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DE CONSUMO
Juliana Oliveira
ESAG- UDESC jujubolind@gmail.com
Patricia Bonini
ESAG-UDESC patriciabonini@gmail.com
RESUMO
I. Introdução
Esse trabalho procura explicar como a utilidade foi sendo desvendada com o passar do
século. Até pouco tempo o indivíduo era considerado um ser racional e calculista que
pauta suas escolhas em um trade-off entre prazer e sofrimento. Freud demosntrou que o
ser humano é atormentado por outras condições e opções além da razão. Percebido o
acontecimento sobre as escolhas e pensamento do ser humano, a neurociência buscou
respostas que esbarraram na economia, pois desmistificam as escolhas do consumidor.
As pesquisas no ramo da neurologia demonstram que o cérebro possui várias partes,
algumas ainda desconhecidas, que são acionadas de diferentes maneiras em diferentes
ocasiões, ou até nas mesmas circunstâncias.
Na década de 1940, Sigmund Freud (1923), dentre outros psicanalistas alertaram sobre
a importância das forças inconscientes e pré-conscientes que determinariam o
1
Publicado originalmente em 1871.
comportamento, o que implicaria que parte das decisões individuais não resultam dos
processos de racionalidade.Subsequentes avanços na metodologia utilizada pela
neurociência (neurofisiologia e neuropsicologia) permitem dividir o cérebro humano
muitas partes, que devem estar relacionadas a diferentes processos. Verifica-se que o
processo de escolha pode resultar da ativação de diferentes partes do cérebro, que
podem ou não ser aquelas associadas à racionalidade. Esses resultados colocam em
questão o modelo de teoria da escolha racional neoclássico que parte do princípio de
racionalidade e gera resultados de que as escolhas são consistentes.
Esse trabalho mostra como o conceito de utilidade faz parte da construção da figura do
agente racional e egoísta, que é a base do modelo neoclássico da teoria do
consumidor.Sendo assim, o afrouxamento das hipóteses de racionalidade e de
invidualismo egoísta é o ponto de partida da neuroeconomia que aborda o problema da
escolha do consumidor aproveitando os benefícios dos desenvolvimentos posteriores
nos campos da neurociência e da psicologia.
O caráter individualista das ações econômicas leva ao argumento de que tais ações são
motivadas pelo máximo prazer com o mínimo de dor, noção esta que é a base para a
teoria do valor-utilidade e,subsequentemente, para a teoria neoclássica. Já a
interdependência entre os indivíduos e entre as instituições econômicas leva à noção de
que existe uma “mão invisível” coordenando as trocas e caracterizando um ambiente de
harmonia social, onde as trocas são justas por resultarem de livre escolha e ao mesmo
tempo, as trocas determinam a alocação de recursos na economia. Por fim, esse modo
de agir, enquanto agente econômico, passou a ser visto pelos pensadores utilitaristas
como sendo ocomportamento humano habitual e a base do processo decisório humano.
Assim, como, por exemplo, Hunt e Sherman (1985) resume, a teoria neoclássica foi
fundamentada no utilitarismo egoísta, no individualismo, na dependência dos mercados,
no financiamento da industrializaçãocom acúmulo de capital e o racionalismo que
fomenta a harmonia social do século XIX.
Também buscando entender como era determinado o valor de troca das mercadorias,
Jean Baptiste Say é considerado um dos mais importantes precursores da tradição
neoclássica. Say (1863) introduziu a noção de utilidade de forma metodológica,
renunciou a abordagem sobre a teoria do valor-trabalho e assegurou a possibilidade de
diferentes agentes produtivos atuarem em sinergia para resultar na produção de bens.
Ele argumentouque somente a utilidade gera valor, de modo que o valor de uso seria o
determinante do valor de troca das mercadorias, sem que houvesse diferença qualitativa
na criação da utilidade. Ao comparar o trabalho e o capital, Say conclui que tanto os
trabalhadores quanto os proprietários do capital tinham motivos morais parecidos para
auferir suas rendas, pois para ambos havia sacrifícios.
A década de 1870 é considerada um marco teórico em economia por ter ocorrido uma
revolução no campo da teoria do valor com as obras de Jevons (1871), Menger (1963) e
Walras (1874) num primeiro momento e depois Marshall (1890). Essas obras
constituem uma reformulação da teoria do valor utilidade que até hoje é o cerne da
teoria neoclássica da escolha do consumidor.
Menger (1963) demonstrou que a relação entre utilidade total e marginal poderia ser
ilustrada graficamente de acordo com a Figura 1 abaixo
Walras criou uma estrutura conceitual e teórica para as relações diferentes dos
mercados. Identificou a influência dos preços vigentes num dado mercado sobre os
preços de outros mercados.
A interpretação econômica dos achados de Freud sugeriria que o consumo pode ser uma
manifestação do comportamento emergente dos conteúdos inconscientes, ou seja, o
comportamento do consumo seria uma das formas de satisfazer desejos inconscientes.
