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1.

INTRODUÇÃO
1.1 Motivação

O estudo do eletromagnetismo foi sempre de vital importância na formação dos Engenheiros


Eletricistas, desde a inserção do curso de Engenharia Elétrica (EE) no sistema universitário
mundial, uns 120 anos atrás. O impacto desta profissão no desenvolvimento tecnológico é
amplamente reconhecido e usufruído pela imensa maioria dos seres humanos.
Inicialmente (até os anos 20) a formação tinha como foco a geração e transmissão de energia
elétrica. Com o desenvolvimento das válvulas e do rádio, a chamada eletrônica passou a ser
enfatizada nas grades curriculares dos anos 30. A segunda guerra mundial alavancou o escopo de
aplicações com o desenvolvimento do radar e a chamada engenharia de microondas. A invenção do
transistor e o desenvolvimento das comunicações via microondas e satélite marcaram os anos 50 e
60. Com o advento do laser e as fibras ópticas, as comunicações ópticas se estabeleceram nos anos
70 e 80.
O ensino de eletromagnetismo em EE foi prioritário e aperfeiçoado nas décadas de 60 e 70
em virtude das profundas transformações tecnológicas, junto com as características do mercado de
trabalho da época: era necessário conhecer muito mais o hardware, pois o software estava na sua
infância. Os trabalhos de projeto e manutenção demandavam um conhecimento aprofundado dos
mecanismos físicos dos dispositivos e equipamentos em operação da época, a maioria voltados para
o setor de telecomunicações. Os sistemas associados estavam em evolução. Os anos 80 e 90
marcaram a sofisticação dos sistemas e o trabalho dos engenheiros eletricistas começou a ser cada
vez mais requisitado nesse setor, onde o software acabou predominando sobre o hardware. Este fato
se refletiu fortemente nas escolas de EE pelo mundo afora, nas quais se passou a dar mais ênfase à
abordagem sistêmica, deixando a formação mais física de lado. Inclusive muitas escolas de EE
reduziram o ensino de eletromagnetismo a apenas um ou dois cursos.
A partir do final dos anos 90, motivados pela perspectiva de grande demanda de usuários no
setor de telecomunicações: comunicações sem fio e comunicações ópticas, puxada pela internet, e
também pela possibilidade de evoluirmos para a chamada comunicação onipresente; estamos de
novo numa época de busca intensa por novos dispositivos cada vez mais diminutos e mais
eficientes, em faixas de freqüências que vão das microondas ao espectro visível, passando pelo
pouco explorado espectro das ondas milimétricas (centenas de GHz) e dos Terahertz (THz), que vão
das várias centenas de GHz até o infravermelho. Outros setores também vêm evoluindo

1
notavelmente nos últimos anos, como por exemplo, a iluminação por estado sólido. Arranjos de
LEDs brancos atualmente substituem com vantagens as lâmpadas dos veículos, e em breve estarão
substituindo as lâmpadas incandescentes e fluorescentes, tanto em consumo de energia como em
durabilidade. A previsão é que esse setor sofrerá grandes mudanças nos próximos 10-15 anos. Outro
setor que também vêm sofrendo fortes transformações é o de mostradores (displays), através da
evolução dos LEDs poliméricos (OLEDs). Painéis inteligentes nas ruas, veículos, roupas, etc,
interligados por redes de comunicações onipresentes terão grande impacto na nossa sociedade num
prazo não superior a duas décadas.
Conseqüências disto são a necessidade de circuitos fotônicos em grande escala
(miniaturização), esta área vem sendo chamada de nanofotônica, e também, das antenas
miniaturizadas com grande portabilidade e interfaces que permitam a interligação eficiente dessas
tecnologias: RF-microondas-ondas milimétricas-terahertz-fotônica, a chamada convergência de
tecnologias.
Estas mudanças tecnológicas devem trazer um forte impacto no mercado de trabalho e
também, na formação dos engenheiros eletricistas. Por outro lado, este cenário configura uma
oportunidade de negócios e de desenvolvimento tecnológico para o nosso país: uma nova chance,
isto é, “um bonde histórico” que não devemos deixar passar, como já aconteceu no passado. Desta
vez devemos aproveitá-lo ao máximo.
Tem vários países que nos mostram claramente o caminho do sucesso, o “caminho das
pedras” para sermos mais diretos. Um grande exemplo é Israel, campeão na geração de empresas de
cunho tecnológico líderes da bolsa NASDAQ. Como isso é possível? A resposta está na formação
dos seus profissionais, em particular dos engenheiros. As escolas israelenses como a renomada
Technion, não só ensinam aos seus alunos os fundamentos técnico-científicos com rigor, e os
encorajam no desenvolvimento de projetos inovadores até a prototipagem, mas também os ensinam
como aproveitar essas idéias para transformá-las em produtos com real potencial de
comercialização no mercado global. E esse parece ser nosso calcanhar de Aquiles aqui na
UNICAMP: falta “fechar” o nosso “circuito” de ensino.
Um dos fundamentos técnico-científicos, que faz o diferencial em qualquer grande escola de
engenharia elétrica do mundo, é o eletromagnetismo. Um bom conhecimento de eletromagnetismo
permite ao engenheiro eletricista o “jogo de cintura” necessário para enfrentar qualquer mudança
tecnológica ao longo da sua carreira. Conhecimentos básicos de quântica e biologia estão também
ganhando terreno na formação básica dos engenheiros eletricistas (MIT liderando esta tendência).
Mas com certeza, eletromagnetismo é de forma incontestável o eixo comum para entender de forma

