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Processo Civil

Aula 01
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Recomendações Iniciais.......................................................................................... 2
2. Jurisdição ................................................................................................................ 2
2.1 Conceito ............................................................................................................ 2
2.2 Princípios (características) da jurisdição........................................................... 3
2.2.1 Substitutividade ........................................................................................... 3
2.2.2 Investidura ................................................................................................... 3
2.2.3 Aderência ao território ................................................................................ 3
2.2.4 Impessoalidade ............................................................................................ 4
2.2.5 Indelegabilidade .......................................................................................... 4
2.2.6 Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º, XXXV) ............................................. 5
2.2.7 Inevitabilidade ............................................................................................. 8
2.2.8 Definitividade............................................................................................. 10
2.2.9 Inércia da jurisdição ................................................................................... 10
Jurisdição Voluntária .................................................................................................... 13
Arbitragem .................................................................................................................... 14
3. Competência ......................................................................................................... 16
3.1 Observações iniciais ........................................................................................ 16
3.2 Princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da competência).......... 16
3.3 Espécies de competência ................................................................................ 18
3.4 Critérios de determinação de competência ................................................... 24
3.4.1 Critério Funcional ...................................................................................... 24
3.4.2 Em razão da pessoa ................................................................................... 25
3.4.3 Em razão da matéria .................................................................................. 25
3.4.4 Em razão do valor da causa ....................................................................... 25
3.4.5 Domicílio do réu, do autor; local do ato ou fato. ...................................... 25
3.5 Quadro esquemático de competência e critérios .......................................... 25

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1. Recomendações Iniciais
Inicialmente, esclarece-se que o estudo preparatório para concursos públicos precisa
ser objetivo.
Recomenda-se assistir o vídeo disponível no canal YouTube Ênfase – Estratégia de
Estudo para Concurso Público, gravado pelo professor Erik Navarro.
Em relação à bibliografia, o professor não fez sugestão, afirmando que todos os livros
de volume único são bons, mas todos têm algum elemento que não será abordado, como a
regulamentação da Fazenda Pública em Juízo. Sobre essa temática específica, há um bom
livro, cujo título é Fazenda Pública em Juízo, de Leonardo Jose Carneiro da Cunha, mas cuja
leitura é recomendada apenas para fins de consulta.
Sendo assim, deve-se adotar um manual volume único e assistir a TODAS as aulas.
Seguindo-se a lógica da objetividade no estudo, sugere-se a utilização do guia de
estudo elaborado pelo Curso Ênfase. Pela análise desse material, percebe-se que, em relação
ao Processo Civil, são matérias de alta incidência de cobrança em provas da DPU, AGU e DPF:
recursos, execução e tutela antecipada.

2. Jurisdição
2.1 Conceito
Jurisdição é a função do Estado destinada à solução de conflitos intersubjetivos, de
modo definitivo, imperativo e imparcial, mediante aplicação do direito ao caso concreto.
Separação de poderes versus separação de funções.
O termo “separação de poderes” vem dando lugar à utilização de expressão mais
moderna, “separação de funções”.
A separação que se faz do poder estatal é somente das funções, vez que o poder é
uno e indivisível. Pode ser feito um paralelo com a compra de um carro, não podendo ser
comprado apenas parte do carro. Ocorre que na produção desse carro, há separação de
funções.
As múltiplas funções estatais podem ser separadas em três principais funções:
jurisdicional, administrativa e legislativa. Quando abordamos a jurisdição, estamos
abordando uma das funções estatais, que é a jurisdicional.
Observação: o termo “poder judiciário” deve ser utilizado para se referir aos órgãos.

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2.2 Princípios (características) da jurisdição


2.2.1 Substitutividade
Trata-se da principal contribuição de Chiovenda. Consiste no fato de que para que
haja uma solução imparcial, um terceiro vai substituir uma das partes para julgar a lide.
Sendo assim, a ideia de substitutividade traz a ideia de imparcialidade.
 A substitutividade como característica da jurisdição está presente mesmo quando um
dos litigantes for o próprio Estado?
Deve-se lembrar de que o poder é uno, mas as funções são separadas. Sendo assim, o
Estado que integra um dos polos da demanda é o Estado-administração, enquanto que
aquele que julga é o Estado-juiz. Sendo assim, preserva-se a imparcialidade.
Inclusive, a pessoa que se sente lesada, por exemplo, por um ato de um juiz federal e
quiser reparação civil por esses danos não ajuizará em face do poder estatal, mas sim da
União. O poder judiciário não integrará o polo passivo dessa demanda.

2.2.2 Investidura
Só pode exercer essa nobre função aquele que está investido na função jurisdicional.
A priori, quem está investido nessa função são os juízes. É importante que se saiba que a
investidura, para muitos da doutrina, é um dos pressupostos processuais de existência. Há
autores processuais mais céticos que entendem que não há pressupostos processuais de
existência, mas, mesmo esses, reconhecem a necessidade da investidura. Lembre-se que os
pressupostos podem ser de validade ou de existência.
Observação: há quem denomine a investidura de jurisdição.
Exemplo: se o juiz aposentado proferir uma sentença, essa não existirá, uma vez que
ele não tem investidura.

