Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Set/Out 2017 • Nº 71
PAGUE
COM
Reconhecimento facial
para pagar contas, fazer
SELFIE
saques e operações
pelo celular deverá ser
realidade no dia a dia
dos bancos brasileiros
em até dois anos
34 DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO:
Internet das coisas Sergio Leo (diretor), Adriana Mompean, Cleide
Sanchez Rodriguez, Evelin Ribeiro, Anna Carolina
Até 2020, teremos 8,4 bilhões Gabiatti, Marcela Motta
de dispositivos conectados,
MARKETING:
diz Gartner Roseli Rapouso
www.ciab.org.br www.febraban.org.br
www.facebook.com/CiabFEBRABAN imprensa@febraban.org.br
Twitter: @ciabfebraban Twitter: @febraban
editorial
Gustavo Fosse
Diretor Setorial de Tecnologia e
Automação Bancária da FEBRABAN
Tecnologia e velocidade
das mudanças
Q
uase três décadas de uma trajetó- bém já está confirmada para 2018 a segunda
ria de sucesso do Ciab comprovam edição do Hackathon Ciab.
o comprometimento dos bancos e Os primeiros detalhes e novidades de
instituições financeiras com investimentos nosso congresso são destaques de reportagem
e soluções de TI para otimizar e facilitar as desta edição da revista, que traz como matéria
transações financeiras cotidianas de milhões de de capa o avanço no uso de biometria facial,
brasileiros. Após um Ciab FEBRABAN histó- tecnologia que deverá incorporar-se ao dia a dia
rico, em 2017, com recordes de participantes, das instituições financeiras em até dois anos.
palestrantes e patrocinadores, já começamos Os principais bancos do país já estudam ou tes-
a trabalhar a todo vapor no planejamento da tam soluções próprias e do mercado para usar
próxima edição do nosso congresso de TI, que a biometria facial ou por voz como mais uma
em 2018 chegará à sua 28ª edição. forma de autenticar as transações bancárias.
Nosso fórum de tecnologia é considerado A edição 71 da revista Ciab FEBRABAN
precursor na identificação de oportunidades de também mostra detalhes sobre a renovação do
negócios e na exposição de soluções para o seg- acordo de cooperação técnica firmado entre a
mento financeiro, já consagrado na agenda das FEBRABAN e a Polícia Federal no combate
instituições financeiras e dos bancos brasileiros. às fraudes bancárias eletrônicas praticadas por
Para a próxima edição, escolhemos o tema cen- organizações criminosas nos cartões de débito e
tral “Inteligência Exponencial”. Nosso objetivo crédito, internet banking, call centers e boletos.
será debater com os mais renomados especialistas Em outra matéria, mostraremos como a in-
brasileiros e internacionais como o comporta- ternet das coisas promete aumentar o número de
mento social é alterado pela aceleração do desen- usuários de serviços financeiros e reduzir riscos
volvimento de tecnologias - inteligência artifi- de fraudes. Reportagem revela que no setor de
cial, machine learning, blockchain e internet das seguros já existem aplicações de IoT em produ-
coisas, entre outras. É importante analisarmos ção, como os chips de telemetria aplicados em
as consequências dessas mudanças, que podem, automóveis, ônibus e caminhões. Ainda neste
rapidamente, criar ou destruir negócios. segmento, a inteligência artificial tem sido usada
Para a próxima edição também repetire- para identificar novos padrões de riscos, para
mos iniciativas que se mostraram extremamen- calcular prêmios mais ajustados a cada cliente
te exitosas. Teremos a continuidade do Ciab individual e na automação de processos.
Fintech Day, agora em sua terceira edição. Tam- Desejo a todos uma excelente leitura! n
segurança
“Vai encarar”?
Por Claudia Rolli
P
repare-se para tirar uma selfie ao pagar contas, fazer
saques ou transferências pelo celular, na agência ou no
terminal de atendimento. Já usada em aeroportos in-
ternacionais, no check-in de companhias aéreas e em serviços
do mundo digital, a biometria facial deve incorporar-se ao
dia a dia das instituições financeiras no prazo de um a dois
anos, segundo previsão de representantes do setor. O objetivo
é combinar segurança e proteção, conveniência e agilidade.
A tecnologia de reconhecimento facial poderá, em bre-
ve, permitir até a troca de mensagens entre clientes e bancos
no momento de realização de operações, e avança em ritmo
acelerado. Há cinco anos, um quarto do mercado de bio-
metria era concentrado em autenticação de face e de voz.
Há dois anos, essa participação subiu para um terço, calcula
o Biometrics Research Group, principal fonte de análises e
pesquisas sobre o setor.
