Вы находитесь на странице: 1из 174

_ o, do

,,,.c1o1s~
<tltllrulvk6'1~
• ffi"lt""~M
SI"',.,.'"""°
do>0M.


• -t-- '0

()
- ""'...
.....1 '

............APniisENrÁçÂo ············
........................................................
......................................................

UM PLANO PARA
OS SEUS ESTUDOS
Este GUIA DO ESfUDANTE ATUALIDADES oferece uma ajuda e tanto
para as provas, mas é claro que um único guia não abrange toda a preparação
necessária para o Enem e os demais vestibulares.
É por isso que o GUIA DO ESTUDANTE tem uma série de publicações que,
juntas, fornecem tm1 material completo para um ótimo plano de estudos. O
roteiro a seguir é uma sugestão de como você pode tirar melhor proveito de
nossos guias, seguindo uma trilha segura para o sucesso nas provas.

- ·- -- D DECIDA OQUE VAI PRESTAR


= --

f ~~?J~SÕES O prlmolro passo para todo vostlbulando é oscolhor com clareza a FOTO: STRINGER/REUTERS
ca rrelra e a un lversld ade onde pretE1nde estudar. Conhecendo o grau
·"
::J • 1a-·
7°C ,:-,'1
'"11
!t
u~: . ,.... -. -..; ,
de dificuldade do processo seletivo e as matérias que têm pE!so maior
CALENDÁRIO 2016
t'} L1 'u
· · -. . . ~t na hora da prova, fica bem mais fácil planejar os seus Qstudos para
obter bons resultados.
••d)•· CAAREiRAS. ••
:: _.
.r;; o
e •
COMO o GE PODE AJUDAR WCE o GE PROFISSOES traz todos os
Veja quando sío lançadas
IS nossas publicações
cursos superiores existentes no Brasl~ explica em detalhes as carac-
terísticas de mais de 260 carrE1íras e ainda Indica as instituições que M~S PUBLICAÇÃO
oferecem os cursos de melhor qualidade, de acordo com o ranking Janeiro
do ostrolas do GUIA DO ESTUDANTE• com a avaliação oficial do MEC. Fevereiro GE HISTÓRIA
...................................... ' ....................................................... ' ....................
Março GEATUAI.IOADES 1
fJ REVISE AS MATÉRIAS-CHAVE Abril
GE GEOGRAFIA
Para começar os estudos, nada melhor do que rwlsaros pontos mais GEQUÍMICA
Importantes das principais matérias do Ensino Médio. Você pode re- GE PORTUGUts
passartodas as matérlasou focar apenas em algumas dE!las.Além de Maio
GEBIOLOGIA
rever os oonteúdos, éfundamental fazer multo exercício para praticar.
GEENEM
Junho
GEFWEST
() COMO OGE PODEAJUDARYOCE: Nós produzimos todos os anos um
gula para cada matéria do Ensino Médio: GE MATEMATICA, História, Julho GEREOAÇÃO
Goografla, Portugufs, Rodação, Biologia, Qulmlca • Flslca. Todos Agosto GEATUAI.IDADES 2
reúnem os tE!mas que mais caem nas-provas, trazQm multas questões GE MATEMÁTICA
de vestibulares para fazer e têm uma linguagem fácil de entendElr, Setembro
GE FfSICA
PQrmltfndo que você E!Stude sozinho.
Outubro GE PROl'ISSÕES
...................................................................................................................
Novembro
li MANTENHA-SE ATUALIZADO Dezembro
~o . . . :.1o Opasso flnalécontinuarestudando atualidades, pois as provasexlgElm
alunos cada vez mais antenados com os principais fatosqueocorrem Os gulas ficam um ano nas bancas-

~NEM
no Brasil e no mundo.Além disso, é preciso conhecer em dE1talhes o com exceção do ATUALIDADES, que é
seu processo seletivo - o Enem, por exemplo, é bem diferente dos semestral. Vod podo comprá-los tamb6m
demais vestibulares. nas lojas on-Un9 das Uvrarlas Saraiva
o Cultura.
,,..,...._'ff'-i>..
tfl(U:fllOStll WiOl ....&Ot ffil
~ C) COMOO GE POOEAJUOARWCE O GE ENEM oo GE Fuvost sãovor-
dadE1lros "manuais de instrução~ que mantêm você atuall.zado sobre FALE COM AGENTE:
todos os segredos dos dois maiores vestlbuta·res do pais. Também não Av. das Nações Unidas, 7221, 18• andar,
dá para pordor a próxima odição doGEAtualldados, quosorá lançada CEPOS425-902, São Paulo/SP, ou omall para:
em agosto, trazendo novos fatos do noticiário que ainda podE!m cair gula doostuda nto .1brl (@atloltor.com. br
nas provas dos processos sellrtlvos do final do ano.

GU ,TUAUOAOU l l•scmestrt 201' 3


.......................................................
.......................................................
CARTA AO LE I TOR
.......................................................
.......................................................

PAUSA NA CRISE
Agarota síria
campo de refugiados de Mafraq fica na Jor- Zubaida Falsat pula

AMENINA dânia, perto da fronteira com a Síria. Lá


vivem de forma precária quase 80 mil sírios,
que escaparam da bn1tal guerra que assola
corda com sws
colegas Qffl um
campo de refugiados

EO MUNDO o pais desde 2011. Foi o que fez a família de


Zubaida Faisal, a garota de 10 anos que ilustra esta página.
Segundo o fotógrafo Muham.med ?1.1Iuheise n, que registrou
naJordlnla

a imagem, crianças como Zubaida são as mais resistentes às


adversidades - elas consolam os adultos e encontram alegria nos pequenos praze res da vida, como
em uma brincadeira de p ular corda. Apesar de tudo, a vida tem de seguir em Mafraq.
A história de Zubaida é ape nas uma entre milhões, e se transformaria em uma mera estatística se
não fossem as lentes e o relato de Muheisen. Em meio à caótica profusão de notícias que nos chegam
diariamente, a voz e a imagem de Zubaida nos ajudam a ter uma din1ensão mais clara sobre como
vivem os refugiados e por que o dran1a deles é considerado a maior crise humanitária da atualidade.
Quando pre paramos esta edição, temos duas missões: a primeira é selecionar, em meio a todas as
noticias que nos chegam, quais são os temas mais representativos da situação atual do Brasil e do
m undo - e, consequenteme nte, que podem ser cobrados nos principais vestibulares. Nossa segunda
missão é tomar todo este conteúdo compreensível. Para facilitar o entendimento, as reportagens
adotam diversos recursos de texto e imagem, como infográ.ficos, fotos, mapas, resumos e simulados.
Esperamos que a partir dessa nossa proposta você tenha um farto material pan seus estudos e amplie
a sua percepção sobre os principais desafios globais. E, para começ.ar a entender melhor a situação
deste nosso imenso mundo, é preciso olhar um pouco mais para pessoas como a pequena Zubaida.

O Fá bio Sasaki, editor - fabio.sasaki@abril.com.br

Nota da r odaçã~ esta edição foi fechada em 10 de março de 2016

4 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


SUMÁRIO
.....................................................................................................................
..................... .................................
' '
..............................................................
...........................................................
..........................................................................................................................................................................................................................
........... ................... .............. ....
......... ............
'
..................................... .......... . .. . .................................................................................................................
...............
.
..............
...
.
.......
.. . ....................
.........
...........
. .
... .......
. ...
......·····
. . .. . . . .. .
. .
. .
. ... . . . . . . . ...
... .
. .
. ... .
. .
. .
...
...........................................................................................
. . .................................
... ............... ........... ....... ................................................. ....
....................................
..... ................
........... ... .........
... ...................
.....................
...................................................' .................................................................................
................................................... ...............................' ......
........

ATUALIDADES VESTIBULAR+ ENEM / Ed.23 / 1' SEMESTRE 2016

ESTANTE
a Dkas cutua Is Sugestões de ftlmes, histórias em quadnnhos e
Ili BRASIL

fotografias que complementam reportagens desta ed1çao 78 l,.eachment Entenda como é esse processo legal que ameaça o
segundo mandato da presidente Ollma Rousseff
PONTO DE VISTA 84 eom..>çso no Coneresso Deputados e senadores sob pressa:>
16 Retrosp1<1IVI/Persptctlva Veja o que os principais SE1manânos aa Ditadura militar Manifestantes pedem a volta dos militares
destacaram em seu balanço de 2015 e o que se espera para 2016 9l Rolonnapol1Uca0Supremo TrlbunalFederal(STF) prolbe a doação
18 Crist poUtlca Como os Jornais noticiaram o vazamento de de empresas prtvadas aos pa rtldos nas campanhas elc;ilto rals
denúncias do senador Oelcídro doAmaral (PT) contra o governo

DESTRINCHANDO
li ECONOMIA

20 OUmpiadas no Brasil Veja com gráficos e mapas o que 94 Crist «onõmk.a AJuste fiscal do governo tenta equilibrar as
os Jogos olimplcostêm a ver com história, geopolítica, contas, mas provoca rECessão e desemprego
desenvolvimento socioeconômico e urbanização 100 Pla,o Crut.1do Ofracasso do primeiro grande plano para tentar

m OOSSIÊ ESTADO ISLÂMICO

26 Aamuça ttrrorlsta Oavanço do extremismo Jlhadlsta desafia a


freara tnflaçãocongc;ilando os preços,
102 Ag,op«ulirla Aexportação de altmc;intos fortalece o agronegóclo
108 Matrtz.CS.tnere&a Otmpacto da queda tntc;irnaclonaldos preços
do petróleo na ecoro mia dos países e de empresas como a PEtrob ras
segurança Jntc;irnaclonal e desestab!Uza o Oriente Médio 114 CloballzaçJo El.11\ anunciam o Transpaclflco, o maior acordo gtobal
l8 Por dentro do Estado lsttmfa, Como o grupoconqUlstouterrltónos de Uvr~comé'C.lo Jâcriado
e se tomou a orga n1zação extrem Is ta mais poderosa do mundo
32 Aeuerra ctvtl Kvasta a Sfrfa Entenda o conflito, vqa como ele
fortaleceu o Estado Islâmico ede que forma rnterfere na Intrincada
geopolltlca do Oriente Médio
m QUESTÕES SOCIAIS

120 Centro Avanços e lutasdas mulheres por seus direitos


38 Cobiça Internacional aclrraconftltosO hlstó~coda desastrosa 126 UrblrinçioOs desaftoscrescentes das grandes metrópoles
Ingerência ocidental ro Oriente Mêdloecomo Isso afeta as relações: 132 OtfflOO'afta AChi na dEC Ide flexlb lllza r a polltlca de fl lho (mico
entre os pa Ises da região 136 Papa A'andsco Um líder progressista e ativo nadtplomacla
140 IDH Odesenvolvfmento humano avança no Brastl

a
42 Almffllldliodo mundo muçulm.,oAhlstórla da rellB1ão

INTERNACIONAL li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

46 UnlloEuropetaO drama humano e poUtlco dos m11hares de 144 Aqutdmento iloblt Entenda o acordo de todos os países na
refugiados que chegam ao Velho Continente COf>.21, que substituira o Protooolo de Kyoto
St RllssfaA p~ncla Intervém na Guerra da Síria e volta a se 150 OtsastN ambftntll As questões levantadas e as conseciuênclas do
contrapor mllltannente ao Ocidente rompimento da barragem da mineradora Samarco c;im Mariana (MG)
S8 Twqula Cresce a tensão potrtlca e reUg1osa no país 1st Chemobyt Há 30 anos ocorna o maior acidente nuclearda história
62 Guerra Civil Espanhola Há 80 anos começava o sangrento conflito 156 Doenças Ovírus Zlka e a mlcrocefaUa assustam o Brasil eo mundo
que antecipou a li Guerra Mundial 162 MarttANasaencontra água no planetavennelho
64 Am6rtca latina EIElltores mudam os rumos poUtlcos na Argentina
e na Venezuela, parceiros do Brasil no continente SIMULAOO
10 Afric,a Ocontinente quedependedas exportações de matQr1as. 164 Testt 37 questões dos vestibularessobre temas desta edição
prtmase é afetado pela queda Internacional dos preços
76 ArttcoOdegelo provocado pelo a';IUECtmento global abre novas PENSAOORES
rotas mercantes e frc;intes de extração de pEt:róleo e gás do subsolo na Znnurt Bllurnan O sociólogo que discute a sociedade Uqu1da
6 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G
ESTANTE
..................................................................................
.........
. ... . ....
.............
... . . ...
... .......
. ... . . ...
.... ...............
...... ........ .....
....... .... ....... ........ ...... ..... ..... ................................
................................................................ .... ..... ..... ...... .... ..... .....
............................................................. .................... ........ ................................................................................................... .................................
. .. . . ... . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . . . . .. ..............................
..................................
..........
....... .................. ......... ......... ... .......
.........
.......... ... ..... ... ....
... ........ ......... ..........
.................................. ......... ... ....... .......... ..............................
............
.... ...... ' ..................
... ...............................
.... .... .......... ...
.....
......
.........
.......... ..........
..........
..........
......... ...........
...........
....................
... ...... .........
.........
..... .....
... ..... .............. ........ ....
... ......
.........
...........
..........
..........
..........
.......... ..........
.........
... .......... ..........
.............................. ........... .......... .......... .... ...... ..... ..... .... ..... ...... ...
..............................
.......... . .... ...... ...

FILMES E QUADRINHOS NOS FALAM DO MUNDO ATUAL E SEUS DRAMAS CONTEMPORÂNEOS

,possível abordar um tema tão pelo serviço migratório, Samba recebe

E grave quanto a situa~o dos


imigrantes na Europa de forma
leve e descontraída? O filn1e francês
a ajuda de uma ONG que auxilia os
imigrantes ilegais na França. Uma das
voluntârias é Alice, uma executiva afas-
Samba lllOstra que sim. Dirigido por tada do trabalho por estresse. Quando
Oliver Nakache e Eric Toledano, os Samba sai da prisão, recebe a ordem
mesmos da comédia de sucesso Into- para deixar o país, mas ele decide ficar
cáve{s, a obra tem a rara qualidade de na França e é ajudado por Alice para
equilibrar drama e con1édia - além permanecer em Paris.
de generosas doses de romance - sem AD acompanhar as agruras de Samba
desviar o foco do tema principal: a vida na capital francesa, testemunhamos
Sem perder de um llligrante na Franç.a.
O protagonista do 6Jn1e é Samba Cis-
com um olhar privilegiado as compli-
cadas situa9ões às quais os imigrantes
atemura sé, um senegalês que mora ilegalmente
em Paris há dez anos. Ele sobrevive de
ilegais são submetidos para conseguir
permanecer- e sobreviver- na Europa.
Samba aborda a situação dos pequenos bicos e subempregos, en- Samba vive de favor com um tio, que
migrantes na Fran~ com quanto tenta obter wn visto de per- conseguiu o principal objeto de desejo
leveza e descontração manência legal no país. Ao ser preso dos iruigrantes - um visto de residência
permanente. Sem isso, Samba se vira
para conseguir documentos falsos e po-
der se candidatar a alguma vaga de tra-
balho. E mesmo quando arruma alguns
bicos, são trabalhos precários, que vão
desde separador de lixo a limpador de
janelas nos arranha-céus parisienses.
O filn1e tambén1 11ão deixa de ex-
plorar o sentimento de exclusão pelo
t
qual passam os imigrantes 11as grandes
cidades europeias. Ao seguir os passos grupo, ele se une a uma mulher desco-
de Samba pelas ruas parisienses acom- nhecida e uma criança órfã, fingindo
panhamos a sua tensão ao dobrar cada constituir uma fanúlia para tentar um
esquina diante da possibilidade de ser visto de permanência na França.
pego novamente pela polícia. Já no Ao chegar em Paris, os três passam
vagão do metrô, Samba é alvo de olha- a viver juntos, como um.a verdadeira
res desconfiados dos franceses, o que fanúlia. Dheepan consegue um trabalho
denuncia algumas atitudes xenófobas, como zelador de um conjunto habitacio-
ainda que veladas.
No entanto, na maior parte do filme,
Arealidade nal no subúrbio da capital francesa. O
condonúnio é barra-pesada, donúnado
essa carga dramática passa por um fil- nlta e crua dos porgangues de tráfico de drogas. A mu-
tro cômico e romântico que suaviza a lher passa a.cuidar de um idoso doente,
tensão vivida pelo protagotÚsta. Em boa refugiados onde também vive um traficante que
medida, o mérito dessa fórmula está na acaba de sair da prisão. Enquanto isso, a
fomtacomooroteiroconduzainteraç.ão Em Dheepan - O Refúgio, um garota tenta se integrar entre os colegas
de Samba con1 outros personagens. As homem, uma mulher e uma na escola e aprender o novo idioma.
situaçõe.s compartilhadas entre Sam- criança do Sri Lanka tentam A trama se desenvolve em tonto desse
ba e Wtlson, um imigrante "brasileiro"', se adaptar à vida na França falso núcleo familiar. A tentativa dos
rendem boas risadas. Jáa atração mútua dois adultos que mal se conhecem em
entre o protagonista e Alice,a voluntária se adaptar a uma dificil convivência e
da ONG, confere ao filme uma leveza, vida dos refugiados na Euro- tentar ajudar na criação de uma garota
ainda que abuse um pouco do clichê
romântico "os opostos se atraem".
Ao tratar da complexa sin1aç:ão dos
A pa vem sendo e.xplorada com
muita frequência pela cine-
matografia francesa nos últimos anos.
órfã confere um desafio a mais na vida
desses refugiados. Além disso, o fato de
os três viverem na periferia em meio à
imigrantes na Europa e da difícil inte- Além de Samba, outro filme recente violenta disputa entre traficantes torna
gração em uma sociedade pouco afeita que aborda o tema com bastante pro- a situaç.ã o ainda mais extretna.
à aceitação de estrangeiros vindos da priedade é Dheepan - O Ref'Qgio. Mas Vencedor da Palma de Ouro no Festival
África, o filme toca em uma ferida mui- se o primeiro aposta em uma narrativa de Cannes de 2015, Dheepan tem como
to exposta no continente. Pelo tema, mais leve e descontraída, o segundo principal mérito equilibrar a delicadeza
bastante atual,o filme já seria uma boa prefere uma dran1atização mais nua e do drama f.uniliardesses refugmdoscom
dica para quem vai prestar o vestibular. crua da situac;ão dos migrantes. a cn1eza da guerra entre as gangues. Sob
Ao conseguir fazer a crítica social sem O protagollista do filme éDheepan, um un1 registro que muitas vezes beira o
soar excessivamente sisudo ou panfle- membro do grupo Tigres de Libertação documental, o fihne é um ótimo com-
tário além da conta, o filme torna-se da Pátria Tfunii uma milícia do Sri Lanka plemento ao extrovertido Samba como
ainda mais atraente. que, entre 1983 e 2009, enfrentou astro- estudo da crise migratória na Europa.
pas do governo em um.a luta separatista
SAMBA no norte e no leste do país. Quando a DHEEPAN -O REFÚGIO
Oireçio l Oliwr !iakachee Eric Toledano Alto l 2014 guerra termina com a derrota de seu Direção IJacques Audiard MO l 2015

GU ,TUAUOAOU 11• scrnesu e 201' 9


........................................................
......................................................
ESTANTE
.......................................................
.......................................................

A ditadura
, .em
traços cnticos TINI/A
lil/AT.!ll
Duas obras com fatos e p~f!().
1!0/9 EKAII
horrores da ditadura militar,
em charges e quadrinhos ?t::iX>!I
1!0/9 EKAM
/!ONTKA.••
/3K/().4//IJ,f

s lústórias reais de estudantes,


H.Jrro E !IE

A militantes políticos, guerri-


lheiros e líderes rurais e in-
dígenas presos, torturados e mortos
HATAl'AII
,vJ,•

por agentes e militares da ditadura ... JIJKIAM A llAKK/(1,1 00M


(1964-1985) ganham no livro Notas de FAeÃI) E PEPOl!l ..w.lVAII...
um Tempo Silenciado uma narrativa
jonWística em quadrinhos, com texto
e desenhos de Robson Vilalba.
São 13 histórias curtas, reconstruídas
após um extenso trabalho do autor em a explosão da dívida externa, a derroca-
e ntrevistas com sobreviventes, amigos da econômica e a chamada estagftaç:ão
e familiares das vítimas. autores de (estagnayão eco11ôn1ica simultânea a
biografias, historiadores e pesquisas desemprego com taxas de inflafão es-
para conseguir, inclusive, fotos para tratosféricas)- resultado da submissão
desenhos realistas dessas pessoas. dos militares à imposi~o de políticas
As primeirasoito lústórias reportadas recessivas pelo Fundo Monetário lnter-
por Vilalba foram originalmente publi- nacioruu (FMI)-, as anna,ões políticas
cadas na série Pátria Armada Brasil, no que impedirrun a volta de eleições dire-
jornal Gazeta do Povo, de Curitiba. Elas tas para a Presidência já em 1985 e os
receberam o prêmio Vladimir Herzog A obra é enriquecida com uma repor- personagens políticos daqueles anos.
de Anistia e Direitos Humanos 2014, tagem sobre a eclosão do movimento Textos introdutórios no livro, e na
organizado pelo Sindicato dos Jorna- 11egroBlackMusicnosanosdel970no aberhlra de cada ano, situam o leitor
listas do Estado de São Paulo. Rio de Janeiro ea repressão a alguns de mais jovem sobre fatos e aspectos do
Para.este livro, porém, o autor acres- seus expoentes, além de inúmeros de- período para ajudar a entender a ironia
centou outras cinco produções, com poimentos sobre cada história revelada, das charges. Além de um texto conclu-
destaque para o avanço agressivo dos entre os quais o da psiquiatra Maria sivo, Luiz Gê agrega uma galeria dos
militares sobre as terras indíge.n as, a Rita Kehl, que integrou a Comissão principais personagens, em que revela
criação de um presídio para indígenas Nacional da Verdade. seu talento para fazer caricaturas.
e de uma guarda n1ral indígena pela Já o arquiteto e artista plástico Luiz
Funda~ão Nacioruu do Índio (Funru) Gê aborda o tema com bastante ironia NOTAS DE UM TEMPO SILENCIADO
treinada para torturar líderes dos ín- e m seu livro Ah, Como Era Boa a Di- Autor Robson Vilalba
dios. Um capitulo final (Salvadores da tadura. A obratraz charges publicadas E.dito ra Besouro Box, 103 páginas
Pátria) resgata o histórico dos golpes pelo no jornal Folha de S.Paulo • partir
como uma herança maldita dos mili- de 1981,sobre fatos políticos, econômi- AH, COMO ERA BOA A DITADURA
tares, iniciada com a Proclamação da cos e sociais do último governo militar, Autor Luiz Gé
República até chegar ao golpe de 1964, o do general João Baptista de Oliveira Editora Quadrinhos na Ci a. (Companhia das
e sua influê ncia do positivismo. Figueiredo. Luiz Gê explora futos como Letras), 288 páginas.
........................................................
......................................................
ESTANTE
........................................................
......................................................

O polêmico
Irãemfoco
HQs belas e emocionantes
abordam a opressão sofrida
pelo povo iraniano

Irãéumdosprotagonistasdo

O cenário giobal, sobretudo des-


de a Revolução Islân1ica de
1979. Sua importância econômica vem
do fato de que possui uma das maiores
reservas mundiais de petróleo. Politica-
mente, o país é um dos líderes do mun-
do islâmico, em tensão com os Estados
Unidos e os países ocidentais há mais
t
de três décadas. Em anos recentes, vive
em constante tensão interna e externa.
Esse cenário convulsionado é o pano
de fundo de duas excelentes histórias . ~, ,. , f 'o
J

••• VfRIÉPO ll S -- ,.,HAA


150
A história começ.a com o desapareci-
mento do estudante Mehdi Alavi, de 19
anos, nos protestos. Sua mãe, Zahra, e


em quadrinhos feitas por iranianos que seu innão,Hassan, vão à praça e ficam
ganharam destaque mundial. sabendo da violenta repressão. Come-
Plersépolis, a autobiografia em qua- • • •
rll11 então uma angustiante busca, que
drinhos de Marjane Satrapi, narra a his- / .. se estende por semanas, pelos labirin-
tória do país dos anos 1970 até a década tos de hospitais, repartições públicas
de 1990, passando pela Revolu~,\'o de e prisões - en1 busca de Mehdi. É uma
1979 - que derrubou a ditadura pró- viagem pelas entranhas do regime che-
EUA do xá Reza Pahlevi e implantou história em quadrinhos de 2004 na fiado pelos aiatolás,
a .a tual república islâmica. Na narrati- Feira de Frankfurt Sua versão cine- O Paraíso de Zahra é uma obra em
va de Satrapi, publicada no Brasil em matográfica venceu o prêmio do júri quadrinhos prodigiosa, n1agnifica-
2007, é como se o povo iraniano tivesse 110 Festival de Cannes de 2007. mente desenhada, que fala muito da
pulado da frigideira para o fogo. Mais recentemente, os leitores brasi- realidade do Irã, complementando a
Marjane tinha 10 anos quando se leiros puderam ver O ParaísodeZahra, história de turbulências e instabilida-
viu obrigada a usar véu e a estudar em publicado em 2011, cujos autores são des retratada en1 Persépolís. Juntas,
uma sala de aula só de meninas. Era o a11ô11imos, com pseudônimos de Amir as publica9ões atuam como registro
resultado do Estado religioso erguido e Khalil. Trata-se de um retrato can- da luta permanente pela liberdade em
no país, com sua atmosfera sufocante e dente da sociedade iraniana, em um um país marcado pela opressão. IBI
autoritária.Persépoüs aborda, com hu- momento recente: o Movimento Verde,
mor leve eirônico, o dia a dia opressivo en1 2009, en1 que milhares de pesso- PERStPOLIS
dos iranianos. convivendo com tortu- as tomaram a Praç-a da Liberdade, em AUTOR Ma,jane Satrapi
ras, assassinatos, pressão nas escolas e Teerã, acusando de fraude as eleições lDrTORA Companhia das Letras,352 pâginas
a guerra contra o Iraque (1980-1988). que reconduziram o então presidente
O impacto da obra Jhe conferiu re- Malm10Ud Ahmadinejad ao cargo. Mais O PARAISO DE ZAHRA
percussão n1uudial e nnútas premia- de 70 pessoas foram mortas pela polícia AUTORArnir& Khalil
ções. Persépolis foi escolhida a melhor e 4 n1il forant presas. lDrTOAA Leya,272 páginas
........................................................
......................................................
ESTANTE
........................................................
...... ........................ ......................
' '

Imagens que revelam o lado


humano dos problemas globais
Fotos premiadas no World Press Photo de 2016 mostram o
sofrimento de quem é obrigado a fugir de guerras e perseguições

m 2015, mais de 1 milhão de revelar o lado humano da crise dos dio tentaram cruzar, cujo destino final

E migrantes e refugiados che-


garant à Europa cntzando as
águas cio Mar Mediterrâneo. Outros 3,5
refügiados e te ntam nos aproximar da
dura realidade vivida por eles.
Desde 1955, a Fundação World Press
era a Alemanha. Segundo Richardson,
que acampou com os refugiados, essas
pessoas t entavant chegar à Hungria
mil não conseguiram fazer a travessia Photo (WPP) realiza uma premiação antes que a cerca de segurança esti-
e morreram afogados na tentativa de internacional para escolher as melho- vesse concluída.
chegar ao Velho Continente. Mais da res fotos jornalísticas do ano. A Íntagem O que mais Unpressiona na foto é a
metade dos migrantes vêm da Síria, que você vê acima é a grande vencedora força que a imagem em preto e bran-
fugindo da brutal gue-r ra civil que de- deste ano na premiação da WPP. Ela co transmite, mesmo com poucos ele-
vasta o pais desde 2011. mostra um homem passando um bebê mentos. No rosto do homem é possível
Mas esses números, ainda que im- p ara outra pessoa por baixo de u m.a percebe-r a tensão ea ansiedade do mo -
portantes e alarmantes, são incapazes cerca de arame farpado. mento. O bebê nos rentete-ao sofrimento
de revelar o drama particular dessas A imagem foi registrada pelo fotógra- das crianças que são obrigadas a deixar
pessoas que deixam tudo para trás e fo australiano VVarren Richardson no seus lares sem entender direito porquê.
. . .
se arriscam em viagens pengosas p3l'a dia 28 de agosto de 2015, na fronteira Por fim, a cerca de arame farpado tem
tent ar reconst ruir suas vidas. Em con- entre a Sérvia e a Hungria. Os dois paí- o poder de simbolizar as restrições a
traposição, as imagens, muito mais que ses fuzem parte d a rota que milhares que os refugiados são submetidos e as
indicadores e est atísticas, conseguem de migrantes vindos do Oriente Mé- batTeiras que precisam superar.
Imagens de desespero A ROTA ATE A EUROPA Na gllfflll entre o regime sirio, r<beldes e extremistas, a populaçlo
Aimigraçãoéumassuntoquetemap.a- fica no meio de um v~ento fogo auzado. Adma, a Imagem mostra wna g_arota síria ferida em
recido com frequência nos vestibulares, bombardeio das forças do governo. «n tratamento em um hospital Improvisado na cidade de
e a leitura e a intepretação de fotos como Douma. Multas pessoas nao suportam a situação e decidem abandonar o pafs, como mostra a
a vencedora do concurso da WPP podem lmag«n ababco de wna pequena embarcação chegando à vtla de Skala, na Ilha de L-esbos. na
ajudarbastantenoestudodeatualidades. Grécia. Ji a foto premiada, na página ao lado, revela os obstáculos que os Nfugiados recém-
Na premiação de 2016, tiveran1 bas- chegados à Europa são submetidos para conseguir recomeçar suas vidas.
tante destaque as imagens da guerra
civil na Síria e a fuga dos refugiados
das áreas de conflito. A foto acima, do
fotógrafo sírio Abd Doumany, mostra
wna garota ferida em um bombardeio
realizado pelo governo da Síria. Ao lado,
a imagem captada pelo russo Sergey
Ponomarev revela a situação dos mi-
grantes que se amontoam em pequenas
embarcações para chegar à Grécia.
Mas a premiação da VVPP não ficou
restrita ao tema dos refugiados. Outras
imagens vencedoras abordam grandes
desafios do mundo contemporâneo,
como o aquecimento giobai a epidemia
de ebola, a violência contra a mulher e
a exploração do trabalho infantil.
No site da WPP, você pode confe-
rir todos os prentiados desta edição:
http1//www.worldpresspboto.org/
collection/pboto/2016. ll!I

GU ,TUALIDAOU l l•scrnesue 201' 15


..
..
..
..
..
..
..
PONTO DE VISTA
...........................................................................................................
......................................................... ·····..
' ........., ..... ' .........................................
....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
.. .......
...........
.. . . .
, ...........
....................................................................................................................
,
......
. ,
. .........
...
... .......... ,
...........................................
........ ,
... .......
... ..........
....................................................................................................................
... . ... .......
... .......................................... ,
.........................
,
.... ... . .................
,
. ....
.. .,
. . ....................
...
... ......
. ... . ......... ...............
..............................................................................................................................................................................................................................
.......... .......... ...... ..... .... ...... .......... .......... ...... .... ...... .... ..... ...... .... ........... .... ...... '

UM MESMO FATO PODE SER NOTICIADO DE MANEIRAS VARIADAS POR DIFERENTES VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO

O VEJA O ISTOÉ
Uma foto em primeiro planodo rosto do )Jlz Serglo Moro, ro~ Chama atonçio aausincla do uma grande lmagom ou de um
ponsjvel polas lnwsUpçóuda oporação Lava Jato. Elo apal'Qto fortotexto na capa, em que predomina, slmplosmento, a cor
sérto e com um olhar ass«tfvo. AImagem ganha ainda maior branca. Essa falta log.oseexpUca pela pequena chamadaquo
d..taquodov!do ao fundooswro. E""' foi a oS<:Clha de Vo)a para apareco, discreta, abaixo do nome da rwtsta: "2016 não pode
Ilustrara sua Rotrospecllva 2015. passar om bnnco. Faça um ano molhor!".
Abaixo da foto, a chamada principal afirma: '·Elo salvou o Asslmtorna-so dant a rolaçioda capa branca coma prtmolra
ano!'! Amanchew supN(Jle 2015 foi ruim, mas wv.um eranct. parto da fraw, que faz rofn6ncla à Porspoctlva 2016. Nossa
• '1nlcofato po,ltlvo (quo salvou o ano) - dai a pubUcaçio da soç.ão são aprosontadas cinco roportag.ens sobro alguns do.s
foto llnfca na capa o o fato do a roportagom sobro o Juiz, na wontos do ano que H ln Ida, como os Jogos OUmplcos no Rio
rotrospoctfva, ter novo páginas, onquanto todas as demais do Janotro o as elotções nos Estados Unidos, quo podorão,
rocebaram duas p,glnar. sogundo a rovlsta, "construir um ano molhor". fraw, "º"ª
Nat141fncla da manchtt•vemot•xto, CJ.l•conflnna a rnt.nçio assim e.orno ocorro nas outras trts rwlstas, h6 uma cótlca
do wmanírlo do valorillr a atuação do Juiz: "VGja p95qulsou ao ano que pas.sou. Mas dlferentomonto do Carta Capital o do
300 sontenças quoSerglo Moro lavrou nosíaltlmos qufnmanos Vejo, h6umaconclamação direta para H faiorum ano molhor.
o descobrkl as ralzas da dotormlnação • oftcl4ncla do Juiz q.» Entro os outros Hntanár1os. a /stol 6 a 6nlca a trazor tanto
dC!!Uao Brasil a primeira esperança real dovencor a comtpçâo'! uma porspoctlva do 201G como uma rotrospoctlva do 2015. Os
Afraw, além de onaltGCer Moro - roferlndo-se a sua dotor- fatos do ano quo pauou são chamados numa tuJa na parto
mlnação o efk:IOncla e como sondo a primeira osporança roal suporl<M' da revista (Rotrospoctlva 2015), com poquonas Ima-
dovoncor a conupção-, também oxpres.sa a ldofade que Isso gens do pessoas quo protagonizaram alguns dots4s aconteci-
11r!a lncontortlivo~ pois foi multado deum exaustivo trabalho mentos- como Dllma, EduardoCUnha, ativista do movlmonos
JomaUstlco que lwou om consideração lOO sontonças. fomlnlstas o Mlnolrlnho, o atual campoão mundial do surfo.
OFATO A operação Lava-Jato e a atuação do
juiz Sergio Moro, a crise política do go-
Retrospectiva edições de final de ano das verno Dilma, a questão dos refugiados,
• uatro principais revistas se- as manifestações fenúnistas,a tragédia
e perspectivas anais brasileiras - carta Ca-
pítal,Época, IstoÉ e Veja- trouxeram,
an1biental em Mariana e o avanço do
zika vírus, entre outros acontecimentos
para2016 como de costume, uma retrospectiva
do ano que passou, com os fatos e os
que marcaram 2015, estiveram napauta
dos semanários. E o olhar para o futuro
Como as principais revistas personagens que ganharam destaque ficou por conta de buscar soluções para
semanais do prus fizeram um no período e as perspectivas para o ano questões como a crise econômica, o
balanço de 2015 e apresentaram que se inicia nas diferentes áreas, como crescimento do desemprego e os em-
as expectativas para o ano novo poütica, economia, cultura e sociedade. bates nas redes sociais.

e ÉPOCA e CARTA CAPITAL


Ao contr.6rlo dos outros tr6s U!man6rfo~ a ÊJXXXJ não faz uma Com um fundo rosa ochaladia omojls- arcarfnhase os fconas
rGtrospectfva do 2015. Arwfrta Inverto numa odlçio espacial divertidos para trocas do monsagons-a rovlsta opta portrat.ar
dodlc.ada a dlsartlr ldolas e assuntos qua ostarão na agenda com humor ia Ironia o ano quo passou.
da sodedado brasllalra om 2016, como a crisa oconGmlca, a A manchate "Rir para Não Chorar", no e.entro da capa, traz
Oparação Lava Jato eas polOmlcas nas rodes sociais. a Ideia do quo 2015 foi marcado por acontt.clmontos rufns.
Usando coros fortes, como wrmolho om contraste com o Roforça 0"4 pansamento a frase quo complamonta o Utulo
amaralo, o qua causa uma sensação dourgOncla, usa o titulo principal "Mamórtas o lmagons de um ano qua nam devia ter
111
Gula d•Sob,w.vtvtncfa" paraM rwf«lrao novo ano.Ae.xprusão começado. E 201G? Bom, 2016..A Ou seja, o anotrouxotantos
4 grafada em grandas lotru, qua ocupam boa parto da capa. acontacf montos lndoMl!jados quo sarla molhor quo nom Uvosso
O ano 2016 aparoco am prato, ao fundo. existido. O somaMr1o domonstra tora mosma oxpoctatlva (do
A Ideia do aprosentar um gula do sobrwfvOncfa 6 traZQr ao másnotklas) om rotação a 201Gao wreNrtraonovo ano com
leitor um manual do como comportar-se ou agir parante as uma lntorJalção (bom)• rotlcOnclas ...
sltuaçõos quo artão porvir (noto todos o.s varbos no futuro): Complota o sontldo hum«lsUco a prosonça dos omoJls qu•
"0 auto do vida vai subir; odoSQfflprogo vai aumontar, o Japo- fazom reforOnda a alguns acontodmontos do ano, como os fatos
nh da Fodoral [em referlnc/a ao agente Newton lshll, c~fe do que •nvolveram a prosldontollllma Rouss•ff (bonequinha aim
Nrldeo de ()p«OfÕes da Pollcla f ed,ral em Curitll,a/ vai ac«dar osdent»sà mostra o a faixa pn,sldondaQ, os panola9>s (lconoda
os poderosos e o.s brasileiros continuarão a brfgar nas rodos panola), os atontado, terro rtstas (bomba), a trag4 dia do Ma nana
sociais'~ diz o toxto que complemonta o tftulo. (onda marrom)•• crise dos rofuglados (bonoa> nobarqulnho).
A chamada termina com a frasa "Saiba como vencor a dtff- Ganha destaque a oscotha dofcone na chamada supertoronde
dl Ntalha do novo ano'~ comprovando a nacossldacfo da um se anuncia a odição ospeclal, mais uma voz trazendo dofonna
manual frontoà um con6rlo comploxo. bam-humorada a Ideia do um ano negatfvo.

GU ,TUAUDAOU l l•scnicstrt 201' 17


........................................................
......................................................
PONTO DE VISTA
.......................................................
.......................................................

FOI.HA DE S.PAUW
-·---·...
!li
... _,. _....... ......,_,,.......
.. .... ........................
_.,,..
Ex-líder do premo liga Dilma e Lula
à Lava Jato, e oposição pede renúncia
o.-....
~.
---~~-""-,...i,.w,,"'"·---.....
-· . .. a:;:..-ê: -ç !'iiã::i e''rà~
~

--- .= - -
-· =>~-ãa~-=,--·
~-=,.. ·n. ~ "l:":: ~-~
"'E.9E:f:=5iSFSP -

-·~
......
_,._.
~

___ ,,. ---


~":!.

--·....
-·-
-·-
--
-·~
..,,....,
--

IstoÉ divulga
delação de ...
~_,,
=::._.. ·----~~..-------
:::;;.,- PIB cal 3,8%, pior rullitado desci< 1990 ;,,_;,,.?;k
-... =-
r.:!lr= . - -- . . - .
r.a}
- ~- ~

senaclor = "·~·
• - o .,._::::r;
s!:E! .• •,1•
_,_,.
~
ll- -
' ;-:;;
'--"''
--- ,
_,,...,"""JII' -· -;ti:==
__. -· • ~
Como os três principais diários
do país repercutiram a suposta
revelação de que Dilma e Lula
interferiram na Lava Jato

OFATO O FOLHA DE S.PAULO


m 3 de março de 2016, a revista A Folhatroux• a manc:hoto n,laclonad1 ao fato- "Ex-Udor do

E IstoÉ publicou reportagem em


que afirma que teve acesso ao
termo de delação premiada do senador
govorno liga Dllma• Lula à lava Jato, o-'13º podon,nOnda"
-para a parta suparlor da sua capa. M contrjrio do Estadão e
do Globo, não «>loa,u o norno do senadorl>olcldlonotltulo (mas
DelcídiodoAmaral (PT-1"IS) ao Ministé- apenas no t:oxtoababcoda manchoto) e proforluusara exprossio
rio Público Federal Ele acusa a presiden- "ex-Udu dogovomo", mostrandoc,.ae a delação vom dopr6prio
te Dilma Rousse ff e o ex-presidente Luiz ex-aUado da pr..klontollllma. Amanchot• tamb4m dQStaa,u o
Inácio Lula da Silva de envolvimento no Qfelto provocado nos partidos do oposição, que moncionaram
esquema de corntpção daTutrobras e na Incluir a dalaçio no podido d• lmpachm•nt.
tentativa de impedir asinvestig,ições da OJornal roproduw as awsaçõosccn1r1011ma (''ton1ou lntorforr
Opera,ão Lava Jat<> Ex-líder do governo tmve"'s na oporação a,maJud1doJos6 Ecbtnlo cardo,.., ontão
no Senado, Dekídio do Amaral foi preso ministro da Justiça)• Lula ("o.lcfdlo lnt•nnodlou, 1 podido d•
e-mnovembrode2015,elemesmoacus~ Lula, propina ao ax-dlnrtor da Potrobras Nestor Corwr6 para
dodeinterferirna LavaJato.Segundoa tentar wltar a sua dolaçio"), citou algumas consequ4nclas da
IstoÉ, em de fevereiro de 2016, quando doclaração (oomo a subkla da Bolsa o aquodadod61ar) o Incluiu
passou a cumprir prisão domiciliar, ele que "dwem dar força a protostos antl-Olma'~
teriafeitooacordodedelaç.'íoprenúada, Chama atonção a artlculaçio das duas fotas pr...nt.. na capa:
em que o acusado conta o que sabe e, em a do ronoparclal da pmldtntollllmaomprlmtlroplano (omquo
troca, recebe beneficios, como redução aparecom aponas seus olhos o nariz) e a que mostra somente os
da pena. O senador enútiu nota dizendo l6blosco.sturados doum refugJadolranlano, que vamum poum
que não reconhece a autenticidade dos abaixo, fonnando uma unidade. A Folha noticiou a quoda no
documentos divulgados pe la revista. PIB na parte Inferior da plig,lna, mas c:om um c«to dostaquo, o
No mesmo dia, o resultado do PIB em aft rmou que 4 o "pior f'QSUttado desde 1990'~ Não houvo menção
2015 e a votação de ação penal contra o à noticia sobro Eduardo cunha-a capa do dia anterior já havia
presidente da Câmara Eduardo Cunha adiantado qu• 1 maioria dos ministros do Supn,mo Tribunal
(PMDB-RJ) também foram noticias. Foderal havia votado pala abortura da ação ponal.

18 GE ATUALIOAOES l l•umcstrc 201'


O GLOBO OESTADO DE S. PAULO
--- -~- --
Delação de Delcídio põe Delcídio acusa DiJma e Lula na
Dilma no centro da Lava-Jato Lava Jato e agrava crise política

--
·--::::..:
- --
Por unanimidade, Cunha
_ .,. ,.,,._1 &-ec,., _,_ vira
...,_,.. _reuno
_,&lpremo
_ ___

_ _
--
·-
--~,-----!·--- ----
.._ _ _.,. _
-9,7% -14%
= • =-~ =.;-::-...=
__ !<_ _ _
'Wtr.116

l!rasil a caminlo de outra década pe,,lida ô!:-:1:."


=:---=
- - --

C> OGLOBO e OESTADO DE S. PAULO


NoJornal cartoca, adol.1çiodoo.lddlo tamb6m ganhouospa- Acobortura do Jornal sobro a suposta dolaçio do Dolcldlo -
ço nobro, ocupando cerca de trOs qu1rtosd1 página. Uma foto quo tamb4m muocou a manchotoprtnclpat oo maior espaço
da Dlma em pr1rnofro plano, com 1.111 olhar triste, mostrava, ao na capa- pan!!c» ser mais focada na atuação do ox-prasldonw
fundo, o u-mlnls1ro ela Justlp,, José Eduardo C.rdozo, quo cum- Lula do quo nada própria prosldonto Dllma. Amanchoto, ..,_
prtmontava um eoIoga aoso dospodlrdo cargo.Aldola quo llllma mothanto à da Folha, quo traz o nomo do ambos, mas) no tuto
ostA só foi roforçada pola forto manchoto "D<laçio do Dolcfdlo da capa, ó citada apenas uma acusação contra a prosklento
põe Dllma no contro da lava.Jato''. Dlferontomonto da Folha• Dllma ("acompanhou o proCQssodo compra da roftnarla de
do Estado, o Globo não colocou o norno doox-prosldanto Lula no Pasadena"'),onquanto sobro o ox-presldento são citadas duas
titulo; apenas o mandonou abaixo, nas sub chamadas. (•atuou para QVltar a delação do Nostorterveró o lntcumedlou
O resumo da roportagom na c.apa focou nas acusações do pagamentos àfamfba do ox-dlrotorda Petrobras Qffl troca do
dalator contra Dllma: quo a pedido dota "nogodou o voto do slllnclo dolAI" • ''trab1lhoupar1 frNr II lnvfftlpçõff da CPI do
um ministro do STJ para tentar soltar os ompreslirlos Marcel.o Carf sobro aaupoita compra de MPs"}.A foto doDJlma-ünlca
Odobr«ht o Otávio Azwodo'' e, quo "ola sabia das lrrogularf. lmagom da capa- sugoro certo fragJlldado da prosfdonto, ao
dadH na compra da roflnarta do Pasadona, nos EUA''. Com- mostri-la abraçando o ox-mfnlstro da Justiça na al!rlrnõnla
pl•tam o conjunto do lnfonna9i .. sobro a dot.çio fotos das de tranrforOncla do urgos. Al6m do texto quo acompanha a
pononaUdadlli!I Qnvolvklas, como Oolcfdlo, Dllma o Lula, o um noticia prlndpal, outras duas chamadas ropercutem a delação
pQquono rHumo da atuação do wnadoro dasacuuiçõos qua o ampliam a cobertura: "Planalto critica 'vazamontos como
r«:aGm sobro a pruldonto o o o-presfdonto. anna polftlca"' e "Oposição reforça podido do ronllnda'!
Anotkla sobroEduardoCunha voto logo abaixo do conjunto Assim como OGlobo, o fstadotamb6m traz na capa a Infor-
do lnformaçôH sobro a delação doOelcfdlo, com o titulo "Por mação quo Delddlo nãoconftnnou aautontlcldado dos docu-
unanlmfdado, Cunha vira r6u no SUpramo'~ Ji o rOOJodoPIB mentoi da reportagem da rovlsta lstoÊ - a Folha só menciona
("Brasil a caminho do outra d4cada perdida") c.ontou com a osso fato na roportagom Interna.
publJca?o dolndlcadoros noptlvos (rocossão hlstórtca, quoda OJornal ainda dostaca na capa a queda do 3,8% do PIB• o
dos lnwstfmontos, tombo na lndllstrla), reforçando "o pior resultado ftnal da votação do STF ("SUprtmo, porunanlmlda-
rffUltado dffdeoconflsco deCoUor• • 11 pro~õ.. foltu (novo do, Instala ação contra cunha"), ombora tivas.se antedpado o
tombo do 4% orto ano o rKOSsio como a da d6cada do80). fato- assim como a Folha e o Globo -na edição do dia anterior.

GU ,TUAUOAOU l l•scnicstrt 201' 19


.. ..

., ., ..... ... •.• •.• .• ... ......

DESTRINCHANDO
....................................................................................................................
....
...............
.......... ..........
............... ..........
...........
....•..... ..........
..........
.........................
...............
..............
.......... ......
..........
.........
...............
..........
..........
................
..........
.........
..........
...........
...........
.......... ...............
................
..........
...............
..........
...........
..........
.......... .....
. ..••.....
.................................................
.... ..... .....................
. . .....
......................... ................................................
•.... ..... ...........................•..
..... ..... ........
....................................................................................................................
.
......................................................................................................................................................................................................................................

NO ESTUDO E NO DIAA DIA, GRÁFICOS, MAPAS E TABELAS TRAZEM MUITAS INFORMAÇÕES

NOMERO DE PAISES PARTICIPANTES POR AS CIDADES-SEDE POR CONTINENTE 1'12


Os-nxlonals
CONTINENTE EEDIÇÃO DOS JOGOS* nas wMnlas da A&ia
..,,.,.., o,rpo aputlr dos
a Europa • 3 WS 19SO-04',IQ Stllfttlt
••
-a--
1,
a Amlrlc,.
• 0<,.,,1,
,,......,...,..,,.em
no Ollmontodt mlanos

a Asla

-·.
(IMISS)tstroi, nos Jops,
a A&k, u dlsput.acom ts Estados
Unido! pela """'*11•
• muftdbl ~ J HCln.nda
..-no"4)0rta.
1920 193! 1'36 1911
IM>dlda polos oltmlti no 1 No>upd>trlst Com Adolf llltkr f>ztMO eum,., Ctllo(at..is
'""" Mllndl,I, • Nlglc., "' tcen&mlc.a mundlal quut _...,...,lstacom 111....,., t Sri Lanka),
otro<onesJops de 1920, na seguiu à ctYibn da Bolu es Jegos, os altüs rtdm-lllltrtos do dtmlnlo
~~ exlp , ,wuslo clt Nova YO<l<, lffl 19'9. a íldtnm t rM.kln, dt briUflko,u Ctrtb do S.I,
dt Al..anha, Austria, Euro,.J coru todos os modalhu. Mu ntnhum dt llbtrudo Japlo, ,1,....,
llull,!ria, &llllrlat Tu,qvla - gostos. Os comltlsquo seus adtl.ls aMN mais closestrt.- no, ltps
pafsts dtrrot"'°' no confl!to. tonstJutm ir a Los ourtsdoquto cio londrts. Otnotadas na
qtlts ltvMn 6oo adeus, ak•amtrkano Jtut 11 Gutm lllundlo\
1.6oo a menos do qut em Owtns,ctmquatro AltmonhaoJaplonlo
Amstl<dl Yltôrias no atlttisme. l),lltkll),lffl clt twnm.

t 44 -~
,_S9
1l ·- ·--
'
69
u
72

11

!
í
}• · '•
14 1.
.._-...
1:11
..."""' ........
lni 19'1
!tlM
.. ...
19'1
.
uot
i..i.,
'"., 1-
1912
....
1916
11.., ...,

-
19ll
....""" ..... ...
1924
-
19ll
utA....
Wl

- W6 IM
....
,...
19" 1M
llllltfts
...'""'
1'12
.............
11,1n111
1,s&
UIÜII

Prin<lpals lo,pdrios
OMUNDO DOS t suu coltnits
IMPERIOS - 1900 • G13,8ietanha.

-
MI lnldocltsltp llatnftlOcltmo. o França
-,do,ncloftlioaclt ptlaspodnclu • Alemanha

~,
....-
.... -,-....
n,oriall<tu. Apriodpal tn o Atino

.Multas cltssos ptdndu


ltilia
• Holanda.
. Pat,pl
Mripvat1>1kta1 cltootmnoçllts a Esp·antra
clofllldHu, mmo amilnlos qu, liffnm Jajdo
que c•pttir como turcos,• awtalOS ll!lilra
fofpdos • ..., ......" -...·

20 GlATIMUDADlill l • sente1tre 20lii


s Jogos Olímpicos que os aristo-

O
ranking de medalhas passou a ser visto
Mais que cratas europeus criaram no final
do século XIX era wn festival
como um.a demonstração de poder e or-
gulho nacional, refletindo, muitas vezes
umevento atlético com repercussões modestas. as conquistas sociais e econônúcas do
• Mas, perto da I Guerra Mw,dial, os Jo- país. Ser anfitrião dos Jogos virou uma
esportivo gos já eran1 e.x.plorados em um âmbito oportmúdade para países promoverem
refom1as urbru.ústicas na cidade-sede
que extrapolava a perfonnance esportiva.
Veja o que as Olimpíadas Ver compatriotas desfilarem com sua e lustrarem a imagem internacional
têm a ver com a geopolítica, bandeira pela primeira vez numa ceri- Acompanhe abaixo a evolução no
o desenvolvimento social e mônia olímpica tomou-se um momento nltmero de participantes e con10 os
econômico e a urbanização de celebração lúst:óricaem mais de cem comitês olímpicos e os Jogos se tor-
países que conquistaram a independên- naram parte importante dageopolirica
por Wlllam Taclroe MultljSP cia nesse tempo. O bom desempenho no internacional.

19n u,, 19'0·1914 1996 2016


OgrupoterrorisU l)>IGstino 21 palsos afriunos deixam Dwldo l lnvaslo do Com odesmembramento da UtSS Dois p;a[sts farlo a mrol,1
SetemlX'O ffeiro at&a a os Jogos em protosto contra AfoganlstSo ptla URSS, os em novos palses oaadtsãodt olfmpla no Rio de 1,nelr0<
de~ll'!lo de 1sr..1n, ,11, ,Nov, Zo~._cujotlme EUA lideram um boicote mais paíseu frka.nosao COl,os oSudlode Sulquo
olfmpb, onde mata dois t derugbi llz um, rumf cle de 66 •'!40S nos Jogo, de IO(<)sde AUanta batom recorde emancll)OU"" do Sudllo
tu IIO\le refh. ~

.J
)Of'Spala Nrk,doS~. Mosco-u.A URSS respondo de partklpantes, Ahlestina. f.lz em 2011; eo Kosovo, que
tentatindo rvsgata, os "furOfldo" oembarp • n~Ollmp!ada se.gulnte, em sua estrtla olímplc.a. cledarou • lndependlnci,
refllins, cinco tirrorisw, um eventos esportivo! ,obo Los Angelts, Hderandoo diS4niiaem 2ocl,mas
polid.a.l tum piloto morrcn. rogjmo ele apm,eld. bokota do bloco sod.a.llst.a. , lndanloobto,.
reconheclmtntod.1 ONU.
~-~-~ 204 204 20s-• Alérndoskosovares,
197 211 201 outras 13 naçees qut a
ONU nloreconhectcomo
fn[ses também tstlo com
vl.1gtm marcad.i para o
169 Rto, como hlestlna t
159 Taiwan, Atf a wim6nla de
tbtrtu12,o õnlcoausento
140 entreos2o61TlC!!mbrosdo
COI serh Kuwal\
suspe,nso pol.1
121 43 lntêrflrfnciado governo

1
1U nocomftO do pars.

l!I 1
83 1 - 93

11 lA
92
li li
IS 1

1
11
1

l
li
1
li
' 14
1

....
1911)

'"
1964
'"""
11P
1961
llúia OI ~ue M-
.IIUal
1972
lilllwfv.
1976
t,D;i
al
19«1
....<*U
UIIU:
19114
l•Aftcelts
8M
1ffl
....
5""
2004
....
"""' -·
......
2012 201'
li,

"''

OPLANETA DIVIDIDO EU\e: aliados


NA GUERRA FRIA - 1917·1991 AlinlabscomoJ El.M
Apolarlnçto daGutrra. Fria nlo flc:ou restrita. a URSSulia:los
iasttn polnk.. EUA• URSS tamblm Alinta:m com a URSS
tentaram mostra a suporiorldide do sous Pafm rã) alinh'a:los
niglmes nos esporas.,Ounntll o perfodt, er.i
comu:m a,;ompanhar quaf bloco tln~ mais
mtd, lti.. - Ocapitallst> OII Oseci,11,u.
Mesmo entreos poisos nlo , llnmdo<,l)Oderi,
tim r Indl~s sodalirtas ou capitall<w
deptndondo do momu rto hlstórko.
........................................................
........................................................
j DESTRINCHANDO
......-..-.....
.......... ....-.-........
.....-.-....... .........................
............................ ..........
~
.... ..........

lenta 'Q importante não é


O dinheiro dá as cartas
no planeta olímpico
O vencer, mas competir" surgiu
nos Olimpíadas de Londres,
em 1908, popularizado pelo barão de
Coubertin. E para a maioria das nações,
Cotno a força do capital e dos investimentos sociais afastam os principalmente aquelas que não estão
países mais pobres das conquistas e limitam o pódio olímpico a no grupo dos desenvolvidos, o papel nos
uma pequena elite esportiva - e financeira Jogos fica restrito mesmo à competição.

ANAMORFOSE: OMAPA DISTORCIDO


Este mapa é dlferentedaquC!les pbnlsf6rlos.1 quC!Yocf estã .uostum.ado.
T1au1e de uma an.1morfost- uma representaçlo c.artogrfflu quC!
disto ri» o tmanho to tr.Jçado dos p,1íses pua retor~r o efeito
<m1parativo arespeito do tem.1.1presentado. Nem caso,o mapamosua
como seriao mundo se a Meados pafses tosse proporcional ao na mero de
... medalhas pnhas na história dos Jogos.

fst>dosUaldu
Os norto-M1erkanos
dom ilum os Jogos d.1
[r,1 Moderna. Neste m~a.
aposardeteraquaru
omnsão tonltorial do
planC!U, sua1rea 6aque
ocupao maior espaço,
rtftetindo suas cr.,nqulsus
~rm~cas.

19º
CUBA
OPLANISFERIO REAL lot
Parattr uma idoQ. do qu2o dlttordctas foram u rt,:l&s
AUha de CUl»par""
do ca.rtograma d:as mtclal has, comp.11H com orte outro
m,p; ondt OIr" dos J>™S I propordon~ .., SOUS só um pontinho no
pl;net~ miso
..........
'\
~ ·
ttrrftórlos reais.
l,ea por pais (projl!l,o equirrltlniPJl,r}
c.artognma reYtla sua
dímens2o de gigante '
nos osportes olímpicos.
~
• lndl,
~
0 Srull tomo quintt maior
..•1----------
j
Esu do~ ub< i.rrr~ro do planou, mu,
Unidos
,-•
Qulnra

AustnHo
no mundo olfmpko, olt
parec:1 •'° moner. 1
IOH VERSUS MEOALHAS Murro S.mlOH Polsts<111IOH11t,..io
a ,,,111<>Ç11 no IOH (ln<fko de !OH elovodo Er•ndo Mddlo 8'1xo estimado* Os seis maioros medalhfst.u tntraos
O.SoO'IOMmtntoHumono) • • • • • • p,h,s do !OH,r.ndo slo sod, ihw
mllfalha.1 por pais , ox·sodall,to< oar.sr1 • osltlma.

••
.......... 11111
N'dap,lsos
y
. .
11 Polsts<111IOHl>alll>
IIUltollwadt Am~orla das n,çees a,m b<la IOH
Mols de >il du med,tha, de mrnc.i ,:mhou nem um bfonm.Ji
todos os logos Modtrnos est:lo Qulnlo, EUópl.. Nigóriuom,mJunus
nestt grupo, :LSslm como 13: N' da medalhas
• • 1S4 mtd;Jhas -,:ff.tm corridas de
dos1~ pahes ciuocompetlram HO 200 71 mldía, Jonp dlstlnd; quo nlo
ncs fogos du896, oxlpm .1ltos IM~I montos dos atfeus.
..,_a,......,..
22 GtATUAUDAOU I l•semestrt 201'
Isso porque o pódio costuma ser uma Os altos investin1entos em educação, atletas ou de bons desempenhos pon-
área lim.ita:da a wna elite esportiva que, o incentivo à prática esportiva para as tuais em determinadas modalidades.
não por coincidência, truubém são os crianças e as boas condições de vida Portant~ é possível aprender muito so-
países mais ricos. Entre as cinco nações para a população acabam tendo reBe- bre o cenário global analisando as Olin,-
que mais ganharam medalhas na história, xos diretos no quadro de medalhas. píadas. Nos mapas e gráficos a seguir,
quatro estão no G-7 (grupo dos países Na maioria das vezes, os países me- você confere como o poder do dinheiro
mais ricos do mundo): Estados Unidos, nos desenvolvidos acabam dependendo e dos inve.stimentos sociais são deter-
Reino Unido, França e Alemanha. do talento e do esforço individual dos minantes para a performance olímpica.

Ell,)pa Rbsb t01ln


As llmlt2du dlmens6es dt Mesmo com bons desempo·
frança, hino Unido, Alom.1nha nhos olfmpkos, RúS1ta o0,1 ~
olt111ipnhamvolume neste apar-OCémtmdlmcms&s
m2~ dtvtdo ao tato de serom roduzldas nest> map,..Isso
potlncl" olfmplus. .xontect porque esse grande
~--r nOmorodo modalhasalncta é
desplOPOfdon,I,. ~gantismo
de seus tarrltóriOIS•

./
--

li!' CHINA
47l
lndla
Apow da muilldlt dt
l>itntos til)OrtJ"'5 que st
47•-------------1 poclomtspor:irdt
INDIA populO(lltl do,nndts
2' aimo da lndlu SUR<tl
,,s
ullll<t, .. "'!iltl lim
mult.u .. uu prltridodt!
ant11•pr1p"'1
Allltrlla
lloCI ,...... dltnt- "• ampelle1ol. . . .

tonilomls daAu,ulffulo
Qu11a1---~r-' bom propr11tlonals l sua 1 - - -
OQUOnl a 4o pais afrk2no com lmportlAct• no ~•adrodt
mais medalhas (16~ Oresultado ....tallw - jlOf 1110 tia nlo
destoido res.tanttlâ Afrk.i, que parte, multo dtstordda.
pratiamonte some dom~ ........,L
OOJ.·.tulld:tlm@.t~tfJdt/lltdt1t•~!»0~~•-111uus,eo.,111Ue•J:#J'-OMtlCIW:ldap1,,.._,

a~NAwtolll!lilr••~F~J.~.i,~c,11p111t•bnd)•IWt,:o.,~p,,,....Jllb.

