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O presente texto trata de Composições urbanas (CUs) e Ueb arte iterativa (UAI): práti-
cas e teorias artísticas do Corpos Informáticos. Sua escrita é propositalmente poética,
quase intrigante, como a arte e a anedota. Os conceitos desenvolvidos são sinais no-
madizantes e noRmatizantes, ‘maria-sem-vergonha’ (desenvolvido a partir do conceito
de ‘rizoma’ de Deleuze e Guattari), ‘capivara’, entre outros.
1888
17° Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas
Panorama da Pesquisa em Artes Visuais – 19 a 23 de agosto de 2008 – Florianópolis
tornar perceptível uma dimensão poética. Sinais nomadizantes são sinais que
produzem uma espécie de cesura, onde a espacialidade e a temporalidade an-
terior se tornam alteradas; uma tensão imediata e modificadora, arrebatamento,
nocaute, desesclarecer momentâneo, questionamento obsceno, perturbador,
reflexos perplexos, pausas, desconstruções, mas não no sentido de destruir,
pois se desconstrói compondo. Inegável força que nos arranca da mesmice e
nos relança no processo. Trata-se de revelações, e estas afirmam a potência
de transfiguração dos lugares-comuns, desestabilizam os sinais noRmatizan-
tes.
1889
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formances, em CUs e em ueb arte iterativos (UAIs)iv, onde o ‘u’ se impõe para
o termo web mediante uma aglutição do gringo, momento atemporal em rela-
ção à antropofagia, isto é, UAI propõe um instante pós Oswald, pós Zé Celso, e
afirmamos a inexistência do pós. O corpo-urbis-internet é local de composição,
e essa composição se dá, sempre se deu, por processo iterativo.
A arte iterativa, sendo parte integrante da vida, não intervém, nem inter-
fere nem na paisagem, nem na natureza, nem no outro, nem na cidade: ela
compõe, isto é, propõe a partir do exposto anteriormente, ela põe com e tam-
bém é com-posta pelo errante.
1890
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Qual o espaço para a arte? Esse negócio (negação do ócio) existe? Ca-
be? Toca? Olhar passar aquela bunda desenhada em peitos modelados, saber
não poder possuí-la, entrever a falência financeira que ela representa, mas
também ter certeza de que ela quase roça meu umbigo. Toca-me? Sim. O pri-
meiro sim do texto, aquele de Nietzsche que disse ‘não’ a vida inteira.
1891
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lugar. Um titubear de uma arte outra, fora das galerias, nos subsolos, em forma
de grafite. Na calada da noite, a CU de uma arte que resiste, insiste, se escon-
de para incomodar. Eriçada pelos esquecidos, não pergunta nada, não respon-
de nada, não fala nada, mas lhes joga no vácuo: pensar. Pensar, esse local do
corpo inteiro, incômodo, pois nos desacostumamos senti-lo como tal.
Não havendo mais sujeito nem objeto, entendemos esses conceitos co-
mo paisagens/passagens, plenas de umidade relativa do ar e poeiras errantes,
que compõem entre si e comigo e contigo e com, sigo. Um repartido e re-
partilha. Essa paisagem se configura pela carícia, porque o corpo se configura
na carícia.
1892
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compõe com o ser vivo humano. Aliás, assim compreendemos a técnica - todas
elas, do sapato aos óculos, do tecido às naves espaciais, do botão ao iate- co-
mo composição com os humanos.
1893
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Prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia,
de formiga e musgo- elas podem um dia milagrar flores. (os objetos sem fun-
ção têm muito apego pelo abandono). Também as latrinas desprezadas que
servem para ter grilos dentro – elas podem um dia milagrar violetas (BARROS,
1997).
1894
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Anedota.
Gasoso.
1895
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Assim também este texto buscou fazer gaguejar o corpo através de uma refle-
xão ineqüitautica.
Conluio.
Referências
BARROS, Manoel de. Tratado geral das grandezas do ínfimo. São Paulo: Record,
2001. p. 43.
BARROS, Manoel de. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Editora Record, 1997. p. 27.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Pau-
lo: Editora 34, 1995 .V 1, 2, 3, 4 e 5.
DERRIDA, Jacques. Limited Inc. Campinas: Papirus, 1991.
i
Iterativo e não interativo conforme o conceito que desenvolveremos neste texto.
ii
Volvidas para evitar toda confusão com evoluídas, involuídas, ou desenvolvidas.
iii
Corpos Informáticos: Diego Azambuja, Fernando Aquino Martins (“ando aqui no mar”), Bia Medeiros,
autores deste texto, e Carla Rocha, Marcio H. Mota, Marta Mencarini, Larissa Ferreira, Luiz Ribeiro e
Wanderson França. www.corpos.org
iv
ver www.corpos.org/parafernalias
v
Capivara. O maior roedor do mundo: 4 dedos na mão revestidos de unhas espessas, 3 dedos nos pés,
providos de membrana, coloração bruno-arruivada, superfície ventral amarelo-brunácea-suja. As capiva-
ras vivem em bandos, saindo geralmente à tardinha, porém, saem à noite quando ameaçadas. São há-
1896
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beis nadadoras e na água se reproduzem. Sua genealogia corporal lhe é própria. Capivara: do Tupi,
KAPI’XAWA, comedor de capim.
vi
Deleuze e Guattari propõem o conceito de rizoma. Nós propomos o conceito de ‘maria-sem-vergonha’,
erva suculenta, da família das balsamináceas (Impatiens sultani), originária de Zanzibar, e que cresce
espontaneamente no Brasil, podendo ter flores rubras, violáceas ou alvas, que faz rizoma quando seus
caules pesados de flores se prostram sobre a terra, mas também produz cápsulas herbáceas que explo-
dem, espalhando sementes mínimas. Quase uma praga, necessita de muita água e sol. Na seca, quase
desaparece, na época de chuva, renasce com força quase infantil.
vii
Ser Tão, conceito desenvolvido por Zé Celso Martinez Correa e o Teatro Oficina, a partir da montagem
teatral de Os Sertões de Euclides da Cunha, 2006/2007. Cf. LIMONGI, Joana. Fazer um múltiplo brasilei-
ro: Zé Celso Martinez Corrêa e Uzyna Uzona. Dissertação de Mestrado. Orientadora: Maria Beatriz de
Medeiros. Universidade de Brasília, 2008. Inédita.
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Conceito volvido pelo Corpos Informáticos desde 1996. Cf. exposição 12 Pesquisadores em Arte, Paço
das artes, SP, ANPAP, 1996.
ix
UAI (projeto) recebeu Menção Honrosa no Prêmio Sérgio Motta, 2007.
x
Colaboração de Maria Lúcia Batezat Duarte.
1897