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Trans/Form/ Ação, São Paulo

5:103-106,1982.

TRADUÇÃO/TRANSLATION
O PROÊMIO DE ST. TOMÁS DE AQUINO AO o

"COMENTÁRIO À METAFÍSICA DE ARISTÓTELES".

Tradução e Introdução de Francisco Benjamin de SOUZA NETTO·

INTRODUÇÃO pulação deste como, por vezes, se diz ou


insinua. Sem deixar de constituir um pa­
Apreciar o exato alcance e o valor râmetro respeitável, a Teologia, visualiza­
dos Comentários de Sto. Tomás de Aqui­ da já como uma certa Dogmática, não pa­
no à obra de Aristóteles não é fácil empre­ receu a Tomás de Aquino impor uma di­
sa. Primeiramente, importa retriz decisória ao trabalho do "lector".
desembaraçar-se de todo o preconceito, É o que enotam as seguintes palavras:
seja ele favorável, tal o das Escolásticas "Nec video quid pertinent ad Doctrinam
recentes, seja contrário, tal o de uma his­ fidei qualiter Philosophi verba exponan­
toriografia de algum modo positivista. tur" (Responsio ad. Mag. loannem, art.
Antes de tudo, cabe visualizar, ainda que 42). De outro lado, tampouco o significa­
de relance, o universo cultural que se eri­ do meramente literal tem o primado: o
giu em sujeito pleno de uma nova leitura que se procura é a "intentio auctoris", o
do estagirita. Então, é possível divisar, de que equivale a dizer: procura-se o pensa­
um lado, o fato de a Cultura Ocidental mento deste em sua vida, em sua verdade,
cristã haver acumulado, até então, todo a letra servindo tão-somente de "terminus
um respeitável patrimônio, posto, de di­ a quo" de uma "inventio" que não se
reito ou não, sob o alto patrocínio de Sto. considera encerrada. O que a "lectio"
Agostinho. De outro, é indispensável re­ pretende é restituir ao Filósofo o exercício
cordar o espaço aberto a um pensamento vivo do seu Magistério.
mais efetivamente pensante com o surgi­
mento das Universidades e com o fato de Estas considerações são suficientes a
estas ainda se apresentarem sob a forma quem empreende a Leitura do Proêmio de
de uma interrogação que, antes de dar lu­ Sto. Tomás ao Comentário que teceu à
gar à sistematização mais tarde chamada Metafísica de Aristóteles. Nele, o que res­
escolástica, se manifesta e exerce no gêne­ salta é a unidade de pensamento e obra
ro da "quaestio". que a invenção da "intentio" origina: o
respeito a letra faz-se "reverentia" e a
Neste espaço e desafiado por uma Metafísica se desvela em sua unidade vol­
tensão entre os seus valores maiores, é que tando a ser um pensamento vivo, pensan­
se elaborou, momento após momento, o te. Isto, ao menos, pretende-o o leitor que
trabalho do Comentarista. No que este foi Tomás de Aquino, quando exerce o
consistiria? Nem na simples detectação do seu munus na provável data demarcada
significado puro do texto, nem na mani- entre os anos de 1268 e 1272.

• Departamento de Filosofia - Faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e da Documentação - UNESP


- 17.500 - Marília, SP.

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TOMAS DE AQU I N O , Santo - P roêmio ao " C omentário ã metafísica de Aristóteles " . Trad . e introd .
de Francisco Benjamin de Souza Netto . Trans/Form/ Ação, São Paulo, 5: 1 0 3 - 1 06, 1 98 2 .

