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Capituto 6 Esses adolescentes de hoje... podem sentir necessidade das regtas na escola? Adriana de Melo Ramos ee _ Educadores que lidam com adolescentes frequentemen- te questionam: por que os jovens sabem as regtas, mas nao as respeitam, nao as cumprem? O que a escola poderia fazer pata mudar essa situagiio? Neste capitulo serio feitas refle- xées sobre a compreensio, legitimacio e pratica das regras entre os adolescentes, assim como sobre a organizacao das assembleias de classe como um espago promotor de didlo- gos ¢ construg&o de valores morais € éticos. A pratica e a consciéncia de regras entre adolescentes © questionamento citado acima é quase undnime entre os educadores que atuam com adolescentes, pois, quando um jovem infringe uma regra, em boa parte das vezes nao o faz pot falta de conhecimento, mas pot outros motivos. © que inquieta professores, coordenadores, orientadores ¢ diretores envolvidos com essas questdes é no conseguir compreendet por que os alunos sabem tecitar de cor as regras institucionais, mas nao as praticam. Para um edu- cador que ttabalha com a faixa etaria entre 12 ¢ 18 anos, ssa compreensio s6 ocorrera se houver um conhecimento sobre como criangas e adolescentes se desenvolvem moral- mente. Portanto, para que profissionais cm educacdo que atuam com alunos do Ensino Fundamental II ou Ensino Médio entendam o que faria seus alunos cumprit as regras escolares, é preciso um conhecimento mais abrangente so- bre a evolugio da pratica e da consciéncia das regtas, desde as criancas pequenas. Piaget (1994), ao estudat o desenvolvimento da morali- dade infantil, afirma que a crianga entra no mundo da moral por meio das regras. Em torno dos 3 ou 4 anos de idade, a crianga percebe que ha coisas que pode fazer e outras que nao, ¢ essa iniciacao no mundo da moral acontece por meio dos adultos. Ou seja, ha um respeito unilateral, e nao uma compteensio da regra propriamente dita. O autor denomi- na essa fase de heteronomia ~ do grego heleras, que significa “diversos”, mais a palayra nomos, que equivale a “regras”. Assim, 0 autor usa um conceito ctiado por Kant (2010) para definir a heteronomia como uma fase em que h4 uma moral da coagao. Em seus estudos, Piaget csclareceu a importan- cia de conhecer por que o sujeito segue determinada regra, visto que a simples obediéncia a ela nfo garante o valor moral de uma acao. Esse valor estaria no principio inerente A acao, Na heteronomia, os valores morais si0 pouco con- servados e a tegulacdo € externa, decorrente das relagdes de respeito unilateral. O respeito unilateral 6, para Piaget (1973, p. 75), “um ins- trumento de submissao a regras preestabelecidas, e a regras cuja origem permanece exterior ao sujeito que as aceita”, Essa forma de respeito de apenas uma das partes, isto é, da crianca pelo adulto, é, antes de tudo, fator de heteronomia. Logo, a definicéo da heteronomia pode ser feita como “a moral da obediéncia”, pautada no tespeito 4s ordens das au- toridades (adultos). Todavia, criangas se desenvolvem gracas 5 podendo superat uma fase de maior heteronomia para a autonomia. as experiéncias vivenciadas nas relacGes sociai se processo pode set favorecido ou nao, dependendo da qualidade do ambiente sociomoral com que a crianga ou o jovem interage. La Taille (2002) defende que, “uma vez 1" durante a fase de hetero- desenvolvido este senso moral nomia, o desenvolvimento moral prossegue tumo a auto- nomia, notadamente gragas as relagdes de cooperagio” (p. 30). © autor ainda afirma que, para conquistar a autonomia mortal, é preciso que a pessoa accite pertencer a uma comu- nidade moral. A palavra autonomia também foi emprestada das idcias de Kant e origina-se do grego autos, “pot si s6”, mais aomos, como ja descrito, “regras”. A moral aqui nao esta na coacao, na forga exterior de uma autoridade, e sim na cooperagio. Na autonomia, os valores antes impostos pela autoridade tornam-se valores de