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NORMA

BENGELL
solta
o verbo:
-eu
não
quero
morrer
} 'p_ç muda

Leitura para maiores de 18 anos

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L=UCIA IR IT & ZSU ZSU VIEIRA


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J às

•A ARTE DE SER UEI


• àartas • um poema
adoidadas . de genet
• ficrianopoffs,
y 11ove
sio. as senhoras do mangue
>o, os marginais do cinemão

so. novas histórias de amor

**
AiPPAD
di parada da drid,id
3
Centro de Documentação
Prof. U. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE

OPIN IÃO )


L À doença infantil do machismo
Lui 'ii Ll/i,,'ima Hora (10 Rio Alias a repressão às 'i'iulneres leni rd7ões biso
OS machões o sexo é uni dos principais
de consu/rí.í,,o senrimen;if que mais profundas e complexas, razões que es motivos de afirmação pessoal, então o ne-
Conselho Editorial: Adão a todos os padrões adorados pelo gê tão ligadas à necessidade que tem o sistema gócio é não deixar que, nesse campo, a
Acosta, Aquinaldo Silva, An- III'rO .: J (é a época: em o S. O S Senrimernal, de manter o casamento tradicional como 'ns- mulher o supere.
da iie'verenre e ferin.i Zsu Zsu Vieira, mine/ia irlimento de controle do indivíduo, e coisas
õnio Chrysóstomo, Clóvis Mar- Apesar da mulher em geral, ainda ser tão
nada convencional. R g ia se ter idéia do que assim. As mulheres são condicionadas desde
(lues Darc.;y Penteado, Francisco crianças à submissão. Todas lutando para alienada de seus direitos e de sua força, já há
,','ri,' consultório represerrtoil há 74 anos atrás,
Bitiencourt, Gasparino Damata, 1, ist,j saber que, hoje, tem 80 mil cartas ar- preencher o quadro de sua vida casar-se, Ter um movimento feminino prodritu de uma
iran Claude Bernardei, João ,,','iv-jcja, vindas de tudo o Brasil Numa de/as um parceiro é a lei, a natureza, a velha forma geração liberta, coem grande abertura de cuca
iL' "O Rei Saloniáo tinha 500 mulheres e São associados homens e mulheres, mas não e visão mais nitida de que a liberdade, que
Antônio Mascarenhas, Jon S manto serve ao homem como à mulher Sem
.00 concubinas e a rodas amou. Você hesite se pode alterar a geometria do Universo com
virio Trovisan e Prior Fr 1 7 1 .irr,ai só duas?" Fui a resposta d.ida a um fórmulas diferentes para o ser humano? Res ser feministas. uma enoime gama de mu-
insolente .ts voltas com o problema de amar pondo: é dificílimo, senão impossivel Os lheres está cansada ria machice. prepotência
fótons irrompem de uma fonte de luz em e despotismo. E penso mesmo que os homens
Coordenador de iir lias mulheres ao mesmo tempo. "Heteros-
também estão cansados de sei rrrachões, mas
sxul militante, mulher por nascimento e todas as diiecões. pois são criados rio mo-
/' ir naldo Silva não abrem. As mulheres estão carentes de
vocam.o", CO PiO ela mesma se define, Zsu rrienio e não há razões para que se movam em
uma direção antes do que em outra. As hornia's sensíveis, que as compreendam, sem
Zsu tem opiniões próprias sobre o machào
Colaboradores: Agudo Pie rsi o irui c,' escuro especialmente moléculas do ar saem do campo de gravidade lazer ressalvas e i'adeios quanto à sua indi-
(juimarãos, Frederico Jorge Dan- LAMPIÃO de Esquina pode Ne saber quais Zero em todas as direções por que entram em vidualidade Homens que irào revelem uma
todas as direções. Mas o relacionamento espécie de receio com relação à moral e ao
tas, Alceste Pinheiro, Paulo Sér- jioruiliSiu (falso) da sociedade, que foi
homem e mulher não consegue encontrar
qio Pestana, Nica Bonfim, Zsu Qual a realidade sexual do homem bra- neiihunrogistro senão no principio da incer- ci sido pelos horirens. Nos fronteiri ç os do
Zsu Vieira, Lúcia Rito (Am)'José siluro ? De saída vamos desmistificar o nosso teza que, gerada pelo condicionamento homossexualismo é. que cento tipo de mulher
Pires Barrozo Filho, Paulo Aus- rnmc:háo que não é machão coisa nenhuma, opressor. conririva difícil Como era nos nem cuidado, por que são muitas) se refugra para
mas uin pobre coitado às voltas com pra- pos idos O preconceito, as rehctiões, o medo ei iam uni relacionam ento menos di lii ii, por
qusto, Carlos Alberto Miranda semem os tronreiricOs geralmente amáveis,
biemnas terríveis de virilidade, afirmação pes- são fatores que atingem liomnrnie me,i"t ir'
lNitnróil; Edward Mac Rae, soal e sede do domínio. Frágil, débil, con- delicados, mais chegados à sensibilidade
O machão tem pouca confiança com si
Mariza (Campinas); Glauco dicionado há milénios a ser antes de tudo um mesmo. Ele acha lá no fundo da sua cuca, e i''rllinura Não há necessidade de que sejam
Matoso, Celso Cúri, Caio Fernan- forte, o machão se realiza muito mal no amor por desconhecer como funciona realmente o dietas sexuais, hasta que es homossexuais de
do Abreu, Jairo Forreira (São o sã consegue salvar as aparências porque a mecanismo da mulher (pois nunca se detém cuca não pratiquem o intolerável exercício da
mulher brasileira é ainda por do que ele. em observála, sempre olhando seu próprio o p ressão Essa categoria de mulher aproxi-
Paulol, Amyltori Almeida (Vi- Sequndo dados recolhidos por estudiosos do umbigo), que ela está mais à vontade para mando-se dos fronteiriços, coloca-se diante
tória); Zé Alhuquerque (Recifel; comportamento humano, apenas dois por uma vida sexual intensa por não rer, inclusive, rIu uni irpo novo de comportamento Essa
Gilmar de Carvalho (Fortalezal; ::enmu de nossas mulheres chegam a conhecer o problema da ereção. Os homens, inseguros, mudança p ode acarretei ainda mais a reacão
Beta Stodieck (Florianópolis), ii plenitude do orgasmo, por culpa, em grande desinformados, condicionados, têm um grilo dos machões, cada vez reais inseguros, mas
parte, do seu parceiro masculino, que as incrível com relação a esse fator. Acham en-
Alexandre Rtbondi (Brasília); que têm que refletir demoradamente sobre a
oprime de maneira intolerável e covarde tão, que omelho r é reormir a mulher, pois ela sua maneira de ser subdesenvolvidos no
Sandra Maria C. de Albuquerque E terrível, quase insuportável, também, a pode até se sair muito melhor do que a amor.
(Campina Grande); Políbio Alves « essão que a mentalidade dominante em maioria deles. Os machões têm medo de que
(João Pessoa); Franklin Jorqr i'ssa sociedade - mentalidade de feição a mulher descubra esse potencial e se trans- Acabar - homens e mulheres - com cer-
(Natal); Paulo Hnç:kei Filho iPor 'iiidamente conservadora e repressiva - forme numa "leoa sexual", deixando-os para tos e graves tabus, e lutar contra o medo e
to Alrqrrl '\erce sobre as pessoas, principalmente as trás. contra a deturpação que nos foi sempre im-
'i,jlheres Parece-me que as mulheres estão Por isso, muitos machões, quando se posta Eu perqurino onde está a liberdade? No
ilmente conseguindo atemorizar os pobres casam, procuram não estimular em demasia nosso próprio corpo Fonte de prazeres e de
Corrrsponlrritos [-rari 1 r 'richões. embora não seta esse o seu ohietiv uas mulheres, com receio de não poder dores, o corpo é, na verdade, a única coisa
nabeno lSari Francisco) ; AIim ..L.ando falam cri emancmpacão feminina. satsfazõ las. Em casa é aquela relação física que 'ias perrunce verdadeiramente Por isso
YoungNova lorque); Armand de Minto pelo contrário, o que as mulheres contida, morna, mas na rua vão procurar as dei'enios e podemos usá-lo para nossa própria
.:nesejam não é apenas a liberalização temi- "leoas" que os assustam de tal forma, que os satisfacão, da maneira que bem quisermos e
Fluviá (Barcelona).
'na, mas também a masculina. deixam de rabmnho entre as pernas E voltam entendermos. Esta é a liberdade a que real-
Forças machistas e repressoras acham que para casa e continuam reprimindo suas mente temos direito, a única, talvez. O corpo
Fotos:BIly Acioily, Maurício as feminitas lrio bom sentido) querem sub- mulheres, fazendo tudo para que elas rendam ë a nossa casa, nosso abrigo, é nosso direito
S. Domingues, VaPor Firmo verter a ordem, acabar com o homem, di- menos do que eles, fazendo o impossível pra legitimo. Podemos usa-lo e dispor dele, sem a
mirrui-lo tirar lhe a masculnidade O q ue as esfriá-las um pouco - ou muito Com medo e obrigatoriedade de limitações, prestações de
(Rio); Dimas Schtin (São Paulo) i'írr'!,iS. submissões e pressões.
mulheres náu querem é serem oprimidas pouca contiarica em si mesmos. E corro para
e arquivo.
Li-ri Zsu Virra
Arte Jo Fernandes, Men de Do Regina Coeli
Sã, Tõnto,
Arte Final: Hélio V. Cardoso e
Desafio aos
Gilberto Medeiros Rocha às coisas da vida cartunistas
N irer,' p rr.'po de coi'é,q.'o de freiras filar dr.,'n.se) 'udo pala vender o seu corpo no Man-
em sexo era pio.'h.'do. Eramos treinadas para que, onde nada é proibido Não sentem
LAMPIÃO da Esquina é uma Quarudc as onze pessoas que formam o
encarar nosso corpo como uma fonte ines- nenhum pudor ao falar o que pensam. Um' - Conselho Editorial de LAMPIÃO da Esquina
publicação da Esquina - Editora
qotóvel de pecados, ao ponto de sermos /izam o corpo como uma mercadoria e nào se assumiram o -compromisso histórico" de lan-
de Livros, Jornais e Revistas obrigadas, entre Outras coisas, a usar uma envergonham com isso.. Dentro de sua lógica, çar este lomnal, ficou decidido que a idéia não
Ltd. CGC. 29529856/0001-301 riUiCula camisola de xadrez, para escondê-lo é um trabalho como outro qualquer Saindo seria antes refinada pelos filtros da teoria. As-
lnsc. estadual: 81.547.113, 'la hora de tomar banho. dili, ri/as iéiri ia j ira vida, casa para cuidar sumo, ao contrário da maioria dos nanicos de
Tudo isso deixou marcas profundas que só comida para fazer, como qualquer mulher. nossa imprensa, LAMPIÃO teria como ob-
Endereço: Caixa Postal
o tempo e a vivência foram minimizando. En- Isso não significa que eu esteja fazendo a etivo primeiro - e a imagem não é vã -
41031, CEP 20241 (Santa Te- tretanto, ao fazer uma reportagem sobre o apologia de prostitu/cão, mas também não niunlascer a cada número, entendendo-se, nes-
resa), Rio de Janeiro - RJ. Mangue e as prostitutas cariocas, a primeira pretendo condená-la e, através de urna ótica te caso, renascimento também por ren10
coisa que me veio á cabeca foram os ensi- simplista, classificar suas seguidoras de anor vacão. Dessa formao tomai passou, da Liri
namentos que recebi no austero Colégio mais Na verdade, a "zona do Mangue-, com guagem séria do ir 0 zuno . para um tom des-
Composto e impresso na Pr'q,na Coeli, no Alto da Boa Vista, que suas 1.5W prostitutas, só existe por causa da contraído que, r4 ndois, provocou cartas as
Gráfica e Editora Jornal do Com- ,1 r#.njentei em regime de internato, vinte anos miséria, da desinformação, da falia de opor- mais diversas - furiosas de alguns leitores,
merco S, A. - Rua do Livramen- tunidades iguais e melhores de vida para outras de apoio.
to 189/203, Rio. Distribuição, Talvez tenha sido até o desejo inconscien- todos.
no de conhecer de perto um lugar onde o sexo Poucos dias depois de apurar a repor- Uma coisa, nas muitas críticas que até
Rio: Dstribuidora de Jornais e .i ;itracáo principal, que me levou a insistir regem, uma das prostitutas me telefonou. agora nos fizeram, é certa: falta humor em
Revista Presidente Rua da em fazer a reportagem. Acredito, inclusive, Queria me dar uma boa noticia: ia casar den- LAMPIÃO, além daquele dos cue o editam;
Constituicáo, 65167, São Paulo: que irão só eu, corno a maioria das mulheres, tro de urna semana Espantada, e..90 mesmo Onde estão os cartunistas, os chargistas desse
P,iulmno Carcanhetti; Recife: sempre quis ver de perto como se comporta tempo contente por ela, perguntei se agora ia pais, que ainda não perceberam.a importância
'ira prostituta e o que faz com que ela em deixar a "zona". Disse que não, "o rapaz desse veículo? Será que não existe nenhum
ivraria Reler; Salvador: Lucrar-
,'ieque seu corpo a qualquer um em troca de freqüenta o lugar e não se incomoda com a Ideusi disposto a contestar as fórmulas rí-
Florianópolis: An-jo, Ao- iii hr'iro, minha profissão". gidas do mercado machista e partir para um
1 'osentacões e Distribuição de Confesso que foi com um pouco de medo Tanta espontaneidade me como via, mes- humor mais descomrtraido e realmente de-
'vros Periódicos Ltda.; BrIo que entrei' naquelas ruas tão faladas. Mas a mo sabendo que ela e (odes as outras, quan- molidor, somente posível num lonnal capaz
Ion,orum. Sociedade Disirc , ?,,i^dida que "a caminhando e conversando do falam de sua triste profissão, não deixam ao togre com drimnmlJuquidad( como o nosso?
'rir? as prostitutas, o medo desaparecia. Nos de enfatizar que estão nela por falta de opcão
lo Jornais e Revistas LI mio das que passei no Mangue a prosti- Fica o desafio. A arnur do n° quatro LAM-
melhor Como qualquer ser humano elas se
Por te Aboio: C000rnal :r:,'cão ganhou para mim um novo significado. sentem humilhadas pela maneira como são PIÃO contará corri um armms,a da maior impor-
1 irrirsina L.ivr;ri 1 Consoe, Mc surpreendi em encontrar lá 'mulheres tratadas pela populacão E são poucas as que rãnr:ua Patrício Bisso, que já começou a
"ri opiniões bastante /ócrdas sobre o amor, percebem que prostituta não é só a mulher desenhar uma série de rubricas - oi,i selos -
Ii '.iba: Ghiqncn''
papel da mulher no mondo atual e até ores- que vende o corpo na zona. para as nossas páginas. Quando será que um
.0 a irriportáncia do tipo de trabalho que Lrcia Rito dos bons cartunistas do Brasil ousará seguir o
nirnrC sociedade ainda tão repressiva seu exemplo? Nossas po r ias - se õ1 aue as
-. n'ir' a nossa iLda na página 7 reportagem de Lúcia Rito
Mui,' is doi, is lembram orulheros típicas da
sobre as senhoras do Manguei
Tàrr marido, f,','o e aban-
Página 2 LAMPIÃO da Esquina

**
Centro de Documentação
APPADj r
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGN IDADE
R EPORTAGEM^)
Marcelio Mastroianni e Paul Newman ensinam

,,iv..
'. .,

A difícil
arte de
ser guei
Alguém consegue imaginar Marceilo Mas-
tolanni, o latin temer, no papei de um homos-
sexual, constrangido com as investidas de Sophia
Loren? Pois é assim que ele estará em breve nas
telas brasileiras, no filme Um Dia Muito Es-
pedal, pelo qual concorreu ao Oscar. E Paul
Newman? Ele está à procura de um produtor que
financie um filme no qual terá um case amoroso
com (pasmem ! ) o filho mais velho dos Waltons,
aquele seriado da TV Os dois, nessa reportagem
(LAMPIÃO, exclusivo), do explicações ao
público.

L
Mastroionrii foi descoberto no teatro por com um marido grosseiro e seis Filhos, está tece, e agora, em vez de ficar indignado ou pelo amlei,.i Robeni Redfomd, no que seria o ter-
Visconli, na década de 40. Como mesmo Vis- sozinha porque todos foram saudar os di- couro ataque da dupla às bilheterias do mundo
com medo, ou pensar que devo ter feito algo
conhi - e nisto não vai maldade nenhuma - tadores Seu passarinho escapa para o apar- inteiro, após Butch Cassidy 8 Surndance Kid e
errado, fico até um pouco lisonjeado Pela
ele abriu e Fechou o ciclo de ouro de sua iamerrto vizinho, e ela conhece Gabriele Golpe de Mestre. Bob. no entanto, achou que
primeira vez, consigo entender como seria se
carreira no melhor cinema italiano de fins dos lMastruianni), comentarista de rádio desem- fizes se amor com outro homem seu amigo estava "indo muito longe" e re-
e inicio dos 60.. Entre Noites Brancas bom pregado por acusações de indetiniço política cusou a proposta, como vários produtores a
Maria Schell, 19571 e O Estrangeiro (com An- e homossexualismo guiem o tOfemnD Foi apresentado até bole em 12
na Karina, 1967), seus grandes papéis com Comenta o diretor Ettore Scola. para versões diferentes,
diretores come Rolognini, Malte Feltini, An- quem 90% dos italianos ainda comunicam à O si cesso de publico o cri rica de Uni ')ia
i

¶4c'i'o Especi4 abriu o olho de vários gos- Newrnan se diz cansado dos papéis re-
tonioni ou Zuruii i:'ihuiram para criar uma senhora q ue "chegou a hora" com uma mão
cinema aruenir;uino, que só esperam petitivos que vem encarnando, e se agarrou
certa imagem do homem moderno europeu, pespegaia ao traseiro "Sob o fascismo, a ao livro de Patricia Neli Warrer-r, The Fnont
som a qual seria diticil conceber boa parte do mulher era reconhecida apenas como re- agora ver se o filme tern no ionerior do pais a
mesma aceitação que revi-, em Nova lo fnqu e e Runuier enfrentando inclusive o receio muito
cinema de reflex ão que nessa época veio sub- produtora. Seu único papei na sociedade era p r ofissional de seus mnarket-meni. New
stituir ou completar o cinema espetáculo. o de esposa e mãe exemplar. No regime fas- Los Angeles para nuterpretarem papéis se-
melhantes. mli') defende com unhas e dentes o inleresse
-lote o cinema europeu já irão o solicita, cista, o homossexual foi algo do absoluta- do roteiro a que chegou: "Não vou tolerar
como ator, da mesma forma* Já se foram os mente intolerável, podendo ser despedido e Sio raros, no cinema anqlo-saxão, os
casos (te grandes interpretes vivendo homos- qualquer adulteracão Não quero que este
dias em que um certo romantismo aveludado atè ohrrqado a viver em áreas especialmente
sex'iaus Mas existem exemplos como os de protelo se ta transformado numa história de
- como sua voz - envolvia ohnigatonamen- designadas
te seus personaqens de homem sensivet, PioerKinch - caodinJto ao Oscar em 1971 amor cor-de-rosa, nem que o atleta seja uma
Como Mastroianni se preparou para o mulher, como lã sugeriram pessoas que
muitas vezes intelectual lescritor em A Noite, papel ? "Não precisei ensaiar muito", comeca por Doeii'oo Ma/duo -, R qd Steioer (Na
dei'iarn saltem melhor das coisas. Sei que
cineasta em 112. homem de teatro em Vida a explicar. "Pensei comigo mesmo: sou um So/ek'io do Dese/ot, Mar/on Brando )Os PC. muita gente não vai querer trabalhar comigo
Privada. antiquário em O Assassino, jornalista homossexual, estou envelhecendo e portanto c. #dos de Todos Nós). Hicfiarq Hurron e ilex
em Dois Destinos e A Doce Vida) Nad- Hamnisuni us de/ic, edo. uaseado na peça cri susto filme, na Frente ou atrás da câmera, mas
tenho medo de perder minha juventude e 1
i:iiiuio com aqueles que querem Fazer algo que
cada dê 70, o que melhor pode caracterizar beleza. Sou também mais sensível que 'a canada no d rasii corri aergio Viotin e J andei
a chamada screen persona de Mastroiarrni é maioria dos homens. Sei, naturalmente, que Filho titul q de Ox ( )i mviriinhi'rçt
5.')ii . '
V,iutiri
a poria Algo diferente e desafiador, e
t,it"oi uru novo ponto de partida Dera o ator
sua colahoraço frequente com Marco Ferreri estes são estereótipos, mas são os que eu es-
Paul Newrnan, vetam só, queria entrar rá qie l ivr,ir de uma noniiia lucrativa mas
o diretor menos qlamuroso que a comédia colhi. Eu não quis interpretar Gabriele como pele de um incitador gay paia se apaixonar rli5 í. 15 ir '. r'
cofloclasla italiano tni inventar - em filmes um afeminado ou palhaço Pelo contrário, ele
como La Grande Boutte, Lrza ou o recente é um homem como outro qualquer, e que
Ciao Maschio. apenas gosta de homens, e não de mulhe -
E em matéria de iconoctàslia, Masiroiin- res, 11
na nunca tez por menos. Para começar, existe, Anitonuetta, a mulher sob muitos aspecms
seu célebre casamento 20 anos) - com Clara irroalizada e que não tem urna vivência plena
Florabelta, que no impediu duas escapadas
mais conhecidas porque proeradas da vida
real aos lumes A primeira, menos prolongada
de suas próprias possibilidades, encontra em
Gabriele um homem muito diferente do
marido, e a inevitável cena de amor teve de
6YANTIGUIDADES
e feliz na tela, foi com Faye Dunaway: ser novamente enfrentada por Sophia e Mar Galeria Ypiranga Molduras
rendeu Um Lugar para os Amantes, o colo. "Foi a cena mais diticil para mim", diz
xarope mais descarado que Virtorro de Soa elo. "O se ficou iluminado e preparado um
dirigiu para ele, juntamente com Os Girassóis' bom tempo Sophia, de pé comigo no fundo
Feitas com arte, carinho e sensibilidade
da Rtsi Icom Sophua Loren.A segunda da cena, me dr, que eu devo tentar fazer o
mis séria e produtiva, deu um filho e três fil- amor com ela para ver como é com uma Máscaras decorativas
mes com Catherrne Derneuve mulher. Ela me mana como uni homossexual e
Quem convenceu Masirotanni a aceitar o eu confio neta. Quando começamos, eu estou De inspiração africana. Más-
papei de U,7t Dia Muito Especil for sua velha- perisandq como um homem que quer muito caras para teatro e dança exe-
parceira Sophia Loren. E ele quem explica. agradar à companheira e 'ter também prazer,
"Sophua, que é muito inteligente, leu o roteiro mas ao mesmo tempo gostaria de estar coro cutadas por artista especiali-
e me disse que eu devia aceitar. Ela insiste em outro homem." zado
que o papel muairia minha imagem Quando Mastroiannu 'di, que o filme lhe deu uma
eu descobri que seria iam homossexual na his- nova compeensào e um novo respeito pelos Móveis coloniais maciços - Oratórios
tória. respondi que ela me quefia no papel homossexuais. "Hoje eu já toco mais em
porque não ia ser obrigada às eternas cenas
de amor Ela riu e disse que todo homem tem
meus aniuqos homossexuais Antes, sempre
havia alguma coisa que me dizia para não
Floreiras - Apliques - Porta-jóias - Etc.
um lado horrns sexual, e que esta era a minha chegar muito perto deles. Eu já tenho 54 anos.
chance de explorar o meu- mas ainda há homossexuais - inclusive entre Galeria Ypiranga de Decorações Ltda.
0 Filme se passa num único dia 6 de maio os meus amigos - que querem fazer sexo
de 1938. quando Hitler foi a Roma acertar seu comigo, para dizer que foram para a cama Rua Ipiranga, 46 (Laranjeiras), Rio de Janeiro - 205-9811
pacto (:nrT, Mussolini Antonietta 1 Sophiat, com Mastrotanni'. Eu não entendo porque um
imri daria iii , ''asa 'pobre que nrrasra sua vida homem pode me querer, mas é o que acon- - 225-0484
LAWÁO da E,quina
Página

*, 1 o ~04
Centro de Documentação
APPAD t-
da patida da divridadr'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
Z
Á

