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SUPERVISÃO EM PSICOTERAPIA: APRENDIZAGEM PELA EXPERIÊNCIA

Carla Adriana da Silva Villwock1

RESUMO

O trabalho em questão aborda um tema muito difundido e pouco discutido teoricamente na prática do
ensino em psicologia, que é a supervisão clínica. Para a realização do mesmo foi utilizado o estudo
teórico sobre o assunto e a discussão de prática de supervisão local na clínica-escola do campus de
Guaíba, durante seis anos, com diversos alunos do curso de Psicologia, que cursaram estágio
curricular em Psicologia Clínica. A prática de supervisão, apresentada foi fundamentada na teoria
psicanalítica, e pretende discutir a supervisão em psicoterapia de orientação analítica.

Palavras-chave: supervisão – psicologia - psicoterapia

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo principal esclarecer e fornecer subsídios teóricos para
um assunto extremamente importante na prática de ensino em psicologia clínica.Trata-se da
supervisão de casos clínicos, tarefa obrigatória no ensino da psicoterapia, seja ela de qualquer
abordagem.
A importância de tal atividade fundamenta-se, além de se tratar da forma de ensino por
excelência em tratamentos psicológicos, de uma necessidade para o aprendiz desta prática que
necessita trocar experiências com um profissional, capacitado par orientá-lo, e fornecer
subsídios para o aprendizado pela experiência.

PRINCIPAIS ASPECTOS DA SUPERVISÃO EM PSICOTERAPIA

A supervisão como o próprio nome indica é uma prática que requer que um
profissional capacitado supervisione um trabalho que está sendo realizado, por outro, que
pode ser um colega ou um estudante. Em psicoterapia o que está em questão são os
atendimentos clínicos realizados com pacientes em tratamento psicológico.

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Ms.Profa. do curso de Psicologia do Campus de Guaíba, supervisora da abordagem psicanalítica na Clínica-
escola (CESAP).
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A supervisão somente foi oficializada pela psicanálise em 1925, quando estabeleceu o


modelo tripartite, que consiste no tratamento pessoal do analista, na aprendizagem didática e
na supervisão (Cabaniss, Glick e Roose, 2001).

Segundo Grinberg (1975), a finalidade da supervisão é fornecer subsídios para


aprender a pensar, “a escutar seu paciente, a ter capacidade de observar o que ocorre na
sessão, a compreender e tirar conclusões, e a formular interpretações valendo-se de seu
equipamento próprio” (p.29).

Outro fator importante, segundo Vollmer e Bernardi (1995) é de que a supervisão tem
por objetivo ajudar o candidato a adquirir uma identidade como analista, através do processo
supervisório.

Na prática da supervisão vários aspectos devem ser observados, o setting, a ética, as


intervenções do terapeuta, o manejo clínico, etc.

De acordo com Kernberg (2005), na supervisão, estamos lidando com uma tríade de
paciente-terapeuta-supervisor. E para os estagiários iniciantes este supervisor funciona como
um modelo de identificação, os quais são levados pelos estudantes, para seus consultórios,
como uma representação interna que os orienta em vários momentos.

Mais do que uma prática isolada, a supervisão, quando realizada em uma instituição,
como é o caso deste estudo, lida com uma série de fatores que irão interferir diretamente nesta
tríade.

A este respeito, Ekstein e Wallerstein (1958) referem que um programa de


psicoterapia depende de fatores e ajustes que dependem da habilidade da equipe de
supervisores, dos alunos, da instituição onde se realiza o atendimento e da população a ser
atendida, e do que ela será capaz de suportar. Os autores relacionam a importância de um
administrador que possa escolher profissionais devidamente treinados na prática em
supervisão para o exercício da mesma, assim como proporcionar a discussão de técnicas, ou
mesmo procurar ajuda de consultores, para manter o bom funcionamento da equipe.