PIB VERSUSMEOALHAS lJlOO Ell\-o N,tNSnalalodoPIB

... . ea;..
íslO grllko dt dlsper,lo mostn uma cbr• rtlaçlo R6s9a. ~ •Nelllll'llla
enttt o Prod1111> inllrno Bruto (PIB)• o ,.,
lJJOO
. .. • o-e,·lf!i
•ltilia_,
V.Ja a ndaçlo no desempenho oifmpko dt
pafsts no mas:mo pata.mar de PIB, a,mo
dt,-nhoolfmpi<», Os pontos localndo< no wi.a-., • • • AI-Càradi
lndla, ill>sl\ CWd1, ldllu lbl11la -
anto direito suporlorrtp,esentamos pa.ísos com Médio
Gté::ia • ,o • • • • > cuanto mais ilto, ma.is mllim.lha:S•

- ....-·-
so ••
tltv>do P!B• muít>s medalhas -cuo dt EU,\
Chlnu Alemanha.. Noto a,me s~ pon.tts em tons
dtazul, oqi,e sinaliza. um lndktde Oostnvolflmon- ~ ,."
a
.. . .. •
• • t • c>-lndia
• •• • ••• Grécia e lr~íl tmpmm no n4mtr0 dt
.
.- -
to HumanoODH)tle,ado.flnounto esquerdo li! s
Inferior ficam ospa/stscempoucas modallw tP!B
b;IX1, <orno as ~ .lffk.1.11~ SSo ta.mb6m is
1Q1i1es com li»! b>lxo, lndlados pelacor wrmtlha
:!:

z:
'
1~
1

· · - · • • ••
-10 100
PIB-USS bilbOes


um ,... mod,lha,,ombm o PIB gro,o,tjaum


dtdmo dobnsllolro. ECUba,o,m um ter1> do
PlB&rtgo, tamquast odobro dt modalus.
........................................................
........................................................
j -.-.....DESTRINCHANDO
.......... ....-.-........
............-.-....... .........................
............................ ..........
~
.... ..........

ara justificar os investimentos


O outro lado do
legado olímpico
P bilionários que um megae ven-
to como a Ofonpíada exige, os
responsáveis pela realização dos Jogos
costumam usar un1 tern10 à e xa ustão:
As obras de infraestrutura e a construção das arenas olünpicas o tal ª legado olímpico". De- acordo com
no Rio provocam a remoção de milhares de pessoas para esse raciocín.io, as obras para promover
bairros distantes, longe áos locais de trabalno uma Olimpíada podem custar caro, mas

REMOÇÕES EREASSENTAMENTOS NO RIO


Asobm do prepar.l(So do Rio para a Co~ ma 2014eos Jogos
Ollmplcos <Offléµn.mqu.ue ao mesmo tempo, tm 1cog, V;jacomo
ol.uJfotar.am a populaçlo carioca;

liah ..... 4t COI IJO


Os fios mais daros no mapa mostnm
de ondo os mondores foram •
rtimovldou par.i onde eles forvn
encaminhados. Obserwcomo Hcuam
mais longe da rtigUo Céntral od.u
obr~ du lnstalaç6os olímpicu,
• faWfoCIClffl rtmeçlt
mMlnhaC..•MlnhaVldl •
O Porto M.mvlha
O Clu<tlrl Ollmplffl
o 1km --
(oonjunt> cio loals dt~l!lo)
Prlndpals estradas
- M,t,6 Campo Grande
- HT
- vu m
•• •
- r.rrowlas
REMOÇ0ES0El009 A2011
22 MIL FAMÍLIAS •
•••••••••
•••••••••
FAMILIAS
18 llll
rtmO'llcbs nSo Wlam conox1o

- " ""~ s,&IJl!do • prtflitllr>,
por ffltrtmemmudo rbco ou
prot>110 -1.Jão ComltA
Popda,,..-.,_
altplos pan mulm r1111t1&1s, lu1,p1mdfla,.
qot s,r>irlom prindpalmentl pan
bonrtldar lnMsll......,
0sdt1P')adosfl<INIIIIN
lndonlzaiãoou III INftl
dt iubitaião _ , Cm Minha -A
do_...,
lmobll-. tll'lstkm.
lndonà'llo, lllta • pal1ir da a,allaião
matortal das ,-das,pral_.. •
lrrl!6ria, du ,u pobllza ultu'llo
lmclll,r m ....~, das<OtlU'lldu•
rllll0'4us.

PRINCIPAIS FWXOS DE • Erto::iue de n,as de ...,.. Duloamentospata


TRABALHADORES trabal 00 p:tr bairro o trabalto
- _.. :. ........ -~
.. ,;,_
As sotu mostnmo movlmentodiirio
d• tr~h*ts IN-'ª sou empregos,
dominado por mon<loresms porlfori.u campoGranóe • -
a.,

..
- - --- -· - .
- - au. ~ .. - --:_~:-:':~ :--
· 0tcxtf,o- :-:....:~~ .;
J RlpâocontalconcHtn
tuq,nios
- - - - - l S6noC81tro1st1o2sqi,dos
• cidades flzlohas. Amalodadu
r ~ s soauoo sentido contt1rio.
A,ota,assos monctores me,a.m a
-_ ~ -- RIO DE JANEIRO
l ·-
-_/.::
. - -:-/:
:;_:~~'° :-::..1:.~ro;m.:,•
outrosfbno«itorno.
1N,1Sar mais: dt qu;atro horu por dia - .. · sana .... •• 'ti>pai:aha.na .......<aer··.... '"•tdos
.. tuiratibil - 1 • • -.. NIUi'.._ ~MIIM r-1\
1ndo • voltando do empr,go. rtmo'lldos WÍ'ril e
tnbal ba,a na ,12inhanç,.

24 GEATUAUDAOU I l•semestrt 201'


deixam para a cidade-sede uma série de Mas há um. outro lado nessa história. :Mesmo assim, expulsões em massa
benesse.s en1 tertnos de infraestrutu- Os Jogos de Seul,em 1988, por exemplo, tornaram-se rotina durante as obras
ra que compensam qualquer impacto são celebrados poz transformar aC"J)ital que precedem os Jogos. Ainda que a
ec.onômico, social e an1biental. Os Jo- sul-coreana em uma moderna metrópole, maioria das remoções se dê em acor-
gos de Barcelona, em 1992, são sempre mas a organização demoliu o lar de 720 do com leis locais, elas são notórias
lembrados como um exemplo de como mil pessoas.Segundo a ONU, foi wna das por afetar principalmente pobres e
a realizar1o da Olin1píada trouxe me- mais violentas políticas de ren1oções já minorias. Veja como o Rio está sendo
lhorias urbanísticas para a cidade-sede. realizadas no mundo. impactado por essa política. (E)

_...,,111....
Arovlt,llzaçlo d> zona
portu.iria no centro hlst6rko,
Inspirada om projetos como o
de Puuto M.ldtro, em Buenos TOTAL INVISTIDONO PltfEIOOllMPIOO
Alres,quer atrair turistu o Aeroporto
111\'0stidoros fnttrnadonals, RS 39 BILHÕES
ª'
Internacional k •
km)obim e-
ti'
• - ; llbacb
, ... mab, •

Bafade Guanabara
RS 24,6 BILHÕES
0111.. dt ltpdo
Meu.do cllssovai para
o.bns do transporte.
PmoPl>rto
Mmvllh.1, monlnt dos
olhos da Odade
Ollmpl<a,quu• RS8bl.

RIO DE JANEIRO

MEGARREMOÇOES OUMPICAS St1l,,at


Oosdo Stul, mais dt 2 mil h6ts de pessoas tiYOnm as 7lO mil l)ffltas dospojadu, • márfa
tuasdomolldu pm d>r lupr a ·~pelos ollmpkos' r,m real~ nem lndonlz'!l,o
M~1ta1996----o Cí r--lllcp111to8
6mil PfSSl»iS rtmevlclau 10 m.n st o-=----,.t' 1,s mllh.Sodt passou do ftfflOllidu
mucbm ptl, ~taclowstldo w!da p,logo,omo.AUvls1>11..i.opc!os

._.,,. ____
,,_adapeln~ddrta quo dotendtm moradorts são proses
450 PI"'"
roma dos -
t lrlanôOs
2,7 mil ptSSOU cb.
ttnla roma, um dos
s,,ct..,_
624 f•míllol ck!s-rl•d>s, n&nado slo rtm<Wk1as povos conhtckios Nlo bou" remoie,s l«l'Jia,, mos
llta no <Listo dt monib.
apolsou outros miJhares
pua·, a>nstrosJ,, do
'"""' Ollmpko
como d&anos, são
removkbs Í mllharts fonm mrpiAsas polo alu
nos custos da rtgUt
dôssiê

•- •
es

JS

e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

Por del)lro do
Es• ~ o js]~rnico

O grupo extremista mais poderoso do planeta mantém uma
vasta rede de recrutamento e de financiamento para as suas
operações. Entenda como funciona a organização

o---------- ----------0

noite de 13 de novem- A ocupação do Iraque como parte da

o. bro de 2015, uma sex-


ta-feira, não será es-
quecida em Paris tão
cedo. Surpreendidas homens-bomba, em 12 de novembro,
ofensiva dos EUA contra o terrorismo,
entre 2003 e 2011, teve como wn dos
principais efeitos colaterais o surgimento
de um movimento local contra a invasão
quando se divertiam matou 44 pessoas, em outra iniciativa norte-americana Nesse contexto, surgi-
em wna região de bares e restaurantes, do grupo. Nos EUA, em 2 de dezembro, ram diversas milícias que contestavam a
dezenas de pessoas sofreram um ataque um casal, supostamente vinculado ao presença das tropas dos EUA. Uma delas
brutal,o mais mortífero na capital fran- EI, atacou a tiros wn centro de trata- era aAI Qaeda do Iraque (AQI ou Isil,em
cesa desde a II Guerra Mundial (1939- mento de pessoas com deficiência, na inglês), uma filial da rede de Bin Laden.
1945). Em a",ão coordenada, terroristas Califórrúa, matando 14 pessoas. O EI Criada em 2004, essa organização daria
posteriormente identificados con10 realizou, diretamente ou por intermédio origem ao poderoso grupo que conhe-
integrantes do grupo Estado Islâmico de grupos associados, outros ataques cemos hoje como Estado Islânúco (veja
(EO atiraram a esmo ou se explodiram, na 'I\uúsia, na Nigéria, na Turquia e na lútha do tempo na pág. ao lado).
provocando a morte de 130 pessoas, Indonésia. Esses atentados marcam uma
a maioria na casa de shows Bataclan. mudança na estratégia da organ.izaç-ão, IMPOSIÇÃODO CALIFADO
Disparos atingiram outras vitimas em que agora amplia o seu raio de ação, an- Nos anos seguintes à criação da AQI, o
mais quatro locais. Além das mortes, teriormente limitado ao Oriente :Médio. caos no Iraque e na Síria foi um terreno
pelo menos 352 pessoas ficaram feridas. propicio ao avanço do grupo: enquanto
Em declaração oficial, o EI reivindicou AGUERRA AOTERROR no Iraque há uma sucessão de disputas
a autoria da ação. Para analistas, trata-se Com um vasto território que abrange políticas e conflitos sectários (entre su-
de uma retaliação contra o papel desem- áreas do Iraque e da Síria, um enorme nitas e xiitas), a Síria vive desde 2011
penhado pela França nos ataques aéreos poder de mobilização e uma eficiente ca- um confronto entre grupos rebeldes,
11.a Síria e no Iraque, países nos quais o pacidade operacionai o EI éconsiderado apoiados pelas potências ocidentais, e
EI ocupa vastos territórios. A Franri a organização extremista mais poderosa o regime do ditador Bashar al-Assad.
é a mais constante aliada dos Estados e bem-sucedida da história. Sua ascensão Aproveitando o vácuo de poder e de
Urúdos (EUA) na guerra contra o grupo. está diretamente associada à política de segurança nessas regiões, a organização
Não foi a única opo do EI no período. "Guerra ao Terror" implementada pelo foi ganhando forfa, com frequentes fu-
A facção assumiu também a autoria do então presidente norte-americano Geor- sões e trocas de nome nesse percurso.
atentado a bomba que derrubou um ge W. Bush (2001-2009) como resposta O ano de 2014 representou um marco
avião russo da con1panhia Metrojet, aos atentados de 11 de setembro de 2001 na expansão do grupo. Em junho, o líder
em 31 de outnbro, no Egito, causando cometidos pela AI Qaedo, a rede terroris- da organiza",ão Abu Bala al-Baghdadi
a morte das 224 pessoas a bordo. Em ta de Osama Bin Laden (veja mais sobre proclamou a criação de un1 califado nos
Beiru te, no Líbano, um ataque com as intervenç<1es ocidentais na pág. 38). territórios ocupados soba alcunha de Es-

28 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


OESTAOO ISLAMICO
NO IRAQUE ESIRIA
liill Prlndp,lscldade,
controtodu
• Regl6oscorrtroladas
•• • AUadas polo EI
• Mosul
.0 ,rbil f<JlÇAS CONTRA OEI
Omlos
Reglmeslrlo
• Roboldtscontn
ogovtrno sírio
O e.seru,..
O Bosos d• co,lldo liderado
polos EUA
e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

BRUTAUDADE
Cristãos <tlopes
sao conduzidos por
membros do Estado
Islâmico antes de
seNm deaapltados,
na Ubla

tado Islâmico ese autodenominou o cali- Acredita-sequeosmembrosestrange.iros movimentos sunitas ultraconservadores


fa (um líder espirin,al investido de poder (foradaSíriaedolraque) serirunprove- e radicais difundidos pela Arábia Sau-
político). O califado é uma referência aos nientes de mais de 80 países. dita (leia mais na pág. 42). Mas a orga-
antigos impérios islâmicos surgidos após Como estratégia de guerra, o EI pro- nização não é movida apenas pelo ódio
a morte do profeta Maomé - o últin10 move execuções eamputaç:ões em massa, religioso. Com a instituição do califado,
califado foi o Império Oto1Uauo, dissol- às vezes contra comunidades inteiras, o grupo pretende criar um.a nova ordem
vido em 1920. No entanto, este suposto e mortes coletivas, por crucificação, política no Oriente Médio et a partir
califado carece de legitimidade mesmo decapitação e enforcamento. Essa im- da conquista de novos territórios, um
dentro do mundo árabe-muçulmano. posição pelo terror visa a ate1norizar Estado genuinamente islâmico e uma
todosaquelesqueogrupoclassificacoruo sociedadeüvre dos costumes ocidentais.
RECRUTAMENTODE VOLUNTÁRIOS infiéis (minorias étnicas e religiosas e
A força do EI vem principalmente de ocidentais) ou apóstatas (muçulmanos AGESTÃODO "GOVERNO"
sua capacidade militar e operacional. que teriam renegado a religião). Como O EI controla um teITÍtório de aproxi-
O nún,ero de integrantes do EI é de um grupo de orientação sunita,seusata- madamente 100 mil quilômetros quadra-
dificil verificação. As estimativas mais ques atingem principalmente os xiitas. dos, área pouco 1Uaior que a de Portugal.
aceitas indicam que o grupo aglutina As raízes doutrinárias do EI, em sua Nesses donúnios, onde vivem entre 8 e
no mínimo 35 mil combatentes. Mas há cn.1zadacontraos infiéis, podem ser en- 10 milhões de pessoas, o grupo assumiu
avaliações que chegam a 100 mil lllili- contradas no wahabisruo e no salafismo, o controle de bases militares, bancos,
tantes. No Iraque,o EI absorveu mem- hidrelétricas, campos de petróleo e gal-
bros do antigo Exército de Saddam pões de alhnent os, além de instaurar
Hussein, desmantelado após a deposi- O Estado Islâmico um governo próprio, com ministérios,
ção do dit ador, em 2003.Além disso, a possui um Exército cortes islânúc.a s e aparato de segurança.
população sunita passou a ser cada vez Atua, assim, como se fosse um verdadeiro
mais discriminada pelo governo pró- de pelo menos 35 mil Estado, impondo a sua caótica ordem.
xiita, o que levou muitos a aderir ao A venda de petrôleo extraido dos
grupo fundamentalista.
combatentes, vindos de territórios que ocupa é uma das prin-
Mas o que mais impressiona é a ca- mais de 80 países cipais fontes de financiamento da orga-
pacidade do EI em atrair voluntários nização. O contrabando do óleo para a
de todas as partes do mundo, inclusive Turquia - onde é vendido a preços bem
<>00000 ~ <>000<>0
do Ocidente. Muçulmanos que vivem abaixo dos de mercado - proporciona
em países da Europa, desiludidos com uma renda estimada entre 1 e 3 milhões
a segrega~âo e a falta de oportunidades, de dólares por dia.
aceitam engrossar as fileiras do EI com a Outras formas de obter recursos são:
promessa de salvação. Utilizando tecno- a doaç.â o de indivíduos e instituições,
logias de comwúca,ão que vão de vídeos principalment e da Arábia Saudita e do
110 YouTube a revistas online, o gn1po Catar, recompensas por estrangeiros
manipula o discurso religioso para incitar sequestrados, o tráfico de 111ilhares
o ódio e atingir seus objetivos políticos. de objetos arqueológicos e antiguida-

30 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


des históricas, a exploração de outros
recursos naturais, como o fosfato, e EI, DAESH, ISIL OU ISIS? NOME t MOTIVO DE POLtMICA
a cobrança de in1postos e taxas das
populações submetidas a seu donú1úo. Ouso do nom• Estado lslâmioo (EI) para d•slgnaro g,upofundamontallsta 6 obJ•to
A expansão do poder do EI levou vá- do discussão entre espoclallst.as e governos que estão emponhados tm combati-lo.
rias facções fundamentalistas a declarar Como sotrata doum grupo terrorista, o não deumverdadofro Estado, muitos dlHm
lealdade ao califado. Estima-se que se- qu• chami-lo pola donomlnação qu• .to próprio se atribuiu sorta logltlmá-lo. Al6m
jam atualn,ente pelo menos 30 grupos, disso, a Ylncutação lslêmlca 6 rQpudlada pela ampla maioria dos muçulmano.s, quo
de quase 20 diferentes países. O grupo não se rQGOnhecem nas ações do grupo.
nigeriano Boko Haram, considerado um Muitos govomos, como o da frança, utlUz.am o nomo Daesh, quo vom da contração
dos mais violentos do mundo em 201S, de um de seus nomes antorloros (Estado Islâmico do Iraque e do Levante) em jrabe:
foi um dos que juraram lealdade ao E!. Al.Oawla al-lslamiya fil lraq wa'al-Sham. O tormo, rejeitado polo EI, é utlllzado por
Inimigos do grupo porque o som lembra a palavra árabe que slgntflca "destruidor'~
MUDANÇA DE ESTRATtGIA Sou uso sGrla uma fonna do dosquaUftc.ar a organização.
Analistas avaliatn que os atentados Autoridades nortQ-amorlcanas costumam usar a sigla lsll, equlvalento om JnglOs do
do final de 2015 marcam uma mudança mos mo nomoantGrlor, mas o próprio prosktonto Baradc Oba ma o o socroUr1o do Esta-
de posição importante do E!. Desde que do,John Korry,J6 so refarlram ao grupo polo termo pejoratfvo Oaosh. Existo, ainda, o
surgiu, o EI buscava atrair combaten- tormo lsls-uma tradução altornatlva quo slgntflca Estado Islâmico do Iraque e da Síria.
tes num território que conquistou, 110
Oriente Médio, e chamar os islâmicos
de todo o mundo a jurar obediência a
seu califado. Ao organizar ou apoiar
turada em maio pelo E!. Ramadi fica
a 100 quilômetros da capital, Bagdá.
C•<-----------'"
UIU NAIMPIIENIA

ações terroristas 110 Egito, no Líbano, Os bombardeios da coalizão também


na França e nos EUA, o grupo passou a fizeram o EI perder territórios 11.a Síria APARATO MIDIATICO
também projetar-se para fora da Síria e no Iraque. Embora tenha sido um EXPANDE ALCANCE DO
e do Iraque, tendo como alvo alguns avanço na luta contra o grupo, analistas ESTADO ISLÃMICO
dos principais países que desenvolvem avaliam que será muito mais dificil a DlogoB,rctto-Em /1/adrl
ações contra a organização. recuperação de cidades maiores, como
Os atentados mais recentes indican1 Raqqa (Síria), Mosul e Faluja (Iraque). A mensagem, citando normas do s~
que vários desses militantes do EI foram O objetivo imediato dos EUA não é culo 7°, pode parecE!r medieval. Mas o
enviados de volta a seus países de origem, e:-ctiuguir o EI, mas contê-lo, reduzindo meio utilizado para divulgá-ta é de uma
para organizar atos terroristas. Toda a o espaço geográfico sob seu controle. modernidade tamanha.
aç.ão dos atentados de Paris teria sido Um esmagamento completo do grupo A facção terrorista Estado Islâmico (EI)
organizada por integrantes do grupo é considerado praticamente impossível utiliza uma complexa estrutura de comu-
que moravam na França ou na Bélgica. sem uma grande intervenção em solo, nicação nas mídias sociais para divulgar
O EI também começa a se expandir que é de dificil execução, tanto militar seusvídeos de decapitação e destruição de
na ocupação de outros territórios. Em quanto politicamente. Após as fracas- patrimônio histórico na Síria e no lraque(~J.
2015, o grupo chegou até a Líbia,110 norte sadas intervenções no Afeganistão e no Um relatório apresentado à ONU pe-
da África. Como na Síria e no Iraque, o Iraque, realizadas durante a Guerra ao lo pesquisador espanhol Javier Lesaca
grupo aproveitou-se da fragilidade do Terror na década passada, a política ex- estima, por exemplo, que o EI tenha pu-
Estado h'bio, onde há disputas entre dois ten,a de Obama tem sido pautada pela blicado mais de 920 campanhas audio-
governos distintos. Estima-se que o EI cautela quando se trata de intervenções visuais em 22 meses, com o trabalho de
tenha pelo menos 1,5 mil combatentes núlitares em outros países. 33 difen.intes produtoras.
na região em torno da cidade de Sirte. Outro problema é o impasse em tomo A estética, segundo lesaca, é familiar
da coalizão organizada pelos EUA para ao público oddental. Das gravações de
ARESPOSTA DO OCIDENTE combater o EI, já que é dificil separar execuções, quase metade foi inspirada
O avanço do EI, principalmente após essa iniciativa da situação da guerra ci- em filmes como Jogos Vorazes e jogos
a proclamação do califado em 2014, le- vil na Síria, em que há divergências en- eletrônicos como Call of Outy.
vou os EUA a comandar uma coalizão tre os vários atores. Tanto EUA quanto O EI tem forte presença em dezenas de
fom1ada por cerca de 40 nações para União Europeia,Rússiaeos principais plataformas virtuais. Seus mílitant:Qs es-
realizar bombardeios aéreos contra bases aliados dos países ocidentais no Oriente tão no Faoobook, no Twltter, no Telegram,
da organiza~o terrorista. Os ataques, Médio, como Arábia Saudita e Turquia, no WhatsApp e em aplicativos desenvol-
que começaram em setembro de 2014, participam formalmente da luta contra vidos pelos próprios terroristas. (...)
produziram resultados limitados e foran1 o EI. Na Síria, entretanto, onde boa Governos e empresas de comunicação
intensificados após os ataques etn Paris. parte dos combates efetivos se desen- caçam esses terroristas on-line, mas o
Entre dezembro de 2015 e janeiro de volve, os interesses são diferentes. E esforço necessário é hercúleo. (...)
2016, o Exército iraquiano retomou a esse in1passe tem sido fundamental para
cidade de Ramadi, que havia sido cap- o fortalecimento do grupo extremista. Folha de S.Pavlo, 31/1/2016

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 31


e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

A~uerr~ civil
dêv~st~

t Síri~

Mais de 250 mil pessoas já morreram nesse conflito que
resultou no fortalecimento do Estado Islâmico e alterou o
equilíbrio de forças no Oriente Médio

o---------- ----------0

arço de 201L Um gru- no Oriente Médio. O termo se refere a


uma aliança política que reúne países e
m po de crianças em Da-
raa, no sul da Síria, é
preso pela policia por
pichar frases críticas a mudar-se para outras regiões do país, e
organizações cujos líderes são adeptos
dessa corrente do islamismo. O grupo
se opõe a Israel e disputa a hegemonia
ao governo. Inconfor- outros 4,5 milhões abandonaram a Síria. no Oriente h+Iédio com as monarquias
madas, centenas de pessoas saem às n1as Com a econonúa em frangalhos, quase sunitas, lideradas pela Arábia Saudita. O
da cidade para protestar contra as res- 70% dos sírios que permaneceram agora principal aliado fora da região é a Rús-
trições à liberdade promovidas pelo go- vivem abaixo da linha de pobreza. sia, que mantém uma antiga parceria
ven1odo ditador Bashar al-Assad. Assim com a Síria, sustentada pela base naval
como em outros países do Oriente :Médio AS FORÇAS NOCONFLITO que os russos controlam en1 Tartus, no
e do norte da África, a Síria mergulha na A população síria encontra-se no litoral sírio. Tanto o apoio do Hezbollah
onda de !lla!llfestações conhecida como meio de um fogo cn1zado que envolve e das milícias iranianas quanto os bom-
Prin,averaArabe (vejaboxenapág.37'). diferentes grupos. Veja a seguir as prin- bardeios mais recentes realizados pelas
Masa manifestação pacífica em Dara.a cipais forças envolvidas no c.onftito: forças russas tên1 sido fundamentais
é violentamente repri1nida. As forças de para a sobrevivência do regimedeAssad.
segurança abrem fogo contra a multidão GOVERNOSfRIOEALIADOS0etm1ladodo
e matan1 dezenas de pessoas. A reação conflito está o regime sírio, liderado por GRUPOS REBELDES Umas das primeiras
desproporcional do governo estimula Bashar al-Assad. Desde 1970, a família forças a mergulhar na guerra foram os
novas revoltas. Algumas semanas de~ Assad comanda no pais um brutal regime grupos su1lltas que lutatu para dern1bar
mais de 100 cidades naSíriasão palco de de partido único. Apesar de serem alauí- a ditadura de Assad. Entre os chamados
protestos regulares. As tropas dogoverno tas (uma seita muçulmana do ramo xiita), "'rebeldes moderados",que receben1 esse
não cedem e respondem com violên- osAssad m.a11tinhan1 wngoverno laico, nome por não serem adeptos do radi-
cia, o que leva a oposição a se organizar que separava a religião do Estado. Com o calismo islânúco,. a maior expressão é o
em diversos gT!lpos armados para lutar irúcio dos protestos, os surútas tomaram ExércitoLivredaSíria(ELS).Aorgaui-
contra Assad É o início da guerra civil. a frente na oposição ao regime, o que deu zaçâo conta com o respaldo das potências
Corta para março de 2016. Passados ao conflito contornos sectários. Apesar ocidentais, lideradas pela Europa e EUA.
cinco anos, a Síria é un1a terra arrasad-a. O de não apoiarem o ditador, cristãos, xiitas Torubém recebem apoio da 'Turquia e da
conflito é considerado pela Organização e até parte da elite sunita preferen1 ver Arábia Saudita, principais inimigos de
das Nações Unidas (ONU) amaiorcrise Assad no poder diante da possibilidade Assad na região. É por isso que a guerra
humanitária deste século. Os números deter um país tomado pelos extremistas. na Síria,além de ser uma disputa interna
falam por si só. Pelo menos 250 mil pes- Quanto às alianças externas, Assad de poder, reflete a rivalidade entre dois
soas morreran1.. Entre os sobreviventes, conta com o apoio do Irã e do grupo hlia- países-chave no Oriente Médio: Irã e
6,5 milhões de pessoas foram obrigadas nês Hezbollah, formando um "eixo xiita" Arábia Saudita (veja mais adiante).

32 GEATUALIOADU j l •su ncrtro: 201G


7 • • 5aq E

.....
cbculdos

.
""" 633.6'4
.pll>ÃNIA
,..,,,.
S,.UOITA

ONCO ESTADOS
IRAQUE

VIDNHOS RICI8ERMI
4,3mllh6es
dor,fugfms
(hW.""'3
e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

TtARAARRASAl>A
AddadedeKobane,
no norte da Slrla,
dev3'tadapeloconfllto:
mais delSOmH pessoas
mormramdesdeo
lnfdodaguom

EXTREMISTAS ISIÂMICOS Entre os gru- tornou-se um ator bastante úti~ porque porque o YPG recebe o apoio dos norte-
pos que querem derrubar Assad, além a milícia é uma das principais forças de americanos na luta contra o EI, mas é
dos rebeldes moderados, há facções resistência tanto contra os extremistas um dos principais inimigos da Turquia,
extremistas islãn1icas, que estão frag- do EI como os "moderados• do ELS. que teme o fortaleciment o dos curdos
mentadas em diversos grupos. Uma das Essa situação embaralha o jogo das em seu próprio território.
organizações que mais conquistaram potências, colocando EUA e Turquia,
terreno, principalmente nos prin1eiros ambos membros da Otan, a aliança mi- ASOBRE VIVtNCIA DE ASSAD
anos do conflito, foi a Frente al-Nusra, litar ocident al, em lados opostos. Isso Com tantas forças envolvidas no com-
um braço da rede extremista AI Qaeda bate, nestes cinco anos da guerra civil
na Síria. Posteriormente, a partir de 2013, houve diversos momentos em que as
o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) A entrada da Rússia tropas de Assad estiveram à beira da
aproveitou-se da situação de caos cria-
da pela guerra civil e, vindo do Iraque,
no conflito na Síria derrota. Os violentos combates travados
entre regime e rebeldes foram marcados
avançou de fom1aavassaladora e brutal, embaralhou a estratégia por avanços e retrocessos das forças
ocupando metade do território sírio. oficiais em cidades estratégicas, como a
das potências e capital Damasco,Homs eAleppo - âre-
CURDOS Há, ainda, o que podemos favoreceu Assad as que hoje são controladas por Assad.
chamar de uma quarta força envolvida Mas o momento mais delicado para
no conflito. Trata-se dos curdos, etnia o ditador foi em 2013, quando um ata-
<>00000 ~ <>000<>0
que habita territórios de Síria, Turquia, quecom anuas quínúcas no subúrbio de
Iraque, Irã, Annênia eAzerbaidjão e rei- Damasco foi atribuído ao regime sírio.
vindica a criação de um Estado próprio Os EUA chegara.tu até a anunciar uma
para o seu povo - o Curdistão. Desde o ofensiva militar punitiva, mas acabaram
inicio do conflito na Síria, a Unidade de aceitando a solução diplomática ofereci-
Defesa Popular (YPG), uma milícia da pela Rússia: o ataque seria suspenso
formada para defender as regiões habi- comocompromissodaSíriaemdestruir
tadas pelos curdos no norte do país, se suas armas quínúcas. O plano deu certo,
fortaleceu. Para o regime de Assad,a YPG eAssadganhouumasobrevidanopoder.

34 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


MAlNAl'OTO
Soldado da Frente
al-Nusra retira
quadro do ditador
sírio Bashar a\.
Assad na cidade de
Ariha, Qffl 201s

•i
s

•~
-i
=

Diante de todas essas an1eaças, é ARELUTÃNCIA DOS EUA direta na Síria cause o mesmo efeito pro-
surpreendente o fato de Assad ainda Além das divergências com a Rússia, os duzido na invasão ao Iraque em 2003:
sustentar o seu regime. l\•fas dois fato- EUA têm um problema adicional: a ava- uma rebelião de diversos grupos contra
res centrais explicam a permanência liação segundo a qual o principal perigo a ocupação estrangeira e a permanência
do ditador sírio. Em primeiro lugar, o imediato é o EI não é compartilhada por prolongada das tropas dos EUA no país.
regime beneficiou-se, por trágica ironia, alguns de seus principaisparcei.ros.Aco- Porora, os norte-an1ericanos procuram
do crescimento do EI, que fez acender me~rpelajá mencionada Turquia, cujos manter os bombardeios aéreos e enga-
a luz de perigo para as grandes potên- principais ininligos são os guerrilheiros jar ao máximo possível os seus aliados
cias. Houve uma mudanfa de foco, e a curdos do Partido dos Trabalhadores de europeus ou locais - principahnenteos
estratégia da coalizão ocidental passou a Curdistã~oPKK.Jánoentendimentode curdos-numcornpromissomaisdireto
privilegiar acontenfão dogntpo terro- Arábia Saudita e Israel, a ação do Irã na de combates no terreno. No meio dessa
rista, deixando para uma etapa posterior Síria é mais perigosa que a do EJ. falta de entendin1entoentre as potências
a questão da retirada de Assad do poder. Outro problema é que parceiros es- estrangeiras, Assad vai estendendo sua
O segundo motivo, mais determinante, tratégicos dos EUA, como Fran~ Reino longevidade à frente da ditadura síria.
foi a intervenção núütar da Rússia em Unido, Alemanha, Turquia e Arábia
defesadeAssad. Em setembro de 2015, Saudita, revelam-se incomodados com FRÃGIL CESSAR-FOGO
o governo russo iniciou ataques aéreos o que acreditam seruma posturaonússa Com a resistência de Assad e a pro-
dirigidos ao território da Síria, oficial- do governo de Barack Obru.na, que teria longação de um sangrento conflito, os
mente contra as posições do EI - mas aberto espaço para a ofensiva russa. atores envolvidos na guerra passaram a
não só. Os bon1bardeios russos tinham O país está destn1ído, mas as tropas de se empenhar em uma solução diplomá-
como alvo principal os rebeldes modera- Assad, apoiadas por iranianos e pelo tica. O Conselho de Segurança da O NU
dos anti-Assad,just.amente aqueles que Hezbollah, e tendo como retaguarda aprovou, em dezembro, uma resolução
são apoiados pelos EUA e as potências os fortes bombardeios da Rússia, con- prevendo negociações no inicio de 2016
ocidentais. Obviamente, essas ações mi- quistou posições importantes. entre o goven10 sírio e os rebeldes, sem
litares foram condenadas pelo goven10 Obrut'l.at porém, mostra-se muito resis- a participação de grupos e indivíduos
norte-americano, para quem o foco dos tente ao envio de tropas para combates considerados "terroristas", caso do EI e
ataques deve ser o EI e não ajudar Assad terrestres. Na verdade, o governo norte- da Frente al-Nusra. O processo de paz
(vejamaissobreaRússia napág.54). americano teme que uma intervenção seria precedido de um cessar-fogo e

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 35


e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

EM fU<a RQfugfados sfrios aguardam l)Qrmtssao das autoridades para cruzar a frontolra com a Turquia: mais de4 mllh6es deixaram a Sfrta

conduziria, entre outros pontos, a um ODRAMA DOS REFUGIADOS habitantes do pais abandonararu seus
governo transitório e eleições no prazo O atendimento àsvítim-asda guerra e a lares, tornando-se deslocados internos
de 18 meses. Foi a primeira vez que a criaçiiode um corredor para a entrada de ou refugiados em diversos países.
Rússia aceitou um documento desse ajuda humanitária são ações considera- Apesar de a crise dos refugiados atin-
tipo. O país não concorda, porém, com a das prioritárias pelas grandes potências gir a Europa com força neste ano, as
saída de Assad do poder como condição para tentar minimizar o sofrimento da pessoas que fugiram da guerra na Síria
para as negociações, como defendem população síria. Nestes cinco anos de dirigiram-se principalmente para cin-
grupos rebeldes de oposição. violência inintemipta, quase metade dos co países do Oriente Médio: Turquia,
Mas as negociações nem chegaram a Líbano, Jordânia, Iraque e Egito, que
começar de fato. O aumento dos bom- receberam pelo menos 4,3 milhões de
bardeios russos, principalmente na Desde o início da pessoas desde o início da crise. Essas
cidade de Aleppo, levou à suspensão
por três semmas das discussões, pre-
crise, Turquia, Líbano, nações concentram 95% dos refugia-
dos sírios e demandam 111uito mais
vistas inicialmente para o começo de Jordânia, Iraque e assistência dos serviços públicos do
fevereiro. Somente nos primeiros dez que ocorre atualmente na Europa (veja
dias do mês, os ataques russos provo-
Egito receberam 95% mais sobre a Europa na pág. 46).
caran1 mais de 500 mortes em Aleppo. dos refugiados sírios Nesses países que fazem fronteira
Apesar das dificuldades, no fim de fe- com a Síria, há sérios problemas para
vereiro entrou em vigor um cessar-fogo garantir as necessidades básicas dos
<>00000 ~ < > 0 0 0 < > 0
na Síria, em wn acordo costurado por refugiados, como alimentação, abrigo
EUA e Rússia. A pausa nas hostllidades e ensino para as criaJ.lfas, A gravidade
tem como principal objetivo a entrada de da situação tem levado a un1a mudança
ajuda humanitária no país. Continuariam de posição dos governos dessas nações.
apenas as ações contra o EI ea Frente al- No Libano,onde o total de sírios refu-
-N usra. No entanto, poucas horas após o giados, superior a 1 núlhão, equivale a
início do cessar-fogo, o governo sírio eos 25% da população total, entraram em
grupos rebeldes já trocavamacusa~õesde vigor em 2015 novas exigências para os
que o outro lado havia violado a trégua. estrangeiros que chegam, como o paga-

36 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


regime saudita O Irã, considerado desde
PRIMAVERA ÃRABE, CINCO ANOS DEPOIS a Revolução islâmica de 19?9 um pária na
comunidade internacional, por suposta-
Nolnfdo do 2011, uma onda do revoltas varrou v,rios palsos do Orlonto M6dlo e do mente apoiar grupos terroristas e buscar
norto daAfrlca. MllharH do passoas, sobrotudo Jovons, foram àsruasapresontando a fabricação de arruas nucleares (o que o
rolvlndkaçõos multo concrotas, como domocrada, llbordado do oxpressio o Justiça regime sempre negou), foi reintegTado
social Estava dollagrada a PrlmaveraAn,bo. ao sistema global e terá acesso a cerca
Essas revoltas encheram do esperança a população árabo num primeiro momento. de 100 bilhões de dólares que estavam
Em poucos mows, longovos ditadores foram dorrubados. Entro Janeiro e outubro congdados. Em termos políticos, poderá
arram osprosldontes da Tunlsla, do Egtto,dol6mon oda Ubla- nosw íiltlmo, o dlt. ampliar sua influência na diplomacia
dorMuammar Kadaft foi morto por um cerco popular. Asrovoltastamb6m atingiram internacional e seu poder regional.
pafsos como Bareln, Aribfa Saudita, Marrocos e a própria Sfrla. Já o regime saudita é unt dos mais
Mas, passados cinco anos, o que so vO 4 um quadro de desagregação nassQS pafws. autoritários e fechados do mundo. Seu
No Egito, um govomoelelto, dirigido polos lst.Amlcos vinculados à organtzaçãolrman- sistema judiciário prevê, entre as pe-
dado Muçulmana, foi darrubado polos mllttaros. O atualprosldanto é o QX-marochal nalidades, chibatadas e decapitação.
Abdol Fatah al-Slsl, -dlrlgoumregJme dominado polo Ex6rdto e consldorado tiio ou Em janeiro, a execução de 47 pessoas
mais autor1tárto quo o da antQS da Primavera Araba. O IOmon não conwgulu concluir acusadas de terrorismo, entre as quais
o procosso do transição poUtlca. O país asU mergulhado om um conflito lntorno o um respeitado clérigo xiita, motivou
assisto à expansão do organizações torrorlstas om seu torrltórlo. fortes protestos no Irã. Manifestantes
Na Ub&a, a situação 4 ainda pior. Aqueda do Kadafl gorou um v,cuo do podor, fo. invadiram.a embaixada saudita na ca-
montando a disputa entro dlvorsas mllk:las. E.ssa desagregação lovou à formação pital iraniana, Teerã, e incendiaram o
de dois governos após as elolçôos de 2014, quo disputam a logltlmldade do falar om edificio, atitude criticada pelo goven10
nome do pais. Não por acaso, o EI so aprov'1'1tou da situação para tamb6m H Instalar iraniano. O episódio foi a gota d'água
no torrlt6rlo llblo, em torno da cidade portu6rla do Slrto. para que a Arábia Saudita rompesse
Pelo monos na Tunfsla a transição domocritlca foi bom-sucodlda. O pafs é visto relações diplomáticas com o Irã.
como um caso oxomplar ao promovo, '1'1afçõos dlnrtas, aprovar a Constituição mais As execuções realizadas pelos sauditas
progrossista do mundo ,rabe otGrum govornoololto.Apesardlsso, a naçãoonfrGnta receberam dos EUA e das potências un1a
dificuldades, como o olwado daHmprogo entro os jovGns, que ainda gora protGstos. condenação em termos brandos. O fato
de os sauditas serem grandes produto-
res de petróleo, aliados dos ocidentais e
mento de uma troca para a obtenção de IRÃ X ARÁBIA SAUDITA com enom1es investimentos no mercado
wna autorizaç.ão de permanência -vá- No tabuleiro complexo que éo Oriente financeiro mw,clial explica, segundo ana-
lida por no máximo um ano.A Jordânia, Médio, a guerra na Síria afeta o equilí- listas, essa posição. Tradicionalmente,
segundo o rei Abclullah Ibn ai-Hussein, brio de poder entre dois países-chave da os governos 11orte-an1ericanos mantêm
está "em ponto de ebulição", já que região. A Arábia Saudita e o Irã estão em relações estreitas com o regime saudita.
os sírios refugiados equivalem a 20% lados opostos no conflito sírio e também Dada essa rivalidade regional, o confli~
da população jordaniana, e o país não alimentam divergências no que se refere to na Síria não deixa de ser uma guerra
tem condições de assegurar serviços à disputa pelo poder regional e à religião indireta entre sauditas e iranianos. i.fas
públicos aos que chegam. muçulmana. Os sauditas são guardiões essa é apenas uma das formas de enxer-
A pressão é grande também 11.a Tur- das tradições sunitas, e seu regime apoia- gar a crise.. Também é possível analisar
quia, país que se tomou o principal des- -se numa fonna de fundamentalismo a guerra sob o prisma da disputa entre
tino dos refugiados - ruais de 2 milhões (o wahabismo) considerado inspirador Rússia e EUA, que tentam manter seus
de sírios cruzaram a fronteira entre os de gn1pos terroristas como AI Qaeda e interesses estratégicos no Oriente Médio.
dois países. A Turquia disponibiliza EI.O Irã é uma república islâmica tam- Ou, ainda, como un1a luta interna entre
ruais de 20 campos de refugiados, mas os bém aferrada a fortes tradições conser- o regUne de Assad contra as milícias
abrigos são insuficientes para atender a vadoras, mas no âmbito dos xiitas ( veja sunitas e as organizações terroristas. Por
todos os migrantes sírios, e muitos deles mais na pág. 42). Hã tan1béi11 razões causa de toda essa rede de interesses,
estão sem nenhuma assistência. A situ- econômicas que dão sustentação a essa é muito difícil encontrar uma solução
ação preocupa a União Europeia (UE), rivalidade entre sauditas e iranianos: rápida e duradoura. Enquanto isso o con-
pois a maioria dos refugiados que chega ambos os países estão entre os grandes flito na Síria continua matando milhares
à Turquia tem como destino final nações produtores mundiais de petróleo. de pessoas e é foco do maior desafio à
europeiascomoAlen1anhaeÁustria. Por Por isso mesmo, o acordo histórico segurança mundial nos últimos anos.
isso, os líderes da UE fecharam um acor- que as potências fecharant com o Irã
do em novembro com a Turquia para o em 2015, pelo qual o governo iraniano PJ\RA IR AL(M No filme #Chicagogirl(de Joe
país melhorar as condições dos abrigos concordou em limitar drasticamente Piscate11a, 2013), uma universitária síria que
e ampliar a pemlissão de trabalho aos seu programa nuclear, em troca da sus- mora em O..icago, nos Estados Unidos, tenta
sírios (veja mais sobre o envolvimento pensão das sanções econô1nicas que aiuda ra oposição que luta contra o ditador
da Turquia na crise na pág. S8). pesavam oontrasi,foi mal recebido pelo Bashar al-Assad com a ajuda das redes sociais.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 37


e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

• • • •
é\CJrré\ COJ)
Intervenções de potências ocidentais no Oriente Médio
marcam a história da região e contribuem para o
desenvolvimento áo fundamentalismo

o---------- ----------0

impossível entender a dos Sykes-Picot", pretendiam definir a


situação polític.a atu- e
partill,a do império veja mapa ao lado).
al do Oriente Médio Pelo entendimento, a França passaria
sem levar em conta a a controlar diretamente territórios que
histórica interven~o islâmicos que rechafAID a modenúdade iam da Anatóüa ao litoral mediterrâneo
das potências ociden- ocidental. Não é casual que a Im,andade oriental (atuais Síria e Líbano), incl uin-
tais. Esta ingerência externa nos países Muçulmana, primeira grande organiza- do o norte do atual Iraque (a cidade de
da região se acentuou nos últimos cem ção fundamentalista, tenha surgido no Mosul, por exemplo). Ao Reino Unido
anos, estú11ula11do conflitos internos e Egito em 1928, logo após a derrocada caberia o controle da maior parte das
moldando a forma como a sociedade otomana. A Irmandade é até hoje o gru- restantes terras árabes, entre elas as
muçulmana enxerga o Ocidente. po islãnúco mais influente do mundo. que correspondem à atual Jordânia e
O Império Otomano (1281-1922) foi o Nessa mesma época, cresceu a impor- as da maioria do Iraque (o litoral do
último califado - uma forma de governo tância econômica do Oriente Médio,que Golfo Pérsico e a região próxima, que
islâmico comandado por um califa que abriga as maiores reservas de petróleo e abrange a cidade iraquiana de Basra).
acumula as funções de um líder político gás do planeta. As disputas pelo controle A Palestina seria internacionalizada - na
eespirituaL Em seu auge, controlava um dos recursos petrolíferos estiveram na prática, passou tambéu1 aocontrole bri-
vasto território na Europa, na Anatólia origen1 de muitas intervenções estran- tânico. Essa divisão, embora não tenha
(atual Turquia) e nas regiões árabes. geiras, principaln1entedo Reino Unido, sido colocada em prática exatanlente
Veio um longo período de decadência da França e dos Estados Unidos (EUA). como o planejado, definiu os limites da
até que, ao fim da I Guerra Mundial, res- influência das duas potências na região.
tava apenas o centro turco, na Anatólia ACORDOSSYKES·PICOT Essa novaconfiguração ainda teve ou-
A situayão social dos países que se ComofimdolmpérioOtomano,suas tros desdobran1entos importantes no
desmembraram do domínio turco-oto- províncias árabes foram postas em geral Oriente Médi" Os turcos desenvolveram
mano, com os povos submetidos a várias sob o controle britânico e francês, como uma luta de independência, que impe-
privações impostas pelo imperialismo parte da nova ordem estabelecida pelos diu o controle grego sobre a Anatólia e
ocidental,gerou ressentimentos que es- vencedores da I Guerra. O desenho da desembocou na constituição da Turquia
timularam a proüferação deruOYUnentos região foi traçado, antes mesmo do fim contemporânea ( veja mais napág. Sf!). Na
de nacionalistas árabes (pau-arabismo) da guerra, en1 ac.ord.os secretos entre Pérsia (atual Irã), em 1921, um golpe de
e fundamentalistas islâmicos. As popu- Reino Unido e França, cujas delegações Estado colocou no poder o general Reza
lações desses países viram o predomínio foram chefiadas, respectivamente, por Khan, que coroou-se xá (monarca) em
do Ocidente - identificado com o cris- Mark Sykes e François Georges-Picot. 1926, com o nome de Re2a Shah Pahlevi.
tianismo - como uma desvalorização de Eles debateram o assunto entre o fim de Às terras da Península Árabe (onde
sua religião e de sua identidade. Nesse 1915 e o i1úcio de 1916. Suas conclusões, ficam, entre outros, os atuais Arábia
terreno, desenvolveram-se os gntpos que vierama ser conhecidas como "acor- Saudita, Kuweit, Iêmen e Omã), os eu-

38 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G



lamll
e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

l'IMDJlREIAÇAO
A Revolução
lslãmlca no Irã, em
1979, representou
um momento de
ruptura do pais com
os Estados Untdos

ropeus concederam a possibilidade Em 14demaio de 1948, foi criado o Es- Essa situação levou Israel a cons-
de manter Estados independentes,do tado de Israel, que, desde o inicio recebeu tituir-se como un1 país altamente
ponto de vista formal, en1bora também forte apoio político, militar e financeiro militarizado, em que os conflitos são
submetidos ao controle das potências. dos EUA. Cinco países árabes enviaram constantes, entremeados por tréguas.
Dessa forma, os acordos Sykes-Picot tropas para Unpedir sua fundação, mas Um dos efeitos desse longo conflito foi
definiram a configuração política do as forfaS militares de Israel venceran1 o desenvolvimento de grupos funda-
Oriente Médio após a guerra. Com base o combate. Após a guerra, en1 janeiro mentalistas islâmicos que combatem
neles, negociações oficiais estabeleceram de 1949, Israel passou a ocupar 75% da Israel de fonna radical. O palestino
fronteiras, muitas das quais artificiais, região. Mais de 700 mil palestinos foram H:uuas, inspirado na Im1andade Mu-
porque dividiram civilizações milenares, expulsos, refugiando-se na Cisjordânia, çuhuana, controla a Faixa de Gaza - o
que mantinham laços culturais e eco- em Gaza ou nos países árabes vizinhos. que complica ainda mais a busca pela
nômicos comuns. Tudo isso contribuiu Em 1967, Israel voltou a derrotar uma paz, já que Israel não negocia com o
para o crescimento de um sentimento aliança de países árabes na Guerra dos grupo, por considerá-lo terrorista. Há
antiocidental nos povos da região. Seis Dias, e passou a controlar a Cisjor- também o libanês Hezbollah, vincu-
dâtlia e Jerusalén1 Oriental, a Faixa de lado politicamente ao governo sírio
CRIAÇÃO OE ISRAEL Gaza e a Petúnsula do Sinai (que seria e apoiado pelo Irã, que já enfrentou
Logo após a II Guerra Mundial (1939- devolvida ao Egito em 1982), além das militarmente Israel no sul do Líbano.
1945), outro grande acontecimento re- Colinas de Golã, que pertenciam à Síria.
configurou politicamente a regi-ão: a cria- REVOLUÇÃO ISLÃMICA NO IRA
ção do Estado de Israel. O novo país, ao Outro momento decisivo nas relações
ocupar parte do território histórico da Após a I Guerra entre o Oriente Médio e o Ocidente
Palestina, expulsou milhares de árabes Mundial, Reino Unido ocorreu no Irã com a Revolução Islâmi-
palestinos que eram a maioria da popula- ca, de 1979, que derrubou o xá Moharn-
ção local e criou uma situação de disputas e França estabeleceram mad Reza Pahlevi (filho do primeiro xá,
com as várias nações árabes vizinhas. que abdicara em 1941). Durante anos,
Israel tem sua origem no sionismo,
fronteiras artificiais no os EUA mantiveram uma alianc;a com o
movimento surgido na Europa no século Oriente Médio Irã, sustentando um governo corrupto
XIX, com objetivo de criar un1 Estado e pouco interessado nasin1ação social
para os judeus. O apoio internacional à do país. Em troca,. as empresas norte-
causa aumentou, depois da II Guerra,ao americanas mantinhan1 vantajosos
ser revelado o genocídio de cerca de 6 contratos, principalmente para explo-
milhões de judeus nos campos deexter- rar os recursos energéticos iranianos.
mmio nazistas, o Holocausto. Em 1947, a Eml978,acriseeconômicaeaarnpla
Organização das Nações Unidas (ONU) corrupção desencadearam protestos con-
aprovou a divisão da Palestina em dois tra o xá. As várias correntes oposicionis-
Estados- um para os judeus, com 53% tas unirrun-se sob a liderança do aiatolá
do território, outro para os árabes, com Ruhollal1 Khomeini, exilado na França.
47"/4. Estes últimos rejeitaram o plano. O goven10 não conseguiu controlar a

40 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


QUEDA DO DITADOR
EstátuadeSaddam
HussQin é coberta
coo, a bandeira
dosEUAdurantea
ocupaçlodo Iraque,
em2003

insurreição, e, en1 janeiro de 1979, Reza Em um.a operação fulminante,i1úcia- quais Saddam apoiava-se para gover-
Pahlevi fugiu do pais e obteve asilo polí- da em 16 de janeiro de 1991, as forças nar. Os protestos contra o don1ínio
tico nos EUA. Após um regresso triunful coligadas de cerca de 30 nações, lide- estrangeiro logo deram origem a uma
ao Irã, Khomeini assunúu o poder. radas pelos EUA, derrotaram o Iraque insurgência contra as forças ocidentais.
A Revolução Islãmicae.,plicitou are- em pouco mais de un1 mês. Mesmo Atentados e ataques tornaram-se fre-
jeiç.10 da sociedade iraniana à submissão derrotado, Saddam Hussein conseguiu quentes, convulsionando o país.
ocidental e marcou a instaurat,ão de um se sustentar no poder. Com a posse de Barack Obama na
regime que se contrapõe fortemente aos presidência dos EUA, em 2009, os norte-
EUA. Além disso,alterou a correlação de OCUPAÇÃO DO IRAOUE americanos começ-aram a retirar astro-
forças na regi-ão. Em um país-chave como Nadécadaseguinte,olra.quevoltariaa pas do Iraque gradualmente, concluindo
o Irã foi criada uma repllblica islãnúca ser alvo das forças militares norte-ame- a operação em dezembro de 2011. Alétu
dirigi.da por xiitas, um fator a mais de ricanas, numaaç.ão cujos efeitos estão no de deixar cerca 110 m.il civis mortos, essa
tensão com os outros regimes da região, cerne da atual crise no Oriente Médio. longa pennanência em solo iraquiano
todos comandados na época por sunitas Em 2002, EUA e Reino Unido acusaram desestabilizou completamente o país,
(leia soúre xiitas e sunitas na pág: 42). Saddan1 Hussein de acumular armas com o acirramento das desavens-as po-
de destn1ição em massa. O gove-mo do líticas e sectárias. Aliada a esse fator, a
AGUERRA DO GOLFO presidente norte-an1e-ricano George W. retirada das tropas norte-americanas
A Guerra do Golfo marca a primeira Bush começou os preparativos para uma foi sucedida por um vácuo de poder
intervenção militar norte-americana no guerra contra o Iraque,que era apresen- que favoreceu a proliferação de diversas
Oriente Médio após a queda do Muro tada também como parte de sua ofensiva milícias. O desenvolvhnento do grupo
de Berlim e o início da derrocada socia- contraoterrorismo,11.aesteiradareação Estado Islâmico está diretamente vin-
lista em 1989 - período em que os EUA aos atentados cometidos pela AI Qaeda, culado aessasitua~o (veja na pág:28).
consolidaram sua hegemoniamundiaL nos EUA, em li de setembro de 200L Todas essas intervenções contribu-
O estopirn do confilto foi a anexafão do EUA e Reino Unido decidiram atacar íram para fomentar uma forte aversão
Kuweit pelo Iraque, em 1990. o Iraque, em março de 2003, mesmo ao Ocidente em grande parte das socie-
Mesmo tendo apoiado o Iraque na sem o respaldo da ONU. Derrotaram dades muçuln1anas do Oriente Médio.
guerra contra o Irã (1980-1988), os rapidamente os iraquianos, conquis- Obviamente, o repúdio às ingerências
norte-americanos decidiram acionar tando a capital, Bagdá, em 9 de abril, das grandes potências por si só não é
sua máquina de guerra contra o ditador e instalando um governo de ocupação. suficiente para explicar a atual onda
iraquiano Saddan1 Hussein. Além de Meses depois, Saddam foi capturado, e fund:unentaüsta em alguns setores do
restaurar a sobe-rania do Kuweit, o ob- ele acabou sendo executado em 2006. ishunisn10-afinal,não se pode ignorar
jetivo era evitar que o fortalecimento de Posteriormente, ficou comprovado que o baixo desenvolvimento econômico
um país-chave no Oriente Médio como o ditador iraquiano não possuía armas na maioria dessas sociedades e as di-
o Iraque alterasse o equilíbrio de poder de destruição em massa. visões dentro do próprio islã como al-
na região. Implicitamente, a intervenção As forças de ocupação dos EUA guns catalisadores do extremismo. Mas
ainda mandava um claro recado sobre a te11taran1 impor no Iraque uma nova também é inegável que esse histórico
capacidade norte-americ3na de susten- ordem política, favorecendo a maioria de dominação ocidental gerou fortes
tar sua hegemoni3 no Oriente Médio. xiita em detrimento dos sunitas - nos ressentin1entos ainda não superados.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 41


e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

f\ iménsidijó -do
mundó rriuçU]m~nó
A ação de grupos fundamentalistas que dizem agir em nome
do islã alimenta distorções sobre a segunda crença mais
popúlar do planeta

o---------- ----------0

,, osúltimosauos,aima-
gem do islanúsmo fi-
cou nmitoassociada a
estereótipos do terro-
rismo, da intolerância RAPIOAEXPANSÃO
grande império, o califado. O dirigente
do novo império era o khalifa (califa),
termo que equivale a representante de
Maomé após a sua morte. Ao longo da
história, os muçuhnanos constituíram
e da repressão aos di- O islamismo, ou islã, cujos seguido- três grandes califudos ou in1périos: Onú-
reitos individuais. Essa visão deturpada res são conhecidos como islâmicos ou ada (661-750), Abássida (750-1258) e
é consequência da atividade de gn1pos muçulm.anos,é uma religião monoteísta Otomano (1281-1922). O fim do Império
violentos como a AI Qaeda e o Estado baseada nos ensinamentos de Mohamed Otomano marcou o fim do predonúnio
Islânúco (EI), que dizem basear seus atos (570-632), chamado no Ocidente de Ma- muçulmano como força política unifi-
bruta.is no islã. Ao escolher o caminho do omé, que nasceu e viveu onde atualmen- cada de u ma ampla região do planeta.
fundamentalismo para disseminar sua te se situa a Arábia Saudita. Aos 40 anos,
interpreta~o radical do islã, essa mino- Maomé passou a tervisõeseouvirvoze~ SUNITAS EXIITAS
ria barulhenta ae.aba silenciando outras que atribuiu ao anjo Gabriel, trazendo- Os muçulmanos dividem-se em uma
tendências da religião- uma expressiva lhe a revela~o da palavra de Deus (Alá). pluralidade de corrent es, n1as duas
maioria que repudia os atos de violência. Posteriormente, essas mensagens foran1 grandes vertentes são as principais: os
Ainda que essa pequena fração funda- consolidadas nu m livro, o Alconfo. s unitas (cerca de 85%) e os xiitas (15%).
mentalistaganhe os holofotes da mídia, Perseguido pela elite comercial de Aorigemdessadivisãoremontaàdisputa
ela é incapaz de representar toda adi- Meca, sua cidade natal, Maomé partiu pela sucessão de Maomé à frente do islã.
versidade de uma comunidade fom1ada em 622 para Medina. Esse movimento, Após a sua morte, duas tendências se
eor 1,7 bilhão de adeptos do íslanúsmo. conhecido como Hégira (ou llligração), manifestaram. A minoritária defendia
E a segunda crença mais popular, depois é um dos ele111entos constitutivos do que o sucessor fosse alguém da família do
do cristianismo, que tem 2,4 bilhões, e islamismo. Conquistando adeptos rapi- profeta - Ali, primo e genro de ~laomé,
seus seguidores aumentam numa velo- damente, ~I.aomé, chamado pelos segui- era quem liderava essa corrente. Já a ou-
cidade maior do que a religião de Cristo. dores de profeta, tornou-se não apenas o tra tendência entendiaquequalquermu-
Ao longo de seus quase 14 séculos de chefe religio~ mas o ~vemantepolitico ~ulmano poderia ser o escolhido, desde
existência, o islamismo exerceu grande e comandante militar de Medina. Os que fosse da tribo de Maomé- o clã dos
influência, não apenas na esfera reli- novos fiéis dispuseram-se a reali.zarwna coraixitas - e aceito pela comunidade.
giosa, mas nos can1pos da política, da guerra santa de expansão do islã, que se Esteúltimogrupoquedefendiauma
economia e das relações internacionais. espalhou por todas as regiões da Arábia. eleição entre seus seguidores acabou se
Uma de suas principais características é Mesmo após a n1orte de Mao111é, impondo, e Abu Bakr, amigo de Maomé,
abranger não apertas um corpo de cren- exércitos comandados por seus suces- tomou-se o califa, en1632. Seguiram-se
ças, mas orientações que influenciam sores invadiram territórios vizinhos e outros dois califas (Omar eOtman) at é
toda a vida social de seus praticantes. em menos de um século fomiara111 um Ali, o primo de ~Iaomé, assumir o po-