Nos Estados Unidos, a tecnologia é usada até por igrejas
para identificar quem são seus seguidores. No Reino Unido,
varejistas usam o sistema para detectar turistas que furtam
objetos e souvenires em viagens – os shoplifters, crime fácil
Cibele Barreto
da FEBRABAN
envia foto de documentos, cadastra uma senha mos sempre entregar soluções eficientes sem
numérica, sua impressão digital e envia uma deixar de ser simples para os clientes”, diz
selfie, que é armazenada no banco de dados do ele. “Ajudamos a criar uma forma de gerar
Neon de forma criptografada. É essa imagem ainda mais segurança para compras online,
já cadastrada no banco que é conferida com a de forma intuitiva e prática para quem está
foto enviada para autenticar a operação. na outra ponta”.
Para evitar fraudes, a selfie precisa ser ti-
rada no mesmo momento da confirmação da Inspiração
compra e a pessoa deve piscar – uma exigência Além de atrair a atenção de bancos estrangei-
extra para verificar que o portador do cartão ros, a solução criada para o Neon movimentou
está presente no instante da autenticação. O o setor e deve servir de modelo para outras
uso dessa tecnologia está limitado, em uma instituições. “As conversas estão avançadas,
primeira etapa, aos casos em que o varejista com ao menos quatros emissores. São inova-
entenda ser necessário fazer uma verificação
adicional de segurança na operação.
Divulgação
Pedro Conrade, CEO do Neon, e Percival Jatobá, dos brasileiros não mudam as senhas regular-
vice-presidente de Produtos da Visa do Brasil, usam celulares mente ao acessarem contas online e sites pú-
para fazer selfies na ocasião do lançamento de solução de blicos, segundo pesquisa feita pela Mastercard.
reconhecimento facial para autenticar compras online
A empresa também estuda e desenvol-
ve outras formas inovadoras de autenticação
das transações. Até pelo coração. “Em alguns
ções semelhantes [ao Neon], mas adaptadas às países, já está em piloto a identificação por
necessidades desses bancos”, diz o executivo da meio da sequência cardíaca, para ser usada
Visa, sem detalhar o que são e para quem são em dispositivos wearables (os vestíveis, como
“as novidades que virão por aí”. pulseiras, relógios)”, diz o VP. “A impressão
Desde o final do ano passado, a Master- digital pela frequência do coração é uma
card, empresa de tecnologia que atua no mer- identidade única.”
cado de pagamentos, também testa no Brasil a A Mastercard também lançou um cartão
Identity Check Mobile, tecnologia baseada em biométrico que combina a tecnologia do chip
biometria e reconhecimento facial para verifi- com impressões digitais. O produto, que já
car a identidade do portador do cartão e sim- está em teste em um banco e numa rede de
plificar as compras online. “A solução já existe supermercados na África do Sul, deve chegar
em 14 países. O dono do cartão não precisa no futuro ao Brasil.
mais guardar senhas, o que agiliza a experiência Após habilitar o cartão biométrico da ins-
da compra digital e aumenta a segurança”, diz tituição financeira e registrar a impressão digi-
Valério Murta, vice-presidente de Produtos e tal, esse registro é transformado em um modelo
Soluções da Mastercard Brasil e Cone Sul. digital criptografado e armazenado no cartão.
Aumentar o nível de segurança é mais do Ao pagar uma compra em uma loja física, o
que necessário quando se considera que 61% cartão biométrico funciona como qualquer ou-
tro com chip: “É só inserir o cartão no terminal perdas financeiras para clientes e bancos.
de um revendedor, enquanto coloca o dedo A autenticação por impressão digital, por
no sensor. A impressão digital é comparada exemplo, já consegue barrar entre 70% e 80%
com o modelo e, se a biometria corresponder, das tentativas de fraude possíveis no setor fi-
a transação é aprovada. Isso tudo sem o cartão nanceiro. “Nos bancos de varejo, de uma for-
nunca ter saído da mão do consumidor.” ma geral, diria que estamos mais próximos dos
80%”, diz Volpini, da FEBRABAN.
Perdas ao setor O executivo compara a evolução da bio-
Os investimentos feitos pelo setor financeiro para metria ao avanço nas tecnologias de um mé-
obter sistemas mais eficientes de autenticação nas todo de segurança bem mais simples: a chave.
