Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
2
3
BRANCO, Arnaldo; MOR, Claudio. Agente Zero Treze. O Globo, Rio de Janeiro, 2 jan, 2012. Segundo Caderno/HQs, p. 9.
4
Os povos sem ciência, sem tecnologia não passam de
cortadores de lenha e carregadores de água para os povos mais
esclarecidos.
Ernest Rutherford, físico neozelandês (1871-1937).
5
SUMÁRIO
SIGLAS E ABREVIATURAS ............................................................................................ 07
PREFÁCIO ........................................................................................................................ 13
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 15
2. ÓBICES INTERNOS AO PROGRAMA AEROESPACIAL .................................. 28
2.1. Lentidão nas decisões e subsequentes execuções pelo Governo federal ... 29
2.2. Recursos orçamentários insuficientes e descontínuos ................................. 40
2.3. Morosidade e dificuldade nas aquisições de bens e serviços ....................... 51
2.4. Exiguidade e baixa capacitação tecnológica da indústria brasileira ............. 56
2.5. Insuficiência e dificuldade de captação de recursos humanos
especializados ..................................................................................................... 59
3. ÓBICES EXTERNOS AO PNAE .......................................................................... 69
3.1. O que está por trás dos óbices externos?........................................................ 71
3.2. Embargos no campo da aeronáutica civil e militar ......................................... 83
3.3. Embargos no campo da missilística ................................................................. 90
3.4. Embargos no campo espacial ........................................................................... 95
3.5. O Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR) .............................. 104
3.6. A política externa dita o atraso do PNAE ......................................................... 112
3.6.1. O elevado preço da autonomia pela integração .............................................. 112
3.6.2. O Acordo com os EUA sobre Alcântara ........................................................... 119
3.6.3. O Acordo com a Ucrânia – Alcântara Cyclone Space ..................................... 120
3.6.4. A adesão do Brasil ao MTCR ............................................................................. 126
3.6.5. O rebaixamento da importância das atividade espaciais ............................... 129
3.6.6. O PNAE sob investimentos quase zero ............................................................ 130
3.6.7. FHC e o PNDH ..................................................................................................... 130
3.6.8. Um jogo de hipocrisias ...................................................................................... 134
3.6.9. Fechando as conexões ...................................................................................... 136
4. QUILOMBOLAS EM ALCÂNTARA? UMA FARSA ANTROPOLÓGICA E
JURÍDICA ............................................................................................................. 138
4.1. Compreensão da “questão quilombola” .......................................................... 140
4.2. Auscultando o Centro e a cidade ...................................................................... 145
4.3. Pelos caminhos rurais de Alcântara ................................................................. 164
4.4. “Quilombolas” no Brasil – uma criação da Fundação Ford ........................... 185
4.5. O art. 68 do ADCT – terras dos remanescentes dos quilombos .................... 192
4.6. O COHRE contra o Brasil na OIT ....................................................................... 201
4.7. Outras ONGs e ativistas contra o Complexo Espacial de Alcântara ............. 208
4.8. O papel do Ministério Público Federal .............................................................. 225
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 239
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 243
6
SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDIB: Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base
ABONG: Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais
ABPN: Associação Brasileira de Pesquisadores (as) Negros(as)
ABRA: Associação Brasileira de Reforma Agrária
ABRABI: Associação Brasileira das Empresas de Biotecnologia
ACONERUQ: Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do
Maranhão
ACS: Alcântara Cyclone Space
ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AEB: Agência Espacial Brasileira
AGU: Advocacia-Geral da União
AIAB: Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil
AMA: Projeto de Apoio ao Monitoramento e Análise (do Programa Piloto para a
Proteção das Florestas Tropicais do Brasil)
AMPEAFRO: Associação Maranhense de Pesquisas Afro Brasileiras
ANEEL: Agência Nacional de Energia Elétrica
APA: Área de Preservação Ambiental
ATECH: Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas
BIRD: Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial)
C&T: Ciência e Tecnologia
CAEAT: Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica (da Câmara dos
Deputados)
CBERS: China-Brazil Earth Resources Satellite (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos
Terrestres)
CCJC: Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (da Câmara dos Deputados)
CCN-MA: Centro de Cultura Negra do Maranhão
CCTCI: Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (da Câmara
dos Deputados)
CEA: Complexo Espacial de Alcântara
CEBDS: Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
CEBRAP: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
7
CEDI: Centro de Documentação e Informação (da Câmara dos Deputados)
CEDENPA: Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará
CEF: Caixa Econômica Federal
CESE: Coordenadoria Ecumênica de Serviço
CFS: Civil Society Facility (Fundo da Sociedade Civil do Irish Aid, governo da Irlanda)
CGEN: Conselho de Gestão do Patrimônio Genético
CGU: Controladoria-Geral da União
CIA: Central Intelligence Agency (Agência Central de Inteligência)
CIDH: Comissão Interamericana de Direitos Humanos
CIMI: Conselho Indigenista Missionário
CLA: Centro de Lançamento de Alcântara
CLBI: Centro de Lançamento da Barreira do Inferno
CNA: Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil
CNEN: Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNES: Centre National d´Etudes Spatiales (Centro Nacional de Estudos Espaciais)
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CNS: Conselho Nacional dos Seringueiros
COBAE: Comissão Brasileira de Atividades Espaciais
COCTA: Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica
COHRE: Centre On Housing Rights and Evictions (Centro pelo Direito à Moradia e
contra Despejos)
COIAB: Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
CONAQ: Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas
CONTAG: Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CPT: Comissão Pastoral da Terra
CREDN: Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (da Câmara dos
Deputados)
CT&I: Ciência, Tecnologia e Inovação.
CTA: Centro Técnico Aeroespacial (na sequência: Centro Técnico de Aeronáutica,
Centro Tecnológico da Aeronáutica e Centro Técnico Aeroespacial; hoje,
DCTA)
CTBT: Comprehensive Nuclear-Test- Ban Treaty (Tratado de Proscrição Completa
8
de Testes Nucleares)
DANC: Diário da Assembleia Nacional Constituinte
DCTA: Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (do Comando da
Aeronáutica)
EED: Evangelischer Entwicklungsdienst (Serviço das Igrejas Evangélicas na
Alemanha para o Desenvolvimento
EGIR: Embedded GPS/INS/Radar Altimeter [(Equipamento eletrônico que integra as
informações do GPS, do INS (Sistema de Navegação Inercial – Inertial
Navigation System) e do Radar Altímetro]
EMBRAER: Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A.
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMFA: Estado-Maior das Forças Armadas
FAPEAM: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
FAPESP: Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo
FBOMS: Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
FCP: Fundação Cultural Palmares
FEBRAFARMA: Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica
FETAEMA: Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Maranhão
FIOCRUZ: Fundação Osvaldo Cruz
FUNAI: Fundação Nacional do Índio
g.n.: grifo(s) nosso(s)
GAJOP: Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares
GEI: Grupo Executivo Interministerial Alcântara
GIZ: Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Agência Alemã de
Cooperação Internacional)
GPS: Global Position System (Sistema Global de Posicionamento)
GTZ: Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit (Agência Alemã de
Cooperação Técnica)
HELIBRAS: Helicópteros do Brasil S.A.
IAE: Instituto de Aeronáutica e Espaço
IAF: Inter-American Foundation (Fundação Inter-Americana)
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
9
IDESP: Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e Políticos de São Paulo
IDH: Índice de Desenvolvimento Humano
IFET: Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
ILANUD: Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e
Tratamento do Delinquente
IME: Instituto Militar de Engenharia
INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
INPI: Instituto Nacional de Propriedade Intelectual
IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IPUERJ: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro
ISA: Instituto Socioambiental
ISRO: Indian Space Research Organization (Organização Indiana de Pesquisas
Espaciais)
ISS: International Space Station (Estação Espacial Internacional)
ITA: Instituto Tecnológico de Aeronáutica
ITAR: International Traffic in Arms Regulation (Regulamentação sobre o Comércio
Internacional de Armas)
MABE: Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara
MAer: Ministério da Aeronáutica
MAPA: Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento
MCT: Ministério da Ciência e Tecnologia (hoje, MCTI)
MCTI: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (antes, MCT)
MD: Ministério da Defesa
MERCOSUL: Mercado Comum do Sul
MIDIC: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MINC: Ministério da Cultura
MJ: Ministério da Justiça
MMA: Ministério do Meio Ambiente
MPF: Ministério Público Federal
MPOG: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MRE: Ministério das Relações Exteriores
MS: Ministério da Saúde
10
MST: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTCR: Missile Technology Control Regime (Regime de Controle de Tecnologia de
Mísseis)
NAJ: Núcleo de Assuntos Jurídicos
NASA: National Aeronautics and Space Administration (Administração Nacional da
Aeronáutica e do Espaço)
NIL: Newly Independent States (Novos Estados Independentes)
nm/h: nautical mile per hour (milha náutica por hora)
NSG: Nuclear Suppliers Group (Grupo de Supridores Nucleares)
OEA: Organização dos Estados Americanos
OIT: Organização Internacional do Trabalho
ONG: Organização Não-Governamental
ONU: Organização das Nações Unidas
OUA: Organização para a Unidade Africana
P&D: Pesquisa e Desenvolvimento
P.O.: purchase order (ordem compra)
PETROBRAS: Petróleo Brasileiro S/A
PNAE: Programa Nacional de Atividades Espaciais (comumente chamado Programa
Espacial Brasileiro)
PNBL: Programa Nacional de Banda Larga
PNCSA: Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia
PPGSCA: Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
PPTAL: Programa Piloto para a Conservação das Florestas Tropicais do Brasil
PT: Partido dos Trabalhadores
PVN: Projeto Vida de Negro
RETAERO: Regime Especial para a Indústria Aeroespacial Brasileira
RTID: Relatório Técnico de Identificação e Delimitação
SBPC: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SBPCHum: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – Área de Humanas
SCA: Secretaria de Coordenação da Amazônia (do Ministério do Meio Ambiente)
SDDH: Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos
SENAES: Secretaria Nacional de Economia Solidária
SEPPIR: Secretaria Especial de Políticas para Promoção da Igualdade Racial
11
SGB: Satélite Geoestacionário Brasileiro
SINDAE: Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais
SindCT: Sindicato dos Servidores Públicos Federais em Ciência e Tecnologia do
Vale do Paraíba
SISNAMA: Sistema Nacional do Meio Ambiente
SJC: São José dos Campos
SMDH: Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos
SNCASE: Société Nationale des Constructions Aéronautiques du Sud-Est
SOF: Serviço de Orientação da Família (atual Sempreviva Organização Feminista)
STRNA: Sindicato de Trabalhadores Rurais de Novo Airão
STTR: Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
TAL Ambiental: Projeto de Assistência Técnica para a Agenda da Sustentabilidade
Ambiental
TCU: Tribunal de Contas da União
TELEBRAS: Telecomunicações Brasileiras S.A.
TNP: Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (Nuclear Non-Proliferation
Treaty)
UFAM: Universidade Federal do Amazonas
UFG: Universidade Federal de Goiás
UFMA: Universidade Federal do Maranhão
UFPA: Universidade Federal do Pará
UFRR: Universidade Federal de Roraima
UnB: Universidade de Brasília
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
USIP: United States Institute of Peace
USML: United States Munitions List (Lista de Munições dos Estados Unidos)
USP: Universidade de São Paulo
VANT: veículo aéreo não-tripulado
VLS: Veículo Lançador de Satélites
VTOL: vertical takeoff and landing (decolagem e aterrissagem verticais)
12
PREFÁCIO
No primeiro semestre de 2009, o Conselho de Altos Estudos e
Avaliação Tecnológica (CAEAT), órgão técnico-consultivo vinculado diretamente à
Mesa da Câmara dos Deputados, tendo à frente o então Deputado federal, hoje,
Senador, Rodrigo Rollemberg, e reunindo consultores das áreas de Orçamento e
Fiscalização Financeira, Administração Pública, Ciência e Tecnologia, Defesa Nacio-
nal, Direito Constitucional, Meio Ambiente e Direito Ambiental, Educação, Relações
Internacionais e Política e Planejamento Econômico, deu início a um estudo multidis-
ciplinar com o objetivo repensar questões que pudessem fortalecer e priorizar o
programa de exploração espacial pelo Brasil, contemplando centros de lançamento,
veículos lançadores e satélites, alçando-o, de fato, à condição de “programa de
Estado”, uma vez que, até então, toda a ação governamental nesse sentido não
passava de mera retórica política; o que parece não ter mudado até o momento.
13
TV Câmara, além de inúmeras outras atividades que não serão detalhadas aqui.
O AUTOR
14
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Disponível em: SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). <www.jornaldaciencia.org.br> (Jornal
da Ciência nº 689, 13 mai. 2011). Através de: <http://aprenderquimica.blogspot.com.br/2011/08/charge.html>
(blog Aprender Química). Acesso em: 4 jul. 2012.
(...)
1
GIELOW, Igor. Planalto recomeça processo de compra de avião presidencial. Folha de S. Paulo, São Paulo, 1º
mai. 2012. Poder, p. A7.
18
estratégicos”, como diz, de uma forma mais elegante, o Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI).2
2
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
19
de lançamento espacial e foguetes brasileiros, lançando ao espaço satélites
genuinamente nacionais. Nada disso aconteceu.
20
futebolístico privado.
22
contra o Programa Espacial Brasileiro, cedendo a pressões estrangeiras e só não
decretando definitivamente o seu fim, de modo semelhante ao que aconteceu com a
construção da bomba atômica, porque, neste caso, não encontraria respaldo junto à
comunidade científica e ao povo brasileiros. Então, mantenha-se o PNAE na UTI,
com suficiente oxigênio para que não morra, mas não o tanto que seria necessário
para sair do estado letárgico em que se encontra.
23
autônoma, inclusive nos estratégicos setores espacial, cibernético
e nuclear. Não é independente quem não tem o domínio das
tecnologias sensíveis, tanto para a defesa como para o
desenvolvimento; (...)
(...)
O desenvolvimento da tecnologia de veículos lançadores servirá
como instrumento amplo, não só para apoiar os programas
espaciais, mas também para desenvolver tecnologia nacional de
projeto e de fabricação de mísseis.
(...)
3. No setor espacial, as prioridades são as seguintes:
a. Projetar e fabricar veículos lançadores de satélites e desenvolver
tecnologias de guiamento remoto, sobretudo sistemas inerciais e
tecnologias de propulsão líquida.
b. Projetar e fabricar satélites, sobretudo os geoestacionários, para
telecomunicações e os destinados ao sensoriamento remoto de alta
resolução, multiespectral e desenvolver tecnologias de controle de
atitude dos satélites.
c. Desenvolver tecnologias de comunicações, comando e controle a
partir de satélites, com as forças terrestres, aéreas e marítimas,
inclusive submarinas, para que elas se capacitem a operar em rede e
a se orientar por informações deles recebidas;
d. Desenvolver tecnologia de determinação de coordenadas
geográficas a partir de satélites.3
Fig. 02 – Representação gráfica simplificada das ações adversas (óbices) que têm afetado o
Programa Nacional de Atividades Espaciais.
25
e ações ostensivas e subterrâneas contra os esforços do Brasil, materializadas por
embargos, boicotes, sabotagens e por outras ações, em articulação frequente com
os seus conglomerados de indústrias aeroespacial e de defesa;
26
desígnios externos promovem a submissão e o colaboracionismo de certos setores
do Estado.
27
2. ÓBICES INTERNOS AO PROGRAMA AEROESPACIAL
- CAUSAS:
29
existe alguma –, que nem mesmo se pode dizer que se trata de um programa de
governo, quanto mais de Estado.
Em relação aos órgãos de controle estatais (TCU, AGU, MPU, CGU), em todos
os segmentos (militar e civil), é lugar comum o elenco de queixas em relação aos
agentes de fiscalização e controle, quanto:
30
de uma estrutura flagrantemente criada para não funcionar, até porque a AEB
não subordina nenhuma das instituições executoras do PNAE: INPE e IAE,
estando no mesmo nível do INPE, com menor orçamento e menos recursos
humanos.
Fig. 03 – Organograma dos órgãos e entidades que compõem o Programa Nacional de Atividades Espaciais.
Limitada ambição do INPE, com as suas metas espaciais não indo além das
atividades de imageamento, meio-ambiente e climatologia.
31
Falta de estratégia e de foco nas decisões do que o setor espacial deve
desenvolver.