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unificada as tecnologias emergentes mencionadas acima, e não resta dúvida que continuará sendo
assim pelos próximos cem anos, pelo menos.
Atualmente, existe uma demanda por engenheiros com formação em RF, microondas e
fotônica, mesmo considerando que o nosso parque industrial é relativamente modesto se comparado
aos países do chamado primeiro mundo, porém, mesmo assim existe uma carência muito grande
desses profissionais. Vários são os motivos por essa demanda, em particular, observa-se que como
dito anteriormente, o hardware vem se sofisticando de tal forma, que mesmo para as montadoras
multinacionais estabelecidas aqui no Brasil, faz-se necessário contratar engenheiros, e não mais
técnicos, para testar os aparelhos aqui produzidos, em particular, os telefones celulares, dados os
cada vez mais sofisticados sistemas de modulação e as dimensões cada vez menores, e
consequentemente os problemas de interferência nos circuitos dos mesmos. Existem outros
mercados como “wireless”, EMC (electromagnetic compatibility ou interferência eletromagnética),
e agora mais recentemente a TV Digital, que demandam profissionais, chamados de forma genérica
de engenheiros de RF. Esta denominação é tradicional, porém imprecisa nos tempos atuais.
Levando em conta a convergência de tecnologias descrita acima, esses profissionais deveriam ser
chamados mais apropriadamente de engenheiros eletromagnéticos ou engenheiros de
eletromagnetismo (EM).
O mais interessante, contudo, é encorajar os nossos alunos a participar ativamente desses
mercados, através de empresas de tecnologia bem sucedidas que gerem produtos com valor
agregado (inovação). Existe um número imenso desses produtos que podem ser explorados e que
podem ser fabricados no país. Este é o caso, por exemplo, de microondas e antenas, basta em geral
contratar os serviços de uma boa metalúrgica ou de uma fábrica de circuitos impressos. São bilhões
de dólares que deixamos de explorar e que certamente fariam um grande diferencial na nossa
balança comercial.
Na nossa grade curricular aqui na FEEC, temos cinco disciplinas direcionadas para a
formação em eletromagnetismo: EE521 (Introdução à Teoria Eletromagnética), EE522 (Laboratório
de Eletromagnetismo), EE540 (Teoria Eletromagnética), EE754 (Ondas Guiadas) e EE755
(Laboratório de Ondas Guiadas). EE521 trata essencialmente de três aspectos: Eletrostática,
Magnetostática, e uma primeira abordagem das Equações de Maxwell; EE540 completa a
apresentação das Equações de Maxwell e se concentra na exposição das ondas no espaço livre ou
em meios homogêneos ilimitados, ondas planas em particular, e uma introdução à teoria de antenas,
ou seja, trata de ondas eletromagnéticas não-guiadas; e finalmente EE754, a qual completa a
formação conceitual em eletromagnetismo descrevendo o comportamento e aproveitamento das

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ondas eletromagnéticas em meios guiados. Incluindo os laboratórios, temos um total de 20 créditos
obrigatórios dedicados à formação em eletromagnetismo. Isto por si só, já nos coloca em vantagem
com relação a outras escolas brasileiras, onde esse número de créditos é em geral inferior.
Resumindo, quanto melhor for a nossa formação em eletromagnetismo, melhor capacitados
estaremos para lidar com as tecnologias de ponta e consequentemente, melhor equipados para
incursionar no desenvolvimento de novos produtos, sejam estes dispositivos, equipamentos ou
subsistemas, cumprindo desta forma com a nossa missão de engenheiros que nada mais é do que:
“contribuirmos com o desenvolvimento tecnológico e econômico da sociedade onde atuamos
através da aplicação eficiente das ciências básicas”.

1.2 Como surge a necessidade de utilizarmos ondas guiadas?

Como sabemos de EE521/EE540 a teoria de circuitos convencional (TCC) baseada na Lei


de Kirchoff, é um caso particular da teoria dos campos eletromagnéticos descrita pelas Equações de
Maxwell. A primeira observação é que na TCC as tensões e correntes são sempre descritas em
função de tempo, APENAS, ou seja, não há nenhuma referência a alguma variável de posição, isto
é, não dependem de variáveis espaciais. Ou seja, considere a placa de circuito impresso de face
simples ilustrada na Fig. 1, nela temos dois terminais: a-a’ e b-b’, unidos por duas fitas metálicas
dispostas em configurações diferentes.
Se aplicarmos uma fonte AC com 2 V de pico nos terminais a-a’: vi (t ) = 2 cos(ωt )
considerando perdas desprezíveis nos condutores, segundo a TCC, teremos na saída, isto é nos
terminais b-b’, uma tensão com a mesma amplitude e fase que a fonte: vo (t ) = 2 cos(ωt ) , em todas

as situações. Isto é verdade, dependendo da freqüência ω de oscilação da fonte AC e das dimensões


dos circuitos envolvidos. Antes de quantificarmos isto, vamos descrever o que ocorre fisicamente
quando variamos a freqüência. Vamos supor que a freqüência em questão é tal que a TCC seja
válida, nesta situação a energia transmitida entre os dois terminais é toda transportada através das
correntes de condução nos fios, excitadas pela fonte. Conforme aumentamos a freqüência essas
correntes inicialmente uniformemente distribuídas na seção reta dos condutores começam a se
concentrarem na superfície externa dos mesmos pelo efeito pelicular ou “skin” e também, a
intensidade dos fluxos magnéticos e elétricos na região externa aos fios começa a aumentar, e como
conseqüência boa parte da energia da fonte passa a ser radiada e as equações de Maxwell acusam
que a TCC deixa de valer. Voltando ao nosso exemplo, perceberemos que a tensão de saída

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apresentará uma tensão: vo (t ) = a cos(ωt + φ ) , com o par, amplitude e fase (a, φ ) , dependendo

fortemente da forma geométrica das fitas que unem os dois terminais. Isto é, para cada configuração
teremos um par (a, φ ) diferente. O que está ocorrendo sugere que a tensão na saída passou a
depender da geometria, ou seja, da posição, ou melhor dizendo, das coordenadas espaciais.
Vamos tentar quantificar esta situação. Como boa parte da energia aplicada na entrada está
sendo radiada além de conduzida, usando o nosso conhecimento de EE540, que nos diz que
qualquer onda eletromagnética pode ser representada como uma superposição de ondas planas,
então com certeza qualquer que seja a radiação lançada conterá componentes de campo seja elétrico
ou magnético, variando conforme: F = F0 cos(ωt − k ir ) . Esta expressão representa uma onda que se

propaga na direção de vetor de onda, k , ortogonal a F0 . Observe que F aqui representa o campo

elétrico E , ou o magnético H . Lembre também que E , H , k formam um triedro direito,


característica básica de uma onda plana.
Percebemos claramente que surge uma fase φ = k ir que depende das coordenadas espaciais.

