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1.

Introdução

O setor de alimentos e bebidas se configura como um dos mais relevantes para a economia do
Brasil (LINS; OUCHI, 2007). Entretanto, devido à forma que o setor interage com o meio
ambiente, destacando-se a sua dependência dos recursos naturais, existem importantes
questões ambientais a serem consideradas no processo de gestão. Isso vale também para os
demais países da América Latina que vivem em uma região abundante em recursos naturais e
grande biodiversidade.

Segundo Camargo (2009), a transparência e inovação em comunicação constituem, hoje,


fatores-chave para o processo de decisão do consumidor. Além disso, existe uma pressão
crescente dos stakeholders no sentido de que as empresas se tornem mais transparentes e
divulguem o seu desempenho relacionado ao meio ambiente e sociedade (DARBY;
JENKINS, 2006).

Nesse sentido, deve-se considerar a importância da ampliação da transparência sobre o


assunto de sustentabilidade uma vez que as empresas têm deveres e responsabilidades em
relação às partes interessadas, o que inclui o fornecimento de informações transparentes e
confiáveis (MARTINI; SILVA; MATTOS, 2014). Assim, tem crescido o número de empresas
divulgando detalhes sobre suas práticas de sustentabilidade em relatórios disponíveis
publicamente (ROCA; SEARCY, 2012).

Destacam-se os esforços em desenvolver modelos que permitem integrar a sustentabilidade


aos objetivos do negócio, viabilizando a divulgação de demonstrações relacionadas às ações
socioambientais empresariais de forma padronizada. Atualmente, a nível mundial, as
diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI) constituem o modelo dominante de relatório
de sustentabilidade. Entretanto, por se tratar de um modelo de adesão voluntária, surgem
dúvidas sobre as informações tal como divulgadas nos relatórios.

Considerando tudo isso, é percebida a oportunidade de aproveitar a disponibilidade dos dados


das empresas do setor de alimentos e bebidas para avaliar algumas questões relacionadas ao
nível de aderência de companhias do Brasil e demais países da América Latina tomando como
base o modelo de relatório de sustentabilidade proposto pela Global Reporting Initiative
(GRI). Assim, o trabalho se propõe a analisar o nível de aderência em relatórios divulgados
por empresas do setor de alimentos e bebidas de países da América Latina aos indicadores
ambientais do modelo proposto pela GRI em sua versão G4.
2. Revisão bibliográfica

2.1 Indicadores e relatórios de sustentabilidade

Atualmente, as empresas vivem sob um processo de definição de padrões e metodologias de


se reportar as práticas de sustentabilidade (CNI, 2012). Assim, surgem novas ferramentas de
avaliação da relação das empresas para com o meio ambiente, como os relatórios de
sustentabilidade. De acordo com Daub (2007), os relatórios de sustentabilidade têm sua
origem no final dos anos 90, tendo sido antes precedidos por três tipos de relatórios: anuais
(de caráter financeiro), ambientais e sociais.

Segundo o Instituto Ethos (2007), um relatório de sustentabilidade é a melhor maneira de


saber o que está sendo feito pelas empresas nas áreas social, ambiental e econômica, além de
permitir a comunicação sobre suas principais práticas. Para Lozano (2006), é também uma
forma de as empresas comunicarem aos stakeholders os seus esforços empreendidos na busca
pelo desenvolvimento sustentável.

Segundo a GRI (2015, p. 3):

O relato de sustentabilidade auxilia as organizações a estabelecer metas, aferir seu


desempenho e gerir mudanças com vistas a tornar suas operações mais sustentáveis.
Relatórios de sustentabilidade divulgam informações sobre os impactos de uma
organização – sejam positivos ou negativos – sobre o meio ambiente, a sociedade e a
economia.
Dentre os tipos de relatório de sustentabilidade mais utilizados pelo mercado, considerando os
aspectos ambientais, é possível destacar: Global Reporting Initiative (GRI), Índice de
Sustentabilidade Dow Jones (ISDJ), e Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa
(ISE). Dentre todos, destaca-se a GRI, uma das estruturas mais utilizadas para o
desenvolvimento e elaboração de relatórios de sustentabilidade pelas organizações a nível
mundial.

