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Logo após sua eleição, em 2002, Lula surpreendeu a nação ao anunciar a prioridade do seu
governo: Fome Zero.
A agenda da mídia era outra. Falava-se muito no dólar a R$4, na inflação galopante, no estouro
das reservas, enfim, dos graves problemas
macro-econômicos que ameaçavam o Brasil e alimentavam a expectativa de FHC e da direita
que o fracasso do governo petista traria o tucanato
de volta ao planalto para um longo reinado.
No anúncio do Fome Zero, Lula deu uma amostra da capacidade política que teria como
presidente da república.
Nos bastidores, a briga pela orientação da política econômica e da política social comia solta.
Não tenho informações diretas sobre as pressões dos banqueiros e de Wasington. Sei que
constrangimentos foram colocados na mesa.
No governo de transição, quem se debruçou sobre a política social foi Ana Fonseca. Seu
diagnóstico e propostas apontavam basicamente para o
que seria, meio ano depois, batizado de bolsa-família. Ana trabalhou na equipe em Brasília,
escreveu o novo programa, detalhou inclusive o desenho institucional da
transferência de renda mas não ganhou.
Quem ganhou a chance de tocar o projeto social foi o grupo do Graziano e do Frei Beto, com
uma orientação bem diferente da traçada por Ana Fonseca.
O grupo do Graziano formaria o Ministério Extraordinário de Segurança Alimentar (MESA) e
tinha uma visão completamente oposta à da equipe econômica vitoriosa.
Lula cedeu a direção da economia para a ala mais à direita e a direção da área social para a ala
mais à esquerda. Ele seria o árbitro. Que cada qual mostrasse
do que era capaz.
Quem foi levado para fazer o contraponto na área social foi Ricardo Henriques; encaixado como
secretário executivo da Benedita da Silva no Ministério da Assistência Social (criado com o nome
de Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social)..
Ricardo Henriques era a aposta do grupo da equipe econômica para corrigir os rumos da área
social que , provavelmente, daria com os burros n'água. A desconfiança era
tanto sobre a orientação política do grupo do MESA quanto à gestão de Benedita.
Quem olhava para a operação do goveno como um todo era Miriam Belchior, assessora da Casa
Civil, à época sob a direção de José Dirceu.
Nassif apresenta como pais do bolsa-família o atual Ministro Patrus Ananias e o Ricardo Paes e
Barros. À época da batalha, Patrus Ananias amargava uma cadeira na câmara dos deputados,
totalmente alheio ao debate, e o maior participação do PB foi como assessor eventual do
Ricardo Henriques.
Quem eram esses personagens, qual seus anseios, como jogaram, como ganharam e
perderam...é o que veremos a seguir:
Ana Fonseca, militante histórica da esquerda na luta contra a ditadura, acadêmica da Unicamp,
gestora do programa de transferência de renda da prefeitura de São Paulo na administração de
Marta Suplicy, era a técnica ligada ao PT mais destacada na área de transferência de renda,
com trabalhos teóricos publicados e com vasta experiência prática.
Na época eu achava que era a mais destacada técnica da "nação petista" nesta área. Depois
constatei que era praticamente a única.
Amiga de Graziano, apesar da visão diferente sobre a política de transferência de renda, não
tinha boas relações com o frei Beto e lamentava a mediocridade do
documento apresentado por Patrus Ananias como contribuição para o plano de Política Social do
Fome Zero: a nacionalização da experiência municipal de Belo Horizonte
dos restaurantes populares. Ana Fonseca perde e volta para São Paulo. Não reclama. Lula diz
que bom cabrito não berra. Depois voltaria.Receberia o apelido de "belas pernas" de uma
admiradora no Ministério da Assistência e sofreria uma forte campanha contra do frei Beto. Mas
isso é papo para mais a frente
Mas, uma coisa de cada vez, até porque a participação de Ricardo Henriques no governo de
Bené não estava ligada ao debate "focalistas x universalistas".
Os focalistas: