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1ª AULA

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

Nesta primeira aula, você vai compreender o porquê da necessidade atual de se entender o diálogo entre as
pessoas como forma de buscar a pacificação social. Essa realidade exige uma mudança de paradigma nas
atuações do indivíduo e da sociedade no que diz respeito à resolução de conflitos.

Ao final da era industrial, o homem tinha que se adaptar aos produtos oferecidos e se contentar com uma
demanda maior que a oferta. Nesse momento, o foco deixou de ser o produto e passou a ser a(s)
necessidade(s) do homem. Começaram a surgir preocupações quanto às relações estabelecidas entre as
pessoas e um olhar mais atento às diferenças entre elas.

Esse foi o início de propostas de resoluções de conflitos mais direcionadas ao respeito e ao diálogo. Com
base nisso, veio (e vem) ganhando aderência e consistência a utilização de outros métodos de resolução dos
conflitos, que se caracterizaram pelo rompimento com as formas tradicionais do direito processual (formal),
passando-se a buscar a adoção de procedimentos mais simples e informais.

VOCÊ SABIA?

O acesso à justiça é direito fundamental do ser humano, reconhecido pelas declarações de Direitos Humanos,
como a Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e a Convenção
Europeia de Direitos Humanos.

É direito fundamental não apenas o simples acesso ao Poder Judiciário, mas também, e principalmente, a
tutela jurisdicional efetiva, rápida e sem demoras indevidas. Isto significa dizer que o Estado deve ser
considerado responsável pelos prejuízos que causa quando não presta a eficiente tutela jurisdicional, ou seja,
quando não respeita, por omissão, o direito humano fundamental de real acesso à justiça.

O aumento da demanda de processos no Judiciário foi fruto de uma ampliação dos direitos dos cidadãos,
entre eles, o direito do acesso à justiça do período após a Constituição de 1988. Estamos no tempo da
simultaneidade, com um Judiciário ainda sem meios materiais e técnicos para acompanhar esse contexto
cada vez mais complexo.

A garantia ao acesso à justiça deve ser entendida, então, como uma garantia que vai além do simples
ingresso no Poder Judiciário. Nesse contexto, tendem a se desenvolver outros procedimentos jurisdicionais
como a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem, como formas alternativas para alcançar a
informalidade, a celeridade e a praticidade.

É de fato, uma realidade, que devemos recorrer, só em casos indispensáveis, aos tribunais para resolver
nossas controvérsias. Não apenas pela demora, pela falta de eficiência, mas, sobretudo para alcançar outros
objetivos. É necessário modernizar a prestação jurisdicional, adequando-a a nossa realidade. Isto quer dizer,
torná-la mais democrática, mais justa, mais humana. E para isso devemos mudar nossas mentalidades em
relação aos conflitos entre nós mesmos e a maneira de solucioná-los. Aceitar a possibilidade de, através da
utilização de métodos alternativos e pacíficos de resolução desses conflitos, conciliarmos nossos interesses e
alcançarmos a paz tão desejada. É, sem dúvida, resolvendo nossas controvérsias pacificamente, conciliando
nossos interesses e conquistando a paz, que teremos a certeza de sempre estarmos alcançando a verdadeira
justiça.

Vamos então ver os principais métodos já citados quando vimos o Acesso à justiça. Negociação

Você, possivelmente, já participou de uma negociação no decorrer de sua vida. Concorda que a negociação é
o caminho natural nas relações humanas para a resolução de conflitos?
Com frequência, em nossas vidas, temos de negociar algumas questões. Tais situações tornaram-se tão
comuns que, algumas vezes, não percebemos que estamos diante de uma negociação. Em vários momentos,
sejam eles no convívio social e familiar, em uma loja, na Universidade, no trânsito ou no trabalho, estamos
vivenciando relações com contínuas propostas e contrapropostas.

Assista a um exemplo de negociação em uma cena do filme O Amor Custa Caro, estrelado por Catherine
Zeta-Jones e George Clooney.
Definição
A negociação pode ser definida como uma relação que duas ou mais pessoas estabelecem a respeito de um
assunto, visando encontrar posições comuns e chegar a um acordo que seja vantajoso para todos.
Dinâmica
A negociação inicia-se quando há diferença de posições entre as partes. No entanto, ela só existe se houver
interesse das partes em tentar chegar a um acordo. Dessa forma, respeitar o outro é uma norma que existe em
qualquer negociação.
As partes
É preciso ficar claro que as pessoas não são consideradas inimigas em uma negociação. Muito pelo
contrário, são vistas como colaboradoras, trabalhando para eliminar as diferenças existentes e chegar a um
acordo aceitável por todos. Quando negociamos, enfrentamos os problemas e não as pessoas.
Meta da negociação
Buscar um acordo que satisfaça as necessidades de todos os envolvidos. Deve-se tentar chegar a uma
solução equitativa que inclua os pontos de vista e interesses de todos os envolvidos.

Assim, todos os envolvidos considerarão o acordo como algo construído por todos, e não como uma solução
imposta.

Enfim, todos sairão satisfeitos de uma negociação, com a intenção de cumprir o que foi combinado e com o
interesse de manter essa relação que teve um resultado tão vantajoso para todos.
Voltaremos à negociação na aula 5.
Conciliação
Conciliar, se olharmos os dicionários, significa harmonizar-se, alcançar pacificação. A tentativa de
conciliação prevê, portanto, a expressão maior do pacto social entre as partes. Vamos aprofundar um pouco
mais esse significado.
Conceito
Conciliação é uma forma de resolução de controvérsias na relação de interesses administrada por um
Conciliador (investido de autoridade ou indicado pelas partes), a quem compete: aproximar as partes,
controlar as negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e desvantagens.
O objetivo do conciliador é sempre o de estabelecer uma composição do litígio pelas partes.
O Conciliador
A participação ativa do conciliador, como instrumento e garantia de possibilidade de acordo, a renovação da
proposta pelo juízo e o bom senso das partes e dos advogados são questões fundamentais. Empenho e
técnica, assim como o tratamento respeitoso, farão com que as partes, diante da resposta rápida e eficiente
através da conciliação, sejam vistas como o próprio fim da prestação jurisdicional.
Características da Conciliação
A conciliação tem suas próprias características. Além da administração do conflito por um terceiro
imparcial, esse conciliador tem a prerrogativa de poder sugerir um possível acordo, após avaliar as vantagens
e desvantagens que tal proposta acarretaria para as pessoas.
Amparo legal
Em resposta aos anseios sociais e em atendimento ao mandamento constitucional, contido no artigo 98 da
Constituição da República Federativa do Brasil (1988), o Legislativo editou e aprovou a Lei 9.099/95. Os
Juizados Cíveis e Criminais, de que trata essa lei, são órgãos da Justiça criados para conciliação, processo,
julgamento e execução, nas causas de sua competência, disciplinadas por essa lei. O processo, nesses
Juizados, orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e
celeridade.
Juizados e Justiça do Trabalho
O Juizado Especial Cível (JEC) tem competência para a conciliação, processo e julgamento de causas cíveis
de menor complexidade. O Juizado Especial Criminal (JECRIM) também tem competência para a
conciliação, julgamento e execução de infrações penais de menor potencial ofensivo, tais como as
contravenções penais e os crimes que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, cumulada ou não
com multa, excetuando os casos em que a lei prevê legislação especial.
Arbitragem
Você já ouviu falar em Arbitragem?
A arbitragem já estava prevista em nossas leis há muito tempo, e, segundo alguns autores, ganhou força
apenas em 1996, quando foi editada a Lei 9.307 – Lei de Arbitragem.
A arbitragem é um meio privado e alternativo de solução de controvérsias extrajudiciais de direito
patrimonial disponível nas áreas cível, comercial e trabalhista. Ela pode ser usada para resolver problemas
jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. É um mecanismo voluntário: ninguém pode ser obrigado a
se submeter à arbitragem contra sua vontade.
Instrumentos da arbitragem
Os instrumentos que podem ser utilizados na arbitragem são a cláusula compromissória e o compromisso
arbitral.
Esses dois instrumentos levam as partes para a arbitragem e excluem a participação do Judiciário, desde que
a escolha pela arbitragem tenha sido feita livremente por todos os envolvidos.
Adesão das partes
É importante destacar que ninguém pode ser obrigado a assinar um compromisso arbitral ou um contrato que
contenha a cláusula compromissória.
Contudo, se os envolvidos já fizeram livremente a opção pela arbitragem no passado, não poderão voltar
atrás no futuro e desistir dela, caso surja algum problema. Somente será possível recorrer ao Judiciário se
tiver ocorrido uma violação grave do direito de defesa, bem como em outras situações bem limitadas.
Mediação
Nesta aula, não é o nosso objetivo descrever detalhadamente a mediação, mas apresentá-la com o objetivo de
que você possa diferenciá-la dos demais meios alternativos de resolução de conflitos.
A Mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e impasses, na qual um terceiro,
imparcial, de confiança das partes (pessoas físicas ou jurídicas), livre e voluntariamente escolhido por elas,
intervém, agindo como um “facilitador”, um catalisador, que, usando de habilidade e arte, as leva a encontrar
a solução para as suas pendências. Na Mediação, as partes têm total controle sobre a situação,
diferentemente da Arbitragem, na qual o controle é exercido pelo Árbitro; assim como na Conciliação, pelo
Conciliador.
O Mediador é um profissional treinado, qualificado, que conhece muito bem e domina a técnica da
Mediação. A mediação vem sendo adotada pelo Judiciário, com experiências em vários Estados brasileiros,
ainda em busca de um conceito, porque, muitas vezes, têm conteúdo de Conciliação. Mas o importante é a
iniciativa e a aceitação da experiência.

Nesta aula, você:


Iniciou o seu primeiro contato com os meios extrajudiciais de solução de controvérsias;
Percebeu que, na maioria das vezes, a aplicação da lei é insuficiente na resolução de conflitos, sendo
necessária a mudança do paradigma adversarial para o paradigma cooperativo;
Observou que existem várias formas alternativas de resolução de conflitos além do judiciário;
Avaliou a importância de cada uma delas em nossa realidade;
Relacionou as características de cada método de resolução de conflitos apresentado.

2ª AULA
Nesta aula, veremos que permanentes conflitos marcam a nossa história, desde os povos e tribos primitivos,
que quase sempre decidiam suas questões pela força, muitas vezes, com extrema violência, até os conflitos
atuais.
Estudaremos a mediação em seus aspectos históricos, em sua evolução e propostas em alguns países, bem
como o surgimento de sua importância em nosso país.
Perceberemos que está sendo dada, cada vez mais, importância à mediação. Observaremos como ela está
sendo desenvolvida no Brasil, incluindo sua regulamentação legal.
A mediação no mundo
VOCÊ SABIA?
Somente a partir da virada do século XX, a mediação tornou-se institucionalizada em vários países, e
desenvolveu-se como uma profissão reconhecida. O crescimento da mediação deve-se, principalmente, ao
reconhecimento dos direitos humanos: aspirações em relação à participação democrática em todos os níveis
sociais, a crença de que o indivíduo tem o direito de participar e ter controle sobre as decisões que afetam a
sua vida e maior tolerância à diversidade.
América do Norte
Iniciaremos nossa viagem para entender como funciona a mediação no mundo. Nossa primeira parada:
América do Norte.
Canadá e Estados Unidos
O uso da mediação aumentou em muitos países e culturas, mas talvez tenha aumentado de forma mais rápida
nos Estados Unidos e no Canadá. Os primeiros setores em que a mediação foi formalmente instituída
situavam-se na área trabalhista, para tratar de conflitos entre patrões e empregados, em 1913.
Na esfera federal, nos Estados Unidos, serviu de modelo para o desenvolvimento de resolução de disputas,
nas comunidades e em relação às práticas discriminatórias quanto à etnia e à nacionalidade. No Canadá,
foram organizados serviços de resolução de disputas, também, para lidar com as diferenças entre
comunidades étnicas.
Em muitas comunidades norte-americanas e canadenses, a mediação, segundo Moore (1998), vem sendo
aplicada em conflitos entre proprietários e arrendatários de terras, em questões relacionadas aos
desabrigados, em conflitos entre os cidadãos e a polícia e em disputas entre consumidores.
Além de programas de mediação local, há programas de âmbito estadual em muitos Estados norte-
americanos.
A mediação é praticada nas escolas e nas Instituições de Ensino Superior em relação às disputas de alunos
entre si, entre alunos e professores, entre os membros do corpo docente e entre o corpo docente e a
administração.
Os sistemas de Justiça Criminal do Canadá e dos Estados Unidos têm utilizado a mediação para as queixas
criminais, incluindo os programas de mediação entre vítima e agressor. Uma outra área de crescimento
muito rápido da mediação é a área de disputas familiares, em questões como guarda de filhos e separações.
Nos setores corporativos e comerciais, segundo Moore (1998), a mediação, em alguns tipos de disputa,
ultrapassou a arbitragem quanto a sua escolha. Uma área de amplo crescimento, nos Estados Unidos e no
Canadá é a da atenção à saúde. São tratados casos de negligência médica, além de conflitos entre médicos,
administradores, hospitais, equipes técnicas, disputas bioéticas, negação de cobertura de seguradoras de
saúde etc.
Ásia
Seguimos adiante, próxima parada: Ásia.
A República Popular da China vem praticando a conciliação para resolver disputas interpessoais,
comunitárias e cíveis através dos Comitês de Conciliação e tribunais de conciliação. Esses Comitês
Populares são prestadores de serviços institucionalizados pelo governo. A mediação tem sido introduzida
para resolver disputas ambientais entre jurisdições e entre entidades governamentais. Hong Kong
institucionalizou as mediações comerciais e familiares. Segundo Nazareth (2009), o país já formou um
milhão de mediadores.
O Japão tem uma longa história quanto ao uso da mediação. As bases da mediação japonesa estão ligadas
aos costumes do país. A mediação está incorporada à cultura empresarial e é utilizada nos tribunais para
casos cíveis de uma forma geral, principalmente na área de família. A mediação familiar é obrigatória para a
maior parte dos procedimentos de divórcio e para muitas questões entre pais e filhos.
A Coreia desenvolveu a mediação para lidar com conflitos familiares e cíveis através de programas
independentes e dos tribunais. A Tailândia, a Malásia e a Indonésia desenvolveram vários setores em que a
mediação é usada. As Filipinas e o Sri Lanka estabeleceram programas de mediação comunitária para os
conflitos cíveis e criminais de menor potencial ofensivo. Na Índia, os Tribunais Populares oferecem
mediação e conciliação para conflitos matrimoniais e cíveis. O Nepal desenvolveu os processos de mediação
para tratar de conflitos conjugais, financeiros e ambientais.
Austrália, Nova Zelândia e Melanésia
Agora, aterrissaremos na Oceania para conhecer a mediação nas seguintes regiões:
Na Austrália, a mediação em vários setores teve apoio financeiro de agências governamentais. Na maioria
dos Estados, foram fundados Centros de mediação comunitária para as disputas cíveis e de vizinhança. Além
disso, tem sido bem desenvolvida a mediação em disputas industriais e culturais dos povos aborígenes.
Assim como a Austrália, a Nova Zelândia também teve desenvolvimento na mediação, muito semelhante aos
Estados Unidos. Na Nova Zelândia, a mediação é utilizada em várias disputas como: comerciais, cíveis,
crimes de menor potencial ofensivo, familiares, trabalhistas, habitacionais, agrárias e ambientais.
Na Melanésia, as aldeias têm um conselheiro e um comitê que se reúne para analisar as disputas. Esse
processo é, ao mesmo tempo, um julgamento e um acordo por consenso.
África e Oriente Médio
Nossa viagem segue com uma rápida parada na África e no Oriente Médio.

Segundo Moore (1998), a mediação é usada tanto nas sociedades africanas tradicionais como nas sociedades
modernas, variando de tribo para tribo e de região para região. No Quênia e na Somália, o trabalho de
mediação tem sido realizado por um Comitê, por grupos religiosos e não religiosos locais para disputas entre
clãs e disputas étnicas. A África do Sul tem apresentado o maior desenvolvimento, neste continente, no que
diz respeito à mediação formal. Em 1968, foi fundado um Centro de Resolução de conflitos que foi
importante, não apenas para a resolução de conflitos, mas também para a redução da violência, dos conflitos
trabalhistas, raciais e políticos. Desde as eleições nacionais de 1994, a mediação mudou seu enfoque da
violência para o desenvolvimento e reconciliação nesse país.
Há séculos, nas sociedades árabes, a mediação, em tribos e cidades, tem sido o método utilizado para
resolver disputas e tem sido adaptado, atualmente, para questões políticas e militares internas e entre os
Estados Árabes. O uso de intermediários no Oriente Médio para ajudar nas resoluções de disputas é muito
comum hoje. A mediação tem papel importante nos conflitos diplomáticos e nas guerras.
Europa
Chegou a hora de carimbarmos nosso passaporte no velho continente.

O movimento pela mediação na Europa teve início no fim da década de 90, seguindo a nova era que emergia
nos EUA a partir da Pound Conference de 1976, em que nasceram conceitos como o multi-door courthouse.
Apesar disso, muitos países já conheciam e utilizavam a mediação.

A Comunidade Europeia, em 1986, através do Conselho Europeu, encaminhou uma recomendação do


Conselho de Ministros aos Estados Membros, sugerindo que fossem estudados mecanismos alternativos para
o tratamento de conflitos, dando ênfase à mediação e reconhecendo a sobrecarga de processos dos tribunais
europeus. As formas como as nações europeias se organizam, dependem dos seus fatores constitucionais
culturais e políticos, no entanto, os mecanismos alternativos de resolução de conflitos têm sido amplamente
utilizados. Em 1998, foram publicados os Princípios Europeus sobre Mediação Familiar, pelo Conselho
Europeu, cujo texto foi elaborado pelos representantes dos quarenta Estados Membros desse Conselho.

Diferentes modelos se desenvolveram na Europa, alguns países regulamentaram a mediação e tornou-se


comum a existência de programas de mediação para resolver conflitos envolvendo direitos dos
consumidores. O Parlamento Europeu desenvolveu, em 2004, um projeto para uma Diretiva relativa à
mediação, culminando com sua publicação em 2008. Em 21 de maio de 2008, foi publicada a Diretiva nº 52
pelo Parlamento Europeu, oriunda da recomendação fundamental lançada em 1998 (98/257/CE) e em 2001
(2001/310/CE) (PINHO e PAUMGARTTEN, 2013).

