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RESUMO
O trabalho em questão aborda um tema muito difundido e pouco discutido teoricamente na prática do
ensino em psicologia, que é a supervisão clínica. Para a realização do mesmo foi utilizado o estudo
teórico sobre o assunto e a discussão de prática de supervisão local na clínica-escola do campus de
Guaíba, durante seis anos, com diversos alunos do curso de Psicologia, que cursaram estágio
curricular em Psicologia Clínica. A prática de supervisão, apresentada foi fundamentada na teoria
psicanalítica, e pretende discutir a supervisão em psicoterapia de orientação analítica.
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo principal esclarecer e fornecer subsídios teóricos para
um assunto extremamente importante na prática de ensino em psicologia clínica.Trata-se da
supervisão de casos clínicos, tarefa obrigatória no ensino da psicoterapia, seja ela de qualquer
abordagem.
A importância de tal atividade fundamenta-se, além de se tratar da forma de ensino por
excelência em tratamentos psicológicos, de uma necessidade para o aprendiz desta prática que
necessita trocar experiências com um profissional, capacitado par orientá-lo, e fornecer
subsídios para o aprendizado pela experiência.
A supervisão como o próprio nome indica é uma prática que requer que um
profissional capacitado supervisione um trabalho que está sendo realizado, por outro, que
pode ser um colega ou um estudante. Em psicoterapia o que está em questão são os
atendimentos clínicos realizados com pacientes em tratamento psicológico.
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Ms.Profa. do curso de Psicologia do Campus de Guaíba, supervisora da abordagem psicanalítica na Clínica-
escola (CESAP).
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Outro fator importante, segundo Vollmer e Bernardi (1995) é de que a supervisão tem
por objetivo ajudar o candidato a adquirir uma identidade como analista, através do processo
supervisório.
De acordo com Kernberg (2005), na supervisão, estamos lidando com uma tríade de
paciente-terapeuta-supervisor. E para os estagiários iniciantes este supervisor funciona como
um modelo de identificação, os quais são levados pelos estudantes, para seus consultórios,
como uma representação interna que os orienta em vários momentos.
Mais do que uma prática isolada, a supervisão, quando realizada em uma instituição,
como é o caso deste estudo, lida com uma série de fatores que irão interferir diretamente nesta
tríade.
Os mesmos autores colocam que a supervisão é um processo que não pode ser inerte,
deve estar em constante revisão, organizado a partir da atenção das necessidades da
comunidade e do campo psicoterápico, em direção à exploração e experimentação, livre das
amarras institucionais.
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Apesar das características gerais apontadas no item anterior, cabe ressaltar que existem
várias maneiras de realizar uma supervisão, da mais clássica às mais atuais.
Mabilde (1998) cita Langs (1994) que aborda três modelos de supervisão. O primeiro
que se refere ao modelo padrão, que está embasado na autoridade do supervisor e que
depende do bom senso e flexibilidade do mesmo; o segundo está baseado na técnica e
costuma predizer o que pode acontecer nos próximos atendimentos do supervisionando; e por
último, o terceiro que está centrando na interação e no que se processo na própria supervisão
entre supervisor e supervisionado, priorizando as experiências inconscientes que estão
presentes na supervisão.
Kernberg (2005) corrobora esta idéia afirmando que bons supervisores evitam a
postura autoritária de dizer ao supervisionando o que deve fazer, a não ser em casos de erro
notório, e se torna mais democrático fazendo perguntas ao supervisionando, para que este
possa pensar sobre a psicoterapia que dá andamento e como poderá torná-la mais eficiente.
Neste modelo, o que mais importa como visto anteriormente é o relacionamento que se
desenvolve entre supervisor e supervisionado, a capacidade de escuta do primeiro e o
aprendizado pela experiência pelo segundo, desta forma, a maneira mais útil e usual de
transmitir o material das sessões é através de notas (Kernberg, 2005).
No entanto, alguns aspectos remetem a uma ampla reflexão. A começar, pelo fato de
ser uma clínica-escola, o que já norteia vários seguimentos a serem lembrados. O primeiro
deles é o fato de estar inserida em uma instituição, que possui uma forma de atuação perante a
comunidade acadêmica discente e docente, bem como uma forma particular de interação com
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O processo de supervisão, tendo como base os autores apresentados, deve além dos
itens formais, se prestar como momento único de aprendizado. Um aprendizado mais do que
cognitivo, emocional, de desenvolvimento profissional. No entanto, em psicanálise é difícil
pensar em desenvolvimento e crescimento sem pensar que isto ocorra com a própria
personalidade, ou seja, de um crescimento pessoal.
Acredita-se que cabe ao supervisor favorecer que este processo seja facilitado, que
possa oferecer abertura para que o estudante se coloque da forma mais clara e aberta possível,
através de uma atmosfera de confiança, e principalmente da capacidade de continência de seu
supervisor. Deve-se contar para um bom andamento desta proposta, com um outro
personagem, o analista, ou psicoterapeuta do estagiário, já que o processo supervisório não
deve e nem pode se transformar em tratamento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CABANISS, D. L.; GLICK, R. A.; ROOSE, S. O.The Columbia Supervision Project: data
from the dyad. JAmPsychoanal Assoc, 2001; 49(1):235-67.