S . THOMAE AQUINA TIS partieularium, intellectus per hoc ab ipso


In Duodecim Libros differre videtur , quod universalia compre­
META P H Y S I C O R U M hendit. Unde et illa scientia maxime est in­
ARISTOTEL I S tellectualis, quae circa principia maxime
Expositio universalia versatu r . Quae quidem sunt
PROOE M I U M S. T H O M A E ens, et ea quae consequuntur ens, ut
unum et multa, potentia et actu s . Huius­
Sicut docet Philosophus in modi autem non debent omnino indeter­
POLITICIS suis, quando aliqua plura or­ minata remanere cum sine his completa
dinantur ad unum , oportet unum eorum cognitio de his quae sunt propria alicui ge­
esse regulans, sive regens, et alia regula ta, neri vel speciei , haberi non possit . Nec ite­
sive recta . Quod quidem patet in unione rum in una aliqua particulari scientia trac­
animae et corporis: nam anima naturaliter tari debent: quia cum his unumquodque
imperat, et corpus obedit. Similiter etiam genus entium ad sui cognitionem indigeat,
inter animae vires: irascibilis enim et con­ pari ratione in qualibet partieulari scientia
cupiscibilis natun t li ordine per rationem tractarentur . Unde restat quod in una
reguntur . Omnes autem scientiae et artes communi scientia huiusmodi tractentur;
ordinantur in unum, scilicet ad hominis quae cum maxime intellectualis sit, est
perfectionem , quae est eius beatitudo . aliarum regulatrix .
Unde necesse est, quod una earum sit alia­
rum omnium rectrix , quae nomem sapien­ Tertio ex ipsa cognitione intellectu s .
tiae recte vindieat . Nam sapientis est alios Nam cum unaquaque r e s e x h o c ipso vim
ordinare . intellectivam habeat, quod est a materia
immunis, oportet illa esse maxime intelli­
Quae autem sit haec scientia, et circa gibilia, quae sunt maxime a materia sepa­
qualia, considerari potest, si diligenter rata . Intelligibile enim et intellectum
respiciatur quomodo est aliquis idoneus oportet pro pro tio nata esse, e unius gene­
ad regendum . Sicut enim , ut in libro prae­ ris, cum intellectus et intelligibile in actu
dieto Philosophus dicit, homines intellec­ sint unum . Ea vero sunt maxime a materia
tu vigentes, naturaliter aliorum rectores e separarata, quae nom tantum a signata
domini sunt: homines vero qui sunt ro­ materia abstrahunt, " sieut formae natu­
busti corpore, intellectu vero deficientes, rales in universali acceptae, de quibus
sunt naturaliter servi : ita scientia debet es­ tractat scientia naturalis " , sed omnino a
se naturaliter aliarum regulatrix , quae materia sensibili . Et non solum secundum
maxime intellectualis est. H aec autem est, rationem , sicut mathematica, sed etiam
quae circa maxime intelligibilia versatu r . secundum esse, sicut Deus et intelligen­
Maxime autem intelligibilia tripliciter tiae . U nde scientia, quae de istis rebus
accipere possum u s . considerat, maxime videtur esse intellec­
tualis, et aliarum princeps sive domina .
Primo quidem ex ordine intelligendi .
Haec autem triplex consideratio , non
Nam ex quibus intellectus certitudinem
diversis, sed uni scientiae attribui debet.
accipit, videntur esse intelligibilia magi s .
Nam praedietae substantiae separatae
Unde, c u m certitudo scientiae p e r intellec­
sunt universales et primae causae essendi.
tum acquiratur ex causis, causarum cogni­
Eiusdem autem scientiae est considerare
tio maxime intellectualis esse videtu r . U n ­
causas proprias alicuius generis et genus
d e e t illa scientia, quae primas causas con­
ipsum : sicut naturalis considerat principia
siderat, videtur esse maxime aliarum regu­
corporis naturalis . Unde oportet quod ad
latrix .
eamdem scientiam pertineat considerare
Secundo ex comparatione intellectus substantias separatas et ens commune,
ad sensum . Nam , cum sensus sit cognitio quod est genus, cuius sunt praedictae

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TOMAS DE AQU I N O , Santo - Proêmio ao " C omentário à metafísica de Aristóteles " . Trad . e intro d .
d e Francisco Benjamin de S o u z a Netto . Trans/Form/ Ação , S ã o Paulo, 5 : 1 0 3 - 1 06 , 1 98 2 .

