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1. INTRODUÇÃO.
1
Segundo JOSÉ AFONSO DA SILVA, o preenchimento dessas condições advém do título
executivo, “que define os limites objetivos e subjetivos da ação de execução e do respectivo
processo” (Execução fiscal. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1976, p. 26).
que se pretende provar e que sua falsidade não seja argüida fundadamente
pela parte contrária.
2
O raciocínio aqui desenvolvido, bem como sua exposição, tem como base artigo anterior
escrito em co-autoria com o Prof. Dr. Igor Mauler Santiago: Eficácia suspensiva dos embargos
à execução fiscal em face do art. 739-A do Código de Processo Civil. In Revista Dialética de
Direito Tributário n° 145.
3
SACHA CALMON NAVARRO COÊLHO. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 8ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2005, p. 773.
4
MISABEL ABREU MACHADO DERZI. Legalidade material, modo de pensar ‘tipificante’ e
praticidade no direito tributário, in Justiça Tributária: direitos do fisco e garantias do contribuinte
nos atos da administração e no processo tributário. São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 628-
629.
5
JOSÉ SOUTO MAIOR BORGES. A isonomia tributária na Constituição de 1988. Revista de
Direito Tributário nº 64. São Paulo: Malheiros, 1994, p. 15.
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Que, reitere-se, é sempre ato administrativo, e nunca do particular, sendo imprópria a menção
a autoliquidação ou autolançamento.
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o dever do
sujeito passivo de pagar o tributo decorre do simples transcurso do prazo
definido na lei, cabendo a ele identificar a ocorrência do fato gerador,
interpretar a legislação, calcular o débito e o recolher, tudo sem prévia
manifestação do Fisco. Aqui o lançamento não será necessário para o
adimplemento da obrigação tributária. Poderá haver a homologação da
Fazenda sobre o comportamento do sujeito passivo (art. 150, caput, in fine) ou,
se o sujeito passivo – ao ver do Fisco – não cumprir o seu dever a contento,
caberá a este último efetuar lançamento de ofício supletivo para exigir os
valores que não foram objeto de pagamento, com as penalidades previstas
para a espécie (CTN, art. 149, V e VI).
Após o lançamento e a sua confirmação na esfera administrativa (ou
o transcurso in albis do prazo para impugnar), caso o devedor não cumpra a
obrigação nele certificada, caracteriza-se o interesse processual do Estado e
abre-se-lhe a via da execução forçada de seu crédito.
Analisando essa dinâmica legal, registrou o Min. PEÇANHA
MARTINS, no REsp. nº 637.891/PR, que
7
STJ, 2ª Turma. REsp. nº 637891/PR, Rel. Min. PEÇANHA MARTINS, DJ 26.04.2006 p. 202
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Para as críticas à noção de lançamento tributário como ato de acertamento (expressão,
porém, utilizada em sentido diverso do que adotamos neste texto), ver: XAVIER, Alberto. Do
Lançamento: Teoria Geral do Ato, do Procedimento e do Processo Tributário. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1997, p. 27-32.
certeza da obrigação – certeza pelo menos para o Poder Executivo, mas ainda
passível de quebrantamento por ato de outro Poder, o Judiciário. Tal certeza
afasta a necessidade do consentimento do devedor (de resto, somente
obtenível em hipóteses excepcionais) para o acesso direto do Estado à
execução9.
Decorre disso que o lançamento é o ato administrativo
unilateralmente editado pela Fazenda, declarando-se credor da obrigação
tributária nele plasmada, cuja possibilidade de revisão dota o crédito tributário
de exigibilidade necessária para a propositura de ação executiva com agressão
direta ao patrimônio do devedor.
A partir do ato administrativo de lançamento tornado imodificável na
via administrativa pelo esgotamento dos meios à disposição do sujeito passivo
para discuti-lo naquela esfera, a Fazenda vai emitir seu próprio título executivo,
que é a Certidão de Dívida Ativa - CDA10 (art. 202, parágrafo único, do CTN;
art. 585, VII, do CPC e art. 2º, § 5º, da Lei nº 6.830/80).
Note-se, portanto, que a CDA é a formalização documental do título
executivo da obrigação tributária, tal como posta no lançamento.
Concluímos assim que a CDA deve ser a fiel retratação do
lançamento, e dele retira sua certeza e liquidez. Qualquer desvio ou
divergência que a CDA tenha para com o ato administrativo de lançamento
torna-a imprestável para embasar validamente a ação de execução,
acarretando assim sua nulidade, por destoar de seu pressuposto jurídico, que é
o lançamento.
Confirma a assertiva a interpretação que o STJ firmou acerca do art.
art. 2º, § 8º, da Lei 6.830/80, segundo o qual "até a decisão de primeira
instância, a Certidão de Dívida Ativa poderá ser emendada ou substituída,
assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos". A
jurisprudência não admite que a nova CDA oferecida em substituição altere as
características do lançamento, sob o fundamento de que deve fielmente
retratar o ato administrativo. Especificamente no que interessa ao presente
artigo, é ver a seguinte ementa, que versa justamente sobre o sujeito passivo
da obrigação tributária:
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Eis as palavras do Autor: “Estrutura-se um procedimento destinado à verificação da
resistência à pretensão, dotando-o inclusive de regras disciplinares dos elementos de
convicção, normas onde se estabelecem critérios para verificação da hipótese de incidência e
presunções legais. Referida regulamentação do exame das razões da resistência do
contribuinte (da impugnação), que implica reexame do lançamento, gera a presunção do
caráter infundado desta resistência quando repelida ao final do procedimento. Na aludida
presunção se estriba a lei para afastar o consenso como requisito do acertamento da obrigação
tributária.” (CAMPOS, Ronaldo Cunha. Execução Fiscal e Embargos do Devedor. Rio
de Janeiro: Forense, 1978, p. 120-121)
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STJ, REsp. nº 599.813/RJ, 1ª Turma, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, DJ 10.05.2004, p. 200
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IPTU. CDA.
SUBSTITUIÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. SUB-ROGAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. Não se admite a substituição da CDA para alteração do
sujeito passivo dela constante, por não se tratar de mero erro
formal ou material, mas de alteração do próprio lançamento.
Precedentes.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no Ag 992.425/BA, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2008, DJe 16/06/2008)
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O máximo que a legislação ordinária pode validamente fazer é suavizar o dever probatório
do Fisco, estabelecendo presunções relativas (iuris tantum) em seu favor, pois as presunções
alteram o objeto da prova (PAOLA, Leonardo Sperb de. Presunções e ficções no direito
tributário. Belo Horizonte: Del Rey, 1997, p. 65-6), suavizando o ônus probatório (BECKER,
Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1972, p. 280).
Condição de validade dessas presunções é a previsão de meios efetivos para que o
contribuinte possa desfazer a presunção, motivo pelo qual não será válida a presunção se for
exigido do contribuinte prova impossível ou negativa (nesse sentido: 3º Conselho de
Contribuintes. Recurso nº 127744, Acórdão nº 301-30810, de 05/11/2003). De qualquer forma
será inválida a retirada do dever de prova pelo Fisco para transferi-lo ao contribuinte, sob pena
de ferir o art. 142 do CTN que, estabelece a competência privativa à autoridade administrativa
4. DA INSCRIÇÃO DIRETA EM DÍVIDA ATIVA DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO DECLARADO E NÃO-PAGO PELO SUJEITO PASSIVO.
Pelo que foi dito acima, mesmo que o nome do sócio conste da
CDA, a exceção de pré-executividade será cabível, quando:
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A expressão é retirada da obra de Pedro LENZA (Direito Constitucional Esquematizado. 11ª.
ed. São Paulo: Método, 2007, p. 182), embora seja aqui utilizada com uma ligeira diferença.
14
Essa compreensão do processo de concretização do direito insere-se no bojo da metódica
estruturante de Friedrich MULLER (Métodos de Trabalho do Direito Constitucional. 3. ed. Trad.
Peter Naumann. Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p. 41-5 e 57).
Portanto, o precedente judicial só pode ser aplicado a outros casos
se forem coincidentes entre os casos a norma jurídica formulada, ou seja, se
houver identidade de âmbito normativo e o âmbito material entre os feitos
cotejados.
Nesse sentido, DERZI, discorrendo sobre a Súmula, afirma que esta
não perde a natureza de sentença, e só pode ser aplicada em se verificando a
identidade dos casos, raciocínio em tudo aplicável aos julgamentos submetidos
à sistemática dos Recursos Repetitivos:
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DERZI, Misabel Abreu Machado. Direito Tributário, Direito Penal e Tipo. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais: 1988, p. 290.
16
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil - Teoria geral do direito
processual e processo de conhecimento. 43ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 358.
17
GUASTINI, Riccardo. Das fontes às normas. Trad. Edson Bini. São Paulo: Quartier Latin,
2005, p. 132-6 e 219. Sobre os limites da interpretação no Estado Democrático de Direito:
NEVES, Marcelo. A interpretação jurídica no Estado Democrático de Direito. Artigo em Direito
Constitucional: estudos em homenagem a Paulo Bonavides. p. 356-376. GRAU, Eros Roberto
e GUERRA FILHO, Willis Santiago (organizadores). São Paulo: Malheiros, 2001;
MAGALHÃES, Juliana Neuenschwander. Sobre a Interpretação Jurídica. Artigo em Revista
Brasileira de Direito Comparado. Vol. 3, p. 429-450. Belo Horizonte, 1999 e ÁVILA, Humberto.
Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 4ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2005, p. 23.
18
ALTAVILLA, Enrico. Psicologia Giudiziaria. 3. ed. vol. II. Torino: Torinense, 1927. p. 506.
MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Comentários ao Código de Processo
Civil. Vol. 5. Tomo I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. p. 51.
19
CARVALHO NETTO, Menelick de. Requisitos Pragmáticos da Interpretação Jurídica sob o
Paradigma do Estado Democrático de Direito. Revista de Direito Comparado, vol. 3, Belo
Horizonte: Mandamentos, 2000, p. 482-3.
se a respeito de alguns e quedando-se silente acerca de outros.
Inteligência do art. 458, II, do Estatuto Processual Civil. (...)
3 – Precedentes (EREsp nº 141.876/DF e REsp nº 168.641/DF).
4 – Recurso conhecido e provido para, anulando o v. acórdão a quo,
determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem, para que este
se pronuncie acerca dos pontos omissos constantes das informações
apresentadas e reiterados nos Embargos de Declaração.”
(REsp 259578/PA, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA
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TURMA, julgado em 01.03.2001, DJ 23.04.2001 p. 179)
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No mesmo sentido: REsp 629.199/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06.12.2007, DJ 17.12.2007 p. 159 e REsp 511466/DF, Rel. Ministro FELIX
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 07.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 344.
da ação, os pressupostos processuais, a decadência, a
prescrição, entre outras.
Contudo, no caso concreto, como bem observado pelas
instâncias ordinárias, o exame da responsabilidade dos
representantes da empresa executada requer dilação
probatória, razão pela qual a matéria de defesa deve ser
aduzida na via própria (embargos à execução), e não por meio
do incidente em comento”.
6. CONCLUSÃO.