2.2.3 Aderência ao território


Como a jurisdição é uma das funções do poder estatal, ela tem que ser exercida ao
longo do território. É necessária a existência de regras para dividir qual dos órgãos exercerá
parte da jurisdição, são as regras de competência.
Conforme expressão de Chiovenda: “competência é a medida da jurisdição”.

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2.2.4 Impessoalidade
Como qualquer agente público, no exercício da função do juiz, vigora o princípio da
impessoalidade. Lembra-se que a teoria do órgão é aplicável no direito administrativo, sendo
o âmbito de análise em processo civil restrito à impessoalidade.
Consequências da impessoalidade:
1. Continuidade no exercício da jurisdição (a identidade física do juiz)
A ideia da identidade física do juiz não conflita com o princípio da impessoalidade. O
primeiro refere-se à ideia para que haja uma imediatidade entre o juiz e a prova.
2. Proibição de julgamento com base na ciência privada
Exemplo: juiz estava atravessando a rua e percebeu que havia uma viatura do BACEN
ultrapassando o sinal vermelho e vindo a atropelar uma pessoa. A ação ajuizada por essa
vítima não pode ser julgada pelo juiz que presenciou a cena, o qual deve se dar como
suspeito e encaminhar para o juízo substituto.
3. Mandado de Segurança contra ato judicial
Esclarece-se que é relativamente comum a impetração de MS contra ato judicial. O
polo passivo dessa medida não é o juiz, mas sim o juízo, que será a autoridade coatora.
4. Incompetência (do órgão) e impedimento e suspeição (do magistrado)
O magistrado que não aceita o impedimento ou a suspeição alegadas pelas partes,
poderá responder, juntando provas e arrolando testemunhas, vindo a ser julgado pelo
tribunal. Trata-se, inclusive, de único caso em que o juiz poderá ser condenado nas custas.
Já no que toca à incompetência, essa é do órgão, razão pela qual será apreciada pelo
juiz. Nesse contexto, lembre-se do “princípio da competência-competência”, segundo o qual
todo juiz tem uma competência mínima, que é a de apreciar, em um primeiro momento, a
própria competência.

2.2.5 Indelegabilidade
A atividade jurisdicional não pode ser delegada para órgão que não tem investidura,
ou seja, que não tenham função jurisdicional.
Existem algumas possibilidades dentro do processo de delegação de competência.
Uma delas está prevista no art. 109, §3º da CRFB e se refere à delegação de competência
federal para a justiça estadual.
CRFB, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...)

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§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou


beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá
permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

Saliente-se que há previsão normativa no sentido de que o juiz pode delegar aos
servidores a prática de diversos atos, conforme art. 93, XIV da CRFB.
CRFB, Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

(...)

XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero
expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Essas hipóteses não são exceções à Indelegabilidade da jurisdição. Isso porque os


atos para os quais se admite a delegação são os despachos, que são os atos que não têm
conteúdo decisório, são atos de administração. Tudo o que não tiver conteúdo decisório
pode ser delegado, desde os despachos aos atos burocráticos de administração do processo.
Observação: há atos que são chamados de despacho, mas que têm conteúdo
decisório. Como exemplo tem-se o “Cite-se”, que é chamado de despacho para ser
irrecorrível, mas tem alto conteúdo decisório.

2.2.6 Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º, XXXV)


Unidade da Jurisdição
Coisa Julgada Administrativa?
Proibição do non liquet
CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

A previsão constitucional do princípio da Inafastabilidade da jurisdição é muito


importante.
Países como a Itália, Alemanha e França têm a “jurisdição administrativa” razão pela
qual há matérias que não podem são apreciadas pelo judiciário. Há dualidade de jurisdição,
sendo assim, as decisões administrativas fazem coisa julgada.

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Da mesma forma que não há no Brasil matérias que não podem ser julgadas pelo
judiciário, não pode haver previsão da necessidade de esgotar a esfera administrativa para
ajuizar a demanda.
Há apenas uma regra que ainda é vigente, mas que, conforme entendimento do STF,
não viola o art. 5º, XXXV. Refere-se ao habeas data. O STF entende que se trata de uma
forma específica escolhida pela lei do habeas data de demonstração do interesse de agir no
aspecto da necessidade.
Lei nº 9.507/97, Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do
Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a
primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.

Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:

I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;

II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou

III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de


quinze dias sem decisão.

