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58 Maçã Pós-colheita Frutas do Brasil, 39

7 ARMAZENAMENTO
REFRIGERADO
Auri Brackmann
César Luis Girardi
Renar João Bender
Osni Roberto Caron Filho

INTRODUÇÃO tores como capacidade de refrigeração,


temperatura inicial das frutas, meio utili-
As frutas são organismos vivos que zado para retirar o calor (água ou ar),
utilizam substâncias de reserva no proces- temperatura desse meio, contato entre o
so de respiração, sendo a intensidade res- meio e o produto a ser resfriado e velocida-
piratória influenciada pela temperatura em de do produto ao passar pelo equipamento
que são mantidas. Temperaturas baixas de resfriamento (Fig. 1).
retardam as alterações típicas do amadure-
cimento, bem como a síntese de etileno

Foto: C. L. Girardi
(hormônio do amadurecimento) e o desen-
volvimento de microrganismos (fungos).
A rápida remoção do calor que a fruta traz
do campo, através do pré-resfriamento,
associada às condições ideais de conser-
vação, são fatores importantes no prolon-
ga-mento da vida útil das frutas.

PRÉ-RESFRIAMENTO

O pré-resfriamento é uma operação


importante no processo de conservação de Fig. 1. Conjunto de compressores.
maçãs, devendo ser realizado logo após a
colheita. Com o pré-resfriamento, a tem-
peratura da polpa da fruta é baixada rapi- Os principais métodos de pré-resfria-
damente, reduzindo assim o processo res- mento empregados para maçã são: resfria-
piratório, a perda de água e, indiretamente, mento na câmara frigorífica, ar forçado e
o desenvolvimento de podridões. O equi- água (hydrocooling). No Brasil, utiliza-se ape-
pamento de refrigeração deverá ter condi- nas o pré-resfriamento em água, embora a
ções de manter constante a temperatura maior parte das maçãs seja resfriada na câ-
do meio refrigerante. Se essa condição não mara de armazenagem.
for satisfeita, as maçãs sairão do pré-resfri-
amento com uma temperatura acima da Pré-resfriamento
programada. Havendo uma demora maior em câmara
para atingir a temperatura de armazena-
gem, ocorrerá um maior consumo de açú- O pré-resfriamento pode ser feito
cares e ácidos acumulados durante o de- numa câmara frigorífica com um sistema
senvolvimento das maçãs. de refrigeração dimensionado para a remo-
O tempo gasto para atingir a tempe- ção de grande quantidade de calor em
ratura de armazenamento depende de fa- pouco tempo. Essa forma de pré-resfria-
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mento apresenta a vantagem de permitir o Para diminuir o problema, pode-se utilizar