Vamos estimar essa fase assumindo r = L , com L expressando uma dimensão representativa da
placa, digamos o maior vetor diagonal da mesma. Assumindo k paralelo a L (pior caso), teremos

então: φ = kL . Como, k = , com λ , o comprimento de onda no meio onde o circuito está
λ
imerso, podemos tomar o ar como pior caso (maior comprimento de onda). Desta forma temos:
L
φ = 2π Le , com Le = , sendo o chamado comprimento elétrico.
λ
Como comentamos acima, tudo depende da freqüência e do tamanho do circuito em questão,
ou mais precisamente do comprimento elétrico do mesmo. Se o comprimento elétrico for
suficientemente pequeno tal que a fase φ possa ser considerada desprezível, aqui a TCC pode ser
adotada, senão, teremos que usar a teoria eletromagnética, ou seja, as equações de Maxwell, ou em
outras palavras, os conceitos de ondas guiadas que serão passados nesta disciplina (EE754). As
Tabelas 1 e 2 nos dão uma noção de como variam essas grandezas.

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Placa de circuito impresso
(Face simples)
Fitas condutoras (Cobre)

a b
a’ b’

Dielétrico

(a)

Fitas condutoras (Cobre)

a b
a’ b’

Dielétrico

(b)

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a b
a’ b’

Dielétrico

(c)

a b
a’ b’

Dielétrico

(d)

Figura 1. Diferentes formas de conectar dois terminais numa placa de circuito impresso.

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f (Hz) λ (m) L (m) Le φ (graus)
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-07 2,0E-14 7,2E-12
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-07 3,3E-13 1,2E-10
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-07 3,3E-10 1,2E-07
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-07 3,3E-07 1,2E-04
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-07 3,3E-04 1,2E-01
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-07 3,3E-01 1,2E+02
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-06 2,0E-13 7,2E-11
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-06 3,3E-12 1,2E-09
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-06 3,3E-09 1,2E-06
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-06 3,3E-06 1,2E-03
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-06 3,3E-03 1,2E+00
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-06 3,3E+00 1,2E+03
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-05 2,0E-12 7,2E-10
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-05 3,3E-11 1,2E-08
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-05 3,3E-08 1,2E-05
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-05 3,3E-05 1,2E-02
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-05 3,3E-02 1,2E+01
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-05 3,3E+01 1,2E+04
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-04 2,0E-11 7,2E-09
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-04 3,3E-10 1,2E-07
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-04 3,3E-07 1,2E-04
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-04 3,3E-04 1,2E-01
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-04 3,3E-01 1,2E+02
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-04 3,3E+02 1,2E+05
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-03 2,0E-10 7,2E-08
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-03 3,3E-09 1,2E-06
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-03 3,3E-06 1,2E-03
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-03 3,3E-03 1,2E+00
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-03 3,3E+00 1,2E+03
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-03 3,3E+03 1,2E+06

Tabela 1

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f (Hz) λ (m) L (m) Le φ (graus)
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-02 2,0E-09 7,2E-07
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-02 3,3E-08 1,2E-05
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-02 3,3E-05 1,2E-02
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-02 3,3E-02 1,2E+01
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-02 3,3E+01 1,2E+04
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-02 3,3E+04 1,2E+07
6,0E+01 5,0E+06 1,0E-01 2,0E-08 7,2E-06
1,0E+03 3,0E+05 1,0E-01 3,3E-07 1,2E-04
1,0E+06 3,0E+02 1,0E-01 3,3E-04 1,2E-01
1,0E+09 3,0E-01 1,0E-01 3,3E-01 1,2E+02
1,0E+12 3,0E-04 1,0E-01 3,3E+02 1,2E+05
1,0E+15 3,0E-07 1,0E-01 3,3E+05 1,2E+08
6,0E+01 5,0E+06 1,0E+00 2,0E-07 7,2E-05
1,0E+03 3,0E+05 1,0E+00 3,3E-06 1,2E-03
1,0E+06 3,0E+02 1,0E+00 3,3E-03 1,2E+00
1,0E+09 3,0E-01 1,0E+00 3,3E+00 1,2E+03
1,0E+12 3,0E-04 1,0E+00 3,3E+03 1,2E+06
1,0E+15 3,0E-07 1,0E+00 3,3E+06 1,2E+09
6,0E+01 5,0E+06 1,0E+02 2,0E-05 7,2E-03
1,0E+03 3,0E+05 1,0E+02 3,3E-04 1,2E-01
1,0E+06 3,0E+02 1,0E+02 3,3E-01 1,2E+02
1,0E+09 3,0E-01 1,0E+02 3,3E+02 1,2E+05
1,0E+12 3,0E-04 1,0E+02 3,3E+05 1,2E+08
1,0E+15 3,0E-07 1,0E+02 3,3E+08 1,2E+11
6,0E+01 5,0E+06 1,0E+03 2,0E-04 7,2E-02
1,0E+03 3,0E+05 1,0E+03 3,3E-03 1,2E+00
1,0E+06 3,0E+02 1,0E+03 3,3E+00 1,2E+03
1,0E+09 3,0E-01 1,0E+03 3,3E+03 1,2E+06
1,0E+12 3,0E-04 1,0E+03 3,3E+06 1,2E+09
1,0E+15 3,0E-07 1,0E+03 3,3E+09 1,2E+12

Tabela 2

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1.3 Classificação geral dos guias de onda

