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Texto editado para este fim, a partir do livro: LENHARD Rudolf –

Sociologia educacional, São Paulo, Pioneira, 1981.



“Querer, saber e poder são requisitos da ação racional. Para o saber,
apenas, dirige-se o nosso trabalho; e nem tudo que se pode conhecer, a
respeito da educação, nos concerne. Ao lado da sociologia educacional
marcham tanto a filosofia, como outras ciências empíricas e, ainda,
investigações diretamente voltadas para a prática. A filosofia, como
pensamento puro, define as nossas decisões e revela os fundamentos mais
gerais dos nossos objetivos concretos. O

que queremos, a qualquer momento, é um dado isolado e sem sentido,


enquanto não o entendermos como faceta da orientação dada à nossa vida
inteira. Essa orientação, por sua vez, decorre da nossa visão do mundo e da
posição do homem nela e brota, portanto, em última análise, de
concepções metafísicas. Esclarecer a estas, deduzir delas o modelo ideal do
homem perfeito e das suas ações, é filosofar. Interpretar a realidade da
educação e das circunstâncias em que se educa, à luz de tal compreensão
de fins últimos, é filosofia da educação.

Este pensamento puro visa, no entanto, a modificar a realidade. Pedimos a


luz da razão para podermos melhorá-la e, querendo ser eficazes,
precisamos traduzir a filosofia numa pedagogia. A esta, como a uma ‘teoria
prática’ (Durkheim), cabe elaborar um sistema coerente de medidas, pelas
quais os objetivos filosoficamente estabelecidos possam ser atingidos com
a maior perfeição possível. Normas de ação devem ser deduzidas dos
postulados absolutos e dos propósitos deles decorrentes numa situação
concreta. A arte de educar sempre envolve uma consciência vaga, pelo
menos, de objetivos e meios. Ela pode passar-se sem reflexão sistemática
numa sociedade estável, cuja cultura contém todos os padrões de
procedimentos necessários, aprovados pela experiência de gerações. Numa
sociedade em mudança, a experiência passada não resolve todos os
problemas do dia, presente, mas a intuição pode bastar para nortear a ação
de educadores perspicazes; quando, porém, a mudança se acelera e,
mormente, quando a sociedade é tão complexa que nenhum educador
pode ter uma visão completa dela, uma grande massa de educadores e,
mesmo, aqueles indivíduos privilegiados procuram diretrizes que somente
a reflexão pedagógica, lúcida e sistemática, pode proporcionar.

Às ciências empíricas recorrem tanto a filosofia da educação como a


pedagogia. Aquela necessita de conhecimentos comprovados da realidade
ao procurar interpretá-la. Os objetivos absolutos, que ela deduz de
pressupostos metafísicos, manifestam-se em metas concretas, variáveis,
segundo o estado atual de cada sociedade, o qual deve ser observado e
analisado objetivamente; só o que se conhece, tal como realmente é, pode
ser julgado diante daquilo que deveria ser. A pedagogia, por sua vez,
depende da compreensão dos processos psíquicos e sociais para orientá-
los. Normas, por ela estabelecidas, serão operantes, na medida em que se
refiram a comportamento real ou possível de educadores e educandos.

A sociologia investiga a ordem que rege as relações humanas. Avizinha-se


de duas outras disciplinas, relevantes para os estudos da educação: da
história e da psicologia. Aquela procura compreender o desenrolar dos
acontecimentos passados em determinada sociedade, na sua
individualidade única, contribuindo, se for o caso, para a interpretação do
seu estado atual. A sociologia distingue-se dela pela tendência
sistematizadora e generalizadora; na medida em que utiliza fatos passados,
busca neles as regularidades, verificáveis mediante comparação, e
suscetíveis de serem tidas como supratemporais. A psicologia, por sua vez,
focaliza o indivíduo; estuda a estrutura dos organismos no que se refere ao
seu

comportamento e à ação exercida sobre ele, por influências ambientais;


indica ao pedagogo os meios pelos quais a educação pode beneficiar o
desenvolvimento da personalidade. As componentes sociais do ambiente
interessam-lhe como fatores do comportamento individual, enquanto que
para a sociologia constituem o próprio campo de pesquisa.

O termo ‘educação’ é daqueles usados correntemente com significado algo


vago. Precisá-lo implica em definir e circunscrever o objeto das nossas
cogitações e deve, por conseguinte, ser a nossa primeira preocupação. Ao
tentar fazê-lo, não pretendemos negar a validade de outras definições,
quando estabelecidas para finalidades diferentes das nossas. As palavras
não possuem significado intrínseco; são símbolos convencionais; e como o
pensamento científico frequentemente avança em áreas ainda não
exploradas pelo idioma, ocorrem-lhe distinções novas, às quais um rótulo
deve ser posto, tomado, à falta de alternativa, do acervo já existente do
vocabulário. Nestas condições, algumas palavras vêm a adquirir significados
múltiplos, sendo importante que o sentido, pretendido num determinado
contexto, seja claramente enunciado. Tanto a sociologia como a pedagogia
vêem-se constantemente diante de tais situações, lamentáveis, porque as
variações de significado de uma mesma palavra provocam mal-entendidos,
mas assim mesmo inevitáveis”.

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