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Língua

Portuguesa
Produção de Texto
9
unidade 1 Construção do humor
unidade 2 Construção da verossimilhança
SARA ALENCAR

1 • 2 • 3 • 4

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Acredite se
quiser...
Uma boa história é sempre
envolvente. Mesmo que a situação
narrada pareça absurda, ela
pode levar o ouvinte ou o leitor
a acreditar no que está sendo
contado. Com o humor não é
diferente: o narrador procura
utilizar recursos convincentes
para conquistar o ouvinte ou o
leitor por meio do riso.

Professor: As páginas de abertura promovem a ve-


rificação e a exploração dos conhecimentos prévios
dos alunos. São um convite à discussão e à leitura de
imagens. As questões elencadas permitem avaliar o
grau de conhecimento da classe e podem orientar
a condução mais adequada dos assuntos que serão
abordados. Deixe que os alunos respondam às per-
guntas livremente.
PHOTOS 12/ALAMY/GLOW IMAGES

A imagem ao lado é de uma cena do filme


O hobbit 2: a desolação de Smaug. Nesse
filme, Bilbo Bolseiro, Gandalf e os anões
continuam sua jornada até a Montanha da
Solidão, para recuperar a Pedra Arken.

Observe a imagem e em seguida responda.

1 Você assistiu a esse filme? Lembra-se dessa cena?


2 Em que cenário a cena acontece? Descreva-o.
3 Por que essa imagem é incomum?
Professor: O encaminhamento de todas as respostas e discussões desta abertura está no Plano de Aulas.

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REPRODUÇÃO

Reúna-se com alguns colegas, conversem sobre o exercício anterior


e respondam às seguintes questões no caderno.

1 O que mais chama a atenção na imagem?


2 A imagem evoca fantasia ou o sobrenatural? Por quê?
3 Se você fosse contar uma história com base apenas nessa cena,
como seria?

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UNIDADE

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Leia estas imagens.
Leitura de imagens
1 Construção do humor

JEAN GALVÃO JEAN GALVÃO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Estudo das imagens
1 Em sua opinião, com que intenção essas imagens foram produzidas?
Resposta pessoal.
Professor: Os alunos devem perceber que as imagens foram elaboradas com a intenção de produzir humor crítico.

As imagens da página ao lado, produzidas por Jean Galvão, são chamadas cartuns.
Cartum é um desenho humorístico ou uma espécie de anedota gráfica que critica e/ou
ironiza atitudes e comportamentos humanos. O cartum normalmente aparece em publi-
cações jornalísticas e algumas vezes acompanha um texto.

2 Observe novamente o primeiro cartum. Por que os pássaros fizeram seu ninho no chifre do boi?
Porque, com o desmatamento das áreas florestais para a utilização como pasto para o gado, não restaram

mais árvores onde os passarinhos possam fazer seu ninho.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

3 Agora observe o segundo cartum. Como pode ser explicada a expressão fisionômica dos personagens?
A expressão fisionômica deles revela perplexidade diante da situação: ter de segurar a árvore para se

proteger da chuva.

4 É possível dizer que os dois cartuns têm o mesmo tema? Justifique sua resposta.
Sim, pois ambos mostram a relação predatória que o ser humano ainda tem com a natureza. O primeiro

cartum pretende mostrar que as atividades econômicas praticadas pelo ser humano (no caso, criar pastos

para o gado) podem provocar desequilíbrios na natureza. O fato de os pássaros não terem as árvores para

construir seus ninhos poderia contribuir para sua extinção. O segundo cartum também mostra efeitos de

atividades econômicas (no caso, a extração de madeira). As árvores podem servir, entre outras coisas, para

para abrigo.

5 A quebra de expectativa é um dos recursos do humor. O que, em cada cartum, assume essa função?
No primeiro cartum, o fato de os pássaros terem feito o ninho no chifre do boi. No segundo, o fato de os

lenhadores usarem, para se proteger da chuva, a árvore que acabaram de cortar.

Existem outros gêneros de desenho humorístico, como a charge, que geralmente


tem caráter político e costuma estar ligada ao noticiário do dia. Assim como o cartum,
a charge se destina à publicação jornalística.
Já a caricatura é um desenho que acentua características marcantes do rosto ou do
corpo de alguém (ou de algo), deformando-as ou exagerando-as.

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Leitura de texto
Esta crônica foi escrita pelo carioca Carlos Eduardo Novaes (1940-).
Qual seria o tema de uma crônica que tem este título: “A cadeira do dentista”?

A cadeira do dentista
Fazia dois anos que não me sentava numa cadeira de dentista. Não que meus dentes esti-
vessem por todo esse tempo sem reclamar um tratamento. Cheguei a marcar várias consultas,
mas começava a suar frio folheando velhas revistas na antessala e me escafedia antes de ser
atendido. Na única ocasião em que botei o pé no gabinete do odontólogo – tem uns seis me-
ses –, quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.
Professor: As acepções dos – Não quero uma dentadura em ouro com incrustações em rubis e esmeraldas – es-
termos do glossário foram,
sempre que possível, pesqui- clareci –, só preciso tratar o canal.
sadas no Dicionário eletrônico
Houaiss da língua portuguesa. – É esse o preço de um tratamento de canal!
Para fins didáticos, foram fei-
tas as adaptações necessárias. – Tem certeza? O senhor não estará confundindo o meu canal com o do Panamá?
Adiei o tratamento. Tenho pavor de dentista. O mundo avançou nos últimos 30 anos,
mas a Odontologia permanece uma atividade medieval. Para mim não faz diferença um “pau
Incluso. de arara” ou uma cadeira de dentista: é tudo instrumento de tortura.
Dente, geralmente do
siso, recolhido dentro Desta vez, porém, não tive como escapar. Os dentes do lado esquerdo já tinham se trans-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do maxilar. formado em meros figurantes dentro da boca. Ao estourar o pré-molar do lado direito, fiquei
Incrustação. restrito à linha de frente para mastigar maminhas e picanhas. Experiência que poderia ter
Enfeite embutido. dado certo, caso tivesse algum jeito para esquilo.
Nuance. A enfermeira convocou-me na sala de espera. Acompanhei-a, após o sinal da cruz, e en-
Detalhe. tramos os dois no gabinete do dentista, que, como personagem principal, só aparece depois
Obturação. do circo armado.
Fechamento do
orifício resultante do – Sente-se – disse ela, apontando para a cadeira.
tratamento de cárie. – Sente-se a senhora – respondi com educada reverência –, ainda sou do tempo em que
Odontólogo. os cavalheiros ofereciam seus lugares às damas.
Dentista.

GETTY IMAGES

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Minhas pernas tremiam. Ela tornou a apontar para a cadeira.
– O senhor é o paciente!
– Eu?? A senhora não quer aproveitar? Fazer uma obturaçãozinha, limpeza de tárta-
ro? Fique à vontade. Sou muito paciente. Posso esperar aqui no banquinho.
O dentista surgiu com aquele ar triunfal de quem jamais teve cárie. Ah! Como ado-
raria vê-lo sentado na própria cadeira extraindo um siso incluso! Mal me acomodei e
ele já estava curvado sobre a cadeira, empunhando dois miseráveis ferrinhos, louco para
entrar em ação. Nem uma palavra de estímulo ou reconforto. Foi logo ordenando:
– Abra a boca.
Tentei, mas a boca não obedeceu aos meus comandos.
– Não vai doer nada!
– Todos dizem a mesma coisa – reagi. – Não acredito mais em vocês!
– Abra a boca! – insistiu ele.
Abri a boca. Numa cadeira de dentista sinto-me tão frágil quanto um recruta diante
do sargento do batalhão.
Ele enfiou um monte de coisas na minha boca e tocou o dente com um gancho.
– Tá doendo?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

– Urgh argh hogli hugli.


Os dentistas são tipos curiosos. Enchem a boca da gente de algodão, plástico, seca-
dores, ferros e depois desandam a fazer perguntas. Não sou daqueles que conseguem
responder apenas movendo a cabeça. Para mim, a dor tem nuances, gradações que vão
além dos limites de um sim-não.
– A anestesia vai impedir a dor – disse ele, armado com uma seringa.
– E eu vou impedir a anestesia – respondi duro segurando firme no seu pulso.
Ele fez pressão para alcançar minha pobre gengiva. Permaneci segurando seu pulso.
Ele apoiou o joelho no meu baixo-ventre. Continuei resistindo, em posição defensiva.
Ele subiu em cima de mim. Miserável! Gemi quase sem forças. Ele afastou a mão que
agarrava seu pulso e desceu com a seringa. Lembrei-me de Indiana Jones e, num gesto
rápido, desviei a cabeça. A agulha penetrou a poltrona. Peguei o esguichador de água e
lancei-lhe um jato no rosto. Ele voltou com a seringa.
– Não pense que o senhor vai me anestesiar como anestesia qualquer um – disse,
dando-lhe um tapa na mão.
A seringa voou longe e escorregou pelo assoalho. Corremos os dois pra alcançá-
-la, caímos no chão, embolados, esticando os braços para ver quem pegava a seringa.
Tapei-lhe o rosto com meu babador e cheguei antes. A situação se invertera: eu estava
por cima.
– Agora sou eu quem dá as ordens – vociferei, rangendo os dentes. – Abra a boca!
– Mas... não há nada de errado com meus dentes.
– A mim você não engana. Todo mundo tem problemas dentários. Por que só você
iria ficar de fora? Vamos, abra essa boca!
– Não, não, não. Por favor – implorou. – Morro de medo de anestesia.
Era o que eu suspeitava. É fácil ser corajoso com a boca dos outros. Quero ver con-
tinuar dentista é na hora de abrir a própria boca. Levantei-me, joguei a seringa para o
lado e disse-lhe, cheio de desprezo:
– Você não passa de um paciente!
NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2003. p. 53-55.

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Estudo do texto Professor: Para questões adicionais sobre o gênero textual,
consulte o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Compreensão do texto
1 Suas previsões a respeito do tema da crônica feitas com base no título se confirmaram? Justifique.
Resposta pessoal.

2 Qual é o tema da crônica?


A crônica trata da relação entre paciente e dentista, e principalmente sobre o medo que algumas

pessoas têm desse profissional.

3 Quais são os personagens que participam dessa crônica?


O paciente, o dentista e a enfermeira.

4 Quem é o narrador nessa crônica?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O próprio paciente.

5 Em que lugar as situações se desenvolvem?


No consultório do dentista.

6 Qual das situações narradas na crônica pode acontecer no dia a dia?


A ida ao dentista.

A crônica “A cadeira do dentista” é do tipo narrativo. Apresenta uma situação do coti-


diano e se desenvolve com poucos personagens em um espaço restrito.

7 O narrador afirma que “tem pavor de dentista”. Como ele justifica esse pavor?
Para ele, a odontologia é uma atividade medieval e a cadeira do dentista é um instrumento de

tortura.