uso da câmara para o armazenamento no uma atmosfera praticamente saturada com
final do período de safra. Após o resfria- água e até molhar as frutas antes de iniciar o
mento de um lote de bins, eles são removi- resfriamento. É importante que o equipa-
dos para outra câmara, para o armazena- mento seja instalado e operado de forma a
mento. Para um rápido e eficiente resfria- reduzir substancialmente o fluxo de ar tão
mento, é importante um empilhamento logo o produto esteja resfriado, evitando
compacto dos bins de forma a forçar a desperdício de energia e a perda de água das
passagem da corrente de ar por dento dos frutas, ou mesmo o seu congelamento. Para
mesmos. O espaço entre as paredes late- um resfriamento mais homogêneo das fru-
rais e as pilhas de bins deve ser o menor tas, é necessária a inversão do fluxo do
possível. A câmara recebe 20% a 30% de equipamento, evitando-se o congelamento
sua capacidade de armazenagem, sendo os das frutas num lado da pilha de caixas e
bins dispostos de maneira a formar uma temperaturas mais elevadas no outro lado
barreira, em toda a largura da câmara, em da pilha.
sua porção intermediária. O ar empurrado
pelos forçadores passa por sobre o topo Água (hidrocooling)
das pilhas e bate na parede da câmara,
provocando o deslocamento em sentido O sistema de pré-resfriamento por água
inverso. Isso obriga o ar a passar por entre é um dos mais rápidos para eliminar o calor
os bins e, assim, retirar o calor das frutas. de campo de maçãs, sendo a sua eficiência
Neste método de pré-resfriamento é im- baseada no maior coeficiente de transferên-
portante uma grande superfície do evapo- cia de calor da água e também na ausência de
rador para a obtenção de um baixo ∆T desidratação do produto. É, assim, apro-
(diferença entre a temperatura de evapora- priado para o resfriamento de maçãs que
ção do refrigerante e o ar circulante) para ainda não estão na embalagem de comerci-
reduzir a transpiração das frutas. A umidi- alização, diferentemente do sistema de res-
ficação do ar diminui a perda de peso das friamento por ar, que pode resfriar produtos
frutas, mas aumenta a necessidade de de- que estão na embalagem definitiva.
gelos do evaporador. O pré-resfriamento com água pode ser
aplicado por aspersão, ducha (Fig. 2), ou
Ar forçado imersão. O sistema de ducha é o mais utili-
zado, porque proporciona uma melhor dis-
Neste sistema são formadas pilhas de tribuição da água sobre o produto. Porém,
bins ou caixas, por entre as quais o ar frio um problema que pode surgir nesse sistema
circula retirando o calor. O movimento de é a ocorrência de caminhos preferenciais da
ar através das pilhas ocorre graças a uma água entre o produto, resultando em um
diferença de pressão criada por forçadores resfriamento desuniforme. Isso pode ser evi-
de ar, que funcionam sempre sugando o ar tado com uso de maiores volumes de água e
frio pelo produto. Para se obterem bons maior superfície de distribuição.
resultados, é importante que as caixas te- O sistema de pré-resfriamento com
nham aberturas suficientes para a pas- imersão não apresenta a desvantagem dos
sagem de ar e que as caixas sejam dis- caminhos preferenciais da água, mas causa
postas de modo a propiciar a passagem do algumas dificuldades por conta da menor
ar e, assim, refrigerar as frutas. densidade das frutas em relação à água,
O maior problema apresentado pelo levando-as a flutuar, o que requer adapta-
método são as perdas de água, que depen- ção no equipamento para manter o produto
dem principalmente da umidade relativa e dentro da embalagem. É importante tam-
da velocidade do ar utilizadas no processo. bém que, mesmo com o deslocamento das
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frutas, ocorra um contínuo bombeamento fica inativo. É importante evitar também o


da água, para homogeneizar sua tempera- excesso de argila e matéria orgânica nos
tura e garantir bons resultados. reservatórios que podem inativar o cloro ou
fungicidas. Por isso, é recomendável que os
Foto: O. C. Filho