Nessa Diretiva, de acordo com Pinho e Paumgartten (2013), os Estados-membros europeus seriam livres,
quando da transposição aos seus ordenamentos internos, para disporem sobre os métodos que seriam
adotados na instalação de programas de mediação.

América Latina
Nos últimos cinco anos, tem aumentado, na América Latina, o uso das resoluções alternativas de disputas
aplicadas ao Direito Objetivo e à administração da Justiça. Vejamos como os países seguintes utilizam a
mediação na resolução de suas disputas.
Na América Latina, a Colômbia é um dos países que tem maior experiência na mediação. A prática iniciou
por volta do ano de 1983, sendo muito avançada no setor privado da arbitragem comercial. A Colômbia foi a
pioneira no uso da mediação entre os países da América Latina. Optou-se por um modelo descentralizado e
desjuridicializado de solução de conflitos, judicial e extrajudicial. Serviços prestados por centros de
conciliação e arbitragem, conectados aos tribunais e utilizados como monitores do sistema no Ministério da
Justiça. O decreto nº 2.651 fazia referência direta ao método, embora dispositivos legais editados anos antes
já fizessem menção à mediação como forma de aliviar a carga de trabalho das varas judiciais. Atualmente, o
país possui um dos mais avançados trabalhos com mediação no setor privado. (NAZARETH, 2009, p. 26).

A experiência da Colômbia em conciliação extrajudicial foi importante, sobretudo porque influenciou vários
países vizinhos, como por exemplo, o Peru.
No Peru, a lei institucionalizou a conciliação extrajudicial e criou um requisito de procedibilidade da ação
judicial. Este modelo tem a vantagem de haver regulado a prestação dos serviços por intermédio de centros
supervisionados pelo Ministério da Justiça, não somente no que diz respeito ao cumprimento dos requisitos
legais, mas também em relação à qualidade dos serviços e cumprimento de normas éticas.
A Bolívia institucionalizou a arbitragem, conciliação e mediação, por meio de Centros de Conciliação, sob a
égide do Ministério da Justiça, seu controlador; tais centros são utilizados como canais não formais de
acesso à justiça.
Organizado em Centros de mediação e arbitragem, o sistema do Equador, permite balancear adequadamente
a atividade de resolução de alternativa de conflitos de interesses no setor público e no privado. É considerado
um modelo adequado para o desenvolvimento adequado da mediação, sendo acessível, inclusive, às
comunidades indígenas.
Na Guatemala desenvolveu-se um sistema denominado bifrontal: por um lado, anexo aos tribunais onde se
atendem casos advindos dos juízes ou a requerimento de pessoas individuais, instituições públicas ou
privadas. Quando se tratar de mediação penal será necessária a homologação judicial para sua validade.
Possibilitou-se, também, o desenvolvimento de centros privados ou públicos, além de centros comunitários
que atendem com mediação os conflitos dos povos indígenas.
Na Nicarágua, a mediação foi adotada, em matéria de conflitos de terra, como procedimento obrigatório,
uma vez integrada à lide; ou o uso da arbitragem quando solicitado pelos sujeitos. A mediação prévia
obrigatória é, muitas vezes, descartada para economia do tempo do juiz, salvo quando se tratar de medidas
penais ou de ordem pública.
Na Argentina, especificamente, desde 1991 existe a RADs (“Resolução Alternativa de Disputas”), quando
foi desenvolvida a arbitragem e iniciada a mediação por meio da criação de uma comissão de juízes e
advogados. Posteriormente, foi aprovada a Lei Nacional de Mediação e Conciliação, a qual teve vigência a
partir de 1996. O país teve por base inicial as regras do Instituto de Justiça Estatal do Centro para Resolução
de Conflitos, com sede em Washington, DC, bem como do Instituto de Administração Judicial, com sede em
Nova York (HIGHTON;ALVAREZ,2008).

Mediação no Brasil
Finalmente, chegamos ao nosso destino final: o Brasil.
No Brasil, a partir da Constituição de 1988, quando se redemocratizou o país, o Judiciário começou a ser
demandado pela maioria da população brasileira. Essa explosão de demandas judiciais, ligada à busca da
cidadania, teve reflexo imediato: a crise do Poder Judiciário.

Por um lado, nunca o Judiciário teve tanta visibilidade para a população; por outro, a qualidade dos serviços
prestados decaiu, especialmente por falta de estrutura material ou de pessoal, além de uma legislação
processual inadequada aos novos desafios institucionais. Surge, a partir desse momento, o fenômeno da
judicialização das relações políticas e sociais e o tema da democratização do acesso à justiça.

O acesso à justiça, porém, não se limita ao ajuizamento de uma ação perante o Poder Judiciário, mas à
garantia de entrada a um processo justo, sem impedimentos e demora, e adequado à solução do conflito.
Dessa forma, percebeu-se que facilitar a comunicação entre os litigantes e garantir mais liberdade na
discussão de suas desavenças contribui para a construção de uma solução consensual, com a vantagem de
tornar as partes mais propensas em cumprir voluntariamente o acordo, bem como prevenir novos
desentendimentos.
Por força dessas vantagens, a mediação veio sendo difundida paulatinamente em nosso País. Curiosamente,
com o advento da lei de Arbitragem (9.307/96), observou-se um número crescente de câmaras arbitrais
também especializadas em mediação. A primeira tentativa de encaminhar uma lei versando especificamente
sobre a mediação foi apresentada em 1998 (PL 4.827/98), oriunda de uma proposta da Deputada Zulaiê
Cobra, definindo o instituto.

A proposta teve por objetivo fixar as diretrizes fundamentais do procedimento, mas sem regulamentar todos
os detalhes. Aprovado o projeto na Câmara dos Deputados, a proposição seguiu para o Senado Federal (PLC
94/2002). Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Direito Processual – IBDP e a Associação de Magistrados
Brasileiros – AMB, através de uma equipe de juristas, elaboraram um anteprojeto de lei sobre mediação,
demonstrando que o debate sobre o tema também se fez presente no meio jurídico-acadêmico.

Breve histórico da mediação


A mediação, há muito tempo, é utilizada em várias culturas do mundo, como a judaica, a cristã, a islâmica, a
hinduísta, a budista, a confucionista e até as indígenas. Os primeiros registros do uso da mediação datam de
3000 a.C., na Grécia Antiga, bem como no Egito,
Kheta, Assíria e Babilônia.
Anos mais tarde, o Direito romano também utilizaria a mediação como alternativa para a resolução de
conflitos. Na Roma antiga, já havia a previsão do procedimento in iure (na presença do juiz) e o in iudicio
(na presença do mediador ou árbitro).
A mediação não era reconhecida ainda como uma possibilidade legal, mas como uma mera cortesia. Os
crimes e as questões relativas às guerras eram sempre levados para o julgamento. Pequenas situações de falta
de acordo entre as pessoas e pequenas causas eram levadas para um “mediador”.
De acordo com Moore (1998), as tradições judaicas de solução de conflitos foram transportadas para as
comunidades cristãs emergentes, que olhavam Cristo como mediador supremo. De acordo com esse autor, é
possível encontrar na Bíblia (I Timóteo 2:5-6) referências a Jesus como mediador entre Deus e o homem.
Esse conceito de intermediário foi utilizado para justificar o papel do clero como mediador entre a
congregação, Deus e os crentes. Até a Renascença, a Igreja Católica na Europa Ocidental e a Igreja Ortodoxa
no Leste Mediterrâneo foram, certamente, as principais instituições de mediação e administração de conflitos
da sociedade ocidental. Sendo responsabilidade do clero a mediação em assuntos familiares, criminais e
disputas diplomáticas entre a nobreza (MOORE, 1998).
As culturas islâmicas também têm tradição na mediação. Em muitas sociedades pastoris tradicionais do
Oriente Médio, os problemas eram resolvidos através de uma reunião comunitária dos idosos, em que os
participantes mediavam para resolver questões tribais ou intertribais conflituosas. Nas áreas urbanas, o
costume local foi codificado em leis que eram interpretadas por intermediários especializados, que exerciam
funções judiciais e a mediação.
O hinduísmo e o budismo, e as regiões influenciadas por eles, têm uma longa tradição em mediação.
Segundo Moore (1998), as aldeias hindus da Índia empregavam tanto a mediação quanto a arbitragem nas
disputas.
A mediação tem sido amplamente praticada na China, no Japão e em outras sociedades asiáticas, onde a
religião e a filosofia dão destaque ao consenso social, à persuasão moral e à busca do equilíbrio e à harmonia
nas relações humanas. Os textos sagrados budistas descrevem algumas situações em que Buda atuou como
mediador.

3ªAULA
Mediação de Conflitos / Aula 3: Bases teóricas e princípios da mediação
A mediação, como já vimos, é um meio não adversarial, voluntário e pacífico de resolução de conflitos, em
que um terceiro (o mediador, imparcial) atua como facilitador do diálogo entre as partes envolvidas. Ele as
conduz a encontrarem, de maneira cooperativa, as soluções que melhor satisfaçam os seus interesses.

No entanto, esse procedimento exige uma base teórica, na qual fundamenta suas técnicas e princípios que
devem ser respeitados para que essa prática ocorra de forma correta e ética.
Alguns saberes
Vamos iniciar nossa aula conhecendo a relação da mediação com algumas disciplinas:
A Mediação inspira-se no Direito quando objetiva auxiliar as pessoas a resolverem seus conflitos, orientadas
pelo parâmetro da solução justa, respeitando as questões legais determinadas pela sua cultura. Isso fica mais
claro quando, por exemplo, é solicitada a revisão legal de um acordo, antes da assinatura pelos mediandos,
sempre que a matéria assim o exigir, cumprindo uma norma ética na Mediação. A mediação, dessa forma,
poderia ser considerada como uma forma de ordem jurídica justa, porque leva a uma justiça mais:
Adequada: Aumenta o acesso à justiça porque, entre os outros métodos, possui uma forma mais apropriada
de abordar e resolver aquele determinado conflito.