ESOUINA

matéria do Antônio Chrysóstomo no


Novasb*st)rias de amor (II)
estabelecer o mesmo esquema: um é mais viril e o
Unia das acusações que mais se faz a um tinha jeito de moça e nunca mais tocou no assun-
A número dois, Algumas Histórias de outro, digamos, mais rafjiné. Costumam usar um
Amor, onde ele conversa com um casa] de relacionamento homossexual é quanto à sua to." (A. V.)
crucifixo ou uma medalhinha de Nossa Senhora
homossexuais masculinos, consegue tocar numa anormalidad biológica. E um acasalamento es- "Minha família, acho que sabe. Também
no pescoço. Nunca perguntei, mas parece que já téri)5 Eles acham o seguinte:
tecla intere s sante e de som bastante desconhe- nunca me envolvi em dchatcs. Minhas atitudes
se torna convenção, senha, sinal de cum-
cido: a monogamia. Eu. particularmente, acho "0 probi ia da procriação é um negócio são naturais com eles. As vezes penso, e acho que
plicidade. Dificilmente se encontra um par onde
que o assunto dá pano para manga. E claro que que não me 'irecicupa. Acho que posso perfei- tenho certeza, que eles fazem até questão de não
as funções não estejam tão delineadas. Fiquei
não chega a ser uma novidade (onde encontrar tamente ter ur" rilho. Há pessoas que não podem, admitir isto em mim. Bast'u o meu primo que já é
curioso e procurei. Acabei achando, pedi para tanto mulheres quanto homens e isso para eles, às
urna, meu Deus?), principalmente porque os bastante conhecido na cidade onde eu morava an-
conversar com eles e me convidaram a ir à sua vezes, é terrívei. Mas se vi tão fizer um filho, es-
movimentos de liberação homossexual, tanto dos tes. Mas pelo menos um irmão e lima irmã sabem
casa para um bate-papo.
países europeus como nos Estados Unidos, têm tarei fazendo ou 'a; coisas, igualmente. O mito com certeza e não se importam. Mas em geral
Fui. Os dois vivem juntos há cinco anos. A. V.
gastado muitas de suas reuniões para discutir o da fertilidade funcionou numa época em que uma coisa é certa: eles esperam ardentemente que
é professor e tem 25 anos. R. C, é jornalista de 27
problema. Mas, na verdade, é problema? Para havia falta de braços para o trabalho. Hoje, a eu me case. E o normal. Acho simpática essa
anos e ainda estuda. Moram em um apartamento
alguns sim, porque uni casal homossexual im- mão-de-obra está desperdiçada, não vejo porque posição deles, não me aborrecem e nem eu os
hc'ii decorado, com muitas almofadas, lotos e
plicaria. necessariamente em copiar padrões da se desespera em ter filhos. O prazer de se ver na aborreço. Há coisas que não precisam ser ditas
, 'o.rters nas paredes, pequenos objetos curiosos
classe média, com suas formas já bem definidas pessoa do filho é doentio, é fetichista e é mítico." em família, aprenui isso com meu pai." (R.C.)
espalhados pelos quartos, muitos livros e discos, (R.C.)
de viver socialmente. Para dm militante plitic, E sobre um posiu.scl movimeat,,, de lihoraçào
Vêm de famílias classe média, os dois, e não es-
hetero ou homo, seria desaconselhável seguires- homossexuatt
condem isto: têm até uma empregada para a lim-
tas normas. peza. A conversa, de início, seria apenas sobre a "Eu já me preocupei com isto, sim e m e sentia Acho seríssiino o assunto. Porque se eu par-
Em Hamburgo. na Alemanha, cuahri um monogamia mas acahow resvalando e discutiu-se tão mal como um cego que quer deseperadamente ticularmente consigt 'ver bem com minha coo-
casal de rapazes, já de meia-idade, que dirigiam outros pontos que tanto eles como eu julgamos ver, ou como um paralítico, Mas também concor- dição, sinto-me feliz com meu companheiro e
um restaurante tipo "faca de conta que é a sua importantes. Valeu a pena. Vejam o que dizem, do que a procriação chega a ser uma atitude posso até me imaginar daqui a uns vinte anos ac
sala de jantar", às margens do rio Elba. Um por exemplo, sobre a vida a dois: egoista E, independente de ser homossexual ou lado dele, não faz sentido que eu me cale aí. Uma
deles, que já havia sido bailarino. abandonou a não, não me sinto à vontade em fazer um filho e pô- experiência não pode ser estanque, precisa ser
carreira para viver ao lado de quem amava - mas "Eu acho que o homossexual, vivendo uma lo neste mundo. Antes deste meu relacionamento, demonstrada. Tenho vontade de mostrar às
ainda gostava de atender os fregueses com roupas sensação muito forte de culpa, tem tendência ate vivi com uma mulher e tínhamos muitas discussões outras pessoas o que eu consegui e o que é possiveL
de leve tom exótico e delineador para realçar os auto destruir. Então, não consegue acreditar que sobre filhos. Ela queria, eu não. Se for o caso, eu ser feito. Eu participaria de um movimento que se
olhos. Mesmo sem perguntar, era possível es- um relacionamento possa incluir amor, carinho, adoto um." (A. V.). propusesse a reeducar o homossexual e a fazer
tabelecer bem os papéis neste jogo de quem vai partilha. Nunca aprendeu isto. Nunca ninguém com que ele se respeite. E minha opinião é de que
ser quem: o bailarino era muito mais feminino lhe mostrou que o amor entre duas pessoas do A família é sempre outro problema. Conheço o Lamplio está no caminho certo," (A. V.)
que o seu parceiro, relaxado e gordote. Sempre mesmo sexo possa ter algo mais além de apenas "No Brasil. o movimento de liberação homos-
um rapaz daqui de Brasília que, um dia , infor-
tive curiosidade de conversar com eles, apresen. sexo, que é muito bom, claro, mas não hasta. mou à família que dava o que era dele, arrumou sexual ainda não deu o passo decisivo rara o seu,
lar-lhes um rol de perguntas, mas apenas obser- Vive sempre de galho em galho, Comigo era assim as malas e foi viver com seu companheiro. Para reconhecimento. Acho que muitas coisas boas
vava-os quando saíam para passear com os e eu sei que sempre acabava com unia incrível R.0 e A. V. a coisa fica assim: têm sido feitas: o aparecimento do Lampião, por
eãezinhos na coleira. Tinham um ar ar ridículo e sensação de frustação, de oco por dentro. E outra exemplo, mas não é tudo. E preciso uma cons-
feliz. No inverno europeu, fechavam casa e res- coisa, eu era minto efeminado, sabia disto e não cientização política que enquadre as reivindi-
taurante e iam se divertir no Caribe erótico. "Tanto com a minha família quanto no
conseguia controlar esta manifestação de neu- cações dos homossexuais como sendo algo neces-
l)iziiiin que, um dia, gostariam de conhecer o trabalho eu tomo a seguinte posição: não pro-
mac. Agora não- O meu comportamento mudou sário e prioritário no conjunto de medidas que
Brasil. clamo que sou homossexual mas também não es-
por bUeiro." (A. V.) visam a libertação de grupos oprimidos.
Então. a oisa mica assim: um par homos- coado, Vê quem quiser ver. Não me sinto tia
A alienação dos homossexuais dos seus
sexu. tem •i feminino (passivo, que gosta de obrigação de dar satisfação de minha sexualidade
"A monogamia é aceitável na medida em que problemas é um ponto que deve ser atacado com
frescuras) e outro masculino {eti y o,viril, rela- a ninguém. Eu estou fora decasa desde os 15
a reforça os casak (não seria essa 5 Palavra todas as forças. A faceirice dos que afirmam não
ado). Mas será que todos os homossexuais são anos, mas minha mãe uma vez foi informada por
custa, mas em todo '..iso...), os pares, talvez, na possuir nenhumproblema de discriminação
presas tão Fáceis de ir,' ogo de domínio e submis- um amigo das andanças do filho. Ela considerou
superação de seus problemas sociais. Você não se social me irrita. E alienação pura, não tem outra
são? Ou calão seria possível, até fácil, com- a coisa uma tofoca e arquivou- Meu irmão, que
scrite só contra o nrurnu,jur, há tini amigo que te res- palavra. Não hasta ser bem recebido nos salões de
ieendcr que não se está mais li, tocando de papai também mora aqui em Brasilia, sabe e aceita
peita e em quem u pod,' confiar abertamente. be'le,a, no teatro, para se considerar corno ho-
e mamAL' e. sim, tentando viver sinceramente a muito hem Mas não pensem que fico agradecido
Agora, se esse relacionamento é neurótico , em mossexual aceito. Há uma reltitáncia em todos os
Aluis - dois homens. omt ninguém é h i pule- a ele. Acho que agi apenas corretamente. Outro
que a (tu tição . k' 11 111 é idéntica à do ''marido setores, inclusive por parte dos progressistas desse
tictitnente nssillcr? irmão meu. quu1ndo me viu tia canta cuim um
machão — e a do outro idêntica à da ''mulher sub- pais. cm colocar o homossexual como indivíduo
Brasilia, ili,ern, é local ideal para os pares - amigo, ele estava olhando pelo buraco da fe-
missa'', ai as Loisas rniictani de figura. Infeli,.- normal que paga impostos e interage no processo
o que não deixa de ser ver' l "de. A aidade vazia, chadura. imaginem, ficou tão desparafusado que
mente' , a maio, Ls dos homossexuais têm a mesma social e político do Brasil.
Iria e triste - o que não deixa mentira. Aqui, conseguiu se aiitçdohotomi,ar e dizer para minha
concepção burguesa de casamento e busca no Sem a desmistificação da bicha artista não se
mãe que me havia visto fumando maconha como
certailienie, há casais homossexuais, Pode-se vê- conipanlsciri ' ou companheira o que' o ;'iivo ou pode deter a degradação do homossexual. que o
los na sauna tio Hotel Nacional, nos teatros, nos rapa,. E ainda hoje acIedid que o que viu foi is-
noiva busca no casamento: a falsa estabilidade',"' lnrna mais uni Objeto de constituo, como a
bares e nas buates. E também é sempre possível to. Quanto ao meu pai. não sei de nada. Uma vez.
(R.('.) mulher, o índio eu negro folclóricos.:' - (R.C.) -
quando eu tinha metia doze anos, disse-me que eu
(Alexandre Ribondl)

tiina questão de e,,Ituroi ,tJcI.i -_ Os múltiplos


— Qualquer rt'i'(StiI deis' a si mesmo e aos seus
/l'ituiru'l tiPO znomu',rIo poro definir sua posição e
1' r'PPJ il'rb'S ruipazirihos que r'ir'ram a testemunhar
contra eh' cum ú ,flt',V?lllh .',rtlI.vias pno cri pta que an
talentos de
humor u'luru ii auafiliisoj?a editorial. Nós ac ham os
que ser hsu,,tos.st',ruué é ser mirrou!; qro' eis
0's Jru'qui'ntai'amn o su':, círculo. Gide em .ar-u litro
Ivan Less-a

rr'ci/5'U, a c/,'jrr'nrlêric','ii psicológica de Wilde por
)iti#?t(tssS'Xt40(X ttflt 010(1 cultura tia qual os l)rrrgi,. ,i ir i'prirci . r' r'uiI,1i:a o contraste ,'nt rre os iost.i il: ahixo saro rui su-rcão de caí-
Iu-'rrusst'.rua(s existem opt'no.s pt'rrferiu'umt'ntc, tul :lort - It"i/rjc', imiti'lrgi',it,'. si'nrsir'el. e f)rii,gias o t,is dr. Pasquim, uru resposta à mis-
urinei os honio.u.su'xutzjs rui rnu,rdu, he:eru,sst'xual. i rir'ril,i, egr,í sia. s de um dos Seus leitores:
Nui,i,çv, 0/1(1 u ,,:fuirmur i' u'r:rrt'tt'r, ,júi deixamos o Ousru,v ,natéria.s di'.çtui'rir.'is sã,,. A Cultura Subo donde estou lidando com tua carta,
r p tr/riar,u'w tios mi'Fitants'.r e a pregação aos paz- Gim,- Gire/ ' ', :i.' tinir/Lua a contribuição dar Do mictório público de Piccadill, onde
ruires .4 úuieu ha,,tlt'i'ru que empueharnus é nirtljrr're.t à r'u/turr, hr,,ursvsexual,' ''A Cidade Li - acurrivrcem coisas que até o Noriva! Cheio-de-
uqur'hi que rr'aJ'i'rrno os aspectos positivos do ser meia/ria , ,i,ri Plrblr.r frrr,graera ,ir TV por co/ir, ti.' Varizes, aquele que patituzou lodo o corpo
lii,ni, ,.V.si-' sito? . () que vort .serrtpru' encontrará em uVrur a lr,rquu' Ii'itr, por e sobre guu'iv, no qual peli, editorial das revistas MundGay e LAMPIÃO
nrosa.s ;'aglniJs é u ma rt'afirewçõo de que há 20 Cr'flté$ima ri': (mir,.'t EUA) se desfaz a lenda (ainda repudiaria como nefandas abominações! Isto
milhu,'.s é. , nr..s espalhados por rufe país. portwi' rn,,r?o ('111 ioga no Brasil) ée que os hrrmr,s.se_s'uais foi a coisa mais importante que aconteceu em
Fui, r'oi'ê não está só, de que cada um riu nós é uma se ilii-iulu'rri e,rl pa.v.uir'rur e ,Jtil'r,s: em ''Cart' Granir lua vida. Vadinho Não é triste, não é chato?
'O St5I'5 ata , PISO
J'urfe rA'.sn' :ruibj, e cl.' que ser homossexual é tão ir' iIe.riiii/ii a urra i' dr,irr. Há, ainda, várias repor- Sabe como é o cor p o editorial das revistas
io.ruu uru quontru ter r,llrrtç casturr Fios ou ser ca' P Nt Mundo Gay e LAMPIÃO' Igual a qualquer
lagu'n.t creu arn.rlas entendidos r' .rr'us trabalhos clu' ,'
li Ar i:rlr,gruJia, desenho, ririt lira, u'.Çr'rJ /r r,ra Outro, só que com uma bunda DESTE TA-
1 reluto nrirei, 'rJ?frlerr('aflU la Touck, 60 mil 1:' ,itre a.', .r. i'çõr's J:xa.v, a mais ilrir're.Ç.rab?Ic' é a M ANHO!"

_'
c'5i'Pfl/51iil'4',t burrr'tirrrrs. i/irtído ao publico ruas- ''jri'rr'lr' '' (Geme). que apresenta as experiências Ah, ah, ah! Engraçadíssimo! Esse rapaz,
uuvhnrr iirriuurs tu 'teci?, ri/uru' uru de seus números f)rr,Jrt.ririnriis de pessoas crmiun.r - um jovem der- Ivan Lessa, que escreveu essa piada, tem
i'.sie edimrial. Tal conto a sito c'r,,,u'urrer:(.' c'rt'ães civ' sihu'rmu' pura riu ,nu'rrlar cerlu,s partes do
du'rbcic'i,h' de ita?ra,io.r já ,fez de terir,, foi hamman, mesmo invencionices e prendas verbais de
lflueI,ei' (vi/ti LAMPIÃ O n 0 2), vila é ri ma Status r'rlr/ai qrrc' ei.' curnsrrir'ra fundumu'ntati para a sua
str,j r - u'a,o'r r' po -go 'hos em hr,ate.r, foi balconista suslança. Mais engraçado ainda é que 1à
rrtriur
e rei, ''urrou,' foi USA ' '. corroendo seções brra a; brr's,'mat'cJu,, já qiru' seu cumpri é o seu
ii,' r'ária.i ir,/ ri.t 4' l'v'bl,iu'dl,r amhuianie. iluminador houve rumores de que ele saberia, por ex-
jis is. 71h11 'ruiu r'arrailas e sempre' adornada u'orn ' brb?bcSr ' mil rrr,nu'lrtr, cir' tri,hczl Fio,
L. srirropiassa em trair,:. Loire es's e melros e',??' periência própria, que a ariarornia dos homos-
furO ri i le ri ris ora tin/ ínris ..Çt'u i'rsrri,'óu/u, oscila cri - /rreg.is iii' sr,rrlra ser ar! (5,0, Br'r,,ir' Or?ado i'jri' sexuais rem partes mais interessantes que a'
Orriras seç'.tr's fixar: ''lntrodui'i,ig '' (Miro-
.1 iifre'q/urr
rei ("0.% ri,': /tmnt'flS mUIs sex_i' do eiehc,ri:ç-irurlr,. lrlerr,i,n.'rio', pois gairiru a i'cIa Iraseira. Isso, claro, há uns vinte anos atrás,
,?,, lt? i/O). ri se(-ao de n us, prrk'rlrri apresentar os
tu rurr,l' ti' rui aFr'rla,s ii.' utivri , sse. g.'rcilrtierr(u' bem e,,, .s-hewv cbri'i',?.o'.r 'ti' lv r'rarr,hr. em tr'rnpo recor- quendo o Lessunha, recém-chegado ao Rio,
rujia: is u'rr,fl ruir! zrra?m,!artu', ri-velando seus
ui,hrila.r, (iii.? urn,iri ''listar Wili.' '', de Roh.'rt de . de rr,bi/U r, camisas cli-' Jorç'a, er,rru'flfr'i Otau/ur.r era uma graça de modeliro, esbelto e ca-
ri'rl???'.t. :,rigu'Pir, prurJ'essàri, ii.lrras, cmsu'ios, ceifei,
K. .'vf,,u-tnr , qrn' c'rrrlrrssa o O',sr.'m ii?? !ur pessoal de ir ri, iucin'rtih '. .vr /i e uri pr'.rr, de Chumbo. nrr J'unrir, derrudn. M.',s,r,c'o p iunr' nos tempos em
rflrusbra,ru/,l guri ir gui' tu-Tu alma ti/for dei hei., c'rrr'
'1 ,u Iri . (ir!c uru, ' '.S r' r Grito Nàu i ít4rrrr.' ' . ,rlcJrliu. ti(' li riS aqrw,'rr,, e ainda r'c'.rtic/o trono um trar'i's,j que ele Irequentava o restaurante La Gon-
;vr, (,',-i,r,,rdrr 'rrriii nrii'iv,,v i'rnu hr,m'c'o.r ia /lados a
ri,: qnr' Wrl,/,' fr,i ,'r,,,du',rado ria /ngfaei'rra rj- i-aric'all r. Hu'r,rii' é si'ruprc' um .t'ur'rssri r' der/ara dola, ria Fka Domingos Ferreira, em Copa-
.t,iru'urrr,'t; ' 'Nr)idifi' uru rrrtu'irr, tia vidatini rir-
?, r#Urri,i . urrar ti, ri Ir, f,r,r praticar ­i, abrir que não c/rrr' gb li: mu i to do r,ii e Ii::. /)u'an l'art rira seu cabana, onde sempre se sentava à mesa cio
101 ilcis p;'lrierjruils c' jri,irhi''t tiro LUA: ' Wr,r/d
' urrou ri,:., ir 'ii rir rir,' . qirr:n o, pr ir frr: r'l', pó li/rir. slr.vlr'rllrr dv' si'ir priJrrrr 1 c'rir/lr,, ganhr,ur pré,nio.r venerando Ziemhrrrsky. Alt .s, eu soube que o
//, 'j'ort , u!'ltlr.ct.S 1' l,,/rtroru'.t dos principais r'u'i'?l -
ir: rui ri,, 'ruir ?,'))e i'.s bit r'piCrri/i' vir, 'r'ribr.he ' orla vra riu ir',,i:rrsri,S riu' /rrrl,r'rrliii.t,rio e daí passem a ser Zrmnba osrà seriamente inclinado a contar es-
111.1 / ,,,'is (tire', i'rrr rra,us -ri rsr, uru mundo. Nada
ri, ri rrr sr '1 17, ,Ulr til '.5liill, riSO.', 'tu' t'rrbbiflob'bar trono ,rr,, ro/rr,(r, rol?? fru.qr, i ,u i it r pio-a r'r.r b,-iri ler teatro. sas coisas todas num livro. Ah, ah. ali! Com
Tu'rc'c'(rnr Murei,i (por ,'u guan tri(. la
,rI , , 1 1m Ir',' u'r,rii,uclr, tl'Mlll; p c'rrli' ele i'erOrs -rIr, 'vir, e ?rru'rr,l rrrir /?irrrrl 'J. Paru ,na,rter su'rr sus adniracão ipelos múltiplos i.,lenios de Ivan
1,ac. Ft rl'v b',b,l hirrr,'srris', 101) /0.' . P0 Bus t /22-
" p é: c%J ICCh11, Ilui triiti.t iO t1,Pt,r: ri lrirrA' Ai-
rrrlO. liCor, ti 'ir? gire já:u'r d'r pr'rrulrivr'n ti', / é r//i,n li! - Ca. - (i_'v'A - (Puxe/o Sérgio P,' - it. i' , ,,. A'( urrt'ul'.,
,brçr, 1'u,i j 'rrr seu prrrrrtpa? aiir.s,irl,,,. ti-cr-1 c/ iurfl ri Irr,,iis flor riicr, e . iri ti': 0(,i iiphi- rlr,mu i