- SUGESTÕES:
32
Estabelecer a coexistência de dois programas espaciais: um civil e outro militar
com orçamentos e órgãos/entidades de direção distintos. O programa civil deve
visar a "negócios" espaciais, enquanto o militar deve visar à Segurança Nacional.
Todavia, não se deve perder de vista que haverá interconexão de pessoal e
tecnologias entre os dois programas, pois a diferença reside na mesma
tecnologia ter a aplicação civil ou militar.
Fazer do INPE uma instituição voltada para todas as atividades espaciais, e não
apenas para imageamento e climatologia.
- COMENTÁRIOS:
4
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
33
O Ministério da Defesa (MD), de forma mais genérica, ratifica
nossa colocação sobre o despreparo e a falta de espírito colaborativo dos órgãos de
fiscalização e controle quando trata:
5
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
6
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
34
SATÉLITE VALOR (R$ MILHÕES)
A área que explica de onde vieram as inovações nos EUA, país que é
líder em alta tecnologia, é a máquina de encomendas ligada ao setor
militar. Os EUA construíram um sistema formidável de inovação
baseado no fato de responderem por 50% dos gastos militares
mundiais.
(...)
Não há uma cerca entre a Defesa e o setor civil. A CIA (Agência
Central de Inteligência dos EUA), por exemplo, tem seu próprio fundo
de investimento e assume participações em empresas privadas.
Financia tecnologia que é usada para objetivos militares, mas
também tem que ser viável comercialmente.8
8
ANTUNES, Cláudia. Redução do papel do estado na economia sempre foi mito. Entrevista com Linda Weiss.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 14 set. 2009. Entrevista da 2ª, p. A18.
36
E é verdade que todos os programas espaciais conhecidos
começaram pela vertente militar, desde as célebres bombas voadoras V-2, semente
comum dos foguetes norte-americanos e russos, passando pelo míssil modificado R-
7 Semyorka, que lançou o Sputinik, em 1957, pelo míssil Júpiter também modificado
que lançou o Explorer I, em 1958, chegando ao míssil SS-9, que deu origem à
família de foguetes que agora chega ao Cyclone-4.
9
KLINGL, Erika. Falta de gente e de dinheiro. Correio Braziliense, Brasília, 27 ago. 2003. Brasil, p. A13.
37
Vê-se muita propaganda, mas pouca ação concreta, quase
nenhuma vontade política, poucas decisões efetivas.
10
ACS (Alcântara Cyclone Space). Disponível em: <www.alcantaracyclonespace.com> (opção Empresa >
Legislação). Acesso em: 22 set. 2010.
11
EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/arquivo/node/495413>.
Acesso em: 22 set. 2010.
38
Por isso não se pode descartar o projeto de VLS-1, como
alguns incautos estão a sugerir, pois, com todas as suas limitações – emprega
tecnologia obsoleta, incapaz de lançar satélites com mais de 150 kg –, ainda
representa um passo no desenvolvimento tecnológico do Brasil no campo espacial.
Mas até ele vem desandando. Em 28 de agosto de 2003, exatamente cinco dias
depois do acidente com o seu terceiro protótipo, a imprensa publicava declarações
dos ministros da Defesa e da Ciência e Tecnologia, reproduzindo compromisso do
presidente da República de lançar o VLS-1 até 2006:
12
KLINGL, Erika. Governo promete VLS até 2006. Correio Braziliense, Brasília, 28 ago. 2003. Brasil, p. 24.
39
DCTA, acarretando atrasos na celebração de novos contratos e
prejudicando a sua boa execução, causada, principalmente, quando
esses contratos são assinados apenas no final dos exercícios
fiscais.13
- CAUSAS:
13
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
14
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
40
Fig. 05 – Quadro dos recursos necessários (previstos) para o Veículo Lançador de Satélites
VLS-1 e os efetivamente recebidos, ano a ano, entre 2008 e 2012. O déficit acumulado no
projeto VLS-1 chega a mais de R$ 173 miIhões de reais somente nesse período.
Fonte: Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
(Gráfico reconstruído a partir da fotocópia entregue ao gabinete do Parlamentar)
.
41
Fig. 06 – Percentual do PIB de vários países que é aplicado em programas espaciais, com o
Brasil estando abaixo até mesmo de Portugal.
Fonte: Palestra do Dr. Roberto Amaral, então presidente da Alcântara Cyclone Space (ACS), em 06 out.
2009, em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos
Deputados (CREDN).
1995 2003
15
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
43
Outro gráfico, que acompanha a variação acima, é o que diz
respeito aos recursos que foram investidos especificamente em foguetes de
sondagem e em veículos lançadores de satélites desde 1990 (Fig. 08).
44
pleno em suas atividades espaciais para que as receitas destinadas a esse
Fundo fossem significativas.
- SUGESTÕES:
- COMENTÁRIOS:
45
compatíveis, nunca haverá recursos necessários para desenvolver o VLS.16
16
TV CÂMARA. Reportagem disponível em:
<www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=PROGRAMA-ESPACIAL-BRASILEIRO-2PROBLEMAS-
FINANCEIROS&selecao=MAT&materia=100356&programa=2&velocidade=100K>. Acesso em: 23 fev. 2010.
17
SILVEIRA, Virgínia. Lula promete prosseguir com o programa espacial. Gazeta Mercantil, São Paulo. 28 ago.
2003. Telecomunicações & Informática, p. A18.
18
REZENDE, Pedro Paulo. Reduzido a cinzas. Correio Braziliense, Brasília, 26 ago. 2003. Brasil, p. 15.
46
jornada de trabalho para encurtar gastos com alimentação e energia
elétrica. Ao longo de meses, às terças e quintas, os técnicos só
podiam trabalhar a partir das 13 h. Nas sextas, o expediente acaba
ao meio-dia. Poupava-se o bandejão. Tudo isso para a viabilizar o
projeto...19
19
BETING, Joelmir. Tragédia da Omissão. O Globo, Rio de Janeiro, 26 ago. 2003. Colunas, p. 27.
20
IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
Unidade do Comando da Aeronáutica responsável pelo projeto e desenvolvimento do VLS-1.
21
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
22
Ibid.
47
R$914 milhões, de 2011 e 2020 para o desenvolvimento do PNAE e, depois, dos
grandes prejuízos que têm sido causados pelo fluxo descontínuo e irregular dos
recursos ao longo dos anos (g.n.):
23
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
24
Ibid.
48
Considerando-se apenas a primeira, em que “acordos de
cooperação internacional serão essenciais”, deverão ser concluídos, até 2014, os
seguintes projetos de caráter mobilizador e que estabelecerão as condições de
viabilidade para a fase posterior: satélite geoestacionário de comunicações,
lançamento do Cyclone-4, lançamentos dos Veículos Lançadores de Satélite (VLS-1)
e do microssatélite (VLM-1), lançamento do satélite Amazônia-1 (com a conclusão da
Plataforma Multimissão), lançamento dos satélites CBERS-3 e 4, estabelecimento de
um programa de satélites científicos e tecnológicos e estabelecimento de um
programa de domínio de tecnologias críticas.25
25
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
49
Fig. 09 – Necessidade Estimada versus PPA 2012-2015.
Fonte: Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
26
Nasa põe em prática as propostas do governo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 03 fev. 2010. Internacional, p.
A22.
50
privado, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação são extremamente
baixos e a infraestrutura física de pesquisa, além de reduzida, está defasada; tudo
contribuindo para manter ou aumentar o “gap” tecnológico.
- CAUSAS:
O poder de compra do Estado não é exercido como ocorre nos EUA e na Europa.
Sobre isso, não é demais recorrer, outra vez, à professora Linda Weiss,
continuando a abordagem iniciada na página 36 (g.n.):
51
Foi interessante ouvir outro dia que a política industrial brasileira tem
dois pontos problemáticos: a falta de uma política agressiva para a
exportação de manufaturados e a política de compras
governamentais, que não teria decolado.
Sugiro trazer o caso americano para debate no Brasil. As compras
governamentais são um instrumento poderoso de
desenvolvimento. O importante é separar as compras ordinárias,
como papel e mobília, das encomendas de tecnologia, (...).
Nisso você estabelece uma competição entre quem pode produzir tal
coisa e como o Estado pode ajudar. Não é só o governo dizendo
como deve ser, mas há uma interação.
De um só programa americano, o Small Business Innovation
Research Program, de onde vieram nomes como a Microsoft,
centenas de firmas receberam financiamento. Não são somas
grandes, poderiam ser US$ 750 mil, por exemplo, para levar a
tecnologia da fase da ideia na cabeça ao protótipo.
O programa foi lançado em 1982, quando nos EUA temia-se perder a
corrida tecnológica para Japão e Alemanha, e envolve muitas
agências governamentais, incluindo o Instituto Nacional de Saúde –
que faz encomendas ao setor farmacêutico e de biotecnologia –, a
Nasa e a Defesa.27
27
ANTUNES, Cláudia. Redução do papel do estado na economia sempre foi mito. Entrevista com Linda Weiss.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 14 set. 2009. Entrevista da 2ª, p. A18.
52
- SUGESTÕES:
- COMENTÁRIOS:
28
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
53
acrescenta (g.n.):
29
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
30
Mecanismos de contratação mais flexíveis do tipo “cost plus” ou “cost less” são aqueles adotados para fazer
face à imprevisibilidade que rege a fase de pesquisa e desenvolvimento de um projeto, que poderá, no seu curso,
exigir, para o seu prosseguimento, mais recursos e, eventualmente, menos recursos, em relação àqueles
inicialmente previstos.
31
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
54
A legislação atual traz também, como exemplo, restrições para que
uma ou mais empresas, além de participar da fase de concepção e
elaboração do projeto, como estímulo à melhoria da qualidade,
possam também participar da fase de produção ou
desenvolvimento.32
32
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
33
Ibid.
55
Mais robusto é o Projeto de Lei nº 7.526, de 2010, de autoria
dos Deputados integrantes do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica,
tendo como primeiro proponente o então Deputado, hoje Senador, Rodrigo
Rollemberg, que “dispõe sobre os incentivos às indústrias espaciais, instituindo o
Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Espacial (PADIE),
altera a Lei nº 10.168, de 29 de dezembro de 2000, e estabelece medidas de
incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no setor espacial.”
- CAUSAS:
- SUGESTÕES:
Criar empresa pública para atuar como prime contractor (contratante principal)
em projetos espaciais de grande porte e alto risco tecnológico, produzindo
satélites e foguetes, entre outros itens.
57
como transferência do controle acionário da empresa, aquisições, fusões, criação
ou alteração de programas militares, alterações estatutárias etc. Isso evitará que
indústrias que desenvolveram ou receberam dos institutos de pesquisa
tecnologias críticas sejam alienadas, levando consigo o know-how adquirido ou
descontinuando no Brasil a produção de bens que incorporam essas tecnologias.
- COMENTÁRIOS:
34
PANORAMA ESPACIAL (blog). Eurosatory: Sagem leva a Optovac.
<http://panoramaespacial.blogspot.com.br/2012/06/eurosatory-sagem-leva-optovac.html>. Acesso em 17 jul.
2012.
58
2.5. Insuficiência e dificuldade de captação de recursos humanos
especializados
- CAUSAS:
59
Baixa velocidade na renovação do quadro de recursos humanos e insuficiência
de capacitação, estimando-se um tempo mínimo de cinco anos, após o ingresso
em atividades ligadas ao setor aeroespacial, para que um cientista ou técnico
adquira bom nível de proficiência. Faz-se aqui uma provocação: se o
preenchimento de um cargo só pode se dar a partir da vacância, como conciliar a
passagem da cultura de um especialista que se aposenta para outro recém-
admitido? A nossa política de pessoal não considera que o conhecimento tem um
preço.
- SUGESTÕES:
35
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
60
Criar carreira específica para o setor espacial, com salários à altura de
órgãos/entidades como a Receita Federal, BNDES e Banco Central, a título de
exemplos.
Mobiliar a AEB com servidores da própria entidade e com ela identificados; o que
lhes daria um espírito de corpo, refletindo positivamente em todos os
desdobramentos da atividade espacial em nosso País.
- COMENTÁRIOS:
36
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
61
“necessária a contratação de 150 professores e cobrir cerca de 50 aposentadorias
que deverão acontecer nesse período”.
37
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
62
pesquisas.38
41
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
42
Ibid.
64
pelo país.43
43
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
44
Ibid.
65
como por exemplo, para a estatal Petrobrás.45
45
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
46
Ibid.
47
Ibid.
66
na maioria nos postos operacionais.48
48
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
49
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
67
Os projetos aeroespaciais norte-americano e russo tiveram
início com o butim de material e pessoal capturado ao fim da Segunda Guerra
Mundial. Os norte-americanos, secretamente, pela Operação Paperclip, não tiveram
o menor pudor de apagar o passado nazista de milhares de cientistas e técnicos
alemães, empregando-os em projetos governamentais e em empresas privadas que
desenvolviam atividades do seu interesse. Cientistas que conduziram experiências
em câmaras de gás de campos de concentração foram empregados em indústrias
químicas. Wernher von Braun, oficial das temidas “SS”, tornou-se o pai do projeto
espacial norte-americano.
50
Reduzido a cinzas. Correio Braziliense, Brasília, 26 ago. 2003. Brasil, p. 15.
68
3. ÓBICES EXTERNOS AO PNAE
A “mão ínvísivel”
que ameaça a
pesquisa brasileira...
SindCT (Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Vale do
Paraíba). Jornal do SindCT, Ano 2, nº 13, abril de 2012. Disponível em:
<http://jornaldosindct.sindct.org.br/index.php?q=node/173>. Acesso em 29, jun. 2012.
Nenhum país que aspira ser alguma coisa no mundo pode abrir
mão de programas avançados na área aeroespacial, de
armamento, de eletrônica e química fina.
Entrevista com o brigadeiro da reserva HUGO DE OLIVEIRA
PIVA, considerado o pai do programa espacial brasileiro.
ARARIPE, Sônia. O programa precisa ser fortalecido. Jornal
do Brasil, Rio de Janeiro, 23 ago. 2003. País, p. A4.
51
DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e Tecnologia para a Defesa
Nacional. Palestra institucional proferida pelo Brigadeiro Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes, então
Subdiretor de Empreendimentos daquela organização, no 62º Fórum de Debates Projeto Brasil. São José dos
Campos (SP), 17 dez. 2008. Disponível em: <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-
gomes-presentation>. Acesso em: 1º abr. 2010. CTA, sigla que designava o Centro Tecnológico da Aeronáutica,
hoje DCTA.
71
uso irresponsável de tecnologias e armas desse quilate, causando extensos,
duradouros e irreparáveis danos materiais, sem contar as mortes e sequelas
deixadas em seres humanos – os Estados Unidos –, é exatamente o que mais
fortemente se alinha entre aqueles que se opõem a qualquer aquisição e
desenvolvimento de tecnologias que possam ter aplicação militar por outros países.
Estão aí as bombas atômicas lançadas sobre os civis japoneses na 2ª Guerra
Mundial e o agente laranja, empregado no Vietnã.
52
FRAGA, Érica. Matérias-primas são 43% da exportação. Peso de bens industrializados cai de 74% para 54%
em dez anos; ferro e soja representam 25% das vendas externas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 11 jul. 2010.
Mercado, p. B4.
72
aplicados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) resultam em produtos que
incorporam intensa tecnologia e como esta corresponde a alto valor agregado:
53
DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e Tecnologia para a Defesa
Nacional. Palestra institucional proferida pelo Brigadeiro Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes, então
Subdiretor de Empreendimentos daquela organização, no 62º Fórum de Debates Projeto Brasil. São José dos
Campos (SP), 17 dez. 2008. Disponível em: <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-
gomes-presentation>. Acesso em: 1º abr. 2010. CTA, sigla que designava o Centro Tecnológico da Aeronáutica,
hoje DCTA.
54
CRUZ, Carlos Henrique de Brito. Da educação ao avião. Folha de S. Paulo, São Paulo, 5 jul. 1999. Opinião-
Tendências/Debates, p. A2. Em 1999, Professor Titular do Instituto de Física da Unicamp, Presidente da
Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) e Diretor do Instituto de Física da Unicamp.
55
Fonte: Palestra de Aloizio Mercadante, então Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 13 dez. 2011, em
audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos
Deputados.