Os mesmos autores colocam que a supervisão é um processo que não pode ser inerte,
deve estar em constante revisão, organizado a partir da atenção das necessidades da
comunidade e do campo psicoterápico, em direção à exploração e experimentação, livre das
amarras institucionais.
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A respeito do funcionamento da supervisão Grinberg (1975) define alguns preceitos


fundamentais e de forma objetiva coloca que esta prática deve funcionar uma vez por semana,
com duração de cinqüenta minutos, como numa sessão psicanalítica. Nela o estudante deve
apresentar o material clínico que foi reconstruído depois da sessão, e, a partir disto o
supervisor comentará os detalhes do atendimento. Aborda também a importância do estudante
estar em tratamento pessoal, durante o processo supervisório.

O mesmo autor continua, demonstrando a importância do aluno escolher o material


que vai ser trazido para a supervisão, pois se sentirá respeitado e compreendido em suas
necessidades, e se sentirá mais estimulado pelo processo de aprendizagem, visto que poderá
examinar aquilo que não conhece ou não sabe manejar.

MÉTODOS E ATUALIZAÇÕES EM SUPERVISÃO

Apesar das características gerais apontadas no item anterior, cabe ressaltar que existem
várias maneiras de realizar uma supervisão, da mais clássica às mais atuais.

Mabilde (1998) cita Langs (1994) que aborda três modelos de supervisão. O primeiro
que se refere ao modelo padrão, que está embasado na autoridade do supervisor e que
depende do bom senso e flexibilidade do mesmo; o segundo está baseado na técnica e
costuma predizer o que pode acontecer nos próximos atendimentos do supervisionando; e por
último, o terceiro que está centrando na interação e no que se processo na própria supervisão
entre supervisor e supervisionado, priorizando as experiências inconscientes que estão
presentes na supervisão.

Segundo Mabilde (1998) a técnica da escuta supervisiva considera a supervisão como


uma experiência de crescimento e depende da personalidade do aluno e da do supervisor, para
direcionar o seu funcionamento. Considera que o êxito da supervisão depende do
entrosamento da dupla supervisor-supervisionado, em que a responsabilidade maior é do
supervisor e de sua capacidade de escuta.

Outras responsabilidades do supervisor são apontadas por Kernberg (2005), como


garantir que o paciente receba um tratamento competente, ensinar ao supervisionando
habilidades básicas da psicoterapia, além de ter que avaliar as habilidades do aluno em
treinamento. Sendo que estas responsabilidades podem inibir o aprendiz.
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O modelo atual de supervisão prioriza esta capacidade de escuta e como colocam


Vollmer e Bernardi (1995), “ além do conhecimento transmitido, procedimentos técnicos e
desenvolvimento contínuo de uma capacidade de transformar conhecimentos teóricos em
intervenções interpretativas concretas no processo psicanalítico, existem identificações,
projeções, e identificações projetivas entre supervisor, supervisionado e paciente” (p.2).

Os autores acima acreditam que o aprendizado se dá pela experiência, sendo este a


melhor forma de proporcionar o real desenvolvimento, pois se deve a uma experiência
emocional. E colocam que na supervisão bem sucedida, “o supervisionado introjeta
conhecimento, levando à mudança, crescimento e desenvolvimento de sua personalidade”
(p.20). Para tanto, torna-se imprescindível o caráter do supervisor, pois este determina o estilo
de supervisão, além de seu quadro de referência teórico e a compreensão que faz do mesmo,
em segundo plano.

Kernberg (2005) corrobora esta idéia afirmando que bons supervisores evitam a
postura autoritária de dizer ao supervisionando o que deve fazer, a não ser em casos de erro
notório, e se torna mais democrático fazendo perguntas ao supervisionando, para que este
possa pensar sobre a psicoterapia que dá andamento e como poderá torná-la mais eficiente.

Neste modelo, o que mais importa como visto anteriormente é o relacionamento que se
desenvolve entre supervisor e supervisionado, a capacidade de escuta do primeiro e o
aprendizado pela experiência pelo segundo, desta forma, a maneira mais útil e usual de
transmitir o material das sessões é através de notas (Kernberg, 2005).