42 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


85%
dos
muç.ulma.no1
e DDSSIÊ ESTADO ISLAMICD

PRECES DIAIUAS
Muçulmanos rezam
..., mesquita de
Moscou (Rússia):
r@Ugflo tem 1,7
bUhlodeseguldores
«n dtversos pai ses

der, o que alterou o sistema sucessório ódio religioso para atingir seus objeti- Salafismo, que vem da expressão al-
em favor de seu grupo e desencadeou vos políticos - seja o controle do poder salaf, ou seja, os predecessores, designa
uma guerra civil dentro do islã. Ali foi local, a expansão da influência regional de fommgenérica essa linha de inrerpre-
1Uorto eru 661, abrindo espaço para que ou a distnbuição das riquezas nacionais tat,ão, enquanto wahabisn.10 diz respeito
Muawiyya se tornasse califa, iniciando a para o seu grupo de apoio. É o que tem diretamente ao movimento criado pelo
primeira dinastia califul, a dos onúadas. acontecido em países coutoSíria,Iraque, teólogo Moharumed ibn Abd al-Wahhab,
A maioria dos árabes aceitou a pacifi- Líbano, Barein e Iêmen. Ainte-rfer-ência no século XVIII, em alianc-a com o clã
cai;ão sob seu com.ando. Mas os seguido- estrangeira, especialmente das potências dos Saud - que formaria t~na dinastia
res de Ali consideravam Muawi yya um ocidentais, também exerce papel deci- responsável pela reunificac;ão árabe na
usurpador e fonnaralll o Partido de Ali sivo neste cenário (veja mais na pág. 38) Arábia Saudita, em 1932. Os wahabi-
(Shiat Ali), que é a origem dos xiitas. O tas passaram a ter grande influência na
segundo filho de Ali, Hussein, liderou OFUNDAMENTALISMO WAHABITA Arábia Saudita. AfamiliaSauddetinhao
uma rebelião contra Yazid, filho e su- A atual onda fundamentalista no islã poder político e econômico, enquanto os
cessor de Muawiyya, mas foi facilmente tem origem em algumas correntes den- clérigos wahabitas passaram a controlar
derrotado. Isso consolidou o poder dos tro do sunismo que pregam uma inter- a educação e o sistema judiciário.
onúadas, que se tornaram os seguidores preta?º rigorosa e literal do Alcor<l'o. Com a influência regional e interna-
da tradição (sunna), ou sunitas. O salafismo e o wahabismo são as ex- cional obtida com a riqueza do petróleo,
pressões mais ativas dessas tendências. os sauditas difundiran1 esses princí-
GEOPOLÍTICA ERELIGIÃO pios em vários países. As monarquias
Durante sêculos, as rivalidades se as- da Arábia Saudita e do Catar terian1
sentaratn, e as duas alas do islamismo Os preceitos gasto, desde a década de 1970, cerca de 3
conviver.un em relativa paz. Eru boa lvahabistas difundidos bilhões de dólares por ano pll!a fümnciar
medida, as divergências mais recentes a constn1ção de madrassas, u1Uversida-
têm a ver com a Revolução lra.11.iana, pela Arábia Saudita de~ mesquitas e outras instituições, para
vitoriosa em 1979, que levou os xiitas ao difundir o wahabisruo pelo mundo. As
poder. A ascensão política do Irã foi vista
inspiram diversos potências ocidentais não se opuseram a
como umaameaç.a à hegemonia regional grupos terroristas essa aç.ão, porque os dois países são seus
da Arábia Saudita, guardiã das tradições aliados e mantêm inúmeros negócios-
sunitas na região (veja mais na pág. 3'!). em particular a venda de petróleo e a
<>00000 ~ <>000<>0
Mais do que um grande conJlito seo- compra de armas - que ajudam a mo-
tário, o atual antagonismo entre xiitas vimentar a economia norte-americana
e sunitas está mais ligado a disputas e de várias nafõeS europeias.
geopolíticas. Na verdade, a rivalidade Os preceitos wahabistas inspiraram
é alimentada n1enos pela imposiç-ão de diversos grupos terroristas que dizem
wna vertente religiosa sobre a outra; combater em nome do islã. O fortale-
trata-se mais de unta disputa por po- cimento dessa corrente ganhou gran-
der local e regional. Nessa estratégia, de impulso na invasão do Afeganistão
os governantes acabatn insuflando o pela União Soviética, em 1979. Diversos

44 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
...................................................................................................
...........
. .........' ..............................................
... ........... .......... .......... ..... ........
FUNDAMENTALISMO NÃO t SÓ ISLÃMICO Estado Islâmico
Ainda quo o fundamontaUsmo esteja atuatmonto asso dado aos lsl.Amlco.s, grupos ESTADO ISLÂMICO o EI é considorado o
fundamontallstas oxlstom om várias roUglÕH, Elos dofendom quo lnterprotaçõos grupo extrE!mlsta lslâmloo mais podE!roso
literais dos totosrollgto.sos dwom s« a llnfc• orfontaçio para dtvonos aspec.tos da da história.Seu crE1sc.imento aproveitou-se
vida, das rolaçõos familiar.. à ori:anlzação do Estado oda soei odado. t uma posição da situação de caos no Iraque ena Síria. Na
quo soopõo à ponpoctlva s«ular adotada dos do a Rovoluçio Francosa ( 1789), quando rEigião que ocupou, o EI atua como se fosse
os nag6dos do Estado H sGpararam das convicções religiosas. um verdadeiro Estado,com rígidas leis inspi-
Arlgor, o termo fundamontatJsmo 61 noxato, quando so fala em muçulmanos, porquo radas numa Interpretação fundamentalista
designava movimentos surgidos no lnfdo do s«ulo XX entrQ os protestantes mais do Islamismo, e métodos cruéls,comoeXQ-
consorvadores dos Estados Unidos (EUA). Eles quartam a volta aos fundamentos da cuções por decapitação ou açoltamE!nto.
14 cristã• dofondlam quo a Blblla dovorla sor entendida Utoralmonto. Grupos pro-
tostantos consarvadoros nos EUA, por G!Xemplo, sio contra o aborto oa lgualdado de SÍRIAAguE!rra civil na Síria é a maior crise
direitos civis para os homosSQxuals. Nos católicos, mantfasta-se em organizações como humanitária deste século. Além de PQlo
atradlclonaUstaOpus Dai, surgida na Espanha. Entro os hfndufstas, um oxemplo 6 o mE!nos 250 mi Imortes, 11 mlihões de sirios
Partido Bharatlya Janata (BJP), qua atuatmanto govoma a lndla e tom um histórico tiveram dE! sair de suas casas. Grupos re-
de lntolerinda om rotação aos a.altos muçulmano.s no pals. bE!ldE!s,apolados pelas gandespotQnclas,
lutam desde20ll para derrubar o ditador
Basharal-Assad, que tem o apolo da Rús-
grupos enúlitantes inspirados nowaha- mulheres, enquanto asharia afirma que sia, do Irã e do grupo libanês Hezbollah.
bismo lutaram no país, com apoio oci- a mulher é inferior e deve cobrir-se. A Aparticipação do EI e dE! milícias curdas
dental. Foi o caso de Osama bin Laden, shariaabrangetodos os aspectos da vida tornam o conflito ainda mais complE!xo.
que futuramente dirigiria aAl Qaeda. do muçulmano - as regras familiares, a
Na atual crise envolvendo o extre- se.xuaüdade, os hábitos alimentares, as COALIZ~ Os Estados Unidos (EUA) lide-
mismo islâmico no Oriente Médio, obrigações religiosas e as práticas eco- ram uma coalizão de mais de 40 países,
Catar e Arábia Saudita são acusados nômic.as e políticas. De modo geral, são que realiza bombardeios aéreos contra
de financiar e armar grupos fundamen- normas restritas à esfera privada e pes- bases do EI. Como os conflitos na Síria e
talistas que se opunham ao regime sírio, soal dos muçulmanos. Mas em estados o avanço do grupo extrE!mlsta estão en-
mas posteriom1ente juntaram-se ao EI, religiosos, como a Arábia Saudita, ela é trelaçados, as potênc.ias não conseguem
levando consigo as anuas e o dinheiro. instituída como sistema de lei, poden- chE!gar a um consenso sobre a melhor
do ser aplicada pelas cortes de justiça. estratégia de combate, pois há interesses
JIHAD ESHARIA Dessa forma, crimes como o adultério, o divergentes entre os principais atores.
Entre as interpretações literais que roubo e a ingestão de bebidas alcoólicas
o wahabismo faz dos textos sagrados, podem ser punidos com amputações, INTERVENÇÃO OCIDENTAL As interfe-
a mais polêmica diz respeito à jihad, chibatadas e até mesmo a morte. rências das potências no Oriente Médro,
traduzida em geral por"guerra santa". Em muitos países de maioria muçul- especlalmE!nte após a I Guerra Mundial,
Este sentido de conotação mais militar mana, especialmente nos que adotam alimentaram um sentfmentoantlocldental
se impôs, mas 11.ão corresponde ao que a sharia institucionalmente, existem entre as nações muçulmanas. O Acordo
está contido noA/conl'o. Literalmente, restrições às liberdades democráticas Sykes-Plcot (1915-1916) criou fronteiras
jihad é "esforço ou empenho em favor e desrespeito aos direitos humanos. No artificiais na rEigião, o que acirrou as dis-
de Deus". Pode referir-se à disciplina entanto, há uma grande dife rença. des- putas intE!rnas. PosterformE!nte, a criação
da transformação interior, contra os sas nações para a situação da 1\1rquia e de Israel, a Revolução Islâmica no Irã eas
próprios erros ou os da comunidade da Indonésia, por exemplo. Ainda que Ol)Qração militares dos EUA no lraquede-
(grandejihad) ou à guerra de conversão a democracia nessas nações enfren- sestabilizaram ainda mais o Oriente Médio.
dos infiéis (pequenajihad). tem desafios, são Estados de maioria
A interpretação literal das norn1as muçulmana em que as instituições são ISLAMISMO Com 1,7 bilhão de adeptos,
contidas n0Akonfot:unbén1 deu origem seculares (separadas da religião) e que o islamismo é uma rE!ligião monoteísta,
à shar{a, que pode ser traduzida por "o realizan, eleições regulares. Da mesma baseada nos ensinamentos de Maomé
caminho certo". Trata-sedo código legal forma, apesar de o fundamentalismo (570-632). Os muçulmanos se dividem em
islâmico, que estabelece regras a serem islâmico ser uma ameaça à seguran- duas grandes vertentes: os sunitas e os
obedecidas na vida em sociedade. Sua ça. internacional, a imensa maioria da xiitas. Divergências E!ntre os dois grupos
consolidação data do século IX, quase comunidade muçulmana abomina o provocam confUtos regionais, insuflados
250 anos depois da morte de Maomé. terrorismo e prega a tolerância. São pordisputas políticas.Aatual onda funda-
Isso explica muitas das contradi9õe.s exemplos que mostram como algumas mentalista no islã tem base nos preceitos
apontadas por especialistas entre oAl- generalizações simplistas não tradu- wahabltasdlfundidos pela Arábia Saudita.
conl'o e asharia. O Alcortl.o por exemplo, zem a realidade e ignoram a diversi- ......................................................
.. ..•.. •.... •.•.. ..•.. •... ••... •. ..••.... •. ... •.... ••.
diz que há igualdade entre homens e dade da sociedade muçulmana. ll!I ........................................................
.. . .
......................................................................................................
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 45

LONGA TRAVESSIA
Poüdais conduzem
migrantes na
Eslovênia. an
outubro de 201s:
fluxo recordQ na
Europa
a INTERNACIONAL UNIÃO EUROPEIA

mundo vive atualmente a AYlANKURDI

O mais grave crise de refugiados


desde a II Guerra Mundial.
A situação tornou-se especialmente
Amorte do garoto
sfrlod11apenas3
anos, em sêtMlbro
crítica na Europa, continente que rece- de 201s, na Turquia,
beu mais de l milhão de refugiados elll expôs o drama da
2015. O futo mobilizou os governantes cris11 migratória
e reacendeu a polêmica na sociedade
sobre con10 receber os milhares de
estrangeiros que continuam chegando
no continente. Só nas primeiras seis De onde vêm os refugiados tabilidades no Afeganistão e no Iraque
semanas deste ano, o número de pes- O dran1a dos refugiados ganhou vi- - onde os governos locais enfrentam,
soas que tentaran1 entrar ilegalmente sibilidade e chocou o planeta quando respectivamente, núlitantes extremis-
na Europa pelo mar subiu dez vezes em imagens do corpo do garoto sírio Aylan tas da AI Qaeda e do Estado Islâmico- e
compara~o ao mesmo período de 2015. Kurd~ de ape1,as 3 anos,jogodode bruços o brutal regime ditatorial que comanda
A maioria dos refugiados que chegam em uma praia na costa da Turquia, foran1 a Eritreia, país da África Oriental, às
à Europa vem da Á&ica e do Oriente publicadas em sites e jornais de todo o margens do Mar Venuelho, explic.am
Médio, fugindo de guerras, conflitos mundo em setembro do ano passado. por que essas nações,juntamente com
internos, perseguições políticas e vio- Aylan, o irmão Galip, de S anos, e sua a Síria, respondem por mais de 80% do
lações de direitos humanos. Mas nem mãe, Rehan, morreram afogados numa Buxo de pessoas que buscam desespe-
todos conseguem alcançar seu desti- fracassada tentativa de cruzar o Mar radamente um abrigo na Europa.
no final. A principal porta de entrada Egeu nm10 à ilha grega de Kos. O único
no continente é a Grécia ou a Itália sobremi,nte foi o pai,Adbullah. O desti- As principais rotas
e, para chegar lá, muitos migrantes no final dos quatro migrantes, que fugiam Especialistas dividem as travessias
desafiam os mares revoltos do Medi- de Kobane, cidade síria massacrada pela do Mediterrâneo em direção ao con-
terrâneo. A travessia é perigosa, feita guerra, era o Canadá, país onde moram tinente europeu em três grandes rotas.
em embarcações precárias, geralmen- parentes da fanúli.a, mas que já havia
te superlotadas. Segundo a Organiza- negado um pedido de asilo. As imagens O Mediterrâneo central, parte da
ção Internacional para as Migrações do menino franzino sem vida, largado Líbia e tem como principal destino
(OIM), 3.771 deslocados morreram ou na 3l'eia, viraram um triste símbolo da a Itália, notadamentea Ilha de Lam-
desapareceram durante as travessias maior crise humanitária registrada no pedusa, próxima à costa africana.
110 ano passado, número recorde. Só continente em sete décadas. O Mediterrâneo ocidental, também
nas seis primeiras semanas de 2016, En1bora o drama da família do peque- reúne refugiados africanos, que par-
409 pessoas perderan1 a vida no mar. no Aylan tenha comovido o mundo, ele tem do Marrocos, Tutúsia e Argélia
Para os que conseguem fazer a tra- está longe de ser o único que se abateu e buscam desembarcar na costa da
vessia e chegar ao próspero continente sobre os migrantes.Metade do lluxoatual Espanha.
europeu, os problemas não temllnam. é composto de pessoas que fogem da O Mediterrâneo orientaL é aquela
O destino final dessa massa humana Síria, país que desde 2011 enfrenta uma utilizada para fazer a ligação entre
são os países menos afetados pela crise sangrenta guerra civil que parece longe a Turquia e a Grécia.
econômica que há anos ronda o Velho de tenninar. Estima-se que o conflito no
Continente, como Alemanha, Suécia e pais governado pelo ditador Bashar al- Até 2014, o lluxo de refugiados con-
Áustria. Para chegar até lá, os migrantes Assad já matou mais de 250 núl pessoas centrava-se m.ajoritarian1ente na rota
precisam cruzar diversos países, onde e provocou o deslocamento de 4,6 nU- central, com milhares de líbios fugindo
nem sempre são ben1 recebidos. Ares- lhões- um quinto da popula~ão do pais. da violência e da instabilidade que en-
postademuitosgovernosécarregadade Depois dos sírios, os maiores grupos golfaram seu país depois dos aconte-
racismo e xenofobia, com um disc.urso de migrantes, por nacionalidade, são cimentos da Primavera Árabe - onda
que defende medidas extremas, que vão formados por afegãos (21% do total), de protestos e revoluções populares
da prisão à deporta~o dos migrantes. iraquianos (8%) e eritreus (4%). Ins- que eclodiu no mundo árabe a partir

48 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


. . . .twaoi E11m,a
-11 • ,mci,a1rr•u11t~ a1tllolMl!nl11t11a

---~..
llfllllitibMlmm•lplllllh4111atllltllr1llàllft

Jelld~Otldl Ult MI JIUS!IM 1111'


<htpla~, •lflll•111111"" N1r11ta lerrfl91ds
e -·1111-•••is~ ....1'.01 "" etbua.n Ili (ln. .
pd,..,....... _
PTIKI"'"- CIO••
i,audten 111.5.
.aha1s1,.1ma.nale

. -..}
um•• 1.003.120
a,
IIJlll11U(O

-.........- 111111114

\ IIUGlLlMllttlldal

--
r.tf "'12' l!t,lle=o11ar
\ (lfvpndttpr tllUIPi

IUIIWl

t f
1
-.. -,.,...,
,1m,to
l'IIIICIPAI. DlSTilll
l"le d!e1tnd1 dwntr,rm
l!Ull
,., •.
ftln lhlimdl'll!II. emims-

.,..,.......
011ni1

--.....
.,
l tllll

,,.,
lCl.n

MAISlll1lMLIAo,n.ou1
12:.
!üilJõ ..... lllU

g., 1JII
a INTERNACIONAL UNIÃO EUROPEIA

O governo húngaro
reprime o ingresso de
1

i
refugiados alegando
"defender a cultura da
!•
NAVEGAÇÃO ARRISCADA Embarcação lotada de migrantes se aproxima da Ilha d<> Kos, na Gréóa
Hungria e da Europa"

do final de 2010. No ano passado, ore- O governo nacionalista da Hungria, Em meio ao crescente sentimento de
crudescimento do conflito na Síria fez porexen1plo, decidiu construir uma cer- xenofobia no continente, a Eslovênia
com que milhões de sírios deixassem canos 175 quilômetros e01 sua fronteira foi outra nação a edificar cercas a fim de
o país e buscassem refúgio em países com a Sérvia (país que não integra a UE) impedir a entrada ilegal de imigrantes.
vizinhos e nações europeias. e conseguiu aprovar um conjunto de leis A barreira foi erguida na fronteira com
Com isso, a rota oriental, via Grécia, que punem com até três anos de prisão a Croácia, sin1ada ao sul.
tomou a dianteira. Cerca de 800 mil quem tentar fazer a travessia ilegal-
refugiados e migrantes aportaram na mente. A nova lei húngara de migraç.ão, Schengen na berlinda
EW'Opa por esse can1inho en1 2015, classificada pela oposir'º de esquerda e A implantação de controles frontei-
cn1zando o Mar Egeu, que separa os por organizações humanitárias de "au- riços é uma das respostas de alguns
territórios turco e grego. No mesmo toritária e anticonstitucional'\ também países ao intenso Buxo n1igratório.
período, o número de pessoas que cru- permite que o governo deporte imigran- A fim de proteger seus territórios, os
zaram o Mediterrâneo a partir da Líbia tes ilegais. Com a medida, o goven10 do governos estão, na prática, revendo
e do Norte da África em direção à Itália primeiro-mi1ústro conservador Viktor os termos do Acordo d e Schengen,
ficou em 150mil. Segundo a O IM, 77% Orbán tenta reprimir o ingresso dos des- que libera a circulação de pessoas e
das 3.771 mortes registradas em 2015 locados e, em suas palavras "defender a mercadorias entre as fronteiras das na-
ocorreram na rota central, enquanto cultura da Hungria e da Europa1' , com ções e.uropeias signatárias do tratado.
21% aconteceram durante a travessia políticas de caráter xenófobo. At é se- Criado em 1985, o Espaço Schengen
do Mar Egeu, na vertente oriental ( veja tembro do ano passado, mais de 160 mil é um dos maiores símbolos da inte-
infográfico na pág. 49). pessoas já haviam entrado no território gração continental e reúne 22 de seus
Além das rotas pelo Mediterrâneo, húngaro pela fronteira COlll a Sérvia, a 28 países-membros, além de Islândia,
vale ressaltar que uma parte reduzida maioria deles com a intenção d~ se-guir Noruega, Su íça e Liechtenstein, que
dos migrantes chega por terra, atraves- viagem nuno à Alemanha ou à Austria. não fazem parte do bloco. Reino Unido,
sando a Turquia, muitas vezes a pé, até Assin1 como a Hungria, a Áustria de- Irlanda, Romênia, Bulgária, Chipre e
alcançar os territórios búlgaro ou grego. cidiu erguer barreiras para lidar com a Croácia integram a UE, mas não ade-
incessante chegada de refugiados ao seu riram ao Espaço Schengen.
Frente anti-im igração território. Em outubro do ano passado, o Em meados de fevereiro, os parla-
Divisões profundas entre os Estados- governo austríaco anunciou a intenção mentares da UE iniciaram discussões
membros da UE sobre como enfrentar de construir uma cerca na fronteira com com o objetivo de restringir a livre
a crise e a inércia diante da chegada a Eslovênia, um dos gargalos de entrada circulaç.ã o na região e restabelecer o
dos migrantes são, segundo analist as, dos refugiados na Europa Ocidental. controle de passaporte nas frontei-
o principal fator a agravar o proble- Dois meses antes, 71 pessoas haviam ras internas para limitar a entrada de
ma. De um lado, países como Suécia e sido encontradas sem vida dentro de um refugiados. Antes disso, a Comissão
Alemanha têm adotado uma postura caminhão de transportes estacionado Europeia, braço executivo do bloco,já.
mais liberal e favorável ao acolhimento às margens de tuna estrada próxima haviaame.a çado a Grécia de suspensão
dos refugiados. No entanto, algumas à fronteira com a Hungria. O grupo do Espaço Schengen caso o país não
nações defendem medidas drásticas tinha ingressado no país com a ajuda conseguisse resolver as deficiências
para conter a chegada dos deslocados. de traficantes de pessoas. do controle de suas fronteiras.

50 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


SÓ REFUGIADOS T~M
DIREITO A SOLICITAR ASILO

Muitos termos rofarentH à crise dos


Rfuglados podam causar confusão. Por
ACESSO RESTRJTO Soldados eslovenos Instalam barreira de proteção na fronteira com a Croácla Isso, 4 preciso fazer algumasdlstlnÇÕH
conc.oltuals ontro alas:

C> MIGRANTEqu1lqutrPffS01qutmud1
Outra convenção europeia que pas- declara~ões de seus dirigentes, poderia do região ou pais.
sou a ser colocada em discussão a partir aceitar um nlm1ero maior de refugia- C) MIGRANTE ECONÔMICO pessoa quo
do agravamento da crise dos refugiados dos. Segundo dados oficiais relativos muda do roglão ou pais, por vontada
foi a Regulafão de Dublin, que trata a 2014, 10,9 milhões de imigrantes vi- p róprf a, para o scaparda pobntz.a • «n
da política de c.o ncessão de asilo na vem na Alemanha, cuja popula~o total busca do melho rosco nd l\iío• do vida.
União Europeia. Por essa lei, aprovada soma 82,7 milhões. C> REFUGIADO possoaquomudadoro-
pelos estados-membros em junho de A postura receptiva dos alen1ães, em glão ou pais tontando fugir do guor-
1990 na capital irlandesa - daí o seu contraste com a posição pouco amis- ras, conflitos lntamos, persogulçâo
nome -, as pessoas que buscam asilo tosa da maioria dos países da região, (poUtlca, étnica, rollglosa otc.) •
no continente precisam requisitá-lo no está fondamentada em razões demo- violação do direitos humanos.
primeiro país em que colocaren1 os pés. gráficas e econômicas. A baixa taxa de C> SOLICITANTE DE ASILO p ....aqu•...-
Essa determinação põe forte pressão natalidade está levando o número de dlu prot~o lntomaclonal• •l"•nl•
nas nações situadas nos limites terri- habitantes do país a um rápido declí- a concossão do status do rofug&ado.
toriais do bloco, como Itália, Grécia e nio. Projeções da Comissão Europeia
Hungria, que são o ponto de chegada apontam que a população alemã cairá A distinção ontro ossos concoltos 4
dos refugiados. A Grécia, que desde para 70,8 milhões em 2060. Ao mesmo multo lmportanto do ponto do vista
2008 enfrenta graves dificuldades fi- tempo, cresce o índice de dependên- lagal. f sso porquo apanas os rofuglados
nanceiras,já deixou claro que não tem cia de idosos, que é a relação entre a Cilncontram acolhimento na Conwnção
como acolher os milhares de migrantes população mais velha (aposentada e das Nações Unidas sob~ o Estatuto dos
que chegaram ao seu território nos úl- onerosa aos cofres públicos) e a mais Rofuglados, dQ 1951, e nas dlretrfzH da
.
timos meses e pediu ajuda emergencial
aos parceiros europeus.
nova e em idade ativa (a força motriz
do país, capaz de trabalhar, gerar ri-
União Europala para obtanção do asilo.
J' os mlgnntis oconOmlcos não têm
quezas e pagar impostos). Até 2060, direito a roquarer asilo.
O papel da Alemanha o percentu.al da população com 65 Muitos pafsos ouropeus barram a
A fim de amenizar a pressão sobre anos ou n1:11s em comparação aos que ontrada de Imigrantes Ilegais sob a
essas nações, o governo alemão passou têm entre 15 e 64 anos de.v erá subir Justtflc.atlva do quo a matorta dossos
a adn.1itir em agosto do ano passado para 59%, contra os 32% atuais. E o estrangeiros quo choga à Europa são
que migrantes oriundos da Síria so- problema se estende a toda a Europa. mfgrantose não refugiados. Mas o Alto
licitassem visto no país mesmo tendo At.é 2060, haverá no continente apenas Comissariado das Nações Unidas para
transitado antes por outras naç.ões dois trabalhadores para cada indivíduo Rofu1taclos(Acnur)contfftaoa'l\lmtn·
europeias. Liderado pela chanceler acima de 65 :11105, a metade da propor- to,aftrmando quo oito om cada doz mi·
Angela Merkel, o pais adotou desde ção atual. Em resumo, a Alemanha e a grantos provim de pafsos em conflito
o i1úcio da crise dos refugiados uma Europa precisam da força de trabalho ou sob roglmo do 0:x~ão, como Sfrta,
polítfoa de portas abertas e recebeu dos inúgrantes para sair dessa encn1- Afeganlstâ~ lraquo oErttrola. No ano
pelo menos 800 mil pessoas em 2015, zilhada demogró.fic.a. passado, 1,2 milhão do pessoas soUcl-
quatro vezes mais do que o registrado Uma das iniciativas do governo taram asllo no contlnanto, mais do quo
no ano anterior. Economia mais forte Merkel, que enfrenta a menor popu- o dobro do 2014. Do total, c,irca de 360
do continente, a Alemanha, conforme laridade desde 2011, foi pressionar seus mil oram sírios.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 51


a INTERNACIONAL UNIÃO EUROPEIA

Política de acolhimento
de refugiados liderada
pela Alemanha é
contestada por metade RECOMEÇANDO AVIDA Abrigo para roluglados •m anttgoa•roporto d• S.rllm, naAl•manha
da população do país

parceiros da União Europeia a aceitar As resistências partiram inclusive Pressão relativa


um sistema decotas pelo qual cada país do partido de Merkel, o conservador Organizações de defesa dos direitos
teria que receber um número determi- União Democrata-Cristã, e ganharam humanos e centros de pesquisa sobre
nado de refugiados. A iniciativa deu força depois da onda de crimes regis- núgrações se posicionam contra os pla-
resultado. Em setembro do ano passado, trados durante o Réveillon em Colô1úa, nos de deportação dos governos e apon-
ministros do Interior do bloco conse- quarta maior metrópole do país. Na tam que a crise dos refugiados não está
g1.1iram aprovar uma cota obrigatória noite do Ano-Novo, dezenas de mu- relacionada à capacidade de a Europa
para realocar 160 mil refugiados que se lheres foram vítimas de crimes sexuais. receber essas pessoas. Sua verdadeira
encontravam na Grécia e na Itália para Segundo t estemunhas, os agressores causa seria política,já que os países do
outras nações em dois anos. A medida têm procedência árabe. continente não se entendem sobre como
foi aprovada sob forte oposição dos pa- O episódio desencadeou uma onda lidar com o trânsito de refugiados e com
íses do Leste Europeu, como Hungria, de xenofobia no pais, com uma série de os pleitos de asilo. Entidades como a
Romênia, República Checa e Eslovênia. ataques de grupos nacionalistas, neona- Huma.11 Righ ts Watch refutam, con1
Para ViktorOrbán,o primeiro-ministro zistas e de extrema direita a refugiados. números, a ideia de que a região esta-
nacionalista da Hungria, Angela Merkel Manifestações anti-imigrantes foram ria sendo ameaçada por uma invasão.
fez "imperialismo moral" ao tentar im- realizadas em várias cidades europeias Segundo a organização, os cerca de 1
por sua visão progressista do problema como parte de uma jornada organizada milhão de refugiados que chegaram ao
para o resto do continente, pelo movimento islan1ofóbico alemão continente em 2015 representam apenas
Pegida (sigla em alemão para Patrio- 0,2% de sua população total - um núme,.
Resistência interna tas Europeus contra a Islanúzaç.ão do ro muito baixo de pessoas para causar
A postura humanitária de Merkel Ocidente). Nem mesmo a confirmação um colapso no sist ema social europeu.
tem desagradado não apenas líderes de que a maioria dos agressores eram Analistas também ponderam que o Ve-
de outras nações, mas também parte marroquinos e argelinos que vivem há lho Continente não é o principal destino
do público interno. Pesquisa divulgada muito tempo no país - e não refugiados dos migrantes sírios. Segundo dados da
em dezembro do ano passado mostrou sírios como se suspeitava inicialmente Anistia Internacional, mais de 90% dos
que quase metade dos alemães (49%) - abalou os manifestantes. refugiados sírios estão concentrados em
considerava sua política de refugiados Numa tentativa de acalmar os ânimos cinco países do Oriente Médio e Áfri-
equivocada. Os principais temores es- e reverter sua imagem junto à opirúão ca: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque
tão relacionados aos impactos que a pública, o governo Merkel passou a de- e Egito.A Turquia já recebeu maisde2
chegada de 1nilhares de itnigrantes fender maiores restrições ao acolhimento milhões de sírios, enquanto o Líbano, um
possa ter sobre o mercado de traba- dos refugiad~ tonW1do mais severas as país mais pobre e com um território cem
lho, os serviços públicos e o sistema regras de concessão de asilo e aumen- vezes menor do que a Europa, acolheu
de benefícios que vigoran1 no país. tando o controle do fluxo de refugiados. mais de t milhão (veja mais napág.33).
Estimativas apontam que o governo O endurecimento alemão foi seguido por
central alemão irá gastar pelo menos países tradicionahnente menos re&atá- PARA IR AúMO filme Biutiful (de Alejandro
6 bilhões de euros para lidar com o rios a imigrante~ como Fmlãndia, Suécia liiârritu, 2010) conta a história de um espanhol
Buxo de migrantes que cruzaram suas e Dinamarca, que anunciaram medidas que explora o trabalho de imigrantes chineses e
fronteiras no ano passado. para diminuir a autoriza~o de asilos. africanos em Barcelona

52 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
de cotas para recolhimento de refugia-
dos, medida que foi veementemente União Europeia
condenada pelo governo britânico. Na
tentativa de assegurar a pemianência UNIÃO EUROPEIA r o maior bloco eco-
do Reino Unido, a UE concedeu ao país nômico do mundo, que agrupa 28 países.

BRITÂNICOS a condição de "status especialu. Pe lo


acordo selado em feve reiro, o governo
poderá restringir a concessão de benefi-
Dezenove deles compõem a zona do euro,
que compartilha o euro como moeda úni-
ca. Há ainda o Espaço Schengen, Incluindo

PODEM DEIXAR ciossociais a in'Ugrantes e seus filhos e o


pais estará isento de cumprir as políticas
de integração do continente.
26 países (quatro do fora da UE).

CRISE DOS REFUGIADOS Mais do 1 mi-

OBLOCO O anúncio do plebiscito foi feito no dia


seguinte ao acordo, mas agora Cameron
fará campanha pe-lo "sim". Uma pesquisa
lhão de mlgrantesentraram na Europa em
2015, na maior movimentação humana
no continente desde o fim da li Guerra
O Reino Unido fará um recente apontou que 47%dos britânicos Mundial A maioria provém do Oriente
plebiscito em junho para são favoráveis àsaida do bloco, enquanto Médio, prlnclpalmentoda Síria, e da África.
decidir se o país permanece apenas 38% nwmestaram o desejo de se- Eles chegam à região tentando escapar de
ou não na União Europeia gwrtuembros da UE- os 14%restantes guerras, conflitos internos, perseguições e
declararam-se indecisos.Se o referendo violações de direitos humanos e em busca
for levado a cabo e os britânicos decidi- de melhores condições de vida.
rem pela saída, será a primeira vez que

N
aesteiradacrisedosrefugiados,
umanovaameaçapairasobrea o bloco perderá um integr3Jlte. ROTA FATAL Agrande maioria dos refugia-
UE: a possibilidade de o Reino Com origem na Comun.idade Econô- dos entra no continente atravessando o
Unido abandonar o bloco. No dia 23 de mica Europeia (CEE), fundada em 1951, Mar Mediterrâneo. A rota mais utilizada éa
junho, os britânicos irão às urnas para o bloco foi formalmente criado em 1992. que faz a ligação marítima entre a Turquia
decidir se o país deve ou não permanecer A partir daí, expandiu-se progressiva- e a Grécia. Cerca de 850 mil refugiados
no maior bloco econômico do mundo. mente e hoje é formado por 28 países. utilizaram esse caminho. Segundo a Orga-
A realização do plebiscito atende a A crise financeira de 2008 atingiu em nização Internacional para as Migrações,
uma promessa de campanha do primei- cheio alguns Estados-membros, nota- o número de mortos e desaparecidos nas
ro-ministro conservador David Can1e- damente Grécia, Portugal, Espanha e travessias pelo mar bateu recorde no ano
ron, quando foi reconduzido ao cargo Irlanda. Tentativas malsucedidas de su- passado, chegando a 3.771 pessoas.
em maio de 2015. Insatisfeito con1 as perar a crise ameac;aram a estabilidade
obrigações que o país deve atender para da UE e fortaleceram grupos de extren,a RESPOSTA EUROPEIA A crise é agravada
permanecer no bloco, principahnente direita, partidários de uma platafonua pela falta de acordo entre os membros
no que se refere ao acolhimento de imi- xenófoba e antieuropeia. A saída do da UE sobre como enfrentar o problema.
grantes europeus, Cameron era um duro Reino Unido do bloco daria munição Alguns países, como Alemanha e Suécia,
crítico da permanência do país na UE. a eurocéticos de todo o continente a têm adotado uma postura mais liberal
A gota d'água foi o anúncio do sistema seguirem o mesmo caminho. IE e favorável ao acolhimento dos refugia-
dos, enquanto outros defendem medi-
........................................................................................................ ......................................................
.....................................................
.....................................................
......................................................
das drásticas para conter a chegada dos
( SAIU NA IMPRENSA .......................................................
.......
.......... ..........
............
.......... ...... .....
.......... .........
.......... ....................
...........
.....................................................
...... ...... ............
........... deslocados. Hungria, Austrla e Eslovênia
.......................................................................................................... construíram barreiras em suas fronteiras
para impedir a entrada dos refugiados.
PELO MENOS 30 PAfSES Diante da pior crise migratória enfrentada Ogoverno húngaro também aprovou uma
DEVOLVERAM REFUGIADOS pela Europa desde a Segunda Guerra Mundlat, lei que pune com prisão Imigrantes que
DE FORMA ILEGAL EM 201S, a Anistia também criticou nestaquarta-felra a entrem ilegalmente no país.
DIZ ANISTIA vergonhosa resposta dos países do oonttnente
Com agfndas Internacionais à chegada maciça de refugiados e pediu uma PLEBISCITO BRITÃNICO Outro problema
mudança ra:llcaldoscompromlssos por parte enfrentado pelo bloco europeu é a ameaça
Ao menos 30 países obrigaram, de forma da comunidade Internacional do Reino Unido de deixar a associação.
!lega~ refugiados a voltarem a lugares onde 4
Esta Europa,queê oblooo mais rloodo mun- Os britânicos Irão dec.ldir em um plebis-
corriam rlsco de vida, Informou um rela- do,não ê capaz de velar pelos direitos bâslcos cito, programado para Junho deste ano,
tório da Anistia Internacional que analisa de a\gUmas das pessoas mais perseguidas do se ficam ou saem do bloco. Depois de
a situação dos direitos humanos em 160 mundo,éwrgonhoso•,d1sse osecretârlo-geral conseguir concessões da União Europeia, o
naçóes. Segundo a ONG, cinco desses paí- da orga nJzação, Sa UI Shetty. (...) primeiro-ministro David Cameron passou
ses pertencem à União Europeia: Espanha, a apoiar a permanência do país na UE.
Holanda, Hungria, Grécia• Bulgária. (...) O Globo, 24/2/201' .........................................................
....... ..... .. ... ..................... ..... ..... .......
........................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 53


a INTERNACIONAL RÚSSIA

Rússia nunca negou sua proxi-

AVOLTA DE MOSCOU A midade com o regime do dita-


dor sírio Bashar al-Assad, que
há cinco anos tenta se manter no poder
às custas de uma brutal guerra civil No

ÀARENA GEOPOLÍTICA
entanto, Moscou evitava realizar uma in-
tervenção militar direta no conflito para
defender seu aliado histórico. Essa estra-
tégia começou a mudar em setembro de
2015, quando as forças russas iniciaram
un.1a. série de ataques aéreos em defesa de
Ao intervir diretamente na guerra da Síria, Assad. Entre os alvos estavam bases do
grupo extremista Estado Islâmico (EI),
a Rússia pretende assegurar seus interesses no mas não só. Os ca?-5 russos também atin-
Oriente Médio e mostrar que ainda exerce papel giram outros grupos anti-Assad que são
apoiados pelos Estados Unidos (EUA) e
fundamental nas crises mundiais pelo Ocidente, o que gerou críticas por
parte dos norte-americanos.

54 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


AGRADECIMENTO A intervenção da Rússia toma ainda j:uuento com o Ocidente e se integrou
Sinos carregam mais complexo o equilíbrio de forças à nova ordem mundial, a globalizafão.
fotos do presidente no conflito e pode mudar a disputa em Foi aceita emdiversasinstituiç~ como
Bashar a\.Assad e favor do regime sírio. O presidente russo a Organização Mundial do Comércio
bandeiras da Rússia, Vladinúr Putin defende os ataques sob a (OMC) eo G-7 (grupo que reunia os se-
em Damasco: apolo justificativa de que o fortalecin1ento de tes países ocidentais mais ricos do mun-
à lnt..-v~o de Assad é a útúca forma de derrotar o EL do),que se tornou G-8. Nesse processo, a
Moscou na guerra Já o Ocidente patina na definição de un1a R\lssia atraiu investimentos estrangeiros
estratégia: quer derrubar o ditador sírio, e estreitou laços comerciais com a UE.
mas a prioridade passou a ser o combate Porém, a transição para o capitalismo
à organização extrenústa. Desde 2014, os foi conturbada. Imersa em um caos
Estados U11idos lideram wna coalizão político e ec.o nômico durante os anos
de mrus de 40 países e vêm realizando 1990, a Rússia assistiu passivamente
bombardeios às bases do EI, mas os re- à expansão da Otan, a aliança militar
sultados têm sido limitados. ocidental, e da União Europeia (UE)
O envolvimento das forças russas na rumo ao leste europeu. Dessa forma,
guerra da Síria é mais uma aposta ousada países como Estônia, Letônia, Lituânia,
de Putin para assegurar seus interesses Polônia, Hungria e República Tcheca,
estratégicos e posicionar o país nova- que tradicionalmente gravitavam sob
mente no centro do tabuleirogeopolitico. a órbita de inBuência de Moscou, se
Em 2014, a Rússia já havia desafiado o alinhanun com o Ocidente.
Ocidente ao interferir na tentativa da Desde que assumiu a presidência da
UniãoEuropeiade atrair a Ucrânia para Rússia pela primeira vez, em 2000, Putin
sua zona de influência - o resultado foi iniciou uma ação para tentar restaurar a
a anexação da Crimeia por :Moscou e a força internacional do país. Sua estra-
desestabilização do leste ucraniano.Ago- têgia econônúca passou a privilegiar a
ra, a Rússia mostra que pode preencher exportação de recursos nan1rais - o país
o vácuo deixado pela inac;ão ocidental ê um dos grandes produtores mundiais
e apresentar-se como um ator decisivo de petróleo e gás. Para isso, o governo
para a resolução da crise na Síria. recuperou o controle de empresas es-
tratégicas que haviam sido privatizadas
O pós-Guerra Fria na gestão anterior. Como vários países
A retomada do protagonismo interna- do leste europeu dependem do gás nis-
cional é um objetivo que a Rússia vem so, Putin passou a utilizar os recursos
buscandodesdeaquedadocoruun.ismo conto fonte de pressão econômica e
eodesmembramentoda União Soviética política - cortando o fornecimento ou
(URSS), em !99L Sem o status de super- oferecendo descontos, dependendo do
potência, o país deu início a um enga- grau de alinhamento com Moscou.

R0SSIA, PAISES DA EX-URSS EDA EUROPA 00 LESTE

---

a Poisos quo fulam p,r1» da URSS


E Pafses nos quais aRQssla mmt,m basts mmures
D Países do Larte Euttipeu que mm ai lnhados à URSS
_m Pafses-mtm bros da un IJo Europ;la • da otan

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 55


INTERNACIONAL RÚSSIA

l
1

=-1

ACORDO
Na crise da Ucrânia, O presidente ru~
Vla<II mIr Putln
Putin bateu de (ddlr.) recobe Bashar
frente como al-Assad, presidente
da Súia, no Kr<mlln,
Ocidente e criticou o Ml Moscou, em 2015
expansionismo da Otan

A crise na Ucrânia anexação à Rússia. A Crimeia também é Essa parceria rende a Moscou o controle
A perda da influência sobre as an- estratégica por abrigar uma importante da base naval de Tartus 110 litoral da
tigas repúblicas do período soviético base naval n1ssa em Sebastopoi o que Síria. O porto é o principal acesso da
sempre causou ressentin1ento entre a garante a h1oscou acesso ao Mar NegTo, Rússia ao Mediterrâneo e representa
elite política n1ssa. Por isso, quando a Logo na sequência, irromperam revoltas o ponto mais estratégico da R\1ssia no
Ucrânia passou a negociar um acordo separatistas em importantes províncias Oriente Médio.
comercial com a UE no final de 2013, do leste ucraniai10t como Donetsk e Lu- Agora, isolada internacionalmen-
Putin achou que os europeus haviam gansk, onde também vive um grande te e mergulhada em uma séria crise
ido longe demais. Afinal, a Ucrânia é contingente de russos. econômica, a Rússia decidiu intervir
um país estratégico para a geopolítica Europeus e norte-americanos acu- direta111ente no conflito da Síria para
n1ssa, considerado chave para a sua sar:uu a Rússia de violar a integridade tentar alterar o jogo a seu favor. Para
seguranri nacional. O alinhamento territorial da Ucrânia e desrespeitar o muitos analistas, o objetivo é emba-
da Ucrânia com os europeus poderia direito internacional Em represália, as ralhar a crise para tentar extrair van-
facilitar o inçesso do país na Otan e potências ocidentais expulsaram a Rús- tagens geopolíticas. Devido à falta de
a consequente instalação de bases em sia do G-8 e aplicarain sanções contra iniciativa das potências ocidentais, a
seu território. A ideia de ver as forças o sistema financeiro, as indí1strias de R\1ssia quer se posicionar como um
militares ocidentais em sua fronteira defesa e de tecnologia e o estratégico ator capaz de interferir nos rumos do
sudoeste é algo inconcebível para Putin. setor de energia. Nos meses seguintes, Oriente Médio - e, portanto,aumentar
Logo. quando o presidente ucraniano as medidas começaram a afetar gra- seu peso na comunidade internacional.
Viktor Yanukovich estava prestes a ven1ente a economia n1ssa. Além das A ação do país também coincide com
assinar um acordo de associação co- sanções, o país também foi prejudica- o momento em que a Europa mostra-se
mercial com a UE, Purin atravessou do pela desvalorização acentuada das mais vulnerável diante das consequên-
o negócio e ofereceu uma ajuda de 15 conunodities de energia que exporta, e cias do conflito - mais notadamente-
bilhões de dólares mais a promessa de que são a sua principal fonte de receita devido ao avanço do terrorismo do EI
um acordo econônúco com a R\1ssia. (veja mais na pág. 108). Em 2015,o pais para as cidades europeias e ao inces-
Yanukovich aceitou a oferta e virou mergulhou na recessão. sante êxodo de refugiados em direção
as costas para a UE. Mas a decisão ao continente. Apesar de atingir alvos
provocou uma onda de revoltas que A intervenção na Síria do EI, o foco da operação russa na Síria
culminou com a renúncia do presidente Desde o início do conflito, a Rússia, é claramente proteger Assad, tanto que
em fevereiro de 2014. como me01bro pem1anentedo Conselho os principais afetados pelos bombar-
Diante da ameari de perder umgover- de Segurança da ONU, vem usando seu deios são outros grupos rebeldes, que,
no aliado e ver aumentar as perspectivas poder de veto para impedir a adoção de inclusive, recebem apoio militar das
dea Ucrânia se alinhar com os europeus, resoluções contra a Síria. Para Putin, a potências ocidentais.
Putin agiu rapidamente. Unia rebelião defesa deAssad significa a manutenção Ao insistir que o fortalecimento de
11.a península da Crimeia - um.a república de uma longa aliança com a Síria, que Assad é a única forma de derrotar o
autônoma da Ucrânia, mas de população vem desde o período soviético. A Rússia EI, Putin trabalha em uma engenharia
majoritariamente n1ssa- terminou com é uma antiga fornecedora de armamen- diplomática bastante complicada: sua
a declaração de independência e sua tos e inteligência militar para os sírios. estratégia é chegar a um alinhamento

56 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
....... ............
.............. .................
...................
................ ....... ..........
.............. ..........
.............. ... .....
......' .............................................. .
...
...................................................... ... ........

Rússia

UNIÃO EUROPEIA E OTAN Após o final


da Guerra Fria, a União Europeia (UE) e
a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (Otan), a aliança militar ocidental,
expandem-se rumo ao Leste Europeu.
O objetivo é atrair os países que faziam
parte da União Soviética (URSS) e de sua
DESACORDO zona de lnftuêncla. Essa estratégia pre-
O presidente russo ocupa o governo da Rússia, que vê esse
Vladimir Putln e o processo como uma ofensiva que ameaça
presklente dos EUA, suasfrontelrase a hegemonia regional
Barack Obama,
em Nova York, em VLADIMIR PUTIN O atual presiclonte da
SQtembro de 2015 Rússia assumiu o comando do país pela
primeiravez em 2000com o objetivo de re-
cuperar a economia e restaurar o prestí~o
internacional do país. Para isso, retomou
das potêndas mundiais com o regi.me com o Ocidente, necessária para a sus- o controle de empresas estratégicas do
de Assad para vencer os fundamenta- pensão das sanções econômicas e um setor de petróleo e gás e tenta reagrupar
listas. Posteriormente, uma negociação entendimento sobre a crise na Ucrânia. as antigas repúblicas soviéticas para sua
política para a solução da crise síria se Ainda que sua estratégia para resolver esfera de lnftuêncla. AUcrâniaé um desses
tomaria mais viáve l. Nesse aspecto, al- a crise na Síria envolva um intrincado países considerados estratégicos para a
gumas declarações da diplomacia n1ssa conflito de interesses, Putin ao menos segurança e a economia russa.
sinalizam até que a prioridade não é já conseguiu elevar a estatura política
manter Assad no pode r, desde que ele nesta crise: unla saída negociada para CRISE NA UCRÂNIA A tentativa da UE de
seja substit uído por for~as políticas que o conflito na Síria agora parece pouco atrair a Ucrânia para sua zona de influ-
garantam a influência n1ssa na região. provável sem o consentimento e a par- ênc.ia esbarrou na objeção da Rússia. Em
Po<ora, o discurso da diplomacia russa ticipação ativa da Rússia. ll!I 2014, após as revoltas que destituíram o
ainda não encontrou eco entre as lideran- presidente ucraniano, a Ucrânia entrou
ças ocidentais. Mas é com essa cartada FIQUE OE OLHO ARússia realizará eleições em grave crise. O país perdeu a Crimeia,
que Putin pretende resgatar o prestigio parlamentares no dia 18 de setembro. Alêm de que foi anexada pela Rússia, e viu o sur-
internacional da Rússia e conservar seus definir os membros da Duma federa~ o pleito gimento de movimentos separatistas em
interesses geopolíticos no Orie nte M:é- será um teste de fogo para oatualprimeiro- importantes cidades do leste, que contam
dio.Um alinhamento desse tipo também ministro, Dmitri Medvedev, aliado de Putln, com o apoio de Moscou.
tomaria mais viável un1a reaproxiniação que tentará a reeleição.
CRISE ECONÔMICAA UE e os EUA impu,
.............................................................................' .............
............' .. .....................................................
.................................................
... . seram sanções econômicas à Rússia, em
, SAIU NA IMPRENSA .............
.......
....... .
.......
. .......................
.........
...... ............
........ .... .........
..... .....
...........
.....
.....................................................
..... . .... . .............
........ . .
........ .
..........
.
............ represália à intervenção na Ucrânia. Essas
.......................... ..........
............. ... ............................................. ... ..... ...................... ............... .......
................................................. medidas se somam à queda nos preços
mundiaisdo petróleo edo gás natura~dois
PUTIN APROVA USO DA cionat continua sendo a Otan, e a Rússia dos principais produtos de exportação da
FORÇA PARA DEFESA DE insiste em apontar como "inaceitável" a Rússia, o que tem provocado uma grave
INTERESSE NACIONAL expansão da Aliança Atlântica para suas crise econômica no país.
DaEFE fronteiras e o desdobramento de um es-
cudo antimísseis. GUERRA NA SÍRIAA Rússia mantÉm uma
O presidente russo, Vladimir Putlo, Além dlsso, o texto acusa o Ocidente de base naval em Tartus, no litoral da Síria,
aprovou nesta quinta-feira uma nova es- preparar as condições para a aparição de e é um antigo aliado do ditador Bashar
tratégia de segurança nac.lonal até 2020 organizações terroristas como o Estado al-Assad. Em 2015, Moscou deddiu in-
que permite, caso a diplomacia não surta Islâmico com sua política de derrubar go- tervir no conflito da Síria, bombardeando
efeito, o uso da força para a defesa dos vernos legítimos, o que causa Instabilidade bases do Estado Islâmico (EJ) e de grupos
Interesses nacionais, embora est,mda a e é origem de conflitos, espedalmente no rebeldes. Essa ação visa a preservar os
mão aos EUA para garantir a estabilidade Oriente Médio e o norte da África.(...) interesses russos no Oriente Médio e elevar
internacional( ... ) o status político do país.
Aprincipal ameaça para a segurança na- Exame.com, 3l/l2/20l5 ......................................................
.......
..•.......
•.........
•.•.......
..•.............
•... ••... •. ..••.... •.....
... .......
•.... ••..
.......................................................................·•··.... .... ................. ..... ..... .... . ............. .......... ....... ...............
..... ..... ...........
.................................................... .
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 57
a INTERNACIONAL TURQUIA

VITIMAS DO TERROR
Em outubro de
201S, Ancara sofreu
o maior atentado
da história do pais:
95mortosemalsde
200 feridos

gan conta com a maioria parlamentar


conquistada pelo Partido da Justiça
e Desenvolvimento (AKP), do qual é

APOLÍTICA TURCA líder, nas eleições de novembro de 2015.


Essa disputa pelo poder acirra ainda
mais a já q uente polarização entre os
islâmicos que apoialll o AKP e a oposi-

NA ENCRUZILHADA ção que defende o secularismo.


Além dos desafios internos, o con-
texto geopolítico é bastante turbulento
para a Turquia. Nos l'iltimos meses, a
situação se agravou com o maior en-
volvimento do país na guerra da Síria.
A tensão entre islâmicos e seculares se acirra A partlr desses eventos, a Turquia re-
tomou o histórico conflito contra os
enquanto o país mergu lha no conflito da Síria e curdos e passou a ser alvo de atentados
passa a ser alvo de atentados terroristas cometidos pelo grupo terrorista Estado
Islâmico (EI).
pOf Fâblo Sasakl
O secularismo turco
Içada à condição de grande e 2014. At uahuente na presidência, A Turquia está localizada entre a

A potência emergente na últi-


n1a década, a Turquia inicia
o ano enfrentando grandes desafios.
ele quer mudar a lei, adotando o pre-
sidencialismo em substituic;âo ao atual
sistema parlamentarist a.. Por trás dessa
Europa e o Oriente Médio, posição
que sempre lhe conferiu um papel es-
tratégico e histórico relevante - basta
Intern-an1ente, a instabilidade é alimen- iniciativa, está a tentativa de acumu- lembrar que o local foi o centro irradia-
tada pelas ambições políticas de Recep lar os poderes da chefia de governo, dor de poder dos impérios Bizantino
Tayyip Erdogan, o carismático político que hoje cabem ao primeiro-ministro. (330-1453) e Otomano (1281-1918). As
que foi primeiro-m.i1ústro entre 2003 Para promover essa mudança, Erdo- bases da Turquia modernacomeç.aram

58 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


e •
OADOSmAIS
Rtp6bl u41 TU11••
Capital: Ancara
Principais cidades: 1rtambul,
lzmi~ B11na,/d,U1a
Atea: 78S.341 km1
Popul~lo: 78,7 mi ltte
pm~
Rtligjk idamismo(Sll:,R)
Moeda: row. lira tu n:a.
PIB: USS )gl} bilhlesQOli)
Rtnda per capita: USS 10811
pm~
"º•Tcs,o,,,(OS
Mllfabetismo: S,1'1.1
IDH (2014} 0}'1- n• h11v
®Man
,....
ANROUA

0 A,u habitua pelos: "', IRA(IUE


"'"'"
@ Patrim6nio 01ltural
,/
1ft) Patrim6nio wltural e
natural
sr~• r''"''
' mln

a ser estabelecidas com a dissolução A ascensão de Erdogan No plano externo, Erdogan obteve
do Império Otomano após a derrota O cenário começou a n1udar a partir o aval da União Europeia para iniciar
na I Guerra Mundial, em 1918. A crise de 2002, com a vitória do AKP nas elei- as negociações de ingresso da Tur-
política e econômica do pós-guerra deu ções parlamentares. A ascensão de um quia no bloco (veja boxe na pág. 60).
origem a um movllnento nacionalista, parti.do islânúco, ainda que moderado, Paralelamente, também estreitou os
liderado pelo general Mustafa Kemal, não foi bem recebida pelos militares e laços diplomáticos e comerciais com as
que adotou o codinome de "Ataturk" pela elite política. À época, Erdogan era nações muçuhn.an.as do Oriente Médio,
ou "pai dos turcos". Considerado o o líder do partido, mas havia sido proibi- especialmente Irã, Iraque e Síria.
fundador da Turquia moderna, Ataturk do de exercer cargos públicos por repre- E-m wn período de menos de uma
aboliu o califad0t o goven10 islânúco sentar uma amear' ao secularismo. Com dêcada, Erdogan tomou-se o político
comandado por um sultão, e proclamou um discurso pragmático, e m que prome- mais influente da Turquia desde Ata-
a república em 1923. tia manter as refonuas pró-ocidentais e turk, o que garantiu ao AKP expressivas
Com um programa radical de ociden- afirmava seu compronússo com o laicis- vitórias nas eleições de 2007 e 20!!.
taliza,;ão, Ataturk rompeu com o históri- mo, Erdogan reconquistou os direitos Essa popularidade foi sustentada por
coatrelame-nto entre o Estado e a religião políticos e assumiu como primeiro- importantes conquistas: a economia ia
islâmica ao fazer da 1\1rquia um país ministro em 2003. de vento em popa, as tensões políticas
secular. A medida provocou profundas Pautado por uma agenda liberali- entre religiosos e seculares haviam
alterações na estrutura social do país. As zante, Erdogan atraiu investimentos se acomodado e a Turquia passou a
novas forças políticas acompanharam a externos e aumentou as parcerias co- ser vista como um ator diplomático
polarização na sociedade e se dividiram n1erciais como exterior. Internamente, essencial na região. Durante a eclosão
entre aqueles que defendiam os valores investiu em grandes obras de infraes- da Primavera Arabe em 2011, quando
seculares de Ataturk e os favoráveis a trutura, ampliou os beneficios sociais e manifestações populares se voltaram
um papel maior do islã na vida pública. estimulou o consumo doméstico. Com contra os governos autoritários no
Esse cenário gerou grande instabilida- essa receita, a Turquia tornou-se uma Oriente Médio e no norte da África, a
de política nos anos seguintes. Como das economias emergentes mais pujan- Turquia foi frequentemente apontada
guardiões do secularismo, os militares tes do mundo. O país também firmou como um n1odelo para os países de
demibaram sucessivosgovemantesque cadeira cativa no G-20, o grupo das 20 n1aioria muçulmana que sonhavam
tinham um perfil mais religioso. maiores econonúas do planeta. com um regime mais democrático.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 59


a INTERNACIONAL TURQUIA

Ao abrir frentes de
combate contra o
Estado Islâmico e os
curdos, a Turquia se
expõe a atentados

Guinada autoritária
O poder, no entanto, seduziu Erdogan
a ponto de ele impor um.a agenda mais
autoritária. O primeiro-ministro é acu-
sado de tentar neutralizar instituições
que servem de contrapeso ao seu poder.
Alémdemi.narainfluênciadosmilitar~ CENTRAUZIIDOR Opresidente Recep Erdogan em p<OnUll(lamento após os atontados em Istambul
Erdogan se voltou contra o Judiciário,
ao concentrar no Executivo a escolha
de juízes, e contra a mídia, ao prender
jornalistas críticos ao seu governo.
Paralelamente, adotou algumas medi- DESAFIOS GEOPOLITICOS
das que abalaram a confiança que tinha
dossecularistas, como a libera,ão do uso O histórico Imperial e a localização googr.lflca ostrat6glca colocam a Turquia no
do lenço islâmico em escolas e reparti- c.ontro de Importantes conflitos de lnterosses na Nglão. Al4m da crise no Oriente
ções públicas e a proibição da venda de Médio, veja outros desafios que a poUttca ecxterna turca enfrenta:
bebidas alcoólicas à noite. Seus críticos
denunciam a inlposição de uma agenda O Gr4clo,/Chlpre: a histórica rtvalldado entro Turquia o Gr4da tom como maior foco
islâmica, enquanto os simpatizantes do detonsão a quostiodoChlpro. Essa Ilha do Medltorrinoo se divido om dois osta-
primeiro-ministro consideram as medi- dos: a Roptlbllca do Chlpro, no sul, quo possui população majoritária de orlgom
das como uma restauração da liberdade grega; e a Rep(lbllca Turca do Norte do Chipre, que é controlada pela Turquia e
de expressão religiosa. A tensão entre não tom reconhecimento Internacional As negociações para a unificação do país
seculares e islâmicos voltou a se acirrar. Cllbarram na Intransigência do turcos o gre.gos.
Essas a ~ somadas à desacelera~o
da economia, acabaram desgastando a O Armênia: a razão da crise entro os dois palsos 4 o genocldk> comotldo pelos tur-
imagem do prirueiro-mi1ústro. Mesmo cos contra os armênios duranto a I Guerra Mundial (191~1918), quo deixou 1
assim, apoiado e111 uma sólida base milhão e moto do mortos. At4 hoje a Armênia luta para quo a Turquia reconheça
de eleitores entre a população rural, o ganoddlo. Para evitar atritos dovtdoao papel estrat4glco da Turquia, os EUA o
religiosa e conservadora, ele venceu multas nações europeias não reconhecem o ginocfdlo.
as eleições presidenciais em 20_14 após
ence rrar sua passagem como pnmel.l'o- O Rüssla: as duas naçõos possuem relações amistosas quo sedoterloraram recen-
-ministro por esgotar o limite de três temento dovkfo às posições opostas om rotação ao confUto na Sfrta. O ditador
mandatos, como exige a Constituiç-ão. slrlo Bashar al-Assad 6 o principal aUado da Allssla no Oriente Médio, enquanto
a Turquia faz do tudo para tontar dorrub6-lo. Em novembro do 2015, um caça
Síria e Estado Islâmico nas o quo apoiava as tropas do Assa d foi abatido pelas forças turcas por Invadir
Além dos desafios domésticos, o gover- o ospaço a6reo do pafs.
no turco precisa lidar com uma agenda
externa conturbada. Desde 2011,a guerm O União Europeia: o lngrosso no bloco europeu 4 um desojo antigo da Turquia.
civil na Síria vem desestabilizando todo As nogodaçõo-s começaram om 2005, mas pouco avançaram disdo então. Os
o Oriente Médio. A Turquia foi um dos europiUs oxlgom que a Turquia entre em acordo para a untflcaçio do Chlpro o
primeiros países da região a se voltar roconhQÇB o genoddlo annOnlo. Além disso, QXfsto a objeção vil.ada do quo um
diretamente contra o governo da Síria pais de maioria muçulmana faça parto da UE. No final do 2015, as nogoclaçõos
logo no início do conflito, ainda que as foram retomadas após a Turquia acoitar a)Jdar a Europa na crise dos refugiados.
duas nações cultivassem boas relações
no passado. Os turcos passaram a finan- O Rofugfados: por fazer fronteira com a Slrla, a Turquia sotomou o prlndpaldostfno
ciar a oposiç-ão moderada e até os mais para os refugiados quo fogom daquilo pais Gm direção à Europa. Desdo o Inicio
radicais com o objetivo de derrubar o do conftlto, a Turquia jj recobeu mais do 2 mllhõos do sírios - e.orca do 400 mil
ditador sírioBashar al-Assad. delos vivem em campos da rofugfados superlotados.