fato, e as regras nao somente come- cam a fazer real sentido, como também sio vistas como tradugées de tais valores, formas concretas de vivencia-los, e, por isso mesmo, devem ser seguidas, respeitadas, A mo- ral auténoma, decortente das relagdes de respeito mutuo e da cooperacio, bascia-se no reconhecimento da dignidade do ser humano, na reciprocidade ¢ na equidade. O tespei- to mutuo “constitui-se entre iguais, sendo feita a abstragdo de qualquer autoridade” (PIAGEFT, 1973, p. 75). Apesar de ainda ser uma mistura de afeic3o e medo, tal medo nao é o Wf Taille (2002, p. 20) “To que vimos em Pinger. Para ele, a crianca heterdn0- ina fem senso nioral, € aceita os limites que Ihe so impostos pelos adaltos, ea pessoa nina petmanece tendo este senso moral, mas xeferenda apenas os Jimites condi- au vrotnles conn a pustign eo respeito mnitae”, de vir a set punido, tepreendido ou admoestado, nem medo de ameacas com sancées fisicas ou psicoldgicas, mas um temor de decair aos olhos do outro. Com o respeito mituo, aos poucos a crianga vai substituindo suas relagdes embasa- das unicamente na obediéncia, passando a fundamenté-las também na reciprocidade, fayorccendo a moral auténoma. Em seus estudos, Piaget (1994) demonstrou que, pata que uma tegra possa fazer sentido para criancas ¢ adoles- centes, € preciso primeito praticé-la, vivencia-la, principal- mente nas relagdes mais simétricas, ou seja, entre pares, nao havendo, portanto, a coagiio natural da relagio de desigual- dade com o adulto. Para Menin (2007): Hissa evolugio da pritica ¢ coascigncia das regras aponta para uma lei de construcao do conhecimento afirmada por toda a teoria piagetiana: primeito é preciso fazer para depois compreender. Assina, na moral, como no campo intelectual, uma conscién- cia s6 se torna auténoma, livre da influén- cia cea de uma autoridade maior ¢ capaz de fazer descobertas na realidade, se puder experimentar, na ¢ com a pritica das ages, esta realidade, Na moral, a agio por exce- Ieacia é a cooperacio: sujcitos, iguais entre si, no sentido de terem o mesino poder de influéncia uns sobre os outros, usam segras para regularem mutuamente seus compor- tamentos e decidem sobre a justeza das mesmas em fungio deste coletivo. Fi esta pratica que constréi uma consciéncia autd- noma das regras. (p. 49) Assim, o ambiente sociomoral da escola e, em particu- lar, a forma como as regras s4o elaboradas, compreendidas ¢ legitimadas podem favorecer a formagao de jovens mais auténomos, ou de adultos aprisionados em uma moral da heteronomia, da obediéncia cega, sem reflexao. Regras convencionais e regras morais: 0 que a escola prioriza? Se as regras primeito sio praticadas para depois se tor- narem conscientes, set4 que todas possuem a mesma im- portincia? Para responder a essa questio sera usado um exemplo real de uma mie que pede ajuda ao relatar a se- guinte situacio que aconteceu com seu filho mais novo, na época com 13 anos de idade: ela desconfiava que seu filho tinha problemas de carAter, pois ouvita uma conversa do garoto com seu irmio mais velho, ao se trocarem pata ir ao colégio. Jodo, depois de colocar a camisa do seu time pteferido de futebol que havia ganho uma partida na noite antetior), desistiu de us4-la e colocou a camiseta do unifor- me. O irmao mais velho questionou por que ele no ia mais usar a camiseta do time. Joao disse pata Rafael: “Nao da! Eu ja perdi nove pontos este més na ‘Ficha de Regras’, se perder mais um por causa do uniforme a mamiae seta cha- mada”, Rafacl respondeu: “E dai? Ela ja foi chamada tantas vezes...”. O itmio concluiu: “Pois €, s6 que estou com pro- blemas com © Eduardo da outra sala, e hoje acho que vai sait porrada, melhor eu guardat esse ponto pasa a brigal”. A m&e, que escutava tudo, ficou indignada com a atitude do filho ¢ questionou seu carater, Entretanto, seria preciso YL Teale arcana insu ya identiande dos envelyidos, fietienas para presen

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