bins contendo maçãs sejam lavados com um


jato de água antes de entrar no pré-resfriador
para remover a terra proveniente do pomar,
aderida à base destas embalagens. A água do
pré-resfriador, quando muito suja, deve ser
trocada para evitar que ela suje as frutas
durante o pré-resfriamento e para reduzir a
fonte de inóculo.
No Brasil, dispõe-se de poucas infor-
mações de pesquisa sobre o pré-resfriamen-
to de maçãs, e, em alguns trabalhos com as
cultivares Golden Delicious e Fuji, verificou-se
Fig.2. Sistema de pré-resfriamento de maçãs por ducha. que o pré-resfriamento em água reduziu a
perda de peso e o murchamento de frutas da
Uma das desvantagens do sistema de cv. Fuji, além de manter maior firmeza de
pré-resfriamento por água é a possibilida- polpa (3 a 5 libras) nas duas cultivares, após
de de contaminação. O inóculo de maçãs o armazenamento. Em outros trabalhos,
procedentes de pomares com problemas verificou-se que o pré-resfriamento aumen-
de podridões estará sendo disperso pela tou o peso das frutas em 1,0% e 1,7%, para
água e poderá contaminar frutas sadias. as cultivares Golden Delicious e Fuji, respecti-
Além disso, o inóculo pode penetrar na vamente. Nos dois trabalhos, não foi obser-
fruta quando receber o impacto da água vado nenhum efeito do pré-resfriamento na
muito mais fria do que a temperatura da manifestação de distúrbios fisiológicos. Cons-
polpa. Isso leva a uma contração do ar dos tatou-se, porém, que a adição de CaCl2 à água
espaços intercelulares, succionando a água do pré-resfriamento diminui a incidência de
para as camadas mais periféricas da polpa podridões durante o armaze-namento da
A sucção é maior quanto maior for a dife- maçã.
rença entre a temperatura da polpa e da Vale lembrar que o pré-resfriamento,
água de pré-resfriamento. A presença de para propiciar resultados positivos, deve ser
entradas naturais, como as lenticelas, a executado de maneira correta. Entretanto,
malformação da camada de cera que en- pouco vale um perfeito sistema de pré-resfri-
volve a maçã, ou a existência de pequenos amento se a armazenagem ocorrer em tem-
ferimentos causados na colheita ou trans- peratura, umidade relativa do ar ou concen-
porte facilitam a entrada da água para trações de gases inadequadas.
dentro dos tecidos e, com ela o inóculo.
Para evitar que isso ocorra, a água do ARMAZENAMENTO
sistema deverá ser tratada com produto de REFRIGERADO
ação fungicida ou fungistática.
CONVENCIONAL
O hidrorresfriamento requer um
freqüente monitoramento do pH da água
(quando da utilização de produtos à base
Qualidade da fruta para
de cloro), que deve ficar em torno de 7,0. o armazenamento
Em pH baixo (< 6,5) os problemas de corro-
são e liberação de cloro tóxico aumentam A maçã a ser armazenada deve ser
muito e, em pH alto (>7,5) o cloro utilizado recém-colhida e de boa qualidade, isenta
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de distúrbios fisiológicos e sem sinais visí- condensadores, evaporadores, ventilado-


veis de ataque de fungos e bactérias. Como res e motores.
regra geral, é fundamental que a padroni- O isolamento térmico adequado da
zação do produto a ser armazenado na câmara, por meio de painéis de poliureta-
câmara frigorífica seja a mais perfeita pos- no ou de poliestireno com no mínimo 100
sível, proporcionando uma melhor condi- mm de espessura, reduz o consumo de
ção de armazenagem e estabelecendo um energia elétrica pelos compressores e man-
critério adequado para a comercialização. tém uma umidade relativa mais alta, redu-
Esta uniformidade diz respeito a cultivar, zindo a perda de peso das maçãs pela
ponto de maturação e ocorrência de podri- desidratação. Um isolamento térmico de-
dões. O tempo de armazenamento é deter- ficiente exige um maior período de aciona-
minado pelo estádio de maturação das mento dos forçadores do evaporador, ex-
maçãs no momento da colheita, devendo- pondo as frutas à circulação de ar por um
se evitar armazenar frutas verdes ou muito maior período e, além disso, o maior perí-
maduras. Não é recomendado o armaze- odo de funcionamento dos evaporadores
namento de lotes de maçãs com matura- provoca maior condensação de água no
ção ou qualidade muito diferentes entre si, evaporador, o que reduz a umidade relati-
pois a abertura da câmara sempre deve ser va dentro da câmara.
feita de acordo com o produto mais madu- As câmaras frigoríficas para maçãs
ro ou de mais baixa qualidade. geralmente utilizam como gás refrigerante
a amônia e R-22. Este último será substi-
Dimensionamento tuído pelos gases R-407 e SUVA 9000 nos
da câmara frigorífica próximos anos, para evitar danos à camada
de ozônio. Para câmaras de pequena capa-
O leiaute do frigorífico para maçãs cidade, um sistema de refrigeração com
deve facilitar as diversas operações de gás R-22 é o mais indicado, enquanto, para
carga e descarga, classificação e expedi- câmaras de grande porte, principalmente
ção, movimentação de empilhadeiras e em complexos frigoríficos que reúnem di-
pessoal. Da mesma forma, toda câmara versas câmaras, a amônia é a alternativa
frigorífica deve ser projetada para receber mais viável.
uma quantidade máxima de fruta por dia, Para se manter um ∆T inferior a 5oC,
na pior condição de temperatura de polpa. é necessária uma superfície de no mínimo
O volume de colheita e a capacidade de 2m2 de evaporador para cada tonelada de
comercialização podem e devem definir o capacidade da câmara. Na Europa, reco-
tamanho ideal da câmara para cada produ- menda-se que a maçã deva perder em
tor. A carga térmica utilizada pelo equipa- torno de 3% de água por transpiração
mento frigorífico deverá ser calculada de durante o período de armazenamento para
forma que possa retirar o calor da fruta até não ser afetada por distúrbios fisiológicos,
o nível desejado, levando em considera- como a degenerescência interna. Diversos
ção o calor transmitido através das pare- trabalhos feitos com maçãs brasileiras das
des, o piso e o teto, a infiltração de ar no cultivares Gala, Fuji e Golden Delicious
interior da câmara, o calor das frutas e não apresentaram distúrbios fisiológicos
embalagens, além da carga térmica trans- após a conservação numa umidade relati-
mitida por motores, empilhadeiras, ilumi- va de 96%. No entanto, observou-se que a
nação, aberturas de portas e pessoal. Por redução da umidade para 92% diminui a
isso, para uma boa operação do sistema incidência de podridões, principalmente
frigorífico, é importante a escolha e o na cultivar Fuji, embora a perda de massa
dimensionamento correto dos componen- seja expressiva. A cultivar Gala, quando
tes do sistema, tais como compressores, exposta a uma umidade acima de 96% na
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fase final de armazenamento, acelera a ras da embalagem resulta em uma diminui-