Página 4 LAMPIÃO da Esquina

**
APPAD it
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
ri
cia paiada cIo ul,vc'r'ttdadç

ESQUINA T
.Noticiário esportivo (1) No Planalto Central
circula nos Estados Unidos um filme.
C ainda não exibido no Brasil, no qual piscam novas luzes
um técnico de atletismo prepara um alicia
para disputar a prosa de decailo nas Olimpíadas.
Rousseau 0'; faunos OjUi Clii Brasília, parus;e sJiil,r,i o .- i1yIsL;,ti, iiiiriieu erifr rra bolsa para
() terna seria suficientemente vulgar para desper- P ji . iO una termo novo eslíu surgindo, com ler rn Css;-ia NO 'riro caso, você pode aré
tar desinteresse se as duas principais personagens eito de que vai pegar as lamparinas, Ou inesri lO CiO' til' i oiírIsuie para que 5) proc;urem
não fossem homossexuais vivendo juntos, o que o-, j s irivaleuros amhLulanies do Lampião da Es- flui',, S que vui i Já ruo sugerido, dê uni sorriso
lsro s oa um escándalo no país e no exterior. ijUlici que por enquanto e com certeza até o do c,'. s';uu ersão e dese1e boa surte Furi-
Por fim, o atleta, apesar de toda a canpanha rhluleru 2, têm sido o único palito de venda 1') «i O'mrr- ilquein avisar, de início, que
contra, consegue a medalha de ouro. do lorrial na cidade. Nestas Irias noites de :ri- rrí'm is na i,. nunca acredite. Leia corrs
sorrio, os bares da capital eslào com uma I0 e, - ris 'i. , os, sela prtsSI,mius
explique o.
O Filme quer iiosl rar. e o faz muito bem, que s'isO'OI
queda de naovinienlo mas, mesmo os- Ljiuiii3 i s rr:u': 5 que nos li-varam - a rios em-
qualquer pessoa pode exercer qualquer tipo de silri, o Lampião rende bem, chama a atenção ir rrw- iahaIho como este. Se ele reagir
ativukule human.i. independente de sua preFern- o provoca ;)erqurrins - algumas bem und;s- :jvIO 05 ?-ur' . 5exi,air rmào SO uma s;Iasse e.
eia sex LI aI - O crui si ii esportivo do J B. José Ig cortas. E. enfim, um Iorr i al que puxa;conver- porismuito, ;-icJ precisam se unir, que podem se
tiAs-tu Wernev-k. pensa diferente. Para ele, o 1. e'sl)aliislr iam outros setor ' s maiores que ser-
homossexual deve dedicar-se somente a ativi- Corri este processo quasu' artesanal de dts- iirrhirnte as abrangerão, -océ já sente que a
dades "mais adaptáveis ao seu comportamento", irila,jicrmo, há, no minirno, urna grande vara- Is.srt base ideológica - coisa,
tipo cabeleireiro, manicure, pedicure. calista, Ias;ern: podemos ficar sabendo quem está ,uI(us, que ciuzerirlo, o que se pode sentir
costureiro... :riiiiprurudo o jornal e, uro alguns casos, até Lel.i corie15u ' .lIexo da voz e pela firmeza do
rr,ecuro por que Pescius,i de mercado com ltismn De rirmas que ele ficará tão inusita-
PcIu menos é o que José Ignácio deixou claro puurhirü5 H.i pessoas que querem saber de dinic'rite i:its:rossado no assunto que lembrará
ciii sua coluna do sua 7 de julho. tu enconiramu 0(10, quem - r:onio, onde e quando. As res- ira "sirdado, tem uni dinheiro na bolsa
esse primor: "1-id a ('opa que perdemos empatan- postas precisam estar sempre aladas na pon- Di fis;itirbeiili: voltai à a oinprar o jornal, por-
do.
cisará1k hoje até 1482 muil o trabalho pre- ta da irrqua porque, sri quem vê cara pode ver pio você não estará sempre a seu lado para
ser feito nu futebol brasileiro. 1 preciso im - oraco. um bom lornaleiro sempre indica que 1;' iiiveiucê-lo Coni argumentos certiniros, mas
ps'Lhr que este hediondo Campeonato Nacional
lesv de Nez os clubes A falência, pois sem clubes
'.! v,'-oisip '-;/I' - - ;:p'eJre.'ds' H01'3sus1u o produto è mil vezes, melhor
preciso saber ieagir Muitos possíveis
valeu ii pena
Mas rienr tudo são umpecithos As pessoas
nin há jogadores, e a Seleção, mesmo com pre- s:ilmpiaslorc-, gosImrão , de perguntar, coro i:srriprim o lampião de bom grado,
i 1 Lrto longa e importação do aparelho Nau-
não se conhece mudos casos de treinadores ou ires dc ' uoor acahou de ler urra longo e en- .ujri-iu;.IL;rai a ichria vi sabem que acabaram de
luis. será sempre o reflexo dos jogadores que mesmo togislt-sres homossexuais. Ii ilori ho irO todo sobre a decadência do sus- OLis ju ir ir um predito de primeira qualidade.
PssIIifli os. preciso nos clubes reformular as es- Mas é mais fácil descobrir-se num homos- LInha i:.ipital:sla: ''este jornal ir politico?" A'srirs: iuãri Su espante nem mesmo com
col ia li is de Futebol, ai o ai me n te em grande parte Outro ,; sL3ràO' SIJ rfltruos a la sI arã o o torra 1 piçiii ri fio'-, til iO " uru 'os rial homossexual ? Mas
entregues a incompelcuutes e. pior, incompetentes sexual ti culpado de tudo. O cronista do iR ad
Cliva a palavra Incompetente com a palavra .01110 qLler -n empurra um i ridescsjado prato de .5000' i.o'r,u e mie irte iaz?" Ou enlão não se
homossexuais'" homossexual. ressaltando que esta é muito pior. 'ii spa e darã o o ver iLI lo: - ''iesle p ais, só leio o 0111 5 'seca Ciaili a rs ipusla de rapazes austeros
Para ele, o treinador pode ser incompetente, Mos'irneriio " Neslc caso, que eu considero que, soro que riem para que, reviram os
O clsllIiii\la do IR não rrecisam a ser tão chulo ineompete lhe 111051 rara ai se os integrantes isust.ilste agudo, é preciso ter soberbia. Nunca 0111111 fios, a ei iam artificialmente- o mis cri -pus
preL-Imns'L'Itut,sml. José Ignâcio encontra um bode Lia citiiussAo técnica da Seleção e os dirigentes s:i(jLir i le coisas corno ''o que é L)UC o Mo- e slizr;m 55 iião, meu bem, hoje não posso''
t'\'ILoriL): Si'Ii) 05 homossexuais OS Culpados pela da CRI). O que não pode ser é homossexual. s-'iriieilio Is. ri que rrõs não ten s os ? " Entenda, o Aíiiu.ml, urra movimento homossexual, a qual-
ilerrsmi,isia Lk' bm'ni anizido Futebol brasileiro. São Podem todos ser incompetentes mas incompeten- ir oh IuirTisu r:o r , .ma i b 055 \ 'E 1 diferença entre quer irirl, é ainda uma idéia que lembra o
CIL's 51115 (5tIl5 .1 5 .111:1 isIo 11111 11 iiOSSi.1 querido tes hetc:ossexuuis. sus sir' ais mas seu róprio freguês q ue ainda rislir silo. s) jocoso, o sem-vergonha Para
ILitelim sI. Nisso o José lgnk'iis Werneck não difere quese 'em a is'oc('iicia dos q ue não sabem perder. tiLiiiiN, í.' 5i primeira voz que urri homossexual
Pelo que 5t'I brilhante e elogiado técnico iiaslu dos inqliisidores medievais. Quando estes, R,:oIuma i5 seu lornal, balbucie uru "ora, ora" e til li Si
n a s sois funções de caçadores de heréticos, mia de perlo. Piar Iludo, seja sempre competente. Suas1
CELLLdI0 (LLII i n bis é um senhor de comportamento Não liue riiuito felrz com os que com-
11)11110 "nornial''. não-divergente. O Coronel queriauli ampliar a seção clv' torturas e condená- IL;-tiO:-1,iS 011 rIracões não podem nunca por
los A pena de morte .Acresciam à acusação a 111.• hin1 doiscsernpiares de urna sé vez e pei - erra ()rjí:s 515 s'aliúso'i iIiiiii!E' emlJ.-'vtr05 da Es-
('asalheiro. o mesmo que vive a imeaçarjornalis. jisCirsinlo flurnil'nii.
II', com prisão, é heterossexual. O Almirante
palavra sodotiii ta OU homosse xii aI. Era forca, i
seguida de fogueira na certa. Tanto que na língua (rYitJra o
Heleno Nuns's, presidente da Arena no Rio, iam-
htii si é Os nossos jogadores exportaram uma inglesa, a qual o crônisia conhece tão bem, a
umn.ugem de tiiiçhmks e rapa/es heni casados. Fins
serifadeiros ssilsiados. E se n.1ui bastasse iLIdL) ISSO,
palavra lluggery , quer sliier tinto heres y quanto
sodomy. e o termo buger, herectie e sodomite.
l.-Iit-esu' PinIteiroi
As palavras: Iara que temê-las?
li ilsu gente se declarando indignada 1.5 li 5, i -, v' 5 '1 55,'U 5 é u nia das a mia '. rihilIS comuns do
M 1h10 fato de LAMPIÃO ul ili,ar, Esi5it-eI5-5-ilr j s: , na 5 erstsude, ii primeiro passo
cliii rnLiiti m s'eqiiênci:m. palavras tidas como Puriu reiuruuuii-losl: iii'so suceiiar que esse ilpo de

Noticiário esportivo (2) pejorativas: bicha, boneca, etc, às quais ii liso


cunho nu dcsi sempre uni tom de ofensa, de epíteto
timinuillcunue. Para alguns, o uso destas palavras
clussifiesuçàim sei-a possível - lutar centra ele — é
ibrigas-As, desses grupos.
_\ si ,si iui. acreditamos que estamos euuuuprindo

indicaria unia aliciação ao baixo nível que n ãdfics ns , s',s 5 5 er'sta ste i ris papel neste jimgs) quando mos-
tit'iuu com ruursci jornal. A estes, a explicação que se trmnuos às peoa que perdemos o medo. E parte
poucoiuiiis de um atuo, em Porto sUe'
H - Viul til ir Si litos, gerente da
si is' g uei coliseu 1' .i ulan It' do futebol,
1 enu slustintisci, earleiriiijiu e veste-se com s'afetãs
Liii foriuies. Unia Kom hi a transporia pari rudes
scgsle.
O liso sle tais palavras ciii l.AMPI5k0 da Es-
slo niussiu papel. igualmente. responder à ali tira às
irovsx-uçsks do tipo Rsuherlo Moura (L."sMPIAO
os logos Iniporusunies usu ulterior do Estado e já se quina. nu verdade, tem um propósito. O que nós
LII ''renovar ' iuissslo de ismrs'er '' tio Rio Icirtui ii uissi iv- is enu algum ruas das principais revistas
n' 2) e lv:un I,essa (neste número). Fazer ironia
Prets'iuslemims é resgsmliu-lus do vocabulário niachis- sei isiu Isul • iuàii em torno cIa homossex ualidade
Grande do Sul. Pari isso. reuniu sim grupo de slo Pais.
r:i pt,v's de 20 a tI) anw, - c:iheleirc j ros , baila - ia pira ciii seguida te mmisticâ-las. Vejam bens, selada sias pessoas sempre foi uma prática de muI'
1'. utci mi uui aslss, o clube rival procurou Diriuci 1(5' agora elas foram usadas como ofensa, ser- gumuis representantes da imprensa nimcliista que,
rinos e maqsulrslorv-s. principalmente - - e pas- Messias. gerei-te sie outra boate portou legrense
sou a lrCii I 1 vur:miii como o meio mais simples para mostrar a Pari isso. 15511 (ara luu sempre com 1 cumplicidade
ias tirik's de sábusiji, na hmlatC, gLml'l, piru a criação sisi Inter' Flowers. irias Dirnei " ss'juLrsmçãss " que existe entre o nosso iuismndo e o
Ii I i', 5CL'LIitLIhl dc b-I1. ' vi' tende nada de do silêtueicu: os ulungidoí. com medo que a reper-
IlL'cla ris si que não pretendia ''expor 5) homosse' do'. outros. Isso faz com que, temendo o peso de elIssAci fosse uunulsm nsaicur. preferiram, à resposta.
Fmstt'himl, o,' s,uii' iIClil o tine ' si Grêmio, nem o 5100530 risliesulss Ciii canipo ik' futebol.— [;ris Pilu ras, criemos out rsss igualmente mis-
que é si Iuiu'u ii:is-ssiial : rem de ser ensinada até a Apesar LIS' o slireiur sla Coligav concordar com
fic:sr recolhidos à riu a suposi a insignificância.
imirs'cr lli1 uni islmilsu do lime''. Vislitiar fui questão ri Fic.itls sras , embora, para quem as adota, sem Niusssm posição é oposto se nos chamarem de
cli' .iCs 'sc' - .ur . —N '.s % si q sus rs'm si'. é miii iii ar a tor- as fiusal i Iam k'' slss Moviniento Brasileiro de Li bt r- qualquer 1' sou pejorativo: entendido, por cxciii- bichas respondemos que somos mais que isso —
iação sluss Hssnuossexsiais, a orgaiui/.açào por ele pIo: e até ruesiuto qsme enupregtmemossutilmente sonsos inchas. Mas., I há sempre um mas.., na
susl,i clii (;., .': ii:to 511)10% sinta vanguarda do criada pa rs's-s'- uuue machista e guetoizante. Por tais termos de uns osu t ro idioma. somo é si caso de gay vida de qualquer machão). aproveitaremos a
111155 iludiu - --'u. com o qual. v-iilrs'iatito. v'oncor-
ra/s'mt". — crt'usl --. luermiliraiiu-lhe ila'.esr e for- (LAMPIÃO bagunçou logo si coreto, traduzindo- sx-ssslào para recolher do nosso vastíssimo ar -
ulituimis'. - clarim - - mis isso è,,xiirt história-" ia lecer'si'. nualgru sEu p': q uensss percalços, a para guei, que significa absolutamente nadal- quis o, s'iiis:inueiute organizado pela fera Rafada
() sslsctis si mli srgani,aç i s -_'ra conseguir 2tXi ,ceil ur.ins- nu l uuansto peui"herani que ela não A primeira coisa a Ester, liortanto), é perder o Manibaba. mlII:ms ou três coisas que sabemos — e
mdei s tmss, in,is liA qslv'ni ,ufirnic que nunca se un- qsueslusn as si n:ud;u - que sabia o seu lugar. Senta iiueclo das 1111 as r:us - O cl nu n lui para isso é usá- sempre saberemos — sobre o autor da ironia. As-
uar;mni mais lIs' ) eu siitt estádio. [)e qualquer sE' cii 1- iu Ilara .i Establishment e para o posào. las: bichas, bonecas, etc,,, (quanto a veado, ao situi, lumurtcudlas essas coisas. Ficam os possíveis
bruna, eles sumrclr'ni. sssnu Faixas. ftaniisl,is, 1 usE - lmiuiitassm a ak' ii as minutos de espetáculo. vê-Ia escrita - sOm oius'i-Isu - deve-se sempre lenu- slesafiadsus avisados: em matéria de imprensa. os
cli.urung.m. í.h/t'hi'lsl 111)1 I\ u;: s du badalciçào. uislo cada macaco tio seu galho. tirar o helíssiuuuo animal que ela designa: esta jornalistas que faiem LAMPIÃO da Esquina
De inicio Fusrmni sslluu SS conto simples eu- Os c. s mpmmiue n ics do grsipo, suo unirem-se pela pulas rI significa apenas isso). Classificar os sempre siclotarunu a posição ativa. alivíssinia. A]-
rimisidtcic . Depois a presei .i deles passou a ser udeuuuid.msle dos gestos afeiados, dos requebros e ersuirss'. -Ole não re,am por sua cartilha como gui iii u sls'i visEi? 1 Aguinaldo Slls ai
'isla cssfll auttiiitiO. A ulirrçss do clube quis ter- do agressivo exubicussnismsu, representam ex-a-
minar com a iniciativa. Voiristar consultou ad' isi uuie li e o papei que is eles atribuem os machsies,
migado e, ao ceri j j 5 ' ar- se da inexistência de qual-
quer ilegalidade. rv'sols esi não desistir, topar a
parada.
liii mliii js s d 1 515111 II ILileni sisle, da rumba
ss de buchas efeminadas e escandalosas, ainda que
sle briga, quando fisicamente agredidas, o que
1 li es cciii Fere ruo icur piloresco. ih
wÂo/
s'id:mh de Cuisus slsm Suul. a torcida gremista po
Sem se slareiuu conta, atuam csiuluo machistas,
is ituirojeturanu os estereótipos da nossa so-
E $ TE ANIMAL
trudismoui;sl slecisli Li agredir s (oligay. Começou a
1-crI-a' la, levando-a contra LII) muro. Vol mar ciedade. qsue erradamente - e de má-fé—, iden- FAZ PARM P0
tifis-a licumosses sualiulacle essnu efeminação.
.il bdl il S l pira a Policia Militar A briga estava for' .QuILSEO PA NATURQ
mista e os Frenéticos menino' esquecendo-se dos
urv'leilos e poses, mchavani'se 1 id-indo pura valer,
Ao aceitarem, Elites, cons ires para exibirem-
se p'o interior. mostrsuni que se acluum prontos a
servir de palhaço a nuachistus hsmshsmques dese-
1'
Mostraram, assim, 1 1 51:5 tis gaúchos. que
bicha é macho. Selou-se -.m rui. Esqueceram-se os
josos de conhecer as novidades da capital.
ALI muilifornil,arem . se e ao serem treinados,
siit'sis, pontapés, murros e euuipurrses trocados.
Mas o prestigio surgiu mesmo quando, na dix'
p1111 do campes -'aio esu iilumal de futebol. o
par.i manterem-si,' oheclic O les e diferenciados,
lessunu a separação ao psrsxisnuo. Os amplos
cafeiàs traiem-fie A memória o triângulo rosa,
é 6
rêiuiiui venceu -' luuern:s.,suial por . mi 0. A que lis iism,usius pregavam umas batas dos homos'
Coilgay gim nhssLu II :1 mie pe quente - se\ ilms s'iss'areeraclos eni campos- sle-
Hisie ela é paparicada pela direção do clube. ciimcenuraçmls. (io.O Antônio Maicarenhas)
LAMPIÃO da Esquina Página 5

**

Centro de Documentação
APPAD
i e
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
da jiarasla slu diversidade
ESOUINA

Não tem sabiá que agüente


Comemorou-se a de junho o Dia Mundial do deira da área para fins que nada tinham a ver passado foi comercializada quase unta tonelada
Meio Ambiente, com programação oficial com seu projeto agropecuário- Mas voltando aos dessa carne. Pode haver exagero nesse cálculo
(modesta) feita em S. Paulo pela CETESB - bois, digamos que o brasileiro seja carnívoro e porque unta operação tão -grande, para ser ren-
Companhia de Tecnologia de Saneamento Am- que essa carne seja necessária à nossa alimen- dosa, precisaria de uma verdadeira organização
bienta], órgão da Secretaria de Obras e do Meio tação. Cabem então duas perguntas: a - compen- abrangendo desde aquele que caça o pássaro, até
Ambiente. Do seu lado, a Comissão de Defesa do sará destruir florestas, quando Já temos muitas o seu congelamento e transporte. Certo ou não.
Patrimônio da Comunidade, que congrega diver- áreas que já foram desmaiadas e usadas, mas seria coisa a ser verificada porque, como casta
sos grupos ecológicos, completou a comemoração que apesar disso ainda servem para pastagens? h sabiá pesa por solta de 100 gramas, a tonelada
num palanque da Praça da Sé, onde em clima de - Esse gado estará mesmo destinado a matar a anual corresponderia a lO mil aves abatidas! Nes-
protesto, mais do que comemoração, falaram fome do brasileiro (neste caso haveria talvez uma sa proporção não tem sabiá que agüente e, se a
Orlando VilIas Boas, Flávio Bierremhack, Freitas justificativa) ou será destinado exclusivamente à coisa continuar a espécie se extingue, como 4antas
Nobre e Vasconcellos Sobrinho. Em seguida, o exportação, nossas florestas se &ansformando outras espécies animais que têm sido eliminadas.
grupo de pintores do movimento "Arte e Pen- em pastos. nossos pastos alimentando rebanhos e tanto pela caça ilegal como pela destruição de
samento Ecológico" inaugurou na sede da CE- rebanhos se transformando em rendosos dólares, llorestasc poluição dos rios.
TESB uma exposição de quadros mostrando os dos quais, além do mais, só urna parte ficará no
desastres da depredação ambiental. Brasil? Mas a lista dos crimes contra a natureza não
Ótimo que tudo esteja acontecendo e que os 4 - Ainda ialando m carne: os cardumes de para por aqui: o ar saudável da selo Horizonte,
movimentos de preservação da natureza, inde- baleias do mar brasileiro estão quase extintos pela por exemplo, só existe hoje nas poesias dos an-
pendente e já em grande número no país. contan- pesca, predatória porque, feita em escala indus- tigos poetas mineiros. Ja1poiuição que as in-
do com o apoio dos meios de comunicação, vão trial, e que está sendo executada por firma (ou dústrias soltam no ar. O seiorizonte que um dia
instruindo e alertando a população e até denun- lirmas) japonesas, cumprindo acordo firmado oi belo, está desmaiado e as terras corro'
ciando os vários focos em que essa destruição es- com o governo brasileiro. Ora! brasileiro não tem i'das pela erosão. Quanto ao mar da Bahia, parece
teja sendo feita. Porém,., até que ponto os órgãos hábito da carne de baleia. Não vamos aqui dis- jue mestre Caími já anda pensando em mudar a
e atecnocracia oficiais tomarão conhecimento real cutir preferências, mas sim o destino desses sua canção que diz: "o mar, quando bate na
desse apelo que. resguardando a nossa natureza, mamíferos. Não sendo utilizados objetivamente praia, é bonito, é bonito", por "é poluído, i
interfere no sucesso do país ao nível de nação tec- para a nossa alimentação, será certo eliminar a poluído", tal a concentração de detritos uíhiicos
nologicamente avançada? O apelo não é intitil, espécie, já escassa no mundo, em troca de di- e podridão dos esgotos que estão sendo jogados
entenda-se bem, nio se tenha ilusões quanto à visas? E quando não houver, mais o que comer por lá. A baia de Guanabara às'vésperas de se
positivação de medidas restauradoras ou de (porque desse jeito a comida d mundo vai comemorar o ano 2000, será um lodaçal pestilen-
preservação ambiental - a não ser na proporçãc acabar) o que nos darão para comer? Papel- to e mal cheiroso. A zona do pantanal de Mato
em que isto ou venha a ser uma exigência coletiva moeda? Grosso está sendo expoliada da sua já rara ve-
(neste momento em que, por razões óbvias 5 - Voltando à Amazônia topamos com o getação. Fotos aéreas do litoral norte do Estado
prometem-se mais aberturas, existe essa possi- projeto Jari, um empreendimento do multi- de São Paulo mostram, além das áreas devastadas
bilidade remota). ou então que a situação atinja o milionário norte-americano Daniel Ludwig. que pelas queimadas. a erosão conseqhente que
nível -urgente de calamidade, o que não é fora de as próprias autoridades brasileiras consideram ameaça terrar Caraguatatuha com os freqüen-
proposito porque aqui, quase sempre, espera-se com possibilidade de risco para a segurança tes deslizes de terra dos morros próximos.
que as coisas aconteçam para depois tomarem-se nacional, devido à sua área vital dentro da região A construção da estrada Rio-Santos por sua
providências. e por ser possivelmente a maior propriedade rural vez alterou substancialmente a paisagem original
privada do mundo - e isto aqui, dentro do Brasil e está provocando uma urbanização desordenada
José Lutremberger. presidente da Agapan e nas mãos de uma empresa estrangeira. O fato e sem planejamento que fará do mar a sua lata de
(Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente acontecido com a Volks deve estar se repetindo na lixo. Trindade, um lugarejo numa praia entre
Natural), ecólogo portanto, mas que prefere ser "Fazenda Jari" isto é, desmatamento incon- Parati e Angra, que até algum tempo atrás cons-
chamado de preservador da natureza faz um aler trolável etc.etc. Porém o mais grave é que Daniel tituía uma comunidade isolada do mundo, su-
ta ao Brasil e ao mundo: •() pensamento eco- Ludwig, apesar, de forte e saudável, está com 84 prindo sozinha a própria subsistência com a pes-
nômico e desenvolmentista parte de enfoques ab- anos 9, segundo consta, suas propriedades no ca, a pequena agricultura generalizada e frutos
surdos, pois se trata de valores que estão em Brasil, após a sua morte (porque ninguém é çter- naturais da região - uma comunidade tão per-
oposição às leis da vida. Se a humanidade como no) seriam herdadas pela Fundação Ludwig de feita que dispensava o uso de dinheiro -, está
um todo prosseguir dentro de tais enfoques, nós Combate ao Câncer, com sede na Suíça e sobre a sendo pressionada por unta poderosa companhia
vamos ao desastre - e ele está muito mais qual pouco se sabe. São 3,7 mllliães de hectares de urbanização, que constrange os habitantes a
próximo do que muita gente pensa. Esta civili- de terna, pelo menos é o que a Jari declarou à vender as terras, para que a empresa lanço ali um
zação tecnológica, para a qual não dou mais de Sudam possuir, distribuídos entre o Pará e grande empreendimento turístico, cujas quotas
trinta anos, é a primeira grande civilização que Amapá. Ora, parece-nos que esse terreno é área serão vendidas na Europa.
esqueceu uma coisa da maior importância: sa- excessiva para a construção de um hospital, mes-
bedoria. Trocou a sabedoria pela ciência. Isto é As praias de Santos, São Vicente e boa parte
mo que este venha a ser enorme, suficiente para de Guarujá há muito tempo são reconhecidamen-
terrível, porque ciência e sabedoria são duas tratar gratuitamente de todos os brasileiros
coisas totalmente diferentes. Então temos, atual. te poluídas e só escaparam de ser palco de um
atacad,s pelo câncer. A conclusão mais lógica é grande show epidémico -de cólera. porque o vi-
mente a ciência, mas não a sabedoria para usá- que o resto do terreno que sobrar, será 'obvia-
la" hriào coletado nas desembocaduras doS canais
mente éxplorado com finalidades menos hu- demonstrou ser inofensivo. Como se vê, a cai-
Partindo do princípio que a preservação manitárias... -
do meio amiente é defendida por uma minoria e tração epidêmica que fai bastante praticada en-
6 - Várias cidades do vale do Paranapanema tre nós e que,agora, finalmente, parece que está
que este jornal foi criado principalmente para dar opuseram-se à construção d'a fábrica Braskra li
voz às minorias, juntamos o nosso apelo ao de arrefecendo e prometendo algumas aberturas,
de celulose, dite iria poluir um dos últimos n'os teve no devido momento e neste caso específico.
todos que se interessam objetivamente pela sadios do Estado de São Paulo, O assunto parecia
preservação da natureza e da dignidade humana. um resultado benéfico: melhor um vihriàocas-
ter sido quase resolvido em prol da natureza, trado que um colérico mandando brasa por ai.
Esperamos porém não representar apenas uma quando se noticia que Brasília aprovaria a ins-
voz a mais gritando para o espaço vazio, sem Por esta e tantas outras calamidades, que, às
talação, desde, que a Comissão Especial de In- vezes pela mão do homem, outras por obra do
receber respostas e soluções. quérito da Assembléia de S. Paulo e a Semi
À esmo e no tempo de pouco mais de quinze acaso, foram evitadas (milagres?), é que todos
(Secretaria Es,ecial do Meio Ambiente) concor- nós devemos nos parabenizar e agradecer a Nossa
dias encontramos na imprensa diária noticias de dassem.
inúmeras catástrofes ecológicas que estão acon- Senhora da Aparecida que, mesmo rachada, con-
tecendo ou por acontecer no nosso país. Por 7 - Ainda carne, só que -de passarinho: tinua sendo a padroeira destes Brasis,
exemplo: çahiás estão sendo abatidos em Cananéia e no ano
Darcy Penteado
- O navio brasileiro Taquari, que naufragou
na costa entre o Rio Grande do Sul, e o Uruguai,
lesava em sua carga um produto químico alta.
'uente pernicioso, a etilenoimina, que estaria
Provocando O desastre ecológico da praia de Er-
Florianópolis, meu amor
menegildo. A princípio as autoridades negaram a
sua existência, sob a alegação de maré vermelha, Pesquisa realizada por órgão sociológico de centivado pela maioria dos Césares. E de Roma
um fenómeno , da própria natureza. Culpa de Florianópolis revelou que existem nesta encan- para todo o Mediterrâneo, onde, em muitos
Deus. portanto,.. Pressionados porém pela tadora e paradisíaca ilha do Atlântico Sul 15 mil países, o homem é a válvula mestra, com a
opinião pública, reconheceram a necessidade de homossexuais declarados. Não estão computados, mulher não passando -te simples reprodutora.,.
examinar a carga. Só não se sabe se isto já foi naturalmente, aqueles que só se revelam fora de preferência de meninos. Um exemplo é o
feito e o perigo eliminado, ou se o fato continua daqui, em centros maiores onde, em muitos Marrocos, onde os homens andam de mãos dadas
naquela base do hlá-hlà-hlá. casos, seus conhecidos e prestigiosos nomes e se beijam no meio da rua, sem a menor ceri-
podem perfeitamente ser trocados por um mônia ocidental.
2 - Quanto à preservação de Caucaia, o "pul- anônimo "Silva", e seus rostos se perdem na mul- No mundo moderno, as cidades ditas gueis ou
mão verde" da Grande São Paulo. parecia ser as- tidão. estão abaixo cio nível do mar, como é o caso de
sunto resolvido e encerrado, tal a prema a que os Considccando-se a população da cidade - Amsterdã, ou numa ilha, como Nova lorque. Ou
jornais e o povo submeteram as autoridades; mas por volta dos 300 mii - o número é realmente de ainda tão à beira d'água que até estariam predes-
voltam os interessados a insistir na implantação causar surpresas e indagações. E conseqüentes tinadas a serem levadas pela própria: é o caso de
do novo aeroporto naquele mesmo local. Então respostas racionais, Primeiro, se existe tanto as- San Francisco da Califórnia. Isto para não falar
senhores, como é que ficamos, bem? sim é porque há receptividade. E se há recepti- do Rio de Janeiro, a Princezinha do Atlântico, ou
- A Volkswagen possui quase 140 mil hec- vidade, o número, pela lógica, duplica ou forma mesmo da fina Laguna, onde grosso só mesmo o
tares de terras no Estado do Pará, sendo 70 mil uma nova parcela: os bissexuais (a não ser que es- mar.
destinados a pastagens para gado, (Qual a re- tejam todos incluídos entre os 15 mil), Por esta associação aquático-sexual não deve
lação entre gado e automóvel, nem Jesus Cristo E depois, o mais intrigante é justamente a causar surpresa que a Ilha de Santa Catarina de
consegue escohrir..) Já em 1976 o desmatamen- razão desta quantidade. Ë de tradição afirmar repente constate que 5% de sua solidária po-
to de áreas permitido pelo Instituto Brasileiro de que os povos de beira d'água têm aquela que- pulação se entrega a tais folguedos. E isto muito
Desenvolvimento Florestal (plano, aliás hastants dinha a mais. Vejam a Grécia anttga, de onde - embora quem acabe levando a fama seja Pelotas
&i4b.stivel, teria sido superado pela Vlks. a História não nos deixa mentir - surgiram as ou Campinas, ambas interioranas, o que não
Imagine-se hoje!.,. Além disso houve uma denún- mais provocadoras e sensuais transações, as deixa de ser uma aberração histórica. BeIo
cia el.' uue essa mesma Frau Volks extraia ma- Olimpíadas. Dali para Roma foi um volteio in- Stodieck)
PóinaS
LAMPIÃO da Eiq.

