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O SISTEMA INTEGRADO
DE DADOS ORÇAMENTÁRIOS
DO GOVERNO FEDERAL
GILBERTO TRISTÃO"
1.0- INTRODUÇÃO
No presente trabalho serão aborda- Cabe ainda ressaltar que este traba-
dos os seguintes tópicos: histórico do lho é fruto de uma pesquisa de campo rea-
SIDOR, onde será dado ênfase à Comissão lizada junto à SOF - Secretaria de Orça-
criada para o desenvolvimento deste Siste- mento Federal, ao DERIN - Departamento
ma e aos objetivos idealizados para o mes- de Informática do Instituto Brasileiro de
mo; estrutura do SIDOR, com a descrição Geografia e Estatística (IBGE)(1) e a usuá-
dos diversos módulos que o rios do SIDOR.
2.0 - HISTÓRICO
gerais a serem alcançados por este Siste- ção de custos e racionalidade de rotinas e,
ma: a conseqüente maior disponibilidade de
tempo para o planejamento das atividades;
a) prestar informações consistentes
e ágeis que possibilitassem parâmetros ade- i) formação, a curto, médio e longo
quados às decisões superiores; prazos, de conhecimento próprio, com a-
proveitamento da cultura da' instituição e a
b) consolidar as ações do Setor Pú- introdução da concepção sistêmica; e
blico Federal, vinculadas aos recursos de
todas as Fontes da Administração Pública j) formação de uma memória pró-
Federal (direta e indireta) com dotação ou pria de modo a evitar a vulnerabilidade e
não do Tesouro Nacional; a dependência externa existentes.
O momento trinta foi concebido para mente. Para tal, e para surpresa da SOF e
o Congresso Nacional se utilizar do SI- do DÊRIN, o PRODASHN - Serviço de
DOR para incluir as emendas aprovadas Processamento de Dados tio Senado Fede-
diretamente no orçamento, uma vez que ral desenvolveu um sistema próprio,
nesse tipo de detalhamento o Congresso onde, após alimentado com a proposta
tem autoridade para promover qualquer orçamentária, importada do SIDOR através
emenda, só que, apesar do SIDOR possuir de fita, são incluídas as emendas. Üe
essa abertura, ela não é utilizada direta- forma que, em vez do Congresso se utili-
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zar do SIDOR para "trabalhar" o orçamen- causando um grande problema para a SOF,
to, ele se utiliza do sistema desenvolvido que tem a âeu encargo a embaraçosa in-
pelo PRODASEN. Não bastante isso, o cumbência de "explodir" as milhares de
PRODASEN desenvolveu também um sis- emendas efetuadas pelo Congresso Nacio-
tema de publicação do Projeto de Lei, que nal, que estão agregadas a nível de Progra-
deve entrar em vigor este ano (1993), ma de Trabalho, e adequá-las a nível de
correspondendo a uma outra superposição elemento de despesa, dentro dos subproje-
às funções do SIDOR. tos e subatividades. Inclusive, quando o
Sistema desenvolvido pelo PRODASEN
Posteriormente, todas as alterações importa a proposta orçamentária do SI-
e emendas promovidas pelo Congresso DOR, essa importação se dá somente até o
Nacional e os conseqüentes vetos presiden- nível de agregação de Programa de Traba-
ciais são incluídos no SIDOR, pela SOF, lho. De modo que esta fase, o momento
para consolidação e publicação da Lei trinta do processo de elaboração da propos-
Orçamentária definitiva. E é justamente aí, ta orçamentária, corresponde a fase crítica
nessa fase do processo, onde reside a do processo, e, conseqüentemente, a uma
grande falha do Sistema: o orçamento é imperfeição do Sistema, a qual necessita de
elaborado a partir do menor nível de deta- um aperfeiçoamento para que o Sistema
lhamento da despesa, que é o dos subproje- atinja um estágio de maturação satisfatório.
tos e das subatividades, e o Congresso Esta maturação só será atingida quando as
trabalha somente a nível de Programa de informações fluírem numa seqüência natu-
Trabalho, ou seja, a agregação das emen- ral dentro do Sistema, em todas as suas
das promovidas pelo Congresso Nacional fases, sem que haja qualquer solução de
não desce a nível de elemento de despesa, continuidade.
Um outro objetivo idealizado para o trai como o Setorial em uma posição incô-
SIDOR foi a integração da SOF, via termi- moda. Ou seja, da forma como o Congres-
nais de vídeo, através do teleprocessarnen- so trabalha, não atende ao Órgão Central e
to, c o m o ambiente externo envolvido no como este trabalha, não atende ao Setorial,
processo de elaboração da proposta orça- evidenciando-se, deste modo, verdadeiras
mentária. Apesar desta integração existir redundâncias de sistemas e de dados na
•literalmente, existem alguns problemas a esfera da Administração Pública Federal.
serem sanados com vista ao aperfeiçoa- Este fato compromete, significativamente,
mento do Sistema. Se concebermos que as a integração sistêmica idealizada para o
informações saem do órgão Setorial Orça- SIDOR, uma vez que não existe compatibi-
mentário, passam pela SOF e vão para o lidade de detalhamento nos diversos níveis
Congresso Nacional, notaremos que o abordados. Há uma visão sistêmica distor-
nível de detalhamento a que o SIDOR cida.
desce não é o nível que atende ao Setorial.