perda da firmeza da polpa e, muitas vezes, ção de aproximadamente 25% do tempo
apresenta aspecto farináceo, chegando a de resfriamento.
rachar.

Foto: L. Couto
Carregamento da câmara
e resfriamento

Durante o carregamento da câmara,


os forçadores de ar do evaporador devem
funcionar em alta velocidade, circulando o
ar frio rapidamente entre os bins. O tempo
de resfriamento depende do dimensiona-
mento correto da capacidade de refrigera-
ção, considerando-se o volume de produto
a ser resfriado por jornada de trabalho.
Esse sistema tem a vantagem de reduzir a
necessidade de movimentação de bins ou
embalagens dentro do packing-house, mas
apresenta uma grande desvantagem, que é
a lenta diminuição da temperatura das
frutas armazenadas, que apresentam osci-
lações de temperatura, principalmente
quando há uma demora no carregamento
da câmara. Essas oscilações, associadas a
Fig. 3. Empilhamento de bins na câmara
uma maior movimentação de ar dentro da
frigorífica.
câmara, para garantir uma mais eficiente
retirada do calor das maçãs, podem levar a
uma maior desidratação das maçãs arma- Como o período de colheita das prin-
zenadas, motivo por que deve-se utilizar cipais cultivares de maçã é relativamente
um bom sistema de umidificação do ar. curto, causando uma grande entrada diária
Outro problema associado ao resfriamen- de frutas a serem armazenadas, toma-se como
to na câmara de armazenamento é a forma um parâmetro aceitável, um tempo de res-
de carregamento da unidade (Fig. 3). Du- fria-mento nunca superior a 24 horas, sendo
rante o tempo de carregamento, mesmo recomendadas 7 a 8 horas, com o uso de um
com uma velocidade do ar maior, podem- pré-resfriamento. Para que isso ocorra, o
se criar rotas preferenciais do ar, que per- volume diário de fruta que entra na câmara
mitem a formação de bolsões de tempera- nunca poderá ser maior que 20% da capaci-
tura mais elevada, resultando em produto dade total da câmara, devendo-se, por um
com taxa de metabolismo e de transpira- período de 5 dias, manter a câmara fechada
ção maiores. Barreiras à movimentação do para conservação. Embora seja recomenda-
ar, como o uso de plástico de bolhas nas do um resfriamento das frutas por 5 dias, isso
paredes internas dos bins, para diminuir muitas vezes não é possível numa câmara
danos de abrasão e impacto nas maçãs, comercial, por causa de uma série de fatores.
contribuem para um resfriamento mais Um deles, que deve ser levado em conta para
lento. Bins com paredes muito fechadas obter uma boa taxa de resfriamento, é uma
também dificultam a passagem do ar frio eficiente taxa de circulação de ar, associada
nas camadas de maçãs mais internas. O a uma temperatura conveniente, o que mui-
aumento de mais ou menos 5% nas abertu- tas vezes limita a eficiência do método.
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Outra possibilidade para acelerar o res- poderá gerar um gradiente acentuado de