Considere agora que temos dois fios condutores com alguns metros de comprimento, pela
Tabela 2, percebemos que para freqüências da ordem de 1 MHz, o ângulo φ , que nos revela a
“presença” da variação espacial passa a ser perceptível. Logo para essas freqüências devemos ter
radiação eletromagnética (fluxos elétrico e magnético) significativa fora dos fios. Se ainda
quisermos usar esses fios para transmitir energia com certa eficiência, devemos reduzir a energia
radiada. Intuitivamente, devemos aproximar esses dois fios para que essa energia eletromagnética
fique concentrada entre eles, surge então o conceito de guia ou linha de transmissão (LT). Esta
configuração é na verdade a LT mais simples possível: dois fios paralelos suficientemente
próximos, temos a chamada linha bifilar. Para garantir a rigidez mecânica os fios precisam ser
encapsulados num dielétrico flexível. Um exemplo típico é a linha comumente usada para conectar
os aparelhos de TV com suas antenas.
Conforme veremos na teoria geral dos guias de onda, existem duas grandes classes de
modos que podem se propagar através de um guia, os chamados TEM (Tansversal
Eletromagnético), os quais requerem dois condutores pelo menos, e os chamados não-TEM. Estes
últimos podem ser, TE (Transversal Elétrico), TM (Transvesal Magnético), ou Híbridos: TE/TM.
Esta segunda classe de modos apresenta características de corte (freqüências de corte) ao contrário
da primeira. Os guias que operam propagando modos TEM são chamados, por questões históricas
de Linhas de Transmissão (LT), os guias que propagam os outros tipos de modos, são chamados de
guias propriamente ditos, ou simplesmente de guias. Os guias podem ser fechados ou blindados por
condutores, ou não blindados ou abertos.
Conforme a freqüência aumenta as perdas por unidade de comprimento nos condutores, se
fazem cada vez maiores, devido ao efeito pelicular. Operar a freqüências mais altas nos permite o
uso de bandas mais largas e transmitir taxas maiores de informação. Logo, se queremos operar em
altas freqüências, da ordem de Terahertz (THz), faz-se necessário eliminar o uso de metais:
devemos usar dielétricos, os mais transparentes possíveis à radiação eletromagnética: surge assim a
chamada fibra óptica, a qual é feita de vidro e propaga modos híbridos. As figuras a seguir ilustram
os diversos tipos de LTs e guias.

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Cabo Coaxial

Antenas de microfita alimentadas por LT de microfita

11
Guias Metálicos

12
Guia fotônico de silício e ressoador em anel.
Componentes usados em comunicações ópticas WDM
(Wavelength Division Multiplexing)

13
Fibra Monomodo

Acoplador Conectores

14
1 Km de fibra óptica iluminada por um laser de
Argônio

15
2. LINHAS DE TRANSMISSÃO (já estudadas na 1ª
parte)
3. GUIAS DE ONDAS

3.1. TEORIA GERAL DOS GUIAS DE ONDAS HOMOGÊNEOS

Nessa seção examinaremos algumas características da propagação das ondas


eletromagnéticas ao longo de um guia de ondas uniforme e com seção transversal arbitrária, como
ilustra a Figura 3.1. Para tanto, consideremos as equações de Faraday e Ampère na forma pontual,
respectivamente:

∇ × e ( r, t ) = − b ( r, t ) , (3.1a)
∂t

∇ × h ( r, t ) = d ( r, t ) , (3.1b)
∂t

onde e ( r,t ) , h ( r,t ) , d ( r,t ) e b ( r,t ) são os campos elétrico, magnético, densidade de fluxo

elétrico, magnético, respectivamente. Como podemos observar pelas Eqs. (3.1), as funções vetoriais
descrevem o comportamento dos campos em qualquer ponto no interior do guia e em qualquer
instante de tempo, contudo, as soluções dos campos elétrico e magnético serão obtidas no domínio
da freqüência. Assim, aplicando a transformada de Fourier aos campos elétrico e magnético
instantâneos, teremos esses campos descritos no domínio da freqüência, como descrito abaixo,


ℑ ( e ) = E ( r, ω ) = ∫ e ( r, t ) exp ( jωt ) dt , (3.2a)
−∞


ℑ ( h ) = H ( r, ω ) = ∫ h ( r, t ) exp ( jωt ) dt , (3.2b)
−∞

onde, E ( r, ω ) e H ( r, ω ) são os campos elétricos e magnéticos no domínio da freqüência,

respectivamente. Aplicando as relações (3.2) às Eqs. (3.1), temos que:

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∇ × E ( r, ω ) = − jωB ( r, ω ) , (3.3a)

∇ × H ( r, ω ) = jω D ( r, ω ) , (3.3b)

Figura 3.1: Guia de onda uniforme com seção transversal arbitrária.

onde os campos elétrico e magnético estão relacionados com as densidades de fluxo, no domínio da
freqüência, através das relações constitutivas abaixo:

D ( r, ω ) = ε ( r, ω ) E ( r, ω ) , (3.4a)

B ( r, ω ) = μ ( r, ω ) H ( r, ω ) , (3.4b)

onde ε ( r, ω ) e μ ( r, ω ) são a permissividade e a permeabilidade relativas do meio. A dependência

desses parâmetros com a posição indica que o meio é inomogêneo, isto é, suas características
eletromagnéticas dependem da posição espacial; a dependência dos parâmetros constitutivos com a
freqüência indica que o meio é dispersivo, isto é, suas características eletromagnéticas dependem da
freqüência de operação. Assumindo que os guias aqui analisados são homogêneos, então:

ε ( r, ω ) = ε (ω ) , (3.5a)

μ ( r, ω ) = μ (ω ) . (3.5b)

Levando em conta das Eqs. (3.5), as Eqs. (3.4) podem ser escritas, para meios homogêneos e não-
dispersivos, na forma:

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D ( r, ω ) = ε (ω ) E ( r, ω ) , (3.6a)

B ( r, ω ) = μ (ω ) H ( r, ω ) . (3.6b)

A solução dos campos elétrico e magnético no interior do guia de ondas, pode ser obtida
desacoplando as Eqs. (3.3). Assim, aplicando rotacional na (3.3a) (Lei de Faraday), e usando a
relação (3.6b), temos:
∇ ×∇ × E = − jωμ∇ × H , (3.7)

onde, por simplicidade, a dependência dos campos com a posição e a freqüência, e dos parâmetros
constitutivos com a freqüência, foi omitida. Substituindo a (3.3b) (Lei de Ampère) em (3.7), e
usando a relação (3.6a), temos:

∇ × ∇ × E = − jωμ ( jω D ) = − jωμ ( jωε E ) ,

∇ ×∇ × E = ω 2 με E . (3.8)
Usando a identidade vetorial,

∇ × ∇ × A = ∇ ( ∇ ⋅ A ) − ∇2 A ,

a Eq. (3.8) pode ser reescrita na forma:

∇ ( ∇ ⋅ E ) − ∇ 2 E = ω 2 με E .