2.2 Global Reporting Initiative (GRI)

A GRI (Global Reporting Initiative) corresponde ao conjunto de diretrizes para a elaboração


de relatórios de sustentabilidade mais conhecido e aplicado no mundo (HALE; HELD, 2011).
A GRI tem como objetivo apresentar diretrizes a serem seguidas pelas empresas para
elaboração de um relatório de sustentabilidade (SINGH et al., 2009). Sua importância diz
respeito à garantia da divulgação consistente e de qualidade de informações relacionadas à
sustentabilidade (MARIMON et al., 2012).

A organização GRI foi criada em 1997 através da união da CERES (Coalition for
Environmentally Responsible) e PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente) tendo por objetivo melhorar a qualidade, o rigor e a aplicabilidade dos relatórios
de sustentabilidade das empresas (GRI, 2015). Ela surge com o objetivo de elevar as práticas
no reporte da sustentabilidade a um nível de qualidade tal como apresentado pelos relatórios
financeiros. As diretrizes contidas no modelo GRI (atualmente em sua versão G4) ajudam na
identificação dos impactos das atividades das empresas sobre o meio ambiente, economia e
sociedade. Segundo Campos et al. (2013, p. 5), “essas diretrizes consistem em princípios para
a definição do conteúdo do relatório, em orientações para garantir a qualidade das
informações relatadas e indicadores de desempenho com o mesmo peso e importância”.

O modelo da GRI, atualmente em sua quarta geração, apresenta cada vez mais importância
pois permite o estabelecimento de princípios essenciais sobre o desempenho ambiental, social
e de governança das empresas (BASSETTO, 2010). Além disso, segundo Leite Filho, Prates e
Guimarães (2009), ele também permite a padronização na divulgação das informações de
sustentabilidade, importantes para comparações de desempenho, além de facilitar a
implementação de um processo de melhoria contínua na empresa.

No contexto de desenvolvimento sustentável, as diretrizes da GRI constituem a ponte entre


empresas e governos, permitindo que ambos contribuam positivamente para os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, contribuindo para o processo de decisão
sustentável necessário para que os objetivos sejam atingidos. Isso é alcançado através do
fornecimento de padrões para relatos em sustentabilidade, ajudando na transparência das
informações, em um melhor processo de tomada de decisões e na obtenção de melhores e
maiores resultados (GRI, 2017).

3. Metodologia

3.1 Amostra

A pesquisa é baseada em relatórios de sustentabilidade lançados seguindo as diretrizes GRI-


G4 por empresas do setor de alimentos de bebidas do Brasil e demais países da América
Latina. Foi considerado o ano de 2016, no qual houve a maior aderência à quarta geração das
diretrizes como forma de viabilizar a comparação entre as empresas e também obter
resultados mais atuais e autênticos. A amostra é composta por 24 empresas de 7 países
distintos. Os relatórios foram obtidos através dos sites das empresas em questão.

3.1 Coleta e análise dos dados

O foco do trabalho é o desempenho ambiental tal como relatado pelas empresas consideradas
e, dessa forma, apenas aspectos (temas) e indicadores referentes à categoria ambiental do
relatório serão analisados. Os indicadores relacionados à categoria ambiental do modelo de
relatório da GRI foram resumidos no Quadro 1.