60 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.....
........
....•.......
....•.....
...........
..........
..........
.........
..... ......
..........
.........
...
............
.... ...........
...................
. . ... .... . ......................
. .............
...............
.................. ..................
... .....
........
Mas o maior foco de tensão diz res- curdos sírios e o PKK representa a prin-
peito à relação ambígua que o goven10 cipal 3.Illea~a ao seu território. Por isso, Turquia
turco mantém com o EL No decorrer do sempre foi conveniente para Erdogan
conftito,o grupo extremista despontou deixar que o E! fizesse o "trabalho sujo• HISTÓRIA ATurquia moderna !Em origem
como a única força capaz de fazer frente de lanc;ar ataques aos curdos sírios e ao na dissolução do Império Otomano, após
às tropas de Assad. Forrualmente,a Tur- PKK na região. Mas essa relação acabou o fim da I Guerra Mundla~ em 1918. Um
quia mantém o discurso de alinlwnento se tornando insustentável. A situa?o movim1mto nacionalista liderado por Mu~
com as potências ocidentais no combate começou a mudar em julho de 2015, tafa Kemal ·Ataturk" fundou a república e
ao fundamentalismo islâmico. No en- quando a cidade turca de Sunt~, no sul Iniciou um processo de ocidentalização,
tanto, como a Turquia e o EI querem do pais, foi alvo de um ataque do El,que cuja principal ação foi separar o Estadoda
derrubar Assad, o goven10 de Erdogan vitin1ou 32 pessoas, a maioria curdas. rellgião,crlando as bases do secularismo.
é acusado de fazer vistas grossas em re- No mesmo episódio, o PKK matou dois
lação aos avanços do gn1po extremista. policiais turcos, acusados de colaborar ISLAMISMO E LAICISMO A Turquia ó um
com o ataque jihadista. país de maioria muçulmana que man-
O conflito com os curdos O caso levou o governo Erdogan a tém o Estado laico. As prlncipais forças
Os interesses da Turquia e do EI tam- mudar sua estratégia: a Turquia passou políticas no país se dividem entre aqueles
bém convergem em outro aspecto: am- a atacar abertamente alvos do PKK na que defendem os valores seculares e os
bos tên1 os curdoscomoinimigos. Maior Síria, rompendo a trégua com os curdos, favoráveis a um papel maior do islã na
etnia sem Estado no mundo, com 26 e i1úciou uma colaboraç-ão efetiva com vida pública. Essa polarização reflete as
milhões de pessoas, os curdos habitam a Otan, do qual é men1bro, no combate posições da sociedade e é motivo de fre-
uma área que abrange os territórios de ao EI. Mas, ao abrir duas novas frentes quentes disputas poUticas.
Turquia, Iraque, Síria, Irã, Armênia e de combate, aos extremistas do PKK
Azerbaidjão. Na Turquia, onde repre- e do EI, a Turquia tan1bém acabou se EROOGAN Líder do Partido da Justiça e
sentam cerca de 20% da população, os expondo. Em outubro, o país sofreu o Desenvolvimento (AKP), Recep Tayylp Er-
curdos lutan1 pela independência do seu maior atentado de sua história, quando dogan foi primeiro-ministro do país entre
território. O principal grupo separatista w11abon1baexplodiunumaáreapróxima 2003 e 2014. De perfil religioso, promowu
é o Partido dos Trabalhadores do Cur- à estação de trem de Ancara e deixou 95 significativos avanços ec:onômlcos,o que
distão (PKK), que iniciou a luta armada mortos e mais de 200 feridos. Em janeiro alavancou sua popularidade. Atualmente
em 1984. Com o tempo, passaram a exi- de 2016, u1u novo atentado numa regi.ão ê presidente do país,cargo defunçãoslm-
gir apenas mais autonomia nas regiões turística de Istambul deixou dez mortos. bólica. Por isso, queralteraro regjme para
onde vivem, e as negociafões levaram Ambos os casos foram atribuídos ao E!. presidenciaUsta e acumular mais poder.
a um cessar-fogo em 2013. Em menores proporções, o PKK também ~ criticado por promover uma guinada
NaSíria,oscurdoslocaisconquistaram é acusado de promover ataques. autoritária e religiosa no país.
boa dose de autonomia no norte do pais, Após uma década de prosperidade
perto da fronteira com a Turquia, onde e relativa paz, a Turquia agora Berta CURDOS Os curdos formam a maior etnia
mantêm relações estreitas com o PKK e com a instabilidade política e com um sem Estado no mundo e mantêm um proJ~
defendem seu território contra o avanço clima de insegurança. que ameaçam as to para a criação de um país próprtodesde
do EI.Para a Turquia, a aliança entre os recentes conquistas. IE oflnaldosêculoXX, sobretudo na Turquia,
na Síria e no Iraque, países nos quais o
......................................................
......... ........... ..... .................. .......' . ........................................................
...................................................
...........
..
...................
...... ..........
....................................
.. .....
... ...........
. ... ........
... .... ..
..
movimento éviolentamente re prl mldo. Na
, SAIU NA IMPRENSA
.....................................................
..... ..... ....... .... ....... ..... .... ....... ..... ....
............ ...............
. . .. .
................ . .. ...............................
. . . . . . . .
........................................................
..................................................
. . ....................
... . . . ... . . . . .
.........
.
Turquia, o principal grupo separatfstaé o
Partido dos Trabalhadores do Curdistão
(PKK),que iniciou a luta armada em 1984.
TURQUIA QUER€ 6 BI PA!Y' insatisfeitos com a ação do governo turco,
FECHAR ' ROTA DOS BALCAS' que não VQlll impedindo as travessias de SfRIA E ESTADO ISIÀMICO Na guerra da
barco pelo Mar Egeu. No domingo, mais 25 Síria, a Tuqula se posiciona abertamente
O governo da Turquia pediu ontem€ 6 pessoas morreram em um naufrágio. contra o regime do ditador Bashar al-As-
bilhões em investimentos da União Eu- Ontem, a Turquia apresentou uma nova sad. Como mantém alguns interesses em
ropeia em troca do fechamento de sua profX)sta: dobrar o valor da ajuda financeira comum com o Estado Islâmico (EI), como o
fronteira com a Grécia, por onde centenas que receberia de Bruxelas atê 2018. Além combate ao regime de Assa d e aos curdos,
de milhares de imigrantes vêm cruzando disso, Oavutoglu pediu o fim da necessidade a Turquia é acusada deserconiventecom
o Mar Egeu. (...) de vistos para turcos que quiserem ingressar as ações do grupo extremista. Contudo,
Bruxelas havia prometido envlar €3 bilhões no Espaço Schengen, área de Uvre c!rcu lação após sofrer um atentado do El,o governo
aAncara para financiar campos de refugia dos de pessoas, e o rQrançamento do processo turco passou a combater efetivamente a
e a luta contra as redes de tráfico humano. de adesão do país à União Europeia.(_,) organização e tambémampllou os ataques
Mas apenas uma fração dos recursos foi às posições do PKK.
transferida, porque os Udereseuropeusestão O Estado de S. Paulo, 8/3/2016 ......................................................
... ••... •.....•• . ..•••..... •.•.......
..•.......
•........
.............................. ..... ...
.....
.. ................. ..................... ..... .......... .. .... ............... ............................ ..... ...... .......... ........
....................... .....
.................................................... ............
......
.
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 61
a INTERNACIONAL DE OLHO NA HISTÓRIA

fOGO CERRADO
Areslst4nda

Prelúdio sangrento rQPubflcana em


combate na d da de
de Toledo, nos
prlmolros dias da
Há 80 anos começava a Guerra Civil Espanhola, Guorra Civil
Espanhola,em 1936
o conflito que antecipou os horrores da li Guerra

Espanhadosanosl930erauru A polarização social atingiu seu pon- evitou a queda imediata do governo.

A caldeirã~ em ebulição. Sem


consegmr superar uma grave
crise econômica decorrente da quebra
to critico nas eleições de 1936. A Frente
Popular, formada por socialistas, anar-
quistas e trabalhadores que pressio-
A essa altura o pais já estava mergulhado
em um conflito generalizado- começa-
va a Guerra Civil Espanhola.
da bolsa de Nova York, em 1929, o pais 11.avam por reformas, saiu vitoriosa da
era tom.adoporgreveseviolentas mani- votação. Derrotada, a Frente Nacio- Nazifascismo e comunismo
festações. O cenário de convulsão social nalista, composta por conservadores O golpe teve início no dia 17 de julho
era alimentado pelas divergências entre de ideias fascistas, temia a implantação de 1936. A revolta do Exército contra
as principais forças políticas do país. De de um governo socialista que pudesse o governo foi liderada pelo general
um lado, trabalhadores rurais, operários colocar em marcha as reformas que Francisco Franco, que estava nas pos-
e intelectuais exigiam mudanças sociais contrariavam a ultradireita. sessões espanholas do Marrocos. Em
profundas, como reforma agTária,auto- Para evitar o avanço dessas propostas, poucos dias,os nacionalistas tomaram
nomia regional e redução dos poderes os nacionalistas, com a ajuda dos se- várias regiões, como Navarra, Castillha
da Igreja Católica e das Forças Armadas. tores mais conservadores do Exército, e Galícia, a maioria concentrada em
De outro, a classe dominante formada arquitetaram um golpe núlitar para deic áreas agrícolas. Já as zonas de controle
por proprietários de terras, empresá- rubaro governo legalmente constituído. republicano estavam concentradas nas
rios, monarquistas e líderes núlitares A resistência dos chamados republica- regiões mais industrializadas e u rba-
e católicos não aceitava as mudanças. nos, os simpatizantes da FrentePopular, nas, como Madri e Barcelona.

62 GE ATUALIDADES l l •scmcstrt 201'


GUERNICAObra-1111ma do pintor Pablo Picasso retrata as vftlnuu da Guenra Civil Espanhola

Guemica Vitória nacionalista


As tropas do general A disputa fratricida acabou enfraque- Quando a guerra adentrou em seu se-
cendo ainda mais os republicanos na gundo ano, já estava claro que o avanço
Francisco Franco luta contra os nacionalistas.As tropas nacionalista não podia mais ser conti-
tiveram a ajuda da de Franco foram, gradualmente, con- do. Em fevereiro de 1939, as tropas de
quistando territórios de norte a sul do Franco ocuparam Barcelona e, no mês
Alemanha nazista e país. Em um dos episódios mais emble- seguinte, Madri foi conquistada sem
da Itáliafascista máticos e bn1tais da Guerra Civil, no resistência. A tomada da capital pelos
dia 26 de abril de 1937 os nacionalistas nacionalistas marca o fim da república
empreenderam um violento bombar- e o surgimento de um Estado autori-
Apesar de se tratar de un1 confronto deio aéreo sobre o vilarejo de Guemica, tário na Espanha. Em Iº de outubro,
local, envolvendo a disputa de poder onde viviam apenas 6 núl habitantes. o general Franco é nomeado chefe de
na Espanha, a guerra logo ganhou con- Localizado em uma das províncias Estado e passa a governar o país com
tornos internacionais. Os nacionalistas do País Basco, região no norte da Es- poderes ditatoriais por quase 40 anos,
obtiveram apoio dos governos nazista panha que havia assinado um tratado até a sua morte, em 1975- esse período
da Alemanha e fascista da Itália, que en- de autonomia regional com o governo ficou conhecido como franquismo.
viaram soldados, armas e mu1U~ões para republicano, Guernica acabou sen- É dificil precisar o número de vitimas
ajudar as tropas do general Franco. Já os do vítinia de retaliação por parte de decorrentes da Guerra Civil Espanhola
republicanos contaralll com a ajuda do Franco - tratava-se de um aviso para - as estimativas mais recentes apontam
goven10 comunista da União Soviética outras regiões que tentassem obter para cerca de 500 mil mortos. Devido à
(URSS), que organizou as chamadas autonomia. O ataque foi realizado pela polarização entre comunistas e fascis-
Brigadas Internacionais, compostas por Força Aérea Alemã, em uma operação tas e o envolvimento direto de Itália e
2S mil combatentes voluntários de 53 que serviu para AdolfHitler testar seu Alemanha, que utilizaram o tenitório
países. Apesar de apoiar os republica- arsenal em um período em que a ten- espanhol para testar armamentos e tá-
nos, Reino Unido e França decidiram são antes da Segunda Guerra Mundial ticas bélicas, a Guerra Civil Espanhola
não intervir diretan1ente no confiito. ganhava corpo. é considerada Ullla espécie de ensaio
Mas enquanto os nacionalistas tinham O bombardeio a Guernica deixou para o maior conflito da lústória: a ll
a maior parte do E.xército lutando a seu l.6S4 mortos e 889 feridos. O horror Guerra Mundial, que começaria em
favoreformavamumafrentedecombate vivenciado pelas vírin1as foi registra- setembro de 1939, poucos meses após
mais unificada sob o comando de Fran- do por Pablo Picasso em sua célebre a vitória de Franco na Espanha. IEI
co, os republicanos não dispunham de pintura Guernica. Vivendo exilado na
anruunentos suficientes e e.nfrentavan1 Franç-a, o pintor decidiu exprimir toda PARA IR AL(M Baseado no livro lJJtando na
dissidências internas. Essas divergên- sua indignaç.ã o pelos acontecimentos Espanha, de George Orwel~ o filme Teffae
cias atingiram o ápice em maio de 1937, da Guerra Civil Espanhola em uru am- Liber-dode (de Ken Loach, 1995) retrata a história
quando grupos de esquerda, incluindo plo painel carregado de tons soturnos de um jowm desempregado inglês, Ele se iunta
anarquista~ marxistas e o Partido Conm- e expressões de desespero. É conside- ao Parti do Comunista e decide partir para a
nista, se enfrentaram em Barcelona, em rada uma das pinturas mais icô1úcas Espanha lutar oontra as tropas fascistas do
confrontos que deixaram 500 mortos. do século XX. general Franoo.

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 63


a INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA

CENÁRIO POLÍTICO
EM TRANSIÇÃO
Vitória do conservador Maurício Macri,
na Argentina, e fortalecimento da oposição
na Venezuela reconfiguram as forças regionais
por Glovana Moraes Suz1n

cenário político na América tor Kirchner, eleito em 2003, em meio à

O
so público. Além disso, acabou com o
Latina passa por ,m,
período de maisgravecriseeconômicadahistóriado controle cambial imposto desde 2011
transformações. Nas eleições país. En.1 seus quatro anos de mandato, pelo governo de Cristina como forma
presidencial na Argentina e parlamentar Néstor adotou programas de inclusão de impedir a fuga de divisas (dólares e
na Venezuela, realizadas no final de201S, social e conseguiu reorganizar as contas outras moedas internacionais). Essas
a oposição conservadora levou a melhor p{tblicas,recolocando o país no cru.ninho medidas apontam para um relaxamento
sobre os candidatos de esquerda. As do crescimento. Com a popularidade eu do controle estatal na econonúa, uma
derrotas dos governistas nesses países alta, Néstor emplacou a candidatura de das características do governo anterior.
sinalizam uma mudança na percepção sua mulher, Cristina, eleita presidente em Para conseguir aplic.arsuas políticas,
da maioria do eleitorado local, que vê 2007, que deu continuidade ao seu proje- contudo, o novo mandatário precisará
o esgotamento de um modelo que não to. A partir do segundo ruandato,iniciado obter um pacto de governabilidade, pois
consegue responder à altura aos atuais após a reeleiç.1o em 2011, a economia não telll maioria na Câmara de Deputa-
desafios econômicos.No plano regionai voltou a se deteriorar, com o aumento dos e nem no Senado. Essa fragilidade na
essas eleições já começam a alterar o da inflação e do endividamento. O pais relaç..i:o com o Congresso já se mostrou
equilíbrio entre as forças conservadoras também enfrentou uma onda de greves evidente nos primeiros dias de man-
e progressistas que tem caracterizado a que abalou a popularidade de Cristina. dato. Por meio de um decreto, Macri
América Latina nos últimos anos. O descontentan1euto da população revogou parte da Lei de Meios, um dos
argentina com os n tmos da economia grandes triunfos de Cristina. A lei visa
Fim da era Kirchner ficou claro com o resultado das umas na a democratizar a posse dos meios de
Na Arg,,ntina, a eleição de Mauricio eleição presidencial. Empresário bem- comunicação ao proibir o monopólio da
Macri,da Proposta Republicana (PRO), sucedido, Macrijá adotou medidas libe- informação, e representou uma derrota
de centro-direin\ marca um momento de ralizantes, como a quebra de barreiras do principal conglomerado de mídia do
ruptura política e econômica. Sua vitória econômicas protecionistas e abertura ao país, o Clarín. O decreto, contudo, foi
110 pleito presidencial, cou, uma diferen- mercado internacional. O recém-criado anulado pela Justiça, que restabeleceu
ça de menos de 3% de votos do candidato Ministério da Modernização iniciou um a Lei de ~leios em janeiro. Macri tru.n-
govenlista, Daniel Scioli, pôs fim a 12 corte que pode acabar com 60 mil vagas bém é acusado de autoritarismo por
anos ininterruptos de era Kirchner.Este de emprego - a justificativa é que essas designar juízes para a Suprema Corte
período começou com a eleição de Nés- pessoas foram admitidas sem concur- sen1 a aprovação do Congresso.

64 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


AVEZOAOIREITA
O presidente
Mauricio Ma cri
dlegaàCasa Rosada
para a c«lmônl.a de
posse, em dezembro
de20IS

A crise na Venezuela opositor aprovar leis orgânicas, refor- controle estatal sobre a exploração degás
Assim como na Argentina, a esquerda mar a Constituição e até antecipar um e petróleo - a Venezuela é o país com a
na Venezuela sofreu um grande revés processo para a sucessão presidencial. maior reserva comprovada de petróleo
eleitoral, reflexo da grave crise políti- A difícil relação entre Maduro com do mundo. Mais árduo antagonista da
ca e econômica. Com a maior inflação o novo Congresso ficou explícita em influência norte-americana na região,
da América do Sul, o pais viu seu PIB janeiro, quando o presidente emitiu um Chávez manteve relações hostis com os
despencar em 2014 (veja na pág. 61). decreto que lhe garantia poderes para Estados Unidos (EUA),a ponto de ambos
Além da condução equivocada da politica intervir mais diretamente na econo1uia, os países retirarem seus embaixadores
econômica, a recessão se agravou por especialmente no setor privado, durante das respectivas capitais em 2010.
causa da redução dos preços mundiais dois n1eses. Apesar de a Suprema Corte,
do petróleo, principal fonte de receitas formada em sua maioria por aliados de Asforças políticas
do país, e é uma das causas do forte de- Maduro, aprovar o decreto, o Congresso A relação que cada país da Améri-
sabastecimento de produtos essenciais. rejeitou a medida logo na sequência, ca Latina mantém com os EUA acaba,
Para piorar, a tensão política também enterrando as pretensões do presidente. muitas vezes, por influenciar o perfil
é grande. Maduro sofre forte pressão A polarização política no país começou do governo que se encontra no poder.
da direita e governa perseguindo os a se intensificar durante a presidência de Em comum, muitas das 33 nações que
opositores que classifica como golpis- Hugo Cháve7., que governou o país de compõem a região vivem um cenário
tas. Em 2014 a Venezuela viveu uma 1999 até a sua morte, em 2013. Ele aplicou político de consolidaç.ão recente de
série de manifestações pró e contra o políticas estatizantes e antiliberais, espe- governos civis, após um período mar-
governo que resultaram em 42 mortos cialmente após 2005, quando declarou cado por ditaduras militares. Os atuais
e mais de 800 feridos. A última eleição seu apoio ao que chamou de "Socialismo governos costumam ser analisados em
parlamentar, no fim de 2015, aumentou do século XXI". Apesar de governar por três blocos informais que adotam dife-
a instabilidade do pais. A vitória da eleições regulares, sofreu uma tentativa rentes linlias para enfrentar as profun-
oposição de direita liderada pela Mesa de golpe de Estado em 2002. Em seus das desigualdades sociais e as mudanças
da Unidade Democrática (MDU), que anos no poder, ele comandou progra- econômicas neoliberais, iniciadas por
conseguiu maioria na Assembleia, é mas de refomia agrária e habitacional, volta de 1990. Nas páginas seguintes,
algo que não acontecia desde 1999. A investiu em gestões participativas entre apresentamos a situafâo atual dos prin-
maioria de dois terços permite ao bloco Estado e trabalhadores e aumentou o cipais países desses grupos.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 65


a INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA

A Venezuela aumentou
sua influência regi.onal
Gradas 'V/e nezu2lo
ao oferecer petróleo ·GANAMOS!
a preços subsidiados
para seus aliados

Bloco Bolivariano
O gn.1po tem esse nome em referência
ao he-rói da independência Simon Bolívar
(1783-1830) e é liderado pela Venezuela.
Ele se caracteriza pela adoção de politi-
1
-m8
cas nacionalistasdeoposiç-ãoclaraao ne- ~
oliberalismo e aos Estados Unidos (EUA). Ol'OSIÇAO Eleições de d e - na Venezuela marcam o fbn da hegemonia ehavista no Congresso
Outros países que fazem parte do bloco
sãoBolívia,EquadoreCuba.Eruoposi-
ção à Área de Livre Comércio das Amé-
ricas (Alca), proposta norte-americana governo reduziu a miséria em n1ais O Equa do r elegeu o presidente Ra-
paraaregião,em2004oex-presidenteda de 30%, estatizou o petróleo e o gás fael Correa pela terceira vez em 2013.
Venezuela,HugoChávez,criouaAliança e promoveu a reforma agrária. Outra Em dezembro de 2015, a Assembleia
Boüvariana para as Américas (Alba). reforma foi a constitucional, que pela Nacional aprovou diversas emendas à
Ela inclui, além dos quatro países do blo- primeira vez na história do país foi a Carta Magna. A mais U11porta11te é a
co bolivariano,ainda Dominie..\ Antígua referendo popular. Ela converteu a que permite reeleição ilimitada para
e Barl:,uda e São Vicente e Granadinas. Bolívia num estado "plurinac.ional" presidente a partir de 2021. Outra emen-
O acordo de cooperaçãoeconônúca prio- a partir do reconhecimento de 36 et- d~ no entanto, impede de concorrer à
riza o fornecimento de mercadorias e rúas como nações. Apesar de ser o país reeleic;ão quem já tiver ocupado o cargo
serviços entre os países do bloco. A Ve- mais pobre da região, o PIB da Bolívia por dois períodos. Isso fará com que
nezuela vende a essas nações petróleo a cresce entre 4% e 6% desde 2010. Mas Correa fique ao menos um mandato
preços subsidiados, em uma estratégia a redução do preço do gás natural no - entre 2017 e 2021 - longe do poder.
que fez a sua inftuência na região crescer, mercado mundial deve desacelerar a Com maioria absoluta no Congresso,
com diversos governos adotando linhas economia. Em referendo realizado em ele levou acabo mudanças importantes,
políticas semelhantes à sua. fevereiro de 2016, os bolivianos deci- como a estatização do gás e do petróleo,
Na Bolívia, o presidente Evo Morales diram que Morales não pode se can- a reforma constitucional, mudanças no
governa desde 2006 com forte apoio didatar novan1ente à presidência em sistemajurídico e uma lei de regulação
popular e de movimentos sociais. Seu 2019,impedindo sua terceira reeleição. da mídia, submetida a referendo popular.
Correa enfrentaatualn1e11teduros pro-
..................................................... ...................................................
.............. ' ..................................... . ......
' .......... ' ........................................
.. testos. Depois de anos de crescimento,
.......
.... . ....
. .
....... ...........
...........
. . . .. .
................ .. . . .......
.....
. .
......... .. . . . .........................
........
.. . . . . .
....................... .
....
. . . .
.....
. . . . ..
..........
. ..
........
. .
..................
...........................................' ...... ........
................. .......... ..' .....
, SAIU NA IMPRENSA o Equador vive uma crise econômica
.....................................................
... .............................................
................................................... desencadeada pela queda do preço do
petróleo e pela valorização do dólar,
OCDE: DESIGUALDADE DE bate à desigualdade, além de um meio de 1110eda adotada no país, que ameaça a
RENDA NA AM ltRICA LATINA deter a desaceleração econômica na re§ão. competitividade dos produtores locais.
lt 65% MAIOR QUE EM Em relatório, a entidade observa que a Cuba é o único país comunista da
DESENVOLVIDOS queda nos preços das oommodities, a menor An1érica, e tambén1 o mais dependente
atividade na China e o iníc.lo do ciclo de alta da Alba. A nação atravessou uma grave
Adesigualdade de renda na América La- de juros nos Estados Unidos impactaram a crise com o fim da União Soviética, em
tina é 65% maior que a vista em países região. •e:sses fatores externos, combinados 1991, que comprava seu açúcar a bons
desenvolvidos, 36% maior que nos países com o atraso de reformas estruturais urgêll - preços e lhe vendia petróleo com va-
do Leste Asiático e 18% acima que o regis- tes, abrandaram o ritmo no qual os países lores subsidiados. Desde 2008, quando
t rado na Africa Subsaarlana. Aavaliação é latino-americanos buscavam se aproximar Fidel Castro foi sucedido pelo im1ão
da Organização para a Cooperação e De- dos padrões devida nas economias desen- Ralll Castro, a ilha vem passando por
senvolvimento Econômico (OCDE), que volvida~ pontua o estudo.(._) reformas liberalizantes na economia.
aponta a educação, a proteção sodal e o Atualn1ente a Venezuela fornece pe-
empreendedorismo como armas no com- O Estado de Minas Gerais, 19/J/2016 tróleo em condições especiais ao país,
em troca de mercadorias e serviços de

66 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


AMERltA LATIIIA: ENTRE ACRISE EOOESENVOLVIMENTO
Veja como os irlrw:I pais pafses da rcigl2o se agrupam polldcamente econfl raseus Indicadol9s socloeconftmlcos (lol4

• Bloco Bolivariano
...
• lltXKD
Presldtnte: Enrkjue Peril
• CotOMIIA
Prestdtnte: Juan Manuel
IIDID Nl«o (PartldoRE!'t'OhJCbna- santos (P1rt1do social de
• BlocoCMserva.dor 110 tnst1tuc1onal) unidade Nac.lona.Q
Esquerda '*>derada CR!SdrnentDdo PIB: l,2%. cresclm enm do PIB: 4/f'/,)
lnfl,çl• 4'"
oesemp,.go ti%
tnll,çl• ~9"
Otsempneo: 10,1%
tDH, ~716 ~4' lugar) IDH, q7,o ~7·lugar)
REGIÃO 1€1tROGtNEA
odos,qvodlllMIO .. - í ,
~ece para .1t,uns como resultado do
o,mir,l,nsolllOllill,f,'°"'b"xonlwlln
• o
a,sdm,ntotlo PIB ,:o11,s wras delntfai;/lo, de 8 AIGCIOINA a PARAGUAI
dlsempr,go. Porou~ollfk, os qu, h! ... u,.,. Presldtnte: MlurlOJ Mlerl
O>rolXIStl AepubllQna)
Presldtnte: Horaclo
artes (Pa!tldo Qllorulo)
.,. ifstrfbul{/lo de renda nas flltlmas tHcad>s CmclmentDdoPIB: ,.,,.
cnsctinentDdo PIB: O,S'*i
>l"'"IIQOI um /ndic, de O.Stnvohlmento lnflaçl• N/A tnfl,çl• ~'"
Humano~OH}IIUlsl/lmdo{IIIJlDtODUis Oesemp"t~l'!I, o,se~tr,':
pr6/tlmo de~ maior o_.,. ,t, popu/'f,lo/ IDH: ~836 ' uga~ IOH: ~679 12' ugar)

a VOU21ElA
Ea CUIA
l@
I
a PHI
e.,,
. , ••uu
Pnsfdenta: Nlm~ Prtsldentt: Rali Itaslro Presidente: ollanta Presidente: onma
Maduro (Partklo SOC1allsta (PartJdo Qlmu nt~a) Humila (PartlOO fW.lusseff (Partk:lo cbs
Unido da ~nezuela) crescimentodo Pll:2,11i Nac.lona.llsta Peruino) mb~hador,s)
crescimento do Pll: -41' (201~ crtsclmtnto do PlB: z.4% CrtSCl.mentodoPIB: 0,1'1
tn!laiio: 62,2" lnlla(lO: N/A tnllaçao t2'!1, 1nn,çaa 6,3%
0Htmprego:8,6ft oes,mprego. ~l" Otsemprtgo:42% Otsempngo:6.iW
IDH:0,)62 (71' lugaij IOH:~769117' luga~ IDH: 0,734(1/{lugar) IDH: 0,7SSUS"luga~

• CQIADOI • IOllVIA
a-
a (1111
~
a UIIJGUAI
Pn~denta Amei"""
(Aliança Pai~
Pmldentt: EYO litlrales
(Mo~mento~
Presidente: Mlchel ie
BadlOlet(PaitldoSOClall~
Presidente: Tabaré
Yllqw ~rente Ampla)
c.restlnlentodo PII: \7'1, soc1,111mo) do Chile) Cmd.mentodoPIB: 3S~
tn!laiio: lfll, crescimento do PIB: 5,S'li cnsdmentodoPIB: 1fl/t '111,çaa 8,9%
oesunprego:4,6,r. inlla!lO: S8' 1nll•!J• V,'ll> Otsempngo: 7Jllo
IDH:0,7)2188' lugaij oesunpreget l,7% Otsempngo:6A% IDH: 0,79l(S2'luga~
1DH:~li62 (llg' fuga~ IDH: o,8321t,l'lugar)

saúde. Em 2015, Cuba e EUA reataram A Colômbia mantém fortes laços O Méxiooé o principal aliado dos Es-
relações diplomáticas após 53 anos de com os EUA. Além de acordos de livre- tados Unidos entre os países latino-ame-
n 1prura e reabriran1 suas en1baixadas. coruércio, os países têm um tratado de ricanos. Junto ao Canadá, eles formam há
O embargo econômico norte-ameri- cooperaç-ão núlitar. Por isso os norte- mais de duas décadas o Acordo de Livre-
cano aplicado desde 1962, no entanto, americanos possuem set e bases mili- Comércio da América do Norte (Nafta).
ainda não acabou, pois depende da tares em território colombiano - o que O acordo, que reduz ou elimina tarifas
aprovafão pelo Congresso dos EUA. é motivo de desavenças com a vizinha comerciais entre os países-membros, le-
Venezuela. Há mais de meio século, o vou muitas indústrias norte-americanas
Bloco Conservador país vive uma guerra interna envolven- a se instalarem no México, atraídas pela
Reúne os dois países da região com do fo~as do Estado, guerrilheiros das mão de obra barata e pelos subsídios
acordos de livre-comércio com os Es- Forças Armadas Revolucionárias da fiscais. O acordo garantiu ,una grande
tados Unidos - México e Colômbia-, Colômbia (Farc) e paramilitares de di- expansão ao PIB mexicano. Por outro
além do Paraguai e da recém-integrada reita. O atual presidente, Juan Manuel lado,o Nafta deixou o paísextremrunetlte
Argentina. Éo bloco de nações que ado- Santos, tenta concluir um acordo para dependente da economia de seu país
tam programaseconônllcos neoliberais, pôr fim ao conflito (veja mais na pág. vizinho e aumentou a desigualdade so-
que pregam uma menor intervenção 68). Econonúcamente, a Colôn1bia é um cial. O atual presidente, Enrique Pena
estatal na economia e estão alinhados dos destaques da região, com expansão Nieto, eleito em 2012 pelo PRI (Partido
politicamente com os norte-americanos. de 4,6% do PIB em 2014. Revolucionário Institucional), an1pliou

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 67


a INTERNACIONAL AMÉRICA LATINA

No Un,guai, Tabaré Vázquez venceu


as eleições presidenciaisde2014 e voltou
aocuparocargomaisin1portante do país
após sua passagem entre 2004 e 2009.
Agora, Vázquez dá continuidade ao go-
verno do ex-guerrilheiro tupamaro José
Mujica. Em seu mandato Mujica con-
duziu importantes avanços em direitos
civis: legalizou o casamento homoafetivo,
descriminalizou o aborto para gestações
de até 12 semanas e aplicou um inédito
Brasil, Chile, Uruguai projeto de legalizal"âo da maconha. Ape-
sarda taxa de desen,prego em alta, o PIB
e Peru têm governos de está em crescimento e o país apresenta
tendência progressista, a menor proporção de indigentes entre
sem romper com a
economia de mercado
os países latino-americanos.
No Pen,, o presidenteOlla11ta Hwnala,
ex-militar, chegou ao poder com um dis-
OPROCESSO
a abertura econômica. Internamente,
curso nacionalista, bastante alinhado ao
bloco bolivariano. Contudo, ao assumir
o poder, em 2011, Humala deu continui-
DE PAZ NA
o grande desafio mexicano é comba-
ter as ações do narcotráfico e do crime
organizado. Analistas acreditam que a
dade à política Lberal de seu antecessor.
O país pode ser o próximo a deixar o
bloco moderado e, como a Argentina,
COLÔMBIA
desarticulação dos cartéis de drogas, du- migrarparaosconservadores.Emabril, Negociações avançam entre
rante a década de 1990, fez com que boa os eleitores irão às urnas para eleger o guerrilheiros das Farc e o
parte das atividades ilegais tenham sido novo presidente.. A constituiç-ão peruana governo, podendo encerrar um
transferidas da Colômbia para o México. veta a reeleição, por isso o atual manda- conflito que já dura 52 anos
O Paraguai elegeu, em agosto de tário, Humala, está fora do pleito. Os três
2013, um dos homens mais ricos do principais candidatos são de tendência
país como presidente, Horacio Car- conservadora, mas há um favoritismo governo colombiano e as li-
tes, do Partido Colorado. A eleição
representou não apenas uma guinada
conservadora, mas a volta ao poder do
de Kei.ko Fujimor~ filha do ex-ditador
Alberto Fujimori. Dois anos depois de
ser eleito, em 1990, Fujimori dissolveu
O deranças das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia
(Farc) iniciaram em novembro de 2012
partido que governou o pais ininter- o Congresso e interveio no Poder Ju- negociações para um acordo de paz,
ruptamentede 1947 a 2008. A ascensão diciário, o que ficou conhecido como mediado pelo presidente cubano Ra(1l
de Cartes marca trunbém o retorno o "A11togolpe de 1992". Hoje, Fujimori Castro, em Havana. O conflito armado
do Paraguai ao Mercosul e à União de está preso, condenado por corrupção e já dura 52 anos, vitimou mais de 220
Nações Sul-Americanas (Unasul). O crimes contra a humanidade. mil pessoas e deixou 4,9 nlilhões de
país fora suspenso das duas instituições Nas eleições de dezen1bro de 2013, refugiados internos e um saldo de mais
por conta do in,peachment relâmpago o Chile colocou novamente no poder de 25 mil desaparecidos.
sofrido pelo ex-presidente esquerdista a socialista Michelle Bachelet, pondo Nas últimas três décadas houve outras
Femando Lugo em 2012 O afastan1e11to fim a quatro anos de governo conser- tentativas de pacificação, poré1n sen1
foi considerado um golpe de Estado vador. A política econômica do país, sucesso.A diferença para as negociações
pelos vizinhos. Economicamente o país 110 entanto, continua com viés liberal, atuais é o contexto núlitar desfavorável
vive um momento de estabilidade, com sustentada pelo acordo de livre-comér- aosguerrilheiros,que tiveram vários de
inflação controlada e crescimento. cio com os EUA. A econonúa clúlena seus líderes mortos nos últimos anos.
cresce lentamente com a queda dos Estima-seque as Farc tenham 8 mil gue~
Esquerda Moderada preços dos minérios no mercado in- rilheiros, 12 mil a menos que dez anos
Fonnado por Brasil, Chile, Uruguai ternacional. Eleita com a promessa de atrás.Além disso, há uma convergência
e Peru, este é o bloco composto por pa- investir e ampliar o acesso à educação de interesses e esforços, de ambas as
íses de tendê ncia progressista que não no país, Bachelet enfrenta protestos dos partes,a fim de chegar a um cessar-fogo
promoveram estatizações significativas, estudantes, que exigem a gratuidade Até fevereiro de 2016, quatro reu-
possuem boas relaçõe.s com os EUA e do Ensino Superior. A presidente já niões já haviam sido feitas, e chegou-
adotaJ.U políticas econônúcas alinhadas aprovou medidas para que o ensino se a wn consenso sobre os principais
ao mercado global. Chile e Peru diferen- seja gran1ito para esn1dantes pobres. pontos, de um totol de 75 itens. Entre eles
ciam-se dos demais por manter acordos O projeto prevê que a gratuidade seja está a questão fundiária, a parricipaç..1o
paralelos de livre-comércio com os EUA. universal até 2020. dos guerrilheiros na política do pais e

68 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.....
........
....•.......
....•.....
...........
..........
..........
..........
.......... ...... .............. ..
...........
.... ................
.... ......................
...........
. . ... .... . . .............
...............
.............
..... ..................
... .....
........
ACORAVAI?
Representantes do América Latina
govEmo colombiano
e das Farc, durante ARGENTINA A vitória do conservador
negocl.aÇOQs de p.az Maurício Macri nas eleições presidenciais
em Havana, em marca o fim de 12anos de era Klrchner. O
dezembro de 201s novo governo tomou posse em dezembro
e Já adotou medidas liberalizantes. Para-
lelamente, também tenta acabar com a lei
de regulação da mídia, um marco de sua
antecessora, Cristina Klrchner.

VENEZUELA A conquista da maioria das


cadeiras na Assembleia pela oposição
põe fim a 16 anos de hegemonia chavista
no Congresso e agrava a tensão política.
O país passa por grave crise econômica e
enfrenta escassez de produtosessenclais.

ACORDO OE PAZ NA COLÔMBIA Og""orno


da Colômbia easFarc negociam um Inédi-
to acordo de paz para pôr fim ao conflito
armado que dura 52 anos. As conversas
iniciaram-se em 2012, e a expectativa é que
o acordo final soja assinado ainda em 2016.

BLOCO BOUVARIANO É a principal fron-


te de oposição às políticas econômicas
neoliberais da gtobaUzação. Impulsiona
a estatização de empresas e de recursos
a questão das drogas e cultivos ilegais. era a comunidade autônoma Marqueta- naturais eo combate à pobreza . Seus go-
Em setembro de 2015, o preside nte Juan lia, sob domínio do então chamado Blo- vernos fazem oposição à influência dos~
ManuelSantoseolíderdasFarc, Rodrigo co Sul. Alguns dos lideres, no entanto, tadosUnidos na regfão. Entre osprfncipais
Londofio, conhecido como Timoc:henko, consegue m escapar e dois anos depois países dessa frente estãoVenezuela, Cuba,
apertaram as mãos e prometeram selar mudam o nome do bloco para Forças Bolívia, Equador e Nicarágua. Oabalo da
o acordo d e paz ainda no primeiro se- Armadas Revolucionárias da Colômbia. hegemonia chavista na Venezuela pode
mestre de 2016. Eles haviam acabado de As Fa.rcse tornaram a mais forte guer- afetar diretamente o bloco.
aoordar alguns dos pontos mais contro- rilha de esquerda do pais e um dos pro-
versos: reparação às vítimas e garantias tagorustas do conflito armado. Na déca- ESQUERDA MODERADA Formada por pa-
de que os confrontos não se repetirão, da de 1980, a organização passo u a íses detendQncla progressista, que apos-
alén1 da criação de um sistema jurídico financiar suas atividades por meio do tam na participação ativa do Estado como
especial para julgar os crin1es de guerra narcotráfico. Além do Estado e do exér- propulsordodesenvolvlmentoeconômlco,
durante a transi~o para a paz. Mas há cito colombiano, o conflito envolve tam- mas adotam políticas econômicas bem-
ainda um item bastante de licado para bém paramilitares de direita (grupo que vistas pelo mercado e mantQm boas rela-
ser negociado: a deposição dasannas eo surgiu para proteger os grandes proprie- ções com os EUA Estão incluídos Brasi~
consequente cessar-fogo. O processo de tários de terra contra os ataques da guer- Chile, Peru e Uruguai.
paz se desenrola em meio a confrontos rilha), narcotraficantes, além de outras
diretos, que já mataram 11 mjlitares do guerrilhas de esquerda, como o Exérci- BLOCO CONSERVADOR É formado por
exército colombiano e 26 gue rrilheiros to de Libertação Nacional (ELN),outro países com governos de partidos con-
desde o itúcio das conversações. envolvido nas tratarivas de paz. CEI servadores ou que conduzem políticas
As Pare foram criadas em 1964, em liberais, como a abertura da economia
meio a um momento histórico conhe- FIQUE DE OLHO O gowrno colombiano e as em acordos dellvrGLcomérclo com os EUA
cido como La Violencia,i1úciadoapós o Farc estabeleceram uma agenda que previa a e outros países e mercados. Fazem parte
assassinato do candidato à presidê ncia assinatura de um acordo no dia 23 de março- México, Colômbia, Paraguai e, agora, a
pelo Partido Liberal, Jorge Eliécer Gai- após o fechamento desta edição, Se o acordo for Argentina, que elegeu o presidente con-
tán, em 1948. Em 18 de maio de 1964, selado. ele precisará ser vaUdado por meio de servador Maurlc.io Ma cri em dezembro.
,, ,, ...
.......... , .. ,'
....,', , ... ..,,, ... , ... ,,
, , ...
...,,, , ... ...,,', ,' ... ... '
o governo de c oalizão Frente Nacional um plebiscito a ser realizado de dois a três meses ...,',,,.... ... ,' ... , ,,' , ...
..,, ,,',.... .... .... ....
.... .... .......... ...,,.... ...,,,' ...,

lança a "Operação Soberania" e massa- após a assinatura do documento. ... ... .... ........ ... .... .... ..... ........ .
,
' ,
... .......
,
,'
, ,
,'
,
,
,'
,
.............
, ,
,
,
,
,
,
........ ..
,

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 69


a INTERNACIONAL ÃFRICA

MATÉRIAS-PRIMAS D
esde o início deste século, a
África vem apresentando um
robusto crescimento econô-
mico. Esse bom desempenho é credi-

DITAM AECONOMIA tado principalmente à forte demanda


internacional pelos produtos prinlários
que o continente exporta - as chama-
das conuuodities, que são minérios,

DO CONTINENTE petróleo e produtos agropecuários.


As altas taxas de crescimento, muito
acima da n1édia mundial, criarru.11 a
expectativa de que a África pudesse
iniciar um ciclo de prosperidade ca-
paz de reduzir o quadro de miséria.
Altamente dependente das exportações de O continente é o mais pobre do mundo.
Assolado por conflitos armados e do-
produtos primários, a Africa sofre o impacto enç.a s epidêmicas, a África ostenta os
da queda nos preços das commodities piores indicadores sociais do planeta.

70 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


Essa escalada econômica, contudo, O boom econômico longoprazo.Oboomeconômicot:m'lhém
sofreu um abaloem2015.Aculpaé da O recente "boom econômico'' da África impulsionou a construção civi~ a urba-
bn1sca queda no preço das matérias- foi in1pulsionado pela cobiça de diver- nização e o consumo, transformando a
primas, que afetou diretamente as sos países por seus recursos naturais. África em um dos mercados mais quentes
exportações e, consequentemente, a Estima-se que os campos petrolíferos da globalização em potencial de cresci-
entrada de dólares em vários países do africanos possam conter mais de 130 mento em negócios e lucros. O Produto
continente. Esse novo cenário poderá bilhões de barris, quase 9% das reservas Interno Bn1to (PIB) do continente cres-
também reduzir os investime ntos es- mundiais. Alén1 disso, o continente é ceu a uma ta."ta superior a 5% ao ano, e
trangeiros na África, que abundaran1 rico em minerais raros, e ntre os quais superior a 9% em alguns países. Segundo
na década passada. Diante. dessa si- ouro,diamante, estanho, cobalto, níquel, estimativa de órgãos de investimento, a
tuação, o Banco Mundial reduziu sua cromo, nióbio e tântalo. A exporta~ de urbanizaç-ão cresce a uma taxa de 3%ao
previsão para o crescimento do PIB minerais valiosos é o motor econômico ano e,somadoaocrescimentoda renda, o
do continente. Na Á&ica Subsaariana, de países como África do sui República continente ganhou 221 milhões de novos
a região ao sul do Deserto do Saara e DemocráticadoCongo(RDC), Tanzânia, consumidores até 2015.
que concentra a maior parte dos país~ Zân1biae vizinhos.A produção agrícola
os cálculos da entidade projetam um no continente, farto em terras aráveis, Desaceleração econômica
crescimento de 3,4% em 2015, abaixo também atrai o interesse intentacional Quando a crise econômica mundial
dos 4,6% registrados no ano anterior. e investimento tanto para produzir ali- eclodiu nos EUA e Europa em 2008, a
mentos quanto para biocombustíveis. África também sofreu o impacto, mas os
Acorrida por esses recursos atraíram investimentos foram mantidos, e o con-
PERDA DE VALOR vultosos investimentos de corporações tinente continuou a receber os recursos
R@finaria de e transnacionais dos Estados Unidos estrangeiros. Porém,após cinco anos de
petról@o @m Port (EUA) e da Europa,além de nações emer- preços baixos e vendas em quantidades
Harcourt, na gentes da Ásia. Desde os anos 1990, a menores, a desvalorização das commo-
Nigéria: queda dos China é a potência que mais investe na diries parece se-r un.1 cenário mais dura-
pr09>s mundi.ls África. Os chineses desenvolvem projetos douro do que o previsto, principalmente
afeta a Afrtca de in.fraestrun1ra de ferrovias, portos, porque a China também dimjnuiu subs-
rodovias, mineração, hidrelétricas, pe- tanciahnente as importações da África
tróleo e gás natural em mais de 30 nações - uma queda de 39% em 2015.
do continente. Desde a virada do século Na avaliação do Fundo Monetário
em 2000, o comércio da China com os Internacional (Fi\1[0, os governos estão
países africanos cresceu quase 20vez.es, ficando com poucos recursos, e os in-
chegando a 179 bilhões de dólares em vestimentos tenderão a diminuir se não
2015. Hoje, o gigante asiático é o prin- houver recuperação dos preços para ex-
cipal parceiro comercial do continente, portar. A queda do preço dos barris de pe-
superando os norte-americanos. tróleo, a principal comn1odity mundial,
Durante os anos 2000, a maioria dos é um dos fatores que têm forte impacto
países africanos foi beneficiada pela valo- sobre a taxa geral de crescimento do con-
rização das commodities. Foi um período tinente_Isso porque o produto representa
de ~levado crescimento das exportações 60% do valor total exportado pela África.
da Africa, que passou a abastecer os se- Também registraram e.xpressiva queda
dentos mercados da.s economias emer- de valor no mercado nos últimos anos
gentes. Com o aumento dademauru\ os itens importantes da pauta de exportação
preços desses produtos dispararam no do continente, como minério de ferro,
mercado internacional. Dessa forma, a cobre, borracha e algodão.
África foi duplaniente beneficiada: ex- A expansão prevista pelo Banco Mun-
portando quantidades cada'""' maiores, dial de 3,4% na economia da África Sub-
e a preços crescentes. Segundo o Banco saariana está longe de ser inexpressiva
Africano de Desenvolvimento, na década - afinal, as taxas de crescimento do PIB
passadaasexportaçõesdocontineutedo- ainda mantêm-se positivas. A questão
braram para a Europa, quadruplicaram é que o ritmo do boom econômico afri-
para os paises de economias emergentes cano não deverá ser mais o mesmo da
e cresceran112 vezes para a China. déc.a da passada por algum tempo. E o
Nesse período, os governos africanos impacto é forte levando-se em conta
6.zeran1 privatizações e passaram tam- que a região tem uma base econômic.a
bém a investir em parcerias com cor- muito pequena, com um PIB de 2,4 tri-
porações e governos estrangeiros, em lhões de dólares em 2014- equivalente
grandes en1preendll11entos de n1édio e aos valores do Brasil.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 71


a INTERNACIONAL ÃFRICA

Com um nível de Continente


industrialização bajxo, é o mais pobre
a África não consegue
exportar produtos
do mundo
AAfrica é a região do globo com o maior
manufaturados número de palses entre os menos
desenvolvidos. Das 43 nações classificadas
Dependência de As duas Áfricas pela ONU como de baixo lodice de
commodíties Em tem1os geográficos e hunlallos, Desenvolvimento Humano (IDH~ que tem
Essa desacelerac;ão na economia afri- o continente africano apresenta duas como cri~rios a renda per capita da
cana é consequência de um modelo grandes regiões: a África Setentrional e a população e indicadores de saúde e
baseado 11.a excessiva dependência das Africa Subsaariana. O limite natural entre educ~ão, 35 são africanas em 2014
conunodities. Nos últimos anos, a maio- ambas é o Deserto do Saara, que ocupa
ria dos países africanos diversificou wn terço de todo o território africano.
muito pouco suas estruturas econô- Imediatamente ao sul dodeserto,há uma
micas. Dessa forma, mantêm-se vulne- faixa semiárida conhecida como Sahel,
ráveis às oscilações dos preços desses que faz parte da África Subsaariana.
produtos primários. Como o nível de
industrialização é muito baixo,os paí- C> A África Setentrional, ou norte da
• IOHb•llD
ses africanos não conseguem produzir África, é formada por seis países
• IOHm((llo
manufaturados, que possuem maior (Egito, Líbia Tunísia, Argélia, Mar-
lOHalto
valor de mercado. Segundo a Comissão rocos e Djiburi) que possuem clima lili sem dados
Econômica das Nações Unidas para a desértico e população predominan-
África (Uneca, na sigla em inglês), a temente árabe e bérbere (nômade).
contribuição do setor industrial para O A África Subsaariana reúne 48 na-
a economia do continente caiu de 12% ções de população predominante- Entrada de capitais na Afria (2000-2015)
em 1980 para li% em 2013. mente negra, com hábitos, religiões !m ~lhllos de dólares
A maior crítica que se faz a esse mode-- e idiomas distintos dos encontrados 190'

lo de desenvolvimento é que, apesar das no norte do continente. Apesar do


taxas elevadas de crescimento nas duas recente desenvolvimento econômico 11D

-
últimas décadas, a pobreza continua nessa região, há evidências de que o
elevada. Os grandes beneficiados são as progresso beneficia principalmente '°
en1presas estrangeiras e muitos analis- o conjunt o mais abastado da popu- lOCO lOOS
tas veem essa relação econômica como lação de cada país. A luta contra Rtctrsos dt fuaA entrada de apitais no continente
uma nova forma de colonização devido a pobreza ainda está longe de ser cresceu quase sW!ZeS. Desde 2012, ela se mantém entre
ao grau de dependência da economia e vencida. Quase metade dos africanos 18:> e1~ bilhões de dólues anuais, Eswsvalores se
subsaarianos (46,8%) tinha renda referem aremessas 00 exteriot mlstência
à exploração da natureza e da popula-
lntemadonalelnvestlmentos. De 2010 12015,o'IOlume
ção. Além disso, os regimes ditatoriais inferior a 1,25 dólar por dia, em 20ll. acumulado ultrapassoo 1trill'Oo de dólares, metade do
duradouros, a corrupção e a fragilidade valer cb PlBafricam
das instituições políticas impedem a Doenças Ocrescimento das economias (2015)
distribuição justa dos recursos propor- A África Subsaariana é assolada por Prevls6es de crosclmento 'f. do PII. As dez maiores
cionados pelas riquezas naturais. doenças graves e epidemias, resultado taxas ni Atrita etm Brasil, Chln.a omundo
Mas alguns países estão conseguindo da n1iséria, desnutrição e fome, falta
Etopia - 10) Ta1<uh>, base
aproveitar o boo1n econômico para
expandir suas indústrias, focando em
de saneamento básico e estruturas de
atendimento em saúde. A incidência
Costadolbrlim . ,4 pequnaVárlospalses
africanos devem
RDC . 8 registra as maiores

-~l
setores estratégicos e em parcerias com de aids, responsável por pelo menos 1
R'""" . 1} taxas finais de
as grandes economias emergentes. São milhão de n10rtos anualn1ente desde crescimento no mundo
hnz:lnia • 7,2
os casos de Etiópia, Tanzânia, Ruanda 1998, fez a expectativa média de vida em 201se nos anos
Camad>es seguintes. Porém, esses
eGa11a. Moçambique é destacado pelo diminuir cerca de 30 anos nos países
Moçambq,e • ~l ll'Klicesirr:idem sobre
FMI como o de desenvolvimento re- mais afetados, como Botsuana, Leso-
Btnim . SJ economias muito
cente mais promissor. Apenas de 2006
a 2009, o número de indústrias cresceu
to, Suazilândia e Zimbábue. Em 2014,
a África Subsaariana registrou cerca
cµ,ia • s,, pequenu OPIB da
Etlóp;, foi de aperos
8rasU• ·~8
62% (de 1.881 para 3.061). Em 2016, o de 70% dos contru11i11ados no mundo.
(h;na - ~9
s~6 bllhllts de dólares
país tem dez megaprojetos em cons- Um en1 cada 20 adultos na região vive em 2014. Oda Costado
Murd> l l,A Martim, J~l bllhllts
trução, em eletricidade,gás e minérios. con1 o HIY, o vírus causador da doença.

72 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


• ' ___ 1
Asriqueiasdocontinente
Osrecursoseasúeasquerecebemarnaioria '.,
~ -=,., -
aa

ruNI..
J'
1
a
dos inwstifrentosestldllgeiros • Atrõh~ 1A • a
Prlnd,abl.... c1t .., ~ .
O Ptodu1lo de petróleo e gls
~~·r
-·-·
(_ @ r • i a;,m • ÃSIA

O Pr-odu(2o mineral
O bploraçlo florestal
AWJRltAHw.

l
..., 1

'
C NIGEl
CHADE
"""'
1 Ur1nio
UTI
Prlnd,ab,..nosrl..,ás
+ouro +Zinco
• Pr>ta O Mang,n!s
• rerro + Baulita
+ Cobre + Cromo
+ Cob,lto + Plnin,
+ Nfquel <> Diam,nt?
+ Est!Jlho • n.tto/Nióbio
+ Chumlxl • Outros minérios

5EICNB.e5

COIM>IES

Pn lereste~ mmru2identiftcvrlo.u-,iquew
naturãs docontinmte. NotR,por e»mp/o, comru
explora;,0 de petrd/eo ocorre hoie em v~ p,ttes: oorte
d.l A/ria (produÇ,O m,is ,nttg,J sll tb Sud~ Slll,O cb ~I
Ch,de eogotod,61inl.Aea:xiomi,d,Afric, cb ~/
twei;se naexplor~ miner~ Com~ lnlw vermeltJzs,
m.tise wrd~ w.dtemumaid~ das" ,egil)esqueestfo
reCPbentbgr;mdeparte d:lsinvestimeitas fimnCPiros.

Fronteiras artificiais
Os ,rgpas abaixo roostram a dfferen(a brutal entre u regiões étniuse cultu Qis da

Afrlca e as fronteiras polftlcas impostas pelas potOncia.scolonials. Aatual dlvi~
política dos pafses africanos é re9.Jhadoda coloniza<;1oeuropei.a, entreoss«ulosXV
eo XX: efoi deflnida com aConferfncia de Berl !m (1884·188s),As potências coloniais
estabeleceram 1reasde domínio ecriaram frmteiru que atellliam aos próprios
interesses, ignorando os territórios das tribos edas etnias nnivas,As nações nasci das
com aindependência. basearam suas frmte!ru na divlslo política colonial.

Dl11dolt'*2 Apartludoconu_, Dlvtdopollkaat...


