Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
100
Ivo Tonet
102
Ivo Tonet
Quando o homem efetivo, corpóreo, com os pés bem firmes sobre a terra, as-
pirando e expirando suas forças naturais, assenta suas forças essenciais objetivas
e efetivas como objetos estranhos mediante sua exteriorização (Entäusserung),
este (ato de) assentar não é o sujeito; é a subjetividade de forças essenciais
objetivas, cuja ação, por isso, tem também que ser objetiva. O ser objetivo atua
objetivamente e não atuaria objetivamente se o objetivo (Gegenständliche) não
estivesse posto em sua determinação essencial. Ele cria, assenta apenas obje-
tos, porque ele é assentado mediante esses objetos, por que é, desde a origem,
natureza (weil es von Haus aus Natur ist). No ato de assentar não baixa, pois, de
sua “pura atividade” a um criar do objeto, mas sim seu produto objetivo apenas
confirma sua atividade objetiva, sua atividade enquanto atividade de um ser
natural objetivo.
105
Método Científico: uma abordagem ontológica
Meu método dialético, por seu fundamento, difere do método hegeliano, sen-
do a ele inteiramente oposto. Para Hegel, o processo do pensamento, (...) é
o criador do real, e o real é apenas sua manifestação externa. Para mim, ao
contrário, o ideal não é mais do que o material transposto para a cabeça do ser
humano e por ela interpretado.
Não basta, contudo, a boa vontade do sujeito para que ele pos-
sa subordinar-se à lógica do objeto. Evidentemente, todo cientista
honesto pretende conhecer a realidade. Para isso, ele terá que pro-
ceder de modo rigoroso em sua atividade teórica. Na perspectiva
gnosiológica moderna, o rigor lógico, a vigilância epistemológica,
a aplicação correta do método e a seriedade do cientista, além dos
procedimentos coletivos institucionais, são as garantias possíveis –
nunca absolutas – para a produção de um conhecimento verdadeiro.
Na perspectiva marxiana, contudo, o rigor, a vigilância, a serie-
dade e os procedimentos intersubjetivos são necessários, mas não
suficientes. Existe outra condição que intervém decisivamente na
elaboração do conhecimento. Trata-se do ponto de vista de classe.
Mesmo que desconhecida ou rejeitada, essa condição sempre esteve
presente desde que existem classes sociais. Na perspectiva ontológi-
ca marxiana, porém, esta condição é admitida de modo claro e explí-
cito. Essa admissão é ainda mais clara quando se trata da perspectiva
da classe trabalhadora, pois esta é afirmada, a partir da entrada em
cena do proletariado, como condição essencial para a produção do
conhecimento mais verdadeiro possível.
Por que essa condição é essencial?
Porque, na medida em que o conhecimento tem como sujeito
fundamental as classes sociais, não basta o empenho do indivíduo,
nem mesmo a socialização deste empenho, para que se produza co-
nhecimento verdadeiro. Embora a verdade seja, numa perspectiva
ontológica, o conhecimento da realidade como ela é em si mesma,
não bastam a intenção, o empenho e a capacidade do pensador para
que este objetivo seja atingido. Considerando que o conhecimento
é uma mediação para a intervenção na realidade, mesmo que de
modo não imediato, não direto e não intencional, no sentido de con-
107
Método Científico: uma abordagem ontológica
111
Método Científico: uma abordagem ontológica
112