Quadro 1 – Indicadores da categoria ambiental, por Aspecto Material

Aspecto Indicador Descrição


Materiais G4-EN1 Materiais usados, discriminados por peso ou volume
G4-EN2 Percentual de materiais usados provenientes de
reciclagem
Energia G4-EN3 Consumo de energia dentro da organização
G4-EN4 Consumo de energia fora da organização
G4-EN5 Intensidade energética
G4-EN6 Redução do consumo de energia
G4-EN7 Reduções nos requisitos de energia relacionados a
produtos e serviços
Água G4-EN8 Total de retirada de água por fonte
G4-EN9 Fontes hídricas significativamente afetadas por
retirada de água
G4-EN10 Percentual e volume total de água reciclada e
reutilizada
Biodiversidade G4-EN11 Unidades operacionais próprias, arrendadas ou
administradas dentro ou nas adjacências de áreas
protegidas e áreas de alto valor para a biodiversidade
situadas fora de áreas protegidas
G4-EN12 Descrição de impactos significativos de atividades,
produtos e serviços sobre a biodiversidade em áreas
protegidas e áreas de alto valor para a biodiversidade
situadas fora de áreas protegidas
G4-EN13 Habitats protegidos ou restaurados
G4-EN14 Número total de espécies incluídas na lista vermelha
da IUCN e em listas nacionais de conservação com
habitats situados em áreas afetadas por operações da
organização, discriminadas por nível de risco de
extinção
Emissões G4-EN15 Emissões diretas de gases de efeito estufa (GEE)
(Escopo 1)
G4-EN16 Emissões indiretas de gases de efeito estufa (GEE)
provenientes da aquisição de energia
(Escopo 2)
G4-EN17 Outras emissões indiretas de gases de efeito estufa
(GEE) (Escopo 3)
G4-EN18 Intensidade de emissões de gases de efeito estufa
(GEE)
G4-EN19 Redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE)
G4-EN20 Emissões de substâncias que destroem a camada de
ozônio (SDO)
G4-EN21 Emissões de Nox, Sox e outras emissões atmosféricas
significativas
Efluentes e resíduos G4-EN22 Descarte total de água, discriminado por qualidade e
destinação
G4-EN23 Peso total de resíduos, discriminado por tipo e método
de disposição
G4-EN24 Número total e volume de vazamentos significativos
Efluentes e resíduos G4-EN25 Peso de resíduos transportados, importados,
exportados ou tratados considerados perigosos nos
termos da Convenção da Basileia e percentual de
resíduos transportados internacionalmente
G4-EN26 Identificação, tamanho, status de proteção e valor da
biodiversidade de corpos d’água e habitats
relacionados significativamente afetados por descartes
e drenagem de água realizados pela organização
Produtos e serviços G4-EN27 Extensão da mitigação de impactos ambientais de
produtos e serviços
G4-EN28 Percentual de produtos e suas embalagens recuperados
em relação ao total de produtos vendidos, discriminado
por categoria de produtos
Conformidade G4-EN29 Valor monetário de multas significativas e número
total de sanções não monetárias aplicadas em
decorrência da não conformidade com leis e
regulamentos ambientais
Transportes G4-EN30 Impactos ambientais significativos decorrentes do
transporte de produtos e outros bens e materiais usados
nas operações da organização, bem como do transporte
de seus empregados
Geral G4-EN31 Total de investimentos e gastos com proteção
ambiental, discriminado por tipo
Avaliação G4-EN32 Percentual de novos fornecedores selecionados com
Ambiental de base em critérios ambientais
Fornecedores
G4-EN33 Impactos ambientais negativos significativos reais e
potenciais na cadeia de fornecedores e medidas
tomadas a esse respeito
Mecanismos de G4-EN34 Número de queixas e reclamações relacionadas a
Queixas e impactos ambientais protocoladas, processadas e
Reclamações solucionadas por meio de mecanismo formal
Relacionadas a
Impactos
Ambientais
Fonte: adaptado de GRI (2015).
A etapa de coleta de dados se procedeu com o acesso aos relatórios de sustentabilidade das
empresas. Para a análise dos relatórios foi utilizada a metodologia proposta por Dias (2006)
que, em seu trabalho, verificou a aderência aos formalmente chamados de indicadores
essenciais estabelecidos pelo GRI considerando companhias brasileiras. Dessa maneira,
inicialmente, as informações contidas nos indicadores dos relatórios foram, através de
comparação, classificadas conforme o modelo que pode ser visto no Quadro 2.