É importante ressaltar que o princípio da inafastabilidade da jurisdição não autoriza


ao segurado o ajuizamento da ação previdenciária sem a demonstração de que foi feito o
requerimento administrativo perante o INSS (interesse de agir). No entanto, o requerimento
fica dispensado quando tratar-se de benefício a ser solicitado em determinadas
circunstâncias para as quais o INSS já tem posição consolidada pelo indeferimento.
Outro exemplo está na lei de mandado de segurança que estabelece, no art. 5º, que
não cabe MS quando há recurso administrativo com efeito suspensivo.
o
Lei nº 12016 Art. 5 Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de


caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado

Como no Brasil não se é obrigado a buscar o contencioso administrativo previamente


à tutela jurisdicional, a única maneira adequada constitucionalmente de interpretar esse
dispositivo é que não é a mera existência de recurso administrativo com efeito suspensivo
no sistema que impede o manejo do mandado de segurança. Ocorre que, ao se optar por
fazer uso do recurso administrativo, enquanto este estiver operando os efeitos suspensivos,
não pode impetrar MS. Até porque, nessa hipótese, como o ato administrativo não está
produzindo nenhum efeito, não há lesão ou ameaça de lesão a ser tutelada pelo MS. Caso se
deseje impetrar MS, basta desistir do recurso administrativo.

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Exemplo: lançamento fiscal em matéria tributária. A impugnação tem efeito


suspensivo. Sendo assim, enquanto não julgar a impugnação, não pode impetrar MS. Ocorre
que se quiser impetrar MS, basta desistir do recurso administrativo.

Tutelas de Urgência
O principal problema sobre esse tema refere-se às tutelas de urgência, sobretudo
contra a fazenda pública. A Lei nº 9.494/971 traz restrições e proibições a concessões de
tutela de urgência de qualquer natureza contra a fazenda pública. Não se admite nem
execução provisória, depende-se de trânsito em julgado da sentença condenatória.
 As restrições a concessões de tutela de urgência contra a fazenda pública são
absolutas?
Não, as vedações à concessão de tutelas contra a fazenda pública não têm caráter
absoluto, tendo em vista o art. 5º, XXXV. É necessária a ponderação de interesses. Inclusive,
de tanto fazer ponderação em um caso concreto, o STF sumulou esse entendimento na
súmula 729 do STF. Protege-se o mínimo existencial, que é relacionado à dignidade da
pessoa humana (núcleo duro dos direitos fundamentais).
SÚMULA Nº 729

A DECISÃO NA AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE 4 NÃO SE APLICA À ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA EM CAUSA DE NATUREZA PREVIDENCIÁRIA.

Destaca-se que há acórdãos do STJ concedendo a tutela em face do Estado para o


servidor público que demonstre a necessidade da verba para a realização de um
procedimento médico, como cirurgia de urgência.
Da mesma forma, é possível a concessão de liminar para liberar mercadorias retidas
na alfândega. Como na hipótese do produto retido ser medicamentos para combater uma
epidemia.
Nesse contexto, se encaixa a ideia de tutela inibitória, que é classificação utilizada
para as tutelas que visem a evitar que se pratique um ato ilícito.
Exemplo: concedida licença para a construção de um empreendimento que gerará
danos, o MP não precisa esperar o início do empreendimento para atuar. O MP pode ajuizar
ACP para evitar as lesões.

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O conhecimento do teor dessa lei é fundamental.

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2.2.7 Inevitabilidade
A jurisdição é inevitável. Sendo assim, uma vez citada, a pessoa será ré no processo.
Da mesma forma, quando houver resultado do processo, o autor tem que se submete ao
desfecho da demanda.

Exceções à inevitabilidade:
1. Nomeação à autoria;
Uma das modalidades interventivas atualmente é a nomeação à autoria, que é uma
forma de alterar o polo passivo da causa. O nomeado, de acordo com o CPC, pode recusar a
nomeação. A possibilidade do nomeado de recusar a nomeação não deixa de ser uma
exceção à inevitabilidade da jurisdição. Isso porque, na hipótese de recusa, haverá extinção
sem resolução do mérito.

2. Imunidades de jurisdição
Estados estrangeiros e organismos internacionais, por conta de tratados e
convenções firmados, têm imunidade de jurisdição. Ocorre que, atualmente, essa imunidade
não é mais absoluta.
O que importa saber é quais são os limites da imunidade e, atualmente, se restringe
à:
a. Imunidade de execução
b. Imunidade da fase de conhecimento
i. Atos de gestão – não há imunidade;
ii. Atos de império - há imunidade.
No que toca à imunidade da fase de conhecimento, esta se restringe aos atos de
império. Sendo assim, se uma pessoa quiser ajuizar uma ação para reconhecer um vínculo
trabalhista com a embaixada de um país, esse país não poderá se recusar a integrar essa
lide, uma vez que não há imunidade na fase de conhecimento quanto aos atos de gestão.
Outro exemplo em que poderá haver ajuizamento, devendo o país estrangeiro integrar a
lide, sem imunidade, é a cobrança de valores derivados da venda de material.
Ocorre que a imunidade de jurisdição se aplica quando a causa de pedir não se referir
a um ato de gestão, mas sim um ato de império.

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Exemplo: embarcação atingida no Golfo Pérsico por um míssil americano quando da


guerra do Iraque. Como a causa de pedir é um ato de império, os EUA podem se recusar a
integrar essa lide.
Em relação à execução, sempre haverá imunidade de jurisdição. Isso porque existe
uma imunidade patrimonial dos estados estrangeiros no Brasil
Síntese: a imunidade de jurisdição, portanto, é ampla, enquanto que a imunidade no
processo de conhecimento se restringe aos atos de gestão.
Cumpre esclarecer, porém, que quando há imunidade de jurisdição o juiz não deve
indeferir a inicial, mas sim determinar a citação do Estado estrangeiro. Isso porque é pacífico
que o Estado estrangeiro pode abrir mão da sua imunidade.