8 Releia este trecho.

Ele fez pressão para alcançar minha pobre gengiva. Permaneci segurando seu pulso.
Ele apoiou o joelho no meu baixo-ventre. Continuei resistindo, em posição defensiva.
Ele subiu em cima de mim. Miserável! Gemi quase sem forças. Ele afastou a mão que
agarrava seu pulso e desceu com a seringa. Lembrei-me de Indiana Jones e, num gesto
rápido, desviei a cabeça. A agulha penetrou a poltrona. Peguei o esguichador de água e
lancei-lhe um jato no rosto. Ele voltou com a seringa.

a) O que o trecho descreve?


A luta entre o dentista e o paciente narrador.

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b) Se não houvesse uma seringa na mão do dentista, de que tipo de texto ou filme essa descrição
poderia fazer parte?
A descrição, sem a seringa, poderia fazer parte de um texto ou filme de ação ou aventura.

c) Em uma crônica, qual é o efeito dessa descrição?


O efeito é de humor, cômico.

9 Identifique na crônica um trecho que provoque o mesmo efeito da descrição apresentada na


questão 8. Professor: Os alunos podem apontar o trecho em que o narrador sugere à enfermeira que se sente na
cadeira ou a conclusão da disputa entre paciente e dentista.

Análise da construção do humor


1 Discuta com um colega: Por que a crônica “A cadeira do dentista” desperta humor?
Resposta pessoal.
Professor: Espera-se que os alunos percebam que a graça da crônica está no inusitado das situações, na maneira caricata
como dentista e paciente são apresentados e na descrição da disputa entre ambos.

2 Selecione as passagens mais engraçadas da crônica. Justifique suas escolhas.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Respostas possíveis: o paciente querer trocar de lugar com a enfermeira; o paciente enfrentar o dentista no

corpo a corpo, colocá-lo em seu lugar como paciente e ameaçá-lo com a anestesia; o paciente comparar seu

tratamento de canal a uma dentadura de joias etc.


Professor: Os alunos devem perceber que, nesses casos, o humor é construído a partir de uma situação absurda.

3 Considere como o dentista e o paciente são caracterizados na crônica e responda às questões a seguir.
a) Por que é possível afirmar que há certo preconceito na maneira como o dentista é retratado na
crônica?
Porque nem todos os dentistas agem como o dentista da crônica, com indiferença e de forma

impositiva.

b) Todos os pacientes se comportam da mesma forma que o da crônica? Justifique.


Não, pois há pacientes que não se incomodam com tratamentos dentários.

c) O fato de dentista e paciente se comportarem dessa forma torna a crônica mais divertida? Por quê?
Resposta pessoal.
Professor: Espera-se que os alunos percebam que a caracterização e o comportamento dos personagens tornam
o texto mais divertido, por causa do exagero das situações.
Entrelinha. O que
está implícito no
texto; dedução mental
que exige percepção
ou comentário.
Existem textos humorísticos que tornam cômicas as situações corriqueiras, aparente-
Estereótipo. Ideia
mente interessados apenas em divertir, sem deixar de fazer, nas entrelinhas, críticas a preconcebida sobre
assuntos importantes. algo ou alguém
e resultante de
Há ainda textos humorísticos que se baseiam em estereó­tipos, em julgamentos equivo- prejulgamento ou de
cados, e fazem generalizações falsas, reproduzindo preconceitos. falsas generalizações.

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4 Que tipo de humor está presente na crônica “A cadeira do dentista”? Justifique sua resposta.
O texto contém variados tipos de humor. Ao partir de um evento corriqueiro – a ida ao dentista –, o autor

cria humor com a generalização de que todo dentista provoca dor, cobra caro etc. Podemos

observar também o uso de ironias e exageros para descrever várias situações.

5 Releia este trecho.

Lembrei-me de Indiana Jones e, num gesto rápido, desviei a cabeça. A agulha pene-
trou a poltrona. Peguei o esguichador de água e lancei-lhe um jato no rosto. Ele voltou
com a seringa.

a) Quem é Indiana Jones? Por que ele teria sido citado pelo narrador?
O personagem Indiana Jones, protagonista de filmes, livros e videogames que levam seu nome, é um

arqueólogo que vive aventuras ambientadas especialmente nas décadas de 1930 a 1950. Entre seus

feitos, enfrentou vilões diversos e escapou de armadilhas elaboradas – o que pode ter inspirado o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
narrador a comparar sua própria destreza à do herói.

b) Saber quem é Indiana Jones é importante para compreender o que o narrador descreveu?
Por quê?
Sim, pois assim o leitor entende que a postura do paciente foi tão heroica quanto a de Indiana Jones.

O repertório do leitor (conhecimento de mundo, valores da comunidade em que vive,


cultura pop etc.) é importante para que ele entenda diversos aspectos de um texto, inclu-
sive o humor.

6 Leia o fragmento a seguir.

Diz a lenda que Einstein descobriu um conceito fundamental da sua teoria da relati-
vidade enquanto andava de elevador. Parece que ele olhou para a lâmpada do elevador
e pensou em como a luz daquela lâmpada se deslocava dentro do elevador enquanto ele
subia, ou descia, sei lá. A inspiração de Einstein deve-se muito à timidez de sua acom-
panhante no elevador. Ela não puxou conversa sobre o clima, ficou aquele silêncio, ele
ficou constrangido, olhou para cima, viu a lâmpada e organizou todo o universo. O fato
de ele estar pensando naquilo todo dia há trinta anos também ajudou.
FURTADO, Jorge. Velásquez e a teoria quântica da gravidade. Em: Meu tio matou um cara.
Porto Alegre: L&PM, 2002. p. 103.

a) Assinale a alternativa que apresenta os fatores que melhor explicam o humor nesse texto.
( ) A linguagem debochada do autor e o absurdo da lenda sobre a teoria de Einstein.
( ) A linguagem debochada do autor e o comentário sobre o tempo dedicado por Einstein
na elaboração da teoria.
( X ) A linguagem debochada do autor, a explicação para a lenda sobre Einstein e o comentário
sobre o tempo dedicado por Einstein na elaboração da teoria.

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b) O humor nesse texto é semelhante ao humor do texto “A cadeira do dentista”? Por quê?
Espera-se que os alunos percebam que não, pois o primeiro texto é divertido por apresentar uma

situação absurda e o segundo por desenvolver uma explicação improvável a respeito de uma teoria.

c) Em qual dos dois textos o humor é mais explícito?


Na crônica.

O humor resulta do entrecruzamento de vários elementos: o absurdo de certas situações,


os estereótipos, o duplo sentido das palavras, o exagero, os defeitos alheios, o inesperado etc.

7 Na crônica “A cadeira do dentista”, a construção do humor é feita principalmente pelo exagero,


pela situação absurda. Justifique essa afirmação com um trecho do texto.
O absurdo está presente em diversos trechos. Explore as possibilidades com os alunos.

8 Leia esta tira.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CALVIN BILL WATTERSON

© 1992 WATTERSON/DIST. BY ATLANTIC SYNDICATION/


UNIVERSAL UCLICK
a) Que tipo de comportamento pode ser percebido no discurso de Calvin?
O comportamento de se omitir, se alienar, e depois, quando tudo der errado, pôr a culpa nos outros.

b) O tigre Haroldo afirma: “É um bom plano de autorrealização”. Ele realmente considera o plano
de Calvin bom? Justifique.
Não, porque a postura de Calvin – ficar omisso diante dos fatos – na verdade é um péssimo plano de

autorrealização. O tigre Haroldo foi irônico com Calvin.

c) A tira leva o leitor a alguma reflexão? Explique.


Sim, à reflexão a respeito da responsabilidade de cada um em relação aos problemas da sociedade em

que vive e à necessidade de se posicionar.

O tigre Haroldo responde a Calvin com ironia. A ironia é uma figura de linguagem
mediante a qual se diz o contrário do que as palavras ou as frases querem dar a entender.
Embora seja próxima do humor, a ironia tem intenção depreciativa ou sarcástica.

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9 Leia esta tira.
HAGAR DIK BROWNE

© 2010 KING FEATURES/IPRESS


a) Nessa tira, o humor se constrói com base em que elementos?
O rapaz que veio ver a filha de Hagar se dirige a ele como avô dela, o que dá a entender que o achou

bem mais velho do que é. Para se vingar, Hagar aperta exageradamente a mão do pretendente ao

cumprimentá-lo, dando provas de sua força física, o que leva o rapaz a desfazer o mal-entendido.

b) Que aspectos do desenho contribuem para a produção de humor?


A expressão do rosto e a postura corporal do rapaz, que expressam dor, o chapéu caindo de sua

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cabeça, o suor, o destaque para as palavras avô e pai, nos balões, somados à atitude e à expressão

impassível de Hagar, que aperta a mão do rapaz sem dizer nada, contribuem para a situação de

humor apresentada na tira.

c) Que valores estão implícitos no humor dessa tira?


A valorização da juventude por Hagar, que não quer ser considerado velho, e a questão do respeito aos

mais velhos nas relações sociais.

d) Em sua opinião, como o jovem deveria ter se dirigido a Hagar, ao chegar, de modo a não
aborrecê-lo?
Resposta possível: “Boa noite! Eu sou Fulano de Tal. E o senhor?”.

e) Se o jovem tivesse se dirigido a Hagar de modo a não aborrecê-lo, a tira seria engraçada? Por quê?
Não, porque é justamente no desentendimento entre Hagar e o jovem que se dá o humor.

10 Acesse o site <www.companhiadasletras.com.br/trechos/87029.pdf>. No PDF, leia nas páginas


51-54 o texto de Machado de Assis que trata das regras para uso dos que frequentam bondes.
Você gosta da forma como Machado constrói o humor no texto?

Atividades de linguagem
1 Releia estes trechos.

(1) O mundo avançou nos últimos 30 anos, mas a Odontologia permanece uma
atividade medieval.
(2) (...) quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente
para o bolso.

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a) Explique o sentido do trecho 1.
Resposta possível: A odontologia é uma atividade tão atrasada e sem recursos técnicos que parece

pertencer à época medieval.

b) Explique o sentido do trecho 2.


Significa que o narrador teria de gastar muito dinheiro, o que era mais sofrido que a dor de dente.

2 Leia esta comparação extraída do texto.

Numa cadeira de dentista sinto-me tão frágil quanto um recruta diante do sargento
do batalhão.

a) Que relação pode ser estabelecida entre recruta/paciente e dentista/sargento?


Uma relação de autoridade e poder.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Explique a comparação, considerando sua resposta à questão a.


Tanto o paciente quanto o recruta estão subordinados a uma autoridade e a um poder. O paciente, ao

dentista; o recruta, ao sargento.