transações têm um motivo: a cada US$ 100 tran- “Você tem diferentes tipos chaves (biometria),
sacionados no mundo, US$ 0,06 são perdidos desde aquela antiga, de uma caixinha de mú-
com fraudes, segundo dados globais da Visa. sica, até uma chave tetra, que hoje seria a bio-
A biometria, de uma forma geral, é con- metria por fingerprint”, afirma. “Diria que o
siderada uma medida eficaz para combater reconhecimento facial é uma chave que está
fraudes na indústria de pagamentos e reduzir além da tetra, é ainda mais segura; mas ainda
Valério Murta
diz que desde o
ano passado, a
Mastercard testa
no Brasil a Identity
Check Mobile,
tecnologia baseada
em biometria e
reconhecimento
facial para verificar
a identidade do
portador do cartão
e simplificar as
compras online
Divulgação
Divulgação
do banco, foi a popularização do uso em ao relatar que o banco estudou e adaptou o “ESTAMOS NOS
outros segmentos, como emissão de passa- sistema de biometria por mais de um ano até PREPARANDO
portes pela Polícia Federal, Justiça Eleitoral difundi-lo aos clientes. PARA O FUTURO,
EXPLORANDO
e controle de fronteiras americano. “Outro
O POTENCIAL
motivo é que essa utilização mais intensa Cadastro multibiométrico DE NOVAS
obriga os fornecedores a manter a tecnolo- A partir do primeiro semestre de 2018, a Cai- SOLUÇÕES”
gia sempre atualizada”, diz ele. “A última, xa vai iniciar um cadastramento multibiomé- Cassius Schymura,
e não menos relevante razão, é a busca por trico (impressão digital e face) em todas suas do Santander
segurança, minimizando uma das fraudes agências, e expandir os serviços de biometria
mais comuns contra o sistema bancário, a digital nas unidades lotéricas e nos ATMs.
de identidade”, afirma Bento. Hoje, 40% dos 28 mil terminais estão adap-
“Quando se coloca uma digital na agên- tados a essa tecnologia.
cia, é feita uma varredura na base de todas as “A biometria de face já é usada em sistema
digitais do banco para identificar se aquela interno da Caixa para conferência e auxílio na
impressão digital já foi usada por outra pes- identificação cadastral de clientes, mas ainda
soa em algum momento; evitam-se fraudes, não é utilizada em aplicativos”, informa Geral-
lavagem de dinheiro”, diz Adriano Volpini, do Gama Andrade, superintendente nacional
diretor da FEBRABAN e também do Itaú, de Segurança Empresarial da Caixa.
n Caixa
O que usa: a biometria por impressão digital é usada para autenticar transações de pagamento de benefícios
(seguro-desemprego, bolsa família e INSS) e a imagem da face já é usada para consulta em sistemas de
segurança e de conferência documentais
Onde adota: 40% dos 28 mil ATMs da Caixa contam com biometria de impressão digital. A partir do
primeiro semestre de 2018, adotará o cadastramento multibiométrico nas agências (impressão digital
e face), o uso da biometria nos canais lotéricos e a expansão de serviços com biometria nos ATMs. Os
terminais de atendimento já possuem câmeras de registro fotográfico, o que possibilita a captura da imagem
da face para o reconhecimento facial
Quem usa: o banco possui 26 milhões de registros biométricos
O que estuda: o uso da biometria de reconhecimento facial e de voz para uso no mobile e nas URAs
(Unidades de Resposta Audível)
O que usa: biometria por impressão digital nas transações O que estuda: ainda não utiliza
bancárias e nos aplicativos Santander e Way, evitando que o biometria facial como fator de
cliente tenha que digitar a senha numérica. Para isso, o cliente autenticação, mas busca soluções que
precisar liberar a funcionalidade nos apps proporcionem aos clientes melhor
usabilidade e segurança; em breve
Onde adota: 100% dos caixas eletrônicos, deve lançar o Interpag, um meio de
assim como os terminais do Banco 24 horas e pagamento para tornar as transações
mesas de gerentes e caixas físicos, em 100% mais rápidas, fáceis e seguras
das agências e apps
Quem usa: 7 milhões de clientes cadastrados
n Original
O que estuda: soluções ligadas a biometria e
inteligência artificial para oferecer diferentes O banco informou que estuda o
experiências aos clientes nos canais digitais; a assunto de biometria facial, mas sem
troca de ATMS e equipamentos por máquinas previsão de datas
que permitam funcionalidades digitais, como
touch, e leitura de QRCode Fonte: Bancos
8% 8% 4%
29% 17% 21%
63% 75% 75%
(*) Pesquisa da consultoria Celent – Estudo com 25 instituições do setor financeiro nos EUA realizada em julho de 2016 pela Celent, para o relatório
“Os atacadistas da China usam o recur- mecanismo também pode vincular os parâme-
so para que os clientes se autentiquem pela tros faciais do correntista ao seu cadastro bio-
face; na Argentina, o ICBC (Banco Industrial métrico no banco, associando-o à impressão
e Comercial da China) recentemente passou digital da pessoa. Assim, se o cliente só tem
a oferecer essa forma de reconhecimento no o cadastro de impressão digital e autentica-
mobile; no Brasil, a Visa e o banco Neon lan- -se numa sessão do ATM, a biometria facial
çaram autenticação facial biométrica”, compara pode incorporar aquela imagem ao cadastro
o analista da Celent. dele automaticamente”, explica o gerente da
As demandas dos clientes por conveniên- empresa. “E, mais tarde, essa mesma imagem
cia e mais segurança, diante dos níveis crescen- poderia ser usada na autenticação por reco-
tes de fraude, devem impulsionar a expansão nhecimento facial no smartphone.”