Contudo, usando a Lei de Gauss Elétrica para uma região homogênea, livre de cargas:
∇ ⋅ D = ∇ ⋅ ( ε E ) = ε∇ ⋅ E = 0

e, assim,
∇ 2 E + ω 2 με E = 0 . (3.9a)

Da mesma forma, tomando o rotacional sobre a (3.3b) (Lei de Ampère), podemos obter uma
equação dual à (3.9a), isto é:
∇ 2 H + ω 2 με H = 0 . (3.9b)

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As Eqs. (3.9) são demoninadas equação vetorial homogênea de Helmholtz, e podem ser sintetizada
na forma,
⎧E ⎫ ⎧E ⎫
∇2 ⎨ ⎬ + k 2 ⎨ ⎬ = 0 , (3.10)
⎩H ⎭ ⎩H ⎭

onde k = ω με é número de onda.

Vamos agora considerar um guia de ondas de seção reta arbitrária contida no plano xy ,
como mostra a Figura 3.1, e assumir a direção axial z como sendo a direção de propagação.
Vamos, então, propor soluções modais para os campos eletromagnéticos, isto é, soluções do tipo,

⎧ E ⎫ ⎪⎧ E ( x, y ) ⎪⎫
0

=
⎨ ⎬ ⎨ 0 ⎬ exp ( −γ z ) . (3.11)
⎩H ⎭ ⎩⎪H ( x, y ) ⎭⎪
Estas soluções, chamadas de modos, pressupõem ondas que podem se propagar ao longo do eixo do
guia, da forma mais eficiente possível, ou seja, comportamento não propagante na transversal, e
puramente propagante ao longo do eixo do guia, ou seja, na direção z.

Assumindo a solução (3.11), os campos elétrico e magnético, assim como o operador ∇ 2 , podem
ser divididos em suas componentes transversais e longitudinais à direção de propagação. Assim:

∇ 2 = ∇ T2 +∇ 2z , (3.12a)

E = ET + E z , (3.12b)
H = HT + H z . (3.12c)

Utilizando as Eqs. (3.11) e (3.12), a Eq. (3.10) pode ser decomposta em suas componentes
transversal e paralela à direção de propagação. Dessa forma:

⎧ E0 ⎫ ⎧ E0 ⎫
∇T2 ⎨ T0 ⎬ + h 2 ⎨ T0 ⎬ = 0 , (3.13a)
⎩HT ⎭ ⎩ HT ⎭
⎧ E0 ⎫ ⎧ E0 ⎫
∇ 2z ⎨ z0 ⎬ + h 2 ⎨ z0 ⎬ = 0 , (3.13b)
⎩H z ⎭ ⎩H z ⎭
onde,

19
h2 = γ 2 + k 2 . (3.14)

Como as várias componentes dos campos elétrico e magnético não são independentes, não é
necessário resolver as seis equações diferenciais parciais de segunda ordem para as seis
componentes de E e H . Para examinar a interdependência entre as seis componentes de campo,
vamos expandir, em coordenadas cartesianas, as duas equações rotacionais de Maxwell. Assim,
expandindo a equação de Faraday, temos:

∂Ez0
+ γ E y0 = − jωμ H x0 , (3.15a)
∂y

∂Ez0
−γ Ex0 − = − jωμ H y0 , (3.15b)
∂x
∂E y0 ∂Ex0
− = − jωμ H z0 . (3.15c)
∂x ∂x

Expandindo a equação de Ampère,

∂H z0
+ γ H y0 = jωε Ex0 , (3.16a)
∂y

∂H z0
−γ H x0 − = jωε E y0 , (3.16b)
∂x
∂H y0 ∂H x0
− = jωε Ez0 . (3.16c)
∂x ∂x

Comparando as Eqs. (3.15) e (3.16) observamos a dualidade que existe entre as equações de
Faraday e Ampère, resumida na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Relações de dualidade entre as grandezas eletromagnéticas.

E→H

H → −E

μ →ε

20
ε →μ

Manipulando as Eqs. (3.15) e (3.16) podemos escrever as componentes transversais dos campos
elétrico e magnético ( Ex0 , E y0 , H x0 , H y0 ) em termos das duas componentes longitudinais ( Ez0 , H z0 ).

Dessa forma, temos:

1 ⎛ ∂H z0 ∂Ez0 ⎞
H x0 = − ⎜ γ − jωε ⎟ (combinando (3.15a) e (3.16b)) (3.17a)
h 2 ⎝ ∂x ∂y ⎠

1 ⎛ ∂H z0 ∂Ez0 ⎞
H y0 = − ⎜ γ + jωε ⎟ (combinando (3.15b) e (3.16a)) (3.17b)
h 2 ⎝ ∂y ∂x ⎠

1 ⎛ ∂Ez0 ∂H z0 ⎞
E = − 2 ⎜γ
0
+ jωμ ⎟ (combinando (3.15b) e (3.16a)) (3.17c)
h ⎝ ∂x ∂y ⎠
x

1 ⎛ ∂Ez0 ∂H z0 ⎞
E y0 = − ⎜ γ − jωμ ⎟ (combinando (3.15a) e (3.16b)) (3.17d)
h 2 ⎝ ∂y ∂x ⎠

Os pares de equações (3.17a), (3.17b), e, (3.17c), (3.17d), podem ser escritos respectivamente, nas
seguintes formas compactas:

γ jωε
HT0 = − 2
∇T H z0 +
2
∇T × E0z (3.17.1)
h h
γ jωμ
ET0 = − 2 ∇T Ez0 − 2 ∇T × H 0z (3.17.2)
h h

Por outro lado, as equações (3.15c) e (3.16c), podem ser escritas respectivamente, nas formas
compactas abaixo:

∇T × ET0 = − jωμ H z0 (3.17.3)


∇T × HT0 = jωε Ez0 (3.17.4)

As equações (3.17.1) e (3.17.2) nos permitem calcular explicitamente as componentes transversais


dos campos a partir das axiais. Já as (3.17.3) e (3.17.4) permitem o cálculo das componentes axiais
a partir das transversais. Observe que (3.17.1) e (3.17.2) são duais, assim como também, as (3.17.3)
e (3.17.4).

