical quanto na
horizontal – proximal/distal.
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Fig. Disponível em <http://www.dancenotation.org/lnbasics/frame0.html>.
Observa-se que existe uma diferença entre a Laban Movement Analysis (LMA) – que
integrou os estudos de Laban com os de Irmgard Batternieff – LMA/BF (Laban
Movement Analysis/Bartenieff Fundamentals) desenvolvida pelo Laban/Baternieff
Institute of Movement Studies4 em Nova Iorque, entre outros (FERNANDES, 2002:
p. 31) apresentando mais sinais de “expressividade do movimento”; a Labanotation/
Notação Laban, desenvolvida pelo Dance Notation Bureau5 (Nova Iorque e Ohio)
mais usada para a dança contemporânea; e ainda uma terceira vertente – desenvolvida
no Centro Laban de Londres6 – a Laban Movement Studies, que difere das
precedentes, pois não inclui os Fundamentos Corporais Baternieff.
A Notação Benesh7
A Notação Benesh, também conhecida como coreologia foi criada por Rudolph
Benesh na década de 40, do século passado. Benesh era contador e casado com uma
bailarina (Joan). A notação Benesh é mais figurativa do que a notação de Laban,
apesar de bastante esquemática; e mais utilizado para a documentação do balé
clássico, enquanto a notação Laban se aplica mais à dança contemporânea. A notação
Benesh assemelha-se com a pauta musical, mas não se trata da mesma coisa.
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vista, assemelha-se a uma notação musical, em que se lê da esquerda para a direita. A
leitura é feita horizontalmente, sem perder a verticalidade, que possibilita apreender
todas as informações - em conjunto – e o sentido global do movimento.
A questão dos direitos autorais dificulta, nos dias de hoje, o acesso aos registros, uma
vez que é necessário obter autorização para aceder às notações de obras coreográficas
nos arquivos, por causa dos direitos autorais.
Charlotte Riom destaca em sua fala a importância da notação como ferramenta para
análise de obra, uma vez que a materialidade da representação do corpo dá acesso
mais detalhado às sequências de movimento coreográfico, do que por exemplo, o
registro em vídeo: o que pode ser destacado em contexto pedagógico. Observa-se, por
fim, como cada sistema de notação de movimento aporta imagens corporais distintas.
Para uma leitura comparativa, ver o quadro elaborado por Charlotte Riom, em que
figuram as notações Laban, Benesh, Sutton e Conté – analisadas segundo os seguintes
parâmetros de: representação do corpo, perspectiva, gênero, corpo/pauta, eixo do
corpo, partes do corpo, posição neutra e corpo em ação.
Bibliografia
De L’une à L’autre: composer, apprendre et partager em mouvements. Ouvrage
Collectif – Contradanse, Bruxelles, 2010.
GOODMAN, Nelson. Dança. Linguagens da arte: uma abordagem a uma teoria dos
símbolos. Portugal: Gradiva, 2006. P. 229-234.
PAVIS, Patrice. A Análise dos Espetáculos. Trad. Sérgio Sálvia Coelho. São Paulo:
Perspectiva, 2003.
__________. Réflexion sur la notation de la mise en scène théâtrale. Vers une théorie
de la pratique théâtrale, Voix et images de la scène. Paris: Perspectives Septentrion,
Presses Universitaires, 2000. pp. 167-191.
SISTEMA LABAN
CORDEIRO, Analívia. Nota-Anna: a escrita eletrônica dos movimentos do corpo
baseada no método Laban. São Paulo: Annablume, FAPESP, 1998.
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MIRANDA, Regina. Corpo-espaço: aspectos de uma geofilosofia do movimento. Rio
de Janeiro : 7Letras, 2008.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
Centro de Letras e Artes – CLA
Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC
Curso: A análise estética de obras coreográficas
Professor: Charlotte Riom e Joana Ribeiro
Ela buscou retomar quatro pontos da aula passada, e essa revisão se desdobrou em
perguntas da turma:
A pergunta feita por Caio na aula passada à respeito da “disjunção semântica”
citada no texto do Goldman.
Ela explicou que a Notação Labaniana deixa mais liberdade para quem
interpreta.
A expressão ad libitum, usada na notação labaniana e na música canônica,
significa que o bailarino pode executar aquela partitura com mais liberdade, mudando
seqüências por exemplo.
Claudia Mele comentou que a Ciane Fernandes explica no livro dela como a notação
ajudou na prática a observar o corpo do ator no cinema, por exemplo.
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possível com o vídeo. As duas fontes, a notação e o vídeo, podem ser usadas e se
complementam.