da tecnologia. Tanto que mais de 80% das ins- Dos quase R$ 50 milhões que a Oki
tituições acreditam que, em menos de cinco Brasil investiu em 2016 em pesquisa e desen-
anos, o nome do usuário e a senha não serão volvimento, a maior parte foi direcionada ao
mais formas dominantes de login. desenvolvimento de tecnologias de biometria
“Os resultados da pesquisa confirmam facial, em sistemas próprios e em convênios
que a autenticação e gerenciamento de iden- com universidades brasileiras.
tidade são tópicos relevantes para instituições
financeiras que passam por mudanças signifi- 100% seguro?
cativas", afirma Bareisis. Especialistas em segurança da informação e
A visão é compartilhada por quem produz analistas da Celent reconhecem os avanços que
essa tecnologia para equipamentos usados pelos podem ser feitos com a biometria facial, mas
correntistas das instituições financeiras do país. discordam de quem afirma que a tecnologia é
“A biometria facial no sistema financeiro, no 100% eficiente.
ambiente de agências e no autoatendimento “Não concordamos particularmente que
deve se disseminar no prazo de até dois anos. a biometria facial seja mais segura do que a
O principal benefício é incrementar a conve- voz ou do que a autenticação por meio de im-
niência, dando um salto no nível de segurança, pressões digitais. Nenhuma (solução) é 100%
de forma não invasiva”, diz João Lo Ré Chagas, à prova de falhas, e depende da segurança da
gerente de produto e automações da Oki Brasil, tecnologia específica e da sua implementa-
fabricante de ATMs, que lida com grande va- ção”, diz Joan McGowan, também analista
riedade de demandas no setor financeiro. “Há sênior da consultoria.
bancos que buscam a biometria facial como Ingrid Imanishi, gerente de soluções
um complemento à de impressão digital ou de avançadas da empresa Nice, que atua com
leitura das veias das mãos, em que há uma ca- autenticação de voz em tempo real e pre-
mada adicional de segurança numa operação.” venção de fraudes, concorda. “Não se pode
Durante o Ciab FEBRABAN deste ano, dizer que exista 100% de segurança. Mas
a Oki apresentou uma solução em que é pos- há soluções, como as de biometria de voz,
sível ao banco até finalizar automaticamente em que, para autenticar a identidade de um
uma operação no ATM, caso o correntista cliente, pode-se chegar a 99% de precisão”,
saia do campo visual do equipamento. “Esse diz. (Claudia Rolli)
“Inteligência Exponencial”
será tema central do Ciab
FEBRABAN 2018
Por Adriana Mompean
F
oi dada a largada para a realização de
mais uma edição do Ciab FEBRABAN,
28ª edição do maior que, no próximo ano, terá como tema
congresso de tecnologia central “Inteligência Exponencial”.
O objetivo do próximo congresso, que
da informação para será realizado de 12 a 14 de junho no Tran-
o setor financeiro da samerica Expo Center, será debater como a
aceleração do desenvolvimento de tecnologias
América Latina foi nos campos de inteligência artificial, machine
lançada no fim de learning, blockchain e internet das coisas impli-
ca em constantes alterações do comportamento
setembro com social _ e como essas mudanças podem rapi-
87% da área total de damente criar ou destruir negócios.
A nova edição do fórum de tecnologia da
exposição já reservada informação, considerado o mais importante da
América Latina, foi lançada no último dia 27,
em um evento para 150 pessoas em São Paulo.
Organizadores
lançaram o Ciab
FEBRABAN 2018
em evento para 150
pessoas realizado
Cibele Barreto
em São Paulo no
fim de setembro
Durante o lançamento, 87% da área total produtos e serviços para o mercado financeiro.
de exposição já foram reservados pelas empre- Neste ano, os três vencedores do Ciab
sas que participarão do Ciab FEBRABAN. Fintech Day foram a Dataholicks, com uma
Os organizadores registraram um aumento de plataforma que capta e estrutura milhões de
42% no número de patrocinadores e alta de dados de pessoas nas redes sociais e fontes
18,5% no número de expositores. Foi o me- públicas da web. A Fullface apresentou uma
lhor resultado comercial alcançado em um solução de biometria facial para identificação
lançamento do congresso de tecnologia que de pessoas de forma transparente e rápida, vol-
acontece desde 1991. tada a garantir segurança em processos físicos e
digitais. E a Tem mostrou um projeto de acesso
Fintechs à saúde para populações com menor renda.