73
É a reprodução, em pleno século XXI, sob uma nova roupagem,
da relação metrópole-colônia: países consumidores versus países produtores de
matérias-primas; países dotados de capacidade manufatureira versus países
consumidores de manufaturados produzidos pela metrópole; povos senhores do
poder bélico e do poder econômico versus povos colonizados e sem expressão
militar e econômica. Agora, muito pior, na medida em que a independência política –
se é que pode ser dita assim – das colônias desobrigou as metrópoles das despesas
com a ocupação física e com a prestação de serviços e realização de outras
atividades para as quais, antes, carreavam recursos.
57
HOLLANDA, Eduardo; CONTREIRAS, Hélio; SIMAS FILHO, Mário. Inferno em Alcântara. Revista IstoÉ, São
Paulo, 3 set. 2003, ed. 1.170, p. 82-86.
75
encontramos os seguintes registros em diversos periódicos, com o primeiro fazendo
remissão, inicialmente, a sucessivos lançamentos suspensos e à suspeita de
sabotagem do VLS incendiado em 2003:
59
HOLLANDA, Eduardo; SIMAS FILHO, Mário. Novos Aliados. Revista IstoÉ, São Paulo, 10 set. 2003, ed. 1.171,
p. 96-98.
60
REZENDE, Pedro Paulo. Muitos problemas em terra. Correio Braziliense, Brasília, 23 ago. 2003. Brasil, p. 18.
77
Hassam Moghaddam, e outros especialistas de alto nível desse programa; a
explosão, no dia 28 de novembro de 2011, nas instalações de conversão de urânio,
em Isfahan; e outros atentados de morte contra importantes cientistas iranianos que
desenvolvem tecnologias sensíveis ou de ponta.61
61
CRAVEIRO, Rodrigo. Mistério cerca explosão em Isfahan. Correio Braziliense, Brasília, 1º dez.. 2003. Mundo,
p. 20.
78
ultrapassar essas dificuldades.62
62
SILVEIRA, Virgínia. Visiona abre espaço para produção de satélite brasileiro. Valor Econômico, São Paulo, 30
mai. 2012. Empresas & Tecnologia, p. B3
79
Todavia, os embargos, boicotes e outros obstáculos ao
desenvolvimento aeroespacial do Brasil, particularmente pelos Estados Unidos, não
podem ser desconhecidos.
80
que a República Federal da Alemanha obteve a autonomia política de
seu território. Foram levadas para o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), em São Paulo.63
1954
- O CNPq, por ordem de Vargas, tenta importar ultracentrífugas da
Alemanha sob sigilo. O embaixador Barbosa da Silva avisa aos
EUA. Vinte e quatro horas depois, as ultracentrífugas são
apreendidas pelas forças de ocupação da Alemanha, sob ordem dos
EUA.
(...)
1956
- Maio - Os deputados Renato Archer, Vieira de MeIo e General
Nelson de Mello (chefe da Casa Militar) expõem a Kubitschek a
existência dos documentos secretos que regeram o acordo Brasil-
Estados Unidos. Edmundo Barbosa da Silva, em telefonema dado
do próprio no próprio Palácio do Catete, avisa os EUA.64
65
ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de. O programa da autonomia da tecnologia do ciclo do combustível nuclear no
Brasil. Trabalho apresentado na VII Esocite – VII Jornadas Latino-Americanas de Estudos Sociais das Ciências e
das Tecnologias - Rio de Janeiro, 28 a 30 mai. 2008. Disponível em:
<www.necso.ufrj.br/esocite2008/trabalhos/35970.doc>. Acesso em: 26 mai. 2010.
82
regulamentações implementam as disposições do Arms Export Control Act (Lei de
Controle de Exportação de Armamentos), com o Departamento de Estado fazendo a
interpretação e a aplicação do ITAR de modo a salvaguardar a segurança nacional
dos Estados Unidos e também seus objetivos de política externa.66
84
Fig. 11 – Concepção do sistema propulsivo do Convertiplano e sua estrutura.
Disponível em: DCTA. <www.cta.br/historico/convert.htm>. Acesso em: 22 mai. 2010.
85
Nesse meio tempo, provavelmente para apresentar à opinião
pública e ao então Ministério da Aeronáutica (MAer) uma aeronave que de fato
voasse em um prazo menor de execução, o professor Focke e sua equipe iniciaram,
em 1954, o projeto do Beija-Flor (BF-1), um helicóptero simples, barato, contendo
algumas inovações para época: rotor rígido e dois rotores de cauda e que voou, pela
primeira vez, em fevereiro de 1960 (Fig. 13). Havia, mesmo, a ideia de a sua
produção ser repassada para alguma indústria brasileira que viesse ainda a surgir; o
que não aconteceu pela falta de estímulo governamental e de interesse do
empresariado, levando o projeto ao fracasso.
86
peças importadas da França, não custa lembrar que foi o mesmo professor Hendrich
Focke que, em 1945, assinou contrato com a companhia francesa Société Nationale
des Constructions Aéronautiques du Sud-Est - SNCASE - para dar assistência no
desenvolvimento do helicóptero de passageiros SE-3000, versão francesa do Focke-
Achgelis Fa 223 "Drache", e do SE3001, baseado no Focke-Wulf Fw 61.68
Fig. 14 – Convertiplanos (tilrotores) voando no modo helicóptero: à esquerda, um V-22 Osprey (Bell
Helicopter e Boeing Rotorcraft Systems); à direita, um BA609 (Bell/Agusta Aerospace Company
(BAAC), joint venture formada pela Bell Helicopter Textron e pela Agusta Westland).
Disponíveis em: ENEMYFORCES. <www.enemyforces.net/helicopters/v22_osprey.htm>; e
AGUSTAWESTLAND. <www.bellagusta.com/img/gallery/ba_3.jpg>. Ambos os acessos em: 10 abr. 2010.
68
HARTMANN, Gérard. Les réalisations de la SNCASE. Disponível em:
<www.hydroretro.net/etudegh/sncase.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2010.
87
Fig. 15 – ALX Super Tucano, AMX (A-1M) e F-5M (versão do F-5E modernizada pelo Brasil).
Aeronaves equipadas com o sistema inercial EGIR (Embedded GPS, Inertial and Radar Altimeter),
que sofreu restrição norte-americana para continuar a ser fornecido ao Brasil.
Disponíveis em: MD. <www.laguna.mil.br/index.php?option=com_morfeoshow&task=view&gallery=1&Itemid=55>; e
FAB. www.fab.mil.br/portaI/fotos/index.php?parametro=OperaçãoAérea&id_fotos=29. Ambos os acessos em: 22
mai. 2010; FAB. <www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?page=fotos>. Acesso em: 06 jul. 2012.
88
para emprego em guerra anti-submarina, patrulhamento marítimo, proteção da Zona
Econômica Exclusiva, controle de fronteiras e em missões de busca e salvamento.
Os EADS-CASA C-295, batizados no Brasil como C-105 Amazonas, como avião
militar de transporte de tropa e cargas em geral.
Fig. 16 – P-3AM BR e Casa C-295 (C-105 Amazonas), aeronaves que, em sua modernização, têm a
previsão de serem equipadas com o Sistema Inercial/GPS LN100 G da Northrop Grumman, com a
precisão de 0,8 milhas, que passou a sofrer restrições norte-americanas para continuar a ser
fornecido ao Brasil com essa precisão.
Disponíveis em: FL410. <http://fl410.wordpress.com/2011/10/01/imagens-p-3-orion-da-fab/#jp-carousel-13802>; e
AIRLINERS.NET. <http://cdn-www.airliners.net/aviation-photos/photos/0/9/2/1657290.jpg>. Ambos os acessos em:
24 jun. 2012.
89
brasileiro do avião AMX, atrasando consideravelmente o seu desenvolvimento.69
Fig. 17 – O míssil MAR-1 ar-superfície antirradiação, que sofreu embargo dos EUA.
Disponíveis em: DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e Tecnologia para a
Defesa Nacional. <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-presentation>. Acesso
em: 1º abr. 2010. PLANOBRASIL. <http://planobrasil.com/2010/10/mecton-mar-1>. Acesso em: 6 jul. 2012.
69
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. p. 145-146.
90
The attached application has
been denied and is being retur-
ned in accordance with 22 CFR
126.7(a) for the reasons indica-
ted below. Any questions you may
have regarding this decision may
be directed to patty Dudley of this
office at (703) 8122286.
O pedido anexo foi negado e está
sendo devolvido em conformidade
com 22 CFR 126,7 (a) pelas
razões indicadas abaixo.
Qualquer dúvida sobre esta
decisão deve ser dirigida a Patty
Dudley deste escritório no (703)
812-2286.
Anti-radar technology is not
releaseable for national security
reasons. This technology exceeds
the leveI of capability approved for
Brazil.
A tecnologia antirradar não pode
ser liberada por razões de segu-
rança nacional. Esta tecnologia
excede o nível de capacidade
aprovado para o Brasil.
Fig. 18 – Documento emitido pelo Departamento de Estado norte-americano, embargando o
fornecimento de componentes que seriam aplicados no míssil MAR-1.
Disponível em: DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e Tecnologia para a
Defesa Nacional. <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-presentation>. Acesso
em: 1º abr. 2010.
Fig. 19 – À esq.: Cabeça de busca (seeker) do míssil MAA-1 Ar-Ar. À dir.: o sensor encomendado –
Judson 85 (embaixo); o sensor fornecido – Judson 99 (ao centro); e, em montagem (acima), o
sensor que terminou adotado, fornecido pela África do Sul.
Disponíveis em: ORDEM DE BATALHA. MAA-1 Piranha - O Primeiro Míssil Brasileiro.
<http://freepages.military.rootsweb.ancestry.com/~otranto/fab/missil_piranha.htm>; e DCTA.
<www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-presentation>. Ambos os acessos em: 03
abr. 2010.
71
DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e Tecnologia para a Defesa
Nacional. Palestra institucional proferida pelo Brigadeiro Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes, então
Subdiretor de Empreendimentos daquela organização, no 62º Fórum de Debates Projeto Brasil. São José dos
Campos (SP), 17 dez. 2008. Disponível em: <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-
gomes-presentation>. Acesso em: 1º abr. 2010. CTA, sigla que designava o Centro Tecnológico da Aeronáutica,
hoje DCTA.
92
Depois, ao ser buscada a qualificação desse míssil MAA-1 para
os caças F5-E, foi notada excessiva vibração estrutural nas ponta das asas dessas
aeronaves, lugar em que os mísseis seriam instalados. Solicitadas informações
técnicas à Northrop, a fabricante do avião, sobre os testes de flutter (vibração) dos
ensaios do míssil Sidewinder no F-5, não houve resposta pelos norte-americanos,
atrasando ainda mais o desenvolvimento do míssil brasileiro.72
Fig. 20 – Testes realizados pelo CTA com o F-5 da FAB para obtenção de dados técnicos quanto
ao modelamento aeroelástico da aeronave em virtude de os Estados Unidos não terem atendido
à solicitação para fornecê-los. Míssil Piranha MAA-1 instalado na ponta da asa de um F-5.
Disponíveis em: DCTA. <www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-presentation>
(acima). Acesso em: 1º abr. 2010. PODER AÉREO <www.aereo.jor.br/wp-content/uploads/2010/01/F-5EM-fab-
1024x687.jpg> (abaixo, dir.); e TROPAS DE ELITE <www.tropasdeelite.xpg.com.br/CSAR_BRASIL.htm> (abaixo,
esq.). Ambos os acessos em: 6 jul. 2012.
72
ORDEM DE BATALHA. MAA-1 Piranha - O Primeiro Míssil Brasileiro. Disponível em:
<http://freepages.military.rootsweb.ancestry.com/~otranto/fab/missil_piranha.htm>. Acesso em: 03 abr. 2010.
93
Em abril de 2008, ao ser necessário um sensor para um míssil
anti-radiação versão 2, capaz de detectar duas faixas de infravermelho: alta e baixa,
dando-lhe capacidade para distinguir o calor dos motores do avião-alvo dos despista-
dores por ele lançados, o fornecimento foi negado pelos EUA (Figs. 21 e 22).
Fig. 25 – Os Estados Unidos embargaram o fornecimento, ao Brasil, de blocos girométricos para o controle
de altitude de satélites em órbita.
Fonte: Palestra institucional do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), em 19 ago. 2009, em
São José dos Campos (SP), para consultores da Câmara dos Deputados.
97
Fig. 26 – Os Estados Unidos embargaram o fornecimento,
ao Brasil, de circuitos integrados depois que estes
passaram a ser aplicados no foguete de sondagem VSB-30. Giroscópio a fibra ótica.
Fontes: Palestra institucional do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), em 19 ago. 2009, em
São José dos Campos (SP), para consultores da Câmara dos Deputados. Também disponível em: DCTA.
<www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-presentation>. Acesso em: 1º abr. 2010.
98
autodestruição a partir dos comandos em terra, se isso se tornar necessário.
I discussed the program with out ITAR consultant and she says we
need to apply for a license before we can continue with any work.
Unfortunately, the costs in services and labor for the license
application means there is not sufficient funding on the contract to
support your project. Therefore, we must regrettably decline the
work at this time. Please proceed with cancelling our contract. Best
regards, Kenneth Wiles.
Eu discuti o programa com a consultora do ITAR e ela disse que
necessitamos de pedir licença antes que possamos continuar com
qualquer trabalho. Infelizmente, os custos de serviços e de
trabalho para o pedido de licença significa que não há recursos
suficientes no contrato para suportar o seu projeto. Portanto,
devemos lamentar a recusa do trabalho no momento. Por favor,
proceda o cancelamento de nosso contrato. Atenciosamente,
Kenneth Wiles.
99
Por vezes, a atuação externa se combina com problemas
gerados internamente, como no caso do polibutadieno líquido hidroxilado – PBLH
(Fig. 28), matéria-prima para o combustível sólido para foguetes desenvolvido e
patenteado pelo CTA e PETROBRÁS no início dos anos 80, com a produção sendo
assumida pela PETROFLEX, o maior fabricante de borracha sintética da América
Latina. Em 1992, a PETROFLEX foi privatizada e, em abril de 2008, foi adquirida
pelo grupo alemão LANXESS, que, logo depois, interrompeu a fabricação do PBLH.
100
Novamente recorrendo ao cientista político Luiz Alberto Moniz
Bandeira, ele registra, ao lado das crônicas dificuldades financeiras, boicotes dos
Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, acarretando problemas para o Brasil
dominar o sistema de guiagem do VLS-1, de modo a impedir o acesso do País ao
mercado de lançamento de satélites de pequeno porte, que só foram superados
depois da aquisição da Rússia dos mecanismos de guiagem dos foguetes.73
73
BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. As relações perigosas: Brasil-Estados Unidos (de Collor a Lula, 1990-2004).
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. p. 145-146.
74
SILVEIRA, Virgínia. Embargo a componentes atrasa lançamento de satélite. Valor Econômico, São Paulo, 18
mai. 2010. Empresas & Tecnologia, p. B3; LEO, Sergio. Brasil quer parceria maior com a China para construir
satélites. Valor Econômico, São Paulo, 05 abri. 2011. Brasil, p. A6.
101
Em uma reunião bilateral sobre defesa entre representantes do
Brasil e dos Estados Unidos, que teria sido realizada no ano de 2009, em Brasília, a
delegação americana entregou um non-paper (Figs. 29a e 29b) aos membros da
delegação brasileira, consubstanciando, mais uma vez, a posição adversa do
governo dos EUA em relação ao desenvolvimento de foguetes pelo Brasil.75
Como nós discutimos com o seu Governo em diversas ocasiões anteriores, a política
nacional dos EUA é não encorajar novos programas de veículo de lançamento espacial
(VLS) pelos países membros do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR),
independentemente do propósito desses programas.
Fig. 29a – Extrato do non-paper entregue pela delegação dos EUA à delegação brasileira em
reunião bilateral sobre defesa entre o Brasil e os Estados Unidos, realizada, em 2009, no Ministério
da Defesa, em Brasília. (continua na próxima página)
Como vocês sabem, o TSA ainda não foi ratificado pelo seu Governo. Na ausência de um
TSA, não estamos, neste momento, em condições de aprovar lançamentos, a partir de
3.5. O Regime
Alcântara, de Controle
de VLSs dos EUA,dedeTecnologia de EUA
satélites dos Mísseis
ou (MTCR)
de satélites estrangeiros com
componentes licenciados pelos EUA.
103
3.5. Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR)
104
entre 34 países para impedir a proliferação da tecnologia de
mísseis.76
76
Disponível em: WORLDLINGO MULTILINGUAL ARCHIVE.