Em seguida, Charlotte exibe partituras Benesh para os alunos manusearem.
Parte do encontro de Benesh com sua futura esposa, Joan Rotwell, bailarina. Ele
escrevia e ela experimentava. Precisavam passar por três etapas:
a- Criar um alfabeto;
b- Criar uma gramática;
c- promover o ensino e a evolução do sistema.
Os Princípios da Notação
Através da fotografia/cronofotografia, de Etienne Julus Maney, ele começou a pensar
a sua notação, observando que entre uma posição e outras há inúmeras.
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A pergunta dele foi: O que viu escrever na pauta para orientar o movimento, já que
não é possível escrever todos os movimentos? Daí a idéia dos momentos-chave de
uma notação.
Apenas os momentos chave são escritos nas notações.
Baseia-se no " Homem de vitrúvio", da renascença, proporções do corpo.
Sua pauta tem 5 linhas: pé, joelho, bacia, ombro, cabeça.
Só as extremidades são escritas. Benesh é figurativo e também "plástico", pois em sua
partitura temos que imaginar o homem desenhado.
Ele partiu do homem de Vitrúvio para representar o corpo na pauta, na proporção das
partes do corpo na pauta.
O que vai ficar desenhada na pauta são somente as extremidades do movimento, mas
para entender precisamos imaginar, guardar na memória o corpo todo e o eixo e “vê-
los” na pauta.
Depois ela explicou todos os sinais utilizados na Notação Benesh: o tracinho na
vertical representa o que está à frente do eixo do corpo; o traço horizontalizado, o que
está ao lado do eixo do corpo, a bolinha o que está atrás do eixo do corpo; a cruz na
vertical o que está à frente do corpo, com uma parte articulada, dobrada (um braço ou
uma perna por exemplo), colocada na altura de onde a parte está.
Três Parâmetros:
-Altura
- Eixo
-Espaço – onde o bailarino está no palco.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
Centro de Letras e Artes – CLA
Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – PPGAC
Curso: A análise estética de obras coreográficas
Professor: Charlotte Riom e Joana Ribeiro
Relatório redigido pelas alunas: Claudia Mele e Maíra Lana
Expõe-se, logo abaixo, o trecho da ementa que se refere à aula dada. Os pontos serão
distribuídos ao longo do relatório de modo que se possa localizá-los e à sua efetiva
abordagem na prática da aula dada. Importante observar que o desenvolvimento de
cada ponto muitas vezes não se limita àquele conteúdo traçado pelo título, que pode
aparecer também em outros títulos dados.
Ementa:
Aplicação da notação Benesh na trilogia grega de Stravinsky e Balanchine
- Benesh ou Laban: qual escolher? Qual é o objetivo? (fonte e instrumento).
- Acessos às partituras coreográficas Benesh das obras de Balanchine (fonte).
- Confrontar as partituras às outras modalidades que conduzem aos três balés (vídeo,
DVD, desenhos, fotografia) e ver como se completam.
- Comparar as partituras coreográficas e as partituras musicais.
- Usar a notação como instrumento de análise e de tomada de notas.
- O leiaute.
- A aula iniciou-se com uma sugestão, por parte da professora Joana, de formatação
dos relatórios das aulas redigidos pelos alunos: estes devem buscar limitar-se a
tópicos com o que foi dado e discutido em aula, evitando comentários pessoais
refletidos a posteriori. Joana pensou em enviar um modelo.
- Foram apresentados os exercícios criados a partir da notação de movimentos
Benesh, vista na última aula. A professora troca as partituras para que os alunos leiam
as de seus colegas. Houve algumas dúvidas, resolvidas com a ajuda da professora
Charlotte. Sobretudo no que diz respeito à fidelidade das distâncias descritas no
desenho e executadas pelo corpo e no último exercício apresentado por uma das
alunas, onde a orientação de sentido (frente, trás) não estava clara e foi corrigida pela
referida professora.
- Ocorreu uma mudança para a sala do audiovisual, devido a problemas técnicos com
o equipamento.
- A professora então discorreu sobre as muitas formas de acessar uma coreografia -
fotos, desenhos, vídeo, notações de movimento, etc., sendo que as mais importantes
para o meio, de acordo com Charlotte, são as duas últimas.