 É possível o ajuizamento de execução fiscal contra o Estado estrangeiro?


Os Estados estrangeiros têm imunidade tributária, além da imunidade genérica de
jurisdição. Em relação ao tema há duas convenções: Convenção de Viena de 1961 e
Convenção de Viena de 1963.

 A inevitabilidade de jurisdição é capaz de impor a alguém a participação em processo


na condição de autor?
A inevitabilidade de jurisdição pode obrigar alguém a litigar, como na hipótese de
litisconsórcio ativo necessário2.
Os casos de litisconsórcio ativo necessário são muito poucos.
Exemplo: marido e mulher compraram um sítio de três alqueires. Ao medir o terreno,
percebe que a extensão do terreno é de apenas dois alqueires e meio. A mulher quer ajuizar
a demanda para desfazer o negócio, enquanto que o homem não. Trata-se de caso típico de
litisconsórcio ativo necessário.
A melhor posição, que parece ser seguida pelo STJ3, é do Nelson Nery, para quem
aquele que integra o litisconsórcio unitário necessário, pode ajuizar a demanda, por conta
do princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional. A outra pessoa que integra o
litisconsórcio unitário necessário terá que ser citado, para que escolha, em nome do

2
Liebman explica que o litisconsórcio ativo necessário refere-se ao direito civil (e ao direito material
como um todo), casos específicos em que o direito material é indivisível e cabe a mais de uma pessoa, mas
essas pessoas só podem exercer o direito que têm quando concordam.
3
A leitura dos informativos do STJ e STF é fundamental.

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princípio democrático, para que se saiba se ele quer integrar o polo ativo ou exercer o seu
direito de não ver o negócio ser desfeito. Caso permaneça inerte, ele se submeterá à causa
julgada, vez que foi citado.

2.2.8 Definitividade
Nem todo ato jurisdicional é definitivo, mas somente os atos jurisdicionais podem ser
definitivos. Em outros termos, somente atos jurisdicionais têm a potencialidade de fazer
coisa julgada material. Qualquer outro ato do Estado pode ser revisto pelo judiciário.
Inclusive, destaca-se que a jurisdição tem escopos, sendo o principal a pacificação social e
somente se alcança pacificação social com a definitividade.
Destaca-se que há a possibilidade de rescindir a coisa julgada, por meio da ação
rescisória. A relativização da coisa julgada é solução criada para corrigir casos específicos. O
exemplo clássico de relativização da coisa julgada reconhecida pelo STF é para as hipóteses
de investigação de paternidade julgadas na época em que o exame de DNA não era
disponibilizado no sistema público de saúde brasileiro e a parte não tinha recursos para
realizar o exame. Sendo assim, a relativização da coisa julgada se aplica para hipóteses em
que a segurança jurídica é ponderada com algum outro direito que se aproxima do núcleo
duro dos direitos fundamentais.

2.2.9 Inércia da jurisdição


O juiz não instaura o processo, devendo ser provocado.
Ponto importante da matéria são as exceções à inércia.

Exceções à inércia da jurisdição


1. Instauração de ofício do processo de inventário ou partilha, na forma do art. 989
do CPC;
CPC, Art. 989. O juiz determinará, de ofício, que se inicie o inventário, se nenhuma das pessoas
mencionadas nos artigos antecedentes o requerer no prazo legal.

2. Execução, de ofício, pelo juiz trabalhista, das contribuições sociais previstas no


art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir
(CF, art. 114, VIII)
CRFB, Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

(...)

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VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus
acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

Observação: o procurador da fazenda nacional atua na Justiça do Trabalho para


executar tributos decorrentes do reconhecimento da relação de trabalho.

3. Efetivação da execução na forma do art. 461/461-A?


 São exceção ao princípio da inércia da jurisdição os poderes que o art. 461 e 461-A do
CPC concedem ao juiz?
CPC, Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível
a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. (Incluído pela Lei nº 8.952,
de 13.12.1994)

§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). (Incluído pela Lei
nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do


provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia,
citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão
fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-
lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente,


poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas,
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força
policial. (Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 6o O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se
tornou insuficiente ou excessiva. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)

§ 1o Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a


individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

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§ 2o Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor mandado


de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel.
(Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)

§ 3o Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1o a 6o do art. 461.(Incluído pela Lei
nº 10.444, de 7.5.2002)