friamento é destinar câmaras para fazer o temperatura entre a parte superior e inferi-
pré-resfriamento e, quando as frutas atingi- or da câmara (> 0,5ºC) por conta da con-
rem a temperatura desejada, elas serão remo- vecção do ar. Nesse caso, o termostato
vidas para a câmara de armazenamento. deve acionar apenas os forçadores de ar do
Apesar da maior velocidade de resfriamento, evaporador, sem permitir a entrada de
existe o inconveniente do excessivo manu- refrigerante no evaporador. Se a tempera-
seio dos bins dentro do packing-house. tura da câmara se elevar acima do set point
Em trabalho realizado comparando-se regulado no termostato, ele então deve
o resfriamento lento em 8 dias com o rápido acionar a entrada de gás refrigerante e os
em 3 dias, maçãs da cultivar Gala apresen- forçadores de ar do evaporador para a
taram, com o resfriamento rápido, maior geração de frio. Os termômetros e os ter-
firmeza de polpa (3,5 libras), cor da epiderme mostatos eletrônicos, por melhores que se-
mais verde e menor incidência de polpa jam, sempre estão sujeitos a erros de leitura.
farinácea, após 8,5 meses de armazenamen- Por isso, deve-se realizar, pelo menos uma
to a 0,5ºC e mais sete dias a 20ºC. vez ao dia, a medição da temperatura com
termômetro de mercúrio, com escala de in-
Temperatura tervalos de 0,2°C, com o bulbo introduzido
de conservação na polpa de uma fruta. Deve-se tomar cuida-
do para não ocorrer congelamento em ne-
O limite mínimo de temperatura para nhum local da câmara.
ser utilizado com segurança depende da Para obtenção de condições satisfa-
variedade de maçã, devendo-se evitar tem- tórias de armazenamento, evitando varia-
peraturas que possam causar distúrbios ções de temperatura na câmara, alguns
fisiológicas pelo frio (chilling) e tempera- cuidados devem ser observados antes e
durante o armazenamento:
turas de congelamento. Flutuações de tem-
• Resfriar a câmara um dia antes do
peratura são, na maioria dos casos, respon-
sáveis pela condensação de água sobre os carregamento.
produtos armazenados, favorecendo o • Concluir o enchimento o mais rápido
desenvolvimento de podridões. Para um possível.
satisfatório controle de temperatura das • Não armazenar com meia carga por
frutas, é recomendável que a câmara seja longos períodos.
dotada de termostato com regulagem da • Manter ventiladores em alta velocida-
temperatura, com intervalos de 0,1°C. O de até a obtenção da temperatura desejada.
termostato deve dispor de diversos senso- • Manter baixa a diferença de tempera-
res de temperatura que acompanham a tura entre o ar da câmara e o fluido no
temperatura na parte superior e inferior da evaporador.
câmara, abaixo do evaporador, onde ocor- • Fazer corretamente a estiva, permi-
re o retorno do ar quente, no fundo da tindo, que o ar se desloque por entre os bins
câmara (lado oposto do evaporador) e da no sentido do fundo da câmara para o evapo-
polpa de uma maçã colocada dentro de um rador.
bin. Quando a temperatura do local mais • Dimensionar corretamente a circula-
frio da câmara (em cima e no fundo) chegar ção do ar e a pressão estática nos forçadores
próximo ao ponto de congelamento a gera- de ar do evaporador.
ção de frio deve ser desligada pelo termos- • Restringir ao mínimo o tempo de
tato. Em períodos de baixas temperaturas abertura de portas das câmaras e dispor as
externas poderá ocorrer um acionamento portas de cortinas plásticas ou de vento, para
pouco freqüente da refrigeração, o que evitar a entrada de calor.
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Umidade relativa o resfriamento, mas pode aumentar, em