substantiae communes et uni ver sales cau­ pois, naturalmente, a alma ordena e o
sae . corpo obedece . Ocorre o mesmo com as
potências da alma, pois, o irascível e o
Ex quo apparet, quod quamvis ista
scientia praedicta tria consideret, non ta­ concupiscível são , por ordem natural, di­
men considerat quodlibet eorum u t sub­ rigidos pela razão . Ora, todas as ciências e
jectum, sed ipsum solum ens com mune. técnicas ordenam-se a algo de u n o , isto é,
à perfeição do homem que é a sua felici­
Hoc enim est subjectum in scientia, cuius
dade. Donde, ser necessário que uma de­
causas et passiones quaerimu s , non autem
ipsae causae alicuius generis quaesiti . las sej a ordenadora de todas as outras, a
Nam cognitio causarum alicuius generis, qual reivindica com razão o nome de sa­
est finis est finis ad quem considera tio bedoria, pois, compete ao sábio ordenar
scientiae pertingit . Quamvis autem su­ os demais .
biectum huius scientiae sit ens commune, Se examinarm os diligentemente co­
dicitur tamen tota de his quae sunt separa­ mo alguém é idôneo para dirigir, podere­
ta a materia secundum esse et rationem . mos descobrir qual sej a esta ciência e a
Quia secundum esse et rationem separari respeito do que versa . Pois, como diz o
dicuntur, non solum illa quae numquam Filósofo no livro acima citad o , da mesma
in materia esse possunt, sicut Deus et in­ maneira como os homens intelectualmen­
tellectuales substantiae , sed etiam illa te bem dotados são naturalmente chefes e
quae possunt sine materia esse, sicut ens senhores dos demais, e os homens de cor­
commune . Hoc tamen non contingeret, si po robusto, mas deficientes quanto à inte­
a materia secundum esse dependerent . ligência, são naturalmente servos; assim
Secundum igitur tria praedicta, ex também a ciência que é intelectual ao má­
quibus perfectio huius scientiae attendi­ ximo deve ser ordenadora de todas. Esta,
tur, sortitur tria nomina. Dicitur enim porém , é aquela que versa sobre o que é
scientia divina sive TheoJogia , inquantum mais inteligível .
praed i c t a s s u b s t a n t i a s c o n s i d e r a t . Ora, podemos conceber o que é ao
Metaphysica , inquantum considerat ens et máximo inteligível segundo u m a tríplice
ea quae consequuntur ispum . Haec enim acepção . P rimeir o , a partir da ordem da
transphysica inveniuntur in via resolutio­ intelecção . Pois, aquilo do que o intelecto
nis, sicut magis communia post minus adquire certeza é certamente m ais inte­
communia. Dicitur autem Prima Philoso­ ligível . Donde, como o intelecto adquire a
phia , inquantum primas rerum causas certeza científica a p artir das causas, o co­
considerat. Sic igitur patet quid sit subiec­ nhecimento das causas é certamente inte­
tum huius scientiae, et qualiter se habeat lectual ao m áximo . P ortanto , aquela ciên­
ad alias scientias , et quo nomine no mine­ cia que considera as primeiras causas é
tur. certamente ordenadora ao máximo das
outras .
Tomás de Aquino Em segundo lugar, a partir da com­
paração do intelecto com os sentidos .
Comentário à Metafísica de Aristóteles
Pois, enquanto aos sentidos pertence o
Proêmio
conhecimento dos particulares, o intelecto
deles difere com certeza por lhe caber
Como ensina o Filósofo em seus es­ compreender os universais . Donde, ser ao
critos Políticos, quando vári os são orde­ máximo intelectual aquela ciência que
nados a algo, é necessário que um deles verse sobre princípios ao máximo univer­
seja regulador ou diretor e o s demais re­ sais . Ora, estes são o ente e o que se lhe se­
gulados ou dirigidos . Isto, em verdade, é gue, como o uno e o múltip l o , a potência
manifesto na união da alma e do corpo, e o ato . Ora, estes não devem de forma al-

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TOMAS DE AQU I N O , Santo - Proêmio ao " Comentário à metafísica de Aristóteles " . Trad . e introd .
de Francisco Benj amin de Souza Netto . Trans/Forml Ação, São Paulo, 5; 1 03 - 1 06 , 1 98 2 .