Antes duolonizaçlo eu rq>ei a, agrande diwrsida.de AConferência. de Berlim de 1885 definiu fronteiras '4:iós aIlllependêrr: ia, os pafses africanos herdmm as
étnica estabelecia aorganiza(,O social na.Africa arbitrúias eos domínios de cada potfncia. europeia fronteiras artificiais Impostas pelas potfnciascolonlais

.
• 11e1noun~o
.......
8 1tllii


.....
""'!'
BpMilll
a All!fl'llffla
...,_
s

Mses IMflleMedeS

GU ,TUAUDAOU l l•sct11cstrt 201' 73


a INTERNACIONAL ÃFRICA

TRAGAM NOSSAS
A África Subsaariana
.-
e, a reg,ao em que a
c.AROTAS DE VOl1A
M.ães de meninas
sequestradas pelo
ONU concentra a maior grupo extrM1ista
Boko Haram, na
parte de suas forças de Nlg«ta, Qffl 2014
paz, com 111 mil homens

Os esforços internacionais e dos gover- e o centro-sul, com população cristã e


nos locais para o con1bate conseguiram animista, são motivos de conAito.
reduzir o número de novos casos decon- Conflitos étnicos e religiosos foram
taminação em 41% de 2001 a 2014, mas responsáveis por ruais de 10 núl mortes
essa continua a ser a região mais conta- entre 1999 e 2006. A tensão religiosa
minada do mundo, com estimativa de 1,4 aun,entou a partir de 1999, quando o
milhão de novos casos apenas em 2014. estado de Zamfara, no norte, adotou a
Também são endêmicas na região a sharia, a lei islâmica. Em dois an~ essa
malária, o sarampo e a tuberculose. A lei passou a vigorar em 12 dos 36 estados
partir do final de 2013, os países do oeste nigerianos, todos no norte. Atualmente,
foram vitúuas do pior surto de ebola já so de independência transcorreu sem o maior desafio das autoridades do pais
registrado. Ele atingiu particularmente guerras. Porém, nações colo1Üzadas é com.bater o terrorismo do grupo Boko
Guiné, Libéria e Serra Leoa. De acordo como Argélia (pela França), República Haram,ligado ao Estado Islâmico, que
com a Organização Mundial da Saúde Democrática do Congo (Bélgica) e An- pretende in1plantar no país un1 Estado
(OMS), foram mais de 28 mil casos e gola (Portugal) enfrentaram guerras du- islamita conservador. Os extremistas
11.316 mortes até fevereiro de 2016. ríssimas para conquistar a autonomia. invadem aldeias, realizam genocídios
e sequestram mulheres.
A partilha do continente Conflitos
Grande parte da pobreza e dos atuais Criados artificialmente, os novos Es- SUDÃO DO SUL Após uma guerra civil
confrontos na África tem origem na tados reun.iaiu diferentes grupos étni- que durou meio século e deixou 2 mi-
intervenção estrangeira. Desde o século cos, com histórias e costumes distintos, lhões de mortos, o Sudão e o Sudão do
XV, a África é subjugada e espoliada carecendo de wnautêntico sentimento Sul separaram-se em 2011. A indefinição
pelos europeus. Durante quase quatro de identidade e urudade nacional. Em sobre as fronteiras definitivas entre os
séculos, Portugal, Espanha e Inglaterra pouco tempo, começaram violentas d.is- dois países provoca atritos, principal-
levaram negros africanos escravizados putas pelopoder,golpese ditaduras mi- mente por causa da província de Abyei,
para servir de mão de obra no conti- litares, que por sua vez suscitaram novas rica em petróleo, que fica no Sudão.
nente americano. Estima-se que cerca interyenções das grandes potências. O controle pelas reservas petrolíferas
de 12,5 milhões de africanos tenham A AÍTica Subsaariana é a região em do Sudão do Sul acirra as disputas entre
desembarcado à força nas Américas. que a ONU concentra a maior parte de o presidente Salva Kiir e o vice-presi-
Só no Brasil, o número de negros es- suas forças de paz. Em dezembro de dente demitido por ele, Riek Machar.
cravizados foi de pelo menos 4 milhões. 2015, atuavam em todo o continente Em 2014, os confrontos entre os grupos
No fim do século XIX, as potências nove missões anna~ somando 111 mil ligados aos dois políticos transforma-
europeias i1-úciaram tmia nova corrida pessoas, em oito países: Mali, Libéria, ram-se em uma guerra civil que causou
imperialista para controlar as matérias- Costa do Marfim, República Centro- milhares de mortes e deslocamentos po-
-primas e novos mercados da África para Africana, República Democrática do pulacionais. Nos últimos meses de 2015,
seus produtos manufaturados. Para re- Congo,Sudão, Sudão do Sul e Marrocos a ONU fez umapelo público de ajuda, pois
solver os desenteudin1entos, ocorreu a (Saara Ocidental). 4 milhões de pessoas pode-rian1 morrer
Conferência de Berlim, entre 1884e 1885, Veja a situação atual de alguns países de fome. Em fevereiro de 2016, o conJlito
em que as principais nações europeias africanos abalados por conftitosinternos. no Sudão do Sul cessou, pois Salva Kiir
definiran1 uma partilha do continente e aceitou reconduzir Riek Machar à vice-
criaram fronteiras artificiais para suas co- NIGÉRIA Maior produtor de petróleo e presidência, mas teme-se que o acordo
lônias, sem levar em conta as diferentes mais populoso pais daÁfTica, a Nigéria não seja definitivo. Aturuu entre os dois
etnias que vivem no território. superou a África do Sul como maioreco- países três forças de paz da ONU.
Após a II Guerra Mundial (1939- nonúa do continente em 2013. Conn1do,
194S), o modelo colonial entrou em mais da metade de sua população vive SOMÃUADesde 1991, a Somália é palco
decadência, e cresceram os movimen- na pobreza. As desigualdades na distri- de uma feroz disputa entre clãs rivais
tos por independênda nas colônias buição de renda e cultura entre o norte, e, mais recentemente, entre núlícias
africanas. Em muitos casos, o proces- de maioria muçulmana e mais pobre, islâmicas radicais e o governo. A fragi-

74 GEATUALIOADUjl•suncrtro:lOlG
RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
lidadedo pode r central facilitou aacão Estima-se que cerca de 6 milhões de
• •
de piratas no Oceano Indico e no Mar pessoas te nham morrido no conflito, o Africa
Vermelho. Os terroristas do grupo AI mais sangrento desde a II Guerra Mun-
Shabab, ligado à AI Qaeda, dominavam dial. Houve avanços na pacificafão, mas CRESCIMENTO ECONÔMICOAÁfrica é um
regiões ao sul, mas perderam terreno cerca de 80 grupos rebeldes e milícias dos continentes com maior potencial de
para as tropas oficiais. Em 2014, tropas continuam a atuar no leste, onde ex- crescimento econômico e atrai investi-
dogovemoedaAmisom,amissãodepaz ploram ilegalmente a m.ineraf ão e se mentos internadonais, espedalmente
da União Africana, Ian.,ar.un ofensiva confrontam. Em 2016, atua no país a da China. Reúno 54 países• 1,1 bilhão
contra o Al Shabab, retomando várias maior força de paz da ONU no mundo, de habitantes. Nos últimos 15 anos, a
cidades. Deslocado de suas bases, o grupo com 22 n1il pessoas. A RDC recebe economia do continente cresce a taxas
se reorganizou na fronteira com o Qu- investime ntos da China em estradas elevadas, movida porfortesexportações
ê nia, e passou a atacar aquele pais, por de ferro para viabilizar a exportação de commodities para a China e outras
apoiar o governo somali. No pior ataque de núnérios por um porto no Atlântico. nações emergentes. Esse crescimento,
em anos, em abril de 2015, o AI Shabab contudo, é afetado pela queda dos preços
assassinou 147 estudantes em uma uni- MALI Situado no noroeste africano, internacionais das matérias-primas.
ver sidade no nordeste do Quênia. essa ex-colônia francesa tem a parte
norte do território ocupada pelo Deserto PETRÓLEO E MINÉRIOS A África abriga
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA 00 CONGO do Saara, onde diferentes grupos tua- quase 9%das reservas globais de petróleo
(ROC) Seis países (Angola, Uganda, regues armados lutam por autononlla. e gás e exporta também minérios valiosos,
Ruanda, Burundi, Re pública Centro- A partir de 2012., os tuaregues orga- como ouro e diamantes, estanho, cobal-
Africana e Namíbia) e vários grupos nizam-se no Movimento Nacional de to, níquel e cromo. Porém, o baixo nível
guerrilheiros se envolveram na guerra Libertação de Azawad e tomam várias de industrialização e a dependência da
civil da República Democrática do Con- cidades no norte. exportação de commodities fragiliza a
go (RDC), inic iada e m 1998, motivada Na mesma região, atuam terroristas economia dos países.
pela disputa por riquezas n1inerais. da Ansar Dine, braço da AI Qaeda no
Após um frágil acordo de paz assinado Magreb Islâmico, que pretende instau- ÁFRICA SUBSAARIANAÁrea mais pobre do
em 2003, os confrontos irron1peran1 rar um estad o islamita, e acentuam-se planeta,compreende 48 nações da região
com maior intensidade em 2008. os conftitos armados entre tuaregues, central e sul do continente, delimitada
Quatro anosde pois,a e ntrada do gru- terroristas e tropas federais, todos con- ao norte pelo Deserto do Saara. Aregião
po M23, composto de antigos rebeldes tra todos, alé m de sequestros de turis- concentra a maioria dos casos de doen-
que integravam o Exército, gerou mais tas e atentados dos jihadistas. Desde ças Infecciosas no mundo, como malária,
instabilidade. Os conflitos armados são 2013, atuam no pais tropas da França, tuberculose e aids.Aregião sofreu o pior
mais fortes na região leste (próxima à da União A&icana e da ONU. llll surto de ebola da história, com mais de
fronteira com Uganda e Ruanda), rica 28 mil casos e 11 mil mortes.
e m miné rios raros como ouro, estanho, PARA IR ALEM Timbuktu (de Abderrahmane
cobalto, tântalo e nióbio. Em 2013, os Sissako, 2014) indicado ao Oscar 2015, conta o PARTILHA OAÁFRICAA flm do soluciona-
1.700 combatentes do M23 depuser.unas drama de um pescador do Ma~ que é perseguido rem sua disputa pelo território africano e
armas e iniciaram conversações de paz. por grupos j ihadi stas. suas riquezas, as nações europeias pro-
moveram entre 1884e 1885a Conferência
........................................................................................................ ........................................................
...................................................
.......
.........
......... ......
..................
........ .........
....... ......
..........
......... ....................
........... ............
.... .......
de Berlim. Oencontro dividiu o continente
. entre.essas potências, crlandofrontelras
.................................................... .......................................................
........................................................................................................
( SAIU NA IMPRENSA ......
...................................................... artificiais, que não levaram em conta os
territórios originais das diferentesetnlas,
EUA E ALIADOS LUTAM CONTRA do Sudão, naAfrlca Oriental, para que não suas religiões e seus costumes.
EXPANSÃO DO EI NA ÃFRICA rumem ao Oriente Médio. Em vez disso, são
orientados a ir para a Líbia. A lnteligênda CONFUTOS 'wrios países africanos enfren-
O braçx:, do Estado Islâmico (EI) na líbia dos EUA afirma que o objatlvo imediato tam guerras civis motivadas pela disputa
está se alastrando sobre uma ampla área do EI é constituir um novo califado neste dos recursos naturais, por rivalidades ét-
da África, atraindo novos recrutas de países pais: há sinais de que o grupo estabelece nicas ou contra ditadores. Grupos terro-
como o Senegal, que estavam em gran- instituições de govemança por lá.(•••) ristas, como o Boko Haram, na Nigéria,
de parte imunes à propaganda jihadista. -O EI na líbia tornou-se um ímã queatral o AI Shabab, na SomáUa, e o Ansar Dine,
Autoridades africanas, junto aos aliados pessoas não só no país, mas do continente no Mali, seguem orgaolzaçõ-es como a
ocidentais, aumentam os esforços para africano, bem como de fora - enfatiza o AI Qaoda • o Estado Islâmico. Elos roall.
combater a ameaça. (...) diretor da Agência Contrai de Inteligência zam atentados, sequestros e massacres,
Líderes do EI na Síria estão avisando a (CIA) dos EUA, John Bronnan. c-ausando o deslocamento de grandes
recrutas que vêm de nações do oeste afrJ- contingentes da população.
cano, como Senegal e Chade, bem como Jornal Extra U/2/201' .........................................................
....... ..... .. ... ..................... ..... ..... .......
........................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 75


a INTERNACIONALDESCUBRA

'
Artico é uma região localizada neta, é visto como uma grande opor-

ADISPUTA O no extremo norte do P,l31!eta,


formada pelo Oceano Artíco e
por uma calota de gelo de águas sali-
tunidade pelos países que circundam
a região. Basicamente, o degelo no
Ártico abre duas possibilidades de

PELO ÁRTICO nas. As alterações climáticas, contudo,


vêm alterando essa configuração. Com
a elevação da temperatura média do
exploraç.ã o econômica: a abertura
de rotas marítimas con1erciais e a
extração de petróleo e gás.
planeta observada nos tlltimos anos, A seguir, você confere como essas
a camada de gelo do Ártico está der- novas perspectivas econônúcas abrem
Derretimento da calota de retendo - algumas projeções indicam uma disputa que mexe com o interesse
gelo no Polo Norte permite que, a partir de 2040, não haverá mais dos países da região. Note que a pro-
a abertura de novas rotas gelo durante o verão. jeção dos mapas é diferente daquelas
marítimas e o aumento na :Mas esse fenômeno, que pode cau- mais utilizadas frequentemente - os
exploração de gás e petróleo sar uma catástrofe ambiental com planisférios. Neste caso, apresentare-
consequências devastadoras para o mos a área do Ártico a partir de uma
lnlorrtftco AlexArgozlno ecossistema ártico e o clima do pia- projeção conhecida como azimutal. ll!I

NOVAS ROTAS COMERCIAIS CAMlfflOMAISCIIITO


Aro ti Nordtste rtduz tm
O _ d , """"" dtplo do 1<1!., wlapm da Europa p,.ra
Artict ponlbllltu uer1»ra dt dila, o leste a.slitlco.JJ arota.
rot.u para. a trMssla de navios. Uim
Noroeste <ria um ata1hotntre
dola,, ainhodcba,mo Mo<Msll, a Europa e i cosu otstl dos
<IOIDrNIQOWaliiAoutn
Estallos Unido<
h .... Nonfos11,que ' ""
pàa...UdaRllssluJU ROTANORDESTE

__,._ ~ffl
utllzadadurut» ove<lo.

""""°"""'"ª
aur.arl:a oÃr1kl ....
mntro, em caso de
:i,:~

POSSIV!LROIA

OCEAHO I.RTKXJ
~:l i
ROTA NOROESlE
.?. Polo 11o<i.e l
,
1

1982 2040
Em um ptríodo dt PCIUO> Nls de 30 AAdmlnlstra!lo Hodonal O<.o2nkat
anos, oArtko pe rdou 1')% da umad• de Atmosflria (NOMJ pro.O quo opio dt
ttlo regirtndadurant'1 ovti1o, dwldo Octano Ãrtko podt doUpall(III
aos efoltM das muclanç,s cllmltka< totafmentt durmtt o vtrSD tm 20"'°.

felnle:IQIIA

76 GEATUALIOAOES l l•scmcstrc 201'


FRONTEIRA EXPANDIDA
Qna, pals11 dmdlrtlto l ,.plon!lo,con6mka doArti<0<
Est,dos Unido,, wad~ Olnanwu, Noru•p• ROssla. Elts
podem expknrcomordlfmonte uma1reado at4 200 mUh~
nlutlas(370 km) a partir da sua cost>. Com o dorrtdmonto da
amada do pio, ossts ~ses- com cxcaç1o da Nonr1p-querem
ampliar os dlrtltos para ,wm d,sst llmltt. ArtJvlndk•!lo•
lloload• na Conwnçlo da ONU sobf• o Olrtlto do M.lr, quo prtvl
aampl~o dtsn zom uso comprovt'iQ qu; a pfatzforN
<Xll'fti:nental ultra~ua as 200 mllbas, No 1squ11m ibalx», tsb.
rear10 comprtondt a*ptmforma continental asttndJd.1.•.
No mapa ao lodo, Yod vf u por111ts doArtito aqut <adana!lo
Ji ttm dlrtito e, na parti! mais ctntnl,>Sittu rtl,lndlcadas.
ZONASIIAIIITIIIAS
Em milhas niutlus (mnr

GRllENLÃIDA
(Dl1811'1i1IU)

-
......
Ãf&dt

RECURSOS ENERGlTTCOS
arettiKdrnlbeunu
de U(UBOS IUlUralS
n&leno erauubsolo
dc11xea11t
• 1m111a nauaue&1tepmde
a 1.ISJ naros

Odtgtlodo Artko pormlb!que ampos dt potróleo • gls que anb!strarn ln,tlngl'ttls


passem a ser cxplortdos. No mapa a~o, nott que, na rt&líSo mah <1ntral reivindicada
pelos pal"'do .lrtim,o pottnd•I dt aplor•!lo• menor, mosalncl> ,sslm o
lrmstlmonto esu se tornandovl:hel. Nos grãfioos:, porctbt-se qut a ROssla to pais que
mais dew se bln;f\clarcom adtscobert.1.desses novos recursos 1ne116tkos.

..Prdabl'41adeuallaladtpeloffl!n:isunc.anpodepetJO!et
t/OU&as naodesaiberto cim rewra9Jptrlffl5 t snmlllees debafls

PROOUÇM) DEIE!lt(IUO POTIKOAl ARTICO OCEMO ARTICO


NO OCEANO AITICO ll(ClEOEGAS
EmMMbot/i- ••
• Gi< natur,l llqcldo •'
• EIIAl"•lll a Norutp Gis
'
a e.,,,~ IQnla
• Oito
" .......
.....,
tlutuuos s,'11
»

j " llfNAMAACA
~ (liroe1Cahd1l)

!li w

sll. -
'4.12
-
2-a


'•.
o
1010 »1' lOl"O m, lO)O
f'Onla: USG\ Ryslífd CDfQ1
-.all6esff lian'IStleóllotqdUIII! ptr41a · ·~ ·-.,;
· · · ·.:.:..:. ~ ..,,_
····::.:::
· tfrast,ro.,,
m BRASIL IMPEACHMENT

Desde o final de 2015, a presidente Dilma Rousseff sofre a


ameaça de perder o cargo em meio a uma grave turbulência
política. Entenda como funciona um processo legal de
deposição de um governante
JOGOS DE PODER
A presidente Dllma
Rouss«feovlce
Michet TemE1r:
posslblUdade de
Jmpeachment
abalou a rolaç.lo
m BRASIL IMPEACHMENT

Delcídio teria acusado a presidente de Dilma é acusada de ter cometido


interferir 11.as investigações da Lava Jato crimes de responsabilidade, atos que
ao usar sua influência para evitar a pu- Jesan1a Uniãoouamea4t3Il.tsua existên-
nição de empreiteiros investigados pela cia. A Constituição e alei de 1950 defi-
operação - uma das ações seria a nome- nem oito crimes de responsabilidade do
ação do ministro Marcelo Navarro para presidente da República - dentre eles,
o Superior Tribunal de Justiça (STJ). colocar en1 risco a segurança inten1a do
No diaseguinte,o ex-presidente Luiz país, lesar os direitos políticos, indivi-
Inácio Lula da Silva foi levado pela Po- duais e sociais dos cidadãos, cometer
licia Federal para prestar depoimento ato de improbidade administrativa e
ilma Rousseff ainda não tinha sobre sua suposta relação com o esque- descumprir a Lei Orc;amentária Anual

D completado o primeiro ano de


seu segundo mandato presi-
dencial quando, em dezembro de 2015,
ma de desvio de dinheiro na Petrobras.
Apesar de a denúncia de Delcídio não
ser baseada em provas e as acusações
(LOA), que define as despesas e receitas
do governo, a cada ano.
Qualquer cidadão pode requerer
o presidente da Câmara dos Deputados, contra Lula não implicarem diretamente o impedin1ento de um presidente da
Eduardo Cunha (PMDB), acolheu wn o governo de Di.lma, os dois futoscontri- República. Mas as acusações têm de
pedido de abertura de processo de in1- buíram para que a pressão em favor do ser muito bem fundaJ.Uentadas, com
peachment contra ela, elaborado pelos impeaclunent voltasse a ganhar força. provas e lista de testemunhas. Além
advogados Hélio Bicudo, Miguel Reale da deposição, o in1peachment pode
Júnior e Janaína Paschoal. Esse foi o Conceitos resultar, ainda, em punições legais
desfecho de um ano conturbado para a Impeaclunent é a palavra em inglês (como prisão) e a perda dos direitos
presidente, que atravessou uma trilha para "impedimento•. Ea destituição legal políticos - o condenado fica impedido
tortuosa de debates jurídicos e negocia- de uma autoridade do poder público, dese candidatar a qualquer eleição por
ções políticas, costurada por manifesta- que tenha sido julgada e condenada por um prazo de até oito anos.
ções nas ruas e escândalos de corrupção. crime. Devido à seriedade da questão, o O único presidente brasileiro a ser
Em março de 2016, quando a pressão impeachment de um presidente da Repú- destituído por irupeachment foi Fer-
acerca do impeachment começava a blica é matéria defuúda na Constin1ição nando Collor de Mello, em 1992 (veja
se acomodar, tanto nas ruas como nos Federal. Apesar de a Carta Magna em boxe abaixo). Mas pedidos para depor
corredores do Congresso, novos fatos vigor ser de 1988, a lei do impeaclunent o líder do Executivo não são raros.
voltaram a colocar Dihna na defensiva. ainda é de 1950. Poden1resultaremimpe- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Preso em novembro de 2015 sob a acu- achment crúnes comwlS, como roubo ou Silva foi alvo de 34 requerimentos em
sação de atrapalhar as investigações da homicídio, ou crimes de responsabilida- seus dois mandatos. E Fernando Henri-
Operação Lava Jato, o senador Delcídio de, desde que cometidos no mandato em que Cardoso, de 14 pedidos. Com Dilma
doAniaral (PT-MS) teria feito acusações vigência - ou seja, qualquer ato ilícito que não foi diferente. A Câmara recebeu
à presidente em depoimento à Procura- tenha sido cometido por um presidente dez requisições, nove delas imediata-
doria Geral da República (veja mais sobre em mandato anterior, ou em cargo que mente arquivadas por não atenderem
apristlo deDelcídioea Lava Jato napqg. não seja da Presidência, não constitui aos requisitos núnimos, com acusações
84). Em acordo de delar'º premiada, acusação válida para o impedimento. bem fundamentadas.

CASOS EMBLEMÃTICOS DE IMPEACHMENT

O prlmofro caso do lmpoachmont do quo so tom noticia na história ocorrou no século XIV, na lnglatorra, om
um procosso do parlamonto contra o barão Latfmor, acusado do favorocor Inimigos do rofno o dosvlar rocursos
quo seriam dovldos ao rol, Eduardo Ili. Entre os procossos mais famosos no mundo, esü o do presfdonte dos
Estado, Unidos (EUA) Richard Hlxon. Envolvtdoom um osdndalodoosplonagom na sode do Partido Domocrata,
o ropubUcano Nlxon acabou renunciando om 1974, antos da condusão do procosso do lmpoachmont.
No Brasil, o tlnlco prfllldente a ser dlllltltufdo por lmpoachmont foi Fernando Collor de Mollo, em dotembro de
1992. O quo motivou a sua dostltulção foi um osdndalo de corrupçio, conhocldo como "Esquoma PC" - uma
pr"ka do lavagom do dlnholro no oxtorlor comandada por Paulo Usar Farias, tosourolro da campanha ololtoral
do Collor. As don6nclas mobilizaram protostos polo pais e doram origem ao movlmonto dos Caras Pintadas.
Horas antos da decisão ftnal pilo lmpeachment no Sona do, CoUor renunciou, tentando ovltar a perda dos
dlrolto.s polttlcos. Mlllmo assim, o Sona do aprovou a dostltufção do prosklonto no dia 29dodozimbro do 1992.
O vlce-prQSldenti, Itamar Franco, assumiu at4o final do mandato. Duranto oito anos, CoUor ftcou fnotoglvol -
proibido do se candidatar a qualquor cargo plblla,. Em 1994, o ox.pn,sldonto foi absolvido em procosso almlnal
polo Supremo Tribunal Fodoral (STF). Elo voltou ao c:onérlo polltlco om 2006, ao ologor-so sonadorpolo estado
do Alagoas. Em 2014, folro«elto.

80 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


WLA NA LAVA JATO
O e*presld1mte Luiz
lnádo lula da Silva
prestou depolmEinto
à Polida Federal
no Aoroporto de
Congonhas (SP)

Pedaladas fiscais São manobras con-


tábeis adotadas para ajustar, no papel,
as contas do governo, simulando um
saldo positivo inexistente ou maior
do que o real. Segundo a acusação, o
governo Dilma teria usado dessas ma-
nobras em 2014, ferindo a Lei O,;a·
mentária Anual (LOA). As pedaladas
teriam ocorrido quando o Ministério da
Fazenda atrasou o repasse de recursos
Acusação e defesa lhão acima da estimada. Mas, segundo para a Caixa Econômica e o Banco do
No pedido de impeachment acolhido a acusa4jão, essa receita seria artificial: Brasil, responsáveis pelo pagamen-
por Eduardo Cunha, Dilma é acusada Diln1a teria aumentado os gastos saben- to de programas e benefícios sociais,
de ter cometido os três atos a seguir, do que não teria fundos para cobri-los. como o Bolsa Familia, aposentadorias
que se encaixariam na categoria de Com isso, segundo a acusação, o gover- e seguro-desemprego. Sem o repasse,
crimes de responsabilidade. no estaria desrespeitando as metas fiscais esses beneficios foram pagos com re-
definidas na Lei de Responsabilidade cursos dos próprios bancos.
Corrupção n.-. Petrobras Atos de Fiscal, que obriga o governante a seguir O Tribunal de Contas da União
corrupção configuram improbidade as metas previstas no orçamento. Essas (TCU) considerou essas medidas como
administrativa. Segundo a acusação, a metas são as prioridades do governo empréstimos indevidos dos bat1cos
presidente teria ciência dos casos de federal, definidas com as re.s pectivas estatais ao governo, e recomendou ao
corrupção na Petrobras investigados na previsões de receitas e despesas na Lei Congresso Nacional rejeitar as contas
Operação Lava Jato, sem ter feito nada de Diretru.es Orçamentárias (LDO). do governo daquele a.no. O governo
para impedi-los. Porém, a presidente É na LDO que se define se o pais terá nega a acusação e afirma que são ope-
não é investigada oficialmente na Ope- un1 superávit primário ou um déficit rações contábeis legais, regularn1ente
ração Lava Jato, e fatos ocorridos fora primário - ou seja, se ao final do ano as empregadas por governos anteriores.
de seu atual mandato não podem ser contas estarão no azul ou no vermelho. A rejeição das contas depende de jul-
usados para o impeaclunent. O governo pode propor revisão das gan1ento no Congresso, o que não havia
Dilmachefiou o conselho de adminis- metas ao longo do ano de modo a apro- ocorrido até o fechamento desta edição.
tração da estatal entre 2003 e 2010 e foi ximar a pron1essa da realidade, sempre Em deumbro de 2015, o governo federal
apontada por um dos delatores da Lava com a aprovação do Congresso, mas não pagou a dívida de 55,6 bilhões de reais
Jato como responsável pela compra da pode avançar sobre elas por decreto. referente às pedaladas de 2014, e acres-
refinaria de Pasadena, em 2006 - um Segundo a LDO de 2015, o governo de- centou outros 16,8 bilhões, para.garantir
negócio que, segundo investigações do veriama11te-r,n.aquelea110, um superávit qualquer acusação sobre eventuais ma-
Tribunal de Contas da União CI'CU), primário correspondente a 1,1% do Pro- nobras em 2015 (veja mais na pág. 91).
lesou os cofres públicos em mais de 700 duto Interno Bruto (PIB) . Acontece que
milhões de dólares. Segundo a defesa da uma semana antes de editar os decretos Rito do impeachment
presidente Dilma,a autorização foi dada autorizando as despesas extras, Dilma Entre o pedido de impeachment ser
com base em análise técnica do negócio e, apresentou um projeto de lei alterando a protocolado na Câmara e o Congresso
portanto, sem intenção de lesru-a estatal meta fiscal e transformando o superávit dar a sentença final, existe wn rito a
que estava previsto em 2015 em déficit ser cumprido - uma sequência bem
Créditos não autorizados No se- primário. No entanto,o Congresso apro- definida de análises por comissões es-
gundo semestre de 2015, Dilma deter- vou essa revi.são feita pela presidente em peciais e votações em plenário, tanto
minou, por uma sequência de decret05> dezembro, dando argumento a favor da na Câmara quanto no Senado. O rito
um aumento de 2,5 bilhões de reais nas defesa: Dilma não teria ferido a Lei de define acoruposiç-ão das comissões e a
despesas do governo, que seriam lastre- Responsabilidade Fiscal com os decretos forma como seus membros são eleitos.
ados por 900 milhões de reais a mais de meados de 2015 porque àquela época Define, também, o papel da Câmara
arrecadados e uma poupança de 1,6 bi- se previa, ainda, um superávit e do Senado no trâmite do processo.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 81


m BRASIL IMPEACHMENT

ORITO DO IMPEACHMENT
Osupremo Tribuno! í<cler>I decidiu quu amar, dos O.pulados•, porta deenuad, de um pedido de
o
VOTAÇÃO EM PLENÃRIO DA CÃMARA
lmpuch mrml Mas f do Sonado a respongbjlidade de Instaurar oprocossoe tomir ,;e decisão final
SQ a comissSo~rovar i abortura do prOQsso, dois
U!rços dos depllbdos t.amWm precisam ser t fnor
~11 o td.mite seguir; se for contra, dois terv,s

o o
COMISSÃO OACÃMARA
precisam dorrubM o ~er. So o pedido do 1btrtu ra
cio processo for aprO't.ido, am.atf rli >oi» Senado.
PEDIDO
Qualquer clda,llo pode UN comissão com dep1.1Qdos dt todos os ~rtidos e 1
pedir o impuctimentdo ~nadas ;nalisa o pedido t i dtfesa do r4u eemite
pr,siclentt d• Repô bllcL um ~ro<tr contra ou a favor do impadlmtnto,
Qu1111 nlta. ou recusao
podido 4o pr,siclentt d•
a mm dos O.putadcs.

o
ACUSAÇÃO
Nm mmiss2oespoclal no Sc!nado, lndkada pelos
líderes de ada partido, red!tt um documento mm ~
acu~s contn. o preçldenteda Al!pObllca. O

---- o VOTAÇÃO EM PLENÃRIO 00 SENADO


documento4nowamtntR ltwado a.o plenãrlo do
S.n*-. Se~rovado, tem lnkloa fase dêjulgamento.

Aclecislo do a,mi'1lo• -em pl,nlr~. ondo """'


i opinião da m.lioria slrnpfes; motadt dos senadorts mais
um. Se adaciai:t for pela aberturado proctSSO, o
o Só•
presidenta da lepObliu f afastado temporWmonte do

e
u.rgo. Assum; o•ke. oprocesso élnstau r.ado.
COMISSÃO 00 SENADO
No~. uma comissão
tm!te um pa.rffl! rcontra ou i
b.vor da abtrtu r.i do processo.

e ---1
o
JULGAMENTO
t rean.zado no plenkiodo Senado, mm a
x usaçlo e a defesJi se rowtando.. O
impe3'hmtnt ocono se tiver ovoto de dois
tuios doi senador,s. So for >l>so!Yldo, o
presldento reassume ocu,o imodimmonw.
SQ condenado, 4ah.s.tadodmnit111~nta do
urro. Otice assu mu:t4 ofinal do mandato.

Assim que deu entrada no pedido de Cenário político e econômico


impeachn1ent, Cunha convocou elei- Como o ímpeachment Como um processo de impeachment
ções para a comissão especial que deve passa pelas mãos do Congresso, é fácil
aprofundar a anãlise e elaborar relatório
depende do Congresso, entender que a decisão é política - de-
recomendando, ou não, o impeachment o processo acaba sendo pende da for\"' do governo e da oposição
ao plenário da casa. A comissão deve ser no Legislativo. Um dos principais prota-
composta de 65 membros, eleitos pelos
mais político do que gonistas do processo, Eduardo Cunha, é
líderes de cada partido, na proporção de propriamente juridíco francamente a favor do impeaclunent.
sua participação na casa. Mas Cwlha, Mas sua credibilidade está comprome-
baseado no regimento da Câmara, alte- tida, após ser denunciado na Operação
rou as nomias. Permitiu a formação de comissão. O STF também decidiu que Lava Jato por suposto recebimento de
uma "chapa alternativa", formada por o Senado terá a prerrogativa de decidir propina desviada da Petrobras.
adversários de Dilma, e permitiu que pe la instauração ou não do processo. Apesar disso, Cunha ainda conta com
e les fossem eleitos em votação fechada, Desse modo, a presidente só será afas- um grande número de deputados como
ou seja, sem identificação dos vot3lltes. tada do cargo, temporariamente, depois aliados que, somados à oposição lidera-
O STF considerou que o regimento que o processo seja efetivaiuente ins- da pelo PSDB, poderiam angariar apoio
da Câmara não está acima da lei do taurado no Senado ( veja o rito completo, para levar adiante o processo de impea-
impeachment e cancelou as eleições da no infográfico acima). clunent. Por sua vez, o PT acredita que,

82 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
mem1ocom tmia base aliada frágil e nem tratamento que recebe da presidente,
semprefielàsvotações do governo, tem vazou na imprensa. Poste riorn1ente, lmpeachment
votos suficientes para barrar a maioria o vice tratou de amenizar a questão e
de dois terços necessária para fazer o tentar uma reaproximação com Dilma. CONCEITO Palavra que significa impe-
processo prosperar na Câmara. ?vias o mandato de Temer também dlmonto, ó a dostltuição togai do podor
Neste cenário, a voz das n1as pode pode estar ameaçado, por processo aber- público do uma autorldado Julgada ocon-
exerce r wn importante papel para in- to 110 Tribunal Superior Eleitoral (TSE) denada por crime. No Brasi~ são motivos
ftuenciar os votos dos congressistas na que pede a impugnação da chapa Dilma- para lmpeachment os crimes comuns ou
votação do impeachn1ent. Do lado de Temer nas eleições de 2014. cri mos do rosponsablUdado (atos quo le-
fora das paredes do Congresso, a popu- Aação no TSE foi movida por partidos sam a União ou ameaçam sua exlstQncla).
laridade da presidente despenca. Além de oposi",ão liderados pelo PSDB e apon- Dentre os crimes de responsabilidade
dos escândalos da Lava Jato, o aun1ento ta supostas irregularidades na campanha estão colocar em risco a segurança ln-
da inflação e do desemprego motivaram eleitoral para a Presidência em 2014. terna do país, cometE!r ato de improbi-
núlhões de pessoas a diversas lllanifes- A chapa Dilma (PT) e Temer (PMDB) dade administrativa e descumprir a Lei
tações com panelaços nas varandas e é acusada de recebe r recursos obtidos Orçamentária Anual do governo.Além da
passeatas nas ruas das principais cidades d e desvios da Petrobras. O TSE já havia deposição, o lmpeachment pode resultar,
brasileiras, com o mote "Fora, Dilma". aprovado as contas da campanha, mas ainda ,om punlçõos legais (como prisão)•
O governo alega que o pedido de im- de cidiu aceitar a denúncia e instaurar na perda dos direitos políticos. Na saída
peachment não possui bases fundamen- nn1 processo, que será julgado em 2016. do presidente, assume o vice.
tadas e tem caráter de golpe, promovido Há divergências jurídicas quanto à
pela oposição, que perdeu as eleições de competência do TSE para afastar apre- PROCESSO CONTRA DILMA Em dozom-
2014. Nas eleições, Dilma, candidata do sidente e seu vice, mas uma eventual bro de 2015, o presidente da Câmara
PT, venceu o adversário Aécio Neves, do condenação da chapa abre também a de Deputados, Eduardo Cunha, acolheu
Partido da Social Democracia Brasileira possibilidade da abertura de wn novo um pedido para abertura de processo
(PSDB), com apenas 51,6% dos votos processo de impedimento no Congresso. de impeachment de Ollma Rousseff. A
válidos contra 48,3% para Aécio. Seja como for,se Dilma for afastada do presidente é acusada de três crimes de
poder devido a irregularidades em sua responsabl lidad e: envolvimento e omlssâo
Processo no TSE campanha eleitoral, Temer não poderá nos casos de corrupção na Petrobra s; de ter
No caso de deposição da presidente, assumir a presidência da Repí1blica. O estabelecido por decreto aumento nas de~
assume o vice, Michel Temer (PMDB) cargo será ocupado interinamente pelo pesas do governo acima do estabelecido
até o final do mandato. Desde que o presidente da Cãmara. Se o afastamei,- na Lol do Dlrotrizl>s Drçamontârlas (LDD),
d e bate sobre o i111peach1uent se in- to ocorrer nos dois primeiros anos do sabendo que não terfadi nhei ro para honrar
tensific.ou, o pemedebista adota mna mandato, elei,ões diretas são convocadas os compromissos; e de usar pedaladas
postura ambígua em relação a Dihna. num prazo de 90 dias. Caso o afasta- fiscais- manobras contábeis que simulam
Poucos dias após o pedido pela aber- mento ocorra na segunda metade do um saldo positivo maior do que o real
tura do processo ter sido aceito por mandato, o novo presidente é eleito em
Cunha, uma carta de Temer, na qual 30 dias, por eleições indiretas, nas quais CRISE POUTICA O processo do lmpoach-
ele reclama diretamente a Dilma do só parlamentares votam. IE ment passa pelas mãos de deputados e
senadores, por Isso depende da relação
......................................................
......... ............................' ............' . .......................................................
...................................................
......................................
...............' ..............................
.
' .............
...............
.....................................................
.............................' ...............
do gowrnocom a oposição nas duas casas
, SAIU NA IMPRENSA do Legislativo. O presidente da Câmara,
.................................... ................
...................................................... .......
...............
, ..............................................
, ....................................
....................................................
Eduardo Cunha ,denunciado na Operação
Lava Jato, entrou em atrito dirE!to com a
OAB ESTA RACHADA SOBRE gações da Operação Lava Jato na análise presidente Oilma e apoia abertamE!nte o
IMPEACHMENT DE DILMA, sobre como a entidade vai se posicionar processo de lmpeachment
DIZ PRESIDENTE DA ORDEM em relação ao lmpeachment (...)
Na primeira análise,portrêsvotos a dois, CRIMES ELEITORAIS Uma ação aproson-
Oprosldontoda OAB (Ordom dos Advoga- a comissão especial da OAB que analisou se tada polo PSDB ao Tribunal Suporlor Elol-
dos do BrasiO, Cláudio Lamachia, afirmou caberia o impeachment de Oilma rejeitou toral (TSE) foi acoita, !ovando à abortura
nesta terça-feira (16) que a entidade está endossar o afastamento por causa da aná- de um processo que pode Impugnar a
dMdida sobre qual posição tomar em rela- lise do TCU. Oontondlmonto majoritário foi chapa Oilma-Mich-el Temer, vencedora
ção ao imp-eachment da presidente Dilma que as contas de 2014 se rE!ferem a práticas das eleições de 2014, por crimes E!lelto-
Roussoff, (...) ocorridas em mandato anterior ao atua~ rais.. O processo será Julgado em 2016 e
Desde 2015, a entidade discute se vai o que não poderia justificar o processo pode levar ao afastamento de ambos ou
apoiar ou não o processo de impeachment político do impeachment tornar-se novo motivo para um processo
do Dilma. (,_) Noflm do ano passado, a OAB de lmpeachment no Congresso.
decidiu incluir dados referentes às investi- Folho® S.Prrulo, 16/2/2016 ................................................
................' ...................
'
...............................................................
...........
........................................
'
,
'
................................................................................................................... .....................................................
. . . .. . ........ '

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 83


m BRASIL CORRUPÇÃO NO CONGRESSO

DEPUTADOS E
SENADORES NA
MIRA DA JUSTIÇA
Lava Jato investiga esquema de desvio de
dinheiro na Petrobras que envolve congressistas
de diversos partidos. Entenda como o ambiente
político do Legislativo influencia a corrupção

P<W Oéclo TruJllo

Supremo Tribunal Federal novembro de 2015, Delcídio ton1ou-se

O
S08 IHVEST"AÇÃO
(STF) autorizou em 3 de mar- o prin1eiro senador preso no exercício Os presidentes do
ço a abertura de um processo do mandato desde a redemocratização Senado, RQflln
criminal contra o presidente da Câmara do pais, em 1985. Ele foi solto em 19 de Calheiros (àesq.),
dos Deputados, Eduardo Ctmha (PMDB- fevereiro e teria acertado acordo de edaCãmara,
-RJ). Ele é acusado de corrupção passiva delação premiada con1 o Ministério Eduardo Cunha,
e lavagemdedinheiro.Segundoa denún- Público Federal (veja mais sobre a Lava ambos do PMOB
cia apresentada pelo procurador-geral Jato no boxe da pág. 86).
da República, Rodrigo Janot, em agosto As acusações contra Delcídio e Cunha
de 2015, o deputado recebeu propina representam mais uni passo no cerco ao
como parte do esquema de corrupção Congresso Nacional, impulsionado pelo fase da operaç-ão, aparecian1 nomes de
da Petrobras investigado pela Operação crescimento do número de denúncias parlamentares apontados pelos dela-
Lava Jato. Ctmha teria ganho 5 milhões contra deputados e senadores acusados tores como beneficiários da comipç-ão.
de dólares para utilizar sua in.Buência de corrupção. Como consequência das
e viabilizar a contratação sem licitação investigações promovidas pela Lava Política de alianças
de dois navios-sonda em 2006 e 2007. Jato, o STF já autorizou a abertura de Mas por que tantos parlamentares
A decisão ocorreu apen3s três meses inquérito contra 50 parlamentare.s do aparecem envolvidos em praticamente
e meio após outra medida incomum, PT,PMDB,PSDB,PP,PTBeSD.Alémde todos os escândalos que vêm a público?
também detemúnada pelo STF: a or- Delcídio e Cunha, outro político de peso A resposta tem a ver com o poder que
dem de prisão em flagrante do sena- que engrossa essa lista é o presidente eles detêm e com o ambiente político
dor Delcídio do Amaral (PT-MS), sob do Senado, Renru1 Calheiros (PMDB). no Congresso. A Constituição Brasi-
acusação de dificultar as investigações À medida que avançaram, as investiga- leira, promulgada em 1988, criou um
da Operação Lava Jato. Uma gravação ções referentes à corrupção na Petrobras regime híbrido: é presidencialista, mas
mostrou o senador oferecendo fup e foram mostrando que não eram apenas tem um parlamento forte. Suas normas
dinheiro para que o ex-diretor daArea os funcionários e dirigentes da empresa obrigam o presidente da República, que
Internacional da Petrobras NestorCer- ou os empresários que prestavam ser- é chefe do Poder Executivo,a submeter
veró, investigado pela Lava Jato, não viço à estatal que armavam esquemas à aprovação do Congresso Naciona~ que
o delatasse. Ao ser detido em 25 de para atacar seus cofres. A cada nova é o Poder Legislativo, quase todos os te-

84 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


mas relevantes: nomear os diretores do -se a partidos que tivessem compromis- se recebe#. Mais claro, impossível: para
Banco Central e embaixadores, aprovar sos político-ideológicos semelhantes. Ou ter o voto dos congressistas, o governo
projetos de lei e medidas provisórias, seja,a basegoverrusta compartill,aria um federal tem de oferecer algo en, troca-
definir as diretrizes do Orr"nento da conjunto de princípios básicos eas nego- prática conhecida como 6siologi.smo.
União, implementar progranl.35 sociais ciações seriam em tomo de prioridades. É graças a essa realidade que políticos
e até autorizar questões de rotina, como tradicionais como o ex-presidente e ex-
definir o reajuste do salário mínimo. ''Dando que se recebe'' -senador José Samey (PJ',IDB) e Renan
Logo, para governar,o presidente tem Mas no Brasil há uma deturpa~o do Calheiros permanecem em evidência
de ter unia base alia.d.., com a maior sentido origmal. Para aderir ao governo, por décadas.Eles lideram grandes gru-
parte dos deputados e dos senadores parlamentares e partidos não impõem pos de parlamentares e têm alto poder
ao seu lado. Isso facilita a aprovação de temas que defendem, mas exigem fa- de negociação com os partidos do Con-
propostas do Poder Executivo, o que vores, como verbas para projetosregio- gresso e também como governo federal,
chan,amos de govern.~bilidade. Do nai~ cargos tia administração pública pois manobram muitos votos no Parla-
contrário, ele corre o risco de ver suas ou apoio político. Essa prátfoa levou o mento. Samey e Calheiros, por exemplo,
iniciativas recusadas pelo Parlamento, deputado federal paulista Roberto Car- tiveram posição de destaque tanto no
o que pode inviabilizar o governo. Na doso Alves,morto en11996, are.sumir as governo do tucano Fernando Henrique
essência, a ideia era de que o presidente ali~as que o presídenteé obrigado a fa- Cardoso quanto nos dos petistas Luiz
obtivesse maioria parlamentar aliando- zer para governar na frase "é dando que Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 85


m BRASIL CORRUPÇÃO NO CONGRESSO

FLACRAHTE
A distribuição De!cldlo do Amaral
(PT) foi o prbnelro
de cargos para sMador preso
congressistas e aliados no exercido do
mandato desde a
é uma das principais redemocratlzaçao
fontes de corrupção

O sistema tan1bém dá muita força


aos partidos maiores. O PMDB, por ENTENDA A OPERAÇÃO LAVA JATO
exemplo, que elegeu 66 deputados
em 2014, formando a segunda maior Alava Jato 6 uma grande oporação Iniciada pola Polida Federal (Pf) em mar10 do
bancada, atrás apenas do PT, com 70 2014 no Paran, para lnvostlgar com.1pçio na PQtrobras. Por mofo dQla, foi donuncf a.
eleitos, tem grande poder de pressão do um grando uquQma do dosvlo do recursos Qm,olvondo funclonlirfos da ostatal,
e, consequentemente, de barganha. QmproltQfras o poUtlcos, com pagamonto do propina o lavagGm do dlnholro.
Para atender a seus aliados, um dos Sogundo as concluSÕQS daPF, um grupo do construtoras formou um cartQlquededdla
principais instrumentos que o goven10 a dlstrtbulçâo entro elas dos contratos da Petrobras. Nas Ucttaçõos, os valoros onm
federal tem é a distribuição de cargos, superfaturados. A prAtlca ocorria polo monos dos do o.s anos 1990. Parto do dlnhofro
tanto a congressistas quanto a aliados QXU!donto ftcava com df rotoru da Potrobras o parto lr&a para poUtkos oSQUS partidos.
que eles indicam. São milhares de pos- Um dos principais Instrumentos utilizados~ Just~a durante as lnv..tlgaÇÕQS
tos, muitos deles em funções de alto para dosvGndaros cri mos é a dotação promlada. Trai.se da concossão dobonofldos
escalão em órgãos públicos e empre- a um réu quo dA Informações sobro um osquoma criminoso. So os atos rQlatados fo.
sas estatais. E é justamente aí que se rom comprovados, o r4u tom sua pena roduzlda ou podo cumpri-la om roglmo mais
perpetua a grande base da corrup~o brando, como prisão domiciliar, por oxGmplo. As lnformaçõos da dotação premiada
desvendada pela Operação Lava Jato. dovom corru om sGgrodo do Justiça, mas na Lava Jato muitos dopolmontos estão
Como a máquina federal é gigantes- sondo selotlvamento vazados à Imprensa. Ogovomo critica ossesvazamontos o aflrma
ca, é praticamente impossível que o quo elosQstãosondousados como1rma poUtlca para projudlaro PT o poupar outros
presidente da República controle n,do partidos também donunclados pola Lava Jato.
o que cada um desses altos funcionários Hosprlmef ros moses do 201G, a lnwstlgação chegou ao n6cloo do PT. Segundo donOncta
faz. Assim,eles têm enorme liberdade da Follcla Fodonil, o marquote!ro do PT,João Santana, to ria ,..,,bldodlnhelro llogalmonte
para movimentar grandes volumes de da o,nstrutora Odobrocht no oxtorfor como pagamento por sou trabalho Qffl campanhas
dinheiro e, quandoagen1de má-fé,rou- do partido. Aconfirmação dessa donOnda podorla !ovar àlmpugnaçio dacandldaturado
bar. A Lava Jato está desvendando oca- Dllma Roussofhm 2014 eà a,nsequonto~dado mandato. Jáo sonadordoPT o.lddlo
minho do dinheiro tirado da Petrobras do Amaral teria acortado acordo do douçio premiada a,m o Mlnlst6rlo PObllco Fodoral.
e mostrando que a empresa vem sendo Pola donOnda vazada àlmpronsa, elo toda acusado Dtlma do tontar ajudar na ltbortaçio
lesada sistematicamente há décadas. do oxecutlvos do empreiteiras prosos pola Lava Jato (veja mais na pág. 78/.
Como ela é muito grande, os valores As donl1nclas atlngomtamb6moox-proskfGnteLulz Inácio Lula da Silva. Em março,
desviados chegam• bilhões de reais. olefol conduzido pola Policia Fodoral a prostar dopoimento do fonna obrigatória -a
Masa roubalheira, obviamente, não se chamada a,nduçio coorcltlva. O Mlnlsblrlo PObltco Fedoral aflnna que lula teria sido
restringe à petroleira ou às empreiteiras, boneffdado na compra o refonna do um apartamonto na cidade do Guan.aJ,, litoral
como outras itwestigações já demonstra- do São Pauto, o do rQfonnas realizadas num sitio utilizado por elo o sua famflla Qm
ram. E o trabalho policial revela também Atlbala, no lntor1or pauUsta, mas do propriedade do um amigo, Fornando Blttar.
que nem todo desvio é para beneficio As bonfoltorlas o bons dasproprfodados tortam sido bancado.s porQmprottofros com
próprio. Boa parte do dinheiro desviado é negócios na Petrobras que quorlam agradarlula. O Mlnlst6rlo Pllbllco Fodoral ainda
utilizadoparasustentarofuncionamento acusa o Instituto Lula o a omprosa ULS, ambas ligadas ao ox-pruldonto, do rQcobor
dos partidos e as campanhas eleitorais. 30 mllhõN dt ruis de .mpNttelras denunciadas no .squtma ct.conupçio na Petrobras.

86 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
Mas não é só. O presidente da Câma-
ra tem grandes poderes: e le define a Corrupção no Congresso
Ordem do Dia, que é a lista de projetos
que serão ou não levados para votação !AVA JATO Deflagrada pela Polícia Federal
no plenário. Assim, pode facilitar ou em março de 2014, a Operação Investiga
dificultar os trabalhos do Poder R,e- um amplo esquema de lavagem e desvio
cutivo, barrando projetos de le i que são dedlnheiro da Petrobras,envolvendoexe-
do interesse do goven10. Outra ação que cutivos da estatal, grandes empreitEilras
con1pete ao cargo é a abertura ou não de e políticos de alto escalão. Pela primeira
Comissões Parlamentares de Inquérito vez, são presos empresários e executivos
Defesa dos pares (CPis) que investiguem membros ou de grandes empresas como corruptores.
Quando as investigações apontam atos do governo, por exemplo.
congressistas como autores de delit~ é No entanto, na atual conjuntura políti- CONGRESSO ECORRUPÇÃOA medida que
comum que haja wnareaç-ão,de defesa ca, o presidente da Cântara tem uma ou- as investigações da Operação Lava Jato
do acusado por seus pares. E o que se tra prerrogativa ainda mais forte: deciclir avançam, mais políticos aparecem entre
chaIUa corporativismo ou espírito de sobre a abertura de casos de processos os suspeitos. Recentemente, asconsequ-
corpo. Os processos de cassação são de impeachment do presidente. Ou seja, ências atingiram nomes de primeiro esca-
raros e na maioria dos casos as inves- o presidente da Câmara tem poder para lão, como o sEinador DEilcídlo do Amaral
tigações parlamentares não costumam barrar - ou fazer prosperar- qualquer (PT-MS), líder do governo no Senado preso
darem nada. No entanto, as denúncias tentativa de destituir o presidente da em novembro, e o presidente da Câmara
recentes são muito graves e colocam os República (veja mais na pág. 78). dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-
acusados contra a parede. No caso de Com a autorização da abertura do pro- -RJ), l'Qu em processo por corrupção.
Eduardo Cunha, há documentos ban- cesso de impeachment contra Dilma,
cários apontando a existência de contas essa prerrogativa confere a Cunha wn POUTICA DE ALIANÇAS Para governar, o
e m seu nome na Suíça com milhões de grande poder de barganha - tanto go- presidente precisa ter maioria no Con-
dólares depositados. O deputado n ega verno como oposifâo evitam se indispor gresso, pois multas de suas decisões de-
ser o dono das contas e do dinheiro. contra o presidente da Câmara. Para a pEindem de aprovaçãodos parlamentares.
Uma si1nples suspeita como essa presidente, a simpatia dele seria uma es- As alianças, porém, não são feitas sobre
seria suficiente para forçar Cunha ao pécie de garantia de que o impeachment !delas, mas como troca de favores. Uma
menos a renunciar à presidênc ia da Câ- não prosperaria E os opositores pensam delasé a dlstribulção de cargos.
mara, mas ele resiste e rejeita as acusa- e.'Catmtente o mesmo - que sem Cunha
ções. E, para manter-se no cargo, conta não conseguiriam derrubar Dilma. DESVIOS Grande número dos cargos ne-
com o consentimento de um grande Dessa forma, ainda que as graves de- gocladosé dealtoescalão em ministérios
número de deputados que formam seu núncias tenham minado a sua influência e empresas, e seus ocupantes têm acesso
grupo de apoio, constn1ido ao longo dos na Câmara, ele conta com o respaldo de a grandes volumes de dinheiro. ~ aí que
anos por meio de favores e acordos. São muitos colegas na Casa. Até o fecha- surgem as oportunidades de desvios de
parlantentares que se mantêm fiéis a 01ento desta edição, Cunha pennanecia recursos públicos. Muitos políticos for-
ele em qualquer circunstância. como presidente da Cân1ara. IE mam ao seu redor grupos mantidos com
recursos doados legal ou Ilegalmente.
.......................................... .............. .....................................................
...................................................... ....................................................... Esses UderesadqulrEim grande podEir, pois
.........................................................
.........
.................... ..................... ............... ..............
.............................
........................
............................................................................................................
.......................................................................................................... ........................................................
( SAIU NA IMPRENSA ................ eles têm nas mãos muitos votos de seus
aliados leaisnas votações no Congresso•

CONGRESSO NACIONAL RECEBE deputados em casos de desvio de dinheiro EDUARDO CUNHA Opresidente da Câmara
PIO~ AVALIAÇÃO DESDE do Orçamento da União. O desempenho dos tem inúmeros poderes,como dElfiniroque
"ANOES DO ORÇAMENTO" deputados e senadores do atual Congresso é o plenárfovota.Com isso, exerce enorme
vlstocomoótlmoou bom pors%,como regular pressão sobre o Executivo, pois pode to-
Areprovação ao desempenho dos deputados por 34%,e5% nãot~moplnlãosobreotema, lher suas ações. Eduardo Cunha atrai o
e senadores que estão atualmente no Con- Oapolo à cassação do mandato do preslden. interesse tanto no governo federal, pois
gresso Nacional atingiu seu índice mais alto te da camaradas Deputados, EduardoCunha pode impedir a tramitação do impeach-
desde 1993: atualmente,53% dos brasileiros (PMOB),é maJo~tárloentreos brasil.iras: 81% mentcontra a presidente Oilma Rousseff,
consideram o trabalho dosparlamentares ruim avallam que ele deveria sercassado,e os de- quanto da oposição, pelo motivo oposto.
ou péssimo. Essefndlc:e~supenor ao registrado mais se dMdem entre os que são contrários Por isso, apesar de todas as dE1núodas
em Junho (42%) e só ê superado pelo registra- (7%), Indiferentes (4%) ou não têm opinião contra si, é poupado pelos dois lados da
do em novembro de 1993 (56%) e dezembro (9%) sobre essa medida.(-,) disputa e até o Início de março ele cons~
do mesmo ano("*'), época da revelação do guia se manterna presidência da Câmara,
caso dos "anões do orçamento•,queenvohl!a Datalolha, 3lJ/U/20J5 .........................................................
....... ..... ..... ..................... ..... ..... .......
........................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 87


m BRASIL DITADURA MILITAR

NOSTALGIA
PERVERSA
Mantfestantes
pedem a volta dos
militares durante
atos contra Dilma,
Qm março de 2015

MANIFESTAÇÕES pí1büca. Seu papel fica restrito à defesa


do território nacional Em momentos de
crise política e econômica, cabe à socie-
dade e aos representantes por ela alçados

PEDEM AVOLTA democraticamente ao poder encontraras


vias para superar os problemas- 11.ão aos
militares. Porisso,aindaquecontecorua
simpatia de grupos específicos, a cúpula

DOS MILITARES das Forças Armadas rechaça qualquer


possibilidade de romper a ordem insti-
tucional Mem1oorgan.izações de direita
críticas à presidente Dilrua e partidos de
oposição são contrários às manifestações
em favor da volta dos militares.
Grupos defendem a volta de um regime que
violou os direitos humanos e deixou um Golpe e junta militar
A atual polarização política, acirrada
desastroso legado político, econômico e social com a manifestação de setores contra e
a favor do i.mpeachment da presidente
Dilma, está longe de ser comparável
m meio aos protestos contra a ºRevolm;ão de 1964", foi caracterizada ao cenário de radicalização que levou

E presidente Dilma Rousseff em


várias cidades brasileiras em
2015, alguns manifestantes chamaram
pelo controle do Estado pela cúpula das
Forças Armadas, pela rupntra do regi-
me jurídico em vigor, pela cassação de
ao golpe de 1964. A ruptura da ordem
democrática naquele período foi prece-
dida por uma grave crise institucional,
aten~o: ainda que minoritários, eles direitos políticos de opositores e pela causada pela renúncia do presidente
pediam a volta dos militares ao poder. violação das hberdades individuais. No Jânio Quadros, em 1961, ainda en1húcio
Grupos como o Direita Pernambuco e período, a tortura foi uma prática sis- de mandato. O vice, Jango, fazendeiro
o SOS Forças Armadas, além de outros temática do regime e pelo menos 434 gaúcho, mas considerado esquerdista,
movin1entos ativos nas redes sociais, pessoas n1orreram ou desapareceram, sofreu forte oposição de militares e
alegam que unia intervenção m.ilitar vítimas de crimes cometidos por agen- conservadores, e só conseguiu assumir
é necessária para evitar que o país se tes do Estado. Além do autoritarismo a Presidência ao aceitar a formação de
transfom1e em u1na ditadura de es- e da violação dos direitos humanos, a um goven10 parlamentarista, chefiado
querda, "bolivariana" ou comunista. ditadura militar deLxou como herança pelo primeiro-ministro Tancredo Ne-
Duramente crítico ao Partido dos Traba- um país endividado, com alta inJla~o, ves. Mas o presidencialismo foi resta-
lhadores (PT), os simpatizantes desses salários desvalorizados e uma enorme belecido em janeiro de 1963, quando
grupos criticam a corrupção e o que desigualdade social. o Congresso realizou um plebiscito
chan1am de 111aparelhan1ento do Esta- Com a retirada dos militares em 1985 popular sobre o tema.
do" - alegam que o PT se apoderou das e a consolidação da ordem democrática O país enfrentou, então, um período
instituições governamentais para um nos anos seguinte~ o Brasil mantém o de radicalização política, com greves
projeto de autobeneficio e manutenç-ão equilíbrio de poderes baseado no sistema e manifestações públicas pelas refor-
de poder. Segundo eles, apenas os núli- republicano, pelo qual o Executivo, o Le- mas de base (agrária, bancária, fisca.O
tares são capazes de enfrentar a crise. gislativo e o Judiciário exercem controle propostas pelo presidente. Ao mes-
Esses grupos fazem apologia de um um sobre os outros. Trata-se de um sis- mo tempo, havia uma mobilizat,ão de
regime que deixou wn rastro de marcas tema típico das democracias moden1AS. setores conservadores em uma forte
negativas na história brasileira. A dita- De acordo com a atual Constitui4?0, as conspiração conduzida pela embaixada
dura militar teve a duração de 21 anos, Forças Armadas estão sob controle do dos Estados U1údos (EUA) junto a pai"
de3ldemarçodel964al5demarçode Ministério da Defesa, que, por sua vez, lamentares, governadores e militares.
1985. Chamada por seus defensores de está subordinado ao Presidente da Re- Era uma ofensiva norte-americana na

88 GEATUALIOADU j l •suncrtro: 201G


Antérica Latina depois de Cuba ter Autoritarismo e violência ficou facilitada a prática da tortura.
aderido ao comunismo em 1961. Nes- Entre 1964 e 1985, o pais foi gover- O Al-5 vigorou por dez anos,gerando
sa operação, houve golpes militares nado por cinco presidentes militares uma onda de exilados políticos.
também no Uruguai e Clúle (1973) e na do E.xército, escollúdos por uma junta Elll 1969, para fortalecer o poder de
Argentina (1976). O Paraguai já estava militar, fom,ada pela cúpula das Forças repressão, o decreto 1.072 extinguiu
sob ditadura militar desde 1954. Os Armadas. Eles eram referendados em as forças de segurança estaduais, ane-
fatos são relatados e111 documentos eleições indiretas no Congresso, porco- xando-as às forças núlitares, criando
do governo norte-americano tornados légios eleitorais controlados, em que os as atuais polícias núlitares estaduais,
públicos recentemente. militares mantinham maioria. Nesses então subordinadas à inspeção do Exér-
Nesse cenário, o golpe de Estado 21 anos, eles impuseram ao Congresso cito. A partir de 1970, a ditadura impôs
promovido pelas Forças Annadas,em e à sociedade Atos Instin1cionais (AI), a censura prévia a toda imprensa escri-
31 de março de 1964, teve como pre- usados para dar força de lei às a~ões do ta, rádio e TV, peças de teatro, livros,
texto o combate à ameaça comunista, à regime. As mudanças iniciais incluíram novelas, ml1sicas e filmes, que deviam
corrupc;ão e à crise político-econônúca o fim da eleição direta de goven,adores ser enviados previamente aos setores
do país - por sinal, os argumentos são e prefeitos das capitais. de comunicação do governo para au-
bastante semelhantes aos utilizados na Elll 13 de deze1Ubro de 1968, o ge- torização ou proibição do material.
crise atual contra o governo de Dilma. neral Arthur da Costa e Silva fechou o O awnento da repressão policial e
O Exército ocupou as n1as das princi- Congresso e decretou o AI-5, inician- as restrições às liberdades individuais
pais cidades. Jango partiu para o exílio, do a fase mais dura do regime militar, levou parte da esquerda a refugiar-se
e em seu lugar assumiu o presidente da conhecida como "anos de chumbo". na clandestinidade e a adotar a luta
Câmara Federal, Ra1úeri Mazzilli. O O AI-5 pernútia ao presidente fechar arruada. Grupos radicais organ.izaram-
golpe recebeu apoio de setores impor- o Congresso, instituir censura prévia se para a guerrilha urbana, passaram
tantes da elite nacional. Uma onda de nos meios de comunicação e limitar a a promover atentados e, para obter
repressão atingiu entidades populares aç.ã o do Judiciário. Com a suspensão fundos, a assaltar bancos. Em resposta,
como a União Nacional dos Estudantes do habeas corpus, as forças policiais e os militares endureceram a repressão,
(UNE), a Central Geral dos Trabalha- núlitares passaran1 a ter carta branca criando programas e novas sedes mili-
dores (CGT) e as Ligas Camponesas. para prender opositores sem precisar tares para interrogatórios, as torturas
Milhares de pessoas foram presas. de acusação foriual nem registro, e e os assassinatos.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 89


m BRASIL DITADURA MILITAR

.................................................
.................................................
SAIU NA IMPRENSA
A euforia pelo Milagre .................................................
.................. ................ ...............
Econômico no auge da VOLKS lt A PRIMEIRA EMPRESA gações feitas pela Comissão Nacional da
ditadura foi solapada A TENTAR REPARAR APOIO À Verdade(CNV). (._)

pela crise internacional DITADURA NA JUSTIÇA Entre os documentos apresentados pelos


s1nd1callstas estão os relatos de que a mon-
do petróleo A Volkswagen é a primeira empresa a tadora doou equipamentos - como modelos
negociar uma reparação judidalmente por Fusc:a - para o DestacamentodeOperaçõesde
ter financiado ou participado ativamente Informações (001) do 2.• Exército.(...)
Economia e abertura da repressão à oposição política e ao movi- H.1 ainda cóplasdecercade200 nboletlns de
Para reorganizar a economia, a partir mento operário durante a dita-dura militar oc.orr~nc1a• feitos pela segurança da empresa
de 1969, o governo do general Emílio no Brasil Dirigente da matriz do grupo que e enviados ao Oops. (.-) H~ ainda relatos de
Garrastazu Médici adotou un1 programa esteve no Brasil neste mês a p-edido do espancamento e torturas de operários Ugados
que fez a economia crescer, em média, Ministério Público Federal (MPF) afirmou a partidos comunistas ocorridos dentro da
11,2% ao ano. É o chamado Milagre que a companhia busca um acordo com empresa. (...)
Econômico, Unpulsionado por grandes o órgão, que baseia sua ação nas investi- lMo Hora, J/Jl/20JS
en1préstimos feitos no exterior para in-
vestir em infraestrutura e pela entrada
de empresas multinacionais. Um clima
de euforia tomou conta da classe média, aos acusados de crin1es políticos - que Legado de problemas
que apoiava o regime, e o slogan do go- permitiu a volta dos exilados - e resta- Alguns indicadores mostram que a
verno virou "Brasil, ame-o ou deixe-0111• beleceran1 a liberdade partidária. Na ditadura militar deixou graves prejuí-
Mas, em 1973, houve um aumento sig- sucessão política, os militares entrega- zos e problemas sociais:
1úficativo nos preços do petróleo -fato ram o bastão sem que houvesse eleições
conhecido como "choque do petróleo"
-, o que provocou uma grave crtse mun-
. para presidente. A disputa no Colégio
Eleitoral foi vencida porTancredo Neves
O Dívida externa gigante Ela cres-
ceu mais de 30 vezes: subiu de 3,3
dial e atingiu principalmente os países - da Aliança Liberal, fomiada pelo Par- bilhões de dólares, em 1964,para 102
depeudentes da importação do produto, tido do Movimento Democrático Brasi- bilhões de dólares (3.000%) até 1984.
como o Brasil.A partir dai, o país entrou leiro (PMDB), de oposição à ditadura, e Isso gerou crise e baixo crescimento
num período de estagnaç-ão econômica, uma dissidência do Partido Democráti- econômico nos anos de 1980 e 1990.
desemprego e elevação da inflafão. co Social (PDS), de apoio ao regime. No O A renda piorou O poder de compra
Politican1ente, a ditadura começou a entanto, Tancredo morreu antes de to- do salário mínin10 caiu a quase a
ruir a partir de 1978, com a volta de gre- mar posse. Comoresultado,quem assu- metade, em valores atualizados.
ves e protestos de rua e a revogação do miu a Presidência foi o vice,José San1ey, O A inBação disparou A taxa anual su-
AI-S. Entre os governos de Ernesto Gei- um político ligado ao regime militar.As biu de 85% para 178%. A inflação per-
sel e João Figueiredo, os militares revo- primeiras eleições diretas para presiden- sistiu alta nos anos seguintes até se-r
gara.tu oAI-5, assinaram a Lei de Anistia te só acontece-riam no fim de 1989. controlada com o Plano Real (1994).