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- Explicou-se que se trata de um balé branco, ou seja, que a sua estrutura é a do balé
romântico do séc. XIX., muito semelhante à estrutura dramatúrgica clássica:
introdução com apresentação dos personagens, tensão do amor (conflito), competição,
pas de deux, apoteose e resolução. No vídeo de 1979 vemos o bailarino Mikail
Baryshnikov dançando com três bailarinas. Cada uma representa uma deusa e todas
dançam variações de uma mesma coreografia, dentre as quais se analisa a
movimentação da terceira, a deusa do teatro, de nome Calliope 8. As outras deusas
citadas, a dizer: Polymnie e Terpsichore, representam a retórica e a dança,
respectivamente9.
- Logo após os alunos assistirem ao vídeo com o citado solo apresentado, Charlotte
mostrou aos alunos a notação feita em Londres, nos anos 90, para esse balé, a partir
da memória dos bailarinos discípulos de Balanchine conduzidos por Garry Harris de
modo muito fiel, por ser uma companhia – o centro de dança Balanchine – que
carrega a herança das coreografias de seu mestre, passadas de geração a geração. A
notação foi escrita pela coreóloga Monica Parker com o auxílio do bailarino e
discípulo de Balanchine, Garry Harris, sob os preceitos da notação Benesh.
- Assim, a apreciação conduzida por Charlotte foi feita a partir do cruzamento destas
duas fontes de análise: a notação e o vídeo. Os alunos, com o auxílio da professora,
puderam reconhecer algumas diferenças entre a coreografia vista no vídeo e a escrita
na partitura. Segundo Charlotte isso se deve à interpretação de cada artista bailarino
assim como também à escritura da partitura, que mudam com o tempo e com as
diversas interpretações. Charlotte apontou que há diferenças de notação a cada época
e entre alguns espaços e meios, considerando o estilo, prioridades, entre outras
questões passíveis de influência cultural.
- Foi apontada ainda pela professora Charlotte uma dúvida em torno da notação do
movimento do braço da bailarina, que difere do vídeo para a notação e parece ser mais
natural e correta no vídeo. Isto a levou a crer que a notação não havia sido feita com
tanto acuro, por trazer erros. Porém, ao conversar com uma bailarina que dançou com
o próprio Balanchine em sua companhia, percebeu uma outra curiosidade: ela disse
que os braços para ele não eram o mais importante, mas sim o ritmo, o impulso e a
reverberação da música sobre o movimento, partindo do centro, do tronco. O que
resultasse nos braços era parte da interpretação dos bailarinos.
- O leiaute.
- Charlotte explicou que o vídeo, assim como a partitura, também é uma escritura. Na
partitura podem ser colocados, além dos símbolos criados por Benesh, palavras que
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Para descobrir os nomes e respectivas representatividades das deusas da peça, lançamos mão da
ferramenta Google em três diferentes línguas: português, francês e inglês e, nos mais diversos sites, a
informação era a de que a deusa Calliope, na verdade, seria a deusa da poesia. (O que, à época, seria
quase o mesmo que ser tida como a representante do teatro, como o disse a professora Charlotte Riom.)
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Informação obtida através de pesquisa em diversos sites, tais como, em inglês e em francês,
respectivamente:
http://en.wikipedia.org/wiki/Apollo_(ballet) e http://fr.wikipedia.org/wiki/Apollon_musagète
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ajudem a clarear as intenções e estados do bailarino, e também outras necessidades
em que estes símbolos não dão conta. Pode ter por exemplo, a letra H, que significa
head, seguida do número 5, que significa boca. Ex.: H5 com um risco acima indica
boca fechada. O mesmo signo com uma bolinha acima indica boca aberta. Assim,
começam a ser traçadas algumas das vantagens da notação sobre o vídeo: detalhar
melhor cada movimento de cada parte do corpo separadamente. A possibilidade de se
deter sobre cada trecho da coreografia com mais precisão também, como pudemos ver
em diversos exemplos.
- Em sala de aula, dois vídeos foram-nos apresentados, deste mesmo balé: um gravado
no ano de 1978 e dançado por Bortoluzzi e o outro gravado em 1979 e dançado por
Baryshnikov, ambos no papel de Apollon. Os nomes das bailarinas não foram citados.
Observamos que as duas interpretações do mesmo trecho coreográfico do balé
“Apollon Musagètte” eram bastante diferentes, reportando-nos ao momento em que
Apollon dança com um instrumento de cordas semelhante a um bandolim de braço
longo. Os alunos observaram que o primeiro bailarino era apenas um executor do
movimento enquanto Baryshnikov apresentava uma interpretação com requintes e
sutilezas jamais alcançadas pelo primeiro. Segundo Charlotte essas diferenças de
interpretação podem ser anotadas na partitura.