guma permanecer indeterminado s , pois, dera os princípios do corpo natural . Don­


sem eles não se pode obter o conhecimen­ de, ser necessário que à mesma ciência
to completo do que é próprio a um deter­ caiba considerar as substâncias separadas
minado gênero ou espécie. Nem devem , e o ente em geral, que é o gênero do qual
por outro lado, ser tratado s numa deter­ as supracitadas substâncias são as causas
minada ciência particular, pois, como to­ comuns e universai s .
dos os gêneros de ente deles dependem pa­
Disto decorre s e r manifesto q u e , em­
ra seu conhecimento , p ela mesma razão ,
bora esta ciência proceda à tríplice consi­
seriam tratados em todas as ciências parti­
deração acima , não considera qualquer
culares . Donde, resta que sej am tratados
uI9a delas como tema de estudo, mas ape­
numa só ciência comum que, sendo ao
nas o ente em geral . Pois, de fato , é tema
máximo intelectual, é reguladora das de­
na ciência aquilo cujas causas e proprie­
mais.
dades procuramos, não porém as próprias
causas do gênero investigado . De fato , o
Em terceiro lugar, a partir do próprio
conhecimento das causas de um gênero
conhecimento do intelecto . P oi s , tirando
determinado é o fim ao qual chega a con­
todas as coisas sua potência intelectiva de
sideração da ciência . Embora o tema des­
serem imunes da m atéria, é mister serem
ta ciência sej a o ente em geral, diz-se ela
ao máximo inteligíveis aquelas que são ao
no seu todo referente ao que é separado
máximo separadas da matéria. D e fato , é da matéria segundo o ser e a concepção ,
necessário que o inteligível e o intelecto
pois, diz-se separado segundo o ser e a
sej am proporcionados e do mesmo gêne­
concepção não só aquilo que j amais pode
ro, pois , o intldecto e o inteligível são um
ser na matéria, como Deus e as substân­
no ato de intelecção . Ora, é ao máximo
cias intelectuais, mas também aquilo que
separado da matéria aquilo que abstrai to­
pode ser sem matéria, como o ente em ge­
talmente da matéria sensível e não só da
ral . Isto porém não aconteceria se depen­
matéria singularizada "como as formas
desse da matéria quanto ao ser .
naturais tomadas em universal das quais
trata a ciência da Natureza " . E não só Portanto, esta ciência recebe três no­
quanto à concepção , como na m atemáti­ mes a partir da tríplice consideração su­
ca, mas quanto ao ser, como Deus e as in­ pracitada da qual provém sua perfeição .
teligências. Donde, a ciência que conside­ É denominada ciência divina ou teologia
ra tais coisas ser com certeza ao máximo na medida em que considera as substân­
intelectual, primando sobre as demais e cias separadas. M etafísica, na medida em
dominando-as . que considera o ente e o que lhe é conse­
qüente . Pois, o que é transfísico se encon­
Esta tríplice consideração não deve tra na marcha analítica do pensamento
ser atribuída a diversas ciências , mas a como o que é mais geral após o menos ge­
uma única . De fato , as supracitadas subs­ ral . É denominada filosofia primeira, na
tâncias separadas são as causas universais medida em que considera as causas pri­
e primeiras de ser . Ora, cabe à mesma meiras das coisas. Fica, portanto, explica­
ciência considerar as causas próprias de do qual seja o tema desta ciência, como se
determinado gênero e o próprio gêner o , relaciona com as demais ciências e por
assim c o m o a ciência da Natureza consi- que nome é denominada.

REFERt!NCIAS B I B L I O G RÁFICAS

S . THOMAE AQUINA T I S - In: Duodecim libros CHENU , M . D . - Introduction à l ' étude de Saint
Metaphysicorum Aristotelis Expositio . Tu­ Thomas d 'Aquin . M ontreal, Vrin. 1 950. p . 1 7 3 -
rim , Catha1a-Spiazzi, 1 95 0 . 1 83 (lnstitute d ' Étude médiéval, n . o 1 1 ) .

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