3 Releia este diálogo.

– Não quero uma dentadura em ouro com incrustações em rubis e esmeraldas – es-
clareci –, só preciso tratar o canal.
– É esse o preço de um tratamento de canal!
– Tem certeza? O senhor não estará confundindo o meu canal com o do Panamá?

a) O que o paciente procura ressaltar com a descrição da dentadura e a menção ao canal do


Panamá?
Ele ressalta o preço altíssimo de um tratamento de canal.

b) De que outra maneira o paciente poderia se dirigir ao dentista com a mesma intenção?
Resposta pessoal.

4 Releia esta fala.

– Todos dizem a mesma coisa – reagi. – Não acredito mais em vocês!

A quem o paciente se refere com os pronomes destacados?


Aos dentistas em geral.

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Produção de texto
Professor: Na Plataforma
UNO, há uma proposta adi-
cional de produção de texto
também do gênero crônica
Leitura de crônica de humor
de humor.
Leia este texto de Sérgio Porto (1923-1968), mais conhecido como Stanislaw Ponte Pre-
Professor: No Plano de Au- ta, cronista brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro e escreveu suas obras nas décadas de
las há mais informações so- 1950 e 1960.
bre o autor.

Prova falsa
Casimira. Tecido
Quem teve a ideia foi o padrinho da caçula – ele me conta. Trouxe o cachorro de pre-
leve de lã usado para
roupas masculinas. A sente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho.
casimira inglesa é tida Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obe-
como excelente.
diente e com um mínimo de educação.
Chato de galocha.
Indivíduo muito – Mas o cachorro era um chato – desabafou.
incômodo.
Desses cachorrinhos de raça, cheios de nhe-nhe-nhem, que comem comidinha es-
Espinafrar. pecial, precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não
Criticar duramente.
bastasse, implicava com o dono da casa.
Exemplado.
Punido, castigado. – Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas, quando eu entrava em casa, vinha

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nhe-nhe-nhem. logo com aquele latido fininho e antipático de cachorro de francesa.
Expressão da Ainda por cima era puxa-saco.
linguagem coloquial
que tem, aqui, o Lembrava certos políticos da oposição, que espinafram o ministro, mas quando estão
sentido de cheio com o ministro ficam mais por baixo que tapete de porão. Quando cruzavam num corre-
de luxos, cuidados,
frescuras, nove-horas. dor ou qualquer outra dependência da casa, o desgraçado rosnava ameaçador, mas quando
Sopa. Gíria que, nesse
a patroa estava perto abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo.
contexto, significa – Quando eu reclamava, dizendo que o cachorro era um cínico, minha mulher brigava
“facilidade”.
comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido e eu é que implicava com o “pobrezinho”.
Num rápido balanço poderia assinalar: o cachorro comeu oito meias suas, roeu a
manga de um paletó de casimira inglesa, rasgara diversos livros, não podia ver um pé
de sapato que arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua casa estava se tornando
insuportável. Estava vendo a hora em que se desquitava por causa daquele bicho cretino.
Tentou mandá-lo embora umas vinte vezes e era uma choradeira das crianças e uma
espinafração da mulher.
– Você é um desalmado – disse ela, uma vez.
Venceu a guerra fria com o cachorro graças à má educação do adversário. O cãozinho
começou a fazer pipi onde não devia. Várias vezes exemplado, prosseguiu no feio vício.
Fez diversas vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da filha maior. Quatro ou
cinco vezes fez nos brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi que fez em
cima do vestido novo de sua mulher.
– Aí mandaram o cachorro embora? – perguntei.
– Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-lo de presente a um amigo que ado-
ra cachorros. Ele está levando um vidão em sua nova residência.
– Ué... mas você não o detestava? Como é que arranjou essa sopa pra ele?
– Problema de consciência – explicou: – O pipi não era dele.
E suspirou cheio de remorso.
PORTO, Sérgio (Stanislaw Ponte Preta). Prova falsa.
Em: Dois amigos e um chato. São Paulo: Moderna, 1986. p. 52-56.
(Coleção Veredas.)

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Características da crônica de humor
1 A linguagem empregada no texto é formal ou informal? Explique e dê exemplos.
A linguagem é informal, do dia a dia, o que se nota pelo emprego de termos como: chato de galocha, sopa,

pipi, nhe-nhe-nhem, puxa-saco etc.

2 As gírias e expressões coloquiais presentes na crônica ainda são usadas nos dias de hoje?
A maioria delas sim, apesar de haver palavras e expressões mais recentes que têm o mesmo significado.

Exemplo: sopa pode ser o mesmo que bico, fichinha, baba etc.

3 Em que situações não é adequado usar gírias?


Em situações formais, em que se deve usar a variedade padrão da língua portuguesa.

4 Quem são os dois personagens que conversam na crônica?


O narrador e seu amigo, que lhe conta a história do cãozinho.

5 No final da história, o amigo do narrador “suspirou cheio de remorso”. Explique por quê.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Porque o pipi encontrado nas diversas situações não era do cachorro, mas provavelmente do amigo do

narrador, que conta a história.

6 O título da crônica é “Prova falsa”. Por quê?


Porque o amigo do narrador “plantou”, “fabricou” a prova contra o cachorro, a fim de levá-lo embora de sua

casa.

7 De que recursos se serviu o autor para criar o humor presente na crônica?


Ele recorreu a um fato cotidiano e criou um final inesperado.

8 Em sua opinião, a crônica faz alguma crítica?


Sim, quando compara a atitude do cachorro à de “certos políticos da oposição”, que o autor considera

puxa-sacos e fingidos.

9 Existe algum paralelo entre as crônicas "A cadeira do dentista" e “Prova falsa”?
As duas crônicas relatam situações do cotidiano com humor e linguagem simples.

É característico da crônica tratar de temas ligados ao cotidiano, utilizando linguagem


simples e coloquial.
A principal intenção da crônica de humor é fazer o leitor rir. Por isso, há certo exagero
nas descrições e na narração dos fatos, além de um final inesperado.
Algumas crônicas têm como característica uma posição crítica a respeito de determina-
dos assuntos.

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Produção de crônica de humor
Agora você vai escrever uma crônica de humor. Ela fará parte de uma antologia, que será doada para
a biblioteca da escola.

Antologia é uma seleção de textos em prosa e/ou em verso da qual podem participar
diversos autores.
A antologia pode ser organizada de acordo com o tema, a época, a autoria etc.

Aquecimento

1. Procure lembrar-se de algum fato engraçado que ocorreu com você ou com algum conhecido seu.

2. Invente desdobramentos para esse fato e registre-os por escrito livremente.

Planejamento e produção

1. Crie dois ou mais personagens que farão parte de sua crônica.

2. Pense em como usar os recursos da ironia, do exagero, do duplo sentido das palavras, dos aconte-
cimentos inesperados.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3. Dependendo da situação e do contexto, você também pode usar gírias e expressões coloquiais.

4. Escreva o texto que você planejou.

Avaliação

1. Peça a um colega que leia o texto que você escreveu e, juntos, avaliem-no, considerando os se-
guintes aspectos:
• Seu colega encontrou passagens engraçadas no texto?
• A narrativa ficou clara para ele?
• A linguagem está adequada ao contexto?
• Que recursos estudados nesta unidade você conseguiu empregar?

2. Comente o texto do colega, ressaltando os aspectos positivos e sugerindo-lhe possíveis modificações.

3. Ouça os comentários do colega a respeito de seu texto e faça as alterações que julgar necessárias.

Apresentação

1. Passe seu texto a limpo e junte-o aos dos demais colegas, para organizar uma antologia.

2. Decidam se as crônicas vão ser encadernadas ou organizadas em uma pasta.

3. Organizem um sumário com o título de todas as crônicas e o nome dos autores por ordem alfabé-
tica de autor ou de título.

4. Escolham um nome para a antologia.

5. Elejam um colega para fazer a capa da antologia, que deve conter o título e ser ilustrada.

6. Façam cópias do material produzido para mostrar aos familiares e amigos. Ofereçam um exemplar
para o acervo da biblioteca da escola.

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Hora de pesquisa
Vocês vão realizar uma pesquisa. O tema será: “Gírias e outras expressões coloquiais”.

A linguagem está sempre mudando.


As gírias, por exemplo, nascem em um determinado grupo social e, por sua expres-
sividade, estendem-se à linguagem familiar, assim como à de outros grupos sociais.
As gírias entram e saem de moda ao longo do tempo.

Primeira etapa

1. Reúnam-se em grupos, conforme a orientação do professor, para pesquisar as gírias e expressões


coloquiais usadas por diferentes grupos sociais.

2. Pesquisem gírias e expressões coloquiais:


• relacionadas à moda;
• relacionadas à música;
• relacionadas à dança;
• relacionadas aos vários esportes, como surfe, futebol, vôlei, basquete etc.;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• usadas pelos adolescentes em geral.

3. Selecionem revistas, suplementos de jornais especializados, textos da internet, entre outros, em


que as gírias e expressões coloquiais aparecem nos diferentes contextos.

4. Para aprofundar a pesquisa, entrevistem pessoas especializadas no tema dessa proposta, como
professores de Língua Portuguesa, linguistas etc., assim como pessoas ligadas às áreas de moda,
música, esportes etc.

5. Elaborem um cartaz com as gírias e as expressões coloquiais pesquisadas, assim como o(s) texto(s)
em que elas aparecem.

6. Desenhem ou colem imagens para ilustrar uma ou mais gírias e expressões coloquiais que com-
põem o cartaz de seu grupo.

Segunda etapa

1. Combinem o tempo que cada grupo terá para fazer a exposição oral do cartaz elaborado.

2. Ensaiem entre vocês a apresentação do grupo, combinando o que cada um vai falar e de quanto
tempo disporá.

3. Usem uma linguagem adequada à situação.

4. Ouçam atentamente a apresentação dos outros grupos e esperem sua vez de falar. A ordem das
apresentações será definida pelo professor.

5. Terminadas todas as apresentações, os grupos podem trocar impressões entre si, comentando as
informações obtidas, as gírias e expressões que mais apareceram, quais acharam mais curiosas, o
contexto em que são usadas etc.

Terceira etapa

Exponham os cartazes em um local previamente combinado com o professor e a direção da escola,


de modo que outras turmas possam ter acesso a eles.

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2 Construção
UNIDADE

da
verossimilhança
Leitura de imagem
Leia esta imagem.

AUTVIS, SÃO PAULO, BRASIL, 2010 – ADAGP, PARIS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ceci n’est pas une pomme [Isto não é uma maçã], 1964, de René Magritte.
Óleo sobre tela, 142 × 100 cm. Museu René Magritte, Bruxelas, Bélgica.

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Estudo da imagem
1 O que está representado na tela?
Uma maçã.

2 O pintor belga René Magritte (1898-1967) nomeou o quadro com a frase Ceci n’est pas une pomme,
em francês, que significa “Isto não é uma maçã”. Que intenção ele deve ter tido ao dar esse nome
à obra?
Resposta pessoal.

Professor: Os alunos devem perceber que, ao retratar uma maçã, o quadro faz apenas uma representação.