21
Como certamente a (3.13b) é mais simples que a (3.13a), por ser escalar, prescrevemos aqui, a
estratégia de cálculo que adotaremos para determinarmos os modos dos guias a serem estudados
nesta matéria: em primeiro lugar, resolveremos a equação de Helmholtz (3.13b) para as
componentes longitudinais Ez0 , H z0 , aplicando as condições de contorno correspondentes, e a
seguir, usando as (3.17.1) e (3.17.2), determinaremos as outras componentes de campo.

Para facilitar a análise, é conveniente classificar os modos de um guia uniforme em três


tipos, dependendo a presença ou ausência dos campos Ez0 e H z0 : TEM (Transversal elétrico e
Magnético), TM (Transversal Magnético) e TE (Transversal Elétrico).

• MODOS TEM (TRANSVERSAL ELÉTRICO E MAGNÉTICO)

Já discutimos esse tipo de onda eletromagnética quando analisamos as linhas de transmissão e as


ondas planas em meios ilimitados (visto em EE540). Nesse tipo de solução, temos Ez0 = H z0 = 0 e,

portanto, os campos ET0 e HT0 serão nulos, a menos que h = 0 . Em outras palavras, modos TEM
existirão somente quando:

γ TEM
2
+ k2 = 0 , (3.18a)
ou,
γ TEM = jk = jω με , (3.18b)

que é a mesma expressão para a constante de propagação de uma onda uniforme em um meio sem
fronteiras caracterizados pelos parâmetros constitutivos μ e ε . A velocidade de propagação
(velocidade de fase) das ondas TEM é dada pela expressão:
ω 1
u= = [ m/s] . (3.19)
k με

Podemos obter a razão entre Ex0 e H y0 a partir das Eqs. (3.15b) e (3.16a) fazendo Ez0 e H z0

nulos. Esta razão é denominada impedância dos modos TEM. Assim,

Ex0 jωμ γ TEM


Z TEM = = = (3.20)
H y γ TEM
0
jωε

22
na qual, substituindo a relação (3.18b), torna-se:

μ
Z TEM = = η [ Ω] . (3.21)
ε

Observe que Z TEM é igual à impedância intrínseca de um meio dielétrico sem fronteiras. É
conveniente destacar que se o meio for não dispersivo, tanto a velocidade de fase quanto a
impedância intrínseca das ondas TEM são grandezas independentes da freqüência de operação.
Fazendo Ez0 = 0 na Eq. (3.15a) e H z0 = 0 na Eq. (3.16b), obtemos:

E y0
= − Z TEM = −η . (3.22)
H x0

As Eqs. (3.21) e (3.22) podem ser combinadas para obtermos uma expressão vetorial relacionando
os campos elétrico e magnético das ondas TEM:

1
H= z×E , (3.23)
Z TEM

que, novamente, nos remete às relações para um onda plana uniforme em um meio sem fronteiras.
As Eqs. (3.17.2) e (3.17.3) podem ser reescritas, respectivamente, como:

∇T × ET0 = ∇T × E = 0 , (3.24a)

∇T × HT0 = ∇T × H = 0 . (3.24b)

As Eqs. (3.24) nos mostram que os campos ET0 e HT0 são campos conservativos, como os campos
estáticos estudados em EE521. Logo, concluímos que modos TEM não podem existir em um guia
de ondas com um único condutor, pois são necessários no mínimo dois condutores para termos
soluções não nulas.

• MODOS TM (TRANSVERSAL MAGNÉTICO)

23
Os modos TM são soluções cuja componente do campo magnético na direção de propagação
é nula, isto é, H z0 = 0 . O comportamento dos modos TM pode ser analisado resolvendo a Eq. (3.10)

para Ez0 , aplicar as condições de contorno do guia e, usando as (3.17.1) e (3.17.2), determinar as

outras componentes de campo. Reescrevendo a (3.10) para Ez0 temos:

∇T2 Ez0 + h 2 Ez0 = 0 . (3.25)

De (3.17.1) e (3.17.2) podemos escrever, respectivamente:

jωε
HT0 = 2
∇T × E0z , (3.26a)
h
γ2
E =−
0
T 2
∇T Ez0 . (3.26b)
h

A impedância de onda para os modos TM pode ser obtida combinando as Eqs. (3.16a) e (3.16b). e,
portanto:
Ex0 E y0 γ
Z TM = 0 =− 0 = [ Ω] . (3.27)
Hy Hx jωε

• MODOS TE (TRANSVERSAL ELÉTRICO)

De forma análoga ao caso TM, os modos TE são soluções cuja componente do campo
elétrico na direção de propagação é nula, isto é, Ez0 = 0 . O comportamento dos modos TE pode ser

analisado resolvendo a Eq. (3.10) para H z0 , aplicando as condições de contorno correspondentes e,


usando as (3.17.1) e (3.17.2), determinar as outras componentes de campo. Reescrevendo Eq. (3.10)
para H z0 temos:

∇T2 H z0 + h 2 H z0 = 0 . (3.28)

24
Das (3.17.1) e (3.17.2) podemos escrever, respectivamente:

γ2
H =−
0
T 2
∇T H z0 , (3.29a)
h
jωμ
ET0 = − ∇T × H 0z . (3.29b)
h2

A impedância de onda para os modos TE pode ser obtida combinando as Eqs. (3.15a) e (3.15b). e,
portanto:
Ex0 E y0 jωμ
Z TE = 0 =− 0 = [ Ω] . (3.30)
Hy Hx γ