Empresas financeiras com estruturas enxutas e As fintechs selecionadas para o Ciab FE-
uso intenso de novas tecnologias, as fintechs ga- BRABAN 2018 serão avaliadas por um júri
nharão novamente destaque especial no Ciab. de especialistas de grandes bancos e empresas
Em 2018, o congresso terá startups internacio- de tecnologias. As vencedoras se reunirão com
nais convidadas para a terceira edição do Ciab executivos das instituições financeiras para es-
Fintech Day. Serão selecionadas 13 startups: sete tudar possibilidades de negócios e parcerias.
brasileiras e seis internacionais. Também já está confirmada para 2018
“Queremos tornar a competição interna- a segunda edição do Hackathon Ciab, uma
cional, e também mostrar aos bancos opções maratona de 48 horas voltada a programa-
interessantes de startups financeiras fora do dores, desenvolvedores, empreendedores
Brasil”, afirma Marcelo Assumpção, gerente de e pessoas que tenham ideias de soluções
Relacionamento de Eventos da FEBRABAN. disruptivas para o mercado financeiro. Na
Em 2017, 21 startups do Brasil estiveram no primeira edição do evento, os participantes
evento mostrando soluções disruptivas em desenvolveram soluções baseadas em qua-
Competição
entre startups
FotoAndres
durante o Ciab
Fintech Day 2017
Agilidade é o novo
nome da cooperação
Por Guilherme Meirelles
N
o meio corporativo, é amplamente
conhecido o mandamento de Peter
Drucker, o pai da administração mo-
derna: “não é a empresa que define o mercado;
é o cliente”. A premissa é válida no sistema
bancário, onde os principais bancos adotaram
o modelo de Métodos Ágeis (conhecido como
Agile), para acelerar e desburocratizar processos
internos no desenvolvimento e lançamento de
produtos e serviços, principalmente aplicativos
para dispositivos móveis.
O conceito Agile não está ligado à ve-
locidade, mas sim à capacidade de adaptação
dos colaboradores para promover eventuais
alterações em um projeto. “No processo an-
tigo, com equipes menos flexíveis, ficávamos
até seis meses detalhando uma necessidade de
tecnologia da informação para poder fazer o
cálculo de custo”, lembra Márcio Motta, ge-
rente executivo de gestão de TI do Banco do
Brasil. “A decisão era tomada com estimativas
de custos e orçamentos bem precisos, que dava
mais segurança, mas, devido ao tempo gasto,
o concorrente já tinha feito antes.”
Desde 2014, o BB passou a atuar com
equipes compostas entre cinco e nove cola-
boradores, vindos de áreas que antes não se
comunicavam, como TI, negócios e design de
projetos. “As equipes são horizontais, tendo so-
mente a presença de um gestor mais experiente,
que organiza o backlog (relação de tarefas que
devem ser cumpridas) e outro, de preferência
Luiz Michelini
Tecnologia e Automação Bancária da FEBRA- cionamos mais de sete mil bolsas e patrocínios
BAN. “Trabalhamos com o desenvolvimento de estudo para graduação e pós-graduação;
de pessoas, respeitando as aptidões de cada um, treinamento é fundamental, mas o que faz a
buscando formar talentos; mas não o talento diferença é o comportamento”, afirma.
técnico, e sim o engajamento e o brilho nos Uma das ações desenvolvidas interna-
olhos”, comenta. mente pelo Itaú Unibanco foi a Batalha de
Para que as equipes matriciais tenham o Dados, um desafio (em formato de hackaton)
desempenho desejado, é fundamental investir que engaja funcionários das áreas de negócios e
nas vocações dos colaboradores. Hoje, há 35 tecnologia em busca de novas soluções baseadas
equipes atuando no modelo Agile, no banco. na cultura de dados. Após dedicarem-se, por
Em estágio mais avançado de maturação es- uma semana, a um determinado projeto que
tão os times encarregados no desenvolvimento envolva inovação, os participantes desenvol-
de produtos de Capitalização e Previdência. vem um protótipo funcional, com o uso de
Segundo o gerente executivo Márcio Motta, métodos analíticos e soluções tecnológicas de
Claudia Politanski, as próximas equipes a se consolidar serão as vanguarda, como a inteligência artificial.