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caso específico desta dança, o corpo acompanha mais literalmente o ritmo da música.
No entanto, é também possível ter independência entre dança e música, ainda que
convirjam num todo unitário e possuidor de uma lógica interna, fazendo parte de uma
mesma obra. Ou seja, o tempo na partitura Benesh e na partitura musical podem
diferenciar. Por exemplo, no balé Orpheus, na indicação para a coreografia do
bailarino negro, a partitura coreográfica vai manter o compasso em 2, enquanto a
partitura musical vai variar entre 2 e 4 tempos.
- Charlotte disse-nos que a interpretação do bailarino pode variar um pouco em
relação à partitura. Joana e alunos comentaram que o mesmo acontece com a
interpretação de cantores e instrumentistas em relação à partitura musical. Estas
questões de interpretação foram muito aventadas na sala de aula, chegando-se à
conclusão, aparentemente unânime, de que seria impossível fazer uma notação que
pudesse ser seguida à risca sem nenhuma característica interpretativa. Nenhuma
escrita dá conta de todos os detalhes com precisão milimétrica, nem mesmo a da
música. Assim, toda leitura será única.
- Charlotte apontou-nos, na notação de Apollon, a maneira como ela facilita a
compreensão e a reflexão do todo da obra, no tocante da relação entre os elementos
cênicos, como cenário, personagens, dança, música, etc. Charlotte usou com exemplo
um momento em que há uma “abertura” musical, dos baixos do piano em escala
descendente e a melodia em escala ascendente. O cenário, ainda que imaginário,
induzido, em alguns momentos e a movimentação do bailarino acompanham o mesmo
movimento “abrindo”. O tipo de análise que não seria tão acessível ao observar um
vídeo, por exemplo. Na notação, esse gênero de exame é mais direto e imediato.
Assim, apontou-se outra vantagem da notação sobre o vídeo: na notação é mais
simples e mais acessível fazer uma análise do conjunto da obra como um todo.
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Balanchine escreveu uma autobiografia intitulada “História dos meus balés”.
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- A professora mostrou-nos, ainda, desenhos, que ela serviu de modelo, que foram
inseridos na sua tese para se referir a movimentos que ela cita no texto. Ela então
reforça que a notação de dança pode ser feita de diversas formas e o desenho é mais
uma possibilidade.
- A discussão se encerrou com um desabafo sobre a dificuldade da maior parte das
pessoas em aceitar a possibilidade de fazer a notação de um movimento, enquanto que
a partitura musical, ainda que com leitura não acessível pela maioria, é muito mais
aceita. Indaguei sobre o quanto a notação musical era antiga e ela informou que a
notação dos movimentos é tão antiga quanto. Que na corte de Louis XIX havia mais
de uma centena de formas diferenciadas de fazer a notação de um movimento. E se
questiona: seria por causa da tradição oral? Ou pela dificuldade de se ver um
movimento representado?
- Por fim, a professora Joana fez uma breve passagem pela ementa novamente,
relembrando o que havia sido dado e o que seria dado dali por diante.
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Professoras: Joana Ribeiro (Prodoc/Capes), Christine Roquet (Paris-8) e
Charlotte Riom (Fundação Getúlio Vargas e Paris Paris-IV Sorbonne
Linha de Pesquisa: PFA - Processos Formativos e Atuação Cênica
Curso: A análise estética de obras coreográficas
Horário: Sextas-feiras, de 09h30 às 12h30
OBS: Aulas seguidas nos dias: 12/09, 13/09, 14/09 e 15/09 - de 10h00 às 13h00
Período: 2011.2
Notação e interpretação
Outro ponto destacado é que esta trilogia somente foi apresentada com os três
espetáculos juntos em dois momentos: na década de 1970, pelo NY City Ballet, por
ocasião do aniversário de Stravinsky; e na cidade de Hamburgo no aniversário de
criação do balé Agon (data??).
Apollon:
Balé que trata do mito do deus Apolo, seu nascimento; sua transformação a partir da
interação com as três musas, quais sejam, Terpsicore (musa da dança), Polímnia
(teatro) e Calíope (poesia); e sua ascensão ao Olimpo (na coreografia deste balé pode-
se perceber uma linha ascendente ao longo de sua representação). Apresentava um
tratamento semelhante aos balés brancos.
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Ver biografia em anexo.
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Idem.
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A professora destaca que esta forma de criação, quando o coreógrafo recebe a
partitura musical a posteriori e cria a dança a partir da música, muito comum nos
balés, não irá se repetir nos outros dois balés sob estudo, representando Orpheus e
Agon, portanto, uma colaboração física entre Stravinsky e Balanchine, num diálogo
em que música e dança vão se influenciar mutuamente.