alguns casos, a ocorrência de podridões.
A ocorrência de umidade relativa Na fase final do período de armazena-
muito baixa é comum no interior de câma- mento, a perda de água das maçãs aumenta
ras frigoríficas, causando perdas de peso, em virtude da maturação avançada das
murchamento, amarelecimento e um as- frutas que transpiram mais.
pecto esponjoso à fruta (não-crocante).
Essas perdas também estão relacionadas Circulação de
com a temperatura e a taxa de circulação ar na câmara
de ar. Para uma determinada dimensão de
câmara e carga, a umidade relativa é tanto O ar é o meio transportador de calor da
maior quanto maior for a superfície do fruta e do calor que penetra pelas paredes,
evaporador. Como regra geral, a diferença piso e teto da câmara para o fluído refrigeran-
de temperatura entre o ar da câmara e a te no evaporador. A quantidade de calor a ser
temperatura de evaporação (Dt) deve ser a eliminada depende também da intensidade
menor possível, não ultrapassando 5°C. respiratória das frutas e da abertura de por-
Durante o enchimento e o resfriamento, tas. Por isso, a circulação de ar deve ser cons-
esse valor pode ser ultrapassado. Caso tantemente verificada, devendo deslocar-se
contrário, o resfriamento é muito demora- na mesma direção que os corredores entre as
do, acelerando a maturação da maçã. Por- pilhas dos bins. A circulação do ar por con-
tanto, deve-se manter uma umidade no vecção natural ou forçada deve ser suficiente
interior da câmara entre 90% e 96%; acima para manter uma uniformidade razoável da
disso, pode ocorrer condensação de água temperatura e da umidade na câmara, deven-
sobre as frutas, podendo favorecer o de- do-se deixar espaço para permitir a descida
senvolvimento de microrganismos (fun- do ar ao longo da parede oposta ao evapora-
gos). A precisa medição dessa umidade em dor, para o seu regresso através das pilhas até
baixas temperaturas é uma das dificulda- o evaporador. O uso de lonas na parte supe-
des do seu adequado controle, devendo rior da câmara, onde está sendo lançado todo
utilizar-se para a sua determinação um o ar que irá circular pela câmara, protege as
psicrômetro não aspirado e uma tabela frutas nessa região, evitando a desidratação,
psicrométrica. Psicrômetros eletrônicos e o congelamento e a formação de gelo quando
umidostatos, quando de boa qualidade e há queda de gotas de água dos bicos do
bem aferidos, também são bastante confi- umidificador (Fig. 4).
áveis.
Durante o resfriamento, a maçã per-
de, geralmente, acima de 1% do seu peso
em água, quantidade que, às vezes, é supe-
rior à perda que ocorre no restante do
período de armazenamento. Por isso, du-
rante o resfriamento deve-se manter o ar
da câmara o mais úmido possível, por meio
de nebulização, molhamento dos bins e do
piso da câmara. Um bin de madeira pode
absorver 4,5 litros de água durante as
primeiras semanas de armazenamento, o
que significa que em torno de 6500 litros
de água são absorvidos numa câmara de
500 t de maçãs. O molhamento das frutas Fig. 4. Orientação de carregamento e des-
locamento do ar em câmaras frias
também diminui a perda de peso e acelera Fonte: Adaptado de Chapon e Westercamp, 1996.
Frutas do Brasil, 39 Maçã Pós-colheita 65