OS 21 ANOS DA DITADURA MILITAR

....1964
O:orre o gd pt.
o..-
1965
AI~ - Ck pu1iOOS
~
1967
Posse do general - 1968
Mriadt'.lf
1969
:r::-MR$
..... 1970
OBrasil tuna.-se - -1971
0~1dtomata
1973
Golpe de Estado
....1974
Possedogene,al - 1975
Oj:irna.lirta

....
-
Janaof uikdo àextintos.
OP'e1ide11te
c.tuSlt. "~""º
Ce• IUI protuta em iud«dos
,o:rrt,aogowerro EUA
trkampdo
mundial de
Cwtos:lm11u,
li:5erdoMA4
roUrugi.ai Gei.\ que
propõe aabertura
VWJúlknogi
torturado e morto
!ftt-
Al-1-0Ccrwes,:i tem podem de
ditld:ir
\ ~· 111 0 ,- fllt:ebol
s......
~ Golpe roCbile. "lenta,graduile
seguia"
n:,001.(odi

-
der:lara oseneral Corta.e Silva CostaeSilvafi:a Militares no
Castelo 8raac4 ftchaoCongresso doente.Junta
Militar impede Cria;hdo poduat! igJg
111,sa!nt:e edecrrtaoA~S ovkutomao 001.(odi

---
pode<

O f"'"' MàHd
Embaiwl«es
seque stracbs:
su rtitui a Junta. doJa,Sqem
........
Militar mu~qda
Alell'llnha,em
Primeira aisecb
petfÕleo. Os ~su
árabe1elnamo
P'f9Jemrepiesalia.
aoa,oboca!lltll AMI
Carlos Mvwbella, junho;eda.Soi;a, a Israel na.Guerra • Remo.çlo
lfderda.Al , em dezembro doYom l<ippur. cbsCmos
f mortop:r FimdoMil~e 1tdemocratiza
a.gentesil'oOcps Eoon6mico "'"4"
M.ltM;aepU.IWhitCri'a1Ct10Wt-,.·~b'ltlllrfOlllfttlde01irJro;Oips:o,/4fUIBtltOd!Oiftll/lolltJQeS-Oct;atDC»<t.dOWcamt.lbdeo,tv;lr,tsdt~flt$-Wtftd!o,tv;lr,tsdti.saat«l8

90 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
...........
............, ............................
.. . ...........
... ............
... ... ................................
..........................................................
.......
.. ....................
..........
O Maior desigualdade social Além OBRASIL SOBOCCl<llAIWO DOS MILITARES
da queda na renda, a econonúa não Ditadura Militar
acompanhou o crescimento da po- c:..,...,.....11dicadoffl_., - ·
,, fln dul tadua 11lltar
pulação nas décadas seguintes. O DITADURA MILITAR Período om que o pais
indicador de desigualdade, o índice foi governado por militares, marcado pela
Gi.ni, só melhorou nos governos civis Salário mrn!mo• RSl.318)4 RS 719,18
ausência dedemocracla e por graves vio-
e apenas nos anos 2000 começou a lações aos direitos humanos. Teve início
1nt1,,~ 81,911, 118,6'1, em 31 de março de 1964, com um gol-
voltar ao patamar da década de 1960.
O Inchaço dascidadesA falta de uma Dívida externa USSl,lbl USS!Ol,l bl pe militar que depôs o presidente João
ampla refornia agrária foi substinúda lodice GI oi" o.,u OS9 Goulart, e terminou em 15 de março de
por uma precarização das condições 1985. Ogolpe recebeu o apolo de setores
ESPIIIAL l)(laN DINIE HOlt C<llllOa sltu>{Jo d,oco- do empresariado, da Imprensa, da Igreja
de vida no campo, o que aumentou
norllla plc,ou co,,..,ando quatro lnt//ador,s no prl·
a migração da população niral para Católica e de políticos conservadores.
mo/lO • no attlmo ano da dltildw, mllw no Sras//.
as cidades e os problemas urbanos.
Nolndke íilm, l/<lf 1Uodeatle5/gualt/..., va/eressa/tar
O Corrupção A centralização abso- Al..S Osgovernosm!UtaresgOVErnaram com
~ qu,nto md/J p,tto dl ,, mais d,s/gua/ lo pais.
luta de poder gerou wna corrupção atos de exceção impostos à sociedade e ao
impune em superfaturamento de •wi:wCll~/NR20JS{#;P,D~G"1 HofMlaGldt,. Congresso, chamadosAtos Institucionais
c"'111.Jdo audi dela1110S,pom~ oda., I Mf,mtt a 1960.
obras, desvio de dinheiro público e (AI). Com oAl-5,docretadoomdo~mbrodo
ronta $IH f IIS, 1968, os m!Uta res assumem poder absoluto
nos negócios militares.
C) Violência Além da atuação crinúno- e eliminam os direitos civis e políticos. Ele
sa de agentes públicos em tortura, violações dos direitos humanos. A CNV 1nlc ia afase de maior repressão do regi me,
assassinatos e desaparecimento dos defende que os 196 que ainda estão chamada ·Anos de Chumbo".
corpos, a unificac;ão das polícias e vivos deven1 ser levados à Justiça.
a criação das policias militares é No entanto, há uma controvérsia ju- MILAGRE ECONÔMICO Aooooomla crescou
apontada como uma das principais rídica. Isso porque a Lei de Anistia, fortemente durante o governo do general
causas da violência policial atual aprovada em 1979, livra de qualquer EmílloGarrastazu Mediei (1969.1974). Mas
no Brasil. processo os que con1eteram crin1e.s a crise Internacional do petróleo (1973)
como funcionários do Estado. A CNV pôs fim ao milagreeconômlco e a inflação
Comissão da Verdade defende que se trata de crimes contra continuou a crescer.
Em 2011, a Comissão Nacional da a humanidade e, portanto,imprescrití-
Verdade (CNV) começou a investigar veis. A Corte Inten1acional de Direitos LEGADOS NEFASTOS Duranto a dltadura,a
as violações de direitos humanos ocor- Humanos também pressiona para que inflação tornou-secrônlca, a dívida e>cter-
ridas durante a ditadura. O relatório os responsáveis sejam punidos. IBI nacresceu mais de 30 vezes e aumentaram
final, divulgado em dezembro de 2014, a desigualdade, a pobreza eo inchaço das
revela que a repressão atingiu cerca de PARA IR ALEM O documentário O Dia que Durou cidades, problemas que se estenderam
20 mil pessoas, das quais 191 foram as- 21Anos (de Camilo GalU Tavares,2012) revela pelas décadas seguintes.
sassinadas e 243 desapareceram. Além a participação do gowrno norte-americano na ....
......., ..............
...............
...
...................'"............................
.............
.....................................
.. ...... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..... ..
disso, idenrificou377 responsáveis por preparação do golpe miLtar no Brasil ......................................................
,

- 1976
Oopedrio
Manoel Fielfill'n
m«resobtortura.
Mril
19n
GtiSl!I fecha.o

~
-........
1978
Metal6 ,gjcos
emgrewem
SloP.wlo
1979
,_....
Ae,duçlo
Mril
1980
Lula.eou!Jos
1ra.nia!a Se.,gunda. dirigtntes
crise do petf{leo sinclka.is slo
Mril
1981
Atellta:bn:i - - 1982

Os b1idnkos
Riocetha.ba.la.o derrota.mos
,:,wrno a.r,enlioous.
1983
Fimcb 1t1ime
militar na.
Argentina
Mril
1984
Millàs RlS rua.s
pedem Oiratu Jj,
ma.so Conares»
1985


noOOI-Codi dtAbril pmos no Oops f'I Gueira.du iejeita
llt'!'


Geistlroop Diversos Malvinas Oeputa:bOa.rrte
"""
Golpe militu
naArgentina
oAI-S
"'""'"'
de direita no Rio.
diOlinira
prop&t ilei(ões
fim do regimt
militu no
...,_
Bombas na.O\B
Elei(õel p.ua.
diretaspva.19~ Uruguai

_
gowrnubr.
oposiç:bnnce
oeonaresiso tm metade dos
mtabelece
aseleiçties ...""""
diretas pua Crisull dlwida.
goweinubrts merna..Primeiro
a:«doccmo FMI
dt1de 19GS

GU ,TUAUDADU I l•sct11cstrt 201' 91


m BRASILREFORMAPOLITICA

"' '
ContaiSff pot,ticas. t.i.J.~ dtaarm,: ..n •. .;w... r-•r \lair,ttntt 11':,toé,~-oc Poúcu ~ r,:iu,,,.,, JU ;57 ICllb,)CII;
.:11 • ..,,.,.,, 1Uo.>1cu.• .... 1 "'Olll;:.jUl:I, ll'td , r•1 ,;'fflf"( ~~" ,.'OI' -<UJ.lllli,prt!õ ~ Jc.,.., "t~('DIJ'«~ 10 'Nf.

Alvos da La a Jato banca 40%das


doações pri adas a PT, P ~BePSD
;:_:-=:..~-=- ,...,.. ______
- -
..1.I~·..
NOVAS REGRAS OtesourQitro do PT, Jo3o Vaccarl N.eto, na CPI da Petrobras: empresas sob susPQlta decorrupçao são grandes doadoras

OFIM DAS DOAÇÕES Co1110 outras 111edidas importantes


recentes, esta também ocorre por decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF), a
mais alta corte do pais, que julga ape-

EMPRESARIAIS nas questões abrru:1gendo a Constituição


Federal. Em setembro de 2015, o STF
julgou inconstitucional o financiamento
de empresas a partidos e candidatos nas

NAS ELEIÇÕES eleições. Por 8 votos a 3, a corte decidiu


que esse ripo de financiamento fere o
princípio republicano de governo "do
povo, para o povo e pelo povo• e toma
desiguais as chances dos candidatos.

A partir da votação deste ano, candidatos e O embate no Congresso


A decisão do STF bate de frente com
partidos só poderão receber dinheiro público e a Lei da Reforma Política aprovada
de pessoas físicas para financiar as campanhas pelo Congresso, que permitia o finan-
ciamento empresarial das campanhas
políticas. A presidente Dilrua Rousseff

U
ma das mais importantes mu- ação do poder econômico sobre o poder acompanhou a decisão do STF e vetou
danças da chamada Reforma político, que desequilibra o processo os itens que autorizavam as doações
Política entrará em vigor nas eleitoral em favor do capital A medida de empresas a partidos e candidatos,
elei~es de 2016 para prefeitos e vere- também objetiva combater a corrup- dias após a decisão da corte suprema.
adores: a proibição do financiamento ção na política, como as promíscuas O veredicto do STF dificulta a missão
empresarial às campanhas de políticos relações entre empreiteiras, partidos da oposiç.'io no Congresso Nacional de
e partidos nas eleições. Trata-sede uma e políticos reveladas na Opera~o Lava tentar derrubar os vetos da Presidência.
mudança importante para tentar &ear a Jato (veja boxe na pág. 86). A decisão ainda joga um balde de água

92 GEATUALIOADU j l •su ncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
fria na Proposta de Emenda à Constitui- Apesar de importante, a proibição do
ção (PEC 315), em trâmite no Senad(I que dinheiro das empresas em partidos e Reforma política
também debate a volta do financiamento eleições por si só não impede a atuação
empresarial. Segundo o presidente do do podereconômico ou a corrupção. P'Ma FINANCIAMENTO EMPRESARIAL Em se-
STF, Ricardo Lewandowski,mesmo que ter mais efeito, essa restrição deve vir tEimbro dEI 2015, o SuprEimo Tribunal Fe-
o Congresso aprove a voltado financia- acompanhada de ações de transparência deral (STF) considEirou inconstitucional
mento empresarial, o STF o derrubará. governamental e outras medidas de fis- o financlamEinto de Eimpresas a partidos
calização para evitar que a proibição seja e candidatos nas eleições. A presidEinte
O financiamento público burlada. O novo sistema pode permitir Dllma Rousseff acompanhou a decisão do
Com a decisão do STF e o veto de brechas, como o uso de pessoas fisicas STF que vetou os Itens que permitiam as
Diln,a, na eleição de 2016 prevalecerá como "laranjas" nas doações eleitorais ou doaçêlEls Eimpresarlais na Lei de Reforma
o chamado Financiamento Público de a ocultação do dinheiro empresarial no Política aprovada pelo Congresso.
Campanhas. Todos os partidos passarão chamadocaixa2dospartidos(dinheiro
a atuar e funcionar, ao longo deste ano não declarado à Justiça Eleitoral). FINANCIAMENTO PÚBLICO Passa a vigorar
e durante a campanha, com a verba que na campanha elEiltoralpara prefeitoseve-
recebem do F\mdo Partidário federal. Em outros países readoresem 2016. Êocustsiode gastos de
A quantia desse fundo destinada a cada A preocupação em lunitar a interfe- partidos e elEiições apenas com dinheiro
partido é definida principalmente por rência do poder eco11ônúco no proces- público e dos E-leitores. O financiamento
sua re presentatividade - o número de so eleitoral é habitual em vários países. público é feito por mEiio do Fundo Partl-
políticos eleitos. Por isso, há críticas de Além do Brasii pelo menos 40 países dârio - vEirba pública anualdestinada ao
que o novo sistema tomaria o processo adotam o financian1e11to de campanha fu nc lona mento dos pa rtldos, a presentada
político mais engessado, restringiria o majoritariamente com dinheiro públiC(I pelo governo no Orçamento da União.
crescimento de partidos menores. como Canadá e México. A regraelEiitora\ ainda contempla o paga-
Diante da possibilidade da perda de Mais de uma centena de países con- mento às emissoras pela transmissão de
verbas empresariais pelo STF, o Con- tinua a aplicar sistemas mistos, com di- programas partidários.
gresso quase triplicou a verba do Fundo ferentes formas de limitar o valor das
Partidário no orçan1ento federal de doações empresariais. Entre eles estão CORRUPÇÃO A prolbiçãodo financiamen-
2016, de R$ 311 milhões, propostos pelo Alem.'lllha, Itália, Noruega e Reino Unido. to empresarial é uma resposta à histórica
govem(I para R$ 819 milhões. Mas para Nos Estados Unidos (EUA), por exemple\ lnterferênc.la de grandes empresas, ban-
a campanha eleitoral especificamente, as empresas e os sindicatos não podem cos e grupos econômicos no processo
o TSE detem1iuou limites menores do doar a partidos e candidatos, mas ape- eleitoral. Estes financiavam partidos e a
que foi gasto em 2012. nas a Conútês de Ação Política (PACs), campanha de candidatos naseleições, co-
O financiamento público tru.11bé1n órgãos independentes, com linúte de mo forma de garantir prlvllÉgfos1:11:onômi-
inclui milhões de reais pagos às emis- valores. Porém, os PACs podem doar cos, Eim dE1trimE1nto do interesse público.
soras que transmitem os programas a causas, partidos e candidatos. Existe O veto aofinanclamento privadocontrlbul
partidários e eleitorais obrigatórios no financiamento público parcialeadoação para o combate à corrupção.
país. Ainda. que de forma restrita, a nova dos eleitores a candidatos é significativa, ' .... ' ... , ' .... ' .... ', .. '' ......... '' , ....... ' .... ''
.......................................................
......................................................
regulamentação permite aos partidos com limites má."timos de valor. C8l .............................................................................................' .....
......' ..
receber contribuições de pessoas 6sica~
ruas apenas até o limite de 10% da renda ... ...................................................................................................
..... .......................................................
....................................................
...
..... ..... ..... ...... ..... •..... ..... ..... ...... ....
..... ...... ..... ..... ... ... .......... ... ... ..... ...
bruta total de cada um.a no ano anterior. .....
...
................................ ..................
......................................................
........................................
: 5AIU NA IMPRENSA
..................................................................... ....... ...... .... ...... ...... ..... ... .. ............
................................... .. ......................................................
..... ..... ..... ,

Combate à corrupção
Antes da decisão do STF, as empresas CADA CENTAVO EM DISPUTA putas em 2016. Se as regas atuais valEissem
respondiam por ruais de 90% do financia- hâ quatro anos, Paes teria apenas uma
mento eleitoral.Segundo o TSE, de 2002 Segundo colocado nas eleições para a doação legal em sua prestação dEi contas:
a 2012 os gastos em eleições cresceram prE!feitura do Rio de Janeiro em 2012, Mar- um c.hEique de 15 mil reais dEI GuílhEimte
de R$ 798 milhões para R$ 4,5 bilhões. celo Freixo, do Psol,dlsputará novamEinte o Ache( ...).
Com isso, partidos e candidatos fica- cargo neste ano. RecentemEinte, o prefEiito Por outro lado, Freixo tem experiência
van1 reféns dos interesses dos doadores. carioca, Eduardo Paes, do PMDB, definiu o em arrecadar doações dE! pessoas físicas
A suposiç.ão é que as empresas esperam, adversário dEI Pedro Paulo, seu candidato (...). Em20U, o candidato do Psol recebeu
depois, algum tipo de reton1odos eleitos à sucessão, como "um rapaz latino-ameri- cerca de 1 milhão de reais em oontribulções
- como se fosse um investimento. Era cano, sem dinheiro no bolso". (...) individuais em dinheiro, transferência Eile-
rotineiro no meio empresarial, por exem- Em 2012, Paes angariou 21,2 milhões de trônic-a PQla intEirnete trabalho voluntário
plo, a doação de grandes volumes para reais em doações e FrEiixo, pouco mais dE! estimado em reais.
candidatos opostos no 1nesmo pleito, 1 milhão. A decisão do Supremo Tribunal
como forma de garantir seus interesses Federal(...) deve ajudar a equilibrar asdis, CartoCapltxi/, 20/1/2016
qualquer que fosse o vencedor.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 93


Pessoas aguardam
nafllapan
disputar 6 mll vap,
oforocklas por
dlvenas empresas
do Nltoról (RJ)
O desequilíbrio nas contas públicas leva a presidente Dilma a cortar
gastos, em um cenário de recessão e desemprego elevado
por Márcia Nogueira Tonello

O
Brasilterminouoanode2015 como a ampliação de receitas. Agora, atravessar o período sem grandes so-
sob efeito de uma intensa cri- passado mais de um ano da implemen- bressaltos econôn1icos. No entanto,
se econômica. Após passar tação do ajuste fiscal, fica a dúvida: a o prolongamento dessas medidas de
por quase uma década de crescimen- dose do remédio funcionou ou ajudou estímulo econônúco durante o gover-
to econômico, inBação estável e alto a piorar a moléstia? no Dihna foi deteriorando as contas
nível de emprego, o cenário agora é públicas. Ao incentivar o consumo, o
mais nebuloso. Com o agravamento O agravamento da crise governo esperava que houvesse um
da recessão, o Produto Interno Bruto O governo do presidente Lula (PT) crescimento dos investin1entos e da
(PIB) no ano passado encolheu 3,8%, (2003-2011) adotou como bases da capacidade de produção, o que não
o pior resultado desde 1990. A inflação política econômica os investimentos ocorreu. A decisão do goven10 Dilma
fechou o ano acima dos 10% e é a mais governamentais em infraestn1tura e a de baixar os juros para incentivar a
alta desde 2002, enquanto o aumento abertura de linhas de crédito para em- economia pela facilitação do crédito
do desemprego traz ainda mais inse- presários e para conswnidores, visando também tem sido criticada como uma
g,,rança para os trabalhadores (veja à ampüac;ão da produção e do co11Sumo. das causas da volta da inflação.
gráfico na pág. 91). Também houve medidas de distribuição
Essa conjuntura negativa tem relação de renda, principalmente na promoção Principais medidas
direta com um problema estrutural na de programas sociais e no aumento real A adoção do ajuste fiscal em 2015 re-
economia brasileira: o desequilíbrio do salário mínimo. Toda essa política foi presentou uma guinada na política eco-
nas contas públicas. Nos últimos anos, conduzida sob uma diretriz orçamentá- nômica que marcou o primeiro mandato
o governo federal passou a gastar cada ria pautada pela obtenç-ão de superávits de Dihna e foi recebida com surpresa.
vez mais, enquanto a arrecadaçã.o com primários- ou seja,gastou-se menos do Principa.hnente porque muitas dessas
impostos e tributos diminui\L Em 2014, que se arrecadou em impostos, excetu- medidas contradiziam o discurso da
o sinal de alerta se acendeu. Pela pri- ando as receitas e despesas com juros. presidente. Durante a campanha para a
meira vez desde 1997,o governo federal No goven10 Dilma, porém, o desem- acirrada eleição de 2014, Dilma chegou
registrou um déficit primário em suas penho da economia piorou. A prolon- a apontar que seu principal adversário,
contas. Ou seja, as despesas do governo gada crise internacional, que impactou o senadorAécio Neves (PSDB), faria um
superaram as receitas - o rombo nas as nossas exportações de commodities governo de aperto de gastos e corte em
contas governan1entais em 2014 foi de para o mercado chinês, causou estragos. prograJ11as sociais, ao contrário do que
17,242 bilhões de reais. Mas muitos especialistas apontam as ela prometia fazer.
Diante desse cenário, a presiden- ações adotadas pelo governo federal O início dessa mudança deu-se com
te Dihna Rousseff (PT) começou seu para estimular os investimentos como a substituição do núnistro da Fazenda,
segundo mandato em Iº de janeiro de principal responsável pelo desequilíbrio Guido Mantega, ligado ao PT, pelo eco-
2015 sob o signo do chamado •iuste fis- orçamentário. nomista Joaquin1 Levy, que estava na
cal. Essa expressão, também conhecida Durante a grave crise financeira ini- direção do Bradesco, um dos grandes
como plano de austeridade, designa ciada em 2008, o governo Lula aumen- bancos nacionais. Levy tomou posse em
um conjunto de medidas que visa a tou os subsídios às grandes empresas janeiro de2015anunciandoo ajuste fis-
equilibrar o orçamento do governo, e ofereceu incentivos fiscais a setores cal.Em relação aos cortes de despesas, as
envolvendo tanto a contenção de gastos da indústria, o que permitiu ao Brasil principais medidas do ajuste fiscal foram:

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 95


li ECONOMIA CRISE ECONÔMICA

ASITUAÇÃO OAS CONTAS PÚBLICAS NO BRASIL (1997·20UI


Ao cortar investimentos,
o governo afeta os
Resulta.do primário,em bllhôesderealseporcentagern do Ptoduto Interno 8ruto(Pl8).

..... l,l 1.1 1,6 l,l 1,2 l,l


...
-u
setores produtivos, - -u
gerando desemprego e ~
....- - -u
-
- J,O ;s;::
"
queda na arrecadação =" ·t• ·l.l.S·lll,i°' 0.S :

-~·
~ 20-
~ o ..J!l!U!U~r.!d.nl:.l!t.U!IU~ll!lil..WUIU!t:.JM.! to ,li
a ·10- ,f.l
~
e
...<o-- ...1,.

.....--
w
O Corte de benelicios, restrição de
pagamentos de auxílio-doença e de
·lll) -
pensões por morte.
~m
=' ,=
11="
,,,.,,
-" 1000
='-lll0
= 1'-l00l
='= ,001
=",..,.
='"m ="wo.
="-100 =1" =
m ",oo,
='=l010
='-1=ou
,,.,.,.lml
='=!Oll
="101
='1=lll=is
O Restrição ao seguro-desemprego,
a contribuição mínima passa de seis NO VIRMEIMO Orowflliloptlaúrlo d,s contls pdOIGJs /ndk• , re/afJo entr, oque foi mead>do C<>111 /mpostos
para doze meses para pedi-lo pela eo que tol1ast~ exdufdlS .urecaif.ue desptSlS comJuros. 'lej1PQ!as bMTas em vetmelhoque opemo
brasJ/etogastou mm do que mecadou em 19SV, 10l ,t e101J, quvwto orombo no orçamento <Mgou 1 J 11,l
primeira vez, e de seis para nove b/1Mes dt rea/1 ANl/s,ndo , Bnh~ >Od confere ope«entwldtssfs ,~.;r, eos d4ffclts em re/4Jo ,o PIB.
meses pela segunda vez.
fOfrtl: &ncof.elllal
O Abono salarial, restrição do acesso
ao benefício para quem recebe me-
nos de dois salários mínimos ao mês. dência Social, sobren1do a partir de metade do rombo de 2015 refere-se às
O Cortes no orçamento federal, o 2014, foi reduzido. dividas com bancos públicos e com o
governo deixou de gastar 82,7 bi- O Incentivo à repatriação de recursos, FGTS, que o goven10 foi obrigado aqui-
lhões em 201S com investimentos permite que todo patrin1ônio lícito tar para cobrir as chamadas "pedaladas
federais e projetos de parlan,entares. mantido por brasileiros no exterior fiscais• (veja o boxe napóg. ao lado).
Os maiores cortes foram em infra- (mas omitido da Receita Federal,
estrutura urban.8t sal1de e educ.açâo. para não se pagar in1posto) seja re- Efeitos colaterais do ajuste
O Redução de ministérios e de des- gularizado com o pagamento de 15% Quando avaliamos o ajuste fiscal, as
pesas administrativas.: o número de de imposto e mais 15% de multa. Os contas não são simple~ pois o r!ciocínio
ministérios passou de 39 para 31; os beneficiários ficruu livres de outros que vale para o orçamento funúliar não
salários da presidente, do vice e dos tributos ou penalidades. pode ser transferido para um Estado.
ministros foram reduzidos em 10%; Reduzirgastos é,sem dúvida, a principal
e foram eliminados 3 mil cargos oo- Primeiros resultados medida quando se trata de equilibrar
missio11ados no governo federal,além Para medir o resultado do primeiro os gastos de uma casa. Mas, no caso do
de outras despesas adnúnistrativas. ano de ajuste fiscal não basta subtrair Estado, há cortes que podem provocar
O Bloqueio de reajustes aservidores, cortes e adicionar aumentos de receita. a diminuição da própria receita.
decidiu-se adiar a concessão de re- O impacto das medidas não pode ser Os cortes de gastos oficiais provocam
ajustes de salários aos funcionários mraliado isoladamente, wnavez que elas um efeito amplo na econonúa. Quando
públicos federais até agosto de 2016. influenciam umas às outr~ e muitas te- o governo reduz, por exemplo, o inves-
rão resultado maiorem 2016. Além disso, timento em obras de infraestrutura -
Em relação ao aumento de receitas, as medidas de ajuste econômico foram como geração de energia, transportes,
as principais medidas foram: impactadas poroutrosacontecimentos. telecomunicações e setor de água e es-
A grave crise política, porexemplo,gerou goto -, determina a paralisia de vários
O Elevação de tnl>utos sobre os uma queda de braço entre a presidente e setores produtivos, causando o encolhi-
combustíveis1 com isso o litro da o Congresso, que dificultou a aprovação mento ou o fechrunento de empresas e
gasolina, do etanol e do diesel fica- de medidas do governo. Para piorar, os postosdetrabalho. Consequentemente,
ram mais caros para o conswnidor. desdobramentos da Operação Lava Jato essas medidas para reduzir as despe-
O Aumento do JOFt elevação do Im- - afetando os negócios da Petrobras e sas acabam tendo um efeito contrário
posto sobre Operações Financeiras das gigantes da construção civil -tan1- na outra ponta do orçamento, que é
(IOF) no crédito ao consu111idor, bém tiveram grande repercussão sobre a queda na arrecadação de impostos.
passando de 1,5% para 3% ao ano. a economia nacional. Afinal, quando as empresas fecham ou
O Fitt1 da redução do IP) de auto- Mas os dados consolidados até o fe- dimi11uen1 a produção e as vendas, me-
móveis: o goven10 volta à cobranri chamento desta ediç-ão mostravam um nos contribuem para a Receita Federal.
integral do Imposto sobre Produtos agravamento ainda maior das contas Outro efeito colateral da atual política
Industrializados (IP!) dos automóveis. públicas em 2015. Apesar das medidas econômica é causado pelo aumento dos
O Redução da desoneração fiscah o de ajuste fiscal, o governo apresentou juros. Com ainftaçãoem alta,o governo
benefício às empresa~ que passaram um déficit printário de R$ lll bilhões, o foi elevando gradativan1entea taxa bá-
a contribuir menos co1n a Previ- que corresponde a 1,88% do PIB. Quase sica até atingir 14,2S% em setembro de

96 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


2015. Mas como grande parte do efeito CR[SUM OES[MPR[GO [ lflfLAÇA0(20ll·l015J
in.fiacionário é estimulada por tarifas Yariaçôes do IPCA eda tua de desemprtgo acada. mfs,em 'li
controladas pelo governo, como energia a tPCA ~ndia,oflcial de lnflaçlo) a Taxadedosemprego
e combustíveis, o in1pacto do aumento
dos juros nos preços de forma geral foi 10,61
1D
pouco sentido. Além disso, a elevação
dos juros piora o quadro recessivo, pois 8
fica mais caro para empresas e pessoas 'flJ 6,90
fisicas tomarem en1préstimos bancários 6 / -+++-'-'
S,9t
para fazer investimentos ou compras.
1
Para piorar, ao aume ntar a taxa básica,
o governo passa a gastar mais com os l
juros da dívida pública - dos 613 bilhões
d e reais do déficit nominal brasileiro, os lOll lOB 201'\ 2011
juros representan1501,8 bilhões.
CENAIli ONIBUl050 Au/see«>n&nk, bml/el,. ffil!bln, rlrlos,rpe<tos neg,ttvosnomomento. Cm um c,nlrlo
dt lftr'{Jo ""'Omlca, no q..i cmce o lodice dt dtsempreg~ , 1nn,rJo di,p,rou, c/1,gaJf,/<1p,rto dos li\\\ no
Ajuste contestado lí"'1 do..., Hoteque .!OU - oanodo ajusto 1/sca/ -mm,, lilrada dossesdlJ/s lndlalseu,n/lmkos.
Diante do agravamento do quadro
recessivo, o ajuste fiscal passou a ser
questionado até mesmo entre o círculo
de pessoas próxlluas à presidente. Um No final de 2015, a presidente Dilma
conjunto de instituições, entre elas a chegou a sinalizar que poderia reconsi- AS PEDALADAS FISCAIS
Fundação Perseu Abran10, ligada ao derar algwuas decisõe.s do ajuste para
PT, publicou em setembro de 2015 um aliviar o quadro recessivo. A principal O tormo tem relação dlr'Qta com as
documento intitulado "Por un1 Brasil decisão foi a saída do m.inistro da Fa- contas pllblfcas e esü no e.entro do
Justo e Democrático", no qual avalia zenda Joaquim Levy, em dezembro, dobato sobro o lmpoachmont da pro-
que o próprio ajuste fiscal conduz o país principal defensor das atuais políticas sldontoDllma (ve}a malsnapág. 78). A
à recessão. Além do mais, com cortes de austeridade. E-m seu lugar entrou "PQdalada flscal" 4 o nomQdado a uma
nos programas sociais, há o risco de o ex-ministro do Planejamento Nel- manobra quQ torta sido oxKut.ada polo
que volte a crescer a concentraç-ão de son Barbosa, que sempre desejou mu eovemo ftdtral para dar a lmprusiodt
renda, que dinúnuiu na última década, aperto menos severo nas contas pú- quo as contas p(lbUcas estio mais oqul-
e de recuo em avanços recentes. Para blicas. Ainda sim, Dihua fez questão Ubradas do quo a reaUdado. Fala-so om
superar o atual quadro recessivo e im- de ressaltar que o compromisso com "pedaladas" quando o govorno atrasa
pulsionar a economia, os signatários o ajuste fiscal continuava inabalável, proposttalmento o ropasso do roeu nos
do docwnento consideram necessário mas afirmou que o equilíbrio nas contas aos bancos pObllcos (C.lxa Econ6mlca
reduzir os juros (para facilitar o crédito precisa vir acompanhado de cresci- fildera~ Bana, do Brasil• BNDES), quo
e reduzir a dívida pública) e reto1Uar a mento econônúco - uma equação até sortam destinados a programas como o
capacidade de financiamento do Estado. aqui dificil de ser resolvida. Bolsa Famnla e o uguro-daHmprego.
Na modlda omque os bancos põbllcos
.......................................... .............. ......................................................
...................................................... ..................................................... ofotuam os pagamontos antes do R!!-
........................................................................................................
....................................................... paSSQ fedorat, na pr4tka, oles tstarlam
.......................................................................................................... ......................................................
.....................................................
...' ............................... ' ................
( SAIU NA IMPRENSA
faundo .mpNstlmosou "flnancf ando"
o Tesouro Nacional. Como os rQQ.lrsos,
PT ATACA AJUSTE DE DILMA "A lógica das propostas é retomar o nOcleoda no final das contas, saem mosmo do
E PROPÕE VOLTA APOLITICA polltlca econômica do governo Lula",resumlu Tesouro, as manobras tOm reflexos
ECONÕMICADE LULA o presidente do partido, Rui Falcão. essonclalmento na contablUdado do
Oprograma petlsta faz duras criticas à polf- govorno, Qffl sua prostação do contas.
O PT atacou o ajuste fiscal do governo 011- tlca econômica adotada após a reeleição da Oprobloma 4que os ompr4stlmos dli
ma Rousseff e propôs nesta sexta-feira (26) presidente 01\ma Rousseff, em 2014. bancos pllbUcos ao THouro Nadonal
um "programa nacional de emergência" para O texto diz que o ajuste fiscal "não teve os são proibidos pola Lol do RosponnblU-
mudar a polfttca econômica. resultados esperados, ao menos no que diz res- dado Flsca~ criada om 2000 para lmpo-
Otexto,aprovado pelodrretórlo nacionaldo peito aos lnteressesdascama':laspoputares".(~J dlr quo os govamantes gastem mais do
pa rtldo, pede a rEd ução dos Juros, o aumento Nos debates Jnternos,h:>uwcrlt:lcasao minis- qu• arrecadam. OT~bunal dt Contas da
do gasto pObücoeo uso das reservascamblals tro Nelson Barbosa (Fazenda), que substituiu União (TCU), r..ponsávol pola ftscall-
para flnanclarobras. Os petlstastambém d~ Joaqu lm Levyem dezembro do ano passado.(_,) nção dos gastos do governo, rocoman-
fenderam um reaJustede20%no Bolsa Família dou a reJ•lçio das contas do ioverno dt
ea elevação de Impostos sobre os mais ricos. Folha ti. $.Paulo, 26/2/201' 2014. Adiadsão sobro a questão agora
HU na agenda do Congrosso.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 97


li ECONOMIA CRISE ECONÔMICA

OPlSO DOS IMPOSTOS NA SOClEDADE l!Olll


Proposta de orçamento úrga tributiriaem rela~2o a.o Produto Interno Bruto
(PI~
do governo prevê Dinamarca 48,6\
déficit de 60 bilhões de fruiça 11,IJII
Itália 42,6'11
reais, além de cortes na A~manh, 36, 1'11,
Médl,d,OCOE' 31,oll,
Saúde e na Educação Brasil ll,l'l,
Portugal 33,4'11,
Espanh, 32,911,
CPMF e Previdência Reino Unloo ll,9'11
Para 2016, o goven10 volta a depender Argentln, 31,l'II,
do Congresso para aprovar suas propos- BolM, 17,6\
Uruguai 27,1'11,
tas de equilíbrio orçamentário, e tudo Est>dos UnIdos li,4'11
indica que Dilma continuará tendo di- Chi~ 10,l'I,
ficuldades na relação com o Leg;slati-
vo. No orçamento em curso, a volta da OBRASIL Col~mbi,
Equador
10,1'11,
19,3\

,_
CPMF, a Contribuição Provisória sobre Peru JB,3\
Movimentação Fmanceira, é considerada
essencial para o governo equilibrar suas
contas.A CPi\<IFé um tributo cobrado a
COBRA MUITO Pa~uai
Venezuelo -
16,4%
14,l'il
• OCDl • {)(J,11'Ziflo fila aCOO/Jfiar.b to Des~to

cada momento em que pessoas ou em-


presas fazem qualquer movimento em
suas contas bancárias (salvo exceções,
IMPOSTO? AMOlllllDA DO UMAcarga trl~ut>rla blasllolta ,,
nam#dla, Inferior~ dospahes-e /ía .,,.,..,d,
ml<f~ da OCDl Ma\ nac...,..IOÇJocom os vizinhos
como pagamentos de salários ou saques A carga tributária atinge com 'º
daAmltka do SUi, o Blasl pah quemalscobn
Impostos. vale ressalbrqut llguns m«ani.smos
de aposentadoria). A medida ainda vai a mais peso a população de
coo,/- tribulos podem existirem um pah e
voto no Congresso Nacion.ai mas enfren- baixa renda e está no centro nlo existirMt out,os.
ta forte resistência da oposirw, liderada do debate sobre o ajuste fiscal
pelo PSDB, e dos setores empresariais.
A presidente também conta com outra
proposta para equihbrar o orçamento: oa parte do debate público Econômico (OCDE) reúne 34 países,
a reforma da Previdência Social. Como
parte do esforço para incentivar a eco-
nomia em seu primeiro mandato, Dihua
B sobre a economia brasileira
é dominada pela questão dos
impostos - ou seja, da chamada carga
incluindo os mais ricos do mundo. Entre
eles, a carga tributária média em 2013
foi de 35% do PIB - un1 pouco acima
havia reduzido a contrib,úçãodasempre- tributária. Nessa conta, entram todos da do Brasil, que havia sido de 33,7%
sas para a Previdência. Para equilibrar o os pagamentos compulsórios (definidos no mesmo ano. Na comparação com a
orçrunento previdenciário,a proposta de emleí) feitos por pessoas fisicas e jurí- América do Sul, o Brasil possui a maior
reforma da Previdência estabelece uma dicas para o Estado, excluindo-se os que carga tributária. (veja o gráfiw acima).
idade múúma para que os assalariados resultem de sanções ou penalidades. O Essa con1paração, porém, tem de ser
tenham o direito a se aposentar. É uma governo federal considera o aumento da feita com cuidado, pois alguns mecanis-
medida polêmica, pois tem impacto so- arrecadação uma peça-chave do ajuste mos considerados tributos podem existir
bre a ampla maioria da população, e deve fiscal, indispensável para a retomada do em um país e não existir em outros. No
enfrentar a resistência sobretudo da base crescimento do país. A oposição opõe- Brasil, a arrecadação para a Previdência
de apoio popular do PT e da presidente. se a isso, exigindo, sobretudo, cortes Social, por exen1plo, é considerada tribu-
Enquanto essas duas medidas aguar- nos gastos públicos, sem mais taxações. to, mas está ausente da carga tributária
dam votação no Congresso, em feve- No dia a dia da sociedade, critica-se a nos países que só possuem previdência
reiro o governo anunciou um corte de alta carga tributária no pais. Mas ela é de privada. Já naArnéricado Sul,a ressalva
23,4 bilhões no orçamento. O bloqueio fato elevada? Não existe uma resposta é que, para a maioria dos países da região
afetará principalmente as obras do Pro- simples e direta a esta questão. Pelos (mas não para o Brasil), a OCDE não
grama de Aceleração do Crescimento dados oficiais, os impostos no Brasil soma os tnbutos locais (municipais e
(PAC) e os ministérios da Educação, da corresponderam a 33,5% do Produto estaduais) na carga total, o que poderia
Saúde e das Minas e Energia. Mesmo Inten.10 Bruto em 2014 e têm se mantido influir nos números finais.
com os cortes, o governo pedirá auto- estável desde 2005. A compara~ão com
rização ao Congresso para fechar 2016 os países dese1wolvidos, aquele.s que Estrutura tributária
com um déficit fiscal de 60,2 bilhões de conseguem garantir um bom padrão de Além da graudeu da carga tributária,
reais. Ou seja, a proposta afetará setores vida a suas populações, é uma maneira seu perfil provoca forte i1npacto na
essenciais para a sociedade sen1 tirar as de abordar o problema. A Organização dinâmica econômica e na distribuição
contas públicas do vermelho em 2016. para a Cooperação e o Desenvolvimento de renda no país. Os in1postos podem

98 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
.......................................................' ...............
..........................................................................
... ..... ............................
'
............. .........
IMPOSTOS SOlll!E RENDA, LUCROS EOCOIISUMO
Carga tributária em relaç3oaoPIB,em 2013 Crise econômica
' - " " solrt rtnà , ~ crw lapostououeconsano
AJUSTE FISCAL Devido ao desequilíbrio
O!namaru 30,7'*' Brasil 11,Jll.
ltâli, 11,l'I,
das contas públicas, com aumento das
Dlnamuca 15,ol',
Est>dosUnidos ll,1'11 11>11, despesas e queda nas receitas, a presi-
12,7%
Reino Unido 11,7'1. Portupl ll,911, dente Dllma Rousseff (PT) Iniciou seu se-
Média da OCDE' ll,7'1. fr>nça l~CIII, gundo mandato em 2015 adotando um
Alemanha • •ll,4i MldiadaOCOE' 11,l'I, ajuste fiscal. Também chamado de plano
Franç, - 10,9'1. Reino Unido 11,1'11 de austeridade, designa um conjunto de
l'ortug~ - 10,9'1. Alemanha 10,4% medidasquevlsa a equllibraro orçamento
Esp,nh, _ 9,6'1. Espanh, 9,5'11 do governo,envolvendo tanto a contenção
lrull . 6,lll. Est>dos Unidm • 4,l'II, de gastos como a ampliação de receitas.
• ocot - ~l,lt•FJOPJta• G,optRf.10 eo oesto,dwaoe, fQMIA&oko
SUPERÁVIT PRtMARIO Acontoce quando o
Tll llUT~ ll[S[QUIUBIIAOA (o,up.,..se., dtlisgrl/ko,, pod,mos "'qu,, .., telll{/lo .,, .,.,,,.,, p.ts,;. governo gasta menos do quearrecada de
Bros/11 o,..,,,./lo dos tributos soo,. bens ctt conwllk\ que ,~ng,mprlndp,tm,nte, pop,i,ç.lo com menor impostos. Isso ocorreu Ininterruptamente
retm. M1S tb bt m.1tdsqu.JMlo se tnta dt t.uarlucros ertndlmtntosdos que ganham Nis. de 1998 a 2013. Quando, ao contrário, os
gastos superam a receita, ocorre o déficit
primário. Em 2014 e 2015 o Brasil teve
ser progressivos ou regressivos. Os impostos sobre os seus ganhos do que déflcits primários. Dos resultados primá-
impostos são progressivos quando outros setores da sociedade. Em contra- rios (superávitou déficit) sãoexduídasas
as alíquotas são maiores à medida que posição, o Brasil é um dos países que mais receitas e despesas com juros.
o contribuinte tem renda maior. Um taxamo consumo (veja ográfico acima).
exemplo é o imposto de renda (IR): no MEDIDAS 00 AJUSTE Para conter as des-
início de 2016, quem tem wn salário Reforma tributária pesas, as medidas Incluem restrição ao
mensal de R$ 1.900 é isento, ou seja, não As questões estruturais são a base dos acesso a beneficlossocials (como o segu-
paga IR Quem ganha R$ S.000 mensais, debates sobre reforma tributária. Há os ro-desemprego, abonosalarlal e pensões)
paga R$ SOS ao mês (10,1%), e que m ga- que defendem uma redução ampla da e cortes em Investimentos, salárlose des-
nha R$ 20.000 mensais, paga R$ 4.640 carga de in1postos, considerando que isso pesas administrativas. Para aumentaras
ao mês (23,2%). Note que, quanto maior ajudaria o funcionamento da economia. receitas, o governo aposta na redução da
o salário, maior porcentagem dele vai O Estado teria de se adaptar, restringin- desoneração fiscal concedida a empresas
para a Receita Federal. Há países em do suas áreas de atua~ Há também e no aumento de díwrsos tributos e tarifas.
que os altos salários recolhem impostos quem entenda que a refom1a deve alterar
bem mais elevados do que no Brasil principalmente a estrutura dos tributos RESULTADOS INICIAIS As medidas do
Já os impostos regress:ivos atingem no país, reduzindo os in1postos sobre o ajuste fiscal ainda não surtiram efeito.
mais pesadamente pessoas com renda consumo e ampliando-os sobre os mais As contas públicas fecharam 2015 com um
menor, como os impostos sobre o consu- ricos - com ta."tação maior sobre lucros, défic.lt primário ainda malordo que ore-
ruo, principahnentesobrealimentos. Isso sobre grandes fortunas,sobrepatrin1ônio gistrado em 2014,e aeconomla encolheu
acontece porque os mais pobres pagan1 e sobre heranças. Argumentam basica- 3,8% no ano passado. O ajuste é criticado
o mesmo imposto que um milionário ao mente que isso teria impacto decisivo dentro de quadros do próprio partido
comprar 1 quilo de arroz, por exemplo. para melhorar a distribuição de renda da presidente por sufocar a economia
Os impostos também podem ser di- - o Brasil é um dos países com maior e agravar o desemprego sem resolver a
retos - quando são retidos no momen- concentração de renda no mundo. crise orçamentária.
to do ganho, como o IR dos assalariados Outro aspecto de uma reforma tribu-
- ou indiretos, como os que atingem tária é melhorar as formas de arrecada- CARGA TRIBUTÁRIA O aumento da ar-
os bens de consumo e são embutidos çâ<>t de maneira a combater a sonegaç-ão recadação de impostos é considerado
no preço do produto. de in1postos. Muitos dos que sonegam peça-chave do ajuste fiscal. Pelos dados
A estrutura tributária no Brasil é ob- i1npostos tentan1 justificar seus atos oficiais, os Impostos no Brasil corres-
jeto de grandes debates. Ela envolve os afirmando que os serviços públicos no ponderam a 33,5% do PIB em 2014e tôm
tributos cobrados sobre a renda, o lucro, Brasil são n1i11s, e que parte dos recursos se mantido estáveis desde 2005. Mas a
os ganhos de capital, a folha de salários, é desviada pela corrupção. Mas a sone- questão vai além do aumento de Impos-
a propriedade e o comércio de bens e gação é crime, tanto quanto a corrupç-ão. tos. Muitos defendem uma mudança na
serviços. Em relação ao PIB, nosso país A sonegação prejudica a economia do estrutura da carga tributária, reduzindo
cobra poucos impostos sobre a renda, o pais e provoca uma forte distorção: para os impostos sobre consumo, que afetam
lucro e os ganhos de capital. Com isso, compensar as receitas perdidas, os go- os mais pobres, e taxando os mais ricos.
as grandes empresas, os bancos e os em- vernos federal, estaduais e municipais ......................................................
........................................................
..............................
............................. ............
presários pagam relativamente menos são levados a ampliar os tributos. ll!I ...... '
....................... .........
.................................................
'

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 99


li ECONOMIA DE OLHO NA HISTÓRIA

.....
.......
.......'
···························
............ ...........................
............................................... ..........
. ............................
.... .. ........ .................
................ .. ...... ........,
... ... ..............
.
,,, ,
•..............
...
............
..............
..........
.. .. ..............
................................................... ..................
........ ..···························
........................
..... ..................... . ... . . . .............. .
.......................... .....
.................................................
.... ............................
.....
'
. . . .
..
...........
..............
................
...............
..............
...........•.
''e ada brasileiro ou brasileira
será e deverá ser um fiscal
dos preços". Dessa forma,
..... ........................... .............. .. em um pronunciamento lústórico em
.......
........ ...................................................
...................................... ................
................................
,,,,,,, .... .. ...........
................
rede nacional de televisão, o presidente
... ..................
...........
......
........ ...............
. .··························· ..······
.. ...··········
......... ...............
........................... ... .. ..... José Sarney (1985-1990) convocava a
.................................................
.............. .. .········· população para auxiliá-lo na ambiciosa
,,,,,,,,,,,,,,,,,

.... .···...····················
·····
. . . .. . .... ··········· ··
·········· ,,,,,,,,,,,
.....·········
... ....................
···········.
. . . . . . ... ················
. . ........ . tarefa de impedir a remMCação dos pre-
ços pelos lojistas. Era 28 de fevereiro de
1986, e a equipe econômica do governo
acabava de lan?f' o Plano Cntzado, um
amplo programa de medidas econômi-
cas baseado no coilgelamento de preços
para derrubar a hiperinJlação.
A inJ!ação é o aumento generalizado e

Plano Cruzado: contínuo dos preços. Se a taxa for muito


elevada e por um período prolongado,
seu efeito na econonúa é devastador,

a inflação venceu pois a moeda perde poder de compra -


passado algum tempo, é preciso gastar
mais dinheiro para comprar o mesmo
produto. Desde 1983, a troca anual de in-
Em 1986, a equipe econô mica do presidente flaç.ão superava os200%. Como a taxa éo
percentual médio de elevação dos preços,
José Sarney l ançou um amplo pacote de isso significa que o preço de produtos e
medidas baseado no congelamento de preços serviços estava triplicando a cada ano.
Por exemplo:um pacote de arroz vendido
para tentar conter a escalada inflacionária a 1 cruzeiro no início do ano custava 3
cruz.e-iros no fim do ano, e 9 cruzeiros ou 15% para o salário mínimo. Esses abonos tos estavam defasados. Nesses setores,
mais no fim do ano seguinte. E esse é o pretendiam recuperar gradualmente o os empresários perderam a capacidade
percentual médio de elevação dos preços. poder de compra dos assalariados. econômica de investir na produção para
Na prática, um determinado produto ou Já no prin1eiro 111ês de execução, a acompanhar o aumento do consun10.
serviço pode ter aumentos bem maiores. população sentiu a diforença. A ta.xa de Na pecuária, o impacto foi grande. O
inflação de março foi negativa:os preços preço do leite fora congelado com uma
Congelamento geral caíram 0,11%. Estabeleceu-se um clima defasagem de cerca de 40%, e, com o
Uma das razões para o descontrole de euforia. Multiplicaram-se pelo país aumento do consumo de carne, o boi
inflacionário era a existência do que os cenas como a de donas de casa cantando magro passou a valer mais que o boi gor-
economistas chamam de inflação iner- oHÚloNadonal dentro deuru supermer- do. Sem poder reajustar seus preços, os
cial Por exemplo, quando uma economia cado. Imagine o quanto a superinftaç-ão pecuaristas diminuíram o abate, e houve
temumain6açãomensaldei5%oomês, era desastrosa e você entenderá a euforia falta de carne e tan1bem de leite. No
os comerciante~ prevendo uma inflaç.ão das pessoas quando o Plano Cnizado foi segundo semestre, aeuforiaconsumista
futura, antecipam o awnento e passam a lançado. Os resultados imediatos foram continuava e houve escassez de oferta
alimentar o avanço da inflação. Ao mes- ótimos: poder aquisitivo mais estável, de produtos. Tanto na indústria quanto
mo tempo, para fazer frente à elevação
. .
m:us consumo,. mais emprego e aecono- no comércio, generalizou-se a prática de
dos preços, a taxa da in6ação passada, miacrescenda. Tudo isso num momento cobrar ágio de quem comprava,exigindo
que era de 15%, passava a ser usada para político tambémsigniJicativo,afinal, após valores por fora do preço congelado.
recompor preços e salários, gerando a Economistas defendiam que o Plano
in6a,ão futura. Seguindo essa lógica, o Cruzado precisava de ajustes, 1nas as
mundo empresarial estabeleceu uma ver- medidas seriam impopulares. Numa ma-
dadeira corrida de reajuste permanente Quando José Sarney nobra considerada eleitoreira, o go\lerno
de preços. Ao mesmo tempo, estimulou resolveu deixar 3Srefonnas para depois
uma intensa especulação financeira, com
implementou o Plano das eleições de novembro. Deu certo: o
o dinheiro do grande capital aplicado no Cruzado, a inflação PMDB, partido de Sarney, elegeu quase
n1ercado financeiro e não na produção. todos os governadores - e.xceto em Ser-
O Plano Cruzado tinha como objetivo
média havia superado a gipe - e ganhou a maioria das cadeiras
acabar com essa inflação inercial e criar marca de 200%ao ano da Cãmara dos Deputados e do Senado.
bases para investimentos na produção No mesmo mês, o governo lançou o cha-
e un1 novo ciclo de desenvolvimento. mado Plano Cruzado II. Preços foram
O nome formal do ajuste era Plano de duas décadas de ditadura militar, o Brasil reajustados em até 120%, e foi reinsti-
Estabilização Econômica (PEE). Fl,rele, tinha seu primeiro presidentecivil,José tuída a correção monetária. O :fim do
o governo congelou todos os preços da Sarney (já oficializado no comando do congelamento deu origem a uma corrida
economia por tempo indeterminado e país após a morte de Tancredo Neves, de remarcações para "tirar o atraso". A
trocou todo o dinheiro em circulação em em 21 de abril de 1985). Nesse cenário, inflação disparou e,eru fevereiro de 1987,
cruzeiros por uma nova moeda, o cruza- a popularidade do presidente chegou jáestavanomesmopatamardefevereiro
do. Cada cruzado valia 1 nú! cntzeiros. às alturas e ele chamou as pessoas a se de 1986.Eo Plano Cruzado entrou para a
Foi abolida a correção monetária, que tomaren1 "fiscais do Samey~.Atendendo história como um dos grandes fracassos
era um mecanismo de atualização do ao pedido, muitos denunciaram comer- da economia brasileira.
valor do dinheiro pela ta.xa de inflação. ciantes que aumentavam os preços. Nos anos seguintes,outros planos ten-
Essa correção atrelava todos os valores tara.tu conter a in.Bação, sem sucesso: o
do mercado pela taxa da in6ação pass.,da O que deu errado PlanoBresser,en11987;o Verio,eml989;
(processo chamado de indexação). Para No segundo semestre de 1986, a eco- e o Collor, em 1990. A vitória no combate
a correção futura dos salários, o plano nomia estava aquecida e o consumo ao aumento dos preços só viria a partir
previa apenas uma taxa média da infla- crescia, alimentando a in6ação. Alguns de 1994,durante a Presidência de Itamar
ção dos seis meses anteriores (e não a setores da econonúa se sentiram preju- Franco (1992-1995), quando a equipe do
acumuladadeumanointeiro),maisum dicados, pois quando foi estabelecido o ministro da Fazenda Fernando Henrique
abono de 8% para salários em gemi, e de congelamento os preços de seus produ- Cardoso lançou o Plano Real. IEI

•.'.'...•...........................
. '' .......................... .
CONGELAMENTO .................................
·································
S..,amortado é .................................
........
... ...' ..............................
.................... .. ..........
.. ..' ............................ ............... .......
fedlado p<lo gowmo .... ' ............................
.................................
.................................
porv4ndE!fprodutos ............................. ... .
adma do valor de ..................................
..... ........' ...........................
..........•...........
................................................
tabáa durante o ............................................
........ ........................
..........
Plano Cruzado ...................................
.................................
...................................
.............................
..........................
'
,,,,.,

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 101


li ECONOMIAAGROPECUÃRIA

GRÃO OE OURO
Colholta do soja
@m Nova Mutum
(MT), Acultura é
a que mais cresceu
nopafs nas

1 ültlmas décadas

AFORÇA QUE VEM DO CAMPO


O aumento do
consumo mundial de
alimentos e matérias-
primas impulsiona o
' .
agronegoc1 0 - mas o
setor ainda enfrenta
desafios estruturais
e conjunturais
por Thereza 'knturoll
..-"'°·~'IIÍ<#/I
~ lEGIONAlAll'Wt

,_,,....._
.. lliRóni«ollÔIIIÍClbrOJilti,a.
A...-io.,.,,..nll!M,.lotttrlllo
fh1ti.Rídonos tllNS" 1g,oe se
in-licooROdtuiMdtJ99C1

102 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


Brasil é o segundo maior for- Agropecuária e agronegócio O que i'lfluencia o setor

O necedor mundial de produ-


tos agrícolas, atrás apenas
dos Estados Unidos. De acordo com a
O agronegócio respondeu, em 2015,
por23% do Produto Intern0Bn1to (l>IB)
brasileiro, o total de riquezas produzidas
Em termos numdiais, o crescimento
da população, o aumento da renda per
capita e o avanço daindúsbianos países
Organização das Nações Unidas para no país. Agronegócio é a cadeia pro- em desenvolvimento são fenômenosq_ue
a Alimentação e a Agricultura (FAO), dutiva que envolve todas as atividades favorecem a atividade agropecuária, pois
o país deve alcançar a liderança desse econômicas de algun:ia maneira relacio- impulsionam o consumo de alimentos, a
ran.king nos próximos dez anos, puxado nadas ao que é produzido no campo.Fa- produção de grãos para a nutrição ani-
pelo contínuo aumento da demanda zem parte do setor, além da agricultura mal e de culturas para a fabricação de
mundial por alimentos e 1natérias- (cultivo agrícola) e da pecuária (criação biocombustíveis. No entanto,• produção
primas, principahnente dos países de animais), as indústrias de máqui- do campo é uma atividade muito sensível
em desenvolvimento. De acordo com nas e equipamentos agrícolas, insun1os às oscilações econônúcas e, também, às
a organização, cereais como nülho, (rações e fertilizantes) e aquelas que condições tisicas e climáticas.
arroz e trigo respondem por mais de benefic.iam e industrializamo produto O clima tropical do maior parte do
40% das calorias ingeridas pelo ser final (indústria de panificação, laticínios território nacional coloca o Brasil numa
humano. É um cenário favorável para o etc.), além dos setores de transporte e posição privilegiada para a produtividade
Brasil,já que dois deles, milho e arroz, distribuição. As plantações e cria~ões agrícola. Mas intempéries acontecem.
representam quase a metade de toda - chan1adas atividades de "dentro da En1 2014, diante da seca que assolou a
a exportação agropecuária nacional. porteira" - são consideradas atividades Região Sudeste, os produtores de cana-
Bons ventos sopram nos campos bra- primárias do agronegócio. de-açllcar reduzira.tu a área plantada
sileiros. De acordo com o Ministério da De acordo com a Confederação da en1 3%. Como resultado, a produção
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Agricultura e Pecuária do Brasil,o bom teve uma retração de 4%. Já no Sul, foi
em 201S, as fazendas tiveram fatura- desempenho do agronegócio em 2015 o excesso de chuvas que prejudicou as
mento bn,to de quase SOO bilhões de se deveu ao crescimento de apenas dois lavouras de trigo, cuja safra em 2015 ficou
reais - 65% disso oriundo da agricul- segmentos do setor - as atividades pri- 13% abaixo do registrado no ano anterior.
tura e os demais 35%, da pecuária. E márias e a indústria de insumos. Os de- Outro fator que regula o desempenho
parte desse bom desempenho se deve mais elos ( como indústrias alimentícias da agropecuária é o valor dos produtos
ao recorde da produção agrícola nacio- ou de rações) sofreran1 retração. a cada safra. Muitos desses preços são
nal. Segundo o Instituto Brasileiro de definidos fora do Brasil. Produtos agrí-
Geografia e Estatística (IBGE), foram colas são comn1odities, que tên1 seus
194,6 milhões de toneladas de cereais, preços estabelecidos de acordo com a
leguminosas e oleaginosas en1 2015, oferta e a procura no mercado interna-
30% mais do que em 2010 e 8% acima cional. Quando há excesso de oferta de
da safra de 2014. A soja, o milho e o um produto, o preço cai. Na escassez, o
arroz, juntos, representaram mais de preço sobe. As commodiries atravessam
90% desse total Com isso, o pais refor- um período de queda no valor, que tem
ça sua tradicional vocação de economia afetado os resultados das exportações
agrícola e de celeiro do mundo.