A PRÁTICA DE SUPERVISÃO NA CLÍNICA-ESCOLA E O PROCESSO


SUPERVISÓRIO: A GUIZA DE UMA DISCUSSÃO

A supervisão em uma clínica-escola, dentro do enfoque psicanalítico, deve seguir os


passos descritos até o presente momento, em seu plano formal, os mesmos parâmetros devem
ser estabelecidos e seguidos, como setting, freqüência, etc.

No entanto, alguns aspectos remetem a uma ampla reflexão. A começar, pelo fato de
ser uma clínica-escola, o que já norteia vários seguimentos a serem lembrados. O primeiro
deles é o fato de estar inserida em uma instituição, que possui uma forma de atuação perante a
comunidade acadêmica discente e docente, bem como uma forma particular de interação com
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a comunidade.E, graças a esta interação a instituição pode oferecer um serviço de


psicoterapia.

Outro fator primordial é a questão do ensino. A prática na clínica escola demonstra


que o fato desta ser dedicada ao ensino faz com que os alunos esperem, muitas vezes do
supervisor uma postura mais ativa, como do professor em sala de aula. Isto torna o estagiário
passivo na espera de uma organização pré-estabelecida de suas atividades dentro do serviço, e
de uma avaliação ao final de seu estágio. Todos estes princípios podem desfavorecer o real
propósito da supervisão.

Ora, se pensarmos no que foi colocado até então, principalmente na questão da


aprendizagem pela experiência, a reflexão deve ser estabelecida como meta principal no
treinamento de supervisores.

O processo de supervisão, tendo como base os autores apresentados, deve além dos
itens formais, se prestar como momento único de aprendizado. Um aprendizado mais do que
cognitivo, emocional, de desenvolvimento profissional. No entanto, em psicanálise é difícil
pensar em desenvolvimento e crescimento sem pensar que isto ocorra com a própria
personalidade, ou seja, de um crescimento pessoal.

A busca pela transformação do processo supervisório em momento de escuta e


instigação à investigação é o que pode dar um valor ainda maior ao processo, para tanto
supervisor e supervisionado devem estar em sintonia, capazes de entender o que se passa
nesta dupla, entendendo o que se passa na dupla paciente-terapeuta, e então, entender a tríade.

Na prática de supervisão é possível, através da experiência com cada supervisionando


identificar e aprender o estilo de cada um, assim como a capacidade de cada um em
estabelecer vínculos, trabalhar em equipe, dividir com o supervisor e principalmente a
capacidade de autenticidade.

Acredita-se que cabe ao supervisor favorecer que este processo seja facilitado, que
possa oferecer abertura para que o estudante se coloque da forma mais clara e aberta possível,
através de uma atmosfera de confiança, e principalmente da capacidade de continência de seu
supervisor. Deve-se contar para um bom andamento desta proposta, com um outro
personagem, o analista, ou psicoterapeuta do estagiário, já que o processo supervisório não
deve e nem pode se transformar em tratamento.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABANISS, D. L.; GLICK, R. A.; ROOSE, S. O.The Columbia Supervision Project: data
from the dyad. JAmPsychoanal Assoc, 2001; 49(1):235-67.

EKSTEIN, R. e WALLERSTEIN, R. The Teaching and Learning of Psychotherapy.


London: Imago Publishing Company, 1958.

GRINSON, L. A Supervisão Psicanalítica: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Imago Editora,


1975.

KERNBERG, O. Psicoterapia Psicodinâmica de Longo Prazo.POA: Artmed, 2005.

MABILDE, L. C. Ensino em Psicoterapia: Escuta em Supervisão.In: Trabalho


Apresentado na XIX Jornada Sul-rio-grandense de Psiquiatria Dinâmica. Gramado, nov/1998.

VOLLMER, G. e BERNARDI, R. As Funções Múltiplas do Supervisor. Conferência de


Treinamento de São Francisco, 1995. Trabalho não publicado.

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