**
APPAD i'
da parada du cl Is-s'r¼ldad
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott yif
GRU PODIGN IDADE
(REPORTAGEM-1-
Fotos de Vá/ter Firmo

Esta zona vai acabar


o,,im je iri1 í:r-le aj frio e
chuva que, misturada à leria das obras do lr'..
metrô, enche de lania a zona do manque. L
Equilibrando se rios altissTmos tamancos
dourados, ela passeia na calçada, lançando
Olhares suplicantes para a imensa fileira de
homens que, encostados no paredão em fren-
te, simulam indiferença. A loura Solange usa
delicada blusa de pela de onça, uma reduzida
tanga rendada, e grossas meias de lã até os
joelhos, deixando à mostra as coxas roliças,
um tanto flácidas e sulcadas de celulite Não
precisa esperar muito, Logo um dos homens
decide se aproximar, cochicha rapidamente
no seu ouvido o que deseja e, abraçados, os
dois desapa recem rumo a um das dezenas de
cubiculos que, como partes de uma imensa
colméia, proliferam em todas as casas
Dez minutos depois Solange está de volta
ao sou posto, com o batom retocado, uma
nova camada de pó de arroz no iosto, o mes-
mo olhar suplicante para o cobiçado paredão.
Como ela as 1500 prostitutas do Mangue
procuiani aproveitar o inrxirno o pouco tem- w.-1
po que lhes resta, para conquistar os assiduos
e numerosos fregueses Dessa vez, a zona vai
mesmo acabar Já anunciaram para este mês
as piin"ieiras desapropriações e, se o cro-
111 1
nogrania de obras for cumprido, em 90 das,
as 60 casas que ainda restam vão desapa-
recer Urna decisão que resistiu a dois anos de
plarlelainento, mas que agora vai se com
cietizar, corri o micro das obras de reurba
nizacão da Cidadõ Nova, que abrigará tu
turameote em 60 prédios mistos uma po-
pulação de 60 mil pessoas.
Mas nem mesmo a certeza do fim emirien-
te iripediir i i iiri as prostitutas enfeitassem os
velhos sobrados com fileiras de bandeirinhas
do Brasil, para animar e "prestar solidariedade
ao time de Coutinho na Copa do Mundo".
Não houve tampouco evasão em busca de
lugares mais seguros. Firmes, elas estão dis-
postas a esperar ali as máquinas de demolição
e, apesar de 1ã terem Outros locais em vista,
eviram comentários sobre o assunto, temen-
do a repressão antecipada. Murtas não se
conformam em perder "o ponto' que, por
Ficar próximo às obras do metrô, vem garan-
lindo a Freqüência estável de milhares de
operários Chegam inclusive a ameaçar in- cubículos separados um dos outros por uma
vadir a Avenida Atlántii:a e a Vieira Souto, folha de madeira. Nos cubículos há apenas o
"para que o governo resolva o problema, essencial: pequenas camas de solteiro caber-
doando uma área para trabalharmos, porque 1,-is por lençóis ou colchas imundas, uma

zona existe oro todos os paises do mundo". rnesirrha com rolo de papel higiénica e uma
Mas como sabem que o Fim é irreversível, não laia de banha, onde é jogado o lixo. No há
se preocupam mais em evitar o lixo, que se vestígio de água ou material de higiene por
acumula em quase todas as portas, nem em perto e, quando terminam os encontros, as
conservar as casas, cuja pintura outrora fes- prostitutas se dirigem para os fundos da casa,
tiva e de cores berrantes, eslã esmaecida, onde fica o banheiro
deixando à mostra rachaduras alarmantes. Em média os encontros duram 10 minutos
A decadência orovoi.:ada pelas sucessivas e o preço varia dos 70 aos 600 cruzeiros,
demolições dos últimos dois anos - quando dependendo da tara dos fregueses. Vandete,
começaram a ser implantados os trilhos do uma morena magrinha, aparentando nem
Meirã - além de reduzir o número de pros- mais do que seus 25 anos, por exemplo, tem
titutas de sete mil para 1500, trouxe a inse- fregueses fixos com idades que variam dos 11
gurança e os assaltos que chegam a 150 por aos 70 anos. Ela não se incomoda de revelar
mós. Mesmo assim, ainda há proprietários os detalhes: "Os novinhos são os que pagam tratada como uma escrava. Morava num não vêm com tanto dinheiro cornio antes.
que conseguem alugar suas casas em média melhor e a gente trata eles bem, porque senão barraco com os nove irmãos até se decidir a Com a mudança da zona, apareceu muito
por 6 mil cruzeiros, para quem se disponha a ficam traumatizados pro resto da vida, né? A ganhar a vida. Hoje, afirma que, graças ao ladrão, e os fregueses melhores fugiram com
tomar conta do negócio D. Leda, por exem- maioria faz papai e mamãe, mas tem também Mangue, comprou um terreno e construiu medo Ninguém mais pode aparecer aqui de
plo, uma das "gerentes", ou "cafetinas" mais muito tarado". Vandete trabalha das 10 as uma casinha para a família num subúrbio relógio e corrente de ouro, porque sai rou-
conhecidas do Mangue, chegou a ter oito seis e em dia de muito movimento chega a carioca Não tem muitas queixas da zona. bado. O policiamento piorou. Antigamente, a
casas nos últimos 16 anos. Hoje explora atender 30 homens. Mora em Nova Iguaçu e - "O único problema são os vagabundos polícia civil vinha disfarçada e prendia os mar-
apenas uma, onde trabalham 35 mulheres, e às vezes chega a ganhar dez mil por mês. Ela que tentam tirar o dinheiro da gente. Eu ginais. Agora vem a PM fantasiada de Suam.
paga seis mil de aluguel "Tem gente aqui que não tem amantes na zona, porque se diz in- ganho uns quatro mil por mês, mas continua O vagabundo vê de longe e se esconde. Há
paga até oito mil sem reclamar, porque sabe dependente. " lá chega o dinheiro que eu não dando para nada. Acho que o dinheiro uns dois anos eu ganhava seis mil. Agora
que o negócio é bom Mas agora, com a tenho que dar para a família". Como ela são que sai daqui é amaldiçoado. Eu não tenho consigo três e meio. Tenho dois filhos, sou
desapropriação, já começamos a ver outros Poucas as prostitutas que moram nas casas cafetão. Meus cafetões são meus nove ir- analfabeta e pago 60 cruzeiros de diária por
lugares. Aqui trabalham moças de Ipanema, onde trabalham no Mangue. Acham o lugar mãos. Ser que não sou feia. Quando me in- um quarto no centro da cidade. Como é que
Copacabana, Méier, Caxias, e ano passado muito sujo e, como a maioria tem filhos, en- teresso por um homem vou com ele para um posso mudar de vida ? Prefiro ficar aqui do Que
mesmo várias se formaram em faculdades. cara a zona apenas como um meio de ganhar- hotel. Aqui eu fecho os olhos e penso na sofrer humilhação trabalhando em casa de
Saiu uma doutora e uma advogada daqui. dinheiro. Em casa dizem levar vida recatada, grana. Tenho que aproveitar enquanto sou madame".
Tinha uma com filho engenheiro, gente muito com as noites preenchidas pelas novelas de moça. Depois ninguém vai me querer mais."
boa. Pra miro a zona é o iugar mais sossegado TV e a correção dos deveres de casa das Na zona do Mangue, embaladas pelas Além da falta de segurança e da sujeira,
do mundo. Vem muita menina da PUC fazer crianças. Apenas um terço delas, "as mais músicas de Agnaldo Timóteo, Benilo di Paula iV1ara também reclama da evasão da fre-
pesquisa e os fregueses não mexem com elas. relaxadas", segundo as outras, não se in- e Roberto Carlos, sempre tocando nas rádio 'iuesia mais jovem, que pagava melhor. Ao
Eles respeitam. Já na cidade fico até com comodam e vivem ali. Trabalham cnn três tur- vitrolas, fazem a vida também muilas mu- seu lado Débora, 45 anos, 30 de profissão,
raiva. Onde vou, com minhas roupas de ci- nos diariamente, até as duas da manhã, quan- lheres que vieram de Outros estados tentar a fica indignada quando se toca no assunto
gana, chego a ficar zonza com tanta gracinha do tudo fica silencioso Atualmente a zona se sorte. Analfabetas, mineiras, baianas e per- "Hoje os garotos se iniciam com as namo-
que me dizem". resume a duas ruas, a Júlio do Carmo e nambucanas encontram ali unia fonte segura radas mesmo. Fomos passadas para trás por
D Leda e uma senhora gorda e loura, de Machado Coelho. No inicio do ano, as casas de renda. Chegam lurando que vão ficar por causa dessa tal de liberdade sexual" E com a
36 anos, mãe de quatro filhos, que veto há 16 que ficavam ria Rodrigo dos Santos, onde pouco tempo, mas são raras as que conse- experiência de quem dedicou quase mero
anos de Belo Horizonte para tentar a vida no atualmente passam os ônibus que vão em guem sair depois que entram. E se saem, século de vida à zona, tenta uma análise mais
Rio Ela não diz quanto ganha por mês. Mas direção à Tijuca, foram desapropriadas. acabam voltando, desiludidas com os ho- profunda: "Minha filha, a zona só existe ainda
para conseguir pagar o aluguei e ainda criar os As histórias que contam para justificar a mens. Talvez por isso tenha caído bastante o por causa dos operários sem família que
filhos, morando em Caxias, dever ser bastan- opção pela prostituta são sempre tristes e in- indice das que têm "cafetão". Elas desco- precisam de mulher. E também para atender
te. Como todas as gerentes, cobra de cada variavelmente incluem uma família grande, briram que não valia a pena se estragar para os homens casados insatisfeitos. Pode es-
prostituta Cr$ 15,00 por cada vez que elas com muitos filhos. São praticamente sustentar um homem, e são poucas as que crever ai que eu assino O Mangue pode
usam os quartos e praticamente não tem gas- "obrigadas" a se prostituir "por que é o continuam mantendo seus amantes. acabar hoje, que amanhã a zona comeca em
to nenhum de conservação. Sua casa, como caminho mais fácil para sair da miséria". Caso "Atualmente - diz Marta, 30 anos, 11 de Outro lugar".
todas as outras, foi dividida em diversos de Vera Lucra, ex-empregada doméstica. Ela zona - a gente ganha tão pouco que só dá
ganhava mil cruzeiros por mês e diz que era para sustentar os filhos mesmo. Os homens já Lúcia Rito
LAMPIÃO da Esquina Página 7

E]
**
Centro de Documentação
APPAD ie
ria parada tia rlivr'rsidad'
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
[REPORTAGEM)
Norma Bengeil (apaixonada, furiosa, terna, indignada):
A entrevista, num apartamento do Jardim
r1eiiie falido e r dii. ipo
Botânico de cortinas rendadas e muitas plan-
N 8 - Pois ó, rsi;,.. ,.s., TL'!iJ a ver com a
las, só começou depois que um emissário de
Norma Bengeli veio até a > sala e nos examinou
a todos: um gato que, sem nenhuma pressa
cheirou um a um bs nossos sapatos e depois,
"Eu não quero r.á revisão dos 'mnos iÁ.).» õQ de que eu falei.
Quei dizer, naquela época tinha essa coisa de
"a c',s, c:/os ,irt,,stas" Em 1961 eu fazia isso.
Só que a,qori não tem mais sentido.
acomodado sobre uma almofada, ficou a nos
observar, através das pálpebras entrefe
chadas, durante uns bons 20 minutos, SÓ
após esse exame prévio - e uma posslve
morrer muda BA - Pois é, essa revisão é um talo.
Coisas dos anos 50 e 60 são retomadas agora
í 1'.) Brasil e...

N B - Siei, imi;,s' CÍIJSaS puramente norte-


troca de informações telepát icas entre os dos
— ó que ela apareceu e apresentou-s aos Qtiei diii:',. é unia revisão apenas
i
entrevistadores Antônio Chrysástomo, João ,,,. tio Brasil. As coisas nossas
Antônio Mascarenhas, Aguinatdo Silva e BilIy ,-io moes ,ewrnadas. Ninguém quer
(DircV Penteado, mais tarde, faria perguntas. o que houve com a nossaarte nesse
de São Paulo, pelo telefone) Antes de co iodo, ningmii'nn quer fel-ir do nosso estran-
rsieçar o papo, no entanto, Norma teve qu qulainento cu/rmir.l Ei,, por exQtiipio, fui es-
,'r-inqiil.sda tive que s.iir d;,q ii porque não
falar pelo telefone com uma amiga, á qoa
comunicou que estava com quatro rapazc tin,'?,•j c.it7ipo de trabalho. Isso aconteceu
em (:aSa Minutos depois ela nos adjetivariá de i:onhigo, com 2'i;' Celso, corri lta/;i Nandi, com
1.) Bo,l, o PI/nio Marcos C'lC e tal Então
maneira ainda mais enfática ao nos oferecer
uma Tequila e explicar porque escolhera essa vimos revisar a noss-i cultura, porque, pô,
.ilém da revisão que eu tenho que iwrar, ain-
bebida para nós: "é que Tequila é bebida de
hiyneni ". A entrevista tinha um ponto de da vou ter que aturar a wvisãoda cultura dos
outros? Não dá!
partida: o problema surgido entre a atriz e o e
diretor Daniel Filho, que culminou com o AS - Quando você foi fizer a novela, eu
i . quei curioso em saber se o Oslo era bom.
afastamento de Norma da novela Danci
n'Days da TV Globo Mas de pergunta em iàueê que você me diz t
NB - Di-,rst'c dis cois' s que me apresen
pergunta ela foi muito além. Tanto que
,'.i,,.m) - a tática cois.-' de -iiitor brasileiro que
provocou, a intervalos não muito longos, I,. .ipú.s imanha volta foi "Vestido de Noiva'
velados olhares de censura do gato que, sobre
di? NÓ/suo Rodriqiies, que eu adoro... Bem,
a almofada, imóvel durante todo o Tempo pra nisso passa a ser U(7;, ) mentua, pois mo. .,;, ,: !m:.i,.,,m; ,i,'c,',' oo,?ie onde eu flemm< 1., os i.'u estava pmcissndo de dinheiro, já falei. Mas
diante de nós, fingia cochilar. 1iriiaiz idealizaria um filho, porque não i. ,f nunca vou tr.,balhar só por dinheiro, não sou
AC - Norma, nós gostariámos que você acredito na realização da mulher através do AC - E ai você reclamou. cormonipida. Eu, como viria bela vistoriaria
destrinchasse, inicialmene, o que foi essa filho. Então fiquei mesmo sem trabalho, sem N8 Então, esse trabalho que ei, fiz rnini.ánte.';i que sou., procurei fizer esse tra
confusão toda da TV-Globo Outro dia, numa saída Quer dizer, as únicas saídas que eu poderia estar até fora daquela coisa linear que b/ho de' que já falei, que quer dizer, por baixo
conversa telefônica, você dava uma versão de tenho são as minhas propostas, meu trabalho é o trabalho na televisão. Pode ser, tens não. do texto eu mandava sima mensagem. que
qe teria sofrido uma ação sexista por parte Pessoal, como fazer um filme sobre Mana Eu pedi a O.',nrel para la/ar comigo, ele não lo/anda era /cruci. opnmida.
de pessoas da Globo. Que pessoas são essas Bonita, que depende de capital. tPlefonou, De noite cii pedi a essa amiga AS - Alienada.
e o que houve exatamente? Por isso apelei para a televisão. Liguei pro moinha, Sõnia, pra ligarpra ele, porque eu es- NB - isso mesmo: alienada.
Daniel e disse: "Eu quero trabalhar, estou tivi corri raiva, alterada 'nesnio; ele comecou
NB Bom, acho que é sexista porque o precisando trabalhar". Antes ele tinha me corri jogo de empurra "não é consigo, é com iO Telefone toca, Sônia atende É Darcy
poder é sexista. O executivo Daniel Filho oferecido muitas vezes e eu tinha recusado a cis-, '' M;is uro doi eu fui fazer unia cn'tica à Penteado, de São Pauto, que quer falar com
jogou o podei sexista e falocrata pra cima de por questões pessoais. Mas no momento em Rede Globo, e ele disse ' 'não critique a Rede Norma EU' faz perguntas, que ela responde,
mim. Porque ele está habituado com pessoas que aceitei e fui, resolvi trabalhar com o Globo, porque eu sou a casa ' ' Ora, é uma pois ficou decidido que Darcy, como amigo
que na frente biilam, elogiam, e por trás maior amor, inclusive querendo renovar uma contradioão, isso. Aí eu falei, Sõnia, eu não de Narina - os dois moraram em Roma, de
picham. Eu falo na cara Então ele usou o linguagem re/evisiva, dentro de um texto que sei f.'il;,r com porta nem com mesa, com quem 1962 a 1964, no mesmo prédio, o Palazzo Pig-
poder e o poder é sexista, você sabe. fle dis- me apresentavam o horário das oito, um texto eu filo ? Pensei no Deriquém lMoacirl,que ii,itulti -, participaria da entrevista. Darey vai
se, "ou eia ou eu"; então eu dancei, porque altamente machista. Porque existe muito também foiator, foi u7o90 orce, Liguei e falei' logo av'oindo que [ir '1 perguntas ''muito in-
ele é necessário á estrutura da casa, enquanto hoisnenr dizendo que sabe escrever pra mu- "Denquám, o que está havendo? Daniel me tinias" Norma sorri. 'atreira A qalera, es-
u só sou necessária até certo ponto. porgue lher, mas é uma visão da mulher do ponto de d;se que ele nJo tem nada com isso, com a palhada pelas almofadas da sota, aproveita
sou atriz, rebefde'e mulher. vista do homem. Então às vezes escorrega o siruao,jo do n.eu nome na publicidade da para renovar as doses de Tequila As pergun-
machismo. Fiz um trabalho de análise do tex- nove/a". Aí Deriqriém falou: "É papo furado, tas da Darcy são todas sobre a "fase romana"
AS - Inclusive, nesse episódio todo de sua to, critiquei o personagem de cabo a rabo - ele está tirando o corpo fora." de Normal
saida da novela Dancin Days.: (TV-Globo, 20 inclusive esse material está com o autor da Ai eu filei,"olha, não vou gravar, DP - Norma, eu sei que Alberto Sordi
horai) a explicação que Daniel Filho deu foi novel;,, espero que ele não utilize a minha estcii vestida para gravar, mas. 7j 0 vou gravar apaixonou-se por você, inclusive pretendia
que você se comportou histericamente. Essa análise político-cultural da lo/anda, que era enquanto vocês não resolverem isso" Aí o liaçar uma carreira pra você no cinema rtO-
é uma acusação que sefijz usualmente a uma meu personagem de "Dancrn'Days", -, fiz Daniel falou. "Você acredita em mim ou no liairo, mas você o abandonou para viver uma
mulher quando se quer diminuI-ia. Por exem- um trabalho sensacional, porque sou feminis- Der iqum?" Eu respondi: "Em Nenhum dos aventura com Alain Delon. Você me explica
plo: ele nunca diria, em caso de uma briga, ta, não ligada a nenhum partido mas feminis- dois, eu quero aquilo que mereco". Aí ele dis- isso?
que Tarcísio Meira comportou-se "histeri- ta. se que eu estava louca, devia ser internada; NB - Bom Darcv, eu acho, primeiro
camente". JA — Você fez todo um trabalho de levan- eu lhe disse que nos campos nazistas e na que (tido, que sou uro individuo, que pensa,
tar o personagem.' etc... Rússia também internavam dissidentes, e ai o que tini enioi:r5es Então, eu não posso
NB - Não E se eu tivesse marido o com- NB — Exatamente. Então eu pensei: "o pau comeu. Eu puxei pro lado politico, porque coloc, ir a minha carreira acima de toiro, como
portamento dele seria outro, Em 1964, quando que é que eu posso fazer na televisão, um es- acho altamente reacionário dizer que interna indivíduo, porque senão ei' vou morrer de
eu estava casada' ele me tratava de outro. petáculo que, no Brasil, tem 30 milhões de es- num asilo a/guéimi que está em sã perfeita c. ncer.
modo. Aliás, ele sempre disseque não con- pectadores?" Eu falei, "bom, eu posso pegar c.ibeca, entendeu? Porque nem os loucos Então, eu jogo com o emocional, sim, por
seguia entender como eu, um "símbolo esse texto dessa mulher a/taro ente'rea'cioná nj deviam ser internado', ,-/oviam merecer outro que acho a emocão a coisa mais linda que
sexual brasileiro", mantinha uma ligação lo- que era a lo/anda, e repeti-lo, mas critican- tipo de tratamento. E isso da/acontece o tem- tem, e acho que as pessoas que engoliram a
tima com uma moca - porque eu tive uma do. "Porque dentro da minha tese feminista a po Lodo lá na Globo; se você não diz amém o emoc-'o estão ai, oprimindo os outros. Pr,-
ligacão com uma amiga durante muito tempo lo/anda é uma mulher altamente reprimida tefripo todo, é acusado de louco. moiro sou um individuo; depois uma atriz.
—, ela, di,ia que não entrava na cabeça dele pela escala de valores que possui Ela casou AC — Mas ninguém na Globo solidarizou- Não sou carreirista O Alberto de fato se
que eu tivesse uma amiga. Engraçado, eu com um homem vinte anos mais ilke, eet'o se com você? Os atores, nada? a.vmixonou por mim, mas eu não me apaixonei
nunca me preocupei em saber se ele tinha ou ela é o objeto total 4/ eu fiz um trabalho Na - Silêncio total. Eu tenho a impressão por ele. E jamais ficaria cojn ele apenas para
não um amigol Porque você vê, sempre fui político, quer dizei, eu mandava um subtexto que e/es acharam que eu não tenho razão. fazer cena carreira. Foi isso. achelAlain Delon
uma pessoa muito liberal Eu escrevi cera 'vez na lo/anda. Ai, não sei: uma das minhas AS - Não será o contrário? Talvez ,niais bonito, e fiquei com Alain Delon, era
um poema que diz assim: "a liberdade está preocupacões é ( porque achei tão escabroso, tenham ficado com medo de dar apoio a você.- unia questão de gosto. Depois também achei
dentro de nós" E quem diz que a liberdade tão escandaloso ter que pedir pio meu nome JA - Pois é. Cada uni ficou pensando o De/On um cafagesre, e me casei com Gabne/
está dentro das pessoas não pode ficar numa aparecer na novela como participação es- na própria situação, no emprego. IGabriele Tinia. que por sua vez era bonitinho-
ruim. Eu sou ótima, não sou uma pessoa pedal, porque eu sou uma atriz com um N13 - É um problema deles. Acho que mas c. d,n,'4r,o Já pensou se eu tivesse que
m014ist;s, coisas assim. "know-how" enorme) que tenham colocado eles têm que resolver por eles mesmos, ainda casar como Alberto Sordi pra ser unia atriz?
AC — Mas Norma, vamos explicar melhor meu nome em quarto lugar para que eu dis- mais agora que nossa profissão é regulamen- Pó, já estava morta, não é? Aquela coisa
tudo isso porque há umas coisas conflitantes. sesse desaforos, desse motivos para me man- 1
tada e que eiste, entre aspas, unta "consciên- mora/is/a, iii, "ela" era horrorosa
Como foi que surgiu essa situação que você darem embora. Porque talvez o meu trabalho cia de i,iasse". DP — Quando você teve aquela ligação
chama de sexista, o que houve afinal entre de feno vacão de linguagem televisiva estives- AS - Olha, eu nem sei se há uma cons- com Edu 1 obo, seu casamento com Tinti ain-
vocés? se fora do esquema de nove/as, do esquema ciência. Voê vê, toda essa lesta em torno da da podia ser salvo, ou já estava falido'
NB - Você sabe, eu tive várias versões. global, e eles tivessem me provocado pra que regulamentação foi colocada de tal maneira NB - Eu acho que já estava falido, não
Há unta semana que penso nesse assunto. Eu eu saísse. Daí eu pensei, pode ser paranóia'...' que deu a impressão de que a regulamentação é? Eu acho que sim. Não, ele não tentou
estima , ? fim de fazer televisão porque esta vaa AC - É uma versão um pouco paranóica, foi um presente do governo. Ora, o governo mconci/iacào. Eu queria, mas ele disse que
firo de trabalhar, porque as peças que me convenhamos, tem a obrigação de reconhecer uma classe não, que não era um -comuto lrisdal. Eu
ofereciam eu não queria fàzer, era tudo coisa 115 - Mas um momento. E uma versão que existe! gosto dele, ele é meu amigo, mas irás discor-
saída dos anos 50 Eu não sei o que está um pouco' paranóica, mas o sistema é pa- AC - Eu pessoalmente estranhei quan- dávamos emmuitas coisas.
havendo no Brasil, que existe uma revisão ranóico. E quando eu falo, estou interpretan do vi sua fotografia no jornal, com o Presiden- DP - verdade que Marina Cicogna,
cultural, mas da cultura colonizada, nossa do o sistema em cima de mim. Você sabe que te, rindo, coisa e tal. numa época em que ainda não conhecia
cultura que é a parte cqlonizâda. Por exem- a paranóia não é uma doença da mulher. É AS - É, Norma, essa coisa decons- Florinda Bulcão, deu em cima de você?
pio mi chegues há três aoos, e tive oferta de uma doenca do sistema, e o sistema é o ciência. de classe, pelo menos no pessoal que NB - Olha, eu não me .temhro dessa his-
cinco pecas americanas; mas só fiz peçast homem, o "homem" entre aspas. Pode ser 'trabalha na Rede Globo, é uma coisa a se dis- tóeá. O que me lembro é que minha mãe uma
de autores brasileiros, com exceção de uma o sistema tenha visto o meu trabalho e tenha cutir. Um dia desses uma revista andou vez, no Brasil, medisse. "Tem uma 'cegonha'
do Tícina, A Noite dos Assassinos. Então eu dito ' "Bom, essa mulher está criticando as publicando uma série de reportagens: "como telefonando toda hora pra cá". E meu mando,
nem sei se posso lazer uma peca estrangeira. escalas de valores do sistema, que é casa, vivem nossos alores". Pois bem, os atores se que estava presente, fez um comentário meio
Eu sei fazer, mas a minha netira, o meu família e propriedade, coisas altamente bur- deixavam fotografar em casas de milionários indiscreto e meio moralista, que i não quero
pioblema de mulher é de mulher latino- guesas, eu só estou aqui pensando, não estou para enganar os lãs, fazer com que eles pen- retir. Essa história eu não sei direito, mas se
.n,'ies,c.ma eu não sou americana do norte, brigando;, por causa de 60 má mensais que sassem que aquelas eram as-suas casas. Quer ela estava rne telefonando devia ser pra me
o: ' , IidPiI . Então, se eu fizer Virgínia Wool!, e/es iam me pagar. Eu estou pensando porque dizer, é um negócio de "star-system" total- oferecer trabalho, ri jo é?
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LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
APiPAD
'i c
da parada da di'vridadt'
*1
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
-t -