Tempestiva: Por ocorrer no tempo dos mediandos, uma vez que, de certa forma, estabelecem o período de
duração da mediação, a partir de suas habilidades e capacidades de negociação, aumentam o acesso à justiça.
Efetiva: A solução é construída pelas próprias pessoas envolvidas no conflito, tendo como base a satisfação e
o benefício mútuos, a partir do atendimento de suas necessidades, aumentando, assim, o acesso à justiça
(ALMEIDA, 2014).

A contribuição da Sociologia é decisiva para a compreensão do valor das redes sociais nos processos de
negociação. Mediadores também trabalham com a negociação que os mediandos precisam fazer com os seus
interlocutores – advogados, amigos, parentes, colegas de trabalho ou de crença religiosa, entre outros.

Com essas pessoas, são estabelecidas alianças e construídos entendimentos sobre o desacordo e sobre o
outro, assim como soluções e interesses a serem defendidos.

Os mediandos não podem, em algumas situações, avançar em uma negociação, em função de compromissos
estabelecidos com suas redes de pertinência. Nesses casos, é preciso ajudá-los a negociar com essas redes,
dentro ou fora do processo de mediação, para que possa ocorrer a autocomposição.

A mediação estimula o diálogo dos mediandos com suas redes de pertinência e permite que elas venham à
mediação, quando são identificadas como geradoras de impasses à solução do processo, ou, ainda, quando
são o suporte para o cumprimento do que foi estabelecido na mediação.
Da Psicologia, a mediação utiliza as leituras teóricas sobre o funcionamento emocional humano e valoriza as
emoções como componente fundamental dos desentendimentos. A mediação trabalha, indiretamente, com as
emoções quando se propõe a incluir a restauração da relação social dos envolvidos.

As abordagens que incluem o relacionamento humano como foco não podem deixar de considerar a presença
da emoção. Segundo Muller; Beiras e Cruz (2007), a mediação utiliza técnicas da Psicologia, em especial
das Psicoterapias, tais como a sumarização positiva e o enquadre, ampliando e tornando mais
compreensíveis as diversas mensagens, além de ressaltar a importância da escuta ativa, da interpretação do
que está por detrás do discurso e da linguagem corporal.

Do material teórico da Psicologia, também são utilizadas estratégias para trabalhar com os conflitos.
Algumas sugerem que se trabalhe com os mais simples, no lugar dos mais complexos, garantindo o nível
motivacional das partes, tornando visível, para elas, a capacidade de resolverem os conflitos de forma não
adversarial.
Da Filosofia, várias questões dizem respeito ao processo de Mediação. Entre elas, encontra-se o principal
instrumento de trabalho do mediador, as perguntas, que devem ser oferecidas como na maiêutica socrática.
Filho de uma parteira, Sócrates desejava, pela maiêutica, que as pessoas “parissem” as próprias ideias, após
refletirem, em lugar de repetirem, indiscriminadamente e sem análise crítica, pensamentos e ideias do senso
comum.

O principal objetivo das perguntas na mediação é gerar informação para os mediandos, que são aqueles que
têm poder decisório e serão os autores das soluções, de forma a provocar reflexão. A partir da maiêutica,
pode-se auxiliar os mediandos a flexibilizarem as ideias trazidas na fase inicial do processo, momento em
que as reais necessidades e interesses do outro não estão sendo ainda levados em consideração.

Agora, estamos partindo para as abordagens teóricas que dão o suporte à mediação.

Teoria dos sistemas


Há anos, as pessoas perceberam que há coisas comuns nas diferentes áreas do conhecimento. Existem
problemas similares que podem ser resolvidos com soluções similares. Essas mesmas pessoas perceberam
que algumas características e regras aconteciam em todas as áreas. Assim, surgiu a definição de Sistema, que
é um conjunto de elementos inter-relacionados com um objetivo comum.
Todas as áreas do conhecimento possuem sistemas com características e leis independentemente da área
onde se encontram. Os sistemas apresentam como características básicas: os elementos formadores do
sistema, a relação entre eles e um objetivo comum.

Além disso, não podemos esquecer o meio ambiente, que é o que está fora do sistema, ou seja, não pode ser
controlado por ele. No entanto, o sistema pode estabelecer uma relação de troca com o meio ambiente e, por
isso falamos que um pode influenciar o outro.
A abordagem sistêmica é uma forma de resolver situações sob o ponto de vista da teoria geral dos sistemas.
Muitas soluções surgem quando analisamos um sistema sendo formado por elementos que estabelecem
relações entre eles, que apresentam um objetivo, inseridos em um meio ambiente.

Essa abordagem é uma ferramenta, um método que nos capacita a promover mudanças. Ela enfatiza a
interação entre os componentes em vez de os componentes por si só, o propósito do sistema em vez de suas
causas, as regras operacionais que capacitam o seu desenvolvimento, o objetivo a ser alcançado, o futuro, o
envolvimento das pessoas.

O olhar sistêmico, segundo Vasconcellos (2002), contribui para que a mediação reconheça os componentes
multifatoriais dos desacordos – legais, psicológicos, sociológicos, financeiros, entre outros, e trabalhe com
eles conforme a sua prevalência, de forma a atender aos interesses e necessidades dos mediandos.

Também como resultado dessa abordagem, os mediadores entendem que o que é trazido à mediação faz
parte de uma cadeia de acontecimentos passados e futuros e que sua intervenção provocará alterações na
lógica de desenvolvimento dessa cadeia, com repercussões sobre um conjunto de pessoas.
Os mediadores comprometem-se com o curso e com o resultado da mediação, agindo na condução de sua
dinâmica, avaliando, de forma continuada, a adequação de sua atuação, pois a consideram parte do sistema
de resolução. Os mediadores sabem que sua intervenção poderá contribuir para a construção ou para a
desconstrução de impasses futuros.

Estratégias da abordagem sistêmica


Algumas estratégias da abordagem sistêmica são importantes na mediação. Vamos vê-las a seguir:
Dividir para atingir um fim – todo problema deve ser dividido em partes menores porque isso facilita a sua
compreensão e o seu manejo;

- Identificar todas as partes do sistema – identificar tudo o que faz parte do sistema, porque algumas partes
identificadas podem fazer a diferença;
Atentar para detalhes que estão sendo demonstrados pelas pessoas;

- Olhar para o todo, para ter uma compreensão sobre como as partes se relacionam;

- Utilizar analogias, comparações, ou seja, usar soluções antigas adaptadas à nova realidade, na solução de
problemas similares.
Teoria da cibernética
A Teoria Cibernética ou Teoria do Controle foi desenvolvida pelo matemático N. Wiener. E tem por objeto o
estudo da autorregulação dos sistemas, uma vez que é necessária a manutenção da ordem no interior de cada
um, ou entre sistemas, combatendo o caos. A cibernética é uma teoria de controle, baseada na comunicação
entre os sistemas e o meio ambiente, bem como a comunicação dentro do próprio sistema. A Teoria da
Cibernética foi dividida em dois períodos: 1º período
De acordo com Grandesso (2000), no primeiro período da cibernética, a preocupação consistia nos
mecanismos e processos pelos quais os sistemas funcionavam com a finalidade de manter a sua organização.
O objetivo do sistema era, então, corrigir os desvios para poder se manter estável e sobreviver. Esse processo
é conhecido como retroalimentação, em que um sistema sobrevive mantendo a sua constância apesar das
mudanças do meio.
2º período
No segundo período da cibernética, mudou-se o foco de trabalho e o conflito passou a ter a função de
mostrar que algo não vai bem no sistema. O foco sai do conflito e vai para as relações estabelecidas naquele
sistema. Fato importante para o trabalho com a mediação. A partir desse segundo momento, houve a
possibilidade de compreender o potencial de transformação dos sistemas, levando ao desenvolvimento de
técnicas na mediação que possibilitassem a ampliação dessa capacidade de mudança.
Teorias da comunicação contribuem com numerosas abordagens e dão suporte a algumas das técnicas
utilizadas na Mediação.

A comunicação humana é uma das bases de sustentação da dinâmica da Mediação e precisa ser decifrada
pelo mediador, a cada momento, de forma a servir de referencial para a identificação da intervenção a ser
utilizada.

As contribuições são inúmeras. Algumas estão mais ligadas com o pragmatismo da comunicação humana
(WATZLAWICK; BEAVIN; JACKSON, 1967), outras com as narrativas e a análise dos discursos e de sua
subjetividade (MAINGUENEAU, 1997).

Os axiomas da comunicação foram desenvolvidos por Watzlawick e colaboradores (1967) e fornecem


importante base conceitual para entendermos o processo de comunicação, sendo aplicados no procedimento
de mediação.

A seguir, veremos o que, resumidamente, estes autores estabeleceram.

É impossível não comunicar, mesmo quando achamos que não estamos nos comunicando, existe uma
mensagem.