3 Que elementos da pintura permitem responder prontamente que o objeto pintado é uma maçã?
A imagem figurativa da maçã, que a representa de maneira realista.

4 Em sua opinião, o nome sugerido pelo pintor é adequado? Por quê?


Resposta pessoal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5 Pode-se dizer que a frase escrita na tela é apenas uma representação, como a maçã?
Sim, pois uma frase escrita é também a representação da linguagem verbal.

6 Se a frase escrita por Magritte fosse retirada da tela, seria possível chegar facilmente à mesma
conclusão que ele?
Não, pois é ela que sugere ao observador a análise de que uma imagem é apenas a representação

de uma coisa real.

7 Se você fosse o responsável por nomear o quadro, que nome daria a ele?
Resposta pessoal.

8 Todas as afirmações abaixo podem ser associadas à obra de Magritte e a seu título, com exceção
de uma. Assinale-a.
( X ) A imagem de um objeto não é o mesmo que o objeto.
( X ) As coisas podem não ser o que parecem.
( X ) A obra de Magritte prima pela criação de imagens fantásticas.
( X ) O desenho de Magritte tem clareza e nitidez.

Na obra de Magritte, diante da imagem realista de uma maçã, o espectador é advertido


pelo próprio artista de que não se trata de uma fruta verdadeira, mas da representação de
algo que se assemelha a ela.
Trata-se do recurso da verossimilhança, cujo resultado é a coerência entre os diferen-
tes elementos da obra.
Sabe-se, por exemplo, que o ser humano não voa, mas aceita-se a ideia de que um su-
per-herói possa fazê-lo. Por quê? Porque, na história da qual ele faz parte, essa capacidade
é coerente com as condições especiais criadas para que isso pareça verdadeiro.

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Leitura de texto
Você vai ler o conto “A caçada”, da paulistana Lygia Fagundes Telles (1923-), uma
das maiores escritoras brasileiras. Observe como ela conduz a narrativa neste texto
surpreendente.

A caçada
A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus panos embo-
lorados e livros comidos de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha
de quadros. Uma mariposa levantou voo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos
decepadas.
– Bonita imagem – disse.
A velha tirou um grampo do coque e limpou a unha do polegar. Tornou a enfiar o
grampo no cabelo.
– É um São Francisco.
Ele então se voltou lentamente para a tapeçaria que tomava toda a parede no fundo
da loja. Aproximou-se mais. A velha aproximou-se também.
– Já vi que o senhor se interessa mesmo é por isso. Pena que esteja nesse estado.
Esmaecido. Que O homem estendeu a mão até a tapeçaria, mas não chegou a tocá-la.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
perdeu a cor,
desbotado. – Parece que hoje está mais nítida...
Muxoxo. Tédio; – Nítida? – repetiu a velha, pondo os óculos. Deslizou a mão pela superfície puída.
desdém. – Nítida como?
Puído. Bastante gasto – As cores estão mais vivas. A senhora passou alguma coisa nela?
em decorrência do
uso prolongado. A velha encarou-o. E baixou o olhar para a imagem de mãos decepadas. O homem
Retesado. Esticado. estava tão pálido e perplexo quanto a imagem.
Seta. Flecha. – Não passei nada, imagine... Por que o senhor pergunta? 
Touceira. Grande – Notei uma diferença.
agrupamento de
plantas; conjunto de – Não, não passei nada, essa tapeçaria não aguenta a mais leve escova, o senhor não
plantas da mesma vê? Acho que é a poeira que está sustentando o tecido – acrescentou, tirando novamente
espécie que nascem
o grampo da cabeça. Rodou-o entre os dedos com ar pensativo. Teve um muxoxo: – Foi
muito próximas.
um desconhecido que trouxe, precisava muito de dinheiro. Eu disse que o pano estava
por demais estragado, que era difícil encontrar um comprador, mas ele insistiu tanto...
Preguei aí na parede e aí ficou. Mas já faz anos isso. E o tal moço nunca mais me apare-
ceu.
– Extraordinário...
A velha não sabia agora se o homem se referia à tapeçaria ou ao caso que acabara de
lhe contar. Encolheu os ombros. Voltou a limpar as unhas com o grampo.
– Eu poderia vendê-la, mas quero ser franca, acho que não vale mesmo a pena. Na
hora que se despregar é capaz de cair em pedaços.
O homem acendeu um cigarro. Sua mão tremia. Em que tempo, meu Deus! em que
tempo teria assistido a essa mesma cena. E onde?...
Era uma caçada. No primeiro plano, estava o caçador de arco retesado, apontando
para uma touceira espessa. Num plano mais profundo, o segundo caçador espreitava
por entre as árvores do bosque, mas era apenas uma vaga silhueta cujo rosto se reduzira
a um esmaecido contorno. Poderoso, absoluto era o primeiro caçador, a barba violenta
como um bolo de serpentes, os músculos tensos, à espera de que a caça levantasse para
desferir-lhe a seta.

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O homem respirava com esforço. Vagou o olhar pela tapeçaria que tinha a cor esver-
deada de um céu de tempestade. Envenenando o tom verde-musgo do tecido, destaca-
vam-se manchas de um negro-violáceo que pareciam escorrer da folhagem, deslizar pelas
botas do caçador e espalhar-se no chão como um líquido maligno. A touceira na qual a
caça estava escondida também tinha as mesmas manchas, que tanto podiam fazer parte
do desenho como ser simples efeito do tempo devorando o pano.
– Parece que hoje tudo está mais próximo – disse o homem em voz baixa. – É como
se... Mas não está diferente?
A velha firmou mais o olhar. Tirou os óculos e voltou a pô-los.
– Não vejo diferença nenhuma.
– Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta...
– Que seta? O senhor está vendo alguma seta?
– Aquele pontinho ali no arco...
A velha suspirou:
– Mas esse não é um buraco de traça? Olha aí, a parede já está aparecendo, essas
traças dão cabo de tudo – lamentou disfarçando um bocejo. Afastou-se sem ruído com
Arquejante.
suas chinelas de lã. Esboçou um gesto distraído. – Fique aí à vontade, vou fazer um chá. Ofegante.
O homem deixou cair o cigarro. Amassou-o devagarinho na sola do sapato. Apertou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Embuçado. Com
os maxilares numa contração dolorosa. Conhecia esse bosque, esse caçador, esse céu – o rosto tapado,
deixando de fora
conhecia tudo tão bem, mas tão bem! Quase sentia nas narinas o perfume dos eucaliptos,
apenas os olhos.
quase sentia morder-lhe a pele o frio úmido da madrugada, ah, essa madrugada! Quan-
Esgrouvinhado.
do? Percorrera aquela mesma vereda, aspirara aquele mesmo vapor que baixava denso do Desalinhado,
céu verde... Ou subia do chão? O caçador de barba encaracolada parecia sorrir perversa- desgrenhado.
mente embuçado. Teria sido esse caçador? Ou o companheiro lá adiante, o homem sem
cara espiando por entre as árvores? Uma personagem de tapeçaria. Mas qual? Fixou a
touceira onde a caça estava escondida. Só folhas, só silêncio e folhas empastadas na som-
bra. Mas detrás das folhas, através das manchas pressentia o vulto arquejante da caça.
Compadeceu-se daquele ser em pânico, à espera de uma oportunidade para prosseguir
fugindo. Tão próxima a morte! O mais leve movimento que fizesse, e a seta... A velha
não a distinguira, ninguém poderia percebê-la, reduzida como estava a um pontinho
carcomido, mais pálido do que um grão de pó em suspensão no arco.
Enxugando o suor das mãos, o homem recuou alguns passos. Vinha-lhe agora uma
certa paz, agora que sabia ter feito parte da caçada. Mas essa era uma paz sem vida, im-
pregnada dos mesmos coágulos traiçoeiros da folhagem. Cerrou os olhos. E se tivesse
sido o pintor que fez o quadro? Quase todas as antigas tapeçarias eram reproduções de
quadros, pois não eram? Pintara o quadro original e por isso podia reproduzir, de olhos
fechados, toda a cena nas suas minúcias: o contorno das árvores, o céu sombrio, o caça-
dor de barba esgrouvinhada, só músculos e nervos apontando para a touceira... “Mas se
detesto caçadas! Por que tenho que estar aí dentro?”
Apertou o lenço contra a boca. A náusea. Ah, se pudesse explicar toda essa familiari-
dade medonha, se pudesse ao menos... E se fosse um simples espectador casual, desses
que olham e passam? Não era uma hipótese? Podia ainda ter visto o quadro no original,
a caçada não passava de uma ficção. “Antes do aproveitamento da tapeçaria...”, murmu-
rou, enxugando os vãos dos dedos no lenço.
Atirou a cabeça para trás como se o puxassem pelos cabelos, não, não ficara do lado
de fora, mas lá dentro, encravado no cenário! E por que tudo parecia mais nítido do que
na véspera, por que as cores estavam mais fortes apesar da penumbra? Por que o fascínio
que se desprendia da paisagem vinha agora assim vigoroso, rejuvenescido?...

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Saiu de cabeça baixa, as mãos cerradas no fundo dos bolsos. Parou meio ofegante
na esquina. Sentiu o corpo moído, as pálpebras pesadas. E se fosse dormir? Mas sabia
que não poderia dormir, desde já sentia a insônia a segui-lo na mesma marcação da sua
sombra. Levantou a gola do paletó. Era real esse frio? Ou a lembrança do frio da tapeça-
ria? “Que loucura!... E não estou louco”, concluiu num sorriso desamparado. Seria uma
solução fácil. “Mas não estou louco.”
Vagou pelas ruas, entrou num cinema, saiu em seguida e, quando deu acordo de si,
estava diante da loja de antiguidades, o nariz achatado na vitrina, tentando vislumbrar a
tapeçaria lá no fundo.
Quando chegou em casa, atirou-se de bruços na cama e ficou de olhos escancarados,
fundidos na escuridão. A voz tremida da velha parecia vir de dentro dos travesseiros,
uma voz sem corpo, metida em chinelas de lã: “Que seta? Não estou vendo nenhuma
seta...”. Misturando-se à voz, veio vindo o murmurejo das traças em meio de risadinhas.
O algodão abafava as risadas que se entrelaçaram numa rede esverdinhada, compacta,
apertando-se num tecido com manchas que escorreram até o limite da tarja. Viu-se en-
redado nos fios e quis fugir, mas a tarja o aprisionou nos seus braços. No fundo, lá no
fundo do fosso, podia distinguir as serpentes enleadas num nó verde-negro. Apalpou o
queixo. “Sou o caçador?” Mas em vez da barba encontrou a viscosidade do sangue.
Esgazeado. Inquieto, Acordou com o próprio grito que se estendeu dentro da madrugada. Enxugou o rosto