<www.worldlingo.com/ma/enwiki/en/Missile_Technology_Control_Regime/1>. Acesso em: 05 jun. 2010; tradução
nossa.
77
KIZIAH, Rex R. A Ameaça Emergente dos Mísseis de Cruzeiro Biológicos. Air & Space Power Journal, 3º
semestre de 2003 (edição em português). o autor é coronel da Força Aérea dos Estados Unidos, mestre em
estudos estratégicos pelo Air War College; doutor pela University of Texas at Austin e vice-diretor do Gabinete do
Programa de Sistemas de Superioridade Espacial do Centro de Sistemas de Mísseis e Espaciais, El Segundo,
Califórnia, entre outras qualificações. Disponível em: <www.airpower.maxwell.af.mil/apjinternational/apj-
p/2003/3tri03/kiziah.html>. Acesso em: 05 jun. 2010.
105
Repairing the Regime foi elaborado sob os auspícios do Carnegie
Endowment for International Peace e apoiado financeiramente e
pelas generosas doações da Non-Proliferation Project from de
Carnegie Corporation of New York, da W. Alton Jones Foundation, da
Ford Foundation, da John Merck Fund, da Ploughshares Fund e da
Prospect Hill Foundation. Sou especialmente grato a Jessica
Mathews e a Tom Carothers, presidente e vice-presidente do
Carnegie Endowment pelo apoio, inspiração e valiosas sugestões
durante o planejamento da conferência e o processo de edição.78
78
CIRINCIONE, Joseph (editor). Repairing the regime: preventing the spread of weapons of mass destruction.
New York: Routledge/ The Carnegie Endowment For International Peace, 2000; tradução nossa.
79
Disponível em: CARNEGIE ENDOWMENT FOR INTERNATIONAL PEACE.
<www.carnegieendowment.org/events/?fa=eventDetail&id=996>. Acesso em: 05 jun. 2010; tradução nossa.
106
Foundation, John Merck Fund, Ploughshares Fund, Prospect Hill
Foundation, Scherman Foundation, Smith Richardson Foundation e
W. Alton Jones Foundation pelo apoio financeiro às atividades de
nossas respectivas organizações de não-proliferação nos NIL (Newly
Independent States – Novos Estados Independentes – da antiga
União Soviética). 80
Fig. 30 – Pesquisa com as expressões que estão indicadas nas janelas, resultando em 11.700
ocorrências; o que o que bem demonstra os vínculos entre essas fundações e dessas
fundações com as ações que visam à não-proliferação de armas.
Fonte: Pesquisa na Internet, em 05 jun. 2010, no site do Google (<www.google.com.br>).
80
WOLFSTHAL, Jon Brook; CHUEN, Cristina-Astrid; DAUGHTRY, Emily Ewell. Nuclear Status Re-
port: nuclear weapons, fissile material, and export controls in the former Soviet Union, n. 6, jun. 2001.
Washington, D.C.: Monterey Institute/ Carnegie Endowment for International Peace, 2001. Disponível
em: <http://cns.miis.edu/archive/status_report/pdfs/nsr/status.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2010.
107
Technology Control Regime. Na introdução da coletânea, fica revelada a vinculação
do autor intelectual do MTCR com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos
(g.n.):
81
Disponível em: USIP (United States Institute of Peace). <www.usip.org/resources/controlling-weapons-mass-
destruction-findings-usip-sponsored-projects>. Acesso em: 05 jun. 2010; tradução nossa.
82
Disponível em: ITVS (Independent Television Service). <www.itvs.org/about/faq>. Acesso em: 17 jun. 2012.
83
Disponível em: UNITED STATES ARMY WAR COLLEGE. SSI (Strategic Studies Institute).
<www.strategicstudiesinstitute.army.mil/pdffiles/pub755.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2010.
108
Finalmente, o Dr. Gary K. Bertsch, em depoimento perante a
Comissão Revisora Econômica e de Segurança Estados Unidos-China
(www.uscc.gov) sobre a proliferação (de armas de destruição em massa) da China e
o impacto da política comercial em indústrias de defesa dos Estados Unidos e da
China, em 12 de julho de 2007, registrou o seguinte, comprovando como governo,
universidades e fundações privadas norte-americanas mantêm estreita relação
simbiótica (g.n.):
84
Disponível em: USCC (U.S.-China Economic and Security Review Commission).
<www.uscc.gov/hearings/2007hearings/transcripts/july_12_13/bertsch.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2010; tradução
nossa.
109
comunicado dizia (g.n.):
110
estabelecidas unilateralmente pelo governo dos Estados Unidos.
85
Há diversas publicações indicando a Fundação Ford a serviço da CIA:
1 - WEINER, Tim. Legado de Cinzas: Uma História da CIA. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 304;
2 - SAUNDERS, Frances Stonor. Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura. Rio de Janeiro: Record,
2008. p. 152, 153, 157 e 443;
3 - WIKIPÉDIA. Fundação Ford. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Ford>.
Acesso em: 24 jan. 2010; e
4 - CHAVAUX, Bertrand. As ciências sociais francesas e as injecções de dinheiro da CIA. Tradução disponível
em: <www.grupos.com.br/group/socefilapeoesp/Messages.html?action=message&id=2398195
89303829&year=09&month=4&next=1>. Original disponível em: <www.voltairenet.org/article14465.html#article
14465>. Ambos os acessos em: 23 jan. 2010.
111
Fundação e que passaram a operar naquele município maranhense após a instala-
ção do Centro de Lançamento – ressalte-se: só após a instalação do CLA –, a gerar
reivindicações e conflitos; o que merecerá abordagem específica em outro capítulo.
86
MAGALHÃES, Fernando Simas. Cúpula das Américas de 1994: papel negociador do Brasil, em busca de uma
agenda hemisférica. Brasília: Instituto Rio Branco, Fundação Alexandre de Gusmão, Centro de Estudos
Estratégicos, 1999. p. 9.
87
LAMPREIA, Luiz Filipe Palmeira. O Brasil e os Ventos do Mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. p. 128.
112
de salários, afastamento do Estado de atividades produtivas e de setores
estratégicos, diminuição do Estado-providência, intensa privatização de empresas
estatais, muitas adquiridas por empresas estrangeiras, ainda que estratégicas para o
Estado brasileiro, concessão de facilidades (negadas às empresas brasileiras) para
atrair investimentos estrangeiros e expansão de empresas privadas transnacionais.
113
Convenção sobre Proscrição de Minas Anti-Pessoal (1997).88
Artigo VIII
Aplicação Não Explosiva ou Militar
1. A cooperação de conformidade com este Acordo será baseada nas
seguintes obrigações:
a) no caso do Brasil, não detonar um artefato nuclear explosivo; e
b) no caso dos Estados Unidos, não detonar um artefato nuclear
explosivo usando material, equipamento ou componentes sujeitos a
este Acordo.
88
BRASIL. PRESIDENTE (F. H. CARDOSO). Mensagem ao Congresso Nacional: Na Abertura da 1ª Sessão
Legislativa Ordinária da 51ª Legislatura. Brasília: Presidência da República, Secretaria de Comunicação de
Governo, 1999. (Documentos da Presidência da República). Disponível em:
<www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/99MENS9.HTM>. Acesso em: 30 jul. 2010.
114
em massa e prossegue na modernização delas, evitando que outros venham a
desenvolvê-las.
89
ALMEIDA, Beto. Wikileaks revelam sabotagem contra Brasil tecnológico. Carta Maior, 30 nov. 2011. Disponível
em: <http://cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17337>. Acesso em: 6 jul. 2012 (apud
Wikileaks: Revela gravíssima sabotagem dos EUA contra Brasil com aval de FHC e morte de um Brasileiro.
CLIPPING@eb, 13 jul. 2012, Agência Espacial Brasileira).
115
mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa
Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs,
normalmente financiadas por programas internacionais
dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o
indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e
fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração
econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites.
Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a
gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o
Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha
editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a
conquista de independência tecnológica, em qualquer área que
seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as
metrópoles.
116
favorável dos Estados Unidos para se tornar membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU.90
Exércitos.92
91
SCHELP, Diogo. O Irã não nos atacaria. Entrevista com Robert Aumann. Revista Veja, São Paulo, 4 nov. 2009,
ed. 2.137, p. 17.
118
Em seguida, acrescentou:
92
MIOTO, Ricardo. Para cientista israelense, armas trazem paz. Folha de S. Paulo, São Paulo, 4 ago. 2010.
Ciência, p. A17.
119
Esse ato do governo FHC não foi, até o momento, ratificado
pelo Congresso Nacional porque, na opinião de muitos, fere a soberania brasileira
em mais de uma dezena de cláusulas, particularmente pela criação, no Centro de
Lançamento brasileiro, de áreas restritas e sob o controle exclusivo do governo dos
EUA, além do veto norte-americano de os recursos auferidos com a cessão das
áreas serem utilizados no Programa Espacial Brasileiro.
120
O MD também dá manifestação nesse sentido ao negar a
possibilidade da transferência de tecnologia e da capacitação de pessoal no âmbito
do acordo Brasil-Ucrânia (g.n.):
93
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
121
tecnologia.94
94
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
95
Ibid.
122
desenvolvimento das tarefas para o lançamento do Cyclone-4, estarão sendo
adestrados nas operações logísticas e nas mais diversas operações que se
processam em solo para o lançamento do foguete.
Fig. 31 – A Alcântara Cyclone Space (ACS) aparece em posição central apenas construindo o sítio
de lançamento do Cyclone-4 e prestando o serviço de lançamento.
Fonte: Palestra de Aloizio Mercadante, então Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, em 07 dez. 2011, em
audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados.
123
aquele mercado no caso de repasse de tecnologia para o Brasil.
A Ucrânia recorreu aos EUA para tentar fortalecer a sua parceria com
o Brasil para lançar satélites da base de Alcântara (MA), mostram
documentos do WikiLeaks.
Segundo um telegrama escrito pelo diplomata americano no Brasil
Clifford Sobel, em fevereiro de 2009, o país europeu teria pedido
ajuda aos americanos por meio de seu embaixador no Brasil,
Volodymyr Lakomov.
Isso porque os EUA são o grande mercado mundial de satélites –
40% dos satélites do mundo são americanos.
(...)
Os americanos, então, disseram até ter interesse em apoiar os
foguetes de Alcântara. Nos telegramas, deixam claro gostar da
parceria entre o Brasil e a Ucrânia, "desde que ela não resultasse
em transferência de tecnologia de foguetes [que a Ucrânia tem]
para o Brasil" – o país entraria apenas com o sítio de
lançamentos.
Justamente para evitar que os brasileiros tivessem tecnologia de
lançamento de satélites, os diplomatas americanos escreveram que
os EUA "têm uma antiga política de não ‘encorajar’” as
tentativas do Brasil de desenvolver um foguete sozinho (o VLS)”.
Os diplomatas americanos disseram, porém, que só poderiam apoiar
o foguete ucraniano caso o Brasil assinasse um acordo de
salvaguardas tecnológicas com eles. Um acordo assim foi vetado em
2003 pelo Congresso Nacional, que acreditava que ele violaria a
soberania do Brasil. As salvaguardas incluíam concessão de áreas
124
sob controle direto e exclusivo dos EUA e licença para inspeções
americanas sem prévio aviso ao Brasil.96
96
MIOTO, Ricardo. Ucrânia recorreu aos EUA por foguete com o Brasil. Folha de S. Paulo, São Paulo, 25 jan.
2011. Ciência, p. C15.
97
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
98
GARCIA, Rafael. Despedida em Kiev. Sítio eletrônico da Folha de S. Paulo, 15 jun. 2012. Disponível em:
<http://teoriadetudo.blogfolha.uol.com.br/2012/06/15/despedida-em-kiev/>. Acesso em: 25 jun. 2012; e ANGELO,
Claudio. Projeto para lançar satélite de base no Maranhão trava. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 jun. 2012.
Ciência, p. C11.
125
metade dos operários e ameaçou a completa paralização das obras caso não fosse
retomado de imediato o pagamento mensal de R$ 30 milhões.
126
Artigo de José Geraldo Telles Ribeiro, engenheiro pelo Instituto
Militar de Engenharia (IME) e doutor em engenharia mecânica, citando Darly
Henriques da Silva, Analista de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do CNPq,
mestra em Física pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e doutora em
Economia pela Universidade de Paris, sintetiza o processo de adesão do Brasil ao
MTCR, iniciado no governo Itamar e concluído durante o governo FHC (g.n):
Silva (2005) também relata os passos tomados pelo Brasil para ser
aceito pelos EUA no MTCR, dizendo que para superar as barreiras
políticas, em fevereiro de 1994 o Brasil se impôs as diretrizes do
MTCR: atualizou sua legislação doméstica acerca da exportação de
bens sensíveis e de uso dual em 1995, e então submeteu sua
candidatura como membro do regime, com o apoio dos Estados
Unidos, durante a Reunião do MTCR em Bonn em 10 de outubro de
1995. A submissão foi rapidamente aceita, em 27 de outubro. Em
1994, também como parte das negociações que culminaram na
aderência brasileira ao MTCR, o governo estabeleceu que a
Agência Espacial Brasileira (AEB) seria a autoridade civil para
coordenar atividades espaciais nacionais.99
99
SILVA, Darly Henriques da. Brazilian participation in the International Space Station (ISS) program:
commitment or bargain struck? Space Policy, Holanda, v. 21, 2005, p. 55-63 (apud RIBEIRO, José Geraldo
Telles. Uma Análise das Consequências do Controle Exercido pelo MTCR para a Modernização da Força
Terrestre. Rio de Janeiro: Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 2006. p. 11). Disponível em:
<www.eceme.ensino.eb.br/portalcee/index.php?option=com_content&task=view&id=88&Itemid=65&lang=pt>.
Acesso em: 30 jul. 2010.
127
Em outros termos, durante o governo FHC, submetendo-se a
diretrizes norte-americanas, o Brasil renunciou à capacidade de desenvolver e dispor
de mísseis balísticos e criou a AEB, com natureza exclusivamente civil, para,
cumprindo as mesmas diretrizes, afastar os militares do Programa Nacional de
Atividades Espaciais, como se fosse possível destes prescindir. Nenhum país do
mundo – só o Brasil – incorreu no absurdo de afastar os militares de trabalhar, junto
com cientistas e técnicos civis, nos seus programas espaciais.
100
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
128
3.6.5. O rebaixamento da importância das atividades espaciais
130
de 1996), o percentual da população negra do Brasil de 5,4% para 45,4%, ao
determinar que o IBGE classificasse como negros os mulatos, os pardos e os pretos
Antes do Depois do
PNDH I PNDH I
Brancos 54 54
Pretos 5,4 45,3
Negros
Pardos 39,9 -
Amarelos e indígenas 0,6 0,6
Tão absurda era essa diretriz, que ela ressurgiu, em 2002, sob
nova roupagem, no Segundo Plano Nacional de Direitos Humanos (Diretriz 213), em
que os mulatos desapareceram e os pardos e os os pretos passaram a integrar a
população afrodescendente.
131
por títeres sob os auspícios desse ator não-estatal de atuação transnacional (ver
tópicos 4.4 e 4.5).
132
Executivo que está se formando.101
101
STATION, Elizabeth; WELNA, Christopher J. ”Da Administração Pública à Participação Democrática”, in Nigel
Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança
Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 172-173 e
187.
102
LEONI, Brigitte Hersant. Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do Possível. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1997. p. 154.
133
de pesquisas sociais (CEBRAP). Para a surpresa de muitos, este
centro independente foi apoiado pela Fundação Ford e tornou-se,
gradualmente, o ponto de referência para o surgimento de vários
outros núcleos de resistência intelectual ao autoritarismo na América
Latina.103
103
Library Of Congress. Crossroads: a Brief Autobiograph by Fernando Henrique Cardoso. Disponível em:
<www.loc.gov/loc/kluge/prize/cardoso.html>. Acesso em: 17 jul. 2012; tradução nossa.
134
Também ficou evidente ser praticamente impossível um país
desenvolver um programa espacial sem a presença de militares, assim como é mero
jogo de cena restringir essa ou aquela tecnologia espacial ao uso exclusivamente
civil, vez que praticamente todas trazem uma natureza intrinsecamente dual.
104
SILVEIRA, Virgínia. Embargo a componentes atrasa lançamento de satélite. Valor Econômico, São Paulo, 18
mai. 2010. Empresas & Tecnologia, p. B3.