Há mediandos que utilizam o silêncio como estratégia para agredir o outro. Outros podem usar o silêncio
para criar uma atmosfera de mistério sobre o que estão pensando, para aguardar que os outros transmitam
informações importantes, que eles utilizarão de acordo com as suas conveniências.

O silêncio pode permitir a organização dos pensamentos e encorajar a outra pessoa a expandir suas ideias,
reações ou sentimentos. Saber calar quando necessário também é muito importante na comunicação.

O silêncio pode, também, ser sentido como confortável ou perturbador, e ser utilizado para aproximar ou
afastar as pessoas nas relações com as outras.
Toda comunicação possui uma forma e um conteúdo. A relação entre o conteúdo e a forma na comunicação
é chamada de metacomunicação. Pode-se usar de gestos, olhares, expressões corporais e faciais para dar
mais ênfase ao que queremos comunicar e ao modo como queremos ser interpretados.

A técnica de metacomunicação é utilizada, em geral, quando queremos expressar algum sentimento, mas de
forma não invasiva a uma pessoa. É uma forma menos brusca de se transmitir uma mensagem, como uma
preparação para que a pessoa receba a mensagem sem constrangimento ou espanto.

Usamos a metacomunicação quando fazemos uma pequena introdução àquilo que se quer comunicar, por
exemplo, ao noticiar fatos ruins, ao dar alguma advertência etc.

Ao censurarmos alguém, podemos realizar uma metacomunicação verbal e não verbal, quando, por exemplo,
dizemos “Estou brincando“ e piscamos o olho ao mesmo tempo. Essa comunicação precisa ser neutralizada
pelo mediador, que deverá estar atento às situações.
A natureza de uma relação encontra-se na contingência da identificação das sequências de comunicação
entre os envolvidos.

É fundamental identificar quem comunica, quem responde, como e quando, para obter informações a
respeito do equilíbrio ou do desequilíbrio de poder nas relações, dos estados emocionais das pessoas e outras
situações significativas na comunicação.
Os seres humanos comunicam-se de forma digital e analógica. Na mediação, na maior parte das vezes, a
comunicação será analógica, ou seja, face a face.
Dessa forma, haverá possibilidade de observar os conteúdos analógicos da comunicação, como por exemplo:
o sorriso, o brilho no olhar, o timbre de voz, a postura corporal, a disposição para ouvir etc. Esses conteúdos
valorizam a comunicação e devem ser explorados pelo mediador.
Todas as trocas comunicacionais são simétricas ou complementares.

As simétricas são aquelas que possibilitam o diálogo entre as pessoas. Já as complementares, em geral,
aparecem em situações de dependência, em que um manda e o outro obedece, um grita e o outro se cala, por
exemplo. Este último tipo de troca deve ser convertido ou restabelecido em uma troca simétrica através do
trabalho do mediador.

Em comum, tais contribuições trazem o entendimento de considerar a linguagem como um cenário em que
se constroem os sujeitos, sua forma de expressão e de ação, nas suas relações com os outros.

Comunicação não violenta (CNV)


A Comunicação Não Violenta (CNV) é um processo conhecido por sua capacidade de inspirar ação
solidária, ponto fundamental no procedimento da mediação. Foi desenvolvida por Marshall B. Rosenberg,
doutor em Psicologia Clínica, mediador internacional e fundador do Centro Internacional de Comunicação
Não Violenta.

É uma teoria prática, que se confunde com um processo educativo e questiona os perigos da linguagem. A
partir do conceito de Ahimsa, tornado famoso por Mahatma Gandhi, ressalta o poder que é liberado quando
a intenção de agredir o outro é totalmente superada.

Baseado na ideia de que todos os seres humanos têm a capacidade da compaixão e recorrem à violência
quando não percebem outro recurso, ou quando não têm suas necessidades supridas, busca-se criar uma
cultura de expressão que resolva os conflitos, em vez de criá-los.

Para isso, a CNV se baseia na escuta empática e na expressão autêntica em três âmbitos: nossa própria
experiência interior, nossa relação com os outros e nossa conexão com os sistemas nos quais estamos
inseridos.
Agora que você já conhece alguns saberes que mantêm uma relação de transversalidade com a mediação e
suas bases teóricas, está na hora de estudarmos os princípios da mediação. Para tratarmos dos princípios
específicos da mediação, faz-se necessário relembrar a importância do que vem a ser um princípio.

“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua
exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no
que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”(GRUNWALD, 2004).

O princípio “vem a ser a fonte, o ponto de partida que devemos seguir em todo o percurso; ao mesmo tempo
em que é o início, também é o meio a ser percorrido e o fim a ser atingido” (VILAS-BÔAS, 2003, p. 21).

Princípios da mediação
Vamos, então, estudar os princípios da mediação, tomando como base aqueles elencados na Lei 13.140 de
26 de junho de 2015, ou seja, a Lei da Mediação. Você pode vir a ter contato com vários outros princípios da
mediação além desses. Como você já sabe, esse é um tema que não se esgota. Queremos ressaltar que
aqueles princípios que não foram contemplados na nossa disciplina, não são considerados menos
importantes, apenas utilizamos como critério de seleção a fundamentação legal da mediação.
LEI Nº 13.140, DE 26 DE JUNHO DE 2015.

CAPÍTULO I

DA MEDIAÇÃO

Seção I
Disposições Gerais

Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:

I - imparcialidade do mediador;

II - isonomia entre as partes;

III - oralidade;

IV - informalidade;

V - autonomia da vontade das partes;

VI - busca do consenso;

VII - confidencialidade;

VIII - boa-fé.

4ª AULA
Você sabe o que é um conflito?

Em geral, conflito pode ser definido como um desentendimento entre duas ou mais pessoas sobre um tema
de interesse comum. Conflitos representam a dificuldade de lidar com as diferenças nas relações e nos
diálogos, associada a um sentimento de impossibilidade de coexistência de interesses, necessidades e formas
de abordar o mesmo tema.
Comecemos nosso estudo sobre o conflito com Remo Entelman. Segundo ele, “O conceito de conflito
aparece no discurso político-social há cerca de uns 500 anos antes de Cristo. Se desenvolve através do tempo
em pensadores que trabalham com uma ampla gama de disciplinas. A abordagem dos conflitos aparece nos
mais afastados pontos do planeta e da História (Kautylia, na Índia, Al Ramein Ibn Kaldum – pensador árabe
do século XIII; Heráclito, Maquiavel) e nos últimos dois séculos [o autor se refere aos Séculos XVIII e
XIX], a partir de vários economistas”.

Entelman (2005) acrescenta: “Por seu lado, as ideologias fizeram do conflito seu objeto em dois grandes
ramos do que hoje se chama ideologia do conflito: o marxismo por um lado, e o darwinismo pelo outro.”
Para este autor (Entelman, 2005), o conflito traz, a princípio, uma posição rígida de intransigência,
acompanhada, inicialmente, de um interesse real oculto das partes nele envolvidas. Cabe ao mediador tentar
realizar a sua descoberta. Segundo o autor, não existe uma teoria do conflito que seja realmente um
pensamento novo e sistemático. O que há é uma generalização de conhecimentos que formularam outros
para descrever pressupostos concretos sobre esse tema.
Moderna teoria do conflito
Se pedissem para você dizer o que lhe vem à mente quando escuta a palavra conflito, provavelmente, alguns
destes significados poderiam ser pensados: Guerra
Briga
Raiva
Perda
Disputa
Violência
Tristeza
Agressão
Processo

Continuando a nossa conversa, pediria, agora, que você pensasse nas possibilidades para resolver um
conflito. Novamente, poderia arriscar que uma de suas respostas poderia ser:
Atribuir culpa
Responsabilizar
Reprimir
Julgar
Analisar fatos
Comportamentos

Diante de tais reações, poder-se-ia sustentar que o conflito sempre consiste em um fenômeno negativo nas
relações humanas. No entanto, constata-se que, do conflito, podem surgir mudanças e resultados positivos. É
a partir dessa possibilidade de perceber o conflito de forma positiva que surge uma das principais alterações
da chamada moderna teoria do conflito. Percebendo o conflito como um fenômeno natural nas relações, é
possível vê-lo de forma positiva.

O que saber sobre conflitos


De acordo com Seidel (2007), podemos refletir sobre algumas questões em relação aos conflitos. Vamos a
elas:
Conflitos não são problemas
Há uma tendência geral em perceber os conflitos como problemas, ou seja, uma visão negativa do conflito.
Os conflitos são normais, não são positivos nem negativos, nem maus e nem bons. É a resposta que se dá aos
conflitos que os tornam positivos ou negativos, destrutivos ou construtivos. A questão central é a forma
como será resolvido o conflito: por meios violentos ou através do diálogo? Os conflitos devem ser
entendidos como parte da vida humana, sendo o seu problema apenas a forma como serão enfrentados e
resolvidos.
Diferença entre conflito e briga
Conflitos não se confundem com brigas. A briga é uma resposta ao conflito. Um conflito, segundo Seidel
(2007), pode ser definido como a diferença entre duas metas sustentadas por agentes de um sistema social.
Além disso, podem ser organizados em três níveis: pessoais, grupais ou entre nações.
Atitudes básicas frente aos conflitos
Podemos ignorar os conflitos, responder de forma violenta a eles e lidar com os conflitos de forma não
violenta, através do diálogo.
Benefícios do conflito
A não aceitação do conflito provoca a violência. No entanto, quando se aprende a lidar com o conflito de
forma não violenta, ele deixa de ser visto como o oposto à paz e passa a ser considerado como um modo de
existir em sociedade. Os conflitos podem trazer os seguintes benefícios, de acordo com Seidel (2007):

Estimular o pensamento crítico e criativo;


Melhorar a capacidade de tomar decisões;
Reforçar a consciência sobre a possibilidade de opção;
Incentivar diferentes formas de resolver problemas e situações;
Melhorar os relacionamentos e a avaliação das diferenças;
Promover a autocompreensão.