Este detalha a despesa a nível de plano A solução para este problema não é
interno e trabalha com elemento de despesa difícil de ser atingida. Para tanto, basta
com oito dígitos, detalhamento este que que seja instituído um sistema único de
não é alcançado pelo SIDOR. O que, na orçamento, e a SOF, como Órgão Central
realidade, caracteriza um problema sério do Sistema, passe a captar a informação no
de integração. O que acontece, na prática, menor detalhe possível, de modo a atender
é que os Setoriais possuem sistemas pró- ao Setorial. A agregação da informação é
prios de elaboração da proposta orçamentá- apenas problema de máquina. A SOF
ria, onde são agregados os dados e, poste- poderia, seguramente, captar a informação
riormente, são transferidos para um siste- em um nível mais agregado e consolidar
ma "on-line" que é o SIDOR, sem que para poder trabalhar. Da mesma forma que
haja uma transferência automática. O o Congresso poderia trabalhar as informaç-
volume de informações que vai do Setorial ões a nível SOF e agregá-las a nível de
para o Congresso Nacional se processa de subprograma para efeito de discussão de
uma forma que coloca tanto o Órgão Cen- plenário.
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A verdade atual é que os níveis de bem mais ambicioso do que atender sim-
agregação em que as instituições trabalham plesmente ao Ministério da Fazenda. Ele
são incompatíveis entre si. se propunha a atender a todos os órgãos e,
assim, preencher a lacuna deixada pelo
A dificuldade para a unificação dos SIDOR. E com este propósito a STN
procedimentos, técnica e operacionalmente, tentou impor a implantação desse Sistema.
é nenhuma. O que falta é conscientização A proposta do PROGORCAN era muito
e vontade política, mais nada. boa, a sua única falha foi a tentativa de ser
um sistema imposto e, como tal, já nasceu
fadado ao insucesso. BARRET discute os
Se fizermos um paralelo entre o impactos da informatização na cultura
SIDOR e o SIAFI, constataremos, clara- organizacional, concluindo: "as culturas
mente, que o primeiro é tecnicamente bem organizacionais não devem ser mantidas ou
mais simples, embora não fale a mesma mudadas pela força, daí nossa ênfase na
linguagem nos seus diferentes níveis. utilização do diálogo, negociação e apren-
Quanto ao SIAFI, apesar de ser um siste- dizagem como meios de promover adaptaç-
ma bem mais complexo na sua abrangência ão ao invés de tentar impor mudanças pelo
e procedimentos, a sua operacionalização comando e pelo controle"(7).
é bastante simplificada. A área financeira
está bem mais evoluída, o SIAFI fala uma
linguagem única com todo mundo, enquan-
to a área orçamentária não. Há vários A análise deste fato leva à constataç-
sistemas. Cada Setorial tem um sistema ão de uma situação crítica e triste na
próprio para consolidar sua proposta orça- esfera da Administração Pública Federal:
mentária e posterior inclusão no SIDOR, a questão da briga de poder dentro do
com as devidas adaptações requeridas por Governo, no que diz respeito à prestação
este Sistema. de serviços de informação e informática. O
que existem são verdadeiros feudos de
informação. Tanto a SOF como a STN têm
No que diz respeito aos diversos os seus domínios exclusivos. O SERPRO
sistemas para consolidação da proposta seria basicamente para atender ao Ministé-
orçamentária desenvolvidos pelos Setoriais rio da Fazenda, o DERIN para atender à
de Orçamento, cabe ressaltar o sistema SEPLAN. Mas o que acontece é que o
desenvolvido pela STN - Secretaria do SERPRO faz sistemas para atender o âmbi-
Tesouro Nacional para o âmbito do Minis- to orçamentário, que é o âmbito que a
tério da Fazenda. Este sistema foi desen- SEPLAN gostaria de atender, e isto carac-
volvido no SIAFI, ou seja, constitui-se em teriza uma disputa de mercado e, conse-
um módulo do SIAFI, denominado de qüentemente, de poder onde o maior preju-
PROGORCAN - Programação Orçamentá- dicado é a própria Administração Pública
ria. O PROGORCAN tinha um objetivo Federal.
O SISTEMA INTEGRADO DE DADOS ORÇAMENTARIOS DO GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
8.0 - CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) Atualmente o DERIN está sob a subordinação do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
(2) CAMPBELL FILHO, A. Sistema Integrado de Dados Orçamentários - SIDOR. Revista ABOP, Brasília
(DF), v.133, n. 2, mai-set.1992, p. 23.
(3) SOUZA, João R. C. de. Sistema integrado de Dados Orçamentários: análise da metodologia de
desenvolvimento e implantação. In: Relatório finai de estágio do II Curso de Políticas Públicas e Gestão
Governamental. Brasília: mímeo, 1990, p.10.
(4) "Batch" - tipo de processamento feito por lotes e descontínua. Cada operação é efetuada individualmente,
enquanto as demais aguardam o término para serem processadas.
(5) Entenda-se por "pesquisa não estruturada" as consultas efetuadas no SIDOR pelos usuários, a qualquer
época, sem que haja uma rotina específica para tal anteriormente definida.
(6) QMF - "software" da IBM (linguagem de 4a. geração) que permite ao usuário "navegar" no Sistema e
efetuar pesquisas não estruturadas.
(7) BARRET, Susan M. Inforination tecnology and organizational culture: implementing change.
International Review of Administrative Sciences. Londres (Inglaterra), v. 58, n° 3, set.1992, p. 373.