Conforme os dispositivos transcritos, os juízes têm poderes de executar as suas


sentenças quando estas condenam o réu em obrigação de dar, fazer ou não fazer, o juiz
pode iniciar o cumprimento dessa sentença de ofício. Sendo assim, o juiz pode expedir
mandado de busca e apreensão, mandar a devolução da coisa, fixar astreintes, dentre outras
providencias.
O interessante é que, ao comparar esses dispositivos com o art. 475-J do CPC, que se
refere ao cumprimento de sentença quanto à obrigação de pagamento de quantia, o juiz não
pode ter a mesma postura. Nessa hipótese, os atos de execução estão descritos. O juiz não
tem liberdade. A hipótese é distinta. Quando há condenação em obrigação de dar, fazer ou
não fazer, o juiz pode efetivá-la de ofício, utilizando qualquer meio que seja lícito, enquanto
que em se tratando de obrigação de pagar quantia, o juiz depende de provocação da parte
interessada e é adstrito às medidas previstas em lei.
CPC, Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em
liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será acrescido de
multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art.
614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação. (Incluído pela Lei nº
11.232, de 2005)
o
§ 1 Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na pessoa de seu
advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por
mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
o
§ 2 Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de conhecimentos
especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe breve prazo para a entrega
do laudo. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
o
§ 3 O exequente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem penhorados.
(Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
o
§ 4 Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por
cento incidirá sobre o restante. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
o
§ 5 Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os autos,
sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte. (Incluído pela Lei nº 11.232, de
2005)

Resposta: não se trata de exceção ao princípio da inércia, vez que o art. 461 e 461-A
permite apenas que o juiz cuide da efetivação das suas decisões. O art. 475-J não permite
isso porque na reforma de 2005, o legislador foi muito tímido nas suas alterações. Sendo
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assim, ainda que se opere o sincretismo processual, o juiz não pode de ofício instaurar o
cumprimento.
Destaque-se que, sempre que o juiz puder, já instaurado o processo, atuar de ofício,
refere-se à exceção ao princípio dispositivo. Sendo assim, o art. 461 é uma exceção ao
princípio dispositivo, mas não do princípio da inércia.
As diferenças entre o 475-J e o 461-A são muito grandes e a doutrina estabelece que
a tutela do art. 475-J do CPC é tipicamente condenatória, enquanto que a tutela do art. 461
e 461-A do CPC é mandamental ou executiva lato senso.

Jurisdição Voluntária
 A jurisdição voluntária é jurisdição?
Teoria administrativista (Guido Zanobi)
Segundo a teoria administrativista, os processos de jurisdição voluntária são, na
verdade, situações negociais, mas que geram muitos reflexos negociais. Sendo assim, o
Estado resolveu escolher um agente estatal, o Juiz, que tem que participar disso. Nessas
hipóteses, não há litígio.
São pontos defendidos pela teoria:
1. Exigência legal
2. Juiz eleito como membro estatal necessário à integração da validade de
determinados negócios jurídicos
3. Inexistência de lide e de partes

Teoria revisionista (Carnelutti)


A maioria dos autores brasileiros adota essa teoria, segundo a qual a existência de
lide não pode ser considerada uma característica da jurisdição. Na verdade, a lide é
elemento acidental da jurisdição. A lide pode existir na jurisdição ou não. Muitas formas de
extinção do processo com resolução de mérito implicam à ausência de lide, como renúncia
ao direito (autor), reconhecimento jurídico do pedido (réu).
A única diferença é que dos escopos da jurisdição, o principal não é a segurança
jurídica, ainda que exista tal preocupação. Isso porque a sentença em jurisdição voluntária,
apesar de o CPC dizer que não, faz coisa julgada, mas com cláusula rebus sic standibus, visto
que se refere à situação que se protraem no tempo. O principal escopo da jurisdição
voluntária talvez seja o político.
Pontos importantes da teoria:
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1. a lide é elemento acidental até mesmo na jurisdição contenciosa


2. o conflito sempre existe de modo indireto, ou, ao menos um estado de
insatisfação.
3. o juiz continua atuando com independência e imparcialidade
4. Valorização de outros escopos da jurisdição (mas a pacificação social continua
presente)

Arbitragem
 Arbitragem é jurisdição?
A opinião clássica é de que arbitragem não é jurisdição. Fundamentos:
1. Não tem definitividade, uma vez que a decisão do árbitro pode ser revista pelo
juiz;
2. Não tem executividade, tanto que a execução da sentença arbitral é executada
pelo poder judiciário.
Ocorre que essa posição vem sendo alterado. Inclusive, o CPC art. 475-N, IV prevê a
sentença arbitral como título executivo judicial. Inclusive, a regulamentação da arbitragem
(art. 32 e 33 da Lei nº 9.307/96) sinaliza ser jurisdição ao estabelecer que a possibilidade de
revisão pelo judiciário se restringe aos requisitos formais.
CPC, Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: .

(...)

IV – a sentença arbitral; (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

Lei nº 9.307/96, Art. 32. É nula a sentença arbitral se:

I - for nulo o compromisso;

II - emanou de quem não podia ser árbitro;

III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei;

IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem;

V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem;

VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva;

VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e

VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei.

Art. 33. A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a
decretação da nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei.

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§ 1º A demanda para a decretação de nulidade da sentença arbitral seguirá o procedimento


comum, previsto no Código de Processo Civil, e deverá ser proposta no prazo de até noventa dias
após o recebimento da notificação da sentença arbitral ou de seu aditamento.