Como você percebeu, o conflito não é um impedimento para chegarmos à paz. Mas, para construirmos uma
cultura de paz (em nossa terceira aula, falamos de Marshall Rosenberg), será preciso mudar nossas crenças,
atitudes e comportamentos em relação ao conflito. Uma educação para a paz envolve, necessariamente,
reconhecer o conflito e pensar em modos criativos e não destrutivos de resolvê-lo. Para isso, segundo Seidel
(2007), temos três possibilidades:

A prevenção do conflito: desenvolvimento de uma percepção à presença ou possibilidade de violência e


injustiça, como um sistema de alerta, e a capacidade de analisar o que pode estar ocorrendo;
A resolução do conflito: o enfrentamento do problema e a busca de mecanismos adequados para isso;
A transformação: estratégias para mudança, reconciliação e construção de relações positivas.

Manejo do conflito
Agora que você já conhece as formas construtivas e destrutivas de resolução de conflitos, vejamos como
manejá-los. A mudança de foco na evolução da resolução (baseada na imposição, pela força e pelo poder
para uma busca de solução que identifique os interesses das pessoas envolvidas e a possibilidade de atendê-
las) levou a uma mudança de foco da preocupação com o resultado do problema para uma preocupação com
as pessoas e suas relações.

Essa mudança nos leva a entender que não existe uma solução apenas para resolver os conflitos. Dessa
forma, vários autores destacam alguns aspectos importantes a serem observados na forma de abordar os
conflitos.

Schimidt e Tannenbaum (1992), citados por Moscovici (1997) no Curso de Mediação de conflitos (2009),
apontam para três aspectos que devem ser observados no diagnóstico de uma situação de conflito. São eles:

Pontos de vista e interesses divergentes – a natureza das diferenças;


Informações, percepções e papéis que as pessoas ocupam na sociedade – fatores subjacentes;
Momento em que o conflito se encontra – estágio do conflito.

Classificação de conflito
Desenvolvendo um pouco mais nosso conhecimento sobre os conflitos, devemos saber que eles têm várias
classificações importantes a serem observadas. Podemos dividi-los, segundo Redorta (2007), em:
Intrapessoal
É um conflito exclusivamente nosso, e que, às vezes, existe porque nós o vivemos assim. Ou seja, é o que
cada um de nós vive quando está perante motivações que são incompatíveis. É o que chamamos de conflito
interno.
Interpessoal
Os conflitos interpessoais se dão entre duas ou mais pessoas e podem ocorrer por vários motivos: diferenças
de idade, de sexo, de valores, de crenças, por falta de recursos materiais, financeiros, e por diferenças de
papeis. Neste último caso, podemos dividir o tipo de conflito em duas situações: conflitos hierárquicos são
aqueles que colocam em jogo as relações com a autoridade existente; e conflitos pessoais, que dizem
respeito ao indivíduo, à sua maneira de ser, agir, falar e tomar decisões. Você já percebeu que as relações
interpessoais, com sua pluralidade de percepções, crenças e interesses, são conflituosas. Negociar conflitos é
o nosso cotidiano.
Intragrupal
Falar de conflitos grupais é muito complicado porque a mera descrição de algumas características não
esgotará todas as possibilidades de se entender essa questão. As diferenças individuais têm influência na
dinâmica dos grupos, podendo levar a discussões, tensões, insatisfações e ao conflito aberto, ativando
sentimentos e emoções mais ou menos intensos, que afetam a objetividade do grupo, reduzindo-a a um
mínimo e transformando o clima emocional do grupo.
Intergrupal
Esse conflito ocorre quando temos dois ou mais grupos com um problema a ser resolvido. O conflito
intergrupal é definido como uma incompatibilidade de objetivos, crenças, atitudes ou comportamentos
encontrados entre grupos.

Além disso, para os mediadores, os conflitos também podem ser divididos em quatro espécies. Ainda, tais
espécies podem ocorrer de forma cumulativa em determinadas situações. São elas:
Conflitos de valores

Ocorrem entre pessoas que têm modos diferentes de vida ou critérios divergentes de como avaliar
comportamentos. Os valores surgem como uma expressão cultural específica das necessidades, das
motivações básicas e dos requisitos do desenvolvimento comuns a todos os seres humanos, que podem ser
exemplificados pelas diferenças morais, éticas, religiosas etc. As diferenças reais ou percebidas em termos
de valores não levam necessariamente ao conflito. Este surge apenas quando são impostos valores aos
grupos ou quando se impede que os grupos mantenham os seus sistemas de valores (ONU,2001).
Conflitos de informação

Envolve a falta de informação e a informação errônea, assim como pontos de vista diferentes sobre os dados
que são relevantes, a interpretação desses dados e como é feita a avaliação (ONU,2001). Podem decorrer da
sonegação de dados ou de mensagens mal compreendidas, podendo a informação ser distorcida ou ter uma
conotação negativa.
Conflitos estruturais

São causados pela distribuição desigual ou injusta do poder e dos recursos. Limitações de tempo, padrões de
interação destrutivos e fatores geográficos ou ambientais desfavoráveis (ONU,2001).
Conflitos de interesses

São aqueles que envolvem a concorrência real ou percebida de interesses em relação aos recursos, à forma
de resolver uma disputa ou às percepções de confiança e equidade (ONU,2001).

Níveis de conflito
Ainda podemos falar de diferentes níveis em que o conflito pode ocorrer. São eles:
Latente
O conflito latente pode-se dizer que existe, mas não é dito, porque não é percebida a sua existência por quem
o detém. O conflito está lá, mas escondido, não é notado nem sentido ainda;
Percebido
A pessoa ou as duas partes sabem da existência dele, mas não querem resolvê-lo, talvez por não incomodar o
suficiente, ainda, os envolvidos;
Sentido
É aquele que já atinge ambas as partes, e em que há emoção e consciência da sua existência;
Manifesto
“A agressividade está explícita, os comportamentos são assumidos como tais. Essa agressão explícita pode
variar desde a resistência passiva branda, passando pela sabotagem, até o conflito físico real” (BOWDICTH,
2002, p. 111).

Conflito e mediação
Para lidarmos bem com nossos conflitos interpessoais, devemos desenvolver uma comunicação de caráter
construtivo. A evolução do conflito e suas manifestações ligadas à violência variam de acordo com as
circunstâncias históricas, sociais, culturais e econômicas. Os conflitos, como percebemos, têm aspectos
positivos e negativos, e pode haver um ciclo construtivo e outro destrutivo, a partir de um certo nível. A
visão negativa que temos do conflito está mais ligada ao desgaste emocional que eles geram.

O mediador não encerra o conflito segundo as normas legais, comunicando a sua decisão às partes. Ele
incentiva a construção de um acordo comum, construído a partir dos conhecimentos e com as propostas dos
envolvidos. Sendo assim, o mediador estimula a transformação da curiosidade comum em curiosidade do
conhecimento a respeito da situação.

A mediação é uma prática pedagógica para a autonomia, voltada para a emoção e ligada com a
ressignificação dos conflitos e com a origem dos sentimentos. É importante, na mediação, a escuta do outro,
revelando-se, cada vez mais, como uma prática política e ética na formação e no crescimento do ser humano.

O conflito precisa ser interpretado e elaborado pelos interessados em conjunto com o mediador, pois é dessa
forma que eles poderão ser ressignificados e transformados. O mediador deve tratar o conflito como algo
positivo, sem a percepção de ameaça, atuando com moderação, equilíbrio, naturalidade, compreensão, não
reagindo de forma a lutar ou fugir, pois, se o conflito for visto como uma questão negativa, poderá
desencadear a reação denominada “retorno de luta ou fuga”.

Um manuseio adequado do conflito tem a ver com a gestão das relações emocionais que eles provocam. O
mediador contribui com um outro olhar sobre a questão. Deve fazer com que as partes enxerguem esse
conflito como um espaço de reconstrução, de aprendizado e de formação de sua autonomia. O mediador
precisa cooperar para que o conflito seja visto e analisado de forma pedagógica e, assim, contribuir para que
a mediação seja compreendida como um espaço de aprendizagem das questões que estão sendo discutidas e,
também, dos próprios envolvidos.
Para lidarmos bem com nossos conflitos interpessoais, devemos desenvolver uma comunicação de caráter
construtivo. A evolução do conflito e suas manifestações ligadas à violência variam de acordo com as
circunstâncias históricas, sociais, culturais e econômicas. Os conflitos, como percebemos, têm aspectos
positivos e negativos, e pode haver um ciclo construtivo e outro destrutivo, a partir de um certo nível. A
visão negativa que temos do conflito está mais ligada ao desgaste emocional que eles geram.

AULA 05
Somos todos negociadores, desde crianças e durante toda a nossa vida. Negociar é um ato inevitável em
nosso dia a dia. Negociamos aumento de salário, tentamos chegar a um acordo sobre o preço de uma
mercadoria à venda, tentamos persuadir nosso amigo a ir ao cinema no sábado à noite. Todos esses casos são
exemplos de negociação. Apesar de usarmos a negociação todos os dias, não é fácil realizá-la e, muitas
vezes, as pessoas podem ficar insatisfeitas, com raiva ou cansadas.