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
agitado, que expressa molhado de suor. Ah, aquele calor e aquele frio! Enrolou-se nos lençóis. E se fosse o
desorientação artesão que trabalhou na tapeçaria? Podia revê-la, tão nítida, tão próxima que, se esten-
ou estado de
perturbação psíquica. desse a mão, despertaria a folhagem. Fechou os punhos. Haveria de destruí-la, não era
Gretado. Rachado
verdade que além daquele trapo detestável havia alguma coisa mais, tudo não passava de
(que tem fenda, um retângulo de pano sustentado pela poeira. Bastava soprá-la, soprá-la!
rachadura, greta).
Encontrou a velha na porta da loja. Sorriu irônica:
– Hoje o senhor madrugou.
– A senhora deve estar estranhando, mas...
– Já não estranho mais nada, moço. Pode entrar, pode entrar, o senhor conhece o
caminho.
“Conheço o caminho”, murmurou, seguindo lívido por entre os móveis. Parou. Di-
latou as narinas. E aquele cheiro de folhagem e terra, de onde vinha aquele cheiro? E
por que a loja foi ficando embaçada, lá longe? Imensa, real, só a tapeçaria a se alastrar
sorrateiramente pelo chão, pelo teto, engolindo tudo com suas manchas esverdinhadas.
Quis retroceder, agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e estendeu os
braços até a coluna. Seus dedos afundaram por entre galhos e resvalaram pelo tronco de
uma árvore, não era uma coluna, era uma árvore! Lançou em volta um olhar esgazeado:
penetrara na tapeçaria, estava dentro do bosque, os pés pesados de lama, os cabelos em-
pastados de orvalho. Em redor, tudo parado. Estático. No silêncio da madrugada, nem
o piar de um pássaro, nem o farfalhar de uma folha. Inclinou-se arquejante. Era o caça-
dor? Ou a caça? Não importava, não importava, sabia apenas que tinha que prosseguir
correndo sem parar por entre as árvores, caçando ou sendo caçado. Ou sendo caçado?...
Comprimiu as palmas das mãos contra a cara esbraseada, enxugou no punho da camisa
o suor que lhe escorria pelo pescoço. Vertia sangue o lábio gretado.
Abriu a boca. E lembrou-se. Gritou e mergulhou numa touceira. Ouviu o assobio da
seta varando a folhagem, a dor!
“Não...”, gemeu de joelhos. Tentou ainda agarrar-se à tapeçaria. E rolou encolhido, as
mãos apertando o coração.
TELLES, Lygia Fagundes. A caçada. Em: Os cem melhores contos brasileiros do século. Organização de Ítalo Moriconi.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 265-269.

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Estudo do texto Professor: Para questões adicionais sobre o gênero textual,
consulte o Banco de Questões na Plataforma UNO.

Compreensão do texto
1 Você gostou do conto “A caçada”? O que mais lhe chamou a atenção no conto? Por quê?
Resposta pessoal.

2 Responda a estas questões sobre o conto lido.


a) Quem são os personagens?
O homem e a velha.

b) Em que espaço se desenvolve o enredo?


O espaço principal em que se desenvolve o enredo é uma loja de antiguidades. O protagonista também

percorre ruas, vai ao cinema e à própria casa.

c) O tempo da narrativa é linear? Por quê?


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sim, pois segue o tempo cronológico, sem avanços no tempo nem flashbacks.

d) Qual é a duração da história?


A história dura dois dias.

3 Assinale a alternativa que indica o tipo de narrador desse conto.


( ) Narrador em primeira pessoa, que participa da história como personagem.
( ) Narrador em terceira pessoa, que observa e testemunha os atos.
( X ) Narrador em terceira pessoa, onisciente, que sabe tudo o que pensam e sentem os personagens.

4 Do ponto de vista de que personagem o narrador nos conta a história? Dê um exemplo.


O narrador conta a história do ponto de vista do homem. Exemplo: “Enxugando o suor das mãos, o homem

recuou alguns passos. Vinha-lhe agora uma certa paz, agora que sabia ter feito parte da caçada”.

Professor: Há outros exemplos que mostram o foco no personagem masculino.

O texto que você leu é um conto. Nesse gênero de tipo narrativo, o enredo é relati-
vamente curto, com número reduzido de personagens, além de tempo e espaço restritos.
Geralmente, o conto apresenta um ou poucos conflitos.

5 Releia este trecho.

(...) Apertou os maxilares numa contração dolorosa. Conhecia esse bosque, esse
caçador, esse céu – conhecia tudo tão bem, mas tão bem! Quase sentia nas narinas o
perfume dos eucaliptos, quase sentia morder-lhe a pele o frio úmido da madrugada,
ah, essa madrugada! Quando? Percorrera aquela mesma vereda, aspirara aquele mesmo
vapor que baixava denso do céu verde... (...)

a) Nesse trecho, que expressão não é do narrador?


“ah, essa madrugada! Quando?”

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Professor: A fala do persona- b) A quem pertence essa expressão?
gem, em um texto de tipo nar-
rativo, pode ser apresentada Ao homem.
por meio do discurso direto,
do discurso indireto ou do
discurso indireto livre. No dis- c) Você sabe que tipo de discurso é esse?
curso direto, como o próprio
nome diz, o narrador apresen- Discurso indireto livre.
ta a fala do personagem dire-
tamente, com o uso de verbos
de elocução, travessões ou
6 Releia este trecho.
aspas. No discurso indireto, o
narrador traduz a fala do per-
sonagem. No discurso indi- – Parece que hoje tudo está mais próximo – disse o homem em voz baixa. – É como
reto livre, há uma mistura do
discurso direto e do indireto. O
se... Mas não está diferente?
narrador apresenta livremente A velha firmou mais o olhar. Tirou os óculos e voltou a pô-los.
as falas ou os pensamentos do
personagem no texto, sem uso – Não vejo diferença nenhuma.
de verbos de elocução, aspas
ou travessões. – Ontem não se podia ver se ele tinha ou não disparado a seta...
– Que seta? O senhor está vendo alguma seta?
– Aquele pontinho ali no arco...
A velha suspirou:
– Mas esse não é um buraco de traça? Olha aí, a parede já está aparecendo, essas traças
dão cabo de tudo – lamentou disfarçando um bocejo. Afastou-se sem ruído com suas chi-
nelas de lã. Esboçou um gesto distraído. – Fique aí à vontade, vou fazer um chá.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) Como a mulher vê a tapeçaria?
A mulher a vê como uma velha tapeçaria comida de traça, exatamente como estava no dia anterior.

b) E o homem, como a vê?


O homem a vê como um cenário vivo, que se transformou de um dia para o outro.

7 O homem tem a sensação de ter participado de alguma forma da cena da tapeçaria. Que hipóte-
ses ele faz sobre sua participação?
Ele se imagina como o pintor do quadro que serviu de base para a tapeçaria, como o artesão, como um

dos caçadores.

“A caçada” é um conto fantástico em que a dúvida, a contradição e a ambiguidade pre-


valecem. Nos contos fantásticos, há presença do natural e do sobrenatural.

8 Releia suas respostas às questões 6 e 7 e responda: No conto, qual dos personagens representa o
natural (o real) e qual representa o sobrenatural? Por quê?
A dona da loja representa o natural (o real) porque vê a tapeçaria apenas como um objeto desgastado

pelo tempo. O homem, ao contrário, a vê como um objeto vivo, fora da realidade natural, com sensações

ambíguas e contraditórias em relação ao objeto.

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9 O homem volta à loja no dia seguinte, mais cedo que o usual. Releia este trecho.

– Já não estranho mais nada, moço. Pode entrar, pode entrar, o senhor conhece o caminho.
“Conheço o caminho”, murmurou, seguindo lívido por entre os móveis. (...)

a) A que caminho a mulher se refere?


Ao caminho, dentro da loja, que leva à tapeçaria.

b) O homem se refere a que caminho?


Ao caminho dentro do bosque representado na tapeçaria.

10 Releia este trecho do clímax da narrativa.

(...) Parou. Dilatou as narinas. E aquele cheiro de folhagem e terra, de onde vinha
aquele cheiro? E por que a loja foi ficando embaçada, lá longe? Imensa, real, só a tapeçaria
a se alastrar sorrateiramente pelo chão, pelo teto, engolindo tudo com suas manchas
esverdinhadas. Quis retroceder, agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

estendeu os braços até a coluna. Seus dedos afundaram por entre galhos e resvalaram pelo
tronco de uma árvore, não era uma coluna, era uma árvore! (...)

A loja pode ser entendida como um portal de acesso à tapeçaria e ao mundo sobrenatural. Expli-
que essa afirmativa.
O homem passa da loja, ambiente real, para a tapeçaria, um ambiente sobrenatural, fantástico. Sem a loja,

ambiente real, não seria possível essa passagem.

11 O homem sente que participa da tapeçaria ocupando nela que posição?


Ele sente que participa como a caça escondida na touceira.

12 A ambiguidade do final da história é uma das características do conto fantástico. Em sua opinião, Professor: Esclareça aos alu-
nos que não há como saber
o que aconteceu ao homem e à tapeçaria? com certeza qual é o desfecho
da história. Explique que uma
Resposta pessoal. das características do conto
fantástico é justamente a am-
biguidade. Há uma disputa en-
tre real e imaginário. Sendo as-
sim, é natural que, no final da
leitura, restem muitas hipóte-
ses: O homem entrou de fato
na tapeçaria e viveu a situação
Análise da construção da verossimilhança ali estampada? Ou foi tudo
fruto de sua imaginação? O
homem tem apenas um mal-
1 Em um conto fantástico, as ações dos personagens produzem efeitos que levam a novos aconte- -estar físico e rola no chão da
loja ou realmente morre? Por
cimentos. É essa sequência de ações e de acontecimentos que constrói o enredo. Com base nisso, ser vítima da flechada do caça-
relacione cada atitude do homem a seu efeito. dor ou de causas naturais?

(a) O homem observa que a tapeçaria está ( b ) ... que o faz voltar à loja muito cedo no
mais nítida... dia seguinte.
(b) Sai da loja perturbado, vai para casa dor- ( c ) ... e se sente dentro da cena representa-
mir e tem um pesadelo... da na tapeçaria.
(c) Na loja, observa a tapeçaria... ( a ) ... e imagina que fez parte da cena repre-
sentada na tapeçaria.

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Verossimilhança é aquilo que faz um texto parecer verdadeiro. É a ligação entre os
Coerência. Ligação, fatos e as ideias, de maneira que exista coerência.
nexo ou harmonia
entre dois fatos ou Em uma história de ficção científica, por exemplo, nem sempre o que é relatado é real,
duas ideias; relação mas parece verdadeiro no contexto.
harmônica; harmonia
de uma coisa com o
fim a que se destina.
A verossimilhança está ligada à coerência interna da obra literária.