REPORTAGEM
Darr y pean desculpas a Norma por sei
odiscielo, ilx,fiunta se ela está aburrec'da. A
"Muita água passou Fotos de
Billy Aciollv

resposta:. ulagina, Darcy. Eu não me


aborreço coo nada". Os dois conversam
sobre a fase romana' ela pergunta nuem ele
escolheria: "berto Sodi ou Alairi Deloii? Dar-
cy, sem iesii-cãe, apresenta uma terceira op
çáo - uma pr-'soa que Norma não conhece
debaixo desta ponte" A menina e o pássaro
e que nada tem a ver com a "fase. romana"
das dois Pu,l) telefone trocam beijos O pássaro acuado
abraços Darcv pede a Norma que . hana ó,cuern o pássaro
Aquria Ido IS Iva 1 Comentário de Norma Ele está em liberdade
'Aquiialdo é um gatão né. Darc/' 2 '
olhares despcit idissimos da galefa si
COriCerirrafll Sobre AS que, i mpávido, atra O pássaro está cercado
vossa a sala em direcão ao telefone) Ah, cercaram o pássaro de asas
AS (Retomando a entrevista) - No, amarelas
ma, vamos voltar ao problema do nmlrnco do-. Uns têm gaiolas
t(Qr(/S « om relacãmm ao seu caso Como ú qum'
vo-ti se seni indo? A ulrmssc a abandonou' Outros alcapõos
,JA -- Poique ulrs devam se moniteslar, Gaiolas de ouro
i ('' E um pr r Iema que pode afetar qual - Alçapões de prata
ifti IJrT1
NB - E/ oi mc/ia wrr tremendc, dis
curso s,nd/ca/is(.i, mas em vez disso vou cari Mas o pássaro está livro,
(.i/ unia ;7i)5rca (conta corri voz maviosa). No meio dos arranha-ci5Lls
"Silêncio, silèncio, ,'Qi,e vida v. izra, /Perdeu Olhem,
sri un/a TOS'), /Qi,ii a encontraria?'' Epra eles O pássaro voou
1 Risadas gerais)
Pousou
- Mas vocr'r disse que uma de suas /im?hi. ,'.' pn.',qm'.'-is meus trabalhos /oministas, AS - Mas o primeiro passo para a liber
snirl', são suas propostas de t ahatho, como /.O// (/.rO/ - e rue (list. 'ser -.-nartimento ração, Norma, é aceitar a etiqueta. Porque a
o li. ' r,,' Maria bonita. Vou' ainda está à espera fo,qn , queimou tudo", eu r espondo ''É? etiqueta é sempre colocada pra discriminar Cercaram o pássaro em volta
de vei has E corri a Ernhrafilme, ou o que? 11511 m,?mporm.ncia", Ai e/a você Então se você assume a etiqueta e diz de uni abacateiro
NA - &.irn, agora 0// ostc;u esperando as ''ir -icho que a Co,'pe foi minha, que eu fiz de "tudo bem, estamos ai", você desmoraliza a
voih.,.s da Enihoifúmr', sim, riras ames houve jui 'p ii., Ei.' rs'V,,ondi ''Bob'rgern não
olir t uera e as pessoas bem pensantes já não Gaiolas de forro
uni., cvrilrssjo. hã iiis anos, e a culpa foi voo/ri mu,i, m: o nrs»'c/o de inconsciente que podem mais dizer "000h!"
minha. Eu C00h0C1 um homem na Europa, que e,,' n. j .rc,r'd,iu 1-o; un" ocidente. depois ficou Alçapões do prata
o. (o ia'.' da .rí'.i de cs'ie,'na, mas que resolveu /ifuv.KJr; Eu .sr f.'quei louca quomrdo e/a inc. JA - Pois é, A etiquete é feita pra que
Iifl/flCi,/T O 1,1,1/0. Citou rima empresa fní- rh,e' que o 17 ; t!, 1 'niorrcii. '-'ocê, com medo de ser etiquetado, se recolha Fizeram um cerco em forma de funil
rima. i//'i.S produtora que no ,rmsr,a, e em vez ii sua insignificãincia. Agora se você assume a
AC - Mr Prenderam o pássaro
do 'no .mjod.e, si ;iu.ipa/hiju. Por isso o filme brigas nadas, o motivo etiqueta e dá risada, o que é que se pode fazer
'xvi ,samu Tido isso porque 'iii riao conhecia ,9 'r./ pfliqiie 00, :i' . time r'niifll)r-"- oliva, ai irada coni na você?
E,nbr.,ólnmrr, que nasceu na moinha ausência ' ritO j vi, l? Olhem, o pássaro. 'voou
Eh' ore (MIX011 um/mi S,loaCo 010/10 mulo), eu AC - Eu noto nesse meio em que a gente
tive que pari, .1 pmodu:.ro, tive que imocessí( .JA - Una.- :-e.r que não leva desaforo "moe - 'de artistas, jornalistas, intelectuais - Dizem que foi uma menina quem
Ii' e q.mhau a caus.i hmmciusi ye eu jd tinha feito pai casíLi uma [ilude quase generalizada de dizer que
iodo rei lev.tnei,riento pare o filme, tinha es- N - N,;(, ,- Acho que é porque eu sou
-r
O sol iou
discutir sobre sexo é uma coisa antiga. Mas
t.,úr^ COlO o governador de Alagoas, que é d.- mi,iimn;md,, E quindo . -o sinto'que sou dis- meu Deus, será antigo, na medida em que a
Eu caí como um ri,,',, polícia está prendendo bichas na rua, na
P.flIflhO medida em que as pessoas ficam indignadas
(De Norma Bengeil para LAMPIÃO)
AC -- Como é o nome dessa pessoa? AS - Você é discriminada porque é quando alguém diz que é homossexual, na
NB -. O nome dele é Orlou de Santos mulher Nào i isso? medida em que há gente sendo despedida do
Si/is NB -- Porque sou mulher, porque sou emprego por causa de sua preferência sexual?
/mhoerdsi ,srixualnmerite, torque eu Masque coisa antiga éesta?
AS - Por que um filme sobre Maria 00/1) [-mi,. mais de saro porque acho uma coLsa
Bonita? N 8 - Eu acho. Mas eu evolui; caminhe,
.,,),'o:, 1 if,jm sobre isso... Eu acho que cada um vví,qonh.i T.ir,to que usava urnas n'umas;
NB Limo vefOci sonho meu, desde 1 96 1.
um, o dueumn de usar sua sextia/idade como
Eu ruie,çma fui altamente colonizada. Só na
Poiqum ' ii liii gui' o a' a/fio p hico corri ela - nao Fu. mia, quando deixei de ir ao cabeleireiro, de você não vi" um/ia foto minha daquela época
qmmi.so,, e nirm,qo fim rem o direito de falar nada. l?,ri que eu não esteja de meias,
CO'? O f/l/O!! i/h',. 1, qui.' r/u não sou - corno boi. ,ruruia tinta no cabelo para conseguir uma
riuiihr', Ela 1 ugou o marido de/a, o sapateiro
AS - Mas Norma, na medida em que a
cor ,riais clara, é que eu me dei conta - um dia, AS - Mais precisamente: em que ponto
li, (' foi //15.1 O #flQ ii 'o. e p;inu rio cangaço, fez
maioria das pessoas não pense da mesma for-
eu passei pela rua e encontrei um "carnera" do seu trabalho você acha que ç31ingiu essa
qu, 'i,', n. fugiu prenhe, O objetivo do meu filme
una, você não acha que por isso se torne
imiqo meu, e ele virou pra mim e disse, "oh, maturidade, esse amadurecimento?
é p iat.enmermy' ,,mosrrau o cangm;o do lado da tira negresse" Ai quando eu cheguei em Casa NB - Em "Cordélia Brasil-, por exemplo,
necessário continuar falando sobre sexo?
molhe', Porque ri carmgauo e1' sempre mostrado [iii para o espelho, me olhei e disse: "Ai, Mas eu acho que assumi realmente minha
NB - Olha, inclusive eu nem sabia que
(ii) '1 ido tio homem Depois eu me considero corno meu cabelo é bonito, mas eu sou urna plenitude como ser humano depois que eu via
r?i, iJo discm,',nmnada Só descobri isso quando
umn.i ii1.ui Bonita, porque fui criada pra crioula linda". Sim, porque eu sou uma meis- morte, em Paris Eu fiquei em coma. Psiquei;
volte da Fi-,niH. Sempre fui urna mulher in.
c:is, e,', p,, m ter filhos, e em vez disso fui guerra, tica! Ai; quando eu cheguei aqui foi um es- queira morrer. Eu tinha problemas, estava
deipendenie, que viveu sempre do seu tra-
rir:/ri sn,t- io de podei, de cimento armado Eu c- inda/o Porque eu cheguei com os cabelos longe do Brasil, da minha fiam/lia, com pro-
balho. Fui parou França, não subia dizer nem
(/ia.'tr f.ur', o f,'lnie com o sr,'rt.k, florido - pela cintura, enroscados como os seus Ide blemas políticos, vendo a miséria, a desgraça,
"0w" nem "merde". Aprendi a falar francês e
vcmtie, brinco o ve,nielho Eu fiz rodo o levan-
acabei corno uma das estrelas do Teatro Aguinmidol, e ai disseram logQ. "droqá da! aí eu qums morrer. No andava bem , uma
r-lrne,imo, li/ore, todas as locacões, e tem Mística! Pirou! "au respondi; meu 1/gacão muito importante na minha vida, uma
Nacional Popular, fazendo Manivaux.
cOe-,S lindas, /aqos o sertão é lindo no inver- Deus, não, é que eu sou assim!" Quando ligacão com mimos' moca' leu acho que não
no O canto dos p(ssaros, um/ia loucura. Eu voam que eu assumia o meu cabelo, as mi- devo dizer o nome dela, porque Mo sei se ela
AC - Mas esse valor não poderia ser tem-'
quilo l. ),71/r unia hm,Órma de amor, porque nhas rugas, o fato de ser rnosrica, as pessoas gostara, ele não me deu licença para isso),
bém canalizado para essa lufa contra a dis-
icho L'mipi.io e Maria Bonita se irnavam se' espantaram Mas é que eu passei muda essa ligação estourou, e então...
criminação que alguns grupos sofrem?
inii./iti) NB' Eu acho que esse valor que eu
grande parte da minha vida, e quando co- AC - Mas como é que essa coisa toda
tenho deve ser canalizado para a arte.
mecei a la/ar, eu o Ir> de mnodo muito agres- contribuiupara formar sua consciência?
AC - A abordagem é femiri'sta? sivo. Agora não, eu encontrei uma linha do NB - Olha, eu acho que a consciência. - -
NB - É Porque você v& o Lampião era meio, porque inclusive já vi o outro lado da Pelo menos pra mim que nunca tive univer-
uni mito naquela época, como hoje o Tarcísio JA - Mas por que só para a arte? Porque moeda, já estive em coma, já vi muita coisa, sidade, toda 'a minha teoria veio da minha
Meu,e é o 'ri,to de moita gente. Ele devia ser não para a vida era geral? niuira água passou embaixo dessa ponte aqui: prática. Eu nunca li Marx, Engeis, essas
uni milo para Mana Bonita Só que e/a se N8 - Mas eu não separo a arte do in- Já vi muita nrmsérra, muita tristeza, muita dor coisas, então minha conscienri;zaçmlo veio da
poiims"ou Tanto que quando ei/e estava cego, divíduo. Acho que quando uma pessoa é má, Então eu diqo às pessoas, "o/fia gente eu sou minha prática como mulher. De tudo o que
eia é quem urrava por ole. Quer drier, ela era é iria artista, é mau operário. Eu não acredito assim, para viver um personagem eu posso aprendi; de tudo o que vejo na rua, da minha
o bramo armado dele, num revolucionário, por exemplo, que apren- me transformar, mias na verdade eu sou as- vivência, das minhas relações. -. Eu acho que
deu urna h:4o e vive repetindo na rua, se nu soo" Só que as pessoas não gostam disso, e melhorei; Já devo ter sido insuportável. Eu
AS - Você fará o papel de Maria Bonita? casa dele ele não se comporta bem. Eu nào então comecem a dizer "ela está louca, está acho que j4 transei o meu lado passivo e o
NB - Euacho que serra uma Maria' Bonita estou falando de liberalismos decadentes, drogada, virou mi'sticá". E me chamou ' de meu lado ativo e me encontrei como mulher.
r'r'nia Mas eu quero dirigir E se dirigir eu não veja bem. Estou falando de outra coisa. Fala- mística, eu digo logo que é a mãe Ou o pai. Eu sinto ás vezes uma coisa aqui no meio do
f 1i. S'). se muito em anista, mas o que eu quero é peito que quase pode ser chamado de meu
uma anistia realmente ampla, uma anis tia para AC -- Então você nos conte um pouco "centro emocional", isso não aprendi com
- E ness& caso, quem seria Maria a arte, para o ser. dessa evolução: de vedete do Carlos Ma- ninguém não; aprendi sozinha, à custa de
Bonita chado à Norma Bengell atual. muita palavra. Este centro emocional eu dirijo
NB - Não sei AC - Mas isso de achar que falar de sexo, numa boa; e quando vou para lugares com-
que dar nome aos bois é uma atitude antiga; NB - Eu sempre fui consciente. Fui muito pie ria mente diferentes da minha cultura, entro
AC - Norma, me ocorreu a propósito você não ache que com isso está dando força massacrada pela família, então comecei a me em contradição e começo a me auto flagelar.
dessa confusão com Daniel Filho, dessa his- aos machistas? rebelar. Com oito anos eu /a vava, cozinhava e Eu já vi'o outro lado da moeda. Por isso é que
tória da Maria Bonita, e do que me contam em NB - Não. Eu acho que só sirvo aos porque minha mãe trabalhava em hospitais digo: não quero etiquetas, não quero nada,' o
sobre um seuapartamento em P a ri s que machistas no momento em que começo a públicos, eu já conhecia a miséria e a dor. En- ãue existe é o ser humano, e existe a se-
pegou fogo há sempre muitos problemas em trator etiquetas flO ser humano Porque você tão eu era muito consciente, usava o meu xualidade dele, a vida dele e pronto. Agora, o
sua vida. Será porque vocõ á uma mulher vê, iodo mundo se surpreende: "Você é corpo conscientemente para ganhar dinheiro, que eu não quero é morrer muda. Eu quero
atirada, ativa? homossexual? Oh!" Ou então; "Você é bis- quando acabava '- o "show" - eu acre- viver num mundo em que não hiajá
NB - Mas quando o apartamento pegou sexual? Oh!" Mas ninguém diz ­você é fie- ditava em ser uma grande estreia - eu ia pra a discriminação.
fogo eu nem eslava /4 Esteia no congo, pas terossexua/? Q000h/" Entendeu? Existem só case namorar, não me vendia pare os tu- JA - E o que você está fazendo para que
sendo o Natal com .'imir7s Incli ,sive eu sou etiquetas para as pessoas que não têm a barões. Eu sabia que mostrando a perna todo isso aconteça?
urna pesso.i raiuito yenerc. , ,'.'orque eu tinha sexualidade como o sistema diz que é. Então mundo ia olhar. Dali comecei a me aperfei- NB - Eu estou fazendo alguma coisa.
o api, ,. TT1FJO(( / i/ii?-5 mentiria, e eu acho que é altamente reacionário etiquetar coar, porque comecei a fazer imitações, eu Por exemplo Irindol Eu estou dando uma em-
Vi-indo ('/.) - t'; tinir deixado lá o sé.,e huriumno qr.'r'ri-s ser atriz Agora de mostrara perna eu trevm'sta a vocês.
LAMPIÃO da Esquina Página 9

** Centro de Documentação
APPAD it
tlm parada da dis-rridud'
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
(LITERATURÃ) -
O poema de Jean Genet - por quem LAMPIÃO LEIA AGORA!
da Esquina nutre o mais profundo amor - é
gentileza do editor Nélson Abrantes, das Se você é definido como um lixo
Edições Mundo Livre, que lançará em breve nos compêndios de História, ou nas
um livro de poemas do autor (a tradução é de teorias dos intelectuais da moda, leia
João Carneiro). Os outros dois são poetas estes livros. Seus autores têm algo a
jovens e nossos leitores. Políbio Alves, lhe dizer.
da Paraiba, ganhou ano passado o Prêmio
SUAM. Tony Pereira é pernambucano e
também gosta de prêmios: ano passado foi O solteirões
o quarto, entre 900 composições, na 1
Cantoria do Nordeste. (Gasparino Damatz
Gasparino Damata

A lilela

(:res'ildii e llMpLtranos

Darcv Penteado

Testamento de J(nalas

deixado ai Davi

João Silvé rio Trevisan

República dos assassinos

Marcha Fúnebre (1) () crime tirites da festa


As incertezas
Aguinaldo Silva
Jean Genet
do tempo
MARCHA FÚNEBRE
Políbio Alves
1 Pedras de Calcutá
Resta um pouco de noite numa esquina em decomposição. Tempo primeiro:
Centelha em duros golpes em nosso tímido céu - os olhos do pássaro, () Ovo apunhalado
(Suspiros se suspendem das árvores do silêncio) são pontas de aço
Uma rosa de glória por sobre este vazio. que abraço
círculo a dentro, Caio Fernando Abreu
Pérfiyé o sono onde a prisão me carrega no jogo me concentro.
E mais obscuramente em meus secretos corredores E na palma ainda fria,
Iluminando os marítimos como belos cadáveres seu calor me sacia.
E no pouso, o homem ;a seu pedido: Caixa Postal
Este altivo garoto que passa ao fundo da floresta 031 Santa Teresa Rio de Janeiro
agregado no gozo, RJ
que o animal se consome;

"nosso amor

Ex-combatante é contra/partida,
é des(z)amor,
ponto de vida. Em Curitiba
O nosso ato
Tony Pereira
sobre as goteiras,
e Florianópolis
é desatrato Neste tini do niês de iulho LAMPIÃO da
Ainda não me acostumei sob as esteiras. Esquina amplia seu raio de ação e atinge, com
festas, mais dois Estados da Federação: San-
a te olhar de frente ta Catarina e Paraná. Em Florianópolis, a testa
pela cicatriz que herdaste da guerra O nosso uivo do lançamento é no dia 28, às 21h, no bar
Iron. à Avenida Oton (',ama d'Eça. Em Cu-
nem a te ver dopado e brincalhão é aço, ritiba, a história se repete dia 31, com festa na
quando, agonizante na rede, te alucinas nosso mundo boate Cetso's, à Rua Trajano Reis 365. Nos
com bombas e morteiros, dois Estados o jornal chegará à mesma época
eu faço. às bancas: no Paraná por obra e graça da
ou quando, na cama às vezes, me arruínas Da nossa trama, (',hignone, tradicional distribuidora local; eern
com tua impotência, quem se ama? Santa Catarina, pelas mãos da AMO, que
levará o jornal também ao interior. Nas duas
tua barriga dilatada, E no meu avesso, testas o nosso Conselho Editorial será re-
tua barba sempre por fazer. pago meu preço" presentado por João Antônio Mascarenhas,
emissário especial de LAMPIÃO em tais even-
tos,
ragina lO
LAMPIÃO da Esquina

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da parada ria divtrsidadc
Centro de Documentação
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
(iã
ENSAIO L:) Eles fazem filmes geniais, que nunca chegam às telas