A negociação direta é considerada um meio autocompositivo de resolução de conflitos e, a partir dos estudos
sobre negociação da Escola de Direito de Harvard, ganharam uma perspectiva colaborativa, fundamental
para a mediação.

As negociações podem ocorrer de várias formas, e há vários perfis de negociadores. No entanto, o melhor
caminho para uma negociação é a colaboração. A partir dela, haverá a possibilidade de construir o consenso
e de chegar a um acordo, sem o desgaste da relação.
O significado da palavra negotiatus, de origem latina, é “cuidar dos negócios”. A negociação é um fenômeno
muito antigo, usado pela humanidade há muito tempo. Quanto ao seu estudo, as abordagens acadêmicas e
profissionais fizeram a descrição da prática da negociação, ligada às áreas de atuação, como na diplomacia,
no trabalho, na empresa, com diferentes metodologias e focos.

A negociação é o meio pelo qual as pessoas lidam com suas diferenças. Na verdade, negociar é buscar um
acordo por meio de um diálogo. É importante que você perceba que a negociação está de forma permanente
em nossas vidas. Negociamos com nossos pais, nossos filhos, nossos companheiros, ou seja, tanto em nossa
casa, como no trabalho com nossa chefia ou nossos subordinados.
Conceito de negociação
O que se escrevia sobre negociação consistia em estratégias para tirar vantagem sobre o adversário por meio
de truques que só funcionavam se ele não tivesse lido nada sobre o tema. No final da década de 70, a
negociação começou a ser estudada de forma integrada, com metodologia e visando uma aplicabilidade a
qualquer tipo de negociação e útil para todas as partes envolvidas na negociação.

A partir dessa mudança de abordagem da negociação como tema de estudo e desenvolvimento, surgiram
diferentes modelos para a prática da negociação que tiveram a colaboração de várias ciências, como a
Psicologia, o Direito, a Sociologia, a Política, entre outras. Essas disciplinas foram importantes porque
trouxeram contribuições para o aprofundamento das formas como as pessoas podem resolver os seus
problemas juntas, trabalhando e construindo algo sobre as suas diferenças.
Encontramos, na literatura sobre negociação, uma variedade de definições que a conceituam. Vejamos
algumas delas:
1- As partes devem ter interesses em comum – as partes preferem, em conjunto, certos resultados no lugar de
outros.
2- As partes devem ter interesses conflituais – alguns dos resultados desejados são melhores para uma das
partes e outros são melhores para a outra.
3- As partes devem ter possibilidade de comunicar entre si - para que exista a busca de um acordo, é
necessário ter oportunidade de comunicar o que se oferece e o que se aceita.
Depois de nos depararmos com várias definições de negociação, vamos, agora entender a negociação como
um processo.
Negociação como processo
A negociação é um processo em que deverá ocorrer um planejamento prévio, desenvolvimento e conclusões
finais. A necessidade de negociar surge quando duas ou mais partes desejam resolver um conflito, chegando
a um acordo que seja benéfico para todos. O desejo de chegar a um acordo é um requisito que não pode
faltar em uma negociação.
Segundo Moore (1998), para que ocorra o processo de negociação, é imprescindível uma série de quinze
condições, são elas:
1- Partes identificadas que estão dispostas a participar – se uma parte decisiva está ausente ou não está
disposta a negociar, diminui a possibilidade de acordo;
2- Interdependência – para que a negociação seja produtiva, os participantes devem depender uns dos outros
para a satisfação de suas necessidades e interesses;
3- Disposição para negociar – para que comece o diálogo, as partes têm de estar dispostas a negociar;
2
4- Meios de influência ou de pressão – para que as pessoas cheguem a um acordo sobre problemas sobre os
quais discordem, devem possuir alguns meios de influenciar nas atitudes ou nas condutas das outras partes;
5- Acordo em alguns pontos de interesse – em geral, os participantes compartilham alguns pontos de
interesses e outros não;
6- Vontade de acordo – se a continuação de um conflito é mais importante que o acordo, a negociação está
condenada ao fracasso;
7- Resultado imprevisível – as pessoas negociam porque o resultado de não negociar é imprevisível;
8- Urgência e velocidade de tempo – os participantes devem ter uma sensação de urgência e ser conscientes
de que, se não conseguirem uma decisão a tempo, poderão sofrer uma ação adversa ou uma perda de
benefícios;
9- Ausência de impedimentos psicológicos importantes para um acordo – fortes sentimentos expressados ou
silenciados para a outra parte podem afetar a disposição psicológica de uma pessoa para negociar;
10- Os temas têm de ser negociáveis – as partes devem estar conscientes de que há opções de acordo
aceitáveis que tornam possível a participação no processo.
11- As pessoas têm autoridade para decidir – se uma das partes não tem direito legitimado e reconhecido
para decidir, o processo será apenas uma troca de informações entre as partes;
12- Vontade de compromisso – para alcançar uma conclusão satisfatória deve–se ter o compromisso de
aceitação das partes daquela decisão;
13- O acordo deve ser razoável e realizável – os participantes devem ser capazes de construir um acordo
realista e factível;
14- Fatores externos favoráveis ao acordo – devem ser criadas condições externas favoráveis a um acordo;
15- Recursos para negociar – os participantes devem colocar em ação suas habilidades necessárias para
negociar e o compromisso com o diálogo.
Negociação colaborativa, integrativa ou baseada em princípios

Agora que você já conheceu as condições para que ocorra uma negociação, vamos iniciar nossa
aprendizagem sobre a Negociação colaborativa ou baseada em princípios, desenvolvida pela Escola de
Harvard.

A abordagem principal da negociação, utilizada na mediação, é aquela que foge de uma forma de negociar
chamada de posicional. Nesse tipo de negociação, os negociadores se tratam como oponentes, o que acarreta
uma situação em que um ganha e o outro perde. No lugar de analisar os méritos da questão, as partes
pressionam o máximo e cedem o mínimo. Desse modo, pode haver um aumento de raiva e ressentimento,
prejudicando a relação social dos envolvidos e, principalmente, levando uma parte a sentir que está cedendo
às intransigências da outra, enquanto suas preocupações permanecem desatendidas. Voltaremos a apresentar
essa negociação quando abordarmos a barganha distributiva.
Destacamos a importância da negociação colaborativa ou baseada em princípios, que chega a resultados
justos, abordando os reais interesses dos envolvidos, e não suas posições. É muito importante que você
aprofunde seus conhecimentos sobre essa negociação e, para isso, indicamos o livro: Como chegar ao SIM,
de Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton (2005).

Para esses autores, quatro pontos fundamentais são necessários na negociação colaborativa:
Separação das pessoas dos problemas
Os negociadores são pessoas que, em conflito, tendem a misturar questões referentes à relação com a questão
objetiva a ser negociada. Os aspectos pessoais fazem parte da negociação, não podem ser ignorados, mas não
devem se misturar às questões objetivas. O revide em uma discussão não ajudará a solucionar um problema.
As emoções se misturam com frequência aos méritos de uma negociação. As questões subjetivas –
relacionais, emocionais, comunicacionais – devem ser reconhecidas e trabalhadas através de ferramentas
apropriadas que veremos na aula 7.

Dessa forma, antes de atacar as pessoas, deve-se atacar os méritos da negociação. Por exemplo, alguém pode
iniciar uma negociação exigindo que uma pessoa se mude de um condomínio porque não tem educação
quanto à altura do som que costuma escutar. Uma outra forma de iniciar a mesma negociação seria falando
sobre algumas práticas como as proteções acústicas existentes e muitas utilizadas na vizinhança. Ao
estabelecer que o problema é o vizinho, a comunicação fica difícil na negociação.
Foco nos interesses e não nas posições
Um conflito se expressa, primeiro, através de posições. Os autores do livro já citado Como chegar ao Sim
(FISHER; URY e PATTON, 2005), apresentam um exemplo que esclarecerá muito bem o que estamos
querendo dizer.

Exemplo: duas irmãs brigavam por uma laranja. Depois de muita discussão resolveram dividi-la ao meio. A
primeira pegou a sua metade, comeu a polpa e jogou a casca no lixo; a segunda usou a casca de sua metade
para fazer uma geleia e jogou a polpa fora.

Como você explicaria o que aconteceu?

Se elas tivessem usado uma negociação colaborativa e colocado o foco nos seus interesses e não em suas
posições, teriam terminado a negociação integralmente satisfeitas.
Muitos autores costumam representar este tema usando a figura do iceberg. As posições correspondem à
parte visível do iceberg e os interesses o que fica submerso e deve ser descoberto.
Os interesses são identificados por meio de perguntas como: por quê? Com qual finalidade? O que pretendo
ou o que o outro pretende? Para obter a resposta para estas perguntas, clique aqui.

Geração de opções de ganhos mútuos


Muitas vezes, as pessoas em conflito acreditam que apenas existe uma quantidade fixa de recursos a serem
partilhados. Quando uma parte fica atendida na maior parte de seus interesses, a outra se sentirá desatendida.
Neste caso, a ideia é aumentar os recursos disponíveis, gerando novas possibilidades para resolver o conflito.
Os negociadores devem buscar atender os interesses de todos os envolvidos, numa solução ganha-ganha. É
através da geração de novos recursos, articulação de necessidades e possibilidades de cada um dos
negociadores que será possível atender os interesses em comum e criar harmonia entre os diferentes, de
forma a satisfazer a todos os envolvidos.
São diferentes as necessidades dos negociadores e estas podem trabalhar de forma a gerar benefícios mútuos.
O que para um negociador é secundário, para o outro pode não ser, o que pode gerar novos recursos de
negociação.