Figurinos e cenários são do artista naif francês André Bauchant (1873 – 1958),
havendo nos painéis de fundo e da cortina uma relação entre os dois mundos, quais
sejam, céu e terra.
Apolo usava uma túnica escarlate e uma coroa de vinhas, não de louros, assim
Balanchine aproximava a figura de Apolo do deus Baco, uma espécie de Apolo
Dionisíaco.
Orpheus trata do mito de Orfeu e, mais do que de sua relação com Eurídice, foca o
poder do homem através da arte, uma vez que, ao tocar, o músico podia controlar os
infernos. Orpheus foi criado a partir de um convite do NYC Ballet para ser
apresentado com um segundo ato ao balé Apolo, criado 20 anos antes. A realização
não necessariamente atendeu ao pedido de um segundo ato, efetivou-se, no entanto,
uma nova parceria entre Balanchine e Stravinsky. Orpheus tinha cenário e figurinos
criados por Isanu Nioguchi, e se aproximava mais da pantomima, valorizando os
gestos de sofrimento e a intensidade emocional do mito. Este balé foi um fracasso na
França e EUA.
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Por sua vez, o balé Agon (termo grego que significa luta, briga, disputa, competição)
trata, segundo a professora, do ciclo da vida, das relações entre homens e mulheres,
havendo na coreografia de Balanchine a relação entre triângulos “amorosos”, como
duas bailarinas e um homem, dois bailarinos e uma mulher. É possível aqui faer uma
relação entre estas disputas e a própria biografia de Balanchine, o qual foi bígamo
durante muitos anos. Mas esta é uma visão da pesquisadora, não há uma confirmação
efetiva a este respeito.
Charlotte Riom reafirma o quanto sua experiência com a notação Benesh foi
fundamental para aprofundar a investigação da relação entre música e dança.
Neste processo, a pesquisadora defende que a notação é uma obra em si, havendo uma
beleza visual nestes signos, nestas organizações.
Ela destaca ainda que, através de suas práticas, percebeu que, às vezes, desenhos são
melhores para indicar a visualidade do corpo nos movimentos e posturas do balé. A
pesquisadora mostrou vários desenhos feitos a partir de fotos do balé Apollon, os
quais ela desenvolveu copiando para uma transparência a postura do corpo dos
bailarinos e acrescentou linhas tracejadas a partir das quais podemos entender para
onde o movimento se projeta no espaço.
Aqui a professora Joana Ribeiro fez um adendo atentando para o fato de que é muito
interessante como a pesquisa vai determinando e criando suas próprias metodologias
e, neste processo, vai ocorrendo um aprofundamento das investigações.
ANEXOS
Como a maioria dos músicos no início do século 20, Stravinsky decide viver na
França, onde conquista amigos importantes como Claude Debussy e Sergei
Diaghilev. Este último o convida a compor obras especiais para sua
companhia, os Ballets Russes.
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Em 1906, Stravinsky casa-se com Catherine Nossenko. O casal tem quatro
filhos, Theodore, Ludmila, Soulima e Milena.
A partir daí, outras obras para balé lhe seriam solicitadas. Em menos de
um ano, mais uma vitória. Dessa vez, com Petrouchka, interpretada por
Nijinsky. Mas foi com a célebre A sagração da primavera (1913) que seu
nome entraria mesmo para a história da música universal.
Na década de 30, em menos de dois anos, Stravinsky perde a filha mais nova e a
esposa, ambas vítimas de tuberculose. Pouco tempo depois, a mãe também
morre. Desgostoso com tantas perdas, busca novos ares. O início da
Segunda Grande Guerra será a gota d água. Stravinsky deixa a Europa
para trás e vai morar nos Estados Unidos.
Nesta época, casa-se com Vera Sudeikina, sua amante há vários anos.
Desembarca na América em setembro de 1939, conquistando rapidamente
um lugar ao sol. Compra uma casa em Hollywood e se torna o compositor
favorito de algumas influentes personalidades norte-americanas, a exemplo
de Walt Disney, que usou A sagração da primaverano filme Fantasia.
Fontes:
http://musicaclassica.folha.com.br/cds/19/biografia.html
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http://www.renatacortezsica.com.br/compositores/stravinsky.htm
GEORGE BALANCHINE
Fontes:
http://balanchine.org/balanchine/01/index.html
http://www.nycballet.com/company/history/balanchine.html
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