136
Evidentemente que cada um poderá concluir de forma
totalmente diversa daquela a que chegamos, mas não há como negar os fatos que
foram apresentados. Eles aí estão.
137
4. QUILOMBOLAS EM ALCÂNTARA?
UMA FARSA ANTROPOLÓGICA E JURÍDICA
Disponível em: SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). <www.jornaldaciencia.org.br> (Jornal
da Ciência nº 607, 5 out. 2007). Através de: <www.trocistas.com/veiga/lancamento-de-foguete-espacial-no-
brasil/>. Acesso em: 04 jul. 2012.
140
A questão territorial relativa ao Complexo Espacial de Alcântara
(CEA) começa pelo Decreto nº 7.820 de 12 de setembro de 1980, do Governo do
Maranhão, determinando a desapropriação de uma área de 52 mil hectares para
instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Depois, o Governo federal,
por Decreto Presidencial não-numerado, de 8 de agosto de 1991, ampliou a área
para 62 mil hectares, nos seguintes termos:
CENTRO DE
LANÇAMENTO DE
ÂLCANTARA
(sob a jurisdição
do Comando da
Aeronáutica)
105
Edital do INCRA publicou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), reconhecendo as
comunidades quilombolas situadas no município de Alcântara (MA). Diário Oficial da União nº 214, Seção 3, 4
nov. 2008, p. 110.
142
demarcou quase todo o município de Alcântara como “território quilombola”, tomando
não só toda a área destinada à expansão do Complexo Espacial (52.744 ha), mas
também a área mais ao sul (25.361 ha), em um total de 78.105 hectares,
inviabilizando a continuidade do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
Apenas o espaço atualmente ocupado pelo CLA ficou fora da área demarcada pelo
RITD; o que representou uma imensa concessão às pressões internacionais e aos
movimentos sociais “satélites” de organizações estrangeiras.
106
LEITÃO, Matheus; SELIGMAN, Felipe. Quilombolas terão de abrir caminho para foguetes no MA. Folha de S.
Paulo, 10 dez. 2010. Ciência, p. C11.
143
Fig. 34 – Hipótese do Complexo Espacial de Alcântara reorganizado em “ILHAS”; cada uma
correspondendo a um sítio de lançamento.
Fonte: Palestra do Dr. Roberto Amaral, então presidente da Alcântara Cyclone Space (ACS), em 06 out. 2009, em
audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN).
107
Resposta do MD ao Requerimento de Informações nº 2014/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
144
Por sua vez, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI), diz, enfaticamente, como um dos principais óbices para maior avanço na
implantação do CEA (g.n.):
108
Resposta do MCTI ao Requerimento de Informações nº 2013/2012, do Deputado Cláudio Cajado.
145
Mais do que a leitura e a análise de livros e documentos –
dever de casa que fizemos – sobre a presença de quilombos naquele município, ali
estivemos três vezes, verificando, in locum, a verdade que cerca a “questão
quilombola” artificialmente criada naquele município maranhense.
109
TV CÂMARA. Endereços eletrônicos das reportagens produzidas e as datas das respetivas exibições:
1 - <www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=SERIE-ESPECIALOS-DESAFIOS-DO-PROGRAMA-ESPACIAL-
BRASILEIRO&selecao=MAT&programa=244&materia=102140&velocidade=100K>. Acesso em: 22 fev. 2010;
2 - <www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=PROGRAMA-ESPACIAL-BRASILEIRO-2PROBLEMAS-
FINANCEIROS&selecao=MAT&programa=2&materia=100356&velocidade=100K>. Acesso em: 23 fev. 2010;
3 - <www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=PROGRAMA-ESPACIAL-BRASILEIRO-3FOGUETES-X-
QUILOMBOLAS&selecao=MAT&programa=2&materia=100428&velocidade=100K>. Acesso em: 24 fev. 2010;
4 - <www.camara.gov.br/internet/tvcamara/?lnk=PROGRAMA-ESPACIAL-BRASILEIRO-
4SOLUCOES&selecao=MAT&programa=2&materia=100528&velocidade=100K>. Acesso em: 25 fev. 2010.
146
agrovilas e ao povoado de Mamuna, além de reunião com alguns vereadores de
Alcântara e, em São Luís, com o governador em exercício do estado do Maranhão e
o seu secretariado, tratando da “questão quilombola” em face do Programa Espacial
Brasileiro.
147
Todavia, é perceptível que, enquanto a área do CLA está bem
conservada, onde existe uma área de preservação ambiental (APA) voltada para a
bacia do Rio Pepital, que abastece a sede do município de Alcântara, naquelas
ocupadas pelos habitantes locais há devastação causada, principalmente, pela
agricultura de coivara e pela produção de carvão vegetal.
148
alguma qualificação profissional durante a sua permanência na Aeronáutica,
permitindo-lhes alçar voos mais longos.
110
Respostas do MCTI e do MD aos Requerimentos de Informações nº 2013/2012 e nº 2014/2012, do Deputado
Cláudio Cajado.
111
Ibid.
149
domésticos, paisagismo urbano, turismo sustentável, segurança comunitária e
preservação do patrimônio ambiental urbano.112
112
Respostas do MCTI e do MD aos Requerimentos de Informações nº 2013/2012 e nº 2014/2012, do Deputado
Cláudio Cajado.
150
ainda que elas não sejam necessariamente as mesmas dos moradores dos
povoados de Alcântara.
151
Feita a interpelação sobre o Movimento dos Atingidos pela
Base Espacial de Alcântara (MABE), para nossa surpresa, poucos sabiam da sua
existência. Entretanto, alguns declararam ter ouvido dizer que o movimento seria
comandado pela Igreja Católica e por ONGs, tendo, inclusive, promovido uma
romaria contra o CLA, em que pese a Igreja em Alcântara ficar neutra.
Fig. 35 – Casa de Cultura Aeroespacial – frente e interior –, atração turística mantida pelo Centro
de Lançamento de Alcântara na sede do município.
153
Bastante desenvolta, informou ter nascido em São Luís e sido
criada na cidade de Alcântara, apesar de breve passagem pelo povoado de Tacaua.
Não se identificou como “quilombola”, mas como militante dessa causa. Disse estar
concluindo o curso de meio-ambiente no Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia (IFET) de Alcântara, que reúne três cursos técnicos: meio-ambiente,
eletrônica e hospedagem; diga-se de passagem, absolutamente alheios às
características e necessidades do município, essencialmente agrário, tendo milho,
mandioca e feijão como as principais culturas.
154
Fundado em 1999, a partir do seminário “Alcântara: a Base Espacial
e os Impasses Sociais”, realizado em maio daquele ano, o MABE
veio a fortalecer uma luta que existe desde 1980 capitaneada pelo
STTR de Alcântara e que tem raízes na resistência histórica à
escravidão pelos indígenas e quilombolas alcantarenses.
(...)
O seminário “Alcântara: a Base Espacial e os Impasses Sociais” foi
organizado pelo STTR de Alcântara com apoio da CONTAG, da
FETAEMA, do então prefeito municipal José Wilson Bezerra de
Farias e do advogado Domingos Dutra. Este evento reuniu
quilombolas de toda Alcântara e também estudiosos, políticos e
advogados, além de militantes do movimento negro (CCN, PVN-
SDDH) e associações voluntárias da sociedade civil para discutir os
problemas econômicos, sociais, ambientais e culturais causados pela
implantação da Base, e para definir estratégias de defesa dos direitos
territoriais e étnicos das comunidades quilombolas. O MABE foi fruto
deste processo de mobilização.113
114
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Direitos Humanos no Brasil 2009. São Paulo, 2009, p. 5.
Disponível em: <www.social.org.br/dh%20no%20brasil%202009.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2010.
156
Da cartilha “Agroenergy: Myths and Impacts in Latin America”,
editada pela Rede Social surgem a EED – Evangelischer Entwicklungsdienst
(Serviço das Igrejas Evangélicas na Alemanha para o Desenvolvimento – ONG com
sede em Bonn) e a Grassroots International (ONG com sede em Boston, EUA).115
Organizando essa publicação junto com a Rede Social, paradoxalmente, está a
Comissão Pastoral da Terra (CPT), da esquerda católica, aliada a uma esquerda
protestante (principalmente a alguns segmentos luteranos e anglicanos) baseada em
alguns países europeus.
115
Rede Social de Justiça e Direitos Humanos; Comissão Pastoral da Terra. Agroenergy: Myths and Impacts in
Latin America. São Paulo; Recife, 2007, p. 4. Disponível em: <www.social.org.br>. Acesso em: 12 jun. 2010; a
partir da opção “Cartilhas”.
157
sequência natural, a Fundação Cultural Palmares, a Secretaria Especial de Políticas
para Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e o INCRA, igualmente
comprometidos com a “causa”, só fazem endossar, e o Presidente da República,
com a carreira política intimamente vinculada aos movimentos sociais, comparece,
homologando e fechando o ciclo.
116
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. Os quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2006. v. I, pp. 7-8.
159
Base Espacial de Alcântara, haja vista que não encontramos na sua sede qualquer
representante que fosse morador das agrovilas.
119
Disponível em: IG. <http://apuracao.ig.com.br/primeiro-turno/MA/07030/index.html>. Acesso em: 14 jun. 2010.
161
Durante a entrevista com a militante do MABE, esta informou
que o movimento não tem uma estrutura formal nem personalidade jurídica, fazendo
apenas as articulações entre diversas entidades e as “comunidades quilombolas” e
que o Borjão era o articulador político, havendo seis coordenadores que faziam parte
das comunidades, sendo Leonardo, do povoado de Brito, o coordenador-geral.
162
indústria aeroespacial alemã Aero Systems Wedel GMBH (<www.aerosystems-
wedel.eu>. Acesso em: 12 jun. 2010.).
163
4.3. Pelos caminhos rurais de Alcântara
Fig. 37 – À esq.: casa no povoado de Mamuna, no padrão tipicamente adotado na região antes da
implantação das agrovilas. À dir.: casa-padrão das agrovilas implantadas pela Aeronáutica.
Flagrante diferença entre as condições primitivas e as que foram oferecidas nas agrovilas.
164
Fig. 38 – À dir.: casas da agrovila de Pepital. À esq.: casa sendo construída na agrovila de Pepital;
o que indica a atração de novos moradores ou a fixação de novas famílias que vão se
constituindo e desmente a acusação de o Brasil estar promovendo “limpeza étnica” em Alcântara,
feita, nacional e internacionalmente, por alguns acadêmicos e ativistas sociais.
Fig. 39 – Posto de saúde (esq.) e escola (dir.) na agrovila de Pepital. Perceba-se a qualidade das
construções feitas pela Aeronáutica, se comparadas com as casas de taipa que os rurícolas até
então habitavam. A escola está fechada porque a população optou por frequentar as escolas da
sede do município, mas suas instalações bem poderiam ser utilizadas para uma escola agrícola.
165
Alguns prédios, inclusive moradias, estão a pedir manutenção,
até por descuido ou abandono. Percebe-se a existência de dois grupos de
moradores: uns, desprovidos de vontade e iniciativa, que ali foram reassentados e
vão simplesmente deixando a vida passar, nem mesmo se preocupando em
melhorar as condições de suas moradias, em mau estado de conservação; outros,
bastante operosos, motivados pelas novas possibilidades da agrovila, melhorando
sensivelmente o seu padrão de vida, a começar de suas casas, ajardinadas,
cuidadas com esmero e, até mesmo, ampliadas (Fig. 40).
Fig. 40 – À esq.: casa de agrovila ampliada pela construção da varanda. À dir.: casa de agrovila na
entrada de Marudá ampliada e adaptada para comércio local, o barzinho onde a comitiva da
Câmara dos Deputados conversou com diversos moradores.
166
Fig. 41 – Igrejas vão surgindo nas agrovilas, sinal que há fiéis; outra forma de comprovar ser
caluniosa a acusação de ONGs, acadêmicos e ativistas sociais de que o Brasil pratica “limpeza
étnica” em Alcântara.
167
Essa busca pela cidade, particularmente entre os mais jovens,
também é motivada pela falta de trabalho, queixa recorrente em toda a área rural de
Alcântara. Se não há trabalho, não há dinheiro; o que leva muitos a dizer que, por
isso, ali não é um lugar muito bom para se viver. Esse quadro é atenuado para
aqueles que recebem dinheiro de familiares que trabalham em Alcântara ou em São
Luís e para os aposentados. Tanto é assim, que, em duas casas das visitadas,
encontramos anciãos morando sozinhos e vivendo da aposentadoria, enquanto
todos os seus filhos haviam se mudado para Alcântara ou para São Luís.
168
Fig. 42 – À esq.: D. Heloísa na sua casa de taipa que ergueu em Marudá, típica dos rurícolas da
região; o que permite concluir que, apesar do êxodo rural, as agrovilas são polos de atração, pois
ela e sua família se mudaram do povoado de Manival, à beira-mar, para a agrovila. Á dir.: jovens
das agrovilas indo para a escola em Alcântara; algo impossível antes do reassentamento em
virtude da distância e das condições precárias das estradas dos povoados de origem.
169
“descanso” da área anteriormente ocupada. De tão primitiva a agricultura praticada,
que nem a tração animal é adotada no preparo do solo e os legumes e verduras
consumidos no município, que se diz agrícola, são produzidos fora dali.
Fig. 43 – Rua da agrovila de Pepital. A exuberância da vegetação plantada pelos moradores nas
suas casas construídas pela Aeronáutica contrasta com a vegetação esquálida encontrada na
maior parte da área percorrida.
170
por essas organizações e entidades ninguém apresenta proposta para incrementar a
agricultura e a pesca, a verdadeira vocação do município.
171
Conversando com um morador que se identificou como irmão
da presidente da associação local, D. Vitória, este acrescentou que muitos jovens
adquiriram uma profissão prestando serviço militar no CLA, como o sobrinho dele,
que aprendeu a dirigir e hoje é motorista em São Luís; o que revela, mais uma vez, o
fenômeno da busca de oportunidades nos polos urbanos pelos jovens rurícolas com
a empregabilidade aumentada a partir de sua melhor qualificação.
172
Em rápida passagem na agrovila de Peru, a comitiva visitou a
casa de D. Glória, a presidente da associação local, que se disse muito satisfeita
com as condições de vida ali encontradas; o que se pode constatar a partir das
condições de sua casa, muito bem cuidada e ampliada. A rigor, das agrovilas
visitadas, Peru é a mais progressista e desenvolvida.
Fig. 44 – À esq.: conjunto de casas do povoado de Mamuna. À dir.: o então Deputado Rodrigo
Rollemberg e o Dr. Paulo Motta, coordenador do Conselho de Altos Estudos da Câmara dos
Deputados (CAEAT), conversando com D. Maria de Jesus, moradora de Mamuna.
173
45). Some-se a isso, a chegada da energia elétrica, que parece ter sido feita ali com
mais pressa do que em outros povoados de Alcântara. Causou-nos espécie o
momento dessas mudanças, justamente quando se aventava o reassentamento dos
moradores desse povoado.
Fig. 45 – À esq.: casa típica do povoado de Mamuna. À dir.: casas do povoado de Mamuna sendo
construídas ou reformadas em alvenaria. É perceptível como seguem o padrão adotado nas
agrovilas construídas pela Aeronáutica. Nota-se, também, a eletricidade trazida pelo Programa
Luz para Todos.
174
Os povoados litorâneos de Alcântara têm o mar como fonte de
alimento e são mais férteis, pois ali os rios são mais largos e irrigam melhor o solo,
facilitando a agricultura e o surgimento de espécies vegetais que permitem a
atividade extrativista: babaçu, buriti, juçara, entre outros.
175
Fig. 46 – Distribuição dos povoados rurais de Alcântara no suposto “território quilombola”,
podendo ser observado que a maioria deles está distante do litoral; o que permite concluir que a
importância de estar próximo ao mar é relativa, na medida em que diz respeito a alguns povoados
apenas, e não a maioria deles. Os pontos circulados indicam as agrovilas construídas pela
Aeronáutica em locais que foram escolhidos pelos próprios reassentados.
Fonte: SANCHES, Mariana. Incra atrasa o já emperrado projeto espacial brasileiro por causa de quilombolas. Revista
Época, São Paulo, 16 fev. 2009, ed. 561.
Obs.: Houve inserções sobre o mapa original, melhor explicando-o.