Utilização de critérios objetivos


Os negociadores devem utilizar critérios objetivos para avaliar as soluções que foram levantadas e para a
tomada de decisão. Como esses critérios são externos, não envolvem a subjetividade das partes na decisão e
evitam a polarização nesse momento. São exemplos: a legislação, o parecer de um técnico, o valor de
mercado etc.
Melhor alternativa à negociação de um acordo (MAANA)
Além dos quatro princípios da Escola de Harvard, um importante conceito é o da melhor alternativa à
negociação de um acordo (MAANA). Trata-se do curso de ação de nossa preferência caso não haja
consenso. É saber o que faremos ou o que vai acontecer se não conseguirmos chegar a um acordo. É
importante observar qual é a MAANA antes de entrar em uma negociação, do contrário, não se saberá se o
acordo será proveitoso ou não.

Por exemplo, Luis XI, rei da França resolveu negociar quando Eduardo IV, rei da Inglaterra, atravessou o
Canal da Mancha para capturar territórios franceses. Sabendo que poderia envolver-se em uma guerra
prolongada e dispendiosa (MAANA), Luis XI calculou que seria melhor fazer um acordo com Eduardo IV.
Assinou um tratado de paz com o rei da Inglaterra, pagando um certo valor adiantado e uma anuidade pelo
resto da vida do monarca inglês, expulsando os ingleses da França. O melhor negócio não é aquele que
prevalece em detrimento do outro, mas aquele que satisfaz os dois lados.
Barganha distributiva e negociação integrativa
É importante lembrar que a escolha do tipo de negociação está ligada a uma série de fatores como:

O objetivo que se tem em mente ao participar da negociação;


O comportamento característico dependendo da abordagem utilizada;
Os resultados alcançados a partir do modelo usado.

Não basta saber que o conflito é uma oportunidade positiva, mas temos de saber em que essa disputa pode
contribuir para a vida das pessoas envolvidas. Em contraposição a essa negociação, temos a barganha
distributiva ou negociação baseada em posições, em que os interesses reais das pessoas não serão
contemplados e sequer discutidos, podendo levar a negociação para um impasse e deterioração das relações.
A barganha distributiva tem como premissa que tudo que se ganhar na negociação é à custa do oponente.
Cada ganho que tiver implica diretamente perda para o outro.

De acordo com o Manual de Mediação Judicial (2013):

O regateio, a barganha, a informação não revelada, a desconfiança na proposta do outro lado, a sensação de
que pode estar sendo enganado, o jogo de concessões mútuas, a necessidade de dividir a diferença ou o
prejuízo, o medo de estar sendo explorado e tantos outros aspectos, fazem parte de um tipo de negociação
impregnado culturalmente em nossa sociedade.

Voltando à aula 4, a partir da Moderna Teoria do Conflito, devemos utilizar as situações de conflito como
uma oportunidade de aprendizado, crescimento e geração de ganhos mútuos. É importante aproveitar a
energia do conflito causado pela divergência de interesses, ideias e valores para construir novas realidades e
relacionamentos, mais produtivos para todos. A negociação integrativa, como já vimos e queremos reforçar
porque ela é fundamental para a mediação, é uma forma de resolver conflitos que leva em conta a satisfação
conjunta dos interesses das pessoas envolvidas. Ela obedece a uma sequência lógica e cronológica de passos
a serem seguidos, diferente da barganha distributiva, em que a resolução da questão acontece de forma
aleatória. Os passos a serem seguidos são:

Habilidades do negociador
Em linhas gerais, as habilidades que os negociadores utilizam depende do tipo de negociação que será
realizada, do método e das estratégias empregadas. No entanto, existe um número significativo de
habilidades que todo negociador deve ter, independente da situação. Resumindo algumas, podemos destacar:

Excelente comunicação;
Flexibilidade;
Criatividade;
Capacidade de observação;
Decisão.

Além disso, não deve superestimar ou subestimar as suas próprias capacidades pois, isso pode levar ao
fracasso da negociação.
Da Psicologia, a mediação utiliza as leituras teóricas sobre o funcionamento emocional humano e
valoriza as emoções como componente fundamental dos desentendimentos. A mediação trabalha,
indiretamente, com as emoções quando se propõe a incluir a restauração da relação social dos
envolvidos.

As abordagens que incluem o relacionamento humano como foco não podem deixar de considerar a
presença da emoção. Segundo Muller; Beiras e Cruz (2007), a mediação utiliza técnicas da Psicologia,
em especial das Psicoterapias, tais como a sumarização positiva e o enquadre, ampliando e tornando
mais compreensíveis as diversas mensagens, além de ressaltar a importância da escuta ativa, da
interpretação do que está por detrás do discurso e da linguagem corporal.
Do material teórico da Psicologia, também são utilizadas estratégias para trabalhar com os conflitos.
Algumas sugerem que se trabalhe com os mais simples, no lugar dos mais complexos, garantindo o
nível motivacional das partes, tornando visível, para elas, a capacidade de resolverem os conflitos de
forma não adversarial.
2ª AULA

Os instrumentos que podem ser utilizados na arbitragem são a cláusula compromissória e o compromisso
arbitral.

Esses dois instrumentos levam as partes para a arbitragem e excluem a participação do Judiciário, desde que
a escolha pela arbitragem tenha sido feita livremente por todos os envolvidos.

Adesão das partes

É importante destacar que ninguém pode ser obrigado a assinar um compromisso arbitral ou um contrato que
contenha a cláusula compromissória.

Contudo, se os envolvidos já fizeram livremente a opção pela arbitragem no passado, não poderão voltar
atrás no futuro e desistir dela, caso surja algum problema. Somente será possível recorrer ao Judiciário se
tiver ocorrido uma violação grave do direito de defesa, bem como em outras situações bem limitadas.

Para saber mais sobre esse assunto, leia a Lei de Arbitragem comentada.

Mediação
Nesta aula, não é o nosso objetivo descrever detalhadamente a mediação, mas apresentá-la com o objetivo de
que você possa diferenciá-la dos demais meios alternativos de resolução de conflitos.

A Mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e impasses, na qual um terceiro,


imparcial, de confiança das partes (pessoas físicas ou jurídicas), livre e voluntariamente escolhido por elas,
intervém, agindo como um “facilitador”, um catalisador, que, usando de habilidade e arte, as leva a encontrar
a solução para as suas pendências. Na Mediação, as partes têm total controle sobre a situação,
diferentemente da Arbitragem, na qual o controle é exercido pelo Árbitro; assim como na Conciliação, pelo
Conciliador.Me

canismos alternativos de resolução de conflitosO que percebemos, na atualidade, é que os limites do


Judiciário, que Mecanismos alternativos de resolução de conflitos

É de fato, uma realidade, que devemos recorrer, só em casos indispensáveis, aos tribunais para resolver
nossas controvérsias. Não apenas pela demora, pela falta de eficiência, mas, sobretudo para alcançar outros
objetivos. É necessário modernizar a prestação jurisdicional, adequando-a a nossa realidade. Isto quer dizer,
torná-la mais democrática, mais justa, mais humana. E para isso devemos mudar nossas mentalidades em
relação aos conflitos entre nós me

smos e a maneira de solucioná-los. Aceitar a possibilidade de, através da utilização de métodos alternativos e
pacíficos de resolução desses conflitos, conciliarmos nossos interesses e alcançarmos a paz tão desejada. É,
sem dúvida, resolvendo nossas controvérsias pacificamente, conciliando nossos intcanismos alternativos de
resolução de conflitos

É de fato, uma realidade, que devemos recorrer, só em casos indispensáveis, aos tribunais para resolver
nossas controvérsias. Não apenas pela demora, pela falta de eficiência, mas, sobretudo para alcançar outros
objetivos. É necessário modernizar a prestação jurisdicional, adequando-a a nossa realidade. Isto quer dizer,
torná-la mais democrática, mais justa, mais humana. E para isso devemos mudar nossas mentalidades em
relação aos conflitos entre nós mesmos e a maneira de solucioná-los. Aceitar a possibilidade de, através da
utilização de métodos alternativos e pacíficos de resolução desses conflitos, conciliarmos nossos interesses e
alcançarmos a paz tão desejada. É, sem dúvida, resolvendo nossas controvérsias pacificamente, conciliando
nossos interesses e conquistando a paz, que teremos a certeza de sempre estarmos alcançando a verdadeira
justiça.

Vamos então ver os principais métodos já citados quando vimos o Acesso à justiça.eram organizados
buscando uma precisão, estão com seu alcance diminuído. A expansão da informática, dos meios de
comunicação e dos transportes vão estabelecendo múltiplas redes de relacionamento. O formalismo demanda
tempo para a solução dos litígios, e o tempo é inimigo da efetividade da função pacificadora.
O Judiciário foi estruturado para atuar sob a orientação de Códigos, cujos prazos e procedimentos tornaram-
se incompatíveis com as várias lógicas, processos decisórios, ritmos e tempos, presentes em nosso mundo
globalizado.

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