§ 2º A sentença que julgar procedente o pedido:

I - decretará a nulidade da sentença arbitral, nos casos do art. 32, incisos I, II, VI, VII e VIII;

II - determinará que o árbitro ou o tribunal arbitral profira novo laudo, nas demais hipóteses.

§ 3º A decretação da nulidade da sentença arbitral também poderá ser arguida mediante ação de
embargos do devedor, conforme o art. 741 e seguintes do Código de Processo Civil, se houver
execução judicial.

Observação: o grande problema que o professor visualiza é que ao reconhecer a


arbitragem como jurisdição, estabelece-se a possibilidade dela ser exercida por particulares.
Julgamentos recentes sobre o tema, de grande probabilidade de cobrança em provas:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXISTÊNCIA DE CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE UM ÓRGÃO
JURISDICIONAL DO ESTADO E UMA CÂMARA ARBITRAL.

É possível a existência de conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral. Isso
porque a atividade desenvolvida no âmbito da arbitragem tem natureza jurisdicional.

CC 111.230-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2013.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ARBITRAL PARA O JULGAMENTO DE


MEDIDA CAUTELAR DE ARROLAMENTO DE BENS.

Na hipótese em que juízo arbitral tenha sido designado por contrato firmado entre as partes para
apreciar a causa principal, será este e não juízo estatal competente para o julgamento de medida
cautelar de arrolamento de bens, dependente da ação principal, que tenha por objeto inventário
e declaração de indisponibilidade de bens.

De fato, em observância aos requisitos fixados pelo art. 857 do CPC para o deferimento da
medida cautelar de arrolamento de bens; demonstração do direito aos bens e dos fatos em que
funda o receio de extravio ou de dissipação dos bens;, nota-se que não se trata de medida que,
para ser deferida, demande cognição apenas sobre o receio de redução patrimonial do devedor.
Na verdade, trata-se de medida cujo deferimento demanda, também, que esteja o juízo
convencido da aparência de direito à obtenção desses bens, o que nada mais é do que uma
análise ligada ao mérito da controvérsia, a qual, por sua vez, é de competência do juízo arbitral
na hipótese em que exista disposição contratual nesse sentido. Ademais, é importante ressaltar
que o receio de dissipação do patrimônio não fica desprotegido com a manutenção exclusiva da
competência da corte arbitral para o julgamento da medida de arrolamento, pois os árbitros,
sendo especialistas na matéria de mérito objeto da lide, provavelmente terão melhores condições
de avaliar a necessidade da medida. Além disso, o indispensável fortalecimento da arbitragem,
que vem sendo levado a efeito desde a promulgação da Lei 9.307/1996, torna indispensável que
se preserve, na maior medida possível, a autoridade do árbitro como juiz de fato e de direito para
o julgamento de questões ligadas ao mérito da causa. Isso porque negar essa providência

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esvaziaria o conteúdo da Lei de Arbitragem, permitindo que, simultaneamente, o mesmo direito


seja apreciado, ainda que em cognição perfunctória, pelo juízo estatal e pelo juízo arbitral, muitas
vezes com sérias possibilidades de interpretações conflitantes para os mesmos fatos.

CC 111.230-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2013.

3. Competência
3.1 Observações iniciais
Principais temas de cobrança:
1. Perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da competência)

2. Competência da Justiça Federal;

3. Possibilidade de modificação de competência.

Determinação da competência
1. Determina-se o juízo competente “a priori”
2. Verifica-se a presença de causas de modificação de competência.

Inicialmente, cumpre esclarecer que há diferença entre espécie de competência e


critérios de determinação de competência. O que faz com que uma competência seja
absoluta ou relativa não é a espécie de competência, mas sim o critério utilizado.
Ademais, as espécies de competência têm que ser analisadas, necessariamente, em
uma ordem.

3.2 Princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da competência)


É importante saber que as regras que determinam a competência têm que ser
colocadas antes, para que haja respeito ao juiz natural. Muitas vezes, dado um caso
concreto, há diversos órgãos idênticos e, portanto, todos são competentes. Nessa hipótese
haverá distribuição e, nas palavras de Dinamarco, haverá a concentração da competência.
O princípio da perpetuatio jurisdictinis estabelece que modificações posteriores à
concentração de competência não alteram a competência já fixada. Sendo assim, o princípio
seria melhor compreendido como princípio da perpetuação da competência.
Exemplo: imagine-se que um dos critérios utilizados para fixar a competência de uma
vara judicial tenha sido o domicílio do réu. Caso o réu se mude, a competência para
julgamento no domicílio anterior do réu se mantém.