LIDERESA4istti1Htifjapor.,,...d,
frdtnfio COR(jno,, N4ttuç,,,. .....
c.nt,..o,,c,.,"""'°'lollfÍaJII. Rf/Jl/f l
-·ltissfldosdo,.,-Aj,fnl,.
Ml11>6-,...,..,,.,q...... , ..,..,h
loú(•Goiís,,or-.S.mt'..

--- -·Df
1,9 l,J 1,5

-
1,9

.....
,llalD ..."_
do SUi
.... ,,..., Minas
doS1I Gorm Plaul Pari
_..,,
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 103
li ECONOMIAAGROPECUÃRIA

Fronteiras agrícolas 50% da produção de soja e milho. E a


A logística ineficiente Até os a.nos 1960, o país i1nportava cana-de-açúcar, cultivo tradicional do
aliment~ como milho,arroz e carne de Sudeste e do Nordeste, cresce também
no transporte dificulta frango. A produção começou a crescer no Centro-Oeste, que já responde por
a distribuição e emmeadosdadécadadei9?0,comafun- cerca de 20% da produção nacional.
da,.io da Empresa Brasileira de Pesquisa
encarece o preço dos Agropecuária (Embrapa) e a difusão de Impactos ambientais
produtos agrícolas téaúcas para transformar solos ácidos Hoje, as fronteiras agrícolas avançam
em solos aráveis e o aprimoramento das pelas regiões Norte e Nordeste, entran-
sen1entesdesoja para adaptação ao no5.."!!0 do na área chamada Matopiba (Mara-
brasileiras. Por exemplo: o volume de clima. Como resultado, nos últimos 40 nhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Esse
soja em grão exportada pelo Brasil anos, a produção brasileira de grãos e avanço causa fortes impactos ambien-
cresceu 20% em 201S, em relação ao fibras (como algodão e sorgo) cresceu tais, principahnente o desmatamento.
ano anterior. No entanto, o preço da quatro vezes, a produtivicfade subiu 180% Estudos indic.am que quase metade do
tonelada caiu 24%. Daí que, em termos e a área usada para cultivo, S3%. desn1atarnento na Amazônia é feito
de valores, os 21 bilhões de dólares O desenvolvimento de novas tecnolo- para abrir pastos e lavouras de soja.
resultantes dessa exportação em 2015 gias fez, também, com que a agricultura Outra questão in1portante que afe-
representaram uma queda de 10% em se expandisse além das terras aráveis do ta o meio an1biente é a e.."tpansão dos
relação ao rendimento do ano anterior. Sul e Sudeste en1 dire4,âo aos solos me- cultivos transgénicos- ou organismos
Por fim, a receita do agronegócio nos férteis, principalmente do cerrado. A geneticamente modificados. Os trans-
depende, ainda, da situação econô- partir de 1990, a agricultura e a agrope- gênicos são sementes que sofrem mo-
mica interna - em tempos de retração cuária se instalaram intensivamente na dificações genéticas para aprimorar seu
econômica, a queda no consumo de Região Centro-Oeste, transformando- desempenho econômico. Temem-se,
alimentos édeternúnante para o setor -a no maior celeiro do país, com 43% porém, os riscos que possani causar ao
- , do valor do real frente ao dólar e de toda a produção de grãos brasileira. ambiente e à saúde humana. O Brasil é
da situaç.ã o econônúca dos principais Apenas o estado do hIato Grosso res-
1
um dos maiores plantadores mundiais
parceiros comerciais do Brasil, como ponde por 25% desse total. Da região de tra11sgê11icos - cerca de 90% da soja
a China (veja mais na pág. 101). saem 66% da produção de algodão e nacional é geneticamente modificada.

AQUEDA DASCOIIMODIIIES • Mlné~odeferro(IDn)


Evoluçat>do preço dos pnnclpals produtos exponados pelo pais (em dólare~ e S0jaemgi1o ~o,O
e Petrõl,o brutD(bmlO
LADEIRA ABAIXO A,o;., um dos

::'ºº ==:::s;~::;;;~;~.
___________;. .;::::=========
. .:s.
._ _ c ,_ _ _ _ __ _
,...,,., produtougrí<o/as do
Bruil, c,iu dt preço nos últimos
,nos. Em númttos 11ttdondados;
1 tontlada dtm gr&o sofreu uma
300 ------------------------- qutdt de 600 ,,.,,,oodówes -
314' em 1pe111S dois ,nos.
lOO ------------------------- Ominttiotlt ftrroe opetróleo
100 h<uro ttmbim ,.,irt1111m baixa
nos preços -de m,á dt 50'1\ -
o no mesmo ptriodo.
JLll>'ll d'1/14 Jun/lS d'1/ll

AlhtPORTANOA DA AGRICULTURA FAMILIAR


Com p,r,ilo com a agrkultura emnllv~ 2006
NRIIOM(AONAPIOIIUÇM)OEM.•EIIOS
e I> do n!Altío de propr11dadts 'li da p!Odu!lo por tipo ele proprlalacle,"" ,006
I> ct, lrta oospad>
Fnlar
Ma.ndlou
Feljlo

-
Ultl

MIIIII

-
104 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G
Nlohmdw
"""'
ª""""'
.............' ........' ... , ........ , ........... .
..................................................
..
Gargalos estruturais 50% para cada uma dessas indústrias. Na SAIU NA IMPRENSA
A agropecuária brasileira enfrenta safra 2014/2015, 55% da cana foi direcio- ..................................................
....... , .. , .. ........ , ..,, .. ,, ..,. , .. ,, .. , ,, .. , ...

diversos problemas de infraestrutura, nada para a indústria de etanol


que dificultam e encarecem a expor- A destinação de terras para a geração COM NOVOS HABITOS,
tação e a distribuição dos produtos de bioenergia pode render lucros para o ALIMENTO ORGÃNICO IGNORA
no mercado interno. Faltam silos para país, diante dos desafios impostos pelo CRISE E SEGUE EM EXPANSÃO
armazenar grãos, os portos não têm aquecimento global. O etanol constitui Gllmara Santo,
condições de dar vazão ao volun1e uma boa alternativa econômica diante
exportado e o custo do transporte - da exoessiva dependência do petróleo, e Hábitos de alimentação mais saudáveis
prioritariamente rodoviário - é alto. a cana-de-açúcar é uma fonte renovável levaram as vendas de produtosorgânicos
Segundo um levantamento do Ins- de energia. No entanto, a agricultura a um crescimento de dois dígitos nos
tituto de Pesquisa Econômica Aplica- voltada ao setor energético sofre críti- últimos anos. Em 2015, diante de uma
da (Ipea), publicado em 2015, 60% do cas da Orgaiúzação das Nações Unidas grave crise econômica e de uma inflação
transporte de produtos no Brasil é feito (ONU), pois limitaria o uso da terra que encolheu a renda reai Qf'8 de se es-
por estradas. Na China, outro país do para a produção de alimentos. perar que esses produtos, em geral mais
grupo dos Brics ( veja boxe na pág.118), caros do que os tradicionais, reduzissem
a proporc;ão é de 50%, e na Rl1ssia, me- Concentração de terras o seu ritmo de expansão. Mas não é o que
nos de 10%. Como resultado, sobe o O rumo tomado pelo crescimento ocorre no país.
chamado "custo Brasil": a logística ine- da agropecuária no Brasil levou a um Após uma alta de 30¾ no faturamento
ficiente nos transportes eleva em mais aumento na concentração das terras om 2014, que atingiu R$2 bilhõos, o setor
de 25%, em média, o preço dos produtos produtivas nas mãos de poucos pro- devo fechar osto ano com RS 2/5 bilhões
brasileiros no mercado internacional. prietários. Segundo o IBGE, 84% das em receitas.(,_) "O segmento de orgâni-
propriedades são de agricultura fa- cos no mundosemprecresceu em tempos
Biocombustíveis miliar, ruas elas ocupam apenas 24% de crise.(._) Aprocura é por produtos com
Nem todo produto agricola se destina da área cultivada, principalmente nas garantia de alimento seguro eque fazem
a aümenta~o humana. No mundo todo, regiões Sul e Sudeste. A maior parte dos bem à saúdo."( ...)
grande parte do que é plantado serve alimentos consumidos pelos brasileiros Enquanto as vendas dos produtos tra-
como matéria-prima para outras indús- historicamente ven1 desses pequenos dic.lonals seguem estáveis neste ano, a
trias. No Brasil, a cana-de-açúcar, por produtores familiares. Já as grandes comercialização de orgânicos teve au-
exemplo, é direcionada à produ~ de propriedades, apesar de correspon- monto do até 13% (...)
biocombustíveis, um segmento industrial derem a somente 16% dos estabele-
que se estabeleceu bem no país desde cimentos n1rais, ocupam 76% da área Folha deS.Pavlo, 30/7/2015
meadosdosanosl970,comolançamento total ( veja o gráfico na pág. ao lado).
do programa Proálcool Segundo a União Esse desequilíbrio na distribuição de
da Indústria deCana-de-Açúcar(Unica), terras gera um sério problema social,
a proporção de cana destinada à produ- expulsando fan1ilias do campo e au-
ção de açúcar e de álcool varia de safra mentando o contingente de sem-terra
para safra, mas se mantém próxima aos e a migração para os centros urbanos.

valores das tran!ilÇOes esaldo comercia\ em uss bllh6es


Expo~eselmportaj6es Saldo co11en:lal SINCRCNIA Rq,1,.4"',«

l!5
• li<""""'° 1~
lll- ZI .,...;,.,.,.., , ...,., llllior;
1dihRRr4tnt...~
llO-
lOO-
Ili Jl2 113 J41 Ili 115 IZI IS-
Ili-
IS-
1t .,.,,_tio<_.,.,..
. . . . .- , ...Ido

.,a,1unn ........... .
ISO-
11,..;,s............. o""'º
IIIO•
so-
o-
ll11 ll1I lOll llli IOlS
IO-
1-
o-
~- lOll IOII
1

1111 11114 IOlS


.,. ..,,..,......
í lftnor. Elfl 1014, o s,ldo foi
ntpti,o-i--llllis

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 105


li ECONOMIAAGROPECUÃRIA

O fato foi comemorado, principalmen- de dólares, US$ bilhão), que mostra


te, depois do déficit (saldo negativo) de o que o país efetivamente ganhou ou
4,1 bilhões de dólares em 2014 (veja o gastou no comércio int en1acional.

BALANÇA gráfico na pág. 105). No entanto, nem


tudo são boos noticias. O saldo positivo
não significa que o país ganhou mais com
Para efeito de análise, os produtos ex-
portados são classificados nas categorias
abaixo, conforme o valor agregad o.

COMERCIAL as exportações.Apesar de as exportações


brasileiras terem crescido, ein média,
10% em volume entre 2014 e 2015, em
Quanto maior a tecnologia e1wolvida
na produção, maior o valor agregado
e, por consequência, maior o preço do

TEM SUPERÁVIT termosdevalorhouveumaquedadel4%


110 mesmo período - de 225 bilhões de
dólares para 191 bilhões. Mas essa queda
produto no mercado internacional.

O Os produtos básicos são aqueles com

EM 2015 foi amortizada, em parte, pela redução


nas importações - 24% em 2015 - dai o
saldo positivo.
baixíssimo valor agregado, ou seja,
que11ãopa553mporneuhun1processo
industrial. São matérias-primas, como
Exportações caíram em valor, Para interpretar corretamente o de- minérios e produtos agrícolas, as cha-
mas redução nas importações sempenho do Brasil no comércio inter- madas conunodities. Estes produtos
resultou em saldo positivo nacional é preciso con1preender alguns têm os preços definidos pela oferta e
conceitos econônúcos e os principais procura no mercado internacional.
fatores que interferem no resultado
m2015,abalançacoruercialbra- (saldo). Entre eles, podemos citar o O Os produtos industrializados têm

E sileira registrou um superávit


(saldo positivo) de 19,7 bilhões
de dólares - o mais alto desde 2011. Isso
valor do dólar frente ao real, a demanda
no mercado interno pelos produtos
importados, a procura pelos produtos
maior valor agregado e são divididos
em duas categorias:

significa que o valor das exportações (as exportados no mercado internacional e O os senú 1na1111faturad os, que
merc.a dorias vendidas a outros países)
superou o das importações (as merca-
. . .
a sin1ação econômica dos nossos prin-
ctpais parceiros comerc1ru.s.
passaram por algum processo
de industrialização ou beneficia-
dorias compradas de fora). ment o, mas que ainda constituem
Produtos e valor agregado matéria-prima para a indl1stria,
Exportações, importações e saldo como o a~o, matéria-prima da in-
comercial podem ser apresentados dústria automobilística, ou a ce-
em tem1os de volume ou quantidade lulose, para a fabricação de papel;
(toneladas ou barris, dependendo do

. .~....
.......
:ot:~
produto). Porém,o indicador mais im-
portante é o valor (no geral, em bilhões
C) e os manufaturados, aqueles que
che-.gam ao mercado prontos para
o consumidor final, como os auto-
móveis e os computadore.s.

Em todas as categorias, as exporta-


ções brasileiras, em valor, caíram em
2015 em relação ao ano anterior - fo-
ram cerc.a de 20% menos de produtos
básicos e 8% menos de industrializados.

Crise mundial
Tradicionaln1ente, o Brasil é um gran-
de exportador de produtos básicos, ou
commodities. Hoje, as matérias-primas,
com destaque para minério de ferro,
soja, petróleo bruto e núlho, são os pro-
dutos de maior peso nas exportações
brasileiras - eles responderam por 47%
do total das exporta~ões em 2015. Mas,
por muitos anos, foram os manufatu-
rados que dominaram. Em 2009, mais
da metade das vendas externas era de
produtos com alto valor agregado; hoje,
representam menos de 40%.

106 GEATUALIOADU j t •suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
..............
...........
. ..... . ..................
...............' .........................
.............................................................................' ..........
. .................................
os dois países ainda foi positivo para o
As commodities Brasil, em 5 bilhões de dólares - 50% Agropecuári a
superior a 2014. No entanto, esse bom
passam por um período desempenho do comércio brasileiro é AGROPECUARIA É o conjunto das atlvi·
de queda no valor, consequência, mais uma vez, da redu- dades de cultivo agrícola e criação de
ção de nossas importa~es de produtos a nimais. Já o agronegódo envolve toda
o que tem afetado as chjneses - 18%, em 2015. A freada do a cadeia produtiva da agropecuá ria, co-
exportações brasileiras crescimento da China nos levou a uma mo a pesquisa, a Indústria de máquinas e
redu>"ode 12% no valor das exportações equlpamentosagícolas,os insumos (como
efezcomqueo preçodascommodities adubos e dQfenslvos), o beneficiamento e
A queda dos m3nufaturados come- despencasse no mercado internacional. Industrialização dosprodutos(na Indústria
çou em 2010, como reflexo imediato da Medidas econômicas adotadas pelo alimentícia, porexemplo), a\êm dos setores
crise econômica mundial, que pratica- país, voltadas para seu n1ercado in- de transporte e d istrl buição. Oagronegóc lo
mente paralisou a economia dos países terno, tan1bé111 i1t.ftuem indiretamente responde por mais de 20%do PIB do Brasil
que importam produtos brasileiros. Em nos resultados da balança comercial
2015, contribuiu para essa queda, tam- brasileira. Um exemplo é o que ocorre FRONTEIRAS AGRICOLAS O desenvolvi-
bém, a situação econômica recessiva com o milho. Com o objetivo de esti- mentodetecnologla ede novos mQtodosde
do Brasil, que limita o mercado con- mular a produção nacional, o governo plantio levou as culturas, antes concentra-
smuidor interno e, por consequência, clúnês freou as importações do produ- das no SUie SUdeste,paraáreasantespouco
o investimento da indústria nacional. to e estimulou o uso de outros grãos. aráveis do Centro-Oeste. Nos anos 199::>,
Por outro lado, o Brasil se beneficiou, Como consequência, sobra milho no a agropecuária oomeçoua avançartambém
nesse mesmo período, do crescimento mercado internacional e o preço cai. O pelo sul da Amazônia e pelo Nordeste.
das grandes economias e111ergentes, milho não fuz parte da pauta comercial
como a China, cuja den1anda impul- Brasil-China. Porém, a queda do preço USO DA TERRA As grandes propriedades
sionou o preço dascommodities. Hoje, a afeta o resultado das nossas vendas representam 16% do total de proprieda-
desaceleração chinesa, somada à queda para outros países. Em 2015, o volume des do país, mas ocupam 76% da área
das importações pelaseconom.ias desen- exportado de milho, principalmente destinada à agropec-uária. A agricultura
volvidas, provocou a dímínui~o do valor para Vietnã, Irã e Coreia do sui cresceu famil.iar responde por 84% do total de
dos produtos básicos que exportamos. mais de 40%. Em dólares, o crescimen- propriedades, instaladas em apenas 24%
Segundo o Ministério do Desenvolvi- to foi menor, d e menos de 30%. da área. Essa concentração de terras leva
mento, Indí1stria e Comércio Exterior, o a problemas sociais, como a expulsão
rendimento das exportações brasileiras D óla r e real da população do campo para os centros
em 2015 seria duas vezes maior, não A cota?<> do dólar também pesa nos urba noseo númE!ro de fa mílias sem-terra.
fosse a derrocada no valor dos produtos resultados da balança comercial. Em
básicos. Despencarruu, principaln1ente, 2015, o dólar sofreu uma valorização INFRAESTRUTURA Aagropecuária sofre
os pre~osdastrêsmercadorias que lide- histórica diante do real: saltou do pata- com gargalos logísticos: faltam no Bra-
ran1 a pauta de exportações brasileira 01ar dos 2,70 reais para mais de 4 reais. A sil silos para armazenagem dE! grãos, os
- minério de ferro, petróleo bn1to e soja lóg;cadavariaçãoéa da oferta e procun: portos são mal preparados para receber
seháabundànciadedólaresnomercado o volumE! exportado e o transporte ro-
O gigante asiático brasileiro, injetados por in,"'5tidoreses- doviário é multo caro. Como resultado,
A China é o principal parceiro comer- trangeiros, o valor da moeda estrangeira o chamado custo Brasil é alto: apenas os
cial do Brasil O pais mais populoso do cai; se há escassez, o valor sobe. problemas de transporte tornam nossos
planeta cresceu em ritmo inacreditá\i-el De um lado, a alta do dólar é favorável produtos agrícolas 25% mais caros no
na primeira déc-ada dos anos 2000: em aos exportadores brasileiros - empre- mercado internacional
média, 10,5% ao ano. Isso fez da Clúna sas cujas contas são pagas aqui dentro
nosso maior comprador de minério de em reais, mas recebem em moeda es- BALANÇA COMERCIAL Os produtos básl.
ferro, soja, petróleo e celulose. Em troca, trangeira. De outro, inibe as importa- cos (commodltlE!s) representam 47% das
compramosdelesprodutosmanufàtura- ções, já que os produtos chegam mais exportações brasilE!lras. A China é nosso
dos, como máquinas elétricas e compo- caros ao país. Além disso, o dólar com maiorcomprador, prlncipalmentE!de soja
nentes eletrônicos. ~las o crescin1ento preço elevado encarece alguns insumos e minério de fE!rro. Mas a desaceleração
chinês vem desacelerando desde 2011. que t êm matérias-primas importadas. da economia chinesa reduzo rendimento
Em 2015, o crescimento do PIB chinês Eleva, também, o preço do petróleo im- de nossas exportações para aquelE! país.
ficou abaixo dos 7%.Aindaé muito,m.as portado, e isso tem refiexo imediato nos Abalança oomE!rclalde 2015 te.te superâvit
reduz a demanda por produtos básicos. resultados do setor, particularmente no dequase 20 bilhões dedólares. Masosaldo
Em termos de volume, as exportações Brasil, onde o escoamento da produção positivo se deve não ao aumento das E!X-
brasileiras para a China continuam su- do campo até as indústrias ou centros po rtações, mas à rE!dução nas ImportaÇÕE!s.
bindo,anoa ano- quase 25%entre 2011 e de consumo é feito prioritariamente ......................................................
2015. E, em 2015, o saldo comercial entre por transporte rodoviário. IEI ...........................
·· ······
....... .... ..................·····
................................
.........
... .....·····
·····............
...····· .....·
····· ····· ····· ·····...........................
·····
.. ..... ...
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 107
li ECONOMIA MATRIZ DE ENERGIA

s preços do barril do petróleo

O estão em queda vertiginosa

OIMPACTO DO I
no mercado mundial e, na
avaliação da Agência Internacional
de Energia (IEA, na sigla em inglês),
a tendência de baixas cotações deve se

PETROLEO BARATO manter até o fim da década. Em janeiro


de 2016, o preço médio do petróleo,
que pennaneceu acima dos 110 dóla-
res o barril de 2011 a 2013, chegou a
ser cotado abai.~o de 28 dólares pela
primeira vez desde 2003.
A queda nos preços do barril provoca mudanças Essa queda acenh1ada dos preços da
principal fonte de energia mundial im-
geopolíticas e afeta o planejamento das pacta de diferentes formas a geopolítica
empresas do setor, como a Petrobras global, os investhnentos das empresas
petrolíferas (incluindo a Petrobras) e
por Paulo Monto la a matriz energética mundial.

108 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


SUPEAPROOUÇAO
C.mpodepetrótoo
Eim SakhJ r, no BarQf n:
QXC-esso de ofE!rta e
retraçao na dM"tanda
fizeram o preço do
barrR despencar

Arábia Saudita. O aumento da oferta de bia Saudita, o mais infiuente membro


petróleo pelos norte-americ3J10Sfoi im- da Opep, responsável por um terço da
pulsionado pela exploração do pirogênio, produção do grupo.
un1 tipo de petróleo extraido das rochas Primeiramente, o petróleo barato
defolhelho - um mineral informalmente desestimula investimentos em novas
chamado de xisto. O desenvolvin1ento de tecnologias para extração do óleo, já que
um novo processo tecnológico de fratura o retomo pela venda do produto seria
dessas rochas permitiu a produção em baixo, inviabilizando sua produção. É
larga escala, o que elevou a produção o que está acontecendo con1 o xisto
diária norte-americana de óleo em 74% nos EUA e até com o pré-sal brasileiro
de 2008 para 2014. (veja mais adiante), cujas empresas do
Com a produc;ão doméstica em alta, os setor já começam a rever suas estraté-
EUA agora dependem cada vez menos gias de exploração a médio prazo. Com
da importação de petróleo para aten- isso, a Opep tenta expulsar potenciais
der às suas necessidades enefgeticas. concorrentes do mercado e evitar que
Somada a esse fator, a atividade eco- haja um excesso de oferta em algumas
nônúca global ainda não se recuperou dêc.a das. Nesse cenário, a orgarúzat;ão
da grave crise de 2008, o que reduziu a conseguiria manter sua influência sobre
demanda mundial por petróleo. Ou seja, o comércio mundial de petróleo.
com a elevação da prod uç-ão mundial Além disso, há questõe.s geopolíticas
e o consumo em desaceleração, agora envolvidas nessa estratégia. Os sauditas
está sobrando petróleo - 2 milhões de sabem que o barateamento do petróleo
barris diários, quase a produção atual prejudica rivais que têm economias mais
brasileira, nio encontram compradores. vulneráveis e dependentes da exporta-
ção de petróleo. É o caso de Irã, Vene-
A Opep e a geopolítica zuela e Rússia, que estão com as receitas
Em qualquer atividade econômica, comprometidas devido ao bai"to valor
quando há um deseqwh1>rio entre a ofer- pago pela conm1odity. Como a Arábia
ta e a demruida, os produtores podem Saudita possui reservas internacionais
optar por cortar a produ?> para reduzir da ordem de 900 bilhões de dólares e
Por que o petróleo a disponibilidade da mercadoria e elevar ten1 un1 custo baixo de prodw;ão de
está barato? o preço. No mercado internacional de petróleo, o país é capaz de absorver a
Opreçodopetróleonomercadomun- petróleo, existe uma entidade capaz de queda nas receitas sem comprometer
dial é determinado pela oferta e pela coordenar ações para interferir direta- de forma drástica sua economia.
demanda do produto. O que está acon- mente 110 valor do barril. Trata-se da
tecendo atualmente é que há um dese- Organização dos Países Exportadores de Impacto no pré-sal
quilíbrio nessa relação, há nws petróleo Petróleo (Opep), que reúne os principais A queda dos preços também atinge
disponível para venda do que interessa- produtores do setor, como Irã, Iraque, o planejamento de curto, médio e lon-
dos em comprá-lo. Como consequência, Lfüia e Arábia Saudita. O grupo detém go prazo de en1presas petrolíferas, pois
o valor do barril vai lá para baixo. 85%das reservas nnmdiaiseoferece40% derruba a receita com as vendas do p&,
A oferta de petróleo disparou nos do petróleo produzido mundialmente. tróleo e derivados. No Brasil, a questão
últimos anos, principalmente devido à No entanto, desde que a queda dos que se coloca é até que ponto a baixa
descoberta de novas jazidas mundiais e preços se acentuou, a Opep não adotou cotação do barril afetará a exploração
ao aprimoramento da tecnologia para ex- nenhuma medida para reduzir a pro- de petróleo e gás na camada pré-sal, foco
traç.\o do óleo. Nesse cenário, os Estados dução e anunciou que pretende manter dos principais investimentos recentes
Unidos(EUA) aparecem em destaque ao essa diretriz em 2016. A resistência em da Petrobras - maior estatal nacional
tonW'em-se o maior produtor de petró- desacelerar a produção está ligada a e principal responsável pela extração e
leo do mundo em 2014, ultrapassando a uma estratégia de longo prazo da Ará- comercializa?> de petróleo no Brasil.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 109


li ECONOMIA MATRIZ DE ENERGIA

O508[ [ DESCE flA COTAÇÃO DO P[IRÕL[O


Preço médio do barnl, em dólares norte-amencanos ajustados à lnflaç!o
111,09
lOOII
!m]J9) INF~Gl.08,\l
1115,11 l'<HOQU[ OOPl:TROI.EO Anos de descompasso entra o
ARfflluçlo blSJ!llQ consumocresc.onttde potr61eo
no 112 pan.Hsa a u produ!l,o, além dod61ar
produ!l,o pMlfen clesw~lzado, provonm um sMto
111~197·
l'OIOCllJE DOPUllllEO MI
AOpop oorta • YOnda ci, ATAQUE AO IIAQUE
potróleo para os EUAtEurop,, Os (UA lideram uma nova guerra
por te rom 1l)OI ado lsrHI ~ contra o lraquo, dephm Saddam
Guerra do \'om Klppur Hussein eocupam o p,ils

1911
55,62 CJUSES RNANCIIRA5 ltJl,1013
As <rlsesA<lltka(1997J ESTAIIUOADE CARA
• Russa (1998),tlngem Apesu da rttossJo,Nls de
50)1 u71 ,,conomlaglobal so,i, do petróleo consumido
f na forma de gasolina, quo
miantém oltndoo preço

1911-lltl NOVO allAIIIO


GUIRRAOOGOl/0 EUAt Opep~onum sua
Após lnvadlroKiiwalt produi,o. Sobra petroleo,
o lraq-ue 4atacado por uma o preço m4clio dosponca
,oall21o llci,rada pelos EUA
U,47 paru f;Jx,dos IOdól>res
1),97
1 11,,,,
1910 1971 1900
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
IQ8S 1990
1 1
1991
1 1
lOOS ''
2010
1 1
ms

e aprin10rar tecnologias, materiais e


O preço mini.mo do equipamentos utilizados nos can1pos ENTENDAA
petróleo para viabilizar de exploração em águas profundas. Mas AUTOSSUFICltNCIA
• a queda acentuada no preço do petróleo EM PETRÓLEO
economicamente a pode comprometer a produção no pré-
sal. Para que a extração na reg;.ão seja Opotróloo6 a principal fonto doonor-
produção no pré-sal rentável, o valor do barril de petróleo não gla mundial. Por Isso, alcançar a au-
é de 45 dólares pode ser muito baixo. Em seu planeja- tossuftclOnda nosn recurso QnQrg6Uco
mento estratégico, apresentado em junho é fundamental para garantir o funcio-
de 2015, a Petrobras afirma que o preço namento e a autonomia da oconomla
Pré-sal é o nome que os geólogos dão núnimo para viabiüzareconomicamente do pais, sem dopQndQrtotalmonto das
à camada de rochas porosas que fica a produção no pré-sal é de 45 dólares. oscilações do morcado mundial
abaixo de uma espessa camada de sal Entre os especialistas, há divergências O Brastl anunciou a autossuftclOnda
no subsolo marinho. Desde que fora,n sobre a dllnensão do Unpacto da atual Qffl 200G, quando o volumo do óleoox-
descobertas em 2007, em uma faixa que cotação do petróleo na exploração do trafdo tornou-se oqulvalonto à soma
se estende por 800 quilômetros entre o pré-sal. A Petrobras n1inimiza esses dos volumos do derivados quo o pais
Espírito Santo e Santa Catarina, essas efeitos sob a justificativa de que os in- consomo. Dotá para e,, essa QqufvalOn-
gigantescas reservas alteraram o panora- vestimentos em tecnologia reduziram cla não se manteva, prtncfpalmonto em
ma energético do Brasil. Em seu planeja- os custos de operação da empresa no razio da noaissfdado do lmportargran-
mento, o governo brasileiro trabalha com pré-sal. A elevada produtividade tam- dos volumas do gasolina. O pais nunca
uma hipótese de previsão de 50 bilhões bém ajuda a rebater os efeitos negativos foi autossuftclonto Qffl dortvados. Nos
de barris. É um volume que triplicaria da baixa cotação do óleo. Em setembro planosda f>Qtrobras, a autouuftdOnda
as reservas atuais, o que permitiria ao de 2015, a produção no pré-sal atingiu absoluta podorí sor alcançada a partir
país ser autossuficiente em petróleo e 1 milhão de barris por dia- bem acima do 2020, quando aproduçio do pot~l..,
tomar-se um exportador de peso. damédiade395 mil barris/dia de 2014. dowr, excodor bastante ao consumo
Desde a descoberta do pré-sal, a Pe- Com isso, o pré-sal já responde por cerca e a omprQsa osporaJ, oporar as novas
trobras se endividou e passou a captar de um terço do total de petróleo e gás refinarias, c.apazes do garantir os vo-
volumosos recursos para desenvolver produzido 110 país. Por outro lado, com a lumos dodorfvados quo consumimos.

UO GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


MATRIZIS OE ENERGIA - BRASIL El,IUflDO C> Energia renovável É aquela produ-
0/ertade energia em percentual de recu~os primários zida com recursos primários que se
renovam ou podem ser renovados,
OWlns-0,7"4 l poluentes ou não. Exemplos:a ener-
s,"1! l 39,4% gia obtida da água, da luz do Sol, dos
ventos e dos produtos agrícolas. A
madeira está entre os renováveis,
pois pode ser replantada, apesar de
ser fortemente poluente.
O Energia não renovável É aquela
produzida com recursos primários
Matriz energkka
brasileira que, em princípio, acabarão, como
2024 o petróleo, o carvão mineral, o gás
natural e o urâ1úo. Para a sua pro-
duçã.o, a natureza exige milhões de
anos. Por ser mais barata e prática,
é a mais usada hoje no mundo.
O Setores de consumo Os transpor-
tes, as indústrias, a agricultura, o
Ellf&I> comércio e as residências.
nion"'IMI • Potróko Hudur

• llom,na, • Hklríulk• Matriz energética mundial


:Manter a oferta de energia em cres-
SUSTUTABILIDADE EU XEQUE Nott qu•. palti<ip~io do ,,.tróko .. matriz brasit.ira ..,ssemeU...i d• cimento na matriz e mudá-la quando
matriz muMQL Noenuntol nossa nutrizê amais equilibrada em tntriias rencwávrn e susttnt.ávtis tnttt .u necessário é um desafio pem1anente
rrandes 11016es. Am, trizmundial i /on,m,nte d,pend,ntt d, qu,im, de petróleo• d,rivados d• e.a ,vio
de cada nação. Além de ser necessário
• Mffllfi6haud, ..""1tll dsto trdllNRcl dispor de cada recurso, ê preciso dis-
potúbilizá-lo de acordo com sua forma
preferencial de uso e fazê-lo chegar aos
locais de consumo a um preço viável.
cotação em baixa, a previsão é de que a Matri~ de energia O gás natural, por exemplo, é mais efi-
receita com o pré-sal no futuro seja me- O valor do preço do barzil de petróleo ciente do que a eletricidade para gerar
nor do que a prevista inicialmente. Isso tem in1pacto em toda a sociedade por se calor e aquecer a água do banho em
leva a uma revisão no planejamento,que tratar da fonte energética mais consu- países de inverno rigoroso, mas é pre-
deve prejudicar o aporte financeiro para mida no mundo. A energia é essencial ciso canalizá-lo até os imóveis. Países
a exploração de óleo nos próximos anos. para o funcionamento da agricultura, como o Japão e a França, por exen1plo,
A diminuição dos preços do petróleo da indl1stria e das cidades. Por isso é não dispõem de grandes volun1es de
chega em um período conturbado para importante ter recursos energéticos recursos lúdricos e pouco ou nenhum
a empresa. A Operação Lava Jato, defla- (água, petróleo, carvão n1ineral, gás petróleo. Eles importam o petróleo e
grada em nw,o de 2014, levantou irre, natural, urânio), senão a sociedade derivados e utilizam usinas térmicas
gularidades envolvendo executivos da paralisa. Todos os países calculam pe- ou termonucleares em larga escala
Petrobras, que teriam desviado bilhões riodicamente quantos recursos pos- para oferecer eletricidade. Já a China
de dólares da estatal (veja boxe na pág. suem, quanto gastam e em quais usos. e a Índia são grandes consumidores
86). Além disso, o alto endividamento Esse conjunto é chan1ado de matriz de carvão mineral, a fonte de energia
da empresa (contraido principalmente de energia ou matriz energética. Veja mais abundante e barata do planeta - e
para financiar o pré-sal), as perdas com como a matriz é composta e calculada: também a que mais polui.
o dinheiro desviado da corrupção e a Em razão desses fatores, uma das
reavalia~o do patrimônio em virtude O Recursos de energia primários características históricas das matrizes
de valores de obras denunciados como São os obtidos na natureza: petróleo, energéticas é mudar lentamente. As úl-
superfaturados levaram a e1npresa a xisto, carvão mineral, lenha, cana- tinias mudanças significativas na matriz
declarar um prejuízo de 21,6 bilhões de de-aç-úcar, mamona e soja, urânio, mundialocoITeramapósa primeira crise
reais no balanço financeiro referente a água, sol, ventos. de preços do petróleo, em 1973: os países
2014. Para colocar as contas em ordem e C) Recursos de energia secundários árabes membros da Opep reduziram a
refazer o planejamento diante da baixa São derivados dos primários: óleo produção e o preço do barril subiu enor-
cota,-'io do petróleo e do dólar em alta, cru e diesel, gasolina e querosene, memente. Como alternativa, os países
a Petrobras reduziu os investimentos biodiesel, bagaço decana, etanol (ál- desenvolvidos aun1entaram primeiro a
previstos até2019 em 24,5% em relação cool), carvão vegetal e eletricidade, construção de usinas nucleares. Por sua
aos valores apresentados iiúciahuente. entre outros. vez., essa opção passou a ser muito ques-

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' lll


li ECONOMIA MATRIZ DE ENERGIA

EVOLUÇÃO DA MATRIZ BRASILEIRA OE ENERGIA {1941>2014)

-
Oforu lnt.erna de onergla,por 'lo da partkl~o da fonte prlmtrla no total

1160

1900
11,3 'i,l l,5 .,, • •-...

mo 47,! . S) S) Í 17,i 0.6

1911)
11) ~ "·' íi!W
19!1) -- 11,1- -,_ .... .,
IO) - - llt,7
2000 .vi,I 7,1

2010 J7,6 S,l 1,,


2014 13) 1)

PEIIOlEO CASNAIUIAI.

I
LlllfA CN!VAO llll«IAI.

1 Desde ornldodacolonlu~~ a
madeira • agrandt fonte de energia
no Bruu. sed afontt prlnctpalatéo
com,ço da d4uda de wo, como
Usado a:uno óleo pua lamparl nas no
slculo XIX, pam aser uQdo em
motomno ara.si! no Inicio do s«ulo
XX. torn>sea prlndpal fontt de
1 o mlnérlobmlk!lrol debalu
quallcbdt, com pouco teor alôrico,
\ por ls,o, hl lmporta!lO,
Equeimado em usl nu tumtlétrlcas
No lnfdo utltlzado nas lnd Ostrl~
passou aabaswertermelétrtcas,
resldfnclas eautomõrels. A proclu(lo
nacional tsti • mexpansao, mas h~
lenha ln natura ou de um.o ftgtU.I. energia no fim da década ele wo. etm siderurgia. lmportlÇJo da Bolfwla.

'*'
I I l
IIOIIASSAS' HIJUJLICA l«ICWR DA LINHA AO PUR()UO Aqvoi""
outras formas dt biomassa sJo
usadas hJ slculos, como óleos
Em 1813, em Diamantina (.M'3, surge
aprimeira das usinashlclrelltrlusdo
Aopera~aoda usinaAngra, em 198s,
amplia oparque elétrico nacional.
m,do/ro tal, prlndp,J tom, dt .,,.,,,, ,1,
,egetalsel».ga(ode cana, pais. Aenergiahldrául lu eaprtnd~I Angra 2 mme(a afuncionar em 200L
adkad> fl, Jil'~ OcNa/ro, /e/toem
use nlor lnd ui aprodu ~o de etano 1 fonte de prod u~ao de eletrtddade no Em 201t essa tnerglampo nde por a/orlas, oqu, dtst,.,,... • portldp,ç/lo d>
combustfrel dt cana e blodltsel dt
sojaemamona.
pa.ls, respondendo por sg,11% cb mtal
em 201~.
\J'I, do tot,ldo p,ls e por ~1%d•
eletrlddade.
IIIJ~ "''" bldn/4tdas ,.,..,1,,.
6(1!1\ d> e/tttl<Mal/t tklp,h ... lQI.
quase

O Energja sustentável É aquela que (GNV), por seu lado, são considerados
A queda na cotação utiliza os recursos naturais disponí- mais limpos do que a gasolina ou o
veis de forma a preservá-los para uso diesei porque poluem menos.
do petróleo pode fuh1ro, ou seja, que consome os recut~·
desestimular sos en1 quantidade e velocidade nas Após a Conferência das Nações
quais a natureza consegue repô-los, Unidas Sobre o Meio Ambiente e o
investimentos em e de fomia a evitar ou minimizar os Desenvolvimento, realizada no Rio
energias limpas impactos sobre o meio ambiente. O de Janeiro em 1992 (Eco 92), cresceu
conceito de energia sustentável é pro- no mundo o investimento em energia
posto como um padrão que se busca eólica e solar. Países como China e Ale-
tionada após acidentes graves, como o da seguir, um desafio a ser alcançado.São manha investem pesado nessas fontes
usina de Chemobyl, na Ucrânia (1986), exenlplos a energiahídrica,a solar e a de energia. Após o acidente nuclear
e de Fukushima, no Japão (2011). Ainda eólica. Porém, a queUna de biomassa de Fukushima, e m 20ll, a Alemanha
assim, a energia nuclear é bastante utili- (bagaço da cana e resíduos de madei- decidiu fechar todas as suas usinas
zada, principalmente por EUA,França, ra), de gás naturai de biocligestores de nucleares, em etapas, até 2020. Nessa
Rússia, Coreia do sui Alemanha e Japão. esterco animal e o gás liberado no ar transição, contudo, intensificou o uso
pelos aterros sanitários, por exemplo, de carvão mineral em tem1elétricas.
Meio ambiente são considerados mais sustentáveis do A queda nos preços do petróleo tam-
A forma mais primária de produzir que outros, por serem de recursos que bém tem um efeito negativo sobre a enús-
energia é a mais utilizada no mundo: são repostos e porqueemiten1 menos são de poluentes, A baixa cotação do
queimar o energético. E a queima de dióxido de carbono (CO,), barril pode desestimular investimentos
madeira, carvão vegetal ou mineral e em energias limpas, levando os países a
combustíveis de petróleo libera gases O EnergialimpaÉaquelaquenâopolw manter o consumo elevado de combus-
que agravam o efeito estufa e preju- o ambiente,ou que polui meti~ como tíveis fósseis, atualmente mais baratos.
dicam o meio ambiente, o que hoje é a hidrelétrica, a eólica (dos ventos), a Isso comprometeria diretamente o al-
uma preocupação global. Esses fatores solar, a das marés, e a geotérmica (ge- cance das metas de reduç..i:o de emissões
deram origem a novos conceitos ligados rada de fontes de calor natural vulcâ- dos gases que agravam o efeito estufa,
à energia e à proteção ao meio ambiente. nico). O etanol e o gás natural veicular acertados na COP-21 (veja na pág.144).

ll2 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.....
........
....•.......
....•.....
...........
..........
..........
..........
..........
..........
.........
...
...............................................,,,..
.............................................. ...........
.... ................
...............
. . ... .... . ......................
. .............
...............
.................. .................
... ..............
SAIU NA IMPRENSA
.................................................
.............................., .........., ...., .. Matriz de energia

POR QUE O PREÇO quando praticou preços abaixo do mQrca- PREÇO DO PETRÓLEO O preço médio do
DA GASOLINA NAO CAI do internadona~ e equacionar a situação barrllcalu da faixa doslOOdólaresem2014
NO BRASIL? de endividamento elevado da empresa .., para menos de50 dólares em 2016.Arazão
destaca (o analista de petróleo WaltEr De para essa queda na cotação é um desequm.
APetrobrasvem optando por não barat~ ~tto, da TEndêndas Consultoria). brloentreaofertaeademanda.Aproduç:io
ar o preço da gasolina e do diesE!I no Brasil, Para alguns anaUstas, agora que a inflação mundial aumentou, impulsionada pelos
em alta desde 2009, apesar de o petróleo está em alta e o preço do barril no EXterior Estados Unidos (EUA), que estão produzin-
seguir em queda nos mercados intema- está em baixa, ogoverno,como sócio majo- do mais óleo, a partir do mineral xisto. Os
donals, indo dos mais de 110 dólares de ritário da estatal, poderia repassar a quEda países da Organfzação dos Países Exporta-
meados de 2014 para menos de 30dólares do petróleo no exterior para o mercado dores de Petróleo (Opep) também mantêm
no último mês de janeiro.(...) interno, a fim de estimular a economia a produção elevada. Com isso.a produção
4
ApoUtlca de preços da Petrobras mudou, brasileira e controlar a inflação.(_.) mundial é maior do que o consumo.
e a empresa está segurandoos preços para
reaver o que perdeu entre 2011 e 2014, Carta Cop/ta, 9/2/201' REFLEXOS POLITICOS E ECONÔMICOS
No longo prazo, preços muito baixos
desestimulam investimentos em novas
tEcnologfas para extração do ólEo, pois
Matriz brasileira Veja a seguir diferentes marcos da a receita das vendas pode não cobrir os
O Brasil possui a matriz de e nergia evolução da matriz energética brasileira: elevados custos de produção.Abaixa co-
mais equilibrada do inundo e11tre as tação também tEm lmpUcaçõesgeopolítf-
principais economias quanto aos re- O 1953 - Fundação da Petrobras. cas, pois afeta dlretamenteaseconomlas
cursos renováveis e não renováveis que da Rússia, VEnezuela e Irã, países multo
consome. Em 2014, 39,4% da energia O 1970 - Até esta década, a energia dependentes da EXportação de petróleo
consumida veio de fontes renováveis, dominante era gerada com a quei- e rivais diplomáticos dos EUA e da Arábia
e 59,9 % de não renováveis ( vejagráfico ma de madeira e seu carvão (veja Saudita.
na pág. ili). Para ter uma ideia, a média gráfico). Ela é altamente poluente,
mundial de uso de energias renováveis é e a fomaça é tóxica ao ser humano. PETROBRAS Desde 2007, a Petrobras pas.
de 14% e, entre as nações desenvolvidas, sou a captar volumosos recursos para
a média é de apenas 10%. O 1973-1974- A crise provocada pelo Explorar os campos de petrólEo na e-a-
Nossos principais recursos primá- aumento dos preços do petróleo faz mada do pré-sal. Aqueda acentuada no
rios são o hídrico, para produzir ele- o governo adotar o Programa Pró- preço do barril obriga a empresa a rever
tricidade, e a cana-de-açúcar, da qual Álcool, que deflagra a construção de seu planeJamento,Já que a receita futura
produzimos dois recursos secundários: usinas de álcool e carros a etanol. com o pré-sal deve ser menor do que a
o etanol e o bagaço para queima. prevista inicialmente. ParalElamente, a
Apesar de ainda ser expressiva, a C> 1981 - Inaugurada a usina nuclear Petrobras enfrenta crlsedevldoaoElevado
participação da energia renovável na Angra l , em Angra dos Reis (RJ). endividamento e à Operação Lava Jato,
matriz energética brasileira tem dimi- que Investiga desvio de bilhões de dólares
nuído nos últimos anos. Essa situação O 1982 - Inaugurada a primeira me- por diretores e executivos da estatal
foi agravada em 2014 em razão da crise garrepresa hidrelétrica, Itaipu (PR).
hídrica. O longo período de fracas chu- MATRIZ OE ENERGIA É o conjunto dos
vas em algumas bacias hidrográficas fez O 1997 - Inaugurado o gasoduto Bo- recursos de energia e as formas como
dúninuir a produção de eletricidade lívia-Brasil. são usados. Uma matriz divide-se em
em represas e aumentar a produção energia de fontes rEnovávels (aquElas
de usinas termelétricas, que utilizam O 2003- Começa o programa de car- que podemos rEpor) e não renováveis
gás natural e carvão mineral. ros com motor flex etanol-gasolina, (que se esgotam). As fontes podEm ser
O equilíbrio da matriz deve ajudar que levará a cana-de-açúcar a su- primárias (pEtróleo, carvão minera~ água,
o país a enfrentar os futuros desafios plantar a água como maior recurso IEnha ,cana-de-açúcar, ventos)e secundá-
energé-ticos. De 2003 a 2013, a econo- renovável. rias, derivadas das primárias (gasolina e
mia do país cresceu 40%, mas o con- óleo dlese~ eletrlcldade, álcoo~ bagaço
sumo de energia subiu 63%. Segundo O 2004 - O Brasil institui um programa de cana). Energias sustentáveis são as
o planejamento do governo federal, para energias alternativas, como a renováveis que poluem menos. A matriz
com base em un1 cenário médio de eólica e a do biodiesel. brasileira é a mais equilibrada entre as
crescimento, até 2050 a necessidade grandes economias do mundo.
de energia triplicará e haverá maior O 2010 - Iniciada a extração de petró- ......................................................
... ••... •. ..•• . ..•••..... •.•.. ..•.. •.... ..... ..... ....
uso de energia não renovável. leo no pré-sal. ll!I .......................................................
. ....................................................................................................
. . . .. .
GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 113
li ECONOMIA GLOBALIZAÇÃO

AMAIOR ÁREA Malásia, Cingapura, Austrália e Nova


Zelândia. Juntas, as 12 nações somam
36% da riqueza produzida no mundo,
em termos de Produto Interno Bru-

DE LIVRE-COMÉRCIO to (PIB), e 792 milhões de habitantes.


O acordo foi assinado após cinco anos
de árduas negociações, que tiverant
muitos itens discutidos secretan1ente.

DO MUNDO O TPP ainda precisa ser aprovado pelos


Parlamentos dos países participantes
até 2017 para só depois entrar em vigor.
Em swna, a parceria prevê a criação
de uma zona de livre-comércio en-
tre os 12 países-membros. O principal
Cercado de polêmicas, o Acordo Transpacífico mecanismo para impulsionar as tro-
cas comerciais é a redução das tarifas
reúne EUA, Japão e outras dez nações que sobre importações.A ideia é diminuir
concentram quase 40% do PIB mundial gradualmente as barreiras tarifárias
nos próxin1os anos, até chegar a um
percentual fixo para todos. Em alguns
m fevereiro de 2016, represen- gigantismo desse pacto comercial pode casos pode haver até mesmo a elimi-

E tantes de 12 países dos dois la-


dos do Oceano Pacífico se reu-
11.iram na Nova Zelândia para assinar
ser dimensionado pela participação de
duas das três maiores economias do
mundo - Estados Urúdos (EUA) e Japão.
nação total da tarifa de importaç.ão.
O governo dos EUA calcula que o TPP
irâ afetar até 18 mil tarifas, abrangen-
um acordo histórico, que cria a maior Além das duas potências, o novo bloco do de conunodities agrícolas até bens
área de livre-comércio do mundo: o econômico inclui outros de·z países das industrializados. Além do comércio,o
Acordo Transpacífico de Cooperação Américas, da Ásia eda Oceania: Canadá, pacto se estende a serviços, patentes e
Econômica (TPP,na sigla em inglês). O México, Peru, Chile, Vietnã, Brunei, propriedade intelectual.

ll4 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


MÃOS VISIVEIS
Ud1Wes de oito
dos12pafsQSque
Integram o Acordo
Transpactfico:
aumento das trocas
comerciais Eim pauta

Brunei podem perder espaço ou até ser Esse item do TPP foi vazado pelo site
eliminados, comprometendo os postos de denúncias W'tkiLeaks e faz parte das
de trabalho no país e o comércio dos negociações conduzidas secretamente
produtos nacionais. durante os cinco anos de conversas
O problema afeta também países de para a assinatura final do acordo.
economias menos díspares. O Japão, por
exemplo, sen1pre protegeu a agricultura Geopolítica
do arroz, um alimento essencial de sua O TPP tan1bé1n não deixa de ter
cultura. E esse segrnento deverá ser fortes in1plicações geopolíticas. Sob
impactado pela entrada de arroz norte- muitos aspectos, o acordo é entendido
americano. A agropecuária japonesa é como uma forma de os EUA conterem
basican1ente formada por pequenos e o forte avanço comercial da China.
médios produtores, que talvez não con- Oficialmente, o governo norte-ame-
sigam competir em preço com os pro- ricano nega a tentativa de criar un1
dutos norte-an1ericanos, que recebem contrapeso ao poder chinês na Ásia.
fortes subsídios do governo. Por isso,. os Mas é inegável que o acordo an1plia
12 membros do TPP já enfrentam pro- a influência econômica dos EUA no
testos internos de setores que se sentem globo e especialn1ente na região do
prejudicados. Os que defendem o acordo Pacífico e do Sudeste Asiático, áreas
afirmam que os beneficios conjunturais onde a China exerce grande hegemo-
Economias assimétricas na economia 11acio11al compensam as nia regional. "Não podemos permitir
Quando entrar em vigor, a parceria eventuais perdas por setor. que países como a China escrevam
deverá aumentar fortemente o comércio as regras de nossa economia", disse o
entre os membros participantes, pois eles Desafio à soberania presidente dos EUA, Barack Obama,
passarão a priorizar os negócios entre Outra crítica que se faz ao tratado é após a conclusão do acordo.
si, em detrimento de outros países que que ele consolida uma tendência típica Obama ressalta que o TPP exige dos
não fazem parte do acordo Essas nações da era daglobaliza~o: a ampliação do demais participantes a adesão prévia a
aderem ao tratado com a perspectiva poder do setor privado sobre os Esta- outros acordos das Nações Unidas, ou
de aproveitar a redu~o das barreiras dos soberanos. Um dos aspectos mais de políticas norte-americanas relacio-
tarifárias para impulsionar os setores controversos do TPP diz respeito a um nadas a direitos humanos, liberdade de
que são mais competitivos no mercado mecanismo conhecido como Acordo de organização sindical, direitos traba-
externo. Da mesma fomia, as importa- Disputas Investidor-Estado (ISDS, na llústas, combate ao trabalho escravo
ções fican1 mais baratas, estimulando a sigla em inglês). Em linhas gerais, ele e infantil e tráfico humano. Em meio
compra de itens estrangeiros que esses estabelece que uma empresa pode abrir ambiente, prevê a adoção de medidas
países necessitam para suas econoIUias. uma ação contra o governo de um país de proteção e elimina os impostos sobre
Porém, a criaç-ãode uma zona de livre- se achar que seus negócios estão sendo os produtos de energia limpa.
-comércio também pode causar impactos afetados de alguma fonna pelo TPP. O sucesso das negociações para a
econômicos e sociais. Principalmente Nesse caso, a arbitragem não ocor- criação do TPP pode estimular os EUA
porque coloca lado a lado economias reria no sistema judiciário da naç.ão a avançaren1 en1 uma outra área de
muito heterogêneas. No TPP, por exetn- em questão, mas sim em um tribunal livre-comércio, desta vez do lado do
plo,chama atenção a desproporção entre supranacional. Ou seja, o ISDS coloca Oceano Atlântico: a Parceria Transa-
aforçaeconômicadosEUA,comumPIB em pé de igualdade grandes corpora- tlântica, que envolve os norte-an1e-
de mais de 17 trilhões de dólares, e uma ções multinacionais e os governos de ricanos e o n1aior bloco econômico
naçãocomoBrune~quetemapenas400 países no e.a so de litígios comerciais. do mundo, a União Europeia (UE).
mil habitantes e um PIB de 16 bilhões Esses tribunais internacionais podem As negociações avanyaram bastante
de dólares. Ao abrir o comércio para a detern1inar que os Estados paguem nos últimos anos, mas ainda esbarram
importação de bens norte-americanos, indenizações milionárias a empresas - em n1uitos setores dos dois lados do
alguns setores da economia interna de às custas do dinheiro do contribuinte-. Atlântico contrários ao acordo.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 115


li ECONOMIA GLOBALIZAÇÃO

A globalização bal remontam aos séculos XV e XVI,


O neoliberalismo prega O TPP trata de uma série de ques- com a expansão ultramarina europeia.
tões que simbolizam bem a atual era Quando Cristóvão Colombo chegou à
que a economia deve da globalização em que vivemos. Mas, América, em 1492, deu início ao que
ser conduzida pelas para entender esse fenômeno, é preciso alguns historiadores chan1atn de pri-
saber que sua origem data de muito meira globalização. O desenvolvimento
leis do mercado e não tempo atrás. Os primeiros passos rumo do mercantilismo estin1ulou a procu-
pelo Estado à conformação de uma economia glo- ra de diferentes rotas comerciais da

O FLUXO 00 COMERCIO NO MUNDO GLOBAllZAOO 12014)


ToosatGes ccrnerciaisem d~arese em participações percentuais oo ano, eaaceleraç1o apartir da dfcadade 1990
NEGOCIOS EIIII[ CIJIITHNTtS AS EIIJ)()l!IAÇti(S DOS RICOS CIESCEM MAIS
TOIM.
Transaçôes em bilhões de dólares eem pe rcentuals do total no ano ho1u,2o das eq:iort~ties, por grupos selecionados

-. 18,5
-
(USS bilhlles)
Affl4rla do Norte
149
!t'!,f!tio
1:r.:... d tdd/,m 10.0(1) ==--=-===;-,--
- AmifiacbNortet Eun:pa
9.Jm
- Asa•
lOOO - Oriente Médio
- AmtriacbSult Central 6!S2
- Atrka
&000

lOIXJ

llS8
9lS
sss
• o
lf,53 1963 1913 1!,113 1993 2003 Jlll

As- expomç!Jes nvndais crescem


1cele1adamerte desde o infdo dos
,nos 199q inldod•dolwiz,rJa
a ccrnérclo entre pafses da reglUI Essa expa~tl porém, secorr:entn
• ccrnérclo p;ua fora da reg1ao nospafses desenvolvidos eem ll,l
--- N~closa!I USSSOblltdes ;Jgumas n,{lles,s;;tic,.s a,s
- N~clOsdeuss !ll, uss llll bllh!i!s
- NEe)CIOS deu ss .100 a uss D) bll hões Abatxodo nome de ada cortinerte; o ndmero Ontlmero1c.ima de ada. twriirrtici i
- N~CIOS deu ss n, uss !lll bll hlles irrfiQ ototalexpo,tado em bilMes de dówes. p'1ticip,(Jo percertu;/do p,ls oo
- N~CIOS"fm, de USSSOObllhões AfWO!l1eo perO!ntlal em ~rmelho metas comérdo mundi'1. Pore,rmplo, 2
vetmspm fond1 regiJo.AespeSS1.Jr1di seu é Chin,, so,inh,, responde po, 1u\\\de
da. fJi1.ade valor. SetasdupâsilrJicd!YJqueo IQkJr 8'::mS.as- compns evend.as-entre nações
exJX)rtado JX)rdfflOOSe.stJ na mesma fJ.ixa. domundo. Ve;i.udezmaioresemizul

APlNAS ll(l PAIS(S TfllllAIS OE IIETAOEOO<XIIIUCIOMUIOIAl


Os 30maiores pafses em particlpaç1oem%,no total de exporta(ões eimporta(ôes no ano
8 Represent,m 51,l'4do cm,ércio mundl~
~