do Itaú Unibanco, dedicadas aos produtos de Investimentos. Um exemplo de produto desenvolvido por
diz que a cultura
Segundo Claudia Politanski, vice-presi- meio do modelo Agile é o banco digital Next,
do banco é o
principal diferencial dente do Itaú Unibanco e da FEBRABAN, a lançado pelo Bradesco, durante o Ciab FEBRA-
em um ambiente cultura do banco é o principal diferencial em BAN 2017, em São Paulo. O Next oferece servi-
competitivo um ambiente competitivo. “Em 2016, dire- ços de conta corrente, cartões e investimentos e
Luiz Michelini
Luiz Michelini
Walkiria Marchetti, do Bradesco, diz que o Next foi Vanessa Lobato diz que no Santander, a metodologia
100% desenvolvido na metodologia Agile Agile foi adotada em 2016 e envolve 1.200 funcionários:
“Traz agilidade diferenciada; nossos aplicativos
são elogiados”
até abertura de conta, sem que o cliente precise timing, diferentemente da metodologia tradi-
ir à agência. “O Next foi 100% desenvolvido cional, na qual cada um faz a sua parte e passa
nessa metodologia, desde a modelagem da pro- o bastão”, conta Walkiria Marchetti. Segundo
posta de valor até o lançamento”, diz Walkiria a diretora, a experiência fortaleceu a cultura
Marchetti, diretora executiva gerente de TI do do banco. “A palavra-chave é propósito: todos
Bradesco. “Foram dois anos de trabalho, com estavam com brilhos nos olhos”, garante.
alto nível de comprometimento.” No Santander, a metodologia Agile foi
O passo inicial foi a composição de uma adotada em 2016, e envolve 1.200 funcionários.
equipe de 150 colaboradores de diversas com- “Traz agilidade diferenciada; nossos aplicativos
petências, com duas lideranças experientes no são elogiados; percebemos a satisfação do clien-
comando – uma de TI e outra de Negócios, te”, afirma Vanessa Lobato, vice-presidente de
responsáveis pelo projeto. Abaixo das lideran- RH do banco.
ças master, havia quatro líderes específicos: uma Apesar dos resultados positivos, ela não
pessoa dedicada à experiência para os clientes, acredita que o modelo seja replicado para toda
um colaborador na área de análise de algo- as áreas da instituição. “São diferentes modelos
ritmos, outro concentrado em arquitetura e para diferentes objetivos; mas o importante é
design, e um profissional de desenvolvimento. trabalhar de forma mais colaborativa, dando
“A equipe trabalhava junta e no mesmo à diversidade um valor”, afirma. n
Promessa sedutora
Por Felipe Falleti
E
sta é a segunda internet. Ela vai movi- “EMBORA TODO SETOR FINANCEIRO ESTEJA AINDA
mentar US$ 5 trilhões ao ano. Até 2020, NA FASE DE ANÁLISES E TESTES, SABEMOS QUE ESTA
teremos 8,4 bilhões de dispositivos co- É UMA TECNOLOGIA MADURA, QUE FUNCIONA”
Cristiano Barbieri, da SulAmérica
nectados. Quem anunciou a nova internet foi
o CEO da Cisco, John Chambers. O cálculo
de movimentar trilhões de dólares ao ano é da
respeitada consultoria Deloitte. Já o estudo que internet das coisas _ a tecnologia dos objetos
prevê para muito breve a existência de mais capazes de capturar dados e enviá-los de forma
itens conectados que seres humanos vivos no autônoma para serviços em nuvem na web.
planeta é do igualmente crível Gartner. Um copo conectado, por exemplo, pode medir
As previsões grandiosas, porém, ainda en- quanto líquido o usuário bebeu no dia; uma
gatinham, no mundo real dos consumidores e balança online pode registrar os altos e baixos
dos serviços financeiros, que observam com um do peso do corpo ao longo da semana; e um
misto de fascínio e desdém a onda de conecti- monitor cardíaco pode enviar alertas em tempo
vidade que pluga relógios, canecas, carros, cafe- real sobre momentos de estresse e relaxamento.