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Exceções à perpetuatio jurisdictionis


Há duas ordens de exceções que podem alterar a competência fixada:
1. Extinção do órgão
Exemplo: extinção dos Tribunais de Alçada dos estados, os processos que lá eram
processados foram encaminhados para o Tribunal de Justiça;
2. Quando houver critério absoluto de determinação de competência.
Quando modificações posteriores alteram critérios absolutos de competência, como
regra, não será perpetuada a jurisdição. Os critérios de fixação da competência são trazidos
com base ou no interesse público ou no particular. Quando houver modificação nos critérios
absolutos pode haver modificação da competência. A alteração pode ser legislativa ou fática.
Exemplo1: EC nº 45/04 ampliou a competência da Justiça do Trabalho. Ações de
responsabilidade civil promovida pelo empregado contra o empregador corriam na justiça
estadual e foram alterados para a Justiça do Trabalho.
Exemplo2: presença da União em feito, que inicialmente era processado na justiça
estadual, como assistente leva a competência para a Justiça Federal. Isso porque houve
alteração fática que implica a modificação da competência.
Exemplo3: Súmulas 58 do STJ.
Súmula 58

PROPOSTA A EXECUÇÃO FISCAL, A POSTERIOR MUDANÇA DE DOMICILIO DO EXECUTADO NÃO


DESLOCA A COMPETENCIA JA FIXADA.

Exemplo4: Súmulas 365 do STJ.


Súmula 365 do STJ
A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a
competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual.

O STJ entendeu, para auxiliar na administração da justiça, que sempre que houver a
subdivisão do foro, não se aplica a perpetuatio jurisdictionis. Nesse sentido, segue
jurisprudência do STJ:
COMPETÊNCIA. REDISTRIBUIÇÃO. PRINCÍPIO. JUIZ NATURAL.

Na impetração, sustenta-se que, quando já definida a competência pela distribuição, resolução


alguma, ainda que de criação de varas, pode ter o condão de determinar a redistribuição de
processos anteriormente distribuídos, sob pena de clara e grave violação do princípio do juiz
natural, que macula com a pecha de nulidade todos os atos decisórios desde então praticados por
juízo incompetente. Diante disso, a Turma denegou o habeas corpus ao entendimento de que a

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redistribuição do feito decorrente da criação de vara com idêntica competência com a finalidade
de igualar os acervos dos juízos e dentro da estrita norma legal, não viola o princípio do juiz
natural, uma vez que a garantia constitucional permite posteriores alterações de competência.
Observou-se que o STF já se manifestou no sentido de que inexiste violação ao referido princípio,
quando ocorre redistribuição do feito em virtude de mudança na organização judiciária, visto que
o art. 96, a, da CF/1988 assegura aos tribunais o direito de dispor sobre a competência e o
funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais. Precedentes citados do STF: HC 91.253-MS,
DJ 14/11/2007; do STJ: HC 48.746-SP, DJe 29/9/2008; HC 36.148-CE, DJ 17/4/2006; HC 44.765-
MG, DJ 24/10/2005; REsp 675.262-RJ, DJ 2/5/2005; HC 41.643-CE, DJ 3/10/2005; HC 10.341-SP,
DJ 22/11/1999, e RHC 891-SP, DJ 4/3/1991. HC 102.193-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
2/2/2010.

Há situações complicadas em que pode haver dúvida quanto à aplicação da


perpetuatio jurisdictionis, como a disciplinada pela súmula 206 do STJ, cujo teor foi cobrado
em uma prova da AGU, em 2006.
Súmula 206

A EXISTENCIA DE VARA PRIVATIVA, INSTITUIDA POR LEI ESTADUAL, NÃO ALTERA A COMPETENCIA
TERRITORIAL RESULTANTE DAS LEIS DE PROCESSO.

Antes de determinar competência de juízo, tem-se que determinar competência


territorial. Sendo assim, a criação de qualquer juízo específico fora do território não altera a
competência territorial.
Exemplo: ação de execução fiscal tramitava em uma comarca de vara única. Foi
criada uma vara de execução dentro da comarca. A execução fiscal irá para a vara de
execução fiscal. Ocorre que se a vara de execução fiscal for criada em outra comarca, a
execução permanecerá na vara única, uma vez que primeiro se fixa a competência
territorial.

3.3 Espécies de competência


Existem seis espécies de competência, que têm que ser pensadas em uma ordem que
não pode ser alterada.
Verificar:
1. Competência dos tribunais de superposição (Art. 102 e 105 da CRFB)
CRFB, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

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a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação


declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993)

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do


Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão
diplomática de caráter permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-
Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito


Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo
Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de


atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados,


e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou
sejam direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre


Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos
Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério


Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - julgar, em recurso ordinário:

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a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção


decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político;

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição,


será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela
Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93)

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações
diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão
eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões


constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão
do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.
(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

CRFB, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante
tribunais;

b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na
alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou
Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)

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d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o",
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas


decisões;

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre


autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre
as deste e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de


órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos
de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral,
da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas


rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - julgar, em recurso ordinário:

a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou


pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,


do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a
decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras


funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão


administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão
central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Destaca-se que, de acordo com a jurisprudência, para a causa ser de interesse da


magistratura, tem-se que diferenciar interesse da magistratura de interesse do juiz. Ao
pleitear interesse da magistratura, a competência será do STF, mas se for do juiz, não há
aplicação dessa competência originária. Ademais, há hipótese em que as demandas
envolvem interesse de todo servidor público e não da magistratura, razão pela qual não será
de competência do STF.