Como o ar segue o caminho de menor catalítica de etileno também não é viável,


resistência (curto-circuito), quando os espa- durante o armazenamento, refrigerado em
ços entre as pilhas forem irregulares, os mai- virtude da alta síntese desse gás na presen-
ores espaços admitem um maior volume de ça do alto teor de oxigênio do ar atmosfé-
ar que os mais estreitos. Portanto, quando rico.
certas passagens estiverem parcialmente Quando se introduz ar exterior numa
obstruídas, formam-se zonas de ar parado câmara frigorífica, ele deve ser direciona-
com elevação da temperatura nesses locais. do diretamente para o evaporador, a fim de
A medição da velocidade do ar pode ser feita se evitar condensação de água na superfí-
com anemômetro de pás logo acima da su- cie das frutas.
perfície das maçãs dentro do bin.
Quando se utiliza a própria câmara para Degelo do evaporador
resfriar as frutas, deve-se utilizar os forçado-
res em alta velocidade de 3,0 a 4,0 m/s ou O degelo do evaporador é feito quan-
estabelecer uma relação de 50 a 60 vezes o do a camada de gelo obstrui a passagem de
volume da câmara por hora. Já durante o ar entre as aletas, e deve ser realizado o
armazenamento, deve-se utilizar os força- mais rápido e no menor número de vezes
dores com baixa rotação, proporcionando possível. Degelos prolongados causam
uma velocidade do ar de 0,2 m/s entre os bins grande aumento da temperatura do ar da
desejáveis ou uma relação que corresponde câmara, o que também causa o aumento da
à metade da proporcionada na alta veloci- temperatura das frutas, podendo provocar
dade. Para isso, é fundamental o dimensio- até condensação de água sobre a superfície
namento correto dos forçadores, bem como das mesmas, aumentando a ocorrência de
o tamanho do evaporador em relação à quan- podridões.
tidade de calor a eliminar, para a manutenção O degelo em câmaras comerciais ge-
de temperaturas baixas e constantes e evitar ralmente é feito de três formas diferentes.
a variação de umidade relativa na câmara. A forma mais comum para grandes câma-
ras é a injeção de gás refrigerante quente,
Renovação do ar sob alta pressão, no evaporador. Para câ-
maras menores pode ser usado o aqueci-
A renovação de ar em câmaras frigo- mento do evaporador com uma resistência
ríficas é uma prática recomendável duran- elétrica ou um banho com água, com tem-
te o armazenamento refrigerado. No caso peratura ambiente até a completa fusão do
da maçã ‘Fuji’, a renovação do ar reduz a gelo.
concentração de CO2, que numa concen- A água do degelo pode ser coletada na
tração de 1% durante um longo período parte externa da câmara, e sua medição
pode causar a degenerescência da polpa. permite um cálculo da perda de massa da
Tal prática também reduz a concentração maçã armazenada. Em países europeus,
de alfa-farneseno, que, nas maçãs ‘Fuji’ e onde o custo da água é elevado, a água do
‘Granny Smith’, entre outras, pode causar degelo é aproveitada na umidificação da
escaldadura. A renovação do ar com a câmara por meio de nebulização.
finalidade de retirar etileno tem pouco
efeito sobre a conservação de maçãs, ten- Condições de armazena-
do em vista que mesmo com a renovação mento
do ar a concentração de etileno fica próxi-
ma ou superior a 10 ppm, que é uma dose As condições adequadas de armaze-
que apresenta um efeito próximo ao máxi- namento refrigerado variam conforme a
mo sobre a aceleração do metabolismo da cultivar, a maturação na colheita, o local e
maioria das cultivares de maçã. A queima o ano de produção. Na Tabela 1, são apre-
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sentadas recomendações para o armaze- quisa em Pós-Colheita da Universidade


namento, baseadas em trabalhos de pes- Federal de Santa Maria – UFSM –, com
quisa desenvolvidos pelo Núcleo de Pes- algumas variedades de maçãs cultivadas
no Brasil.
Tabela 1. Condições para o armazenamento refrigerado de maçãs.

Cultivares Temperatura (ºC) Umidade relativa (%) Período de armazenamento

Gala e mutantes 0,5 94 – 96 4 – 5 meses


Fuji -1 a 0 92 – 96 6 – 7 meses
Golden Delicious 0 94 – 96 5 – 6 meses
Belgolden 0 94 – 96 5 – 6 meses
Braeburn 0 92 – 96 6 – 7 meses
Fonte: Brackmann, 2003.

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