A
1l: -,. :ã -

~
e


~
.~
~

i
~

MSIGIJAUW)( QOBAlNoteno map, qoeosp1/ses Qfu,op, f uem7ii tlf suas tr.ins'f4es comerdJisentr11 eles mesmos, em nzJo dil s«1 me/tadounlfiado. OC/Jm#rdo
reglon,lt,ml»roé Jnrenson, .trio eO<ew, com, to,µ da 0,/n~J,pJoede~ s emerpnre,,os clum..tos tlgrenslllfco~ """°'
Corei• thl s.J, T1iw,n,HoagKong e
C/ng,pur~ Finmente, ocOfllê'clo re!lioa,/4 tone•• Am4rlu do Nort~ onde ,t,M o""'11o de lltre comlirdo enlle Móxl<O, E<tidos Unidos eC.n"1t O«,mkcio enlle
>lzlnllos épequeno •• Amérla tio SUi, Cent1'/, n, Alrfc, e no Oriente MédkJ, continentes e r,gfJo menos lndustrla/1:t>dos
R>ntes: IIICt li Abldt ~

ll6 GEATUALIOADU j l•umcrtro: 201G


Europa para a Ásia e a África, cujas O neoliberalismo prega que o funcio-
riquezas iriam somar-se aos tesouros namento da economia deve ser entre-
extraídos das minas de prata e ouro do gue às leis de mercado. Segundo seus
continente americano. defensores, a presença do Estado na
Essas riquezas forneceram a base economia inibe o setor privado e freia
para a Revolução Industrial no 6m do o desenvolvimento. Algumas de suas
século XVIII, que, com o tempo, criou características são:
o trabalho assalariado e o 1nercado
consumidor. As descobertas cientifi- O abertura da economia por meio da
cas e as invenções provocaram grande liberalização financeira e comer-
expansão dos setores industrializados cial e eliminação das barreiras aos
e possibilitaram o desenvohriruento da investidores estrangeiros;
exportação de produtos. Começaran1 O ampliação das privatizações;
a surgir, no fim do século XIX, as cor- 25 ANOS DE MERCOSUL O redução dos subsídios e gastos so-
porações multinacionais, industriais Criado Gm1991, o Mercado Comum ciais por parte dos governos;
e financeiras, que irian1 se reforçar e do Sul (Morcosul) complota 25 anos O desregulamentação do mercado de
crescer durante o século XX. O mer- om 201Gcomo o maior bloco GconO- trabalho, para permitir novas for-
cado mundial estava, então, atingindo mlco latlno-amorlcano. Trata-w dG mas de contratação que reduzam
todos os continentes. uma unlio aduanefra,J, com ate:urnas os custos das empresas.
modfdas do mercado comum, como
Neoliberalismo o passaporto padrão o Uvre transito Fluxo de capitais
O 6m do século XX assiste a um salto e moradia entro os palsu. Nas últimas duas décadas, a expansão
nesse processo. Em 1989, acontece a Os mtmbros funda dom foram Bra- do comércio global resultou na inten-
queda do Muro de Berlim, marco inicial sil, Argontlna, Paraguai o Uruguai. sificação do fiu.xo de capitais entre os
da derrocada dos regimes commústas Em 2012, a VonQ.Zuola lngf'Qssou no países.A busca de maior lucratividade
no Leste Europeu. Nos anos seguintes, bloco o a Boltvla fnk:lou sua adosão. levou as empresas a investir cada vez
esses países serão incorporados ao siste- TamWm om 2012, tornaram-se paf- mais no mercado financeiro, que setor-
ma econômico mundial.A própriainte- ws associados o Chllo, o Peru, a Co- nou o centro da economia globalizada.
graç-ão da economia global acentuou-se lembfa, E(flador, GIJana • Surfname. Grandes grupos financeiros se formam
a partir dos anos 1990, principalmente O bloco tonta «aduzir as tarifas do e engolem dezenas de empresas e mar-
pela revolução tecnológica 110 setor de Importação ontro sous mombros o cas. As maiores empresas tornan1-se
telecomunicações e pela internet. possui uma tarifa oxterna comum transnacionais, que poden1 fabricar
Há atualmente uma política econô- para produtos Importados do ou- seu produto em partes, em diferentes
n1ica dominante em escala mundial tros palsu. Sogundo dados do lta- países, processo que dificulta aos go-
chamada de neoliberalismo, cujas maraty, at4 2012 o com6rdo entro os vernos impor barreiras ou fiscalizar
diretrizes surgiram nos governos de palsos-mombros Cf'QSCOU mais do dQZ a remessa de lucros à matriz de cada
Ronald Reagan (1981-1989), nos Estados vezos, do 5 bllhõos do dólaros para uma. Esse processo tem feito os gover-
Unidos, e de Margaret Thatcher (1979- S8 bllhõos dodólaros. Noontanto,o nos buscarem formas de combater isso.
1990), no Reino Unido. Em 1989, uma prot•donlsmode cada pafs a AUS ,.. A atual mobilidade do mercado
reunião envolvendo funcionários do toros, como calçados, bons durávGls mundial pennite também que grandes
governo dos Estados Unidos, de orga- • alimentos, diftculta uma lnteuação empresas façam a relocação de suas fá-
nismos internacionais e economistas maior dos morcados. bricas - nome que se dáao fechamento
latino-americanos na capital norte- O Morcosut possui acordos do de unidades de produção em um local e
americana, Washington, consolidou Uvro-com6rclo com Egito, Israel e sua abertura em outra região ou outro
esse conjunto de diretrizes. Palostlna. Atualmonto, o bloco no- país. Esse n1ecanismo é globalmente
As conclusões desse encontro pas- goela a criação doumaámado Uvro- usado para cortar gastos com mão de
saran.1 a ser chamadas informalmente com6rdo com a UE. As convorsas obra, encerrando a produção em paí-
de Consenso de Washington, e foram onfrontam lmpasso prfnclpalmento ses nos quais os salários são maiores,
utilizadas como uma receita para que a dovtdo à roslst4ncla daArgontlna om para organizar a produção onde há
Aluérica Latina conseguisse superar a roduzlr as tarifas do Importação. Isso menos custos - também de in1postos
crise econômica da época. Mais tarde, porquo oxlstoorQC.Qlo do quo a aber- e infraestrutura.
as soluções apontadas no Consenso de tura do morcado aos manufaturados
Washington tornaram-se o modelo do ouropous onfraqu~a as Indústrias Blocos econômicos
Fundo Monetário Internacional (FMI) nacionais. Por outro lado, há quom Nesse contexto, o TPP e a formação de
e do Banco Mundial para outros países. dolonda quoosganhosno m6dlo pra- blocos econômicos são uma expressão
A adoção dessas diretrizes era unia zo com o aumonto das oxportaçõos importante da economia globalizada.
exigência para as nações que fossem podem compons.ar ossas evontuals Os primeiros agrupamentos de nações
solicitar a renegociação de suas dívidas. pordas Iniciais. surgiram com o objetivo de facilitar e

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 117


li ECONOMIA GLOBALIZAÇÃO

Os países ricos
concentram mais da
metade do comércio
mundial, acirrando as
desigualdades

baratear a circulaç.ã o de mercadorias O bloco econômico mais importante do TPP), e também Indonésia, 1'falásia,
entre seus membros. Na globalização, do mundo é a União Europeia (UE), Filipinas, Tailândia, Camboja, Mian-
porém, essas medidas reforçam a ten- tanto pela força de algmnas de suas prin- mar e Laos. O bloco possui acordo de
dência de abrir as fronteiras das nações cipais econonúas - como as da Franrt, livre-comércio com a China e a Índia.
ao livre ffuxo de capitais, ao reduzir Alemanha e Reino Unido-,quantopela Na América do Sul, o grande bloco
barreiras alfandegárias e coibir práticas profundidade das relações entre seus é o Mercosul (veja boxe na p,íg. ante-
protecionistas ( quando um país impõe membros. Na UE, é livre a circulação de rior). Em 2012, foi criada a AJi~ do
taxas pesadas para restringir a importa- capitais, serviços e pessoas e foi adotada Pacifico, bloco comercial que engloba o
ção de produtos e proteger sua própria uma moeda em comum pela maioria Chile, Pen,, Colômbia, México e Costa
produção interna) e regulamentações dos países membros, o euro. Rica, que pretendeevoltúrpara uma zona
nacionais. Existem quatro modelos bá- Os EUA impulsionaram o Acordo de de livre-comércio. Os cinco países têm
sicos de bloco econômico: Livre-Comércio da América do Norte acordos de livre-comé-rcio com os EUA,
(N afia), tornando México e Canadá eco- o queteru impulsionado suas economias.
O zona de livre-comércio, em que nonúas diretamente vinculadas à sua.
há redução ou eliminação de tarifas Na Ásia existe a Associaç.ão das Organi$ação Mundial
alfandegárias; Na~ões do Sudeste Asiatico (Asean), do Comércio
O união aduaneira, que, além de abrir bloco econômico que reúne 10 países: Outro instn1mento para a expansão do
o 1nercado interno, define regras Brunei, Cingapura e Vietnã (membros comércio global é a Organiza,ão Mundial
para o c.o mércio com nações de fora do Comércio (OMC), criada em 1995
do bloco; com o objetivo de abrir as economias
C> mercado comum, que pern1ite a nacionais, eliminar o protecionismo e
livre circulação de capitais, serviços BRICS: O GRUPO DOS facilitar o livre trânsito de mercadorias
e pessoas; e EMERGENTES entre os países. Em sua atividade de ro-
C> ,uti..~o eco11ô1uica e 111011etária, tina, a OMC atua como un1 fórum que
em que os países adotam a mesma Os principais países emorgentos so resolve litígios comerciais entre os paí-
política de desenvolvimento e uma ro6nom om um gn.apo conheddo como ses-membros- e, no linúte, até os julga.
moeda única. Brf cs, acr6nf mo para Brasl~ R4ssla, f~ Atualn1ente, a OMC tenta destravar
dia, ChlnaeAfrlca do SUl(SouthAfrlca, a chamada Rodada Doha, um ciclo de
A forma~o de blocos econômicos em lng14s). Não se trata do um bloco negociações aberto em 2001 com o ob-
acelerou o comércio mundial. Antes, econ6mko, mas do um grupo do art~ jetivo de abrir os mercados mundiais.
qualquer produto in1portado chegava culaçio poUtlca e KOf'IOmlca, quo co~ É com esse desafio que o brasileiro
ao consumidor com wn valor signifi- partilha vii rios tomas do lntores.ff om Roberto Azevêdo tomou posse como
cativamente mais alto, em função das comum. Sua principal Instituição 6 o diretor geral da OMC em 2013. A difi-
taxações impostas ao cruzar a alfândega. Banco dos Brks, criado om 2014 para culdade está justamente em manter un1
Os acordos entre os países reduziram ser uma alternativa ao FMI e Banco equilíbrio tarifário que agrade a todos.
e em alguns casos acabaram com essas Mundial como contro do financiamen- De modo geral,os países ricos querem
barreiras comerciais, processo conhe- to para projetos de dosonvotvlmonto e liberali:zar os setores em que são mais
cido como h1>eralização comercial. para socorro a pafses em dtflculdades. competitivos, como industrial e de ser-

ll8 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.....
........
....•.......
....•.....
...........
..........
..........
.........
..... ......
..........
.........
...
...........
.... ................
...............
. . ... .... . ......................
. .............
...............
.................. ..................
. .. .....
........
LEITE DERRAMADO nais, como o FMI, hberam empréstimos
O TPP Irá reduzir para que possam enfrentar a sangria Globalização
barreiras tarifárias, de dólares. Em contrapartida, os go-
medida que sofre vernos beneficiados ficam obrigados GLOBALIZAÇÃO Fonômono quotom ori-
crftlc.as de setores a obedecer ao receituário ditado pelo gem com as Grandes Navegações nos
como a lnd6strla orga1úsmo, basicMnente o estabelecido séculos XV e XVI e que ganha os contor-
latldnla no Japão pelo Consenso de Washington. nos atuais no fim do século XX, com o
Uma das consequências disso é que, surgimento de um processo de Interde-
além de muitas "-ezes penalizar as po- pendência entre governos, empresas e
pulações carentes, por desativar ou movimentos sociais. O termo descreve
viços. Já as nações menos desenvolvidas diminuir invescimentos sociais, essas uma situação propiciada pela internet,
preferem uma abertura comercial maior políticas tendem a frear o crescimento coma troca instantânea de Informações, a
no setor agrícola. Como as decisões na econômico, por aumentar os impostos, realização on-line de operações financei-
Oh1C são tomadas por unanimidade, é congelar investimentos púbHcose elevar ras e fechamento de negócios, a facilidade
muito complicado atingir um acordo os juros. Assim, a globalização acenou em promover mudanças nos locais de fá-
em que todos saiam satisfeitos. com perspectivas que não se concretiza- bricas o, sobrotudo, a lntEgraçâo mundial
Justamente por causa dessa comple- ram. Imaginou-se un1 mundo integrado do mercado financeiro.
xidade, as neguciações multilaterais no e sem fronteiras. Pelas previsões de seus
âmbito da OMC estão sendo preteridas defensores, novas tecnologias e métodos NEOLIBERALISMO Prega o domínio do
pelos acordos bilaterais ou regionais de gerenciais iriam aun1entar a produtivi- livre mercado sobre a economia e a dl-
livre-comércio, que envolvem menos dade, o bem-estar das pessoas e reduzir mlnulçãodo papo! do Estado na vida ooo-
atores e uma lista específica de bens e as desigualdades entre as nações. nômlca. Entre suas caracteristicasestão a
produtos - é o caso do TPP. Por isso, Não é isso, porén1, o que se vê. Os elimlnaçãode barreiras aos investimentos
há muitas críticas sobre a postura do últimos anos registran1 um aumento estrangeiros, privatizações, redução de
Brasil de privilegiar as negociações das desigualdades. O comércio inter- gastos soc.lais e desregulamentação do
da OMC em detrllnento de parcerias nacional nunca foi tão intenso, mas as mercado detraba\ho.
comerciais ruais pontuais. exportações dos países ricos crescem
muito mais que a dos países pobres. OMCAOrganização Mundial do Comércio
Desigualdades Atualmente, apenas dez países (dos 19S foi fundada em 1995 como um fórum de
Atualn1ente, os grandes investidores no mundo) monopolizam mais da me- discussão para regulamentar, ampliar e
internacionais podem, com o simples tade de todo o comércio internacional fiscallzarocomérclo internacional na gto-
acesso ao computador de um banco, (veja o gráfico na pág.116). Em muitos baUzação. ARodada Doha,aberta om 2001
retirar milhões de dólares de nações aspectos, a giobalização se tomou um para negociar avanços no comércio lnter-
nas quais vislumbram problemas eco- instrumento em que os países ricos di- naclona~entrouem um lmpasse,opondo
nômicos, políticos ou sociais. Quando tam as regras comerciais e exercem sua os países ricos às nações emergentes.
os países tomam- se excessivamente influência sobre as nações menos po~
vulneráveis a esses movimentos bn1s- derosas,intensificando uma relação de BLOCOS ECONÔMICOSA§upamontos do
cos de capitais,organisn1os intemacio- dependência dificil de ser superada.l!!I nações reunldascom o objetivo de facllitar
a circulação de mercadorias entre mem-
.......................................... ..........
...................................................... .......................................................
.... ........................................................
................................................... bros. Sob a economia globalizada, aju-
.....................................................
.......................................................................................................................................................... dam a abrir as fronteiras ao livre fluxo de
( SAIU NA IMPRENSA
.......................................................................................... .. . .. . . . .
.....................................................
......... ..................................................... capitais pelo mundo. Podem ser zona de
livr~comérclo, união aduaneira, mercado
O QUE O BRASIL TEM A o Brasil ainda mais de lado. comum e união econômica e monetária.
PERDER COM A PARCERIA Segundo a CNI, os 12 países do TPP com -
TRANSPACIFICA praram US$54 bllhõosdo Brasil om 2014, o ACORDO TRANSPACÍFICO (TPP) Maior ároa
equivalente a 24% das nossas exportações. de livre-comércio do mundo, o TPP foi
Com 12 países que respondem por 40% Entre os manufaturados, a participação é assinado em fevereiro de 2016 e reúne U
do PIBglobal,a Parcorla Transpaciflca (TPP, do35%. países dasAmérlcas,Ásla e Oceanla, entre
na sigla em inglês) anunciada ontem tem Um estudo de Vera Thorstensen e lucas eles as potências econômicas EUA e Ja-
tudo para ser o maior acordo comercial Ferraz,da Escola de Economia da Fundação pão. Oacordo é criticado por setores que
da história.( ...) Getulio Vargas (FGV), estima uma quedado temem a concorrência das importações
Se aprovada internamente pelos envol- 2,7% nas exportações brasileiras com um com a redução das barreiras tarifárias.
vidos, a abertura, que inclui a primE!ira e TPP queellmlne todas as barreiras tarifárias Além disso, o TPP amplia o poder das
a terceira maiores economias do mundo o metado das não tarlfârias. (_,) empresas e évisto como uma forma deos
(Estados Unidos e Japão), vai criar novos EUAcontero avanço econômico da China.
ftuxose cadeias de valor que devem deixar Exame.com, 6/J0/2015 ......................................................
...........••...
..........•.......•• . ..•• •..... •.•.. ..•.. •.... ..... ..... ....
................................................................ ......................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 119


'1.

"'
li QUESTÕESSOCIAISGtNERO

s provas do Enem 2015 ganha-

A ram repercussão e viraram até


polêmic.a nas redes sociais ao
trazer duas questões relacionadas à si-
tuação da mulher. No primeiro dia, uma
pergunta apresentava a famosa frase da
filósofa franc.e sa Simone de Beauvoir fEMINISMOAtlvistas nos EUA em campanha contra a dlscrbninação das mulhQNs, em 1910
("Não se nasce mulher, torna-se mu-
lher") no contexto das reivindicações e
das lutas feministas da segunda metade
do século XX. No dia seguinte, o tema Primeiras reivindicaç6es uma "essência feminina!\> e afinnaqueo
foi alçado à esperada prova de redação, A busca por direitos civis e polí- fato de nascer como sexo feminino não
que levou o estudante a pensar sobre ticos, assim como pela igualdade e1» é determinante para os papéis social-
A persistência da violência contra a relação aos homens, está na origem menteatn'buídosàsmulheres-comoser
mulher na sociedade brasileira. dos movimentos feministas. As pri- mãe e dona de casa. Esses papéisserian1
As questões abordadas no exaJ.Ue não meiras reivindicações surgem mais resultado de uma constn.1ção social e
poderian1 ser mais oportunas, já que fortemente a partir do século XVIII, não uma determinafão biológica. Daí a
2015 foi um ano n1arcado por vários na esteira dos ideais de liberdade e diferença que se estabelece entre sexo
fatos e n1a11ifestações relacionados à igualdade do Iluminismo e da Revolu- (que se refere ao aspecto biológico) e
defesa dos direitos da mulheres, como ção Francesa (1789-1?99).Acentuam-se gênero (relacionado aos papéis sociais).
a aprovação da lei do feminicídio pela com a Revolução Industrial, 110 século
presidente Dílma Rousseff, as campa- XIX, quando as mulheres ingTessam Estudo e trabalho
nhas que denunciaram assédio sexual na no mercado de trabalho, e com o mo- As mulheres são maioria entre a popu-
internet, os protestos contra o projeto de vimento operário. No final do século lação brasileira Elas representam 51,5%
lei que restringe e dificulta o aborto legal XIX, tem destaque as lutas sufragistas dos 203,2 n1ilhõesde habitantes,segundo
e as declarações públicas de personali- (pelodireitodevotareserem votadas) a Pesquisa Nacíonal por Amostra de Do-
dades a favor da igualdade de gêneros. na Inglaterra e nos Estados Unidos. núcilios (Pnad) de 2015, do IBGE. Esse
Nas últin1as décadas, as mulheres A década de 1960 marca uma ampla percentual maior resulta de uma maior
conquistaram papel fundamental no revolução nos c.o stumes. O feminismo taxa de mortalidade masculina e da que-
mercado de trabalho, aumentaram sua ganha força junto a outros movimentos da na taxa de mortalidade femin.ina, em
representaç-ão política e registraram sociais de contestação ( como o hippie), funç.1o dos avanços da medicina e da
melhorias em vários outros aspectos, e as mulheres começ.am a reivindicar implantaç.w de políticas públicas para
como o aumento da escolaridade e da direitos de liberdade sexual. O surgi- a saúde da mulher. De 1960 a 2014, a
expectativa de vida e a diminuição 110 mento da pílula anti.concepcional, em expectativadevidadasmulheres,nopais,
número de mortes durante o parto. No 1960, provoca uma verdadeira revolução, aumentou de 56,1 anos para 78~ anos.
entanto, ainda há umcanúnho longo a dando às mulheres o controle sobre a Nas décadas recentes, houve aumento
percorrer quando se trata da igualdade gravidez. Com isso, ocorre também uma da escolaridade e da participação femini-
de direitos em relação aos homens. redução drástica na taxa de fertilidade (o na na força de trabalho. Porén1, isso não
Segundo o relatório Progresso das número de filhos por mulher) no mw1do. diminuiu importantes desigualdades.
Mulheres no Mundo201S-2016, Trans- Embora publicado em 1949, o livro Uma delas é que as mulheres estudam
formar as Economias para Realizar os O Segundo Sexo, de Simone de Beau- mais, mas ganham menos. De acordo
Direitos, da Organização das Nações voir, foi fondamental para estruturar o co1n o IBGE, o nível de escolaridade
Unidas (ONU), as mulheres ganhan1 en1 movimento feminista nos anos 60. Ele da mulher é maior que o do homem em
média 25% a menos do que os homens aponta as razões históricas e culturais todas as etapas de estudo. Porém, isso
110 mund0t e uma em cada três mu- que fundaram •sociedade patriarcal(or- não se reBete em boas oportunidades
lheres já foi vítima de violência física ganizada em tomo da autoridade mascu- de trabalho ou em melhores salários.
ou sexual (veja outros indicadores no lina), relegando a mulher a urna posição Segundo a Pnad 2014, elas recebem, em
quadro da página ao lado). subalterna.A autora nega a existência de média, 25,5% a menos do que os homens.

U2 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


Representação política SIIUAÇAO DA MULHER HO t.lUHOO
A situaç.'io de conquistas e desigual- Acompanhe aevoluç~de alguns lndlcadon!s nas áreas de saúde, educaçAo, trabalho e polltlca
dades se repete também em relação à
participa~ão política. Em 126 anos de ~ 1~q,ectalindevida.noperbdo,ernanos .wil Patt/clpafâo pol/1/Q
República, apenas hoje temos uma mu-
lher presidente, e no Congresso Nacio- . 1991 14 a 1991 ,·
McipiÇ3ofeminira 110
l.l!gitlatMl,em'li
N6merodemu!he1u
chefe de Estadooudegc,.,eiro
nal, as mulheres são sub-representadas:
ocupan1 apenas 10% das 513 cadeiras
da Câmara dos Deputados e 15% das
1 1m1 72 61 1011
•- •
81 do Senado. Com a fulta de represen- . -111stl1&al!Jonu"'2sdll-
liiiíl Uniwrsltãrios 4e oda suo, ern 'li, ern 20U
tação feminina no legislativo, projetos D
a &1u:aç1> a otn:w o-
e temas fundamentais para garantir os
direitos das mulheres e a igualdade de
gênero acabam prejudicados.
a Sa:nebemtlW a En9!f'lhlria.epn:rl'u(i:i
..,,__.,,..,_
1997 2011 1997

Ettreigve a1is me.loora l JaltlC~olW nxJfbuu nos


1011

Desde 2009, o Tribunal Superior 51 Jl(lderes f,g/S/JtNoe orecuwo, "''" SftUlik>Jirrlles~


Eleitoral (TSE) determinou que pelo lofl6/ de se.r tgua.fltkll n retl(Jo doshomtns.
menos 30% das candidaturas dos par-
Tmdeana/fabetàmo

-~
tidos políticos sejam do sexo que tem 1Yariaçlo da pn>pOftlo de ana.lfabetos: 110 perbdo
/
a menor representatividade, no caso o
feminino. Mas os partidos têm dificul- 111!1,
dade de preencher esse número. Em se- Dtm1001, PIOJXl,PO de muN>mslllllf>bel>S (ao bdol""'
l JX)rcenQ#Jm se imtnm ma.to, n.a comf)lnf.Jo com os
tembro de 201S, o Senado aprovou, em homens. No C/15100 sup,m, C,,lm>l, Ili g,arr/e dlfe111~ l!fR
segundo n1mo, a Proposta de- Emenda (WJ(Jo1sirw de e.mdq como Engetm.rtl e CtfoctlS. >'.111 19'l0 2011
à Constituição (PEC) 98/2015 que esta-
P211/áp;190n,fo,pdttnl>allto
belece cotas ( de 10%, 12% e 16% nas três
próximas eleições, respectivamente) OI Do total de mulheres• homens, em 101s•

para mulheres nos Legislativos muni-


cipais, estaduais e federal (exceto no
Senado). A PEC ainda precisa servo-
tada na Câmara dos Deputados, onde
um projeto semelhante já foi rejeitado. Da{lú/ftnlm

1,33hora
• Bn pa.lsesen desnolwlmenio

MetacfedlS rooH»res mak.ll'B de isdlJM tr.ltathl b/3. A


prm~no"1/NUJÍodetr*~ noentanto,n.a?dtmltrJIUl
Tolerância à violênda
O ordenamento patriarcal da socieda-
• Admadusanos.
f01111!:~IIIOrihWO.CW.O».tS a,p de ti>bllfr> ,mas, 6"illS de 3b supeilOf~ do ,.,...,t
de perm.ane.c e enraizado em nossa cul- VIOLEllCIA COIHRA Al,IULHER HO BRA.lll
tura, é reforçado na violência doméstica Número de homlcldlM femlnlnM etaxa ponoo mll mulheres, entíl! 1980 e 2013
e leva a sociedade a aceitar a violência
sexual. Essa foi uma das conclusões
do estudo Tolerância Social à Violência
-
-
Tar.asdeharici:lbacadl.100mil
Hcmi:i:lbfemi11i110,
em n6merosbrutos
,1
contra as Mulheres, divulgado em 2014
pelo Instituto de Pesquisa Econômica ~743
Aplicada (Ipea). A pesquisa revelou, por
exemplo, que 63,8% das pessoas entre- Homiádios dt 11HJ!heres por estado
_ Tm.por11Xlmilmulheres,ernl41J 3.coo
vistadas concordan1 totalmente ou em 1,7 ltlraima tema miior
parte com a frase "os homens devem ser tlla.cb Brasil (lS,l)
a cab~a do lar" e que 58,5% acreditam 1,3
que "se as mulheres soubessem como
se comportar, haveria menos estupros". 2 1.(IX)

Vai no mesmo sentido a análise feita


lJ'6
por Julio Jacobo Waiselfisz, autor do
Mapa da Violência 2015 - Homicídios de .353
,,,,,.,,,.,..,,
MulheresnoBrasiLSegundoele,a •nor- Entre igh e2oi3 hJ tl'R d111»rto de mJis de 250$ lal
1 - 1.(IX)
nontmerode trJmtcfdtasedemllSde ioo~IJltm a 3a4
malidade" da violência contra a mulher
na lógica patriarcal justifica e mesmo
porioo mtlmuN»re1 Por rolt.lde2007, dwfdo.lW ••as
a sa6
M>llldl 1"nlil(~OCOfTl!ll/JJ fE("{JO,""
autoriza que o homem a pratique com fo6,depolSlvtJMot.tl ..,.,.,..., iwr,. • 6ru+
a finalidade de punir e corrigir compor- ,~---~---~----~--------~---~-~
tamentos femi1únos que transgridam o 1'/'> 200, l'1JJ 1991 1005 2010 201]
papel esperado de mãe, esposa e dona

GU,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 123


li QUESTÕESSOCIAISGtNERO

~E EM DIREITOS
A taxa de homicídios Protesto em
São Pauto contra
de mulheres no Brasil é o projeto de lei que
uma das mais elevadas dificulta o acesso
ao aborto leg_a~ em
no mundo, um grave novembro de 201s
problema social

de cas3. Essa mesma lógica justificadora por esse tipo de crhne merecem a pena
também aparece, segundo o estudo, nas j máxima de reclusão (30 anos), nio têm
agressões de desconhecidos contra mu- ... direito a indulto (perdão) ou anistia, e
lheres que eles consideram transgresso- § nem a responder ao processo em liber-
ras do comportamento culturalmente j dade mediante o pagamento de firu.1fa.
esperado delas. Em ambos os casos, ; Infelizmente, os assassinatos cons-
culpa-se a vítima pela agressão sofrida. ~· tin1en1 somente umas das formas de

Perfil dos homicídios


•• violência contra a mulher. Apenas em
2014, segundo o Ministério da Saúde,
Um dos resultados dessa tolerância é 147.691 mulheres - 405 por dia - pre-
a alta taxa de homicídios de m,Jheres de negras aumenta 54,2%. Na relação cisaram de at endimento médico em
no pais. O Brasil ocupa a quinta posição, por 100 mil mulheres, essas taxas são uma unidade de saúde em virtude de
entre 83 nações, no ranlóng mundial de de 3,2 (brancas) e 5,4 (negras) assas- violência doméstica ou sexual (estu-
proporção de assassinatos de mullieres, sinadas. A diferença entre elas - cha- pro). Parentes imediatos (como pai ou
com4,8 homicídios por lOOmil mulhe- mada de índice de vitimização - mos- filho), parceiros e ex-parceiros foram
res. O país fica atrás apenas de Rússia tra que, proporcionalmente, morrem os agressores em 67% dos c.asos. Outro
(5,3), Guatemala (6,2), Colômbia (6,3) e 66,7% mais mulheres negras do que dado dramático é que a reincidência
EI Salvador (8,9). Para efeito de compara- brancas. Em alguns estados brasileiros, aconteceu em quase a metade dos casos
ção, a taxa é de 0,4 na França e de 0,1 no como Amapá, Para.i'ba e Pernambuco, atendidos. O :Mapa da Violência aponta
Reino Urúdo. Em 2013, segundo dados do esse índice chega a alarmant es 300%. que um dos fatores que explicam a
Sistema de Informações de Mortalidade Esses assassinatos têm duas carac- violência de gênero é a impunidade -
do Ministério da Saúde, 4.762 mulheres terísticas que os distinguem dos honú- o índice de elucidação dos crimes de
foram assassinadas, uma triste média de cídios masculinos: os meios utilizados homicídio seria apenas de 5% a 8%.
13 homicídios de mulheres por dia. e o local onde acontecem. O uso de
Considerando toda a série históri- força física e de objetos cortantes e Assédios e campanhas
ca, de 1980 a 2013, morreu um total de penetrantes indica motivos passionais. O menosprezo ou a discriminac;ão da
106.093 m,Jheres (veja gráfico na p4gina E o futo de boa parte dos crimes ocor- condição da mulher tan1bém está na
anterior). Nesse período, houve um au- rerem na residência mostra o caráter base da violência psicológica sofrida
mento de 252% no número de vítimas e doméstico desses homicídios. por muitas delas. O assédio - exposição
de 111% na taxa por 100 núl mulheres. a umasituacâo• humilhante ,
econstran-
Mesmo a promulgação da Lei Maria da Feminicídio e agressões gedora - é um exemplo. E o que revelou
Penha, em 2006, que aumentou o rigor Partedos4.762 homicídios femirúnos pesquisa realizada pela ONG Énois In-
das punições para a violência domésti- contabilizados em 2013 é considera- teligência Jovem, em parceria com os
ca e familiar, não conseguiu frear essa da feminicídios, segundo o Mapa da Institutos Vladinúr Herzog e Patrícia
escalada de violência contra a mulher. Violência 2015. O feminicídio se dá Galvão: entre 2.285 moças de 14 a 24
Em um primeiro momento, em 2007, quando o assassinato ocorre por "ra- anos, de 370 cidades brasileiras, 94% já
ocorreu uma queda nos números e na zões de condiçiio de sexo feminino", havia1U sido assediadas verbalmente e
troca, mas já no ano seguinte os índices o que envolve dois fatores: violência 77% sofreram assédio sexual.
voltaram a aument ar. O crescimento doméstica e familiar; e menosprezo ou Devido ao seu grande alcance, a in-
no número total de casos nos períodos discrinúnaçãoà condição da mulher. O ten1et acaba sendo um meio de pro-
anterior (1999 a 2006) e posterior à lei estudo aponta que 50% dos homicídios pagação de assédios, mas também de
(2006 a 2013) também mostram isso: femininos foram executados por um manifestações de repúdio a esses com-
13% e 18%, respectivamente. parente direto da vítima, sendo um portamentos e a favor da igualdade dos
Quando a análise dos homicídios terço deles parceiros ou ex-parceiros. sexos. Foi essa a proposta de campanhas
considera a cor, as mulheres negras são Em março de 2015, a presidente Dil- como #MeuAmigoSecreto, #AgoraÉ-
vítimas prioritárias da violência: entre ma Rousseffsancionou a Lei 13.104, que QueSãoElas, #Prin1eiroAssédio e do
2003 e 2013, por exemplo, enquanto o classifica o feminicídio como crime site Chega de Fiu Fiu, que combate o
homicídio de brancas diminui 9,8%, o hediondo. Pela nova le~ os condenados assédio sexual em lugares públicos.

U4 GEATUALIOADU j l •su ncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
......................................................................................................
..........
...... .......
.... ..... ..... ................ .... .......... ....... . ..
.... . .......... ... .. ..
Direito ao aborto estima que a cada dois dias um.a mu-
No canúnho para a equidade de gê- lher brasileira morre vítima do aborto Questão de gênero
neros, o direito à sal1de reprodutiva é ilegal. A população de baixa renda é a
uma das principais reivindicações das principal vítima, já que as mulheres FEMINISMO A luta pela ampliação dos
mulheres. Ele diz respeito à liberdade com melhores condições financeiras direitos civis e políticos das mulheres e
e à autononúa da mulher sobre seu realizam o procedimento em clínicas sua equiparação aos dos homens ganha
próprio corpo, o que inclui a decisão particulares e mais seguras. força no século XIX, com o avanço indus-
sobre realizar ou não um aborto. Pela Em outubro de 2015, a Conússão de trial e a urbanização. Na década de 19€1),
legisla, ão brasileira, a interrupção pro- Constituição e Justiça da Câmara apro- atinge seu ponto alto, com reivindicações
vocada da gravidez é considerada crin1e vou o Projeto de Lei 5069/13 de auto· relativas à liberdade sexual, influenciadas
contra a vida, com pena de um a três ria do presidente da Câmru-a, Eduardo por manifestações sociais de contestação,
anos de detenção. O aborto é permitido Cunha (PMDB-RJ), líder da bancada como o movimento hipple.
apenas em três casos: quando a mulher evangélica, que determina penas espe-
é vítima de violência sexual, se o feto é cíficas para quem induzir ou orientar AVANÇOS Nas últimas décadas, as mu-
anencéfalo (sem cérebro) ou quando há gestantes ao aborto - como vender ou lheres oonquistaram lugar no mercado de
risco de morte para a gestante. dar substância ou objeto destinado a trabalho,aumentaram sua representação
Pesquisa do IBGEinédita sobre o tema, provocar a interrupção da gravidez. Co· política ereglstraram melhorias em vários
de agosto de 2015, estima que 2,1% das nhecido como PL do aborto, o projeto outros aspectos, como o aumento da es-
mulheres de 18 a 49 anos - cerca de 1 de lei também dificulta o aborto legal ao colaridade e da expectativa de vida e a
milhão de brasileiras -já provocou pelo exigir, em caso de estupro, a realizaç-ão diminuição no número de mortes durante
menosumaborto.Esseú1diceé maioren-
tre as mulheres nordestinas (3%), negras
de exame de corpo de delito para aten·
. ,
dunento no Sistema Uruco de Saúde
. . o parto. Noentanto,alnda sofrem discrimi-
nações diversasesãovítimas de violência.
(3,5%) e entre aquelas sem instru~ ou (SUS) - atualmente, basta a palavra da
com o Ensino Fundamental ou Médio in- gestante. Grupos em defesa dos direitos TRABALHO E POLITICA As mulheres re-
completo (3%) . Esse número pode estar das mullierese manifestantes contrários cebem salários menores que os homens,
subnoti.ficado, já que mtútas mulheres ao projeto protestaram nas n1as de vá- mesmo quando seu nível de escolaridade
não declaram o fato por ser ilegal. rias cidades do país. No início do ano, a é maior. Também ocupam poucos cargos
Como a lei só autoriza o aborto em proposta ainda precisava ser votada na de chefia e somente 22%dos assentos nos
casos excepcionais, a prática clandes- Câmru-a e no Senado para ser aprovada. partamentos no mundo·. No Brasil, esse
tina é disseminada, tornando-se um A descriminalização do aborto es- percentual é ainda menor.
problema de saúde pública - ele é uma barra em princípios morais e religiosos.
das principais causas de mortalidade Pesquisa realizada pelo lbope, em 2014, VIOLtNCIASegundoa ONU, uma em cada
materna no Brasil. A imensa maioria mostrou que 79% dos entrevistados se três mulheres Já foi vítima de violência
desses abortos acontece em clinicas posicionavam contra sua legalização.lEI física ou SE!Xual. No Brasil, o índice de
precárias ou mesmo na casa da ges- homicídios femininos (4,8 por 100 mil
tante, sem condições de higiene ou PARA IR ALEM O filme As Sufragistas (2015) mulheres) é o quinto maior do mundo e
supervisão médica adequada. A Or- retrata a luta das mulheres pelo direito devoto mais do quedobrou nos últimos 30 anos.
ganização Mundial da Saúde (OMS) na Inglaterra, nocomeçodoséculo XX. Cerca de metade deles foi executada por
um parente direto da vítima e um terço
.....................................................' .............
..............' ........... ........... ... ......................................................
......................................................
............................
.......................................................' ...................... .
..............................................
deles por parceiros ou ex-parceiros. Tam-
. .....................................................
. . bém são altos os números de assédio e
.......................................................................................................... .....................................................
( SAIU NA IMPRENSA
....................................................
......................................................
de agressões.

DOIS StCULOS SEPARAM Atingiriam essa cota das vagas do Se- ABORTO No Brasil,ele é permitido apenas
MULHERES E HOMENS DA nado em 2083. Nas Câmaras Municipais, em três casos: quando a mulher é vítima
IGUALDADE NO BRASIL em 2160. E na Câmara dos Deputados, de violência sexual, seo feto é anencéfalo
André Cabette Fábio em 2254. (sem cérebro) ou se há risco de morte
Essas projeções, feitas pela reportagem, para a gestante. Pesquisa do IBGEestima
caso o ritmo recente de qu-eda da de- não são uma previsão do futuro. Usam re- que cerca de um milhão de brasileiras Já
sigualdade entre homens e mulheres no gressões lineares,equaçõesqueestimam o provocou pelo menos um aborto.Como a
Brasil se mantivesse, elas ganhariam o valor esperado de um indicador com base lei sôautorfza o aborto em casosexcepcl<>
mesmo que eles em 2085. no rltmo anterior. (...) nals, a prática clandestina é disseminada,
Oc-upariam 51% -a proporção pela qual Elas servem, no entanto, para visualizar tornando-se um sério problema de saúde
respondem na população brasileira- dos o ritmo de queda de desigualdade no país pública. Tramita na Câmara dos Deputa-
cargos de diretoria executiva em 2126. E nos últimos anos. dos em 2016 o Projeto de Lei 5.069/13,que
essa parcela dos cargos de alta gestão em diflculta o aborto legal
gorai em 2213. Folha® S.Prrulo, 2'/9/2015 .........................................................
......... ...... ..... ..................... .......... .......
.....................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 125


li QUESTÕESSOCIAISURBANIZAÇÃO

m janeiro de 2016, frente à di-

E vulgação do aumento das tarifas

CIDADES QUASE
de ômbus em ao menos 18 mu-
nicípios brasileiros - incluindo capitais
como Salvador, Belo Horizonte, Rio de
Jane-iro e Sio Paulo - manifestações con-

PARANDO trárias ao reajuste começaram a pipocar


nessas cidades, a exemplo daquelas que
sacudiran, o pais em junho de 2013.
Só na capital paulista, onde a tarifa
subiu de R$ 3,50 pata R$ 3,80, foram
ao menos seis protestos naquele mês,
A questão da mobilidade é apenas um dos liderados pelo Movimento Passe Livre
(Jl,[PL), que reivindicaagratuidadeno
desafios das grandes metrópoles, que também transporte público. Nessas ocasiões,
sofrem carências em áreas como habitação, policiais e tuanifestantes entraram em
confronto. Dezenas de pessoas foram
saneamento básico e abastecimento de água feridas e algumas, detidas.

U6 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


de grandes cidades. Nas metrópoles no trânsito e no número de acidentes.
brasileiras, o direito de ir e vir é um De acordo a Organização Mundial da
dos mais prejudicados, devido à falta Saúde (OMS), apenas em 2013, mais
de planejamento e à prioridade que de 41 mil pessoas perderam a vida nas
foi dada ao automóvel durante muito estradas e nas ruas brasileiras. Des-
tempo. As vias públicas não garantem de 2009, o nú111ero de acidentes de
ffuidez para todos os veículos, o que trânsito no país deu u111 salto de 19
torna a mobilidade um problema para por 100 mil habitantes para 23,4 por
núlhões de pessoas diariamente. 100 mil habitantes, o maior registro
A inexistência de um.a política clara na América do Sul.
e c.o ntínua de transporte pl1blico levou
a um serviço caro e de baixa qualida- Para o trânsito melhorar
de. Ônibus ent núntero insuficiente Urbanistas aponta1n que, para essa
realizam percursos demorados, o que situat,ão mudar, é preciso melhorar a
implica em superlotação e grande es- qualidade do tr.u,sporte público, res-
pera nos pontos de parada. Além disso, tringir o uso excessivo do automóvel e
não houve investimento em transporte integrar os diferentes sistemas de trans-
ferroviário, enquanto o metroviário foi porte, interligando ônibus, metrô, trens
construido tardiamente. As linhas de de superfície, ciclovias e áreas para esta-
metrô foram iniciadas apenas a partir cionar bicicletas, motocicletas e carros.
dos anos 1970, na cidade de São Paulo Algumas cidades brasileiras vêm in-
- atualn1ente, são somente 78 quilô- vestindo nessas mudanças. A maior me-
metros. Para efeito de comparação, o trópole do país, São Paulo, por exemplo,
metrô de outras grandes metrópoles, conta com 481,2 quilômetros de faixas
como Pequim e Nova York, possuem, exclusivas para ônibus, além de corre--
respectivamente, 465 e 418 quilômetros dores, e 381 quilômetros de malha ciclo-
de extensão. Só outras cinco cidades viária, de modo a incentivar a redução
brasileiras contam com metr& Brasília do uso de carros.A prefeitura da capital
(DF), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), paulista também instituiu, desde julho
Belo Horizonte (MG) e Teresina (PI). de 2015, a redução de velocidade em im-
SUPERLOTAÇAo Na capital paulista, há obras para a portantes vias, como nas marginais Tietê
Passageiros construção de novas estações e linhas, e Pinheiros. A ideia é melhorar aftuidez
aguardam a mas estão atrasadas. do trânsito e diminuir o nún1erode aci-
chegada dos trens Como resultado, tivemos uma ex- dentes. Balanço preliminar divulgado ao
na EstaçAo Sé do plosão no uso de automóveis, o que fim do primeiro mês mostrou redução de
metrô de São Paulo: afetou a qualidade de vida nas metró- 10% na lentidão em comparação com o
atrasos constantes poles. Além do aumento da poluição, mesmo período do ano anterior.
esse fator impactou no tempo gasto Além dessas medidas, veja outras so-
luções para melhorar o trânsito:

O episódio mostra como as questões C> Pedágio urbano: cobrança de uma


relativas à mobilidade urbana mobili- DEFINIÇÕES DJVERSAS PARA taxa dos c.a rros que circulam nas
zam a sociedade dos grandes centros A URBANIZAÇAO regiões centrais da cidade, medida já
urbanos, que passa a pressionar cada vez adotada em Londres (Reino Unido)
mais o poder público para melhorar a Hi d~on,nças na doftnlçio do conceito e Estocolmo (Suécia). A proposta
oferta de transporte. E esse é apenas um dozona urbana (JJQ 6 prodso ontondor. foi apresentada em 2010 na Câmara
dos principais desafios das metrópoles Am11ot11 cios par.., ci-.wtvldoo@n- Municipal de São Paulo, mas acabou
brasileiras, ao lado de outros tradicio- sidora zona urbana t.111 a aglomora çio na sendo arquivada.
nais problemas trazidos pelo crescimen- qual 85% da população vivo numa Aroa
to acelerado das cidades, como a falta a,m densidade domognflca superior a O Carona solidárúu uso comparti-
de habitaç.i:o e de saneamento básico. 150po,.oas por qullõmetro quadrado. lhado de um automóvel por duas ou
O Br11llut1Uzaoutrocrtt,r1o: cc,nsldo- mais pessoas que fazem um trajeto
Transporte público ra zona urbana toda sodo do rraanlcfplo comum. Empresas dão beneficios
Garantir transporte adequado para e do distrito, não Importando a concon- (con10 vaga em estacionantento)
seus habitantes, que muitas vezes atra- tração populacional do local Isso faz aos usuários, e algumas prefeituras,
vessan1 lougas distâncias para traba- com quo as comparações ontre a taxa como São Bernardo do Campo e So-
lhar, é uma das principais batalhas en- do urbanização do Brasil o a do outros rocaba (SP),já contam com progra-
frentadas por governadores e prefeitos pafws ••J•m Umltadas. mas do tipo para seus funcionários.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 127


li QUESTÕESSOCIAISURBANIZAÇÃO

diminuição do trânsito já seriam integração populacional. Esse agrupa-


Atualmente, 54% da nulos hoje em dia. mento se dá em função de dois fatores
principais. O primeiro seria a ocor-
população mundial C) Restrição de tráfego e estacio .. rência dos chamados movimentos
vive em áreas urbanas, n.."l..tnento? determinados veículos, pendulares, realizados por pessoas
como caminhões, não podem cir- que estudam ou trabalham em outra
índice que deve chegar cular em certas vias em horários cidade, mas retomam para casa ao fi-
a 66% até 2050 específicos. Automóveis contam com nal do período. O segundo diz respeito
menos vagas para parar em vias p\1- ao processo de conurbação, quan-
bli~ e as tarifas de estacionamento do as áreas de municípios diferentes
O Reorganização do espaço, planeja- ficam mais caras. se encontram, formando uma única
mentos urbanos que aproximem as mancha urbana, o que deu origem às
pessoas de seus locais de trabalho, Arranjos populacionais regiões metropolitanas.
esn1do e lazer de modo a reduzir a A questão da mobilidade se torna ain- Segundo o IBGE, esses agrupamen-
necessidade de grandes deslocamen- da mais problemática quando conside- tos envolvem 106,8 milhões de pessoas
tos pela cidade. Inclui o conceito ramos o grande número de pessoas que - mais da metade da população do pais
de cidade compacta, que concentra se deslocam de uma cidade para outra - em 294 arranjos, formados por 938
moradia, con1ércio e serviç.os em para trabalhar ou estudar. A pesquisa municípios. O Sudeste é a região que
uma mesma área. Arranjos Populacionais e Concentra- concentra o maior número de arranjos
ções Urbanas do Brasil, divulgada em (112), envolvendo 72% da população da
O Atnpliação do rodízio de veí- 2015 pelo Instituto Brasileiro de Ge- região. Essas grandes concentrações
c1dos: aumento da restrição da ografia e Estatística (IBGE), mostra populacionais compartilham proble-
circulação de automóveis em de- que 7,4 núlhões de brasileiros vivem mas comuns de infrae.s trutura e servi-
terminados locais, dias e horários, essa realidade. ços e impõem desafios complexos para
de acordo com as placas dos veí- O estudo aponta para a existência os governos municipais e estaduais, em
culos. A medida foi adotada em dos chamados arranjos populacionais. áreas como transporte, saneamento
São Paulo, em 1997. Mas, segundo Trata-se. de agrupamentos de dois básico, fornecimento de água, energia,
especialistas, seus efeitos para a ou mais municípios onde hã grande saúde e educação.

Mob/Ndade urbana
Partld,açloácaáOlllodotr>nsportu,olDIJldo-llOlrasl'fotn'II) CuitosH
~ --""""'
..,u1..11
82t,. (M) ~0,4'1,j

Tr,nsportl!Coletl,o Traml)«1» 1ndl,ldual Tiansportt nlom01llrizado

a trememetrG • Gnlll.ls motocicleta • autom6wil blddeta • •Ili


Melo utlhzado
OIS11n<la pomrrtda 7 li 4 1J 3S
'
Ttmpog,sto 4 46 219

Poluentls emitidos

Mudarop:t1111antmw
Amaiorr,Mto (4rl/l,/ dos lll!sto"""ttosé ,ea/fzada • p4 ou do biddel>, •llfl•a>to am,kxparte dasdi!Undasé fMmrrid•pelos traq,mes mlttivor
destoe..,.,..,,
(511"} lles t,no/Jénl sai os,.spa,1..i, pelo maior le'"IJ01'5t> nas Osindi<tidJ.i; que (1)(11/S/Xlldflm,.,,.,..,31'16 li> tll.idos
me/osutiludls nas dosfo<..,.tt~ emitem78W. dospo/llenlose a11mnt13n0 }!IA\ tbscwtos.
.... _ __ _ _ jWJOJ
- ~ . . - .• .m.1•4.Jl•,....-_...,«111~Slfl!l'l«.alf11IW..a
.. QIQQs,,..doslallfb:ooMljti J f>rf'\caslospM,lims,.._lllllf,.,,z:li!llll'llllfoJtQl'SIIJrefârosHS..,._..,_..,.,_,«ltltttttsde._

" •
Urbani!l'ação no Brasil
A urbanização não foi um processo
homogêneo etn todos os países. Na Eu-
ropa, por exeinplot essa transição foi
mais lenta, o que permitiu wn melhor
planejamento no crescin1ento das cida-
des, com o desenvolvimento de projetos
de infraestn1tura e de oferta de serviços
públicos.Já nas nações pobres e em d~
senvolvimento, como éo caso do Brasii a
industrialização e a urbanização ocorre-
ram de forma acelerada, impulsionadas
depois da II Guerra MWldial (1939-1945).
No e.a so do Brasil, especificamente, a
urbanização teve como principal pro-
pulsor as políticas desenvolvimentistas
CASA NOYAMutheres no Rio de Janeiro se mudam para apart.amMtos de programa habitadonat pró-industrialização de Getúlio Vargas,
que atraíram trabalhadores para acida-
de a partir dos anos 1950. Além disso, a
mecanização da produção agrícola, que
Histórico da urbani!l'açáo mulou umgranden\lmerodepessoas a reduziuousodemãodeobranocampo,
O crescin1ento das cidades é uma migrarem para as cidades, onde estavam e a falta de políticas públicas destinadas
realidade mundial. A população ur- os empregos na indústria. A urbanização a fi.."tar o lavrador na terra, como uma
bana global aun1enta a uma troca quase pode ser definida como o processo de reforma agrária, estimularam o êxodo
duas vezes maior que a da população formafão ou de ampliaç-ão das áreas rural e o inchaço das cidades.
em geral. Há 65 mos, apenas 30% da urbanas, en1 detrimento das áreas rurais. Após esse impulso, o prooesso de urba-
populaç-ão mundial vivia em áreas W'- As regiões urbanas caracterizam-se pela nização deu um enorme salto. Ahlalmen-
banas, de acordo com dados da Organi- alta densidade populacional, pela pre- te, cerca de 85% dos 203,2 milhões de
zação das Nações Unidas (ONU). Hoje, dominância de atividades econômic.as brasileiros moram em cidades, segundo
54% da população do planeta vive em relacionadas à indústria, ao comércio e dadosd0Institut0BrasileirodeGeogra-
cidades e, se mantido o ritmo atual, aos serviços e pela existência de equipa- 6a e Estatística (!BGE). Essa proporção,
esse contingente deve atingir 66% em mentos públicos de uso coletivo, como que era de apenas 45% em 1960, deve
2050. São 2,5 bilhões de pessoas a mais escolas, hospitais, parques e locais para alcmçaros90%em2020,deacordocom
vivendo em áreas urbanas. laz.er. Dessa forma, as cidades atraem as projeções feitas pelo instituto. Mas a
A urbanizaç-ão é um fenômeno con- as pessoas por oferecer, teoricamente, fultade planejamento frente à urbaniza-
temporâneo com origem na Revolução melhores condições de vida, traduzidas ção acelerada provocou e agravou uma
Industrial, que ocorreu inicialmente na em mais oportunidades de trabalho, série de problemas de infraestrutura e
Europa, a partir do século XVIII, e esti- saúde, educaç-ão e lazer. na oferta de serviços públicos.

Habitação
A falta de moradias adequadas para
IDH M: A QUALIDADE DE VIDA NAS METRÓPOLES o conjunto da população é uma das
principais consequências da rápida
O IDH (índia, cio o.... nvolvlmonto Humano), que modo aqualldado do vida da popu- urbaniza?o no Brasil Como resultado,
laçio C!!mdtferontH pafsos, tamb6mfol calwtadoparaos 5.5'5 munfdpios brasllolros surgem assentamentos irregulares -
o para 20regtõos mCl!tropolltanas- 4 o índice do 0o5'1!nvotvlrnonto Humano Munklpal como os loteamentos clandestinos, que
(IDHM). A.sslm como o IDH (veja malsnap6g. l40), •l• consldora dados do saüdo (os- provocam graves danos etn áreas de
perança de vkfa ao nascor),oducação (m6dla dlliano.sde estudo da populaçãoadulta mananciais e de matas ciliares. Além
o axpect.atlva do GScolarfdado) o renda (renda por capita) evar&a numa escala de Oa disso, cresce o número de favelas e de
1-quanto mais porto do 1, molhonu as condições devida.
.
pessoas que vivem na rua.
O IDHM das roglóos motropoUtanas entro 2000 e 2010mostra que todas olas encon- Cerca de 6 milhões de domicílios
tram-w na faixa do Alto Oes«rVolvtmento Humano, com IDHM adma do 0.100. No brasileiros encontram-se em condições
ontanto, há ff'l.lltas doslgualdados no Interior das áreas metropoUt.anas. Numa mosma insatisfatórias, o que corresponde a 9%
região, a dtforenç.a na osporança do vtda ao nascor podo variar até 14 anos, como do total, segundo os dados mais recen-
om Hatal(RN). Na oducaçio, om algumas jr"as da n>glão motropolltana do Curitiba tes da Funda\'Õo João Pinheiro, de 2013.
(PR), mais do90% das pQSSOas com 18anosou mais possuem o Ensino Fundamental Em alguns estados, esse índice é maior,
completo; em outras ,roas, esseporcentualfol doaponas 21 %. Já a ronda m4dla om caso do Maranhão, que registra 22,l %.
Manaus (AM) pode variar at4 46 vozes, dopondendo do balrTo. No cálculo do chamado déficit habita-

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 129


li QUESTÕESSOCIAISURBANIZAÇÃO

cional - necessidade de construção de


novas moradias - são considerados os
seguintes componentes:

C> Habitações precárias, donúcílios


rústicos, sem paredes de alvenaria
ou n1adeira aparelhada; e impro-
visados, como in1óveis comerciais
e habitações embaixo de pontes e
viadutos;

C) Coabitação familiar, fanúlias que


dividem a moradia com outras;
' ' ' + •• ' '
C) Ônus excessivo com aluguel urba-
no: que compromete 30% ou mais
da renda de familias que recebem
até três salários núnUnos;

C') Adensamento excessivo em domi-


cílios alugadost que tenham mais mais de 20 anos após o prazo previsto frente à acelerada urbruúzação. A imper-
de três moradores por dormitório. no plano oficial do governo federal. meabilização do solo, coberto pelo asfalto
Nos grandes conglomerados urba- ou por construções, impede que a água
Saneamento básico nos, a falta de coleta de lixo, por sua das chuvas penetre nos lençóis freáticos,
Na maioria das vezes, as habitações vez, provoca a contaminação de todo prejudicando a recarga dos aquíferos e
que se encontram nessas condições tam- o ambiente: não apenas da água, mas favorecendo as enchentes. Além disso,
bém sofrem com outro sério problema: a dos terrenos baldios e das ruas. A su- as con1panhias estaduais responsáveis
falta de saneamento básico, que consiste jeira permite a proliferação de insetos pelo gerenciamento do abastecimento de
na coleta do esgoto e seu tratamento, na e ratos, e a consequente dissemina?o água falharam ao não realizar obras para
coleta e na destinação adequada do lixo de doenças - como é o caso da dengue an1pliar as fontes de captação e aumentar
e na oferta de água tratada canalizada. e da zika, transmitidos pelo mosquito a capacidade de armazenamento de água.
Entre os vários problemas que afetam Aedes aegyptí (veja mais na pâg.1S6). Uma das medidas para contornar
as cidades brasileiras, a carência desses Segundo o Ministério das Cidades, a crise na capital paulista foi bombe-
serviços é um dos mais antigos e está 34,9% dos resíduos sólidos coletados ar a água do chamado volume morto
no início de wna cadeia de problemas vão pararemlixões- locaisondeolixo do Sistema Cantareira, responsável
de saúde, como a mortalidade infantil. é lançado a céu aberto,. sem nenhum pelo abastecimento de quase metade
Com a urbanização e o adensan1en- controle ambiental. Em 2010, o governo da população da Grande São Paulo.
to da população, a poluição dos rios federal instituiu a PoUtica Nacional de O procedimento, utilizado de maio de
tornou-se um problema por causa do Resíduos Sólidos (PNRS). Entre outras 2014 a dezembro de 2015, foi criticado
imenso volume de esgoto residencial e medidas, a lei estabeleceu que 2014 por especialistas, que alertaram sobre
industrial despejado sem tratamento. seria o prazo final para as prefeituras os possíveis riscos trazidos à saúde
De acordo com o IBGE, cerca de 15% erradicarem os lixões e passarem a de- caso essa água não fosse tratada de
da população brasileira mora em do- positar o lixo em aterros sanitários. No maneira adequada. Por estar no fondo
micílios que não são atendidos por rede entanto, ainda há 3 mil lixões ativos no das represas, o voluiue morto acumula
geral de abastecimento de água - na Brasil. Diante do fracasso da iniciativa, sedimentos, sujeiras e metais pesados,
Região Norte, esse índice chega a quase uma nova lei está em trâmite no Con- como cádnúo, chumbo e mercúrio, pre-
40%. Além disso, 36,5% dos brasileiros gresso para ampliar o prazo até 2021. judiciais à saúde e que causam proble-
não contam com rede de esgoto. mas no sistema nervoso, figado e rins.
A universalização desses serviços no Crise hídrica No final de 2015, mesmo tendo recu-
país, no entanto, deve demorar para O crescimento da população e a falta perado seu volume útil e se livrado da
se concretizar. É isso que aponta uma de planejamento urbauo também estão dependência do volume morto, devido
pesquisa da Confederação Nacional da na origem da maior crise hídrica dos às chuvas acima da média que ac.o me-
Indústria (CNI) sobre o andamento de últimos 85 anos,que afetou a região me- teram a região, especialistas alertavam
obras do setor, que utilizou dados da tropolitana de São Paulo e outras cidades que a situação do abastecimento de
Pnad 2013. Segundo o estudo, a amplia- do Sudeste, entre 2014 e 2015. Aestiagem água na Grande São Paulo ainda era
ção desses serviços de modo a atender e o esgotamento dos mananciais não re- considerada crítica e que havia risco
toda a população, se mantido o atual sultaram apenas da falta de chuvas, mas de o volume morto ser utilizado no-
ritmo, só será alcançada depois de 2050, também da ausência de politicas públicas van1ente em 2016. ll!I

130 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.....
........
....•.......
....•.....
...........
..........
..........
..........
.......... ...... .............. ..
...........
.... .........
........ ...........
.... ...........
......... ..........
..... .... .
..... ...........
............
..... .... .........
...........
..... ... ...
Urbanização
DEANIÇÃO Urbanização é o prooosso do
formação ou de ampltaçâo das áreas ur-
banas, em contraposição às áreas rurais.
As regiões urbanas são ma readas pela alta
donsld ade pop uiaciona 1(gra ndo número de
habitantes por área), pela predominância
de atlvldades econômicas relacionadas à
Indústria, aocomércloe aosser\lfçose pela
exlstêncladeequlpamentospúbUcosdeuso
coletivo,comoesc:otas e centros de saúde.
condições de saneamento ehabltaçao TENOtNCIA GLOBAL As zonas uri>anas
O...kllo<(.. '11.)qoen.lo<Xlfllatllcomos s,ntçosdtltmtstnltun bãslae~"' rodtramMfldt h>bltwon~
• Sem ab'51edmenlll de leu, lii!do t r..it gol>i
• Sem esgotamento sanitário -ra:le cdet1n; com esem fossa. stptica
• Sem coleta de llm
• Déficit h•bltaclonal
__
,,,
ONorte~sentJos
atraem as pessoas por oferecer, teori-
camente, melhores condições de vida,
traduzidas em mais oportunidades de
trabalho, saúde, educação e lazer. A po-
pulação urbana global aumenta a uma
piotaslmla<tJresem
"""° ~condljtlesde
lnfrM!Strotln Msic>
taxa quase duas vezes maior que a da
população em geral. No Brasil, cerca de
85% da população mora em cidades.
llltre '"'"" , _ ,
IIRsihms.Asttua~,
ainda ,..;,p,r!CitÍd ... CRESCIMENTO DAS CIDADES Com o au-
"""" •• •SJOtal!llllto mento da urbanlzação,a área das cidades
s,ii-748'1\ 1b<
_,.,,,,_,
tkJmicfliasn))mnta/!I
se amplia. Os limites entre munlciplos
vizinhos se estreitam e desaparecem
(processo chamado de conurbação).
O processo acelerado de urbanização,

- especialmente em países em desenvolvl-


mentocomoo Brasi~ provocou e agravou
uma série de problemas, como déficit
l habltaclonal,carências no transporte e na
oferta de serviços públicos, como sanea-
mento básico, saúde e educação .
.....
MOBILIDADE É um dos principais desa-
fios das metrópoles brasileiras. A falta
.................................................
......... ............................' .......... . ........
........................
........................
"
............... ........... de planejamento e a prioridade dada ao
SAIU NA IMPRENSA ....
...............
....................... . ..
...............
........ .....
....... automóvel relegou o transporte coletivo
........................ ..........
............. ... ......................................... ...........
........................
' ' .....
ao segundo plano. Como resultado há
grandes congestionamentos nas ruas e
TEMPO GASTO NO TRANSITO Fundação Gotulio Vargas {lbro/fGV). (_.) avenidas, demora nos deslocamentos,
GERA CUSTO DER$ 62 81 AO No período mais recente, os incentivos lotação de ônibus e poluição do ar.
ANO A ECONOMIA, MOSTRA ao consumo de