2 O conto “A caçada” é verossímil? Justifique.


Sim, pois as ações são coerentes com o gênero fantástico: a obsessão do homem pela tapeçaria leva-o a um

fim trágico.
Professor: Discuta com os alunos a composição do conto. Ainda que o fato de o homem entrar na tapeçaria pareça inverossí-
mil, é a ambiguidade entre o natural e o sobrenatural e a incerteza desses elementos que o tornam verossímil.

3 Releia estas descrições do espaço e da tapeçaria.


Descrição 1

A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus panos embolo-
rados e livros comidos de traça. Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quadros. Uma mariposa levantou voo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas.

Descrição 2

Era uma caçada. No primeiro plano, estava o caçador de arco retesado, apon-
tando para uma touceira espessa. Num plano mais profundo, o segundo caçador
espreitava por entre as árvores do bosque, mas era apenas uma vaga silhueta cujo
rosto se reduzira a um esmaecido contorno. Poderoso, absoluto era o primeiro ca-
çador, a barba violenta como um bolo de serpentes, os músculos tensos, à espera
de que a caça levantasse para desferir-lhe a seta.

a) Qual das duas descrições é mais objetiva? Por quê?


A descrição 2, porque mostra as características da tapeçaria, quase sem julgamentos.

b) A descrição 1 evoca quais dos sentidos (visão, tato, audição, paladar, olfato)?
Visão (“Uma mariposa levantou voo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas.”), tato

(“Com as pontas dos dedos, o homem tocou numa pilha de quadros.”) e olfato (“cheiro de uma arca de

sacristia com seus panos embolorados”).

c) Releia o conto e transcreva outro trecho com descrição sensorial do espaço.


Há vários exemplos: “Deslizou a mão pela superfície puída.”; “E baixou o olhar para a imagem de mãos

decepadas.”; “Quase sentia nas narinas o perfume dos eucaliptos, quase sentia morder-lhe a pele o frio

úmido da madrugada (...)”.

d) Em sua opinião, o que o leitor percebe ou sente ao ler essas descrições?


Elas fazem o leitor sentir o que o personagem sente, por meio da descrição de cheiros, imagens,

texturas etc.

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O cenário é um elemento importante na construção da verossimilhança.
É da correlação dos elementos referentes a espaço e tempo que se monta o cenário em
que o enredo se desenvolve.

4 Por que o cenário – o espaço em que o enredo se desenvolve – é importante para a construção
da verossimilhança no conto “A caçada”?
Porque os objetos deteriorados que compõem a loja, seu aspecto de abandono, seu cheiro ajudam a

compor a atmosfera fantástica do conto.

5 Releia este trecho.

(...) Viu-se enredado nos fios e quis fugir, mas a tarja o aprisionou nos seus bra-
ços. No fundo, lá no fundo do fosso, podia distinguir as serpentes enleadas num nó
verde-negro. Apalpou o queixo. “Sou o caçador?” Mas em vez da barba encontrou a
viscosidade do sangue.
Acordou com o próprio grito que se estendeu dentro da madrugada. Enxugou o
rosto molhado de suor. Ah, aquele calor e aquele frio! Enrolou-se nos lençóis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a) Que pista esse trecho do sonho do personagem dá sobre o que poderá acontecer?
Esse trecho do sonho dá uma pista de que algo ruim está por vir. Ao procurar a barba no queixo e, em

seu lugar, encontrar sangue, o personagem poderia imaginar que não era o caçador da tapeçaria, como

cogitava, mas, provavelmente, a caça.

b) Que efeito esse trecho gera no leitor?


A expectativa de que algo de ruim vai acontecer ao homem, gerando suspense.

O suspense é responsável por manter a expectativa do leitor em relação aos


acontecimentos que ainda estão por vir. Muitas vezes pode haver pistas sobre es-
ses acontecimentos.

6 O momento de uma narrativa em que a sequência de acontecimentos atinge o mais alto grau de
tensão chama-se clímax. Em que momento dessa narrativa o suspense chega ao clímax? Explique.
O clímax do suspense dá-se no momento em que o homem vê que está entrando na cena da tapeçaria. É o

instante em que há uma disputa entre o natural/real e o sobrenatural: o homem se debate entre se agarrar

ao real (loja) e ser sugado para o sobrenatural dentro da tapeçaria.

7 Em que passagem do conto o suspense se desfaz?


No final, quando o homem cai morto no assoalho da loja.

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8 Leia este texto, em que o narrador personagem tem um trágico encontro.

Beco de flores
(...)
Sereia. Sirene de
barco. 2
Senti que Erínia estava por perto quando cheguei ao centro comercial de Paraty.
Embora fosse maio, a chuva caía sem parar; as pedras lisas impediam que os turistas
se aventurassem pelas ruas; além do mais, faltava luz em toda parte e as sereias dos
barcos soavam desoladas ao largo da costa.
Eu (...) caminhava em
SARA ALENCAR

direção ao mar; surpreen-


dido pelo nevoeiro, per-
cebi que não chegaria à
praia; tanto que depois
de andar mais de uma
hora estava no ponto de
partida. Foi nesse lance
que desviei o olhar para o
beco: parecia um jardim

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
suspenso. Os tufos de
flores despencavam pe-
los muros e janelas; (...)
as casas (...) estavam fe-
chadas por causa do mau
tempo. Atraído pelo silêncio, entrei no beco como quem sobe num navio iluminado. O
perfume das plantas era muito mais forte do que eu imaginava – em poucos segundos
sentei-me intoxicado no chão. Creio que só nesse instante Erínia apareceu de corpo
inteiro diante de mim: a túnica branca escondia as sandálias de couro e uma luz de
vinho vazava dos seus olhos. Movido pela surpresa, eu lhe disse alguma coisa amável;
não tive resposta. Lembro-me apenas de que ela avançou pisando nas poças e enterrou
o punhal no meu pescoço.
CARONE, Modesto. Beco de flores. Em: Histórias fantásticas.
São Paulo: Ática, 2002. p. 141-142. (Coleção Para Gostar de Ler.)

Que elementos do espaço contribuem para a construção da verossimilhança?


A chuva, a falta de luz e o nevoeiro desviam o narrador do caminho da praia e comprometem a sua

percepção quanto à localização. O cenário é propício à criação do ambiente de suspense e da ilusão de

verossimilhança.

9 De acordo com a mitologia grega, erínias são divindades que administram a vingança. De que
forma essa informação pode colaborar na interpretação do texto, considerando-se que Erínia é o
nome da algoz do narrador?
Resposta pessoal. Professor: Espera-se que os alunos compreendam que é provável que o autor tenha escolhido o nome
Erínia justamente em referência às divindades da vingança. Assim, o narrador personagem pode ter sido apunhalado em
represália por algo que fez – embora o texto apenas sugira a questão, mantendo sua aura de mistério.

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10 Relacione cada elemento ao que ele provoca na narrativa.
( a ) pedras lisas ( c ) Dificulta a chegada à praia, pois compromete a visão.
( b ) muita chuva ( d ) Intoxica.
( c ) nevoeiro ( a ) Impedem que os turistas se aventurem pelas ruas.
( d ) perfume das plantas ( b ) Leva à falta de luz em toda parte.

11 Como pode ser interpretado o final do texto? O que deve ter acontecido em seguida?
Resposta pessoal.

Atividades de linguagem
1 Releia estes trechos da fala do narrador no conto “A caçada”.

A loja de antiguidades tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus panos em-
bolorados e livros comidos de traça.

(...) Vagou o olhar pela tapeçaria que tinha a cor esverdeada de um céu de tempesta-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de. Envenenando o tom verde-musgo do tecido, destacavam-se manchas de um negro-


-violáceo que pareciam (...) espalhar-se no chão como um líquido maligno.

a) No primeiro trecho, que adjetivos e locuções adjetivas são utilizados?


De antiguidades, de uma arca de sacristia, embolorados, comidos de traça.

b) Que imagem essa seleção de adjetivos sugere a respeito da loja?


Sugere a imagem de um lugar abandonado, envelhecido e com cheiro desagradável.

c) No segundo trecho, que adjetivos e locuções adjetivas são utilizados?


Esverdeada de um céu de tempestade, verde-musgo, de um negro-violáceo, maligno.

d) Que imagem essa seleção de adjetivos sugere sobre a tapeçaria?


A imagem de um lugar sombrio, trágico.

2 Releia este trecho.

(...) A velha não a distinguira, ninguém poderia percebê-la, reduzida como estava a um
pontinho carcomido, mais pálido do que um grão de pó em suspensão no arco.

a) A que classe gramatical pertence a palavra destacada?


À classe dos adjetivos.

b) Quais das palavras a seguir são sinônimos do termo carcomido?


( X ) corroído
( ) comido
( X ) roído
( ) abatido

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3 Releia este trecho.

Vagou pelas ruas, entrou num cinema, saiu em seguida e, quando deu acordo de si,
estava diante da loja de antiguidades, o nariz achatado na vitrina, tentando vislumbrar
a tapeçaria lá no fundo.
Quando chegou em casa, atirou-se de bruços na cama e ficou de olhos escancarados,
fundidos na escuridão. A voz tremida da velha parecia vir de dentro dos travesseiros, uma
voz sem corpo, metida em chinelas de lã: “Que seta? Não estou vendo nenhuma seta...”. (...)

a) Identifique nesse trecho os advérbios, as locuções adverbiais e as orações adverbiais que


situam os fatos no tempo e no espaço.
Espaço
Pelas ruas, num cinema, diante da loja de antiguidades, na vitrina, lá no fundo, na cama, na escuridão, de

dentro dos travesseiros.

Tempo
Quando deu acordo de si, quando chegou em casa (orações temporais), em seguida.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
b) Qual é a função dos advérbios, das locuções adverbiais e das orações adverbiais nesse caso?
Advérbios, locuções adverbiais e orações adverbiais modificam o significado de um verbo, um adjetivo

ou um advérbio, acrescentando informações de tempo, local, modo, intensidade etc. Esse acréscimo

de informação enriquece a narrativa, contribuindo, nesse caso, para a criação de um clima de suspense.

4 Releia este trecho.

“Conheço o caminho”, murmurou, seguindo lívido por entre os móveis. Parou.


Dilatou as narinas. E aquele cheiro de folhagem e terra, de onde vinha aquele cheiro? E
por que a loja foi ficando embaçada, lá longe? Imensa, real, só a tapeçaria a se alastrar
sorrateiramente pelo chão, pelo teto, engolindo tudo com suas manchas esverdinha-
das. Quis retroceder, agarrou-se a um armário, cambaleou resistindo ainda e estendeu
os braços até a coluna. Seus dedos afundaram por entre galhos e resvalaram pelo tron-
co de uma árvore, não era uma coluna, era uma árvore! (...)

a) Como se classificam os adjuntos adverbiais destacados?


Por entre os móveis, lá longe, pelo chão, pelo teto, até a coluna: adjuntos adverbiais de lugar.

Sorrateiramente: adjunto adverbial de modo.