teiras e até equipamentos de previsão do tempo Todas estas informações, dispersas, podem
à internet. O fenômeno leva o nome inglês de não ter muito valor; mas, uma vez organizadas e
“internet of things” (IoT) ou, em português, analisadas por aplicativos de big data (termo que
A
internet das coisas (IoT), que pro- receita em tecnologia. A outra metade investia Carlos Eduardo
move a conexão à rede mundial de entre 2% e 4%. Os dados mostram evolução Mazon, da
Capgemini, diz que
computadores de aparelhos usados na em relação à edição passada, que identificou
o uso da internet
vida cotidiana, abriu um novo mundo a ex- apenas 11% com direcionamento entre 3% e das coisas pelas
plorar para os executivos do setor de seguros, 4% da própria receita para inovação. seguradoras
que já falam em “seguro das coisas” como um A demora em inovar é atribuída à falta de possibilita o uso
sonho do setor. “Coisas”, no caso, ligadas vir- regulamentação do setor, a cargo da Superin- de programas
tualmente, pela internet. tendência de Seguros Privados (Susep). Neste de manutenção
preditiva e
“Ter o seguro para proteger todas as coisas ano, a autarquia tem se mostrado sensível ao
prestação de
conectadas à vida do internauta pode se tornar tema das insurtechs (termo que significa a tec- serviços agregados
realidade”, garante Tonatiuh Barradas, vice- nologia em seguros), e acompanha de perto
-presidente de indústrias estratégicas da SAP os passos do Banco Central, que já começou a
América Latina e Caribe. discutir normas para regular as fintechs. “Em
Essa exploração vai exigir investimentos. janeiro deste ano, a Susep criou a comissão Es-
Pesquisa recente realizada pela Strategy@ para o pecial de Seguros, no qual um dos assuntos em
anuário do jornal Valor Econômico classificou pauta inclui transações eletrônicas e a criação
as companhias do setor de seguros e operadoras de produtos e serviços que atendam plenamen-
de planos de saúde conforme seus investimen- te o desejo dos consumidores”, disse Joaquim
tos em inovação e constatou que cerca de 50% Mendanha, superintendente da Susep.
dessas empresas investiam no máximo 2% da A notícia vem ao encontro da demanda
das seguradoras. “As fintechs e insurtechs apro- bilita o uso de programas de manutenção predi-
ximam o mercado segurador dos consumi- tiva, prestação de serviços agregados, prevenção
dores, principalmente os mais jovens”, disse de acidentes, recuperação de veículos roubados,
Alexandre Leal, diretor e representante da Con- compreensão de riscos de condução do veículo,
federação das Seguradoras (CNseg), ao falar entre outros”, explica ele. “Isso alimenta uma
do assunto no Ciab FEBRABAN deste ano. série de processos dentro da seguradora que se
A tecnologia aproxima as empresas dos clien- refletem em menores custos e melhores preços
tes, mas o consumidor não deve dispensar os aos condutores que oferecem menos riscos.”
corretores, acrescenta o presidente da CNSeg, Os consultores trouxeram ao Ciab FE-
Márcio Coriolano. “O consumidor sempre BRABAN, neste ano, inovações já testadas em
precisará da figura do corretor para traduzir o outras partes do mundo. No Brasil, boa parte
produto, no que diz respeito às suas necessi- das novidades diz respeito ao atendimento aos
dades e à sua capacidade de pagamento, além segurados nos diversos canais de comunicação.
da ajuda na escolha entre as variedades que “São tantos aplicativos que nem consegui men-
existem no mercado.” surar para citar neste meu discurso”, comentou
Hoje os corretores de seguros são respon- Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e
sáveis por 85% dos R$ 240 bilhões do fatura- Automação Bancária da FEBRABAN.
mento das seguradoras. Com o avanço da tec- Segundo Cristiano Barbieri, diretor de
nologia, o volume de produtos e serviços, bem Tecnologia da SulAmérica, as empresas têm in-
como a abrangência das ofertas serão maiores. vestido em pequenos projetos, para personalizar
Com tantas opções, ter um especialista para produtos e serviços à medida que a interação
separar o joio do trigo é primordial. com os clientes traz aprendizado ao setor.
“O corretor ganhou um aliado: a tecno- A Liberty Seguros, por exemplo, foi a
logia”, afirma Armando Vergílio, presidente da primeira a pôr em prática a telemetria a fa-
Federação Nacional dos Corretores de Seguros vor dos segurados, ao investir R$ 1 milhão no
Privados e de Resseguros, de Capitalização, de programa Direção em Conta, nos últimos três
Previdência Privada, das Empresas Corretoras de anos. A última versão do programa dispensa
Seguros e de Resseguros (Fenacor), que lidera instalação de qualquer dispositivo no veículo
boa parte dos 100 mil profissionais de vendas do e funciona com dados capturados por meio
setor. Com esse apoio, deve avançar de forma do smartphone do usuário. ”O desconto para
acelerada a decisão de investir em tecnologias o cliente pode chegar até 30%”, informa José
como analitycs e internet das coisas no setor. Mello, superintendente de pesquisa e inovação.
Capaz de aproximar o setor dos consumi- A inteligência artificial tem sido usada
dores, a inteligência artificial (IA) é o primeiro para identificar novos padrões de riscos, para
dos 10 itens apontados entre os principais inte- calcular prêmios mais ajustados a cada cliente
resses de investimento das empresas de seguros individual e na automação de processos _ a
em matéria de inovação, no Estudo Global de intenção é melhorar a qualidade da experiência
Tendências na Indústria de Seguros Capgemini, dos usuários e eliminar ineficiências na intera-
afirma Carlos Eduardo Mazon, Diretor de Ope- ção por meio de robotização.
rações da subsidiária brasileira. “O uso da IoT, Segundo Marcelo Blay, CEO da Minuto
uma das vertentes da IA, pelas seguradoras possi- Seguro, startup que já recebeu aporte milioná-
Segundo o Google, são realizadas 150 milhões de buscas por mês por
termos relacionados ao setor financeiro. Considerando-se apenas seguros,
o total supera 13 milhões. Esses números mostram crescimento de 11%
no 1º trimestre de 2017, comparado ao mesmo período do ano passado.