Analisando as (3.25) e (3.28) vemos que a solução da equação de onda resume-se a um


problema de autovalores, onde os campos Ez0 e/ou H z0 são os autovetores e h 2 os autovalores. A
solução de (3.22) e (3.23) é possível para infinitos valores (discretos ou contínuos, dependendo se o
guia é blindado ou aberto) de h (não nulos) e, portanto, tanto o campo Ez0 quanto H z0 admitem
infinitas soluções. Da (3.14) temos,

γ = h2 − k 2 ,

γ = h 2 − ω 2 με . (3.31)

Da análise da (3.31) vemos a possibilidade de duas faixas distintas para os valores da constante de
propagação: valores imaginários e valores reais. Tomando o caso em que γ = 0 , temos:

ωc2 με = h 2 , (3.32)
ou,
h
fc = [ Hz ] . (3.33)
2π με

A freqüência f c , freqüência para a qual γ = 0 , é denominada freqüência de corte. Observe que o


valor da freqüência de corte de um determinado modo em uma guia de onda depende do autovalor
do referido modo. Assim, usando a (3.33) podemos reescrever a (3.31) sob a forma,

25
2
⎛ f ⎞
γ = h 1− ⎜ ⎟ . (3.34)
⎝ fc ⎠

Existem duas faixas distintas de γ que podem ser definidas em termos da relação ( f f c ) , quando
2

comparada com a unidade. Assim:


2
⎛ f ⎞
a. ⎜ ⎟ > 1 , ou f > f c :
⎝ fc ⎠

f > fc

( 2π f ) > ( 2π f c )
2 2

ω 2 > ωc2

ω 2 με > ωc2 με

k 2 > h2 (3.35)

Levando a relação (3.35) na Eq. (3.31) temos:

2
⎛h⎞
γ = j β = j k − h = jk 1 − ⎜ ⎟ .
2 2

⎝k⎠

ωc2 με
γ = jk 1 −
ω 2 με
2
⎛ f ⎞
γ = jk 1 − ⎜ c ⎟ , (3.36a)
⎝ f ⎠
e, portanto, identificamos a constante de fase, β , ( γ = j β )
2
⎛ f ⎞
β = k 1− ⎜ c ⎟ [ rad/m ] . (3.36b)
⎝ f ⎠

O comprimento de onda no guia, associado ao β , será:

26
2π λ
λg = = >λ,
β 1 − ( fc f )
2 (3.37)

onde,
2π 1 u
λ= = = , (3.38)
k f με f

é o comprimento de onda de uma onda plana com freqüência f em um meio ilimitado,


caracterizado pelas constantes μ e ε . A (3.14) pode ser rearranjada, estabelecendo uma relação
simples entre λ , o comprimento de onda no guia λg e o comprimento e onda de corte λc = u p f c .

Dessa forma:
h2 = γ 2 + k 2 ,

h2 = −β 2 + k 2
2
⎛ 2π ⎞ ⎛ 2π ⎞ 2
2
⎛ 2π ⎞
⎜ ⎟ = − ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜ ⎟ ,
⎝ λc ⎠ ⎝ λg ⎠ ⎝ λ ⎠
2
⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞ ⎛1⎞
2 2

+ =
⎜ ⎟ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎜ ⎟ . (3.39)
⎝ λc ⎠ ⎝ λg ⎠ ⎝ λ ⎠

A velocidade de fase no guia é dada por:

ω u
up = = ,
β 1 − ( fc f )
2 (3.40a)

λg
up = u >u. (3.40b)
λ

Vemos, pelas Eqs. (3.40), que a velocidade de fase em um guia de ondas é sempre maior que a
velocidade em um meio ilimitado e é dependente da freqüência. Portanto, os guias de ondas de
condutor único são meios de transmissão dispersivos, enquanto um meio sem perdas e sem
fronteiras é não-dispersivo. A velocidade de grupo da onda propagante no guia é determinada por:
2
dω ⎛ f ⎞
ug = = u 1− ⎜ c ⎟ , (3.41a)
dβ ⎝ f ⎠

27
λ
ug = u<u. (3.41b)
λg

Combinando as Eqs. (3.40b) e (3.41b), temos:

ug u p = u 2 , (3.42)
e,

u p > u > ug . (3.43)

Em um guia de ondas sem perdas a velocidade de propagação do sinal (velocidade de transporte de


energia) é igual à velocidade de grupo.
As impedâncias dos modos TM e TE, para f > f c , poderão ser facilmente determinadas
levando a relação (3.36a) nas (3.27) e (3.30), respectivamente. Assim:

2
⎛ f ⎞
Z TM = η 1− ⎜ c ⎟ < η , (3.44a)
⎝ f ⎠
η
Z TE = >η (3.44b)
1 − ( fc f )
2

As Eqs. (3.44) mostram que as impedâncias de onda dos modos propagantes TE e TM em um guia
de ondas sem perdas são puramente resistivas. As variações de Z TM e Z TE (normalizadas em relação

à η ) versus f c f , para f > f c , são apresentadas no gráfico da Figura 3.2.

2
⎛ f ⎞
b. ⎜ ⎟ < 1 , ou f < f c :
⎝ fc ⎠
f < fc ,

( 2π f ) < ( 2π f c )
2 2

28
Figura 3.2: Guia de onda uniforme com seção transversal arbitrária.

ω 2 < ωc2

ω 2 με < ωc2 με

k 2 < h2 (3.45)

Levando a relação (3.45) Eq. (3.31) temos:

2
⎛ f ⎞
γ = α = h − k = h 1− ⎜ ⎟ ,
2 2
(3.46)
⎝ fc ⎠

onde α é a constante de atenuação [Np/m]. Como todos as componentes de campo contém o fator
de propagação exp ( −γ z ) = exp ( −α z ) , a onda atenua-se rapidamente à medida que se propaga e é

chamada onda evanescente. Dessa forma, o guia de ondas apresenta características de um filtro
passa-altas. Para um determinado modo, somente as ondas com freqüência maior que a freqüência
de corte do modo poderá se propagar no guia.