Por exemplo, um carro é um bem de consumo que em princípio tem a finalidade de
transportar pessoas, mas pode ser um objeto que traz uma companhia feminina ou
masculina atraente, que, por sua vez, consiste num desejo inconsciente e a compra do
carro tradeuz esta manifestação, não apenas o objetivo de transporte. Desse modo, o
comportamento do consumidor não está ligado somente à racionalidade ou à utilidade
do modo direto como é elaborado pela teoria econômica tradicional.
III.a Neuroeconomia: a neurociência aplicada à economia
Fonte: http://medicoanimosico.blogspot.com.br/2012/08/matrix-lunar-e-
manipulacao-da-raca.html
Silva (2006), por exemplo, ilustra que cérebro possui uma incógnita de partes, para
conseguir estudar e mensurar o sistema neural, são separadas três partes. Na estrutura
inferior há o cérebro reptiliano associado as funções mais básicas, similares a dos
répteis, reprodução e sobrevivência, sendo esta um sistema binário, sem sentir ou
pensar. Quando a parte reptiliana do cérebro é acionada as duas outras, mamária e
hominídea não funcionam.
Acima observamos uma imagem que demonstra o cérebro com muitas partes, além
disso, cada uma delas possui muitas subáreas que são exploradas, cada uma das quais
podem influenciar diretamente o comportamento do indivíduo, inclusve a conduta de
compra e consumo. O que se tem descoberto é que, além da total ligação entre esses
órgãos com as atitudes dos seres humanos- até porque é ele quem as elabora- muitas
vezes o cérebro atua ou manda agir sem nosso conhecimento e até sem nosso
consentimento, ou seja, sem que tenhamos consciência dessa tal critério. Percebe-se que
há vários mecanismos que podem influenciar em qualquer tipo de escolha do indivíduo,
como por exemplo, o cérebro reptiliano, que embora pareça primitivo, garante a
sobrevivência e está mais ligado ao comportamento de consumo do que era de se
esperar, ou o sistema límbico, que freqüentemente prevalece sobre o córtex, o que
significa que as ações são mais resultados das emoções do que da razão. Assim, ficou
abalada anoção de que algumas reações humanas têm base cultural e social, já que na
maioria das vezes as reações são provocadas por processos cerebrais.
Uma vez que tem-se mostrado que a racionalidade está longe de ser a única forma
determinante das decisões humanas, a neuroeconomia se ocupa de investigar o modo
através do qual as escolhas e a biologia animal afetam o entendimento da utilidade do
indivíduo, de que modo a economia poderia tirar vantagem disso dos conhecimentos
disponíveis.
O sistema reptiliano é usado para proteção, fases mais emotivas e sentimentais são
associadas ao sistema límbico enquanto as decisões são controladas pelo córtex pré-
frontal, utilizado para decisões calculistas. Os procedimentos cerebrais são formulados
de maneira inconsciente e estão relacionados ao consumo, mais do que pensávamos. A
maioria das informações que o cérebro reserva é inconsciente e a maioria de atividades
corriqueiras se encaixa nesse perfil “inconsciente”, por serem automatizadas.
Camargo (2010) aponta que logo que um ganho potencial racional é constatado pela
compra de um bem ou serviço, são percebidos – para o cérebro - um aumento da
possibilidade de se reproduzir e de sobreviver, assim sendo, o sistema cerebral de busca
de recompensa é ativado e, não obstante, no caso em que a tomada de decisão esteja
relacionada com eventuais perdas, o sistema de aversão é acionado para proteger o
organismo de possíveis estragos. O que modula ou ajusta uma ameaça ou oportunidade
é a propaganda e a compreensão do preço do bem. Mas é importante notar que é
possível apenas desvendar padrões e não o funcionamento do sistema em cada pessoa.
Até aqui tem-se buscado elaborar um cronograma sobre como a utilidade é vista pelo
indivíduo e como a tecnologia atualmente disponível aumenta o grau de profundidade
com que se pode analisar o comportamento de escolha dos indivíduos.e evidencia que a
utilidade é mais complexa que um simples trade-off entre prazer e dor. Ela resulta de
diferentes comportamentos, hormônios, diversas disciplinas e uma busca incessante
para desvendar partes cerebrais que ainda escondem possibilidades sobre a forma como
o ser humano se comporta nas escolhas de consumo. É percebido que o consumo é feito
através de inclinações imediatistas, nada calculados, muitas vezes impulsionados pelo
sistema límbico ou reptiliano. O córtex - que é o parceiro racional da teoria neoclássica-
não é o único responsável pelas ações de consumo.
Temos que refletir sobre qual parte do cérebro queremos que nos acompanhe nas
compras de natal, e mesmo se refletirmos, será que fará diferença? Será que
simplesmente não iremos cair em armadilhas cerebrais? Pensamos estar fazendo a
escolha certa, todavia, podemos não estar.
IV. CONCLUSÃO
Desde o século XIX até os dias atuais, a utilidade é representada pelas afirmações da
teoria neoclássica, onde o ser humano racional e calculista busca maximizar sua
satisfação restringido por um trade-off entre prazer e dor.
V. REFERÊNCIAS
Freud, S. The Basic Writings of Sigmund Freud (trans. A.A. Brill). New
York: Modern Library, 1938.
VEBLEN, Thorstein. The Theory of the Leisure Class. 2009. ed. Oxford:
Oxford University Press, 2009. 304 p.