Fig. 47 – Menina da agrovila de Pepital e morador da agrovila de Peru. A tez e o cabelo de ambos
apontam para forte ascendência indígena, e não negra.
120
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. Os quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2006. v. I, pp. 36-37.
177
Fig. 48 – À esq.: consultor da Câmara dos Deputados conversando com um pescador da agrovila
de Peru. A depender da cor da pele, o consultor está mais próximo de ser um “quilombola” do
que o morador local. À dir.: consultora da Câmara dos Deputados conversando como moradores
do povoado de Mamuna. D. Maria de Jesus, quebradora de coco de babaçu, está sentada. Parcela
ponderável dos moradores é mestiça e, não de cor negra.
Fig. 49 – À esq.: o então Deputado Rodrigo Rollemberg com morador de Pepital. A depender da
cor da pele, o parlamentar seria tão “quilombola” quanto o habitante local. À dir.: o repórter
Fabrício Rocha, da TV Câmara, com outro morador, cuja tez também não revela tanta
ancestralidade negra.
178
Fig. 50 – À esq.: o então Deputado Rodrigo Rollemberg com crianças da agrovila de Pepital. À dir.:
a flagrante mestiçagem das crianças e sua patente higidez. Que tal chamar os acadêmicos e
ativistas sociais que acusam o Brasil de promover “limpeza étnica” nas agrovilas?
121
Transcrição do Edital do INCRA publicando o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) que
reconheceu as comunidades quilombolas situadas no município de Alcântara (MA). Diário Oficial da União nº
214, Seção 3, 4 nov. 2008, p. 110.
179
Nisso tudo, ficou evidente a existência de uma rede de ativistas,
incluindo agentes governamentais, concitando os moradores a se declarem
“quilombolas” em troca de algumas vantagens, como a obtenção da terra, e
chantageando com a ameaça de expulsão aqueles que assim não se declarassem.
Mas sonegam a esses mesmos moradores que a propriedade será imposta
coletivamente, em nome de uma associação que será, tudo indica, gestada e gerida
por indivíduos identificados com esses ativistas.
180
Nas agrovilas em que houve o reassentamento das 312
famílias deslocadas dos seus antigos povoados quando da instalação do CLA,
embora as pessoas estejam mais satisfeitas do que onde moravam originalmente, há
queixas quanto à:
distância delas para o mar e para a foz dos igarapés que nele deságuam, treze a
vinte quilômetros, conforme a posição da agrovila, onde facilmente obtinham o
peixe e outros frutos do mar, sem precisar se deslocar por longos trajetos;
qualidade inferior das terras onde foram instaladas as agrovilas para o plantio dos
roçados e para serem encontradas plantas nativas que permitem atividades
extrativista, considerando que as terras mais próximas do mar são melhor
irrigadas pelos igarapés, portanto mais férteis e abundantes de caça e plantas
nativas que fazem parte de sua alimentação e de sua produção econômica:
babaçu, buriti, guajuru etc.;
181
Vimos de perto que as razões para as queixas são verdadeiras,
mas totalmente apartadas das teses dos cientistas sociais. O problema é social,
ligado à sobrevivência do indivíduo e não de qualquer grupo étnico, como pretendem
os antropólogos, que, junto com outros, capitalizam, distorcem e repercutem essas
queixas, nacional e internacionalmente, em atitude de evidente má-fé.
os que trabalham no CLA têm a garantia do salário; o que não acontece com os
moradores de Alcântara;
as casas do CLA são “mansões” que contrastam com as moradias dos habitantes
de Alcântara; e
a baixa qualificação dos habitantes de Alcântara faz com que, via de regra, só
consigam ocupar funções subalternas, com o chavão “para o povo de Alcântara
só restou a limpeza dos banheiros da base” sendo constantemente invocado;
183
Sem absolver a parcela de responsabilidade que cabe às
autoridades federais e municipais nas questões relativas a Alcântara, ficou a
impressão que o Governo do Maranhão finge que não vê o que ali ocorre, omitindo-
se na espera de que o Governo federal, pressionado pelas circunstâncias, tome para
si os encargos que seriam da esfera estadual.
184
Talvez seja melhor deixar Alcântara para os “quilombolas” e
suas ONGs “protetoras”. O polo científico-tecnológico, industrial e até turístico que se
vislumbra para o futuro, possivelmente, fique melhor em outro lugar.
185
Essa organização, com escritório instalado no Brasil desde
1962, investiu fortemente na oposição ao regime militar – o que explica a adesão
incondicional de parte da esquerda brasileira às suas teses –, e nos cursos de
graduação e pós-graduação em ciências sociais e antropologia das principais
universidades brasileiras. Mais recentemente, está voltada também para os cursos
jurídicos. Por essa vertente, formatou uma elite política e intelectual para agir em
conformidade com as diretrizes emanadas do seu escritório de Nova York.
122
CAMPOS, Maria Malta. “Da Formação de Professores de Ciências à Reforma da Educação”, in Nigel Brooke e
Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São
Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002, p. 111.
123
SOUZA, Cecília de Mello e. “Dos Estudos Populacionais à Saúde Reprodutiva”, in Nigel Brooke e Mary
Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo /
Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002, p. 133.
186
--------------------------------------------------------------------------------------------
Acima de tudo, estamos mais do que conscientes de que nosso
público se compõe tanto de ativistas das organizações não-
governamentais (ONGs) quanto de professores universitários.
A mudança de estratégia torna-se evidente (...) graças à contratação
de especialistas para fornecer assistência técnica permanente às
instituições de ensino superior na criação de novos programas de
pós-graduação e pesquisa em ciências sociais.
A década de 1970 mostra também um aumento significativo do
volume de recursos doados às ONGs. 124
--------------------------------------------------------------------------------------------
...a volta da democracia (...) Nesse período, ganhou impulso a
prática da Fundação de “apostar no setor de ONGs” como fonte
de análise e de atuação. (...) ...o Escritório do Brasil defendeu, em
1986, um maior apoio às “organizações não-governamentais
envolvidas em questões específicas de governo, (...).125
--------------------------------------------------------------------------------------------
Depois de promover a formação de uma geração de cientistas
sociais, a Fundação inseriu-se (discretamente) no tecido da vida
intelectual brasileira. Ao apoiar intelectuais, líderes de ONGs,
inovadores em gestão pública e progressistas do setor privado –
em cuja orientação a Fundação confiou para navegar nesses anos
todos na complexa cultura brasileira – pode também ganhar uma
pequena mas permanente menção quando a história da sociedade
civil brasileira for escrita.126
124
BROOKE, Nigel. “O Escritório da Fundação Ford no Brasil, 1962-2002: Um Apanhado Histórico”, in Nigel
Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança
Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002, p. 15 e 23.
125
STATION, Elizabeth; WELNA, Christopher J. ”Da Administração Pública à Participação Democrática”, in Nigel
Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança
Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 189.
126
Ibid., p. 195-196.
187
perceptível sua prioridade para temas específicos que, hoje, se refletem nas
atividades espaciais em Alcântara (g.n.):
--------------------------------------------------------------------------------------------
(...) A partir do início dos anos de 1990, escolheu privilegiar
particularmente os direitos da mulher, do negro e dos grupos
127
BROOKE, Nigel. “O Escritório da Fundação Ford no Brasil, 1962-2002: Um Apanhado Histórico”, in Nigel
Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança
Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002, p. 25-26.
128
Ibid. p. 31-32.
129
STATION, Elizabeth; WELNA, Christopher J. ”Da Administração Pública à Participação Democrática”, in Nigel
Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança
Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 175-176.
188
indígenas, sem, porém, desviar-se do objetivo mais amplo, que era
“estender a todos os brasileiros o acesso à justiça e à cidadania
democrática” (Telles, 2000).130
--------------------------------------------------------------------------------------------
Fortalecer as ONGs que representam os grupos sociais mais
vulneráveis – mulheres, negros, índios e pobres – foi uma das
respostas. (...) Em especial, destaque-se o apoio concedido aos
centros de estudos afro-brasileiros, aos cursos de pós-
graduação em cultura, história e outras contribuições dos
negros para a sociedade.131
--------------------------------------------------------------------------------------------
A avaliação insistia na ausência de dados e de análises que
permitissem um conhecimento, o mais preciso e objetivo possível,
dos cenários sociais de discriminação de raça e de gênero. Era
vital, portanto, investir na criação de competências profissionais
nesse campo dos direitos humanos de sorte a assegurar, em futuro
próximo, a formação de pessoal, disponível para as ONGs, capaz
de ler, interpretar e discutir políticas públicas e, em decorrência,
capaz de intervir nos processos decisórios (...) A problemática
das desigualdades de raça e de gênero foi então uma área de
vanguarda, que, no curso dessa década, deveria receber avaliações
críticas, diagnósticos e investimentos que contemplassem os direitos
humanos.132
130
ADORNO Sérgio; CÁRDIA, Nancy. “Das Análises Sociais aos Direitos Humanos”, in Nigel Brooke e Mary
Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo /
Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 235.
131
Ibid., p. 213.
132
Ibid. p. 213-214.
133
PEREIRA, Amilcar Araujo. "O Mundo Negro": a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil
(1970-1995). Tese apresentada ao Curso de Doutorado em História do Departamento de História do Instituto de
Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, em 2010, como
requisito parcial para obtenção do grau de Doutor. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp130574.pdf>. Acesso em 20 jul. 2012. p. 152-157.
189
como braço do governo norte-americano, voltando-se para a vertente racialista ou
intensificando sua atuação nesse campo a partir do momento em que o governo
Geisel suspendeu, em dezembro de 1977, a atuação da Inter-American Foundation
(IAF – Fundação Inter-Americana)134 no País, órgão do governo dos Estados Unidos
que promovia políticas racialistas no Brasil, financiando organizações do movimento
negro, embora, desde antes, a Fundação Ford, até então, sem financiar projetos
nesse sentido, intermediasse as ligações entre a IAF e as lideranças desse
movimento.
135
ADORNO Sérgio; CÁRDIA, Nancy. “Das Análises Sociais aos Direitos Humanos”, in Nigel Brooke e Mary
Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo /
Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 223.
136
FIABANI, Adelmir. Os quilombos contemporâneos maranhenses e a luta pela terra. Disponível em:
<www.estudioshistoricos.org/edicion_2/adelmir_fabiani.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2012. p. 4, 11 e 15.
191
4.5. O art. 68 do ADCT – terras dos remanescentes dos quilombos
192
(g.n.):
137
OLIVEIRA, Frederico Menino Bindi de. Mobilizando oportunidades: estado, ação coletiva e o recente
movimento social quilombola. Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Ciência Política no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de S. Paulo, São Paulo, em 2009. Disponível em:
<www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-10122009-113130/pt-br.php>. Acesso em: 20 jul. 2012. p. 62-63.
193
fundamentou da experiência das comunidades negras rurais do Pará
e no Maranhão na luta pela terra. Representantes do Centro de
Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA) e do Centro de
Estudos e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA)
participaram de discussões em âmbito nacional e apresentaram
propostas, sendo que a entidade maranhense pretendia uma
formulação que mencionasse a expressão “comunidades negras
rurais”, termo que indica uma abordagem agrarista da questão, ao
invés de comunidades remanescentes de quilombos (SILVA, 1997a,
p. 13/14).
138
CAMERINIDIS, João Carlos Bemerguy. DISCURSOS JURÍDICOS ACERCA DOS DIREITOS TERRITORIAIS
QUILOMBOLAS: desmascarando os colonialismos da épistémè jurídica. Dissertação apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em Direito Ambiental na Escola Superior de Ciências Sociais da
Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, em 2011. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/92171349/JCB-Camerini-Direitos-territoriais-quilombolas>. Acesso em: 20 jul. 2012. p.
51.
194
que publicou a Sugestão nº 2.886 (Fig. 51), que deu origem, entre outros
dispositivos, ao art. 68 do ADCT139, são destacados os nomes de Maria Luiza
Junior, Coordenadora-Geral da Convenção “O Negro e a Constituinte”, e de Carlos
Alves Moura, do Centro de Estudos Afro-Brasileiros, que subscreveram a Sugestão
em nome de inúmeras ONGs negras.
Fig. 51 – A montagem, feita a partir de recortes das páginas 529 e 531 do Diário da Assembleia
Nacional Constituinte (Suplemento), de 9 de maio de 1987, traz extratos da Sugestão nº 2.886, que
deu origem aos dispositivos constitucionais que alcançam os quilombos. Destaques para os
nomes de Maria Luiza Junior e Carlos Alves Moura.
139
ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE. Diário da Assembleia Nacional Constituinte (Suplemento) de 9 de
maio de 1987, p. 529 a 532.
195
A partir daí, houve propostas, com certas variações
apresentadas por alguns Constituintes identificados com o movimento negro, e
sucessivas redações do dispositivo que pretendia titular as terras “quilombolas”, até
chegar a forma como o art. 68 do ADCT foi apresentado quando da promulgação da
Carta de 88.
140
Disponível em: SENADO FEDERAL. <www2.senado.gov.br/bdsf/item/id/103421>. Acesso em: 06 jun. 2010.
141
ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE. Jornal da Constituinte, edições nº 4, 22 jun. 1987; nº 28, 7 dez.
1987; nº 47, 16 mai. 1988; nº 53, 27 jun. 1988; nº 62, 12 set. 1988; e nº 63, 5 out. 1988.
196
Solicitado o auxílio do Centro de Documentação e Informação
(CEDI) da Biblioteca da Câmara dos Deputados e efetuadas pesquisas nos Anais e
Diários da Assembleia Nacional Constituinte e nas Bases Históricas do Congresso
Nacional (Senado Federal), do CEDI foi obtida a seguinte informação:
144
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. Os quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2006. v. I, p. 47-48.
198
como as proponentes originárias da titulação das terras das comunidades
remanescentes de quilombos, do que resultou o art. 68 do ADCT, o Centro de
Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA) e o Centro de Estudos e Defesa do
Negro do Pará (CEDENPA), é inegável o forte vínculo delas com a Fundação Ford
como se vê em uma publicação da primeira (Fig. 52) e diretamente no endereço
eletrônico da segunda (Fig. 53):
(...)
Fig. 52 – A montagem feita a partir de publicação do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-
MA), indicando a relação direta dessa ONG com a Fundação Ford e com outras entidades.
estrangeiras
Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/99130676/balaiada>. Acesso em: 20 jul. 2012
199
(...)
200
(extrato da pág. 3)
(extrato da pág. 4)
(extrato da pág.119)
201
Fig. 56 – Extrato (montagem) da comunicação à OIT pelo Centre On Housing Rights and
Evictions (COHRE) contra atividades espaciais em Alcântara.
Fonte: COHRE. <www.cohre.org/store/attachments/Comunicacion_OIT_Alcantara.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2003.
202
Não temos dúvida que foram utilizados como massa de
manobra para respaldar os interesses do COHRE que, nesse caso específico, estão
resumidos no pedido que fecha a petição (Fig. 57).
Fig. 57 – Extrato (montagem) da comunicação à OIT pelo Centre On Housing Rights and
Evictions (COHRE) contra atividades espaciais em Alcântara.
Fonte: COHRE. <www.cohre.org/store/attachments/Comunicacion_OIT_Alcantara.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2003.
203
Em resumo, tudo o que o COHRE comunica, para depois
peticionar, exigindo providências, com a máxima urgência, a serem cobradas do
Estado brasileiro, parece estar tendo sucesso, por outras vias, em função de ações
conduzidas no plano interno, e está representando mais atrasos ao PNAE e, talvez,
até decretando o seu fim.
205
Fig. 59 – ONGs brasileiras ligadas ao movimento negro consideradas parceiras do COHRE,
destacando-se, mais uma vez, a Fundação Ford, que as apoia financeiramente junto com a
ONG SELAVIP, fundada por um padre belga e que tem sede na Bélgica e base operacional no
Chile.
Fonte: COHRE. <www.cohre.org/quilombos>. Acesso em: 02 jun. 2003.
145
Disponível em: CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.
<www.planalto.gov.br/casacivil/gei_alcantara/static/index.htm>. Acesso em: 06 jun. 2010.
206
que envolve a Restinga da Marambaia, onde há instalações da Marinha, e o
município de São Mateus, no Espírito Santo.