Udigrudi: os marginais do cinemão brasileiro


Qualquer pessoa que esteja acomphn-
do - não necessariamente de perto - o A,lma" (1965) e —A Meia Noite Encarnarei no
desenvolvimento (ou subdesenvolvimento?) Teu Cadáver" (19671, tinha sido interditado le
do cinema brasileiro, já deve ter ouvido falar continua, ao que parece, pois Molica recusa-
- e con'io' - em chanchada, Cinema Novo, .se - ainda bem - a fazer os cortes deter-
Cinema Marginal e Outros rótulos que surgem minados), "República da Traição", talentoso
conforme a onda do momento. Nesta matér policial de Carlos Eghbert, também proibido
não vamos falar diretamente em porriochan- (até hoje também). Esses não eram filmes
chada, Cinema Literário ou no atual movi- "malditos" , mas tornaram-se devido a tais
percalços.
mento Cinemão que a Embrafilme está in-
Era 1970, quando João Silvénio 1 revisan
crementando. pois todas essas tendências
realizou "Orgia ou O Homem que Deu Cria",
não passam de reflexos condicionados e/ou
conseqüências diretas daquilo que sempre foi o Cinema Marginal, desarticulado enquanto
movimento, teve um enterro à altura. O filme,
o melhor - e por isso mesmo menos co-
um painel do próprio desespero do cinema
nhecido - cinema feito no Pais: Cinema Mar-
ginal. também conhecido por Cinema Udi- brasileiro através de suas épocas e géneros,
grodi, 'Underqround', Subterrâneo ou tem a mais rica galeria de personagens mar-
Tupiniquim. :tinaiS do cinema marginal brasileiro: um can-
O cinema Udicjrudi, mesmo não tendo :racerro que dá à luz, uni ariarqi,jista que im-
uma teoria definida, já tem uma história.
p lode, um rei crioulo lartamudeante, Indios
antropófagos devorando bebês. Jean Claucie
Começou em 1967. em São Paulo, na rua do
Triunfo, quaridoomex-motorista de caminhão, Bernardel surge no papel de um intelectual
que se enforca entre livros e arbustos. E o
Ozualdo Candeias, deu à luz um filme não
identificado de imediato: A Margem—,que róprio T revisa n surge estrehucna ndo na,
Ou ousei considerar "o filme mais de-
íuas de uma cidade! cernilerio iao vauio, e
flagrador do cinema brasileiro desde Limite claro) A Censura não interditou o filme.
(1928), de Mário Peixoto" Como o filme não Apenas determinou cortes que o realizador
não quer fazer Está certo ele oito anos na
era Cinema Novo nem chanchada, passou a - colo talento luslifica tudo. Rogério é uma
ser chamado de Cinema Boca do Lixo, um
definido por seu colega Carlos Reichenbach Censura não faz muita diferença para um
dessas pessoas. Ele soube beber na melhor como o filme mais bicha do cinema nacional: filme que está 50 anos à frente de seu tempo
rótulo ou uma autodenominação que nasceu font brasileira lOswald de Aridradel e na "Uma fulqurante frescura, com sabor de Muitos filmes do Cinema Udigrudi con-
dos bate papos entre jovens cineastas que melhór estrangeira IGodard, WelIes, Fullerj. ieúcelrpto, paira nesta delicadissima canção de
começaram a frequentar o pedaço a partir dc, .inuam nas prateleiras até hote, impedindo a
"O Bandido" ficou sendo o filme capital do amor e sangue. Um cavaleiro malestoso volta crítica de ter uma visão abalizada do que foi
ano seguinte. Carlos Reic'henbach, João Cinema Margina, badalado unanimemente e meia aparece dobrando sua mimosa esse período obscuro do cinema brasileiro.
Callegaro, João Batista de Andrade, João Sil- pela critica. Não é "macumba pra turista" e mãozinha. E ao final deste banquete de pé- Depois de 1971, registram-se apenas ten-
v(rio Trevisan, Sebastião de Souza, José por isso só não foi bem visto fora do Brasil, talas, todos os personagens brindam o espec- tativas isoladas, algo como estilhaços que
Mouca Marins (sim, o famoso Zé do Caixâof, talvez - talvez? - porque as Oropas estives- tador mui r es p eitosamente: Próstata!" (São
Rogério Sganzerla, Candeias e eu, é claro. 3pontam para rumos diferentes: "LiIian M -
sem condicionadas pela dinastia do Cinema Paulo Shimhun", 7/5/1970)_ Confissões amorosas" (1974) de Carlos Rei-
O método de produção de Candeias em Novo. A "sintonima marginal brasileira", de que i:henhach. urna chanchada "Underground
"A Margem" serviu de base Era o melhor Bem antes de ser sócio de Sganzerla na
faia Torquaw Neto, que aliás contribuiu com "Assuntinia das Américas'' (1976), anti
exemplo de como fazer um filme gastando produtora "Belair", isto é, em 68 mesmo,
boas sacadas críticas para definir o Cinema musical sobre a realidade brasileira e "Crônica
praticamente só o dinheiro do material Ine- Júlio Bressane fazia seu primeiro longa
Marginal em sua coluna na "Ultima Hora" de um Industrial" (1978), um "vôo existencial
qativo, revelação, câmera e nada maisl. metragem: "Cara a Cara" . O filme estava
carioca, certamente já existia desde 67, mas sobre o vazio do homem político", ambos dc
Rogério Sganzerla aprendeu mais com Can- muito influenciado por "Terra em Transe" e
só em 69 ela ficou evidente: era Boca do Lixo Luís Rozemberg Filho; o documentdio
deias (que, aliás, foi quem ensinou produção por isso não tinha muito a ver com Cinema
em São Paulo, Beco da Fome no Rio, Bico do metacinematográlico de Ivan Cardoso sobre
José Mojica Maninsl do que no seu curso de Marginal. Estava mais para Cinema Novo. Um
Lixo em Manaus, Boca do Inferno em Sal- José Mojica Mariris,sem contar ainda o meu
Administração de Empresa. Posso afirmar is- erro de visão que Bressane corrigiu logo em
vador. A palavra de ordem era filmar adoi- longa Super 1, "O Vampiro da Cinemateca"
so porque cansei de ver o Rogério "tomando seguida, realizando um filme marginal ("O
dado, gastar muito filme, muito fumo. Muito 119771, que eu defino como Metaudigrudi, ou
aula'' com Candeias no bar Costa do Sol, na Anjo Nasceu") atrás de outro ainda mais mar-
Jimi Hendrix Piracão total. seja, um cinema diretamente interessado nes-
rua 7 de Abril ginal ("Matou a Família e Foi ao Cinema"l.
cm Salvador, André Luiz de Oliveira fazia sa obscuridade do cinema nacional.
Já em 66, o cinema paulista - sem ter Mas a essas alturas já linha pintado o ano
canital do Cinema Mrr,,r,I 69. "Meleonango Kidd, o Herói Intergalálico", Atualmente, como se sabe, a bmbratilme
nada a ver com o movimento emergente Boca tremenda curtição que violentava alguns eslâoferecendo grandes facilidades a quem
do Lixo - decidia mostrar que também era U eiitao u'ic. (Instituto Nacional do Ci-
preconceitos da provincia, enquanto Alvaro quer filmar. Basta apresentar um roteiro de
capaz de fazer filmes altamente criativos e não nema) estava aumentando a taxa de obri-
Guimarães realizava "Caveira My Fniend", pornochanichada de luxo disfarçada de filme
aquelas vergonhas paleolhicas da Vera Cruz gatoriedade de exibição de filmes nacionais
outro filme que também parece ter saído de histórico e sair montado no tolo. Um cineasta
que deram a São Paulo a lama - muito justa, para 84 dias por ano O Cinema Novo ainda
uma coca altamente lisérgica, segundo que era marginal como Neville D'Almeida sai
aliás - de não saber fazer cinema Numa fazia filmes políticos l"Dragão da Maldade",
aqueles que o viram em raras sessões es- da lona de um dia para o outro com o bem
memorável noite desse ano, na Sociedade p. ex.( e já surgia a comédia erótica precur-
peciais, to especiais que foram feitas nos sucedido "A Dama do Lotação", exemplar do
Amigos da Cinemateca, Francisco Luis de AI. sora da pornochanchada ("Adultério a
próprios laboratórios de revelação. Márcio que gachou o nome de movimento Cinemão,
incida Sailes apresentou três curtas-metra- Brasileira", de Pedro Rovail. Politicamente,
Souza (hoje famoso escritor de "Galvez" e "A ou seja, o cinema repressivo porém comercial
gens montados por Rogério Sganzerta em com alguns meses de Al-5 nas costas, o País
Expressão Amazonense ­ ) vinha de Manaus da Embrafilme. Para quem não sabe, Nevilleé
16/mm: "Documentário", do próprio Sgan- eslava entrando numa fase decisiva de sua
para chafurdar no Lixào paulista, conseguin- o mesmo diretor de "Jardim de Guerra"
zerla, "Olho por Olho", de Andrea Tonacci e história.
do terminar um curta belo e escroto sobre Os- 119681, um dos filmes mais perseguidos pela
"O Pedestre", de Otoniel Santos Pereira. O grande público que freqüenta cinema já wald de Andrade ("Bárbaro & Nosso"l. Júlio Censura, "Piranhas do Asfalto" 19701, outro
Todos oram deflagradores e o mais talentoso não estava entendendo nada do que se pas- Bressane ignorou Censura e público, co- filme Udigrudi e ainda "Mangue Banque"
talvez fosse o de Tonacci, um cineasta que sava no cinema brasileiro desde "Terra em meçando a fazer uma série de longas que até 119711, todos marginais. Rogério Sganzer(a,
p
sem re p referiu ficar afastado de todo e qual- Transe" (1967). As acusações mais freqüen- hoje continua - o recente "Agonia" deve ser por sua vez, preferiu ficar de escanteio duran-
quer movimento (com o média-metraqem tes ao Cinema Novo era de que ele havia afas- te 8 anos, -estudando' Shakespeare e ar-
o seu décimo q uinto filme e outros jovens
"Blá Blà Blá", ele ganhou o prémio da ca- tado o público das salas, cabendo lembrar que cia pesada engrossavam as fileiras do Cinema queologia", mas agora volta à tona com "O
tegoria no Festival de Brasília, em 1968, em- esse movimento aliás nunca levou ninguém Marginal: Eliseu Visconti ("Os Monstros de Abismu ou Sois Todos de Mu", ensaio per-
bora o lime tenha sido proibidol. aos cinemas (o Cinema Novo só terra feito se Babaloo"I, Luís Rosemherg Filho (depois de turbador onde reafirma sua independência a
Em 68. Sgarizerla realizaria uma espécie de aproveitar do público afluente que a velha seis longas, alguns proibidos, outros não lan- ualquer custo. Luis Rosemb&g Filho, que é
"Cidadão Kane" brasileiro: "O Bandido da chanchada tinha conquistadn). çados, este cineasta volta a dar murro em ineasta Udigrudi há 10 anos, pensava ver a
Luz Vermelha" "Meu filme é um faroeste Com tais perspectivas pela frente, a Boca ponta de faca com "Crónica de um Indus- sua "Crônica de Um Industrial" senão em
sobre o Terceiro Mundo. Filmei a vida do do Lixo começou a esquentar. Todos os trial", que deveria ter sido exibido na Quin- Cannes ao menos no mercado interno, mas
Bandido da Luz Vermelha como poderia ler "teóricos" de 68 partiram para a prática em zena dos Realizadores no último Festival de até o momento a Censura não liberou o filme.
contado os milagres de São João Batista, a 68' Cannes, mas foi interditado às pressas pela Rosemberg ameaça abandonar o cinema de
juventude de Marx ou as aventuras de João Batista de Andrade (agora Censura sem maiores explicações). vez e confessa que está menos impressionado
Chateaubriand. E um bom pretexto para se oremiado por "Doramundo"/78) começou til- u ano de 69 ainda não tinha terminado e já com a atitude da Censura do que com o silên-
refletir sobre o Brasil da década de 60". Essas -nando "O Filho da TV", um episódio para o se sabiam os primeiros resultados dessas ten- cio prutal de seus "colegas" e contempo-
frases brilhantes faziam parte de um manifes- longa "Em Cada Coração um Punhal" O fil- r!inE3OS, "o que caracteriza bem o fascismo
tativas de mergulhar no avêsso da realidade
to que até hoje ainda faz as delícias de alguns minho, ainda hoje reprisado nos cine-clubes, 2ultural em que vivemos", declara amar-
brasileira, de documentar o clima de deses-
entusiastas. Num outro trecho, ele dizia: é uma saborosa gozação com a sociedade de pero, de explorar o inconsciente e/ou pe- taineriteo cineasta.
"Jean Luc Godard me ensinou a filmar tudo consumo e a publicidade, feito core raro netrar no campo da irracionalidade humana
pela metade do preço". Tudo bem Eu não vi humor para uma época de tensão. Outro
Jairo Ferreira
em tempos politicamente perigoos: "Ritual
Rogério tomando aula com Godard ao vivo, episódio desse longa revelava Sebastião de dos Sádicos", de José Mojica Marins, feito Este artigo é uma súmula Introdutória ao livro
mas sim com Candeias. Em todo caso, há Souza, que fez uma versão totalmente porra- am 68, e mie eu parituclarmente considero UDIGRUDI PAPERS, que miro Ferreh'a vens es-
pessoiie -. como Orson Welles, por exemplo louca do "oracão de Mãe", já na época melhor ao q ue "A Meia Noite Levarei a Sua crevendo sobre o cinema marginal brasileiro.

Embalo da sexta-feira à noite: você já conhece:


Rua Augustd 1605 - São Paulo.
Uma festa incrível para inaugurar, na sexta, dia P.S. - Nas outras noites, Show-Time, um es-
28 de julho, a boite Medieval, no endereço que petáculo de Aberlardo Figueiredo

LAMPIAO da E,quna Página 11

** Documentação
APPAD
' i t
Centro de
Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE
v:
(Iii pir.l(l;i iia clii,'i'r',idaclt'

(,TENDÊNCIAS)
o filme
Os oericos de Carvana
lado, a mulher vem quebrar a ordeni natural do
Dq 1 ,1 de Vai trabalhar, va-
abundo, Hugo Canana reaparece com
se segura. malandro. Não sei se os per-
"temperamento" masculino, por outro, essa rup-
tura é parte da própria ordem, porque leva o
sunagens tia nova película têm a ver com os casamento OU "ci'implctamentação" macho-
do primeini filme. Pelo que ('arvana conta tio ii a peito - uni escapismís característico do cinema se de viado e pronto! Quer dizer; sugere-se que. fêmea. Também fatalmente e dentro da "ordem
entres isla recente, parece certo pelo menos que Se lioinofôhico do mundo inteiro. Nesse tipo de Fora da relação caça'eaçadr, resta ao homem natural" rias coisas, o homem será o rebelde a
segura continua o clima populista de Vai Ira-. cinema é conilim, por exemplo, haver um amigo ornar-se eunuco cia mulher. Além disso, não se fugir de casa e a mulher cumprirá o papel de
balhar. tentando "descobrir o gesto brasileiro, a do mocinho sempre disposto a ajudá-lo. eventual- pode esquecer o irresistível (ou inconfessável) tirana do lar. trazendo-o de solta para seus de-
fala. o som, o comportamento'', conforme as mente sacrificando-se por fidelidade a ele - algo desejo de ser a fêmea, naturalmente permitido ao veres. Apesar dessa evidente caracterização da
palas ras do próprio diretor. entre o martírio e o heroismo como saída mais macho em momentos mais desculpáveis - e en - mulher como elemento repressor e negativo, no
Apenas recentemente vi Vai truba/har. ia- "digna" do que o amor, que nesses filmes nunca tão. todo mundo ri. E evidente que, nesse contex- final a esposa vence, ohrigancjr, o marido a jogar
guliuudn. Para ser franco, achei o filme em geral ousa dizer ser verdadeiro nome, O homosse- to, não poderia faltar a dose de misoginia comum para provar que é macho, e o redime: Babalu (o
bastante chato, leito com receitas de parou- xualismo de "Vai trabalhar é latente e, às vezes, às nossas comédias eróticas. Em Vai trabalhar, casado) vence Russo (o "indefinido"). Trata-se de
chanchada passadas a limpo para o bom-gosto da quase explícito. apesar do próprio filme. O per- isso é confirmado Pela presença de mulheres ex- rima reconciliação que leva o filme de solta ao
classe média '*fina"- Mas o que mais me csamou sonagem Russo, sobretudo, anda na corda bam- tremamente dcsejrseis e comumente generosas começo, Outra se, ii paz do lar.
a atenção foi o conformismo ululante que ers'ade ba: tem seu "amigão" de hospício, e "inge- com os homens que as ck'si'jam (estereótipos Enquanto isso, o personagem interpretado
o Filme. Ele não só [ai a apologia como e ,nstrói' nuamente" chega a tomar banho de chuveiro com sexuais do feminino ''puro''). O ponto de vista pelo próprio Carsana veicula unia malandragem
se dramaticamente em cima de valores j,'. con- ele - ambos acompanhados de uma mulher e do filme e rios personagens niasetilinos ciincidi frslt-loni,ada sujo papel é salpicar o filme de te-
sagrados na sociedade patricarcal: mulher-: bêbados, evidentemente Russo é um personagem a respeito das mulheres, apresentadas como sim- ve/a. irr e sp onsaIilidadeeesc-apismo Nele, o mo-
objeto, bebida, jogatina, espírito de competição, quebradiço ao ponto de parecer impotente, além ples complemento da vida que os machos -:om- rador (e ssifrt'dr'r) tia Zona Norte passa pela ótica
supremacia do macho e lubricidade reprimida de ser narcista e atormentado (está no hospício partilham, ou como um impccilho a ser vencido, do, bem humorados (e bem- insta[ idos) intelec-
entre os homens. Por pura complacência política aor acoolismo). O Impotente, naressista e ator- ou como pivô do drama que os homens desen- iiiais de Ipanema e confunde com o chavão do
menlado são caracteristicas que compõem per- ''tu aland no carioca' ' (hom- i'riLJ)4j ).Ntj final, é ta m-
do filme, si machismo dos personagens é apresen- rolam cii tre si (''serviço pra macho resolver't,
feitamente o estereótipo da bicha numa cultura bém ele quem distribui dinheiro para todos, de tal
tado como autêntica "coisa nossa" e praticamen- diriam eles). Para tanto, as mulheres precisam ser
iii achist a
te exaltado como valor ''popular'. ''Popular", no Mas tem também o personagem de Carvana. debilóides e caprichosas (o personagem de Odete morto que todos acabam felizes, dentro desse
caso, é sinônimo dc i'g'rto, justo e indiscuth'el que oscila entre o casamenteiro e o sedutor de Lura), ou sedutoras e traiçoeiras até o ponto de acordo geral: os atores saudam alegremente a
(aquela mania populista de mistificar tudo o que homens e mulheres (mulher para a cama, homem aleagóctar o macho, por ciume (o personagem de p latéia e a pl;rit;t, envaidecida, bate Palmas.

achain(Já qiii' 4 41 para a sinuca - duas facetas de um mesmo jogo), Zezé Mota, "naluralntente" mais selvagem por Para o bem da família brasileira, está salvo o
Nos momentos difíceis, provocados por seu ser empregarlinha e preta). macho nacional, que mais tinia rei sai ileso e for-
Além disso, Vai trabalhar é tais um filme ialccido de tantos perigos inenís eis. .'guardamos
apetite de macho, eis a salvação: ele desmunheca Em resumo, o filme sugere o binômio macho-
feito em cima do surrado tema do "amigão do (gestos exagerados e ''supcue'.graçados''), finge- o próxinio capítulo.
fêmea como envolto em fatalidades: se, por um
João Silverio Treisan

a peca,:,:..