Ainda: adjunto adverbial de tempo.

b) Por que os adjuntos adverbiais são importantes nesse trecho?


Porque ajudam a criar o ambiente de suspense e expectativa no leitor.

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Produção de texto Professor: Na Plataforma UNO,
há uma proposta adicional de
produção de texto do gênero
conto de ficção científica.

Leitura de conto fantástico


Leia este conto fantástico escrito pelo gaúcho Paulo Corrêa Lopes (1898-1957).

Um caso estranho
Não sei se no momento eu contemplava as águas da enchente ou se pensava em ou- Autômato. Robô.
tras épocas, quando uma boca com dentes de ouro me interrompeu: Henry Fonda. Ator
norte-americano
– Tenho ordem de prendê-lo como envolvido no crime da mala. que fez sucesso nas
– Que mala? indaguei ainda surpreso, como alguém que acabasse de descer de Marte décadas de 1940 a
1960.
ou de outra região qualquer.
– Siga-me que na delegacia tudo será esclarecido.
Diante do tom autoritário com que a boca com dentes de ouro me falava, resolvi
seguir o investigador. Atravessamos uma rua deserta, cruzamos uma praça cheia de
crianças brincando, desembocamos num largo e por fim entramos num prédio baixo
com aspecto de casa de comércio.
Quando menos esperava, fui empurrado para dentro de uma sala escura onde o dele-
gado de plantão me recebeu com ar teatral:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

– Então! Custou mas caiu nas mãos da justiça! Ninguém escapa da lei! Confesse, que
é a única coisa inteligente que tem a fazer!
A princípio achei graça em tudo aquilo. Pensei mesmo que estava sendo vítima de
uma brincadeira de mau gosto. Depois, diante da insistência do delegado, comecei a
suar frio. Que sabia eu do crime da mala? É bem possível que alguém, parecido comigo,
tivesse cometido o crime pelo que me acusavam. Há tanta gente parecida no mundo.
Ainda há tempos encontrei no bonde um cidadão tão parecido com Henry Fonda que
fiquei abismado. Tinha até o jeito de sorrir do simpático artista. Por um pouco não cha-
mei a atenção do cavalheiro para o fato. O próprio delegado, que me interrogava, tinha
qualquer coisa de semelhante com o investigador que me havia dado voz de prisão. O
verdadeiro culpado talvez se parecesse comigo. Não encontrava outra explicação para
tudo aquilo. De súbito fui despertado pela boca com dentes de ouro, que me disse:
– Acompanhe-me.
Segui como um autômato o investigador, que me fechou numa sala tão baixa que
tive que me curvar para não bater com a cabeça no teto. Justamente no momento em
que me curvei, dei com um morto estendido dentro de uma mala meio aberta. Recuei e
fiz grande esforço para não gritar. O morto parece que acusava com os olhos parados,
com seus olhos que vinham de um outro mundo. Tive a impressão de que estava sendo
vítima de uma alucinação. Os olhos do morto parece que se dilatavam cada vez mais.
Dominei-me a custo e debrucei-me sobre o morto para examinar melhor a sua fisionomia
e não pude conter um grito: o morto era eu. Era eu que estava dentro da mala meio aberta...
LOPES, Paulo Corrêa. Um caso estranho. Em: Os cem melhores contos de crime e mistério da literatura universal.
Organização de Flávio Moreira da Costa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 229-230.

Características do conto fantástico

Um texto do gênero conto fantástico deixa o leitor em dúvida sobre se a história ali
contada é ficção ou realidade. Essa dúvida cria uma atmosfera de suspense e expectativa,
colocando o leitor numa busca por explicações próprias para aquilo que está sendo rela-
tado.

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O clima sobrenatural, em oposição ao natural/real, tem de ser crível. O texto precisa
ser convincente, fazendo o leitor acreditar nos cenários, nas ações dos personagens, nos
conflitos entre eles. Mesmo a história não possuindo um fundo verídico, o escritor precisa
construir uma situação que possa ser considerada verdadeira, pelo menos dentro do uni-
verso por ele criado.
Esses elementos contribuem para a verossimilhança, provocam expectativa durante a
leitura e ajudam a criar uma atmosfera adequada à ação que se desenrola em determinado
tempo e lugar.
Em um conto fantástico, por exemplo, há cenários, personagens, eventos, temas e mo-
tivos que, muitas vezes, surpreendem o leitor.

1 No início do conto, o personagem principal é preso por “uma boca com dentes de ouro” que,
mais à frente, se descobre ser um investigador de polícia. Essa situação, no texto, é verossímil?
Por quê?
Sim, porque uma pessoa pode ser presa por engano.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 Que elementos do cenário contribuem para a verossimilhança do texto?
A sala escura onde fica o delegado; a sala tão baixa na qual o personagem teve de se curvar para não bater

com a cabeça no teto.

3 Releia este trecho.

(...) De súbito fui despertado pela boca com dentes de ouro, que me disse:
– Acompanhe-me.
Segui como um autômato o investigador, que me fechou numa sala tão baixa que
tive que me curvar para não bater com a cabeça no teto. Justamente no momento em
que me curvei, dei com um morto estendido dentro de uma mala meio aberta. Recuei e
fiz grande esforço para não gritar. (...)
Dominei-me a custo e debrucei-me sobre o morto para examinar melhor a sua fisio-
nomia e não pude conter um grito (...).

Qual é a característica desse trecho?


Resposta possível: Ele traz uma forte carga de suspense, muito presente na narrativa.

4 Sublinhe no texto os seguintes adjuntos adverbiais e classifique-os.


a) adjunto adverbial de lugar b) adjunto adverbial de modo c) adjunto adverbial de tempo
( a ) numa sala ( c ) no momento
( a ) no teto ( b ) a custo
( b ) de súbito ( b ) melhor
( b ) meio

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5 Qual é a função desses adjuntos adverbiais no texto?
Esses adjuntos adverbiais indicam as circunstâncias em que ocorrem as ações no texto. Além disso,

caracterizam a intensidade do suspense, do clima de terror e de medo.

6 O que acontece de surpreendente e sobrenatural no conto?


No fim do conto, o próprio acusado é o morto dentro da mala.

7 Que pistas foram dadas ao longo do conto para que se chegue ao final ambíguo e fantástico?
O momento da prisão, o desconhecimento do motivo pelo acusado, o local que não parece ser uma

delegacia, a atuação teatral do delegado, a saleta com teto muito baixo.

Produção de conto fantástico


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Leia este trecho de um conto de mistério de Lygia Fagundes Telles. Note como o cenário e as perso-
nagens – uma pensão, a dona e duas estudantes do interior – são bem brasileiros.

As formigas
Adunco. Em forma
Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis de gancho; curvo,
diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vaza- recurvado.
do por uma pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima. Atulhado. Cheio,
– É sinistro. lotado, abarrotado,
entupido.
Ela me impeliu na direção da porta. Tínhamos outra escolha? Nenhuma pensão Balofo. Muito gordo;
nas redondezas oferecia um preço melhor a duas pobres estudantes com liberdade de de volume avantajado.
usar o fogareiro no quarto, a dona nos avisara por telefone que podíamos fazer refei- Creolina.
ções ligeiras com a condição de não provocar incêndio. Subimos a escada velhíssima, Desinfetante
cheirando a creolina. antisséptico e
germicida.
– Pelo menos não vi sinal de barata – disse minha prima. Desparelhado.
A dona era uma velha balofa, de peruca mais negra do que a asa da graúna. Vestia Disposto de maneira
desordenada.
um desbotado pijama de seda japonesa e tinha as unhas aduncas recobertas por uma
crosta de esmalte vermelho-escuro, descascado nas pontas encardidas. Acendeu um Graúna. Pássaro de
plumagem negra
charutinho. brilhante, com penas
– É você que estuda medicina? – perguntou soprando a fumaça na minha direção. estreitas e pontudas
na cabeça.
– Estudo direito. Medicina é ela.
Impelir. Empurrar,
A mulher nos examinou com indiferença. Devia estar pensando em outra coisa impulsionar.
quando soltou uma baforada tão densa que precisei desviar a cara. A saleta era escura, Sinistro. Temível,
atulhada de móveis velhos, desparelhados. No sofá de palhinha furada no assento, assustador.
duas almofadas que pareciam ter sido feitas com os restos de um antigo vestido, os Vidrilho. Canudinho
de vidro usado em
bordados salpicados de vidrilho. bijuterias, ornatos e
– Vou mostrar o quarto, fica no sótão – disse ela em meio a um acesso de tosse. Fez bordados.
um sinal para que a seguíssemos. – O inquilino antes de vocês também estudava medi-
cina, tinha um caixotinho de ossos que esqueceu aqui, estava sempre mexendo neles.
Minha prima voltou-se:

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– Um caixote de ossos?
De gatinhas.
Engatinhando.
A mulher não respondeu, concentrada no esforço de subir a estreita escada de caracol
que ia dar no quarto. Acendeu a luz. O quarto não podia ser menor, com o teto em de-
Em declive. Inclinado.
clive tão acentuado que nesse trecho teríamos que entrar de gatinhas. Duas camas, dois
armários e uma cadeira de palhinha pintada de dourado. No ângulo onde o teto quase
se encontrava com o assoalho, estava um caixotinho coberto com um pedaço de plásti-
co. Minha prima largou a mala e, pondo-se de joelhos, puxou o caixotinho pela alça de
corda. Levantou o plástico. Parecia fascinada.
– Mas que ossos tão miudinhos! São de criança?
– Ele disse que eram de adulto. De um anão.
– De um anão? É mesmo, a gente vê que já estão formados... Mas que maravilha, é
raro à beça esqueleto de anão. E tão limpo, olha aí – admirou-se ela. Trouxe na ponta
dos dedos um pequeno crânio de uma brancura de cal. – Tão
perfeito, todos os dentinhos!
– Eu ia jogar tudo no lixo, mas se você se interessa pode
ficar com ele. O banheiro é aqui ao lado, só vocês é que
vão usar, tenho o meu lá embaixo. Banho quente extra.
Telefone também. Café das sete às nove, deixo a mesa
posta na cozinha com a garrafa térmica, fechem bem a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
garrafa – recomendou coçando a cabeça. A peruca
se deslocou ligeiramente. Soltou uma baforada
final: – Não deixem a porta aberta senão meu
gato foge.
Ficamos nos olhando e rindo enquanto
ouvíamos o barulho dos seus chinelos de
Professor: Os alunos podem
ler a versão completa do con- salto na escada. (...)
to na Plataforma UNO.
TELLES, Lygia Fagundes. As formigas. Em: Pomba
enamorada ou Uma história de amor e outros contos escolhidos.
Porto Alegre: L&PM, 2001. p. 106-107.

Pode-se observar no texto intertextualidade com a descrição da personagem Iracema,


do romance homônimo de José de Alencar: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha
os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira”.

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Agora você vai escrever a continuação do conto fantástico que acabou de ler.