207
4.7. Outras ONGs e ativistas contra o Complexo Espacial de Alcântara
INFORME Nº 82/06
PETICIÓN 555-01
ADMISIBILIDAD
COMUNIDADES DE ALCÂNTARA
BRASIL
21 de octubre de 2006
I. RESUMEN
1. El 17 de agosto de 2001, el Centro de Justicia Global, los
representantes de las Comunidades Samucangaua, Iririzal, Ladeira,
Só Assim, Santa Maria, Canelatiua, Itapera y Mamuninha – todas
integrantes del mismo territorio étnico de Alcântara, Maranhão; la
Sociedad Maranhense de Derechos Humanos (SMDH); el Centro
de Cultura Negra de Maranhão (CCN); la Asociación de
Comunidades Negras Rurales Quilombolas de Maranhão
(ACONERUQ), la Federación de Trabajadores de la Agricultura del
Estado do Maranhão (FETAEMA), y Global Exchange presentaron a
la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (en adelante,
denominada "CIDH" o "la Comisión") una petición contra la República
Federativa del Brasil (en adelante, denominada “Brasil”, "el gobierno
brasileño" o "el Estado"). En esta petición se denuncia la
desestructuración sociocultural y la violación del derecho de
propiedad, tanto como del derecho a la tierra ocupada por las
comunidades tradicionales de Alcântara. Tal situación fue creada por
la instalación del Centro de Lanzamiento de Alcântara, y por el
consiguiente proceso de expropiación que viene ejecutando el
gobierno brasileño en esa región, así como por la omisión en que
incurre éste, al no otorgar los títulos de propiedad definitiva a las
mencionadas comunidades. Según los peticionarios, los hechos
caracterizan violaciones de los Derechos Humanos garantizados por
208
la Convención Americana sobre Derechos Humanos (en adelante,
denominada "la Convención" o "la Convención Americana"), en sus
artículos 1.1, 8, 16, 17, 21, 22, 24, 25 y 26, así como por la
Declaración Americana de los Derechos y Deberes del Hombre (en
adelante denominada "la Declaración"), en sus artículos VI, VIII, XII,
XIII, XIV, XVIII, XXII y XXIII.146
Fonte: OAS (OEA) - Organization of American States (Organização dos Estados Americanos). COMISSÃO
146
Fig. 61 – Resultado de pesquisa na Internet, em 04 jun. 2010, com as expressões que estão indicadas
nas janelas, com 2.480 ocorrências para uma combinação e 66 ocorrências para outra; o que, de
certo modo, indica a densa atuação conjunta das duas entidades que têm base nos Estados Unidos.
148
ADORNO Sérgio; CÁRDIA, Nancy. “Das Análises Sociais aos Direitos Humanos”, in Nigel Brooke e Mary
Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo /
Rio de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002. p. 236.
149
Fonte: GLOBAL EXCHANGE. <www.globalexchange.org>. Acesso em: 04 jun. 2010.
210
(...) Nesta segunda-feira (27) haverá uma audiência na sede da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA, em
Washington DC, nos EUA, sobre as violações de direitos humanos
cometidas pelo Estado brasileiro em relação às comunidades
quilombolas do território étnico de Alcântara, Maranhão. (...)
Leonardo dos Anjos, da comunidade de Brito, e Militina Serejo, da
comunidade de Mamuna, irão a Washington contar pessoalmente
sua luta para que o Estado efetive o direito dos quilombolas ao seu
território, conforme garantido pela Constituição Federal de 1988,
Convenção Americana de Direitos Humanos e Convenção n. 169 da
OIT. (...)
Participarão também da audiência, Luciana Garcia, advogada da
Justiça Global, organização que, juntamente com movimentos
sociais e outras organizações da sociedade civil, como o Movimento
dos Atingidos pela Base Espacial, a Sociedade Maranhense de
Direitos Humanos, e Centro de Cultura Negra do Maranhão;
apresentou a denúncia junto a CIDH; e a antropóloga e professora
doutora da Universidade Federal do Maranhão, Maristela Andrade,
que acompanha e estuda há anos as comunidades quilombolas de
Alcântara. 150
Sobre o Sr. Leonardo dos Anjos (Fig. 62, esq.), sua foto revela
ser uma pessoa de cútis e olhos muito claros, traços finos no rosto e cabelo lisos;
suficientes para afastar a ascendência africana que, se houver é muito remota. Não
bastasse, apresentado como coordenador do Movimento dos Atingidos pela Base
Espacial (MABE), o povoado de Brito, local da sua residência, não se inclui entre
aqueles que foram atingidos pela implantação do CLA.
150
ABONG. Brasil terá que se explicar ante a OEA violações contra comunidades quilombolas e acordo com a
Ucrânia. Disponível em: <www.abong.org.br/final/noticia.php?faq=19302>. Acesso em 06 jun. 2010.
211
Em relação à Militina Garcia Serejo (Fig. 62, dir.), do povoado
de Mamuna, cuja população também ainda não foi reassentada, sua cútis morena
indica ascendência africana, mas não o suficiente para caracterizá-la como
“quilombola”, salvo pelos critérios extremamente elásticos que passaram a ser
adotados pelos antropólogos. É professora de História da escola de Mamuna e tudo
indica que a sua passagem pela universidade, em São Luís, resultou na sua
politização pelo grupo que propugna por “quilombos” em Alcântara.
Fig. 62 – Leonardo dos Anjos e Militina Serejo durante oitiva na CIDH/OEA, no dia 27 out. 2010. A
cútis e os traços do rosto dele não indicam ascendência africana, salvo se muito remota. A foto
original, colorida e em tamanho maior, revela, ainda, olhos azulados. Militina, em que pese a
cútis morena, não tem características físicas que a digam ser exatamente uma “quilombola”.
Disponíveis em:
OAS (Organization of American States). <www.oas.org/Photos/2008/10Oct/62/pages/_0000981.htm>; e
OAS (Organization of American States). <www.oas.org/Photos/2008/10Oct/62/pages/_0001008.htm>. Ambos os
acessos em: 08 jun. 2010.
212
O seu currículo Lattes151 informa suas conexões com ONGs e
entidades religiosas, as mais várias, em São Paulo e no Maranhão, tendo mantido
vínculo empregatício com o escritório da Caritas Brasileira em São Luís,
ressaltando-se que a Caritas Internacional (<www.caritas.org>. Acesso: em 6 jun.
2010.) tem sede no Vaticano e é uma das vertentes da esquerda católica; com a
Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE. <www.cese.org.br>. Acesso: em 6
jun. 2010. ), que recebe apoio financeiro de aproximadamente vinte organizações do
Canadá, Holanda, Alemanha, Estados Unidos, Finlândia, Noruega, Suíça, Suécia, a
maioria delas entidades religiosas católicas e protestantes identificadas com a ala
progressista; com a Comissão Pastoral da Terra; e com o Serviço de Orientação
da Família, atual Sempreviva Organização Feminista (SOF. <www.sof.org.br>.
Acesso: em 6 jun. 2010.), que recebe apoio financeiro de entidades internacionais e
que, em nome dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, defende o aborto.
Fig. 64 – Vínculos profissionais da professora Maristela de Paula Andrade com a Fundação Ford.
Disponível em: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ).
<http://lattes.cnpq.br/8924456262459198>. Acesso em: 06 jun. 2010; montagem a partir do currículo Lattes.
214
Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), demarcando quase todo o município
de Alcântara como “território quilombola”, e que tem servido para respaldar todas as
decisões administrativas e judiciais subsequentes.
Fig. 65 – Vínculos da professora Maristela de Paula Andrade com Alfredo Wagner Berno de
Almeida, o antropólogo que demarcou quase todo o município de Alcântara como “território
quilombola”.
Disponível em: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
<http://lattes.cnpq.br/8924456262459198>. Acesso em: 06 jun. 2010; montagem a partir do currículo Lattes.
215
Aproveitando o fio de meada estabelecido e indo ao currículo
Lattes do antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, verifica-se que é outro
acadêmico muito próximo da Fundação Ford, inicialmente, por vínculo empregatício
(Fig. 66).
Fig. 66 – Vínculos profissionais do antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, que demarcou
quase todo o município de Alcântara como território quilombola, com a Fundação Ford.
Disponível em: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ).
<http://lattes.cnpq.br/1596401343987246>. Acesso em: 08 jun. 2010; montagem a partir do currículo Lattes.
216
Fig. 67 – Projetos de pesquisa do antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida sob o apoio
financeiro da Fundação Ford.
Disponível em: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ).
<http://lattes.cnpq.br/1596401343987246>. Acesso em: 08 jun. 2010; montagem a partir do currículo Lattes.
Fig. 68 – Projetos de pesquisa do antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida sob o apoio
financeiro da Fundação Ford.
Disponível em: CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
<http://lattes.cnpq.br/1596401343987246>. Acesso em: 08 jun. 2010; montagem a partir do currículo Lattes.
217
No rastro desse antropólogo, a publicação de sua obra “Os
quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara”, pelo Ministério do
Meio Ambiente, mas sob a coordenação editorial da GTZ, do Projeto Tal Ambiental e
do Projeto AMA (Fig. 69), revela a ação internacional não só no âmbito do MMA, mas
também no laudo antropológico que embasou a ação contra o CEA.
Fig. 69 – Coordenação editorial da obra que publicou o laudo antropológico que amparou a ação
contra a expansão do Complexo Espacial de Alcântara.
Fonte: ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno. Os quilombolas e a base de lançamento de foguetes de Alcântara. Brasília:
Ministério do Meio Ambiente, 2006. v. I, p. 4
152
HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. Tradução de: Maria Viviana V. Resende. 2. ed.,
revista. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. p. 7.
153
Fonte: MMA (Ministério Do Meio Ambiente). <www.mma.gov.br/apoio-a-projetos/tal-ambiental-assistencia-
para-agenda-sustentavel>. Acesso em: 24 jun. 2012.
218
entidades alemãs, na GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
– Agência Alemã de Cooperação Internacional), vinculada ao governo alemão.154
156
NEWTON, Greg (da Agência Reuters). Funai sofre ingerência de investidor alemão. Jornal de Brasília,
Brasília, 07 mar. 2004. Matéria transcrita no Diário do Senado Federal, em 11 mar. 2004, pp. 06584-06585.
220
Humanos. Ora, a Associação Tijupá foi criada, em 1990, por desmembramento
dessa ONG.157
157
LUZZI, Nilsa. O debate agroecológico no Brasil: uma construção a partir de diferentes atores sociais. Tese
apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutora em Ciências Sociais em
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2007. p.
61 (nota de rodapé). Disponível em: <www.ufrrj.br/cpda/static/tese_nilsa_luzzi.pdf>. Acesso em: 06 jul. 2010).
158
Disponível em: SMDH (Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos).
<www.smdh.org.br/geral.php?id=Hist%F3rico>. Acesso em: 04 jul. 2009.
159
SILVA, José Domingos Cantanhede. Pobreza e Desenvolvimento: o PCPR nas Comunidades Quilombolas.
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Políticas
Públicas. São Luís, 2005. p. 10. Disponível em: <www.pgpp.ufma.br/producao_cientifica/download.php?id=6>.
Acesso em: 04 jul. 2010. Trecho tomado como referência: “Através do Projeto Babaçu, elaborado sob a liderança
de Marluze Pastor Santos, quando ainda era diretora da SMDH, tivemos as condições para colocar na pauta
de discussão dos movimentos sociais e de algumas agências governamentais as questões relativas à extração
da amêndoa do babaçu. Nesta ocasião agradeço pelas críticas e sugestões feitas ao meu projeto de dissertação
apresentado nos processos seletivos do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e da Ford
Foundation.” (g.n.).
160
ALMEIDA, Rogério. A voz da terra: duas décadas líder de audiência. 2006.
Disponível em: <www.piratininga.org.br/2006/85-voz-da-terra.html>. Acesso em: 04 jul. 2010.
161
Disponível em: CECAB (Centro de Estudos do Caribe no Brasil). <www.revistabrasileiradocaribe.org>. Acesso
em: 04 jul. 2009.
162
Disponível em: CONTR@PONTO. <www.uniblog.com.br/abracorsspa/107948/contra-ponto-edicoes-de-
n%C2%BA-41-e-45.html>. Acesso em: 04 jul. 2009.
221
Ora, a agrônoma Marluze, em cota do PT, era a
superintendente do IBAMA no Maranhão; de modo que todos os vínculos levantados
imediatamente antes até poderão explicar os óbices ambientais que impediram, sob
o viés ecológico, a ampliação do CEA e atrasaram a construção do sítio da ACS,
embora dentro da própria área do CLA.
163
IMIRANTE.COM. Ibama no Maranhão tem novo Superintendente. Disponível em:
<http://imirante.globo.com/noticias/pagina206602.shtml>. Acesso em: 06 jul. 2010.
164
PANORAMA ESPACIAL. ACS: IBAMA concede licença. Disponível em:
<http://panoramaespacial.blogspot.com/2010_04_01_archive.html>. Acesso em 06 jul. 2010.
165
SILVA, José Domingos Cantanhede. Pobreza e Desenvolvimento: o PCPR nas Comunidades Quilombolas.
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Políticas
Públicas. São Luís, 2005. p. 10. Disponível em: <www.pgpp.ufma.br/producao_cientifica/download.php?id=6>.
Acesso em: 04 jul. 2010. p. 13.
222
Além disso, a própria Sociedade Maranhense de Direitos
Humanos, que irmana todos os protagonistas citados imediatamente antes, é
financiada por entidades estrangeiras – Fundação Ford, Oxfam e Misereor –,
conforme comprova o seu endereço eletrônico (Fig. 70).
Disponível em: OAS (OEA) - Organization of American States (Organização dos Estados Americanos).
166
Fig. 71 – A causa “quilombola” de Alcântara tem outros atores interessados, como as freiras
norte-americanas, ao fundo, que acompanharam a audiência na CIDH. Foram pelo menos cinco
delas. Na foto da direita, no peito da religiosa, a cruz por elas utilizadas.
Disponíveis em:
OAS (Organization of American States). <www.oas.org/Photos/2008/10Oct/62/pages/_0000965.htm>; e
OAS (Organization of American States). <www.oas.org/en/media_center/videos.asp?sCodigo=08-
0347&videotype=>. Ambos os acessos em: 08 jun. 2010.
224
Católica e por ONGs contra as atividades espaciais em Alcântara, encontramos a
seguinte notícia (g.n.):
167
GUIBU, Fábio. Protestos contra base de Alcântara deve reunir 5.000 no Maranhão. Folha Online. 14 nov.
2002. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u42475.shtml>. Acesso em: 10 jun. 2010.
225
O MPF se faz mais parte do que as próprias partes que seriam
as maiores interessadas, pois tornam suas teses invocadas por antropólogos que
nem mesmo são esposadas pelos habitantes locais.
168
Procuradores agem como “braços das ONGs”, diz Aldo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 fev. 2010. Ciência,
p. A18.
226
sendo financiadas por empresas internacionais e representando
seus interesses. Então não vamos ser ingênuos", completou.
Ele também criticou o que chamou de "estratégia de guerrilha
judicial", referindo-se à elaboração de mais de um pedido sobre a
mesma coisa, só para possibilitar o adiamento do debate. "Esses
agrupamentos montam estratégias de guerrilhas judiciais e dividem
os pleitos (pedidos) para que não haja decisão definitiva", disse.
"É comum que ONGs façam cooptação do MP para as suas
teses. Nenhuma ONG está revestida do título de defensora maior do
planeta".169
169
SELIGMAN, Felipe. Mendes critica "instrumentalização" do Ministério Público por ONG. Folha OnLine, 21 abr.
2010. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u724138.shtml>. Acesso em: 09 jun. 2009.
170
Disponível em: CÂMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de Lei nº 2.292, de 2007.
<www.camara.gov.br/sileg/integras/694469.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2009.
227
E sobre a Fundação Ford, com já visto antes, há “pegadas” dela na questão dos
“quilombolas” de Alcântara e em outros “quilombos” do Brasil, assim como nas
questões relativas aos índios brasileiros.
171
Disponível em: CÂMARA DOS DEPUTADOS. <www.camara.gov.br/sileg/integras/694469.pdf>. Acesso em:
03 jun. 2009.
172
Ibid.
173
Ibid.
228
publicada em periódico de circulação nacional acusa o desvirtuamento de segmentos
daquele órgão quando do cumprimento de suas funções constitucionais (g.n.):
174
BARROS, Guilherme. Empresários repudiam ação contra Ibama. Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 jul. 2009.
Dinheiro, p. B2.