Um anCoMs desbotado
ara Mulheres Me Pensaram em Sui-
Mos do teatro nordestino
s preocupações com uni ''tecLtrr genui- iliit.iiqiii;i rural s'rim os eatiiprrtie'.e'.. ssliretudo
P cídio/ Quando o Arco . lris Hasta é A namente brasileiro, isto é, de assun- si Ir ar es do casamento de Rosinha . li 1h a do co-
oatual cartaz do Teatro do BNH, que tos nacionais que, bem tratados, torna-se- ronel fé do Cão, com Jorge. o herói do Sertão. A
reabriu suas portas para um texto vindo dire- iam rinisersais'', remetem-nos à figura do Teatro
lgiejss e o Estudo. infalíveis defensores Alo co'
tamente "of 1 Broadway". A autora é Ntozake Popular do Nordeste (tendo Hermilo Borba Filho rotielisnio. não conseguem dobrar esta, doce
Shange. que apesar do nome africano é ameri- comei seu maior ideólogo e encenador), já de-
res o) iiç ão. e entra em cena o caitgsis-c 1 ri Brmlha ti -
cana. O espetáculo mostra sete mulheres (vestidas saparecido, que encampou a idéia de buscar as
miii a. que 5-e111 cm ;ttiiIiri do Coronel para debelá-
com as cores do arco-íris) qüestionando os seus raízes universais do Teatro Nordestino lias
la. A como mi ir) ide de - ferra Santa e ri L-rrro tic 1 ismo
direito', e discutindo os seus problemas na relação muni fest ações populares como o Rumba, o
homens-mulher. Os diálogos são em forma de são zirnisti is ria face ria iv' rra t suo moeu lt lira'?).
Mamrilengr. o Pastoril e outras. Não só Herinik;
Bnilliaimtimtsi, sendo itilgststo iusletiiirnicmite pela
poemas a'.soeiaclos à coreografia (coreopoemal. encanipou essa idéia: ciii rIei'rminaiIo nsoniento,
Cii prt la do Poder. agora me i,inm orfoseadum cm
também a draitsaturgia de Ariano Siiassuna e de
S;ini a Madre 1 gre Ia, é cliii Llen solsi à miiil e - Jorge,
Esta peça fui apresenta nos Estados Unidos por outros aloures nordestinos, à exceção de um
Joaquim Cardoso, que com esperteza repensou ne ssuc i 1 .mrlo i,!). LanIa umna canção pedindo a
um grupo de mulheres negras. Uma das questões
Brilli anil in,i qsti.' otic m rami fnittario eni passa-
que p -tem ser levantadas, em termos de produção. com crilicidade seus Rumbas - apaixonantes
rinho. p ar a fa,t'n jusllçi E ai iodos eaiimallt ''De
é o plirqite desta montagem não ter sitio apresen teoremas Vida Morte de uma realidade social repente surge no cui mil pássaro bra n co i razeil dIu
lada com mulheres negras aqui no Rio. Obviamen- concreta. fid / e amor'': o Sertão virou mar t Filhos de G ali -
te sem fazer uma apologia da raça, mas sim com riimi )
Essa a
fornia de daroport unidade para atrizes negras., que univers lidade mistura Rastiàos com
universJldade
dificilmente podem participar com destaque de Arlequins, e chéga ao ápice quando coloca o Mesmo lendo itictt r'.ion a rIo tio Universo
nossas produçt's no teatro, cinema e na televisão; Glalibeniano e João e1i na) i no , Vital não esclarece
liiigrante nordextiisoa relembrar o "esmoler de
Ruth de Souza, Jacira Silva, ('bica Xavier e tantas as condições liistr'inis-as em que foram caitalii;ldlas
ouiras. que poderiam deixar de lado os papéis di' Irri t rnr;s, Ë rli'pri, o que foi Rei,,." E isso não é a insami'.façàri e a mgressis idade dos retirantes
empregadas domésticas. b-ahãs, lasmle i ras, etc., e nada; chega-se mesmo a dar as mesmas condições para ii lan .t 1 istiiui religitisci cr iStàri. disfarçado
ocuparem o lugar que infelizmente lhes está fal numa ictitaiisa inconsciente de socialismo ser-
climática', eta Grécia ao Nordeste brasileiro. A
Ia n do. tanejo. As esm ru Iii na s iii i lis- as vitalinas realçam a
História, neste processo de universalização, fica imagem eu nisnsá 1 551 do 1 íitcr pol i t icui , elevam Jor-
Será que cni termos de produção, ainda se torna msstitruada, disfarça-se no Modess dos casalos ge si)i )iliS ir) dlc }-lenôu. por e rij a nazári o p050 o
''milito ousado" uni trabalho somente com mii- seguiu. e que ri leva a comparar-se a 1 irarleittes.
marinhos, engravida Minotauros Globais e vai
lucres negras? EngLianto isso Osu aldo Sargentelli herói legitimado pelas classes dom iii unI es, sem
pra cama com as caiporas. E assim, este UNI, que realçar que a falia de consciência política dos ler-
fatura bem alto com as Mulatas Que Não Estão no
busca todas as rui/es, menos a mandioca, nada '.iiflulgeiis é 4llC levou-as a siser fleststs condições.
Mapa, no Oba Oba. tornando- se um dos mais ricos
acrescenta criticamente ao presente, iteni mesmo
em p ri". ii ri os do show bu si ness. P a-
esclarece algittiia coisa do passado, além de obs- A v'nce'ilaçàci quase hão interfere tio texto.
ralela nien te. Ru t li de 50111a (a divin a dama
negra) já foi teconhecida no es tenor quando coo- curecer os processos contraditórios que se operam quase não indaga como ocorrem suas sigmiifi-
ii interior da sociedade. caçi'ies. Não ei'niprecnde, nent informa suficien-
corret. ao ilrênhiu teimo coadjuvante Leão de
\'cne,a, juntameni com Katherine I-lephurn. temente si csm ru tu na sócio-política- eu II u nal do
O sol feriu a terra e a chaga se alastrou de Niirtk'slt'. embora seu elen c o tenha ido ''às
Michs'le Morgan e Liliv Palmer. enquanto aqui no
Vital Santos, direção de Luís Mendonça (que es. raízes " psii'si Fazer ''trabalho ligado à terra".
Brasil ainda luta para conquistar um lugar que lá
e; e ciii carta, no Rio, agora foz temporada cm em
é seu. oré lii utopicamente. "O Sol..." sua consirrição drarnática, cm-
mia
'^ ão Pariloi, localiza-se cm algumas áreas niiticas
do turismo teatral nordestino: retiratite'. . co- talsamcs suas idéias latentes e nianifestas, a partir
A tradu 5 de Elida Brita, que também dirige tio mome n lo em que fica a la nienta r e denuncia r
rr)tiéis.ecingaceiros. caiporas. fatiáticis" ele. - O
o espi ;.icul ' consegue Fazer com que o texto se ss, sem investigar
ins'estigar em profundidade aosprie
lesto de Vila), inspirado na literatura de cordel.
torne iii ii it as vezes vibrante. mostrando unia Feliz realidade dosestratos dominantes eni seu pleno
tenta inscrever - se nrtnla perspectiva mágica cuja
ada pi ição - itt relaç lo à direção, o trabalho .t exercício de Puder, e conir' ocorrem as relações
fantasia deveria sobrepor-se à Razão. E é possível
correi e obedece ao ''liming'' necessário pari contraditórias dos oprimidos entre si e com os
que sob este aspecto tetite disfarçar a sua falsa
que o prw lias flO se tornem monótonos e can - riprt'sSiirc\. Unia doce resolução é ctchelarla por
sativo- No que di, respeito à coreografia de Neli) consc iê ncia dIa realidade concreta que o cerca-
de sua História. tini poder brochado. e o latifúndio sentifeucial do
1 .apori a peça perde o seu brilho e lesa o arco-íris Nordeste chega a ser totiiadui como um metalea(ro
a um slesbiit;inst'nlij. Resume-se basicamente
v\rCC 'IS
Os migrantes saem das terras do Coronel Zé medieval 4 A rmori a) isimmo? Novo Regionalismo?).
num r'n tra -e - sai das atrizes. Mesmo ante a arco-íris se ofusca. O cenário de Orac y Gensba é \reoctpaão vo y eurista de uma Frente da in-
do Cão sob a liderança de Jorge. que discursa lan.
plv'seiiç;L dc Lima batucada, todas (coni exceção limitado e nada acrescenta, tclligen ii ia tea t ral 4 não só teatral) brasileira para
gatilente sobre o tlào-aritoritanisino: ''aqui nin -
de L&;i Garcia) não conseguem interiorizar o rit- Enfim. Para Mulheres Que Pensaram em eoni a ''Irreverência sm criticirl-ade" da "herança
guém vai dar ordens''. "será um por todos e todos
mo. que afinal de contas é nosso: o que vemos é Suicidlo/ Quando o Arco-Iria Basta se enquadra cultural elo teu i ro nordestino'' (nortista i micIus se).
é por um'': tio entanto ele mesmo se faz a auto.
um grupo dançando tão mal que at parece es- nas categoria dos espetáculo.. razoáveis. Tem não discute o verdadeiro discurso de represen-
ridade da nos a sociedade sobre os interesses dos
trangei ra'. num ensaio de escol a de samba - - .ipetlLs um destaque entre as atrizes, a presençade tações deste mesmo teatro.
retirantes, que, por Falta de tini projeto prditico
.-\rta Chaselios-, numa bonita "perfarmance".. O
A iluminação de Fernando P;implona tal- coletivo, deixam-se subjugar a unia liderança
restante rIo elenco (Léa Garcia, Angela Leal, Do Alio da Caatinga, Zeferino lá berrando,
guntas fontes nos informam que ele não chegou a carismática. confundindo forma política com
SÉcIa Freitas, Maria da Guia, Sílvia Chensecki e Jorge, Mateus e Caneos no querem dar ou-
conclui - la. o que é uma pena> é de u m inca 1)1 atributos de um homem, cio líder. A noticia se es
Regina Costa) consegue dar o recado com hastan- vidos: O Reino dos céus já lhes pertence: questio
ciscl aitadorismo: resta saber quem a terminou. palha pelo Sertão: abastilhai tomada através do
li' esforço e mais nada. de Biorritmo?
Perde-se ai ris bons recurvos do Teatro do BNH. abandono. As idéias de lil"erdadle, igualdade e
um ctrrs mais modernos do País, e mais uma vez o Adão Acosta Fraiertiirlade sugerem umis núcleo de aliança da Antônio Cadengue
Página 12 LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
APPAD (e
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
(TENDÊNCIAS]
Como diz Heidegger a palavra vela e revela. a histerização da mulher, a especificação dos per-
versos e a regulação das populações.
o livro E este principio foi seguido por Foucault ao
analisar os discursos sobre o sexo, classificando a
psicanálise e suas decorrências médico-culturais
como o retorno possível para se reorganizar os
A importância da obra de Foucautt, apenas
esboçada neste volume introdutório, está no fato
não de abrir um novo discurso sobre o sexo mas
História da sexualidade discursos sobre o sexo sob uma perspectiva
abrangente e polivalente, revelando o que sempre
se quis velado.
de toda a sexualidade, enfrentando suas espe-
cificidades e suas implicações, fornecendo para as
obra do pensador francês Michel Foocauli política da população com suas condutas sexuais. ciências humanas não apenas um método mas
A aos poucos vem sendo dada ao público suas determinações e efeitos, sua prática e moral. uma suma de Saber para enfrentar o Poder
brasileiro através de traduções de suas A segunda parte deste A Vontade de Saber tarefa esta, aliás, que apenas a poesia e a arte
obras, quase sempre com um atraso considerável Ficou criado, assim, o hiato alienador entre a constitui a exposição metodológica a ser seguida conseguiram em seus raros momentos de ilu-
em relação às publicações originais. Junto com primitiva confissão cristã que ligava a conscu- pelo autor em sua análise. Se o saber-poder es: minação.
outra obra de vulto. "História da Loucura", esta picência à confissão redentora (mas expressa na U-uturou sua onisciência no seio da família
monogâmica, como célula reprodutora de todos História da Sexualidade, de MicheJ Foucault.
História da Sexualidade" vem completar, am- primeira pessoa, portanto fruto de uma inte- Edições Graal, Rio, 1977. Traduzido de "Historie
pliar, fazer a exegese sobre temas mais palpáveis gração homem/ universo) e a nova postura impes- os mecanismos de auto-regulaçàus do aparelho do
Estado, é exatamente neste núcleo que será es- de Ia Sexualité", Gallimard,
de suas primeiras obras, marcadamente de ca- soal, diversificada, objetiva, assumida pós-século
ráter filosófico e antropológico como por exemplo XVIII, que criou nos discursos sexuais toda uma tudada a sexualidade: a sexualização da criança, Edélcio Motaço
"As Palavras e as Coisas". gama de tensões, arbitramentos, conflitos, esfor-
ços de ajustamento e fundamentalmente, a dis-
Na realidade o que é possível encontrar nas
livrarias é 9 primeiro volume de uma série de seis
que a Editora Graal está colocando à venda, um
persão do indivíduo, incitado continuadamente a
falar sobre o sexo e sobre si, mas dentro de uma Tirando as etiquetas
ótica coercitiva, metodizada, morfologizada e
volume de apresentação da obra corno um todo. basicamente alienada.
seguida da exposição metodológica empregada ouve um aumento considerável de publica- Apesar de alguns pequenos enganos na
pelo autor para traçar uma história sobre o dis- H ções sobre sexualidade nos últimos anos. tradução ou revisão de termos técnicos (vide pág.
curso sexual através dos tempos, suas ampliações Nunca se falou tanto sobre sexo como nos úl- Infelizmente muitos dos livros que surgi- 185. onde consta "glândula clitorial" em vez de
e fonte de consulta para se estabelecer um pen- timos três séculos, e cada vez mais. A era vito- ram,vieram repletos de esteriotipias sociais e até glande clitorial), o livro é excelente em seu con-
samento através destes discursos. riana do século XIX organizou um movimento científicas, como a "crença" na existência de junto. Além dos dados estatísticos bastante sig-
contrífugo ao seio da cultura e da moral, isolando comparti iflentos sexuais estanques, como se real- nificativos, utiliza muitos depoimentos pessoais, o
Intitulado A Vontade de Saber, este primeiro de um lado a monogamia heterosexual e de outro mente houvesse "o homossexual", "o heteros- que não só facilita a leitura para o grande público
volume da História da Sexualidade" nos in- as "perversões". Assim como cresceram os dis- sexual", "a lésbica", etc... Poucos são os autores como também dá à obra um tom por vezes
troduz por entre os meandros densos, enganosos, cursos sobre a estabilidade, a legitimidade e a que parecem se lembrar que desde a década de emocional de grande valor humano: "penso que
repressivos, fantasiosos que o homem ocidental lógica da relação hetérosexual monogâmica, mul- quarenta Alfred Kinsey já tinha destruido tais todos nascemos sexuais, isto é, que cada um nas-
encontrou para referir-se ao sexo, criando o que tiplicaram-se as revoltas e as consequentes pu- classificações, aceitando-as apenas como adje- ce com o desejo natural de se relacionar com
Foucault chama de uma ickntla ieivalla em nições à sexualidade periférica, não oficial. tivos para atos sexuais, e nunca para rotular in- todas as outras criaturas - animais, plantas, nós
oposição à cultura oriental que sempre possui divíduos concretos. mesmos, mulheres, homens - quando sentimos
uma ais erádc. Esta diferença fundamental en- A descrição de Foucault sobre a homosse- amor ou comunicação com eles; mas asociedade
tre as culturas já nos remete a uma tomada de xualidade é um exemplo: a sodomia dos antigos Por tudo isso é com grande satisfação que nos ensina a inibir qualquer desejo quç não seja
posição diametralmente oposta, de uma hipótese direitos civil e canônico era um tipo de ato inter- vemos a publicação entre nós do Relatório l'Iite, por parceiros com quem é possível proc ri'ar.e eis-
repressiva a priori assumida pelo ocidente, mar- dito e seu autor não passava de um sujeito ju- pesquisa realizada 'há dois anos nos Estados tão nos desperta entusiasmo pelo "ato"tenfiando
('.'tctamcnte depois do cartesianismo do século rídico. O homossexual doséctilo XIX passou aser Unidos, estudandotemas como a masturbação, o goela abaixo o ideal do amor romântico com-
XVIII. A sociedade burguesa ascendente que se um personagem, uma história, uma infância, um orgasmo, o lesbianismo e a escravidão sexual da binado com o casamento, até o ponto que não se
formava então, no seu afã de multiplicação do caráter, portador de uma fisiologia e de uma mulher. Os machões que se cuidem, pois Shere possa pensar em outra coisa".
capital e máxima exploração 'damào-de'ohra, anatomia indiscreta. A categoriapsicológica, Hite mostra que a maioria das mulheres, além de
criou uni aparato verdadeiramente demonlkco de psiquiátrica e médica da homossexualidade foi se queixar do egoísmo sexual dos companheiros, É isso aí: um livro para ser lido por todos,
poder que tudo sabe, tudo controla, tudo envolve. constituída no dia em que foi caracterizada - em não necessita do coito para obter prazer e orgas- homens e mulheres, rima obra a mais na luta con-
1870 no artigo de Westphal sobre as "sensações mo. "Não é a sexualidade Feminina", diz a autora tra preconceitos e repressão.
A prática da confissão, incrementada após a Con'
tra-Rcfprma. passou a ser o critério de verdade sexuais contrárias" - quando foi transferida da "que tem uni problema, é a sociedade que é "0 Relalórlo Elite", de Shere Hhe. TraduçíÍti
sodomia para uma espécie de androgenia interior, problemática na sua definição de sexo e no papel de Ana Cristina César, Dlíel, 1978.
por excelência. Esta prática, disseminada am-
plamente no corpo social, criou o Estado todo um hv'rmafrodiijsmo da alma, O sodomita era um subordinado que essa definição confere às mu-
poderoso e tentacular, que relaciona a economia reincidente, o homossexual é uma espécie. lheres". Henrique Neiwa

o show glória, pela coragem do cara que sempre foi ao


fundo de tudo em que se meteu. Roteiro confuso,
feita
v para deleite de qualquer tipo de platéia. Às
fa as as deficiências do roteiro-textus- nionl agem,
Quartetos, Ivan, Lennie texto fracote, o musical é Lenrte, mais Lcnnie,
vezes Lcnnic. Ele está ótimo, inclusive nos sarros
que tira, no palco, com um menininho muito do
11a ''bicha tinhosa — . como di-, ele. Um ser lu-
nua isso, diria eu - E que profissional!
Ao Vivo - engraçadinho. Uma autobiografia musicada, Antônio Chrysóstomo

O ahow Cobra de Vidro, com o Quarteto em


Cy e MPH-4. tem lesado - literalmente - mui-
tidões ao Teatro Carlos Gomcs, Praça Tirudenles,
Rio. Merece. "A cantar musiquinhas fáceis, sem-
a exposicao.::.......
pre preferimos um repertório ligado ao que Somos
e pensamos, o que não elimina, até pelo coa-
trário,it busca do lirismo, da beleza, do prazer de MAM - COMO A FÊNIX
cantar— , di-, Aquiles, um dos integrantes do M P-
B-4. Poik'sc considera r positivos ou não os ca-
minhos. de clara participação social, percorridos N o rncêndio do Museu de Arte Moderna do mais: o espaço que se chamava "área experirtuen-
pelos dois vocais. Aos quinze anos de vida artis- Rir queimou-se muito mais do que uma tal" era um santuário onde as artistas desenvol-
ticamente útil delas: ais tre,.e anos deexistência inestimável coleção de quadros e es- viam suas propostas sem qualquer tipo de in-
deles, alguns desacertos foram cometido',, o prin- culturas. Núcleo de cultura viva desde sua fun- tromissão paternalista ou de censura da diretoria.
cipal uni certo tom de comício imaturo, espécie de dação. o MAM foi o responsável pela formação de
algumas gerações de artistas plásticos, cineastas,
E pela continuação e ampliação dessa men-
resposta mal dada às ásperas dificuldades por que lu'ari Lins: 3 O'J _i talidade que os in'teressados na cultura têm de
têni passado com a Ceiiura. Entre altos e hatos, atores e pesquisadores de arte. As atividades que
ali se desenvolveram representam o que de mais lutar. E ela deve servir de base para uma revisão
acima de tudo em evidente trajetória de ama- total do nosso Sistema de arte. Ao mesmo tempo
durecimento musical, chegam, agora, à reali- dinâmico já se fez neste país nos últimos 20 anos
princípio ao fim, sem que o intérprete tenha de que se reconstrói o MAM, estende-se esse cri loque
zação de ''uni velho sonho", a revisão conjunta da em matéria de criatividade. A característica prin-
gritar suas verdades, sair de sua compostura, pioneiro à toda a cultura brasileira,
carreira e posição dos dois grupos. Prejudicados cipal do MAM, remontando à sua fundação e ao
para que se entenda a intensa gama do que tem a
apenas pelo escesso de eluies que descem e sobem período pioneiro da sede improvisada nos pilotis
tran'rrnitir. Bandeira do Divino, de Ivan e Vitor Francisco Bittencourt
a todo instante, pelo festival de enfeites e slides, do antigo Ministério da Educação, foi o respeito à
Martins, levava o público do teatro Casa Grande
Quarteto em Cy e MPB-4 encontram em Cobra de liberdade de manifestações e criação.
ao delírio, o ritual para-litúrgico popular da Folia
Vidro o seu veio perfeito. Tal como nos versos de do Divino acrescido de explícitos significados Em anos recentes surgiram várias vozes - e a
Ferreira Guilar escritos especialmente para o es- Poéticos: "Que o perdão seja sagrado/ que a fé minha sempre esteve entre elas - que discor- —
petáculo: aprenderam a voar. E. no vértice do seja infinita - que o homem seja livre/ que a jus- davam dos rumos administrativos tomados pelo
vôo, está este encontro emocionado e emocionan- tiça sobreviva'', Museu, do diletantismo e falta de preparo de sua
te, de oito cantores lúcidos, que sabem o que. AoVivo — III diretoria que. deslumbrada com as facilidades
Para que e como cantar. propagandísticas proporcionadas pela TV e as
Pela entrevista do LAMPIÃO N° 2 todos já colunas sociais, estava transformando a insti-
As Vivo - II devem ter percebido o valor real de Lennie Dale
no show nacional: aos (segundo ele) quarenta
tuição nuns reduto de grã-finos desocupados e ar- The Gayest
tistas bacanas, muitas vezes estrangeiros (como o
Nos Dias de Hoje, de Ivan Uns, obteve com anos de idade, cana nas costas por porte de
pensadoras bilheterias e criticas em sua tem
poradiu carioca, antes de partir para excursão
maconha, vitima de atropelamento que lhe
austríaco Hundertwasser), só interessados em se
pavonear. A desculpa era que estes tinham sido
Discotheque
quebrou uni número (a contar, por suas decla- impostos por altas autoridades ou embaixadas es-
nacional. O compositor-cantor parece ter che-
gado ao mais que certo de si mesmo, da carreira
rações) varitivel de costelas, não dança mais a
metade do que dançava nos tempos do Nigth and
trangeiras. E os desfiles de fantasias para o Car-
naval, as feiras de cachaça, as mostras de pro-
jfl tOiVil
Antigos falsetes milionas.cirncntianos. tremolos Da y ou dos Dzi Croquettes. Cantar, proprianien- paganda sob capa cultural? Bens. o governo
arrciiiatndorev de passagens de tons, todo seu es- te. nuinca cantou; falar, só com o pesado sotaque iamais entregava as magras verbas prometidas eu
toque de iiianeirismu's de ocasião sucumbem à do Brvioklvn que nunca perdeu. Da sorna dessas MAM a aufraga em dívidas. Até ai tudo bem, ou Avenida Copacabana, 266
clareia da técnica esata, que consegue colocar uk'ficint'.. no entanto, ele constrói o peso (e a tudo mal. não importa agora. O certo é que os
sob controle a extrema emoção. Dessa emoção graça) de sua presença cênica. Isso fica claro no criticos dessa situação nunca sofreram consiran- Te!: 255-5247
canali,.trihi ele se serve, por exemplo. para provar show 1 707 839 t titulo extraido de sua carteira,
que rim icei tal pode girar cm torno de idéias, do
Cimentos no Museu; sempre st' respeitou a Rio de Janeiro
modelo 1')). Vale por suas fim lpossih i 1 idades. sua opinião de cada tini. ii direito de divergência. E
LAMPIÃO da Esquina Página 13