Aquecimento

1. Observe os elementos do cenário que sugerem um clima de mistério e de suspense: a casa velha,
a saleta escura com móveis desparelhados, o quarto no sótão, apertado, e o estranho caixotinho
de ossos.

2. Há três personagens no conto: as duas primas que vêm estudar na cidade e a dona da pensão,
personagem cujas características físicas são descritas no texto. Como seria sua personalidade? Que
influência ela teria na história?

3. As estudantes chegaram à pensão quando “já era quase noite”. O que será que aconteceu
depois? Após se instalarem no quarto, o que elas fizeram? Que fato estranho aconteceu logo
em seguida?

4. O título do conto é “As formigas”. Por quê? De que forma você acha que elas participam da história?

Planejamento e produção

1. Imagine as situações incomuns pelas quais devem ter passado as duas estudantes, que se hospe-
daram em um quarto que fica em um sótão e onde há um caixote de ossos.

2. Dê continuidade ao conto de Lygia Fagundes Telles, escrevendo também um final para a história.
Atente à verossimilhança e à relação espaço-tempo da narrativa.

Avaliação

1. Avalie seu texto considerando os aspectos levantados a seguir.


• O trecho que você escreveu em continuação ao fragmento do conto “As formigas” é coerente?
Que observações você faria com relação à verossimilhança presente nele?
• Sua narrativa mantém e amplia o clima de suspense que havia no início da história?
• Ao descrever o cenário onde se passam os acontecimentos, você empregou advérbios e locu-
ções adverbiais que criam as circunstâncias propícias à atmosfera que você quis criar?

2. Troque sua história com um colega da classe. O encerramento criado por ele é verossímil?

3. Comente o texto do colega, ressaltando os aspectos positivos e sugerindo possíveis modificações.


• Passe seu texto a limpo, aperfeiçoando o que achar necessário.

Apresentação
Com os colegas e com o professor, organize uma “sessão fantástica”, em que cada um fará uma leitura Professor: Se possível, organi-
ze um sarau com a turma, mar-
dramatizada de seu texto. cando uma data e criando um
ambiente propício, com velas,
cortinas e efeitos luminosos
especiais, utilizando materiais
Em uma leitura dramatizada, convém que o leitor escolha a melhor entonação para para a produção de sons de
chuva, de trovões, música am-
o narrador e para cada um dos personagens, além de criar recursos de voz para valorizar o biente etc.
suspense nos momentos de maior tensão.

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PROGRAMA Trabalhando habilidades
Nestas páginas, você irá trabalhar os Descritores 11 e 12 da Matriz de Referência da Prova Brasil de Língua
Portuguesa. Para saber mais sobre eles, consulte a Matriz Geral de Habilidades na Plataforma UNO.

D11 1 (Saeb) Leia este texto.


Professor: Enfatize sempre
a importância da leitura No mundo dos sinais
crítica como instrumento
para distinguir um fato da Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos. Mulungus e
opinião relativa a ele. Como aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem flores, sem
possível estratégia aplicável
em sala de aula, forneça aos frutos. Sinais de seca brava, terrível! Clareia o dia.
alunos notícias referentes O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o gado. Toque de
a situações atuais, com as
diversas interpretações que saída. Toque de entrada.
os veículos de comunicação Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem.
fazem dessas notícias, com
suas variadas tendências TV Cultura, Jornal do Telecurso.
ideológicas e abordagens
dependentes do meio de
produção e circulação. As-
sim, a discussão se alia ao A opinião do autor em relação ao fato comentado está em:
estudo do supor te e do
papel do enunciador, pois a) “os mandacarus se erguem”.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
passa a levar em conta as
tecnologias e o impacto so- b) “aroeiras expõem seus galhos”.
cial da mídia.
c) “Sinais de seca brava, terrível!”.
d) “Toque de saída. Toque de entrada”.

D11 2 Leia o texto e observe as marcas de narração em primeira pessoa.

Cinema para mim era um lugar sagrado, era como a Terra Prometida dos judeus que
fugiram do Egito liderados por Moisés. Eu atormentava minha mãe para que ela me
levasse para assistir a qualquer filme. Eu me sentia tão dentro da tela que muitas vezes
conversei com os personagens, e uma vez gritei para o mocinho que o bandido estava
escondido logo atrás dele.
Como todas as crianças, eu corria bastante pelos corredores e lá na frente da tela.
Certa tarde, antes que a sessão começasse, tomei coragem e passei por baixo da cortina
para entrar naquele mundo maravilhoso. Fiquei decepcionadíssimo, e berrei para minha
mãe me tirar daquele escuro.
Sim, naqueles tempos maravilhosos os cinemas tinham cortina! Quando a sessão ia
começar, um gongo tocava três vezes. As luzes se apagavam e a cortina se abria! O cine-
ma tinha mais magia, era teatral.
SOUZA, Flávio de. É uma pena!: aventuras de um roteirista versátil. São Paulo: Atual, 1996. p. 14.

a) Qual é o tema do texto?


A paixão que o narrador tinha pelo cinema quando muito pequeno.

b) Transcreva do texto três fatos e três opiniões ou sentimentos.


Fatos: “Eu atormentava minha mãe para (...) assistir a qualquer filme”; “muitas vezes conversei com os

personagens”; “eu corria bastante pelos corredores e lá na frente da tela”.

Opiniões ou sentimentos: “Cinema para mim era um lugar sagrado”; “Eu me sentia tão dentro da tela”;

“Fiquei decepcionadíssimo”.

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D12 3 (Saeb) Leia este texto.

A sombra do meio-dia
Acachapante.
A sombra do meio-dia é o belo título de um romance lançado recentemente, de autoria
Esmagador,
do diplomata Sérgio Danese. O livro trata da glória (efêmera) e da desgraça (duradoura) de opressor.
um ghost-writer, ou redator fantasma – aquele que escreve discursos para outros. A glória do Efêmero.
ghost-writer de Danese adveio do dinheiro e da ascensão profissional e social que lhe propor- Passageiro,
cionaram os serviços prestados ao patrão – um ricaço feito senador e ministro, ilimitado nas temporário.

ambições e limitado nos escrúpulos como soem ser as figuras de sua laia. A desgraça, da Laia. Espécie, tipo.
sufocação de seu talento literário, ou daquilo que gostaria que fosse talento literário, posto a Outrem. Outra
pessoa.
serviço de outrem, e ainda mais um outrem como aquele. As exigências do patrão, aos pou-
cos, tornam-se acachapantes. Não são apenas discursos que ele encomenda. É uma carta de Senhorio.
Proprietário.
amor a uma bela que deseja como amante. Ou um conto, com que acrescentar, às delícias do
Soer. Costumar.
dinheiro e do poder, a glória literária. Nosso escritor de aluguel vai se exaurindo. É a própria
personalidade que lhe vai sendo sugada pelo insaciável senhorio. Na forma de palavras, fra-
ses e parágrafos, é a alma que põe em continuada venda. (...)
TOLEDO, Roberto Pompeu de. A sombra do meio-dia. Veja, São Paulo, ed. 1.843, p. 110, 3 mar. 2004.

O texto foi escrito com o objetivo de:


a) conscientizar o leitor. d) dar informações sobre o autor.
b) apresentar o sumário de uma obra. e) narrar um fato científico.
c) opinar sobre um livro.

Autoavaliação
Reúnam-se em grupos e façam as atividades a seguir.

1 Busquem na Matriz Geral de Habilidades o texto dos Descritores trabalhados nas questões. Em
seguida, identifiquem qual(is) habilidade(s) é (são) trabalhada(s) em cada questão.
2 Vocês consideram importante trabalhar essas habilidades? Por quê?
Resposta pessoal.
Professor: Os alunos devem perceber, primeiramente, a importância de desvencilhar um fato das distintas opiniões, pontos
de vista e juízos pessoais e sociais desencadeados a partir de sua compreensão. Isso atende, por sua vez, às necessidades
comunicativas de cada gênero: a finalidade de cada produção depende de várias circunstâncias (enunciador, público-alvo,
momento histórico etc.).

3 Compartilhem as estratégias de resolução das questões e como cada um resolveu a(s)


dificuldade(s) que encontrou.
Resposta pessoal.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Para saber mais
Para ler
REPRODUÇÃO

• Comédias para se ler na escola, de Luis Fernando Verissimo. Rio de Janei-


ro: Objetiva, 2001. (Livro digital.)

A seleção de crônicas de Luis Fernando Verissimo feita pela escritora


Ana Maria Machado permite ao leitor mergulhar no universo das histó-
rias e dos personagens do autor, prestando atenção aos múltiplos recur-
sos desse artesão das letras. (Também disponível em versão impressa.)

• Histórias fantásticas, de vários autores. São Paulo: Ática, 2003. (Coleção


Para Gostar de Ler, v. 21.)
REPRODUÇÃO

Realidade ou imaginação? Em meio ao sobrenatural e a muitas surpre-


sas, há espaço para que cada leitor encontre sua própria explicação.
Esse é o desafio proposto por essas histórias fantásticas.

• O medo e a ternura, de Pedro Bandeira. São Paulo: Moderna, 2003.


(Livro digital.)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A jovem Esmeralda foi confundida com a filha de um milionário e leva-
da por três sequestradores para uma igreja abandonada. Vigiada pelo
corcunda a quem chamam de Bicho Preto e à espera de um resgate que
nunca será pago... O que acontecerá com ela? (Também disponível em
versão impressa.)
REPRODUÇÃO

Para assistir
• A.I.: Inteligência Artificial, de Steven Spielberg. EUA, 2001, 146 min.

No futuro, em um mundo destruído pelo efeito estufa e com incríveis avan-


ços científicos, os humanos compartilham sua vida com sofisticados robôs
chamados Mecas. Um avançado protótipo de um robô criança chamado
David é programado para mostrar amor incondicional, mas a família hu-
mana dele não está preparada para as consequências. De repente, David
encontra-se em seu próprio mundo, estranho e perigoso.
REPRODUÇÃO

• Jogos vorazes, de Gary Ross. EUA, 2012, 142 min.


Em um futuro distante, a população de Panen é dividida em 12 distritos
controlados pelo regime autoritário da Capital. Uma vez ao ano, cada
distrito, como castigo por uma rebelião ocorrida há mais de 70 anos,
é obrigado a participar de um sorteio, no qual dois adolescentes, um
do sexo feminino e outro do sexo masculino, com idade entre 12 e 18
anos, são enviados para uma arena, com o objetivo de lutar até a morte.
A competição é mostrada em um reality show para distrair os entedia-
dos e fúteis moradores da Capital e semear medo entre os distritos.
Para salvar sua irmã caçula, a jovem Katniss Everdeen se oferece como
voluntária para representar seu distrito na competição. Peeta Melark
será seu companheiro de distrito. Juntos, eles vão quebrar as regras dos
jogos e desafiar o poder da Capital.

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49018951

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