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Italan Carneiro159
italancarneiro@gmail.com
Brasil
Introdução
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Professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – IFPB e doutorando em Educação
Musical no Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba.
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A pesquisa em tela, encontra-se em andamento e está sendo realizada no Instituto Federal da
Paraíba, campus JoãoPessoa, tendo como objetivo refletir acerca da formação ofertada pelo curso
técnico em instrumento musical, partindo do perfil do seu corpo discente. Para tanto, foi realizado um
levantamento (survey) do tipo censo junto ao corpo discente, através da aplicação de questionários
onde foram abordados 107 estudantes, o que totaliza 100% dos alunos matriculados no momento da
coleta dos dados, realizada entre fevereiro de 2012 e maio de 2013. Questões como o alto índice de
evasão, com índices acima de 50% ao final do curso, bem como a ausência de estudos nessa modalidade
de ensino de música (técnico integrado ao Ensino Médio), destacam-se como elementos que
despertaram o interesse pelo tema.
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A Lei orgânica do ensino industrial determinou que: “Art. 5º Presidirão ao ensino industrial os
seguintes princípios fundamentais: *…+ 3. No currículo de toda formação profissional, incluir-se-ão
disciplinas de cultura geral e práticas educativas, que concorram para acentuar e elevar o valor humano
do trabalhador” (BRASIL, 1942, p. 1997).
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O Decreto ainda prevê as possibilidades: concomitante, oferecida somente a quem já tenha
concluído o ensino fundamental ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade
entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio pressupõe a existência de
matrículas distintas para cada curso; e subsequente, oferecida somente a quem já tenha concluído o
ensino médio (BRASIL, 2004, p. 18).
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Autores como Moura (2013), Frigotto, Ciavatta, Ramos (2006), dentre outros,
defendem a atual configuração do currículo integrado, que prevê a profissionalização,
argumentando que “a extrema desigualdade socioeconômica obriga grande parte dos
filhos da classe trabalhadora nacional a buscar, muito antes dos 18 anos de idade (e
até crianças), a inserção no mundo do trabalho, no intuito de complementar a renda
familiar ou até de autossustentação” (MOURA, 2013, p. 713). E que essas pessoas
seguem, via de regra, com baixíssima escolaridade e sem nenhuma qualificação
profissional, engordando as fileiras dos trabalhos precarizados. Atender esta parcela
da população seria, portanto, o objetivo central do currículo técnico integrado ao
Ensino Médio.
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A Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, transformando os Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs) em Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia (IFs).
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educação básica, da qual o Ensino Médio faz parte. Nesse contexto, o corpo docente,
além do efetivo domínio dos conteúdos musicais, precisa das ferramentas e
estratégias adequadas para a dinâmica da escola regular (bastante diferenciada da
escola especializada) e de uma ampla compreensão das funções sociais que tanto a
música quanto o instrumento musical podem adquirir nesse contexto.
Apesar da semelhança em termos de objetivos e conteúdos acima destacada
entre os Institutos Federais e as escolas especializadas em música, ressaltamos, acerca
da diferenciação entre os dois espaços, características como a quantidade de
estudantes em sala de aula e a composição da turma166, fatores que exercem
influência direta nas estratégias metodológicas a serem desenvolvidas em sala de aula.
Destacamos ainda que o IFPB não exige conhecimentos musicais prévios e não realiza
nenhuma triagem além do Processo Seletivo dos Cursos Técnicos (PSCT) para a
composição da turma, de modo que encontramos uma significativa heterogeneidade
na sala de aula em termos de conhecimentos musicais, expectativas, pretensões, etc.
Podemos afirmar que, no contexto do IFPB, a prática instrumental adquire uma
função social bastante distinta daquela encontrada em outros espaços de formação,
pois a clientela que busca a profissionalização em música realizada nos IFs, através do
Currículo Integrado, diferencia-se consideravelmente da que o faz nos espaços
especializados.
Considerações finais
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As escolas especializadas, via de regra, trabalham com turmas reduzidas e têm autonomia para
montá-las de acordo com critérios que normalmente buscam o nivelamento da turma, como o critério
do conhecimento musical prévio, em busca de um certo nível de homogeneidade em sala de aula.
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não realiza nenhuma triagem além do Processo Seletivo dos Cursos Técnicos (PSCT)
para a composição da turma, de modo que encontramos uma significativa
heterogeneidade na sala de aula em termos de conhecimentos musicais, expectativas,
pretensões, etc.
Questões como a busca por um Ensino Médio gratuito e reconhecidamente de
qualidade, bem como o acesso ao Ensino Superior em outras áreas do conhecimento,
por exemplo, permeiam consideravelmente o contexto do curso e influenciam
significativamente as práticas, escolhas e encaminhamentos musicais que ocorrem ao
longo do curso. Refletindo nesse sentido, Costa (2012, p. 3) argumenta que as
instituições do ensino técnico em música, via de regra, ainda não conhecem as
expectativas dos discentes em relação aos seus cursos.
É importante destacar que a formação técnica de nível médio, seja na
modalidade integrada ou nas demais possibilidades, precisa ser significativa também
para aqueles que não pretendem um prosseguimento de estudos ou uma efetiva
inserção profissional na área. Nesse sentido, o Projeto Político Curricular do Curso de
Instrumento Musical do IFPB destaca:
Referências
GARCIA, Nilson Marcos Dias; LIMA FILHO, Domingos Leite. Politecnia ou educação
tecnológica: desafios ao Ensino Médio e à educação profissional. In: REUNIÃO ANUAL
DA ANPED, 27., 2004, Caxambu. Anais... Caxambu: ANPED, 2004. Disponível em:
<http://www.anped.org.br/reunioes/27/diversos/te_domingos_leite.pdf> Acesso em:
501
17/08/2013.
PENNA, Maura. Ensino de música: para além das fronteiras do conservatório. In:
PEREGRINO, Yara Rosas (coord.). Da camiseta ao museu: o ensino das artes na
democratização da cultura. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 1995. Disponível
em: <http://www.ccta.ufpb.br/pesquisarte/Masters/da_camiseta.pdf>. Acesso em:
22/10/2013.