Quadro 2 – Modelo de classificação das informações dos indicadores

Categoria Sigla Classificação Definição


APL Aderência plena Todos os dados solicitados pelo indicador
foram fornecidos pela organização, conforme
as diretrizes
AP Aderência parcial Apenas parte dos dados solicitados pelas
Apresentados

diretrizes foram apresentados pela organização

D Dúbio As informações fornecidas pela organização


não são suficientes para avaliar se a aderência é
plena ou parcial
I Indiferente As informações fornecidas pela organização
diferem daquelas solicitadas pelas diretrizes

ND Não disponível A organização reconhece que a informação


solicitada é pertinente às suas atividades,
porém, ela ainda não possui condições de
fornecê-la
NA Não aplicável A organização reconhece que os dados
Não apresentados

solicitados pelo indicador não são pertinentes


às suas atividades ou ao setor/indústria em que
ela atua
OJ Omitido com A organização omite a informação solicitada
justificativa pelo indicador por decisão própria, porém,
apresentando uma justificativa para isso
O Omitido Nada se é comentado pela organização,
semelhante a como se o indicador em questão
não existisse
Fonte: adaptado de Dias (2006).
A metodologia desenvolvida por Dias (2006) e chamada posteriormente de GAPIE (Grau de
Aderência Plena aos Indicadores Essenciais) por Carvalho (2007), consiste no cálculo do
índice GAPIE obtido através da fórmula contida na Figura 1.

Figura 1 – Cálculo do GAPIE (Grau de Aderência Plena aos Indicadores Essenciais)

Fonte: adaptado de Dias (2006).


3.2 Análise dos resultados

Os índices GAPIE referentes a cada uma das empresas consideradas na pesquisa foram
submetidos a análises gráficas e estatísticas para responder às principais questões propostas na
pesquisa.

Os índices foram analisados segundo recomendam Castro, Siqueira e Macedo (2011), que
propõem níveis de classificação de acordo com o índice GAPIE calculado (Quadro 3).

Quadro 3 – Níveis de classificação do índice GAPIE


Faixa Classificação
0 |_ 0,25 Baixo
0,25 |_ 0,62 Médio
0,62 |_ 1 Alto
Fonte: adaptado de Castro, Siqueira e Macedo (2011).
Assim, espera-se obter resultados capazes de responder à principal questão apresentada no
estudo, seja ela: existem diferenças nos níveis de aderência aos indicadores ambientais do
modelo de relatório de sustentabilidade da GRI considerando empresas do setor de alimentos
e bebidas da América Latina?

4. Resultados e discussão

A origem dos relatórios de países da América Latina sobre o total de relatórios de


sustentabilidade analisados para o ano de 2016 é representada pela Figura 2 abaixo.

Figura 2 – Origem dos relatórios na América Latina (ano 2016)

Fonte: elaborado pelo autor.


Assim, com 25%, o Brasil é o país com o maior número de publicações de relatórios de
sustentabilidade seguindo as diretrizes GRI-G4 no ano de 2016. O país é seguido pelo México
(21%) e Colômbia e Chile, empatados com 17% cada. Analisando anos anteriores, essa é uma
tendência que se confirma, com o Brasil sendo o maior responsável pelos relatórios na região
com uma média também de 24% nos últimos 3 anos.
Através da metodologia proposta por Dias (2006), foi calculado o índice GAPIE para cada
uma das empresas da América Latina consideradas no ano de 2016. Com base nos resultados
obtidos, as empresas foram ranqueadas com base nos índices GAPIE obtidos. Os foram
resumidos no Quadro 4. O ranking completo das empresas se encontra no Apêndice A.