229
Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), órgão colegiado do Ministério
do Meio Ambiente (g.n.):
230
dentro e entre esses grupos, além da própria dinâmica da votação
das questões tratadas pelo Conselho.175
175
REZENDE, Enio Antunes. Biopirataria ou bioprospecção? Uma análise crítica da gestão do saber tradicional
no Brasil. Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Administração da Escola de Administração da
Universidade Federal da Bahia, em 2008, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em
Administração. Disponível em: <www.adm.ufba.br/pub/publicacao/4/DOUT/2007/734/tese_enio_2008.pdf>.
Acesso em: 26 jul. 2009.
176
Disponível em: MPF (Ministério Público Federal). Procuradoria da República no Maranhão.
<www.prma.mpf.gov.br/uploads/File/ACI%20Alcantara.pdf>. Acesso em: 05 jun. 2010.
177
Disponível em: UFPA (Universidade Federal do Pará). <www.ufpa.br/juridico/index.php?pag=programacao>.
Acesso em: 05 jun. 2010.
231
(...)
232
A programação desse evento fez com ele mais parecesse um
convescote de confraternização entre várias ONGs, ativistas sociais e instituições
públicas de ensino superior apoiadas pela mesma fundação norte-americana de
atuação transnacional.
178
Disponível em: CCN-MA (Centro de Cultura Negra do Maranhão).
<http://ccnmaranhao.blogspot.com/2009_10_01_archive.html>. Acesso em: 06 jun. 2010.
233
Fig. 74 – Montagem com elementos de página eletrônica do Centro da Cultura Negra do
Maranhão relativa à mesa-redonda “Políticas de desenvolvimento, movimentos sociais e
conflitos sócio-ambientais”, na VI Jornada Maranhense de Sociologia, de 6 a 9 de outubro de
2010, destacando-se o nome do procurador Alexandre Silva Soares.
Fonte: UFPA. CCN-MA (Centro de Cultura Negra do Maranhão).
<http://ccnmaranhao.blogspot.com/2009_10_01_archive.html>. Acesso em: 06 jun. 2010.
Não há fato novo que desminta tal versão. Como, então, em 2006,
surgiu, no Tambor, uma comunidade de remanescentes de
quilombos, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares (FCP)?
Bem, é uma consequência da crença de que a versão da história
que deve prevalecer é aquela que favorece as lutas dos
movimentos sociais. Então, se não há fatos novos, que os fatos
sejam criados. Se os conceitos são insuficientemente largos para
abranger os grupos sociais que se pretende enquadrar nas leis, que
sejam ampliados os conceitos. Esta lógica fica clara quando se
afirma que, para serem consideradas remanescentes de
quilombos, as comunidades que pretendem se beneficiar do art. 68
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias não precisam
ter sido constituídas por escravos fugidos.
(...)
No caso do PNJ [Parque Nacional do Jaú], o quilombo foi literalmente
uma “invenção” que veio de “fora”. Isto se descobre facilmente
quando conversamos com os moradores do Tambor. Eles são
unânimes em dizer que são “carambolas” (expressão usada por
todos os entrevistados e que demonstra a falta de familiaridade com
179
SALOMON, Marta. CNA diz que acordo de carnes é uma 'farsa'. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 06 ago.
2010. Economia, p. B8.
235
o conceito de quilombola) sim, mas são unânimes também em admitir
que nunca haviam pensado nisso antes da chegada de “Ana Felícia”
– trata-se da pesquisadora da FIOCRUZ Ana Felisa Guerrero, que,
desde 2003, passou a referir-se, em seus artigos e projetos de
pesquisa sobre saúde negra na Amazônia, aos moradores do
Tambor como remanescentes de quilombos (Creado, 2006). Ana
Felisa foi além. Articulou-se com o Ministério Público Federal
(MPF), com a FCP [Fundação Cultural Palmares], com ex-
moradores do Tambor, agora residentes em Novo Airão, e com
lideranças do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Novo Airão
(STRNA), para iniciar o processo de reconhecimento da comunidade
do Tambor como remanescente de quilombo (Creado, 2006).
Os moradores do Tambor entrevistados identificam as seguintes
pessoas como promotoras da ideia de quilombo: Ana Felisa
Guerrero, a “Ana Felícia” (pesquisadora da FIOCRUZ), Marcos Farias
de Almeida (antropólogo do MPF), Sebastião Abreu de Almeida,
o Bá (ex-morador do Tambor, residindo há mais de dez anos em
Novo Airão) e Aldenor (STRNA). Estes moradores do Tambor,
unanimemente, disseram ser “carambolas” porque foram feitas a
eles promessas de que seriam indenizados e receberiam as
terras onde moram, além da luz elétrica e outras facilidades. No
entanto, eles não podem ser indenizados e receber a terra, pois a
indenização está condicionada, justamente, à saída da terra que
ocupam no interior do PNJ. Revelaram-se mal informados sobre as
implicações da posse coletiva da terra, no caso das comunidades
remanescentes de quilombos, e sobre as restrições que continuarão
a pesar sobre eles, no que diz respeito ao comércio e circulação de
carne de caça, pirarucu e “bichos de casco”. Todos disseram preferir
a indenização ao quilombo e demonstraram pouco apego a
tradições “imemoriais” e à posse coletiva do território, preferindo
buscar “cada um o seu caminho”, como foi frisado por um dos
entrevistados, um senhor com cerca de 60 anos.180
180
FRANCO, José Luiz de Andrade; e DRUMMOND, José Augusto. “A Invenção de um Quilombo na
Comunidade do Tambor” (in Terras de Quilombolas e Unidades de Conservação: uma discussão conceitual e
política, com ênfase nos prejuízos para a conservação da natureza. 2009. p. 56 e 58-59). Disponível em:
<www.grupoiguacu.net/documentos/Quilombolas.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2010.
236
Trocando os nomes dos personagens e o lugar, é a mesma história dos
“quilombos” de Alcântara, com os seguintes pontos comuns, alguns concluídos da
leitura de outros trechos do trabalho dos professores da UnB:
é um processo longe de ser espontâneo, uma vez que provocado por agentes
externos aos habitantes locais;
uma cultura comum, sem conotação étnica, ditada pelo tipo de atividade
extrativista local, caldeando elementos remanescentes dos índios e de
populações migrantes; e
181
TRINDADE, Joseline Simone Barreto. Nós, quilombolas: a construção da identidade quilombola a partir dos
mapeamentos de comunidades negras rurais no Pará. In: XXIV Reunião Brasileira de Antropologia, 2004, Olinda
(apud FIABANI, Adelmir. O quilombo antigo e o quilombo contemporâneo: verdades e construções. Disponível
em: <http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Adelmir%20Fiabani.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2012. p. 9).
237
Buscando socorro em trabalho acadêmico ao qual já
recorremos antes, o seu autor termina por corroborar essa invenção de “quilombo”,
feita no ambiente acadêmico, de forma completamente alheia aos supostos
“quilombolas” – uma invenção provocada por agentes externos aos pretensos
“quilombos” (n.g.):
182
OLIVEIRA, Frederico Menino Bindi de. Mobilizando oportunidades: estado, ação coletiva e o recente
movimento social quilombola. Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre
em Ciência Política no Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de S. Paulo, São Paulo, em 2009. Disponível em:
<www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-10122009-113130/pt-br.php>. Acesso em: 20 jul. 2012. p. 62-63.
238
5. CONCLUSÃO
239
Programa Espacial Brasileiro entrou em seu último ano sob o
governo Lula com dificuldades para cumprir uma promessa feita
pelo presidente: colocar um foguete em órbita.
Os dois projetos que podem conseguir isso provavelmente só
terão voos de qualificação após o mandato de Luiz Inácio Lula
da Silva, e alguns especialistas dizem que as duas empreitadas
acabarão competindo uma com a outra.
Quando o VLS (Veículo Lançador de Satélites) explodiu em
2003, matando 21 pessoas no CLA (Centro de Lançamento de
Alcântara), no Maranhão, Lula afirmou que ajudaria o projeto da
Aeronáutica a se recuperar a tempo de lançar o foguete no ano
seguinte. Não foi tão rápido. O VLS – que pretende colocar
satélites de até 400 kg em órbita baixa (cerca de 800 km) – foi
retomado, mas só terá um primeiro lançamento experimental em
2011.
(...)
O outro foguete a ser lançado do Maranhão é o Cyclone-4,
projetado pela binacional ACS (Alcântara Cyclone Space),
criada pelos governos de Brasil e Ucrânia. O projeto – capaz de
levar 1.600 kg a órbitas de 35 mil km de altitude – mantém o
cronograma com lançamento em 2010, mas está com
dificuldades de financiamento.
GARCIA, Rafael. Plano brasileiro de lançar foguete enfrenta
atraso. Folha de S. Paulo, São Paulo, 2 jan. 2010. Ciência, p.
A8.
240
5. CONCLUSÃO
242
REFERÊNCIAS
OBRAS, ARTIGOS E ENDEREÇOS ELETRÔNICOS CONSULTADOS OU
REFERIDOS
ACS (Alcântara Cyclone Space). Disponível em: <www.alcantaracyclonespace.com>
(opção Empresa > Legislação). Acesso em: 22 set. 2010.
ADORNO Sérgio; CÁRDIA, Nancy. “Das Análises Sociais aos Direitos Humanos”, in
Nigel Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos da Fundação Ford no Brasil:
Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo / Rio de Janeiro: Editora da
Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002.
ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Quilombolas atingidos pela Base Espacial de
Alcântara. Série “Movimentos sociais, identidade coletiva e conflitos”. v. 10. Projeto
Nova Cartografia Social da Amazônia (PPGSCA-UFAM, CNPQ, FAPEAM). São Luís,
2007,
243
ANDRADE, Ana Maria Ribeiro de. O programa da autonomia da tecnologia do ciclo
do combustível nuclear no Brasil. Trabalho apresentado na VII Esocite – VII
Jornadas Latino-Americanas de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias -
Rio de Janeiro, 28 a 30 mai. 2008. Disponível em:
<www.necso.ufrj.br/esocite2008/trabalhos/35970.doc>. Acesso em: 26 mai. 2010.
ANGELO, Claudio. Projeto para lançar satélite de base no Maranhão trava. Folha de
S. Paulo, São Paulo, 12 jun. 2012. Ciência, p. C11.
244
ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE. Jornal da Constituinte, edições nº 4, 22
jun. 1987; nº 28, 7 dez. 1987; nº 47, 16 mai. 1988; nº 53, 27 jun. 1988; nº 62, 12 set.
1988; e nº 63, 5 out. 1988.
BASTOS, Mariana. Sempre custa mais. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 jul. 2010.
Caderno especial “e agora?”, p. 2.
BRANCO, Arnaldo; MOR, Claudio. Agente Zero Treze. O Globo, Rio de Janeiro, 2
jan, 2012. Segundo Caderno/HQs, p. 9
246
MARCOS CÉSAR PONTES. Correio Braziliense, Brasília, 21 set. 2003. Brasil, p.
16.
248
DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). CTA: Ciência e
Tecnologia para a Defesa Nacional. Palestra institucional proferida pelo Brigadeiro
Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes, então Subdiretor de Empreendimentos
daquela organização, no 62º Fórum de Debates Projeto Brasil. São José dos
Campos (SP), 17 dez. 2008. Disponível em:
<www.slideshare.net/ProjetoBr/brigadeiro-eng-venncio-alvarenga-gomes-
presentation>. Acesso em: 1º abr. 2010.
249
FOLHA DE S. PAULO. EUA pedem Índia no Conselho de Segurança. Folha de S.
Paulo, São Paulo, 9 nov. 2010. Mundo, p. A12.
FOLHA DE S. PAULO. Procuradores agem como “braços das ONGs”, diz Aldo.
Folha de S. Paulo, São Paulo, 04 fev. 2010. Ciência, p. A18.
HOLLANDA, Eduardo; SIMAS FILHO, Mário. Novos Aliados. Revista IstoÉ, São
Paulo, 10 set. 2003, ed. 1.171, p. 96-98.
HOLLIDAY, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. Tradução de: Maria Viviana
V. Resende. 2. ed., revista. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. p. 7.
KIZIAH, Rex R. A Ameaça Emergente dos Mísseis de Cruzeiro Biológicos. Air &
Space Power Journal, 3º semestre de 2003 (edição em português). Disponível em:
251
<www.airpower.maxwell.af.mil/apjinternational/apj-p/2003/3tri03/kiziah.html>. Acesso
em: 05 jun. 2010.
KLINGL, Erika. Governo promete VLS até 2006. Correio Braziliense, Brasília, 28
ago. 2003. Brasil, p. 24.
KOVACS, Joseph. Uma Breve História das Atividades do Prof. Focke no Brasil. ln
ABCM (Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas). Revista ABCM
Engenharia (edição especial comemorativa sobre a história da contribuição brasileira
à aviação). Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas, Campinas,
São Paulo, vol.9, n. 2, abr.-set. 2003, p.17-22.
LEO, Sergio. Brasil quer parceria maior com a China para construir satélites. Valor
Econômico, São Paulo, 05 abri. 2011. Brasil, p. A6.
252
MAGALHÃES, Fernando Simas. Cúpula das Américas de 1994: papel negociador do
Brasil, em busca de uma agenda hemisférica. Brasília: Instituto Rio Branco,
Fundação Alexandre de Gusmão, Centro de Estudos Estratégicos, 1999. p. 9.
MENOCCHI, Simone. Projeto tinha falhas e lançamento deveria ser adiado, afirma
técnico. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 ago. 2003. Geral, p. A10.
MIOTO, Ricardo. Para cientista israelense, armas trazem paz. Folha de S. Paulo,
São Paulo, 4 ago. 2010. Ciência, p. A17.
NETTO, Andrei. França ataca acordo com o Mercosul. O Estado de S. Paulo, São
Paulo, 16 set. 2010. Economia, p. B9
253
NEWTON, Greg (da Agência Reuters). Funai sofre ingerência de investidor
alemão. Jornal de Brasília, Brasília, 07 mar. 2004. Matéria transcrita no Diário do
Senado Federal, em 11 mar. 2004, pp. 06584-06585.
254
<http://freepages.military.rootsweb.ancestry.com/~otranto/fab/missil_piranha.htm>.
Acesso em: 03 abr. 2010.
255
REZENDE, Pedro Paulo. Muitos problemas em terra. Correio Braziliense, Brasília,
23 ago. 2003. Brasil, p. 18.
SALOMON, Marta. CNA diz que acordo de carnes é uma 'farsa'. O Estado de S.
Paulo, São Paulo, 06 ago. 2010. Economia, p. B8.
SAUNDERS, Frances Stonor. Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura.
Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 152, 153, 157 e 443;
SCHELP, Diogo. O Irã não nos atacaria. Entrevista com Robert Aumann. Revista
Veja, São Paulo, 4 nov. 2009, ed. 2.137, p. 17.
SILVA, Darly Henriques da. Brazilian participation in the International Space Station
(ISS) program: commitment or bargain struck? Space Policy, Holanda, v. 21, 2005, p.
55-63 (apud RIBEIRO, José Geraldo Telles. Uma Análise das Consequências do
Controle Exercido pelo MTCR para a Modernização da Força Terrestre. Rio de Ja-
256
neiro: Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, 2006. p. 11). Disponível em:
<www.eceme.ensino.eb.br/portalcee/index.php?option=com_content&task=view&id=
88&Itemid=65&lang=pt>. Acesso em: 30 jul. 2010.
SILVEIRA, Virgínia. Visiona abre espaço para produção de satélite brasileiro. Valor
Econômico, São Paulo, 30 mai. 2012. Empresas & Tecnologia, p. B3
SILVEIRA, Virgínia. Visiona abre espaço para produção de satélite brasileiro. Valor
Econômico, São Paulo, 30 mai. 2012. Empresas & Tecnologia, p. B3.
257
STATION, Elizabeth; WELNA, Christopher J. ”Da Administração Pública à
Participação Democrática”, in Nigel Brooke e Mary Witoshynsky (orgs.), Os 40 Anos
da Fundação Ford no Brasil: Uma Parceria para a Mudança Social. São Paulo / Rio
de Janeiro: Editora da Universidade de São Paulo / Fundação Ford, 2002.
258
<www.uscc.gov/hearings/2007hearings/transcripts/july_12_13/bertsch.pdf>. Acesso
em: 05 jun. 2010.
WEINER, Tim. Legado de Cinzas: Uma História da CIA. Rio de Janeiro: Record,
2008. p. 304;
259