**

Centro de Documentação
APPAD
.issi>ciiiçáo paran.rt'iise
da parada da diversidade
* Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
CARTAS
NA MESA
Porto Alegre LAMPIÃO é desnudado
retifica Aos amigos do LAMPIÃO: Acreditamos
nese iornal, ponto de luz em meio á imbe-
meio homossexual?, o jornal tem medo de
decidir-se por "assumir" ser um lornaj ho-
alguns se tornam de diflcil entendimento pelo
cilidade das posições fechadas em relação à leitor; não fica clara a posição do autor; a
Senhores edirores acreditando na ca- mossexual, e deixar para as outras minoras matéria sobre o "Gaúcho", o artigo sobre o
pacidade dos redatores e responsáveis pelo sexualidade em geral, e à homossexualidade "transarem" OS seus lornais?; a caracteri-
em particular. Somos um grupo de homos- carnaval baiano; o artigo sobre o Paraguassu,
novo le bom!) jornal LAMPIAO,eu e meus zação do jornal através do lançamento em o texto sobre as saunas; lodos apresentam
colegas de trabalho fizemos i.niia assinatura sexuais da Paulicéia Desvairada, que está se boatos gays, pelo fato de ter assinantes gays,
reunindo para conversar e discutir sobre a ainda uma grande dose de frieza e distan-
do mesmo e propagamos entre amigos e e o fato de o jornal ser feito por onze bichas; é ciamento: por quê?
clientes essa nova iniciativa jornalística. nossa sexualidade, a partir das nossas pró- um lornal homossexual?
pries vivências. - o n° zero consegue ser mais interessan-
ASSIrT1 sendo, como assinante, tomamos a - O aspecto do jornal não estimula o ie, exceto pelo artigo sobre a arte homoe-
liberdade de levar até a redação o nosso De conversa em conversa, nos surgiu o leitor: a apresentação interna é muito "fria" e
LAMPIÃO como lema, e desta idéia resultou rótica no Brasil; é um texto que não leva a
Protesto Lantra um artigo publicado no n° 2, por isso o jornal lembra o Movimento; as nada.
referente ao roteiro dado para homossexuais urna reunião especial, motivada por muito chá seções não possuem uma "personalidade",
e biscoitos. A nosso ver, o LAMPIÃO pode - o artigo sobre o Paraguassu não con-
nas cidade de Brasilia, Niterói e Porto Alegre. chegando mesmo a transmitir a sensação de segue se definir como sério ou engraçado; se
Das duas primeiras pouco conhecemos e ser considerado Isem querer jogar confetis. .1 que o jornal não tem seções definidas; o n° 1
o único órgão da imprensa tropical realmente é urna tentativa de humor, resulta fora de
nada temos a dizer, mas no que toca a Pio é muito "chato" para a leitura, e o n° zero é Propósito; se é um artigo Sério, fica sem in-
Alegre os senhores tenham a santa paciênca; interessado no problema da sexualidade. mais Interessante; falta uma dose maior de
Como leitores ligados ao jornal por opção, nos teresse e é bastante desatual; seria um artigo
r q ue foi publicado como roteiro para homos- emoção dentro do jorna' e dentro dos artigos, para as bichas "se masturbarem" ? com tal ar-
sexuais nessa cidade é um absurdo. Pelo servimos parte dele, criticando, comentando deveriam haver mais reportagens lemocão)
ou escrevendo a respeito. tigo, a manifestação dos padrões de macho é
amor de Deus, quem é o responsável por esse que ensaios 1 friezal.
O produto da nossa discussão não expres- ratificada; é o macho impossível de ser alcan-
artigo? O Sr José Luis Dutra de Toledo real- - A semelhança com o Movimento, nos çado pela bicha; com isto, o LAMPIÃO acaba
mente conhece Porto Alegre e ambientes? sa uma posição unitária do grupo, mas po- transparece do seguinte modo: "somos bi-
sições dos seus participantes. Ao contrário do se aproximando dos jornais de "colunismo"
Faço essas perguntas (abismado!), porque é chas, mas somos sérios (intelectuais)"; como gay, que mistificam o macho, colocando-o
uma falia de respeito e responsabilidade o que que possa transparecer pela divisão em tó- uma desculpa pelo fato de serem bichas; o como ser inatingível.
ele escreveu, principalmente para um jornal picos, a discussão não seguiu nenhum ro- jornal deveria ser sério e descontraído ao mes-
teiro: em meio ao nosso entusiasmo, quase - em relação aos "bigodes do Rivelino" o
que pretende ser sério e abordar seriamente mo lempo, como, por exemplo, o Pasquim jornal faz uma chantagem com o leitor; a capa
assuntos referentes a homossexualidade todos os pontos foram abordados ao mesmo dos velhos tempos.
tempo. Nos itens que seguem, utilizamos apresenta uma chamada para uma matéria
Como o Sr José Luis Dutra de Toledc - Apesar do propósito de transmitir uma que não existe; falta uma explicação a res-
pode ter a coragem de indicar lugar come quase sempre as próprias frases usadas por imagem de herético, o jornal não consegue
cada de um de nós, para que vocês possam peito da ausência do texto sobre futebol; exis-
Praça da Alfândega, Vaduto Borges de realizar esta proposta, resulta muito sério e tiu, entre alguns leitores, a éxpectaiivaci ar;
Medeiros e principalmente o Parque da continuar a discussão (faltam apenas o chá e "enquadrado" falta uma boa dose de senso
os biscoitos). tigo sobre a Copa como algo éngraçado.
Redenção folha que ele dá ênfase para o de humor; o clima do jornal é demasiadamen- - a mesma indefinição do artigo sobre o
horário: noite!). Será que este senhor não tem Com este trabalho, temos a certeza de que te sério, medo de cair no esquema dos lornais
estamos apoiando o LAMPIÃO. Apaixonados Paraguassu transparece na matéria sobre as
conhecimento que estes lugares são freqüen- de "colunismo" gay?; esta seriedade acaba saunas;,.pretendiriij . se esboçar uma secãode
tados por marginais e até assassinos e que pela idéia, damos a maior força no sentido da transformando o jornal em um veículo para Serviço Neste ç,aso não seria mais riteres-
nos mesmos lugares acima lá foram come- sua existência como tribuna livre de precon- poucos leitores. santo elap orar um roteiro "entendido"?
tidos assaltos e mortes? ceitos e posições gastas (vide a imprensa - falta um clima de "provocação" no jor-
machista). nal, o jornal deveria comprar "brigas e atacar
Ficamos preocupados a partir de hoje se 4 - Sugestões para os próximos nú-
podemos confiar nos roteiros publicados pelo 1 - As impressões gerais sobre o jornal: determinadas instituições; faltam confron- meros:
título, símbolo, capa e diagramação. tações; falta definir os "amigos" e os
LAMPIÃO. Onde está a responsabilidade jor- realizar um concurso entre os leitores
nalística desse indicador e principalmente do - O título é muito bom; a relevância ao migos" do jornal;
rebelde é muito bem colocado para um jornal para a escolha de um cartunista ou ilustrador;
)ornai? - o jornal tem medo de encanar a sua um concurso de humor para o jornal; por quê
Assim sendo, renovamos o nosso protesto como este; a rebeldia legitima de uma minoria homossexualidade de frente; o homosse-
(Lampião e seus "cabras"); também é muito não tentar o contato com PatnicioBisso para
e solicitamos que seja publicado, para o bem xualismo é visto dentro dos problemas "mais tal fim?
de todos os leitores , e turistas, esta carta na boa a idéia de "acender uma primeira luz gerais"; esta é uma tendência "esquerdista";
sobre a questão homossexual - talvez o problema da "seriedade" das
integra, estando ela bem ou mal escrita. por exemplo, não fazer antigos sobre ope-
pessoas do jornal, que transparece nos ar-
Caso contrário nos negamos a continuar - Como "lembrança" ou "referência" às rários em greve, coisa mais para o Movimen- tigos, pudesse ser resolvido com a entrada de
recebendo o jornal e mesmo propagá-lo. chamadas policiais dos jornais populares (O to; fazer um artigo dentro do ponto de vista alguém "menos sério": Celso Cuni, por exem-
H.rigue/ L ri Poria DIA, NOTÍCIAS POPULARES, etc.), a capa do operário gay e suas contradições; medo de plo.
Porto Alegre-AS do n° 1 é inexpressiva e não chama a atenção; descambar para o "folclore"? - fazer uma "estoninha" em quadrinhos
R. - 1h, Haguel, houve uma confusão as cores utilizadas são visualmente "fracas"; - faltam "cartuns" ou charges ou ilus-
com os estereótipos; a bicha assumida e a
qualquer. Quando tala nesses pontos peri- a capa do n° zero é interessante, pois . 0 ver- trações pana o lornal; não existem bons car- enrustida.
aosos, , Zeuisdin que são " pontos esco melho é bem mais "chama tivo". tunistas gays?
- a publicação de entrevistas com ho-
lhidos pela lumpen -homossexualidade-, ou - apesar de toda a seriedade, os artigos mossexuais e não homossexuais, mas aliados,
- O símbolo do lornal, foi interpretado não conseguem atingir um bom nível de
seja, pela marginália homossexual. Ele não os corno a combinação de uma representação deveria ser matéria constante em todos os
recomenda a ninguém. Assim, você nãc profundidade; os temas são tratados de modo números.
estilizada do rebelde com a representação de pouco profundo
precisa ficar preocupado, pois, lendo LAM- um falo, é uma coisa "fria", e não pode ser - seria muito útil que o jornal se colpcas-
PIÃO, só irá a esses locais quem se sentir - o n° zero transmite um clima deangús-
considerado feio ou bonito: é como se tivesse se como correspondente de algumas pu-
definitivamente atraído pelo ambiente. Es- tia para o leitor, que já tem razões de sobra
sido feito "em série"; a representação fálica é blicações gays internacionais; realizasse,,trai,.
nva sempre pra gente. tà? para ser angustiado; isto acontece através de
uma atitude agressiva e machista; é uma determinados artigos. cnições e traduções de artigos importantes
posição desrespeitosa em relação às mu- etc; por quê não se faz uma assinatura da
1 !ieres. - o jornal está correndo o risco de se Revista Lui? -
transformar em veículo de promoção pessoal
Rumo à Baixada - A diagramação do lornal é muito
acadêmica; tudo é muito igual; os tipos de
pana,os seus editores, seria interessante que
as pessoas evitassem de escrever sobre os
— um horóscopo "bicha" para o jornal.
-. para Aguinaldo Silva: sugestão de uma
letras utilizados, as separações entre as sec- mesa-redonda com jornalistas policiais; sobre
seus próprios trabalhos; e que caso o fizes-
Fluminense ções o as indicações das secçôes.
2 - O jornal como um todo e a proposta
sem, adotassem uma posição mais crítica em
relação ao seu trabalho pessoal.
a caracterização do indivíduo como homos-
sexual em crimes sem a menor relação com a
do jornal: sexualidade, na tentativa de eliminar esta
Nem só de crimes vive a Baixada Flu- 3 - Os antigos: prática de grande imprensa.
rn'nonse. Também aqui existem pessoas - Até agora não está clara para alguns, a - de modo geral, existe uma indefinição
sequiosas para ler as publicações da chamada proposta do jornal; reflexão da indefinição do em relação a quase todos os artigos do n? 1, e
imprensa independente. Infelizmente (se não São Paulo, junho de 197,0
me engano), o único iornal nesse estilo que
encontramos avendapor ioqui lassim mesmo
só em alguns lugares) é o Pasquim. Se de-
soarmos qualquer outro, s -nos obrigados s
nos deslocar até o Centro para adquiri-lo. Não De frentes e querelas
sei a que se deve tal fato, mas asseguro que
não é falta'de leitores.
Gente, sou eu de novo. Só para dizer ter sido o primeiro. Qualidade é outro ca-
Não sei como se procede para distribuir os umas duas ou três coisas ao leitor José AI- é povo e, portanto, amostra cultural, nem
jornais, mas gostaria de fazer uma sugestão: pítulo.
cides Ferreira, presente às Cartas do n° 2. mais nem menos) um nível de conscientizaçào
existe no Shopping Center de Duque de Outra coisa: você cai de porrada nas bi- como o do americano ou europeu (que nem é
Caxias uma banca de jornais chamada chas com uma fúria de fazer vibrar o líder da tanto assim . — também lá há a "bichórdia").
MARABO, que, além de vender as melhores José, meu caro, pra que tanto piche? Cer- TFP! Pense um pouco. Será que essas pes- Não é sé rio querer que todos os entendidos
revistas ejornais, fica aberta até tarde da noite to - LAMPIÃO veio nos tirar do buraco oro soas (sim, são gente também] não estão com sejam Winston 1 eyiand.
e encontra-se muito bem localizada. Que tal termos de- imprensa, mas não creio que as todos os seus "artefatos de consumo e tiques
tentar trazer o LAMPIÃO até aqui para clarear causas desse buraco sejam as que você cita ridículos", tentando vingaras múltiplas agres- Finalmente, José, não acha você que seria
estas bandas ainda tão obscuras e fétidas? vejo causas outras para o progressivo afun- sões com que a sociedade lhes salga a vida? melhor nos compreendermos e aceitarmos
Rita Foster Brother Jamenio da imprensa guei e, sevoce pensar Não estarão pondo para fora em trajes e gos- uns aos outros, cada um como é, e unidos
Belfori i Roxo- RJ um pouco, talvez chegCie aomesmo. De qual- tos tudo o que são obrigados a esconder no partir na luta pelo futuro a que temos direito,
A - i'lilinna, você é Ótima. Faz parte de quer modo, não estará você sendo um pouco dia a dia ? Você pode dizer que é uma vingan- em vez de estarmos a rios desancar mutu-
nossas obsessões chegar ao maior número venenoso ao chamar os responsáveis por al- ça frustrada, um desabafo inúltil. Vá lá. Só amente no LAMPIÃO? Sonho com uma im-
possível de lugares, e a Baixada está bem ai, guns jornais entendidos (vivos e falecidos) de que nem todos chegaram a esse nível de prensa guey que nos traga a torça pela união,
diante do nosso nariz. Avise ao pessoal: "camarilha machista?" Todos nós tendemos a &)nsciência. Somos, no geral, um povo e não a fragilidade pela cizânia; e tempo dm
vamos falar com os donos da banca MA- depreciar o que não nos agrada, mas negar ac atolado até o pescoço no mangue do sub- Frentes. José, não de querelas.
RAAÔ para colocar venda o n° 3 de LAM "Tiraninho" a qualidade de pioneiro é, nc desenvolvimento cultural le ou;trosl Não é P.Camargo
PIÃO da Esquina A partir do dia 26 de julho, mínimo, injusto. Pioneiro, José, ele ê só por realista exigir do horilossexual brasileiro (que São Paulo - Capita,
todos ao Shopping Center de Duque d€
Caxias. OK?
gina 14
LAMPIÃO da Esquina

** Centro de Documentação
APPAD it'
d lia rad.i d Iivn'r'idadt'
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE

CARTAS
NA MESA
Cartas que vieram de longe
Alegria, alegria Conr'nue,'u Corri estas entrevistas,
entrevistas, igual ou pess.'niis, o urna irmão bastante coo
o esta que veio rio o° 2, principalmente com ti,'rhai.f-i, tO uitos posseiros. grilerros, urna
a,' isto, mesmo que não seja q.iy ) Agora, loucura. O resultado é que a gente acaba
lendo este jornal, não mais me sito como carta produzindo coisas como esse ecnwr Domei
fura do baralho, antes eu me sentia com- qos Pe/legrini Jr_ que seria muito bom sertão
.'..'/oxado perante todos, agora é dtferene. Viva fiiirssü o género machãopaca, Só não enten
LAMPIÃO da Esquina. Di'sculpeoi me os dc, corno é que o Gaio Fernando Abreu pode
riOS, não sou murro de escrever canas e ser tão amigo dele, o Caio, divino
o rico escrevi para jornais ou revistas Bola S VL
t irente, gente. - Rutândea - Parará
A.D.F Comprei o jornal numa banca de revista,
Ososco - São Paulo aqui em Ci-irripiri'i Grande. Mal pude acreditar
Gostaria de lei no próximo número ('se nu Que meus olhos viam. Li dc-t ponto a ponta,
sstve/l uma reportagem sobre o gay power de uma só vez, com ijiria dor no esfôrnarto
du Belo Ho rizonte As coisas por lá andam Oh, rtiy qod, mas o que está acontecendo?
.siorecendo e com forca. 1. 1 Quem duvidar Será ewi a tal abertura deriiocrá rica, a gente
quiser ver, dê uma passadinha nas (peca. podei comprar na esquina de casa um jornal
.jç)) cidades de Governador Valadares, de divinas tias? Digam que não estou sonhan-
C.i.' . iringa, Munair e ipanema. Neles dificil- do. cnn firmerri que LAMPIÃO chegara a Cem-
um &ritr'iidido fica só por muito pini Grinde todos os meses, garantam. 1.
Vou escteverpiira vocês todos os meses.
M S A.F M. C. L
CronelFabriciano - Minas Gerais Campina Grande - Paraíba
E depois. O/inda tem tradicão; basta ELJAMO VOCÊS.'
a Histórid do Brasil mas pes Ai i;e/. i
com olhos de ver, e não guiado pelos
r á i irif,&ndios ofictdis -, para descobrir que a - Que loucura, gente. Essas cartas que
id. ide, ao contrário do que se diz, sempre foi nos chegam dos lugares meis inesperados
':1111. inforniaí Negros, indios, portugueses, i Roíindia? Alguém disse Rolándia?), que
.:/oro que dessa mistura só poderia safe sem- emoção. Gostanmos de tornar menos
Ir; Di,' melhor, para ficar com ,ninhatai,'r's. precária a nossa distribu,'cão, para chegar a
r ,'ç todos vocês com ritais tranquilidade Infeliz
ICE mente, distribuição no Brasil é piida, pois os
O/inda - Pernambuco esquemas ainda são os mesmos dos tempos
áureos de O Cruzeiro. Mas fazemos o pos
1 1 Desculpem o meu jeito, irias é que a síve/; um dia, como costuma dizer João Ao
cidade tem mesmo esse nome es- n'mio Mescarenhas, cobriremos do Oiapo que
'Is co.'.'ris .igi'.' nos coo/os do Paraná o Chiji

Rodando Mas ainda ''Ii i:hegiiiïii-;s riu prn ..;ilaj a


p ropaganda que você, ns'u querido LAM
a baiana PIÃO, luz da tal de "imprensa independente".
Eu antes dé jogar o epiteto "independente-,
Querido L.AMPIA(. i , ',rni: :omunicai.1/e perguntaria antes: independente de que? De
Viu estou de posse do seu md 2 Está simples- quem ? Porque pode ser independente de uma
mente excelente O artigo de Mascaremihas coisa eser por demais dependente de outra.,
rol)re o ''assumir-se'' está de um equilibrio Trevisan neste seu mesmo o° 2, LAM-
ioc.vãvei, colocando sempre em evidência o PIÃO. nos conta oue Versus e Movimento se
t,uo de que, muitos homossexuais simples- recusaram a publicar a matéria sobre o
mente passariam tome se assumissem na t.e'larmd por razões morais. Nos conta ainda
n:ual conjuntura de suas vidas, apesar de que o Beijo se recusou por pura sacanagem.
sabermos de rodas as vantagens pessoais (em Ora, você sabendo de tudo isto ainda publica
mimos de equilibrio emocional, principalmen. urna propaganda desta imprensa em suas
mil que so rira dai Já o nosso querido Tre- páginas? Você está parecendo Bicha-burra
i'sarm foi clarividente acerca da Conver- LAMPIÃO' Esse tipo de imprensa não é in-
gência Socialista A moralidade presente nes- ilopeiidemue coisíssima nenhuma, muito pelo
ta "esquerda" é as rezes pior que a da Igreja ãri o E bota contrário nisso! São precon.
do Medievo. E quanto às mulheres e aos :,'itrjommos, peanies e antes de mais irada,
negros que estavam na reunião da Conver- pequeno burgueses
gência e que disseram que estavam dispostos Você acaba fazendo' o papel de Ney
a esquecer suas reivindicações, são antes de Marnorosso que apareceu no fnterview
Li i''..íi d 1,olaborcir de alguma menos nesse caso, a gente pode mais nada alienados, no sentido exato do ter- virgem mariaii abracado com Chico Buarque
teima com vocês e no sabia corno. imaginar como a festa terminou; mo. Alienados de sua condição primeira. A de ' Holanda, O mesmo Chico que foi a Cuba
Ai me lembrei dessa foto, que eu fiz todo mundo muito louco... 'Luta Maior" é sem dúvida a mais importante no maior folclore A mesma Cuba que man-
1 isioricamente Sã que, no bojo da luta maior dou os homossexuais para campos de con-
na porta do meu prédio, em Co-
Mário Duarte nso se pode desprezar a individualidade de centração agricolas. Os mesmos campos que
pacabana, no dia do jogo Brasil e cada um (vide todas as revoluções q ue se
Copacabana - Rio dizimaram milhares de homossexuais. A mes-
Polônia. Acho que consegui flagrar ii' ' iproclarriaram socialsiasi, senão sairmos ma Cuba que perseguiu intelectuais (não só
a tal "liberação de sentidos" que, R. - Pois é, Mário, a liberação dc uma opressão para entrar em outra. Prin- homo'n€rs,jaisl como a Santa 1 niluisicão,
dizem, é provocada pelo futebol; dos sentidos é um perigo; as pes- cipalmente as mulheres que, para estes lideres apenas porque estes divergiam dos dogmas
rujvoiucion,3rios da esquerda autoritária, não de Papai Fróel (que posa de machão com um
será isso aí? Infelizmente a alegria soas acordam sempre com dor de -urvem para outra coisa senão para "repouso charuto fãl),,o na bocá; que come Gina Lo-
durou pouco, pois logo depois os cabeça no dia seguinte e se pergun- ou guerreiro". A condição da mulher nos (obniqida numa clara alusão à função da
argentinos lavaram a alma no jogo tando, cheias de tormentos: "Meu DJISOS duos "socialistas" é mais humilhante mulher na vida de um "lider" como ele).
contra os peruanos. Mas, pelo Deus, o que foi que eu fiz"? -cc do que por aqui, porque neles se está
Carlos Ouébec
1 jir'do dariamente um pricípio que gerou ,a
ii '' I,ic,io 1 1ualdade entre todos Salvador - Bahia
R - E. Québec, Winsion Leyland é quem
tem razão, para um homossexual, a atuacão a
nivel politico é duas vezes mais complicada
Faça de Desejo receber uma assinatura anual de
LAM PIÃO da Esquina ao preço de Cr$ 180
Isso fica bem claro na sua carta, que é muito
oportuna quando fala na esquerda autoritária,
mas complica demais ao misturar Ney Ma-

LAMPIÃO 1 Nome
toq'osso com revolução cubana (o único pon-
de contato entre as duas é a rumba Cu-
banacan):Quanto ao anúncio da "imprensa

da Esquina 1 Endereço
-Ji'pendente" em nossas páginas, foiapenas
riria brincadeira, que pensávamos ser sutil
irias perceptível Uma brincadeira como
LAMPIÃO inteiro, uma vastissima brinca-
CEP Cidade _ 'Jeira, pois tudo o que nós querebios mai, que
o seu jornal. 1 Estado
preguiçaJl é vadiar. Ê claro que a gente fecha
com alguns daqueles jornais. Mas - e isso
Assine agora.. Envie cheque ou vale postal para a Esquina - Editora
de Livros, Jornais e Revistas Ltda. - Caixa Postal
mostra como nós somos saudáveis - o rrn-
portarite é q ue nenhum deins 'uchri orlrricr.

41031 - Santa Teresa - Rio deJaneiro- RJ, CEP 20241



LAMPIÃO da Esquina Página 15

**

Centro de Documentação
AiPPAD
ci.

.t
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODUGNIDADE
da parada da divcrsidd&'
LITERATURA
Ëscuia. C5sar, não sei por onde eu OM árvore, vi o marido da gorda, com a
das agora. riras bem gostaria que In
s' s isto Sim Pois há coisas, palavi.K,
guri a qeirte leva conoseoo ruo rr.ir
rirdes, tode a vida, mas uma noite sir
tu gire devo oscrové Ias, dizer a rI
tiirir poi que, se não d/,' continuar io
ai, do' rrtirr, cravadas na vergonha para
aricas criança brincando a seus pés.
- Que susto nada. Estou pro-
curando o outro, que foi embora.
Se mandou por ali - com a
mesma mão que sustinha a cuia, in-
dicou o lugar. E a criança sorria. E a
Abelardo Castilio, um dos escritores atuais mais estimulantes da Argentina, à criança também disse pul ali.
serirpr Siiii, sinto que tenho de te lucidez e ao estilo que, como tantos outros hispano-americanos, soube cristalizar a Te alcancei diante do Matadouro
di,' r L i partir de Borges, soma uma ágil juventude que lhe dá cativante Intimidade com a Velho; ficaste em defesa contra uma
prática da vida. "O maricas", extraído de seu primeiro livro, "Las otras puertas", cerca. Me olhavas. Me olhavas sem-
Vx.r era diferente. Um dcsH embora sem um tema diretamente homossexual, é a meu ver o melhor conto curto pre.
riu mirres que não conseguem u rcn,i que existe sobre o assunto. Na sua rapidez, o coloca moralmente Inteiro, com a ten- - Tu sabias.
com akiuórn ao lado. 1.ernhro que, ri são artística e a trágica serenidade devidas às grandes questões humanas. Pois es - Volta,
lagoa, nunca ficavas nu diante de ni homossexualismo, mais que um caso apenas dos que o praticam, é um dos primeiros - Não posso, Abelardo, te juro
Elos riam, e eu também, claro, meu temas de todos nós. E decisivo. Dize-me corno encaras um homossexual e te direi que não posso.
lhes falava que te deixassem, que cada quem és. - Volta ou te levo a pontapés no
um é como é. E você era diferente u;(Jr o Do qriar o saiu um menirru, rabo.
tora quatro ou cinco anos. Secando o A lua grande, não esqueço, bran-
-- Não há de ser por nada que tan-
Vinhas de um colégio de padres, e São nariz, passava as costas da mão pela quíssima lua de verão entre as árvores,
to í;Li idas dele... e tua cara de tristeza ou vergonha, tua
Pedro devia te parecer, não sei, algo E riam se. E dava vontade de gritar boca. Na minha vide não hei de es-
como Brobdignai Não gostavas de quocor esse gesto. Seus pezinhos des- cara de me pedir perdão, a mim, tua
que todos nós juntos não valíamos a bela cara iluminada de repente des-
subir nas árvores, nem quebrar faróis metade do (100 elo vaa, do que tu calços tinham e mesma cor do chão de
com pedrarias, nem apostar corridas terra. feita. A mão me queimava, mas era
valias, mas naquele tempo a palavra necessário bater, machucar, sujar-te
para baixo entre as moitas do eia difícil e o riso fácil. E também se O negro tomou a fronte. Eu sentia
harraico. Já não recordo como foi. uma coisa, uma bola no estomjiqo. para esquecer aquela coisa como um
aceita, também se escolhe e acaba, se orgulho que me afogava.
sri em lo diu; rtarrdo a brutalidade (]esta Não me atrevia a te olhar. Os outros
soltavam piadas brutais, brutais fora - Bruto - disseste - Bruto de
Quando pequeno, se encontra qual- noite, quando vem o negro e diz que merda. Te odeio. És igual, és pior que
quer razão para gostar das pessoas. Só lhe dnrarTr urna dica. Urna dica, diz, lá do costumo, em vozes do segredo. Es-
tavam, estávamos todos, assustados os outros.
recordo que logo éramos amigos e has Quintas tom uma gorda que cobra Não te defendeste. Levaste a mão à
sempre andávamos juntos. Uma cinco pe.sos, vamos e já aproveitamos como loucos. Do Roberto o fósforo
tremia quando me deu fogo. boca, como a criança ao sair do quar-
manhã at( me levaste à missa. Aopas- para fazer o machão debutar, o César. to.
sar na fronte do café, o foquinho Mar- Ecu disse bacana. - Deve estar toda suja.
Depois o negro saiu da poça o vinha IDuando te afastavas, chorando,
tirioz nos gozou: "Olha os noivos..." - C6sar, hoto cio norte vamos sair tropeçando, ainda consegui dizcrL.
Teu rosto ficou em chama e eu fiz meia cornos rapazes Quero que vás lunto sorrindo. Triunfador Abotoando-se.
Nos piscou um olho: - Maricas. Maricas de merda.
volta, xingando-o e lhe dei de lado um - Corri os rapazes...? E comecei a gritar essas palavras.
soco nos dentes tão forte que ma- - Sim. Que é que há? - Passa tu, Cacho-
- Não, eu não. Eu depois. Escuta, César. E preciso que teias
chuquei a mão. Depois, querias p6r um Bom. Vamos isto. Porque há coisas que se levam
cur ai vii i r1C olhavas, Pois não só disso bacana como te Entrou o Foquinho, depois Rober
o. E quando saiam, saiam diferentes. como mordidas, avivadas pela . ver-
e feriste por mim, Abelardo. levei enganado. E fomos. E te deste gonha a vida inteira, há coisas pelas
conta de tudo quando chegamos no Saiam, não sei, saiam homens. Sim.
Era a impressão que eu tinha. quais a gente sozinho se r 'espe na cera
Quando falaste, senti um trio nas rancho. A lua enorme, lembro, alta en- diante do espelho. Mas de repente, um
tre as árvores. Depois eu entrei e quando saí, tu
costas. Pegava a minha mão e as tuas não estavas. dia, tem de dizê-las, confessá-las a al-
oram brancas, tinas. Não sei. Exces- - Abelardo, tu sabias. guém. Me escuta.
- Calaa boca eentra. - Onde está o César?
sivamente brancas, excessivamente - Fugiu. Aquela noite, ao sair do quarto da
magras. - Tu sabias! gorda, eu lhe pedi que, por favor, não
- Entra, te digo. E o gesto, um gesto que podia ser
- Solta - disse. idêntico ao do negro, me gelou na contasse aos outros.
O marido cia gorda, grandão como ponta dos dedos, na cara. O vento do Porque aquela noite eu não pude.
Quem sabe não eram as luas mãos, a porte, nos encarava velhacamente. pátio apagou-o, pois logo eu estava Eu também não pude
mas tudo, tuas mãos, teus gostos, tua Disso que orani cinco pesos. Cinco por fora do rancho. Abelardo Castillo
maneira do se mexer, falar. Agora pen- caboca, guris, sete vezes cinco, trinta e - Também te assustaste, guri.
se que antes também entendia isso, e ii ri:O Viu a cara de Deus, tinha dito o Nota e tradução de
Tomando chimarrão contra um
falei mesmo alguma vez que tudo isso
não sigrir lii ava nada, era questão de
educação, de andar sempre ontrc
mulheres, entro padres. Mas eles eiani
o r,'u.1,nrb(m, César, acabava rindo,
rindo do macho que se é e o tempo
passa o urna noite se torna necessário
lç,rrrhra, e dizer tudo.

Fomos inseparáveis. Até o dia em


qui aqiril ' se deu, te quis de tato.
lnixplicáv 1 o obscLiramento, corno
querem o que ainda estão limpos.

Goeava r. auxiliar te. Ao sair do


colégio, íamos na tua casa e te ensi-
nava o que não tinhas compreendido.

Conversávamos. Era fácil te contar e


escutar o que para os outros a gente
não fala. As vezes me fitavas com uma
espécie de perplexidade, um olhar
diferente; talvez o mesmo com que eu
não me atrevia a te fitar. Uma tarde
disseste:
-- Sabes, te admiro.

Não pude suportar os teus olhos


O l hava ,; do frente como as crianças e
is i' . : ( i5,iS do mesmo modo. Era

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Centro de Documentacao
APPAD
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da pirada da di t'ridad,'
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGN IDADE

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