2. Qual a justiça competente (Competência “de jurisdição”). CRFB art. 109


Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa


domiciliada ou residente no País;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo
internacional;

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou


interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no


País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;

VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento


provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;

VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados


os casos de competência dos tribunais federais;

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça


Militar;

X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória,


após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;

XI - a disputa sobre direitos indígenas.

§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio
a outra parte.

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§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou


beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá
permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.

§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional
Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau.

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com


a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência
para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

É nesse item que se verificará se a causa é ou não de competência da justiça federal.


Lembrar que a competência do estado é remanescente e residual.

3. Competência originária
Nesse passo, estuda-se se a causa é de competência originária do tribunal ou não.

4. Competência territorial ou de foro


Quando a União está no processo, a competência é regulamentada pelos parágrafos
do art. 109 da CRFB. Se a União não estiver no processo, a regulamentação está no CPC.

5. Competência de juízo
A competência de juízo só é determinada dentro do foro depois da escolha do foro,
lembrar-se da aplicação da súmula 206 do STJ. Se na seção judiciária tiver vara única ou
várias varas com competência plena, não há o que se analisar a competência de juízo,
bastando-se a distribuição do processo.
Sendo assim, pouco importa a criação de uma vara especializada em outro foro,
repita-se, a competência de juízo só importante se for dentro do mesmo foro.

6. Competência recursal

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Observação: Funcional não é espécie de competência, mas sim um critério de fixação


de competência. Trata-se de má interpretação da doutrina de Chiovenda.
Aquilo que Chiovenda chamava de critério funcional, o CPC chamou de competência
funcional, razão pela qual gera confusão.

3.4 Critérios de determinação de competência


São critérios para determinação da competência:
1. em razão da pessoa;
2. em razão da matéria
3. em razão do valor da causa
4. domicílio do réu; domicílio do autor; local do ato ou fato.

3.4.1 Critério Funcional


O critério funcional tem sempre relação com alguma fase processual anterior e o
órgão que decidiu.
Exemplo1: competência recursal é sempre determinada pelo critério funcional, vez
que tem que saber quem praticou o ato anterior para saber quem era competente para
julgar o recurso.
Exemplo2: ações rescisórias. O critério funcional também se aplica para as ações
rescisórias. Deve-se destacar, porém, que os tribunais são competentes para julgar as suas
próprias rescisórias.
A chamada competência funcional é, na verdade, um critério, utilizado para
determinar algumas espécies de competência, pelo qual se procura o órgão competente a
partir de uma relação com atividade jurisdicional praticada antes, no mesmo ou em outro
processo. O critério pode operar na vertical ou na horizontal.
Exemplo1: competência recursal do TRF para apreciar apelação contra sentença de
juiz a ele vinculado. O critério está operando na vertical.
Exemplo2: competência originária do tribunal para julgar ação rescisória contra suas
próprias decisões. A espécie de competência é originária, mas o critério é funcional,
operando-se na horizontal.

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3.4.2 Em razão da pessoa


Exemplo1: a presença da União leva o processo para a Justiça Federal. Sendo assim,
há o critério pessoa determinando competência justiça.
Exemplo2: mandado de segurança contra ato de ministro do STJ será julgado pelo STJ.
Hipótese de critério pessoa determinando competência de tribunal de superposição
3.4.3 Em razão da matéria
Exemplo: se houver vara de execução fiscal, lá deve ser ajuizada a execução.
Portanto, trata-se de exemplo de critério matéria determinando competência de juízo.
3.4.4 Em razão do valor da causa
Exemplo: causas de valor não superior a 60 salários mínimos, desde que não seja
uma das hipóteses de restrição legal, a competência será do juizado.
3.4.5 Domicílio do réu, do autor; local do ato ou fato.
Exemplo: a união sempre tem que ajuizar ação no foro do domicílio do réu.

É muito importante saber quais são as competências absolutas ou relativas, até para
saber se operou a preclusão ou não. Destaca-se, porém, que o que é absoluto ou relativo
não é a competência, mas sim o critério determinativo da competência:
> matéria >>>>>>>> absoluta
> pessoa >>>>>>>>> absoluta
> valor da causa >>> absoluto
> funcional >>>>>>absoluta
> domicílio >>>>>>> relativo

3.5 Quadro esquemático de competência e critérios

Competência Critérios Qualificação

Tribunais de superposição Matéria e pessoa Absoluta

De jurisdição (justiça) Matéria e pessoa Absoluta

Originária Matéria, pessoa ou funcional Absoluta

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Territorial Domicílio Relativa

Matéria (art. 95 do CPC4) Absoluta

De juízo Material e funcional Absoluta

Pessoa

Recursal Funcional Absoluta

Observação: classificação segundo o alcance (Athos Gusmão Carneiro)


1. competência plena: pode julgar todas as matérias;
2. competência privativa: pode julgar matérias específicas delimitadas;
3. competência comum: pode julgar tudo, menos aquilo para qual há vara privativa.

Contato do professor
Facebook: Erik Navarro
Email: eriknavarro@cursoenfase.com.br

Tema da próxima aula: competência da justiça federal e “competência” internacional.

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CPC, Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da
coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito
de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

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