Quadro 4 – Ranking das empresas da América Latina com base no GAPIE

Posição País Empresa GAPIE


1º Argentina Coca-Cola Andina 0,7647
2º Brasil BRF (Brasil Foods) 0,7647
3º Chile CCU 0,6764
4º México Coca-Cola FEMSA 0,647
5º Colômbia Riopaila Castilla S.A. 0,5
6º Brasil Nestlé Brasil 0,4706
7º Argentina Grupo Arcor 0,4412
8º Equador Moderna Alimentos 0,4411
9º Brasil JBS S.A. 0,3529
10º Chile Santa Isabel Cencosud 0,3529

Fonte: elaborado pelo autor.

Dessa forma, considerando o índice GAPIE, é possível notar que, com relação à aderência aos
indicadores da categoria ambiental, o Brasil obtém os melhores resultados dentre as empresas
de mesmo setor consideradas no âmbito da América Latina. Levando em conta apenas os 10
melhores resultados, o Brasil aparece com três empresas (BRF, Nestlé e JBS), seguido pela
Argentina e Chile, ambos com duas empresas.

Por outro lado, considerando as médias das empresas em cada um dos países, o Brasil fica
atrás da Argentina, com uma média de 0,3970 contra 0,4608, porém, superior à média latino-
americana que é de 0,37. Os resultados gerais se encontram na Figura 3.

Figura 3 – Box-plot dos índices GAPIE por país

Fonte: elaborado pelo autor.


Analisando a amostra como um todo, o cenário se apresenta da seguinte maneira: do total de
empresas analisadas, apenas 8,3% atingiu um índice GAPIE superior a 0,75; 12,5% entre 0,5
e 0,75; 45,8% acima de 0,25 e abaixo de 0,5; e 33,3% das empresas com índice abaixo de
0,25. Segundo a classificação proposta por Castro, Siqueira e Macedo (2011), do total de
empresas analisadas, oito obtém classificação “baixa”, doze classificação “média” e apenas
quatro empresas recebem, com base no seu nível de evidenciação, a classificação “alta”,
aproximadamente 16,67% da amostra.

Muitas empresas não reportaram um grande número de indicadores ou, quando o fizeram, o
indicador apresentado não trazia todas as informações necessárias, fato que vai de encontro às
recomendações da organização. Além disso, embora a GRI permita a omissão de indicadores,
desde que fundamentado, esse recurso foi pouco utilizado pelas empresas, destacando-se o
grande número de indicadores omitidos sem qualquer tipo de justificativa como se
simplesmente não existissem. Isso, de certa maneira, se reflete nos resultados obtidos –
apenas quatro das empresas analisadas atingiram o nível de classificação “alto”.

Analisando a diferença entre a primeira e a última empresa no ranking geral, é possível


perceber um enorme distanciamento – uma diferença de quase 0,65. Assim, é possível notar
que, considerando um mesmo setor, as empresas se encontram em diferentes estágios no que
diz respeito aos seus níveis de evidenciação relacionados aos indicadores de desempenho
ambiental da GRI, ainda que os produtos resultados de suas operações possam ser diferentes.

5. Considerações finais

A Global Reporting Initiative (GRI) consiste em uma organização que se propôs a


desenvolver diretrizes que permitam a divulgação de informações sobre questões econômicas,
ambientais e sociais nas empresas de forma padronizada. Dessa maneira, é possível que as
organizações elaborem e divulguem relatórios confiáveis e de alta qualidade, importantes para
a comunicação e transparência com os stakeholders bem como sociedade em geral.

No presente estudo, teve-se como objetivo verificar, por parte de empresas do setor de
alimentos e bebidas da América Latina, a aderência aos indicadores de desempenho ambiental
disponibilizados em seus relatórios de sustentabilidade divulgados no ano de 2016 seguindo o
modelo da GRI. O trabalho limitou-se aos indicadores de desempenho ambiental das
diretrizes da GRI por conta da sensibilidade ligada a questões ambientais na região e também
no próprio setor e sua relação para com o meio ambiente.