Substituindo a relação (3.46) nas Eqs. (3.27) e (3.30) obtemos, respectivamente, as


impedâncias dos modo TE e TM para f < f c :

29
2
⎛ f ⎞
h
Z TM =−j 1− ⎜ c ⎟ (Capacitiva) (3.47a)
ωε ⎝ f ⎠
ωμ 1
Z TE = j (Indutiva) (3.47b)
h 1 − ( fc f )
2

Observe que tanto a impedância dos modos evanescentes TM quanto a impedância dos modos
evanescentes TE, em freqüências abaixo da freqüência de corte, são puramente reativas, indicando
que não há fluxo de potência associado às ondas evasnescentes. Podemos, também, chegar
facilmente a esta conclusão analisando diretamente a potência média transmitida em um guia. Dessa
maneira:

Pz =
1
2
{
Re ET0 × ( HT0 ) ⋅ z ,

}
Pz =
1
2 {( ∗
) (
Re Ex0 x + E y0 y × ( H x0 ) x + ( H y0 ) y ⋅ z ,

) }
Pz =
1
2
{
Re Ex0 ( H y0 ) − E y0 ( H x0 ) .
∗ ∗
} (3.48a)

Assim, quando ( Ex0 , H y0 ) e ( E y0 , H x0 ) estão em fase (impedância puramente real) Pz ≠ 0 e, portanto,

temos uma onda propagante. Quando ( Ex0 , H y0 ) e ( E y0 , H x0 ) estão defasada de 90 (impedância

{
puramente reativa), o termo Ex0 ( H y0 ) − E y0 ( H x0 )
∗ ∗
} é puramente imaginário e P = 0 . Nesse caso
z

temos uma onda evanescente. Usando a definição da impedância, (3.48a) pode ser escrita como:

⎧ 0 2

1
Pz = Re Z HT0
2
{ 2
} 1 ⎪ ET
= Re ⎨
2 ⎪ Z

⎬.
⎪⎭
(3.48b)

observamos que de forma análoga ao que foi colocado acima, se a impedância, Z, for real (onda
propagante) existe fluxo de potência, caso contrário (onda evanescente), tal fluxo não existe.

30
Exemplo 3.1:

(a) Determine a impedância de onda e o comprimento de onda no guia, para os modos TE e TM,
na freqüência igual a 2 f c ;

fc
(b) Repita o item (a) para f = ;
2
(c) Qual são a impedância de onda e o comprimento de onda no guia para o modo TEM?

Solução:

(a) Para f = 2 f c operamos acima da freqüência de corte e, portanto, temos modos


propagantes no guia. Usando as Eqs. (3.44), temos que:
Z TM = 0,866η < η ,

Z TE = 1,155η > η .

Como os modos TE e TM são modos degenerados, a partir das Eqs. (3.37), temos:

λg TM
= 1,155λ > λ ,

λg TE
= 1,155λ > λ .

fc
(b) Para f = operamos abaixo da freqüência de corte e, portanto, temos modos
2
evanescentes no guia. Assim, usando as Eqs. (3.47), temos

Z TM = − j 0,866η (impedância capacitiva),

Z TE = j1,155η (impedância indutiva).

(c) O modo TEM não apresenta freqüência de corte e h = 0 , assim:

Z TEM = η ,

λTEM = λ

31
Para modos propagantes, γ = j β e a variação de β versus freqüência determina as
características da onda ao longo do guia. É interessante, então, traçarmos e examinarmos o
diagrama ω − β , também conhecido como diagrama de Brillouin. A Figura 3.3 apresenta tal
diagrama, em que a linha pontilhada, que passa pela origem, representa a relação ω − β para o

modo TEM. A inclinação constante dessa reta é ω β = u = 1 με , que é igual à velocidade da luz
em um meio dielétrico ilimitado com parâmetros constitutivos μ e ε .
A curva sólida indicada a relação típica ω − β para os modos propagantes TM ou TE, cuja
equação é determinada por (3.36b). Assim, podemos escrever:

⎛ f ⎞
⎜ ⎟
⎝ fc ⎠

P
θ
φ
ψ

βu (3.49)
ω= .
1 − ( ωc ω )
2

A curva ω − β de um modo TE ou TM intercepta o eixo ω ( β = 0) em ω = ωc . Para altas

freqüências a curva ω − β tende assintoticamente à reta ω = β u , cuja inclinação, tg(θ ) , é igual a

32
u . A tangente da reta que une a origem a qualquer ponto da curva com o ponto P , tg(φ ) , é igual à
velocidade de fase, u p . A inclinação local, tg(ψ ) , da curva ω − β no ponto P é igual à velocidade

de grupo, u g . Lembramos que, para os modos propagantes TE e TM em um guia de ondas, u p > u

e u g < u , como destaca a (3.43). A curva ilustrada na Figura 3.3 mostra, ainda, que quando a

freqüência de operação está muito acima da freqüência de corte do modo, tanto u p quanto u g se

aproximam assintoticamente de u .

Exemplo 3.2:

Obtenha um gráfico mostrando a relação entre a constante de atenuação α a freqüência de


operação f para modos evanescentes em um guia de ondas.
Solução:

Para os modos evanescentes TM e TE , temos f < f c , e aplicando a (3.46), temos:

2
⎛ fc ⎞
⎜ α ⎟ + f = fc .
2 2

⎝ h ⎠

Normalizando,
2
⎛α ⎞ ⎛ f ⎞
2

⎜ ⎟ +⎜ ⎟ =1
⎝ h ⎠ ⎝ fc ⎠

Dessa forma, o gráfico de (α h ) versus a freqüência normalizada, ⎛⎜ f ⎞⎟ , é uma circunferência


⎝ fc ⎠
centrada na origem e com raio unitário. O valor de α para qualquer f < f c pode ser encontrada a
partir do quarto de circunferência mostrada na Figura 3.4.

33
Figura 3.4: Relação entre a constante de atenuação e a freqüência de operação para modos evanescentes.

34

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