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IC 000353.2018.15.002/0
INQUIRIDO: BOEING BRASIL SERVICOS TECNICOS AERONAUT , EMBRAER
EMPRESA BRASILEIRA DE AERONÁUTICA S/A, UNIÃO FEDERAL
DESPACHO
Ou seja, a teor da resposta, não existe qualquer sigilo legal já reconhecido, mesmo
no âmbito da CVM, com relação ao documento. Ademais, considerando que o
Memorando diz respeito à forma societária que as empresas pretendem dar à futura
nova companhia que irão criar, não tratando de quaisquer estratégias industriais ou
comerciais, resta evidente que não há qualquer "vantagem" a ser obtida por Airbus
ou Bombardier, por exemplo, concorrentes dos inquiridos. Lembrando, ainda, que a
Embraer, ao pedir "confidencialidade" nestes autos, não alegou, sequer, a existência
de suposta "vantagem competitiva" a seus concorrentes.
"Outra meia verdade é de a União federal conservar poder sobre a Joint Venture a
ser criada, por permanecer detendo a Golden Share da EMBRAER. Acontece que
compondo a EMBRAER capital minoritário nesta nova empresa, correspondente a
20% do mesmo, teria o poder de minoritário nas decisões desta nova empresa cujo
capital majoritário de 80% estaria em poder da Boeing".
A teor de tal afirmação, constata-se que o Magistrado não teve acesso à íntegra do
Memorando, pois se este documento constasse nos autos da ação popular, saberia
que, na verdade, o que as empresas estão prevendo não é a manutenção de "poder
de minoritário nas decisões desta nova empresa", mas participação nenhuma da
Embraer nos atos decisórios e de gestão.
Frise-se que a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 5º, inc. LX, que: "a lei
só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem".
Cabe mencionar, por fim, que não há, seja nos autos da ação civil pública já
proposta pelo MPT, em face da União, seja nos autos do mandado de segurança
impetrado, relacionado à tal ação, qualquer decisão judicial decretando o sigilo do
documento em questão.