PLANO DE SAÚDE
10 milhões*
INSTITUCIONAL
(nome de seguradoras) 2 milhões*
PLANO ODONTOLÓGICO
700 mil*
SEGURO DE CARRO
300 mil*
SEGURO VIAGEM
200 mil*
SEGURO PARA CELULAR
100 mil*
SEGURO DE VIDA
60 mil*
SEGURO PARA
ALUGUEL/FIANÇA 50 mil*
SEGURO RESIDENCIAL
40 mil*
*Número de buscas
rio de fundo Redpoint, seria possível ter uma inovação chegará rápido no nosso mercado e te-
grande redução de custo operacional, tanto do mos de nos aliar se quisermos crescer protegendo
lado das seguradoras como das corretoras, se nossos clientes que querem mobilidade, preço e
as seguradoras conseguissem integrar os siste- garantias sob medida”, disse Alexandre Camillo,
mas de apoio à venda _ como vistoria prévia, presidente do Sindicato dos Corretores de Se-
transmissão e emissão _ e de pós-venda, como guros no Estado de São Paulo, para uma plateia
endosso, sinistro e resolução de pendências. com mais de 1,2 mil corretores _ que, até o final
“Essa economia poderia ser revertida para de 2016, ameaçavam deixar de vender produtos
preço, transferindo o benefício para os consu- de seguradoras ligadas a plataformas digitais de
midores, permitindo que mais clientes tenham startups, presentes no mercado desde 2014.
recursos para comprar o produto, ampliando “Ninguém quer pagar mais do que con-
ainda mais o mercado e favorecendo ganhos some por qualquer produto e serviço”, provoca
de escala”, comenta Blay. André Gregori, CEO da Thinkseg, uma das
Durante os dois dias de debates, no Ciab insurtechs que aposta, no Brasil, em ofertas via
FEBRABAN 2017, as cinco palestras dedicadas mobile, aproveitando o avanço deste canal de
ao setor de seguros sinalizaram que o mercado atendimento. As operações com aplicativos
deste segmento precisa mudar rápido. Apesar de bancos em celular já representam 34% das
de movimentar vendas mundiais de US$ 4,6 transações bancárias em 2016, um aumento
trilhões, boa parte dos produtos são ultrapas- de 14 pontos percentuais em relação ao ano
sados e carregados de burocracia. Segundo os anterior, segundo a Pesquisa FEBRABAN de
especialistas, as vendas se sustentam porque Tecnologia Bancária, realizada pela Deloitte.
os riscos assustam as pessoas em tempos de O seguro de carro já disponível na plataforma
economia combalida e instabilidade política. Thinkseg oferece até 40% de desconto, em
Pesquisas revelam que boa parte dos comparação com o produto tradicional.
clientes desse mercado acha o seguro um mal “Atualmente são 27 insurtechs no Brasil,
necessário. O setor quer fazer com que ele segundo mapeamento do Radar Fintech. Em
seja visto como um bem necessário, a partir 2015 eram apenas sete”, contabiliza Gustavo
de exemplos como o da insurtech nova-iorquina Zobaran, gerente de experiência de marca da
Limonade, que pediu ingresso no Guiness Book Youse, plataforma digital lançada há três anos
de Recordes por ter pago a um cliente em três pela Caixa Seguradora. “Não tenho dúvidas que,
minutos após o comunicado de roubo. Entre para 2018, este número, no mínimo, dobre; o
centenas de estudos sobre o tema insurtech lan- mundo digital veio para dar poder de escolha e
çados em 2017, uma análise da CB Insights o consumidor se mostra aberto à novidades de
e Oliver Wyman revela que os investimentos venda de seguros da Caixa Seguradora.
em insurtechs, iniciados em 2011, totalizaram O mundo “Seguro das Coisas (conec-
US$ 3,9 bilhões em 2016 e superarão US$ 6 tadas)” só existirá se o consumidor quiser. E
bilhões em 2020. Há especialistas que acham para ele querer é preciso ofertar preço acessível,
esse projeção tímida. estar em todos os lugares, dentro do conceito
“Nós mesmos somos responsáveis pelo omni-channel, com atendimento disponível
avanço de aplicativos como Uber, Netflix, Waze, 24 horas por dia 7 dias por semana”, resume
Airbnb entre tantos outros; isso mostra que a Barradas, da SAP. n