Os resultados obtidos mostram que o Brasil se encontra em uma ótima posição no que se
refere ao atual cenário de relatórios de sustentabilidade no setor quando comparado a países
da mesma região, tanto na questão da quantidade de relatórios disponibilizados por ano, em
relação ao total da região, quanto dos graus de evidenciação da categoria ambiental tal como
representados pelo índice GAPIE. Além disso, a partir da análise do índice GAPIE foi
possível perceber que apenas quatro das empresas apresentaram um nível de aderência
considerado alto, enquanto que a maioria foi classificada com um grau médio ou baixo.

A média do índice GAPIE referente à América Latina é considerada média-baixa, o que


mostra uma fragilidade do setor no que tange aos relatos em sustentabilidade. Uma das
possíveis razões para isso pode ser a não percepção dos benefícios que podem ser alcançados
através da adoção dos relatórios de sustentabilidade ou o possível desinteresse do grande
público por esse tipo de informação que, por consequência, não gera pressão suficiente sobre
as empresas no sentido da melhoria da qualidade das informações divulgadas.

Também ficou claro que, embora as empresas consideradas façam parte do mesmo setor e da
mesma região, elas não se encontram em um mesmo nível ou estágio no que se refere à
aderência aos indicadores da GRI, resultados semelhantes aos encontrados por Dias (2006).
Também chegaram a conclusões parecidas Castro, Siqueira e Macedo (2011), Helou (2015),
Nascimento et al. (2011) e Travassos et al. (2014).

Por fim, é possível perceber que as empresas do setor de alimentos e bebidas da América
Latina ainda tem um caminho a percorrer na questão dos relatórios de sustentabilidade,
principalmente considerando aquelas que seguem as diretrizes da GRI para a elaboração e
divulgação de relatórios sobre desempenho ambiental. Dessa maneira, é esperado que seja
possível disponibilizar aos stakeholders relatórios com melhor abrangência, transparência, de
maneira padronizada e imparcial.

Como recomendações para pesquisas futuras, são sugeridos trabalhos que procurem investigar
a influência do envolvimento de diferentes grupos de stakeholders sobre a qualidade e nível
de evidenciação apresentados pelos relatórios de sustentabilidade no setor, e também a
percepção dos principais grupos acerca os relatórios de sustentabilidade com uma avaliação
sob sua ótica, relacionando atributos como confiabilidade, transparência, integridade e
abrangência.
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APÊNDICE A – Índice GAPIE para empresas da América Latina do setor de alimentos
e bebidas (ano 2016)

Posição País Empresa GAPIE


1º Argentina Coca-Cola Andina 0,7647
2º Brasil BRF (Brasil Foods) 0,7647
3º Chile CCU 0,6764
4º México Coca-Cola FEMSA 0,6470
5º Colômbia Riopaila Castilla S.A. 0,5000
6º Brasil Nestlé Brasil 0,4706
7º Argentina Grupo Arcor 0,4412
8º Equador Moderna Alimentos 0,4411
9º Brasil JBS S.A. 0,3529
10º Chile Santa Isabel Cencosud 0,3529
11º Brasil Citrosuco 0,3235
12º México Grupo Bimbo 0,3235
13º México Soriana 0,3235
14º Brasil Minerva Foods 0,2941
15º Colômbia Postobon 0,2941
16º Colômbia Alpina 0,2647
17º Chile Los Fiordos 0,2352
18º Colômbia Colombina 0,2352
19º Bolívia FINO 0,2059
20º México Grupo Lala 0,2058
21º Argentina Eco de los Andes 0,1765
22º Brasil AmBev 0,1765
23º Chile Carozzi 0,1176
24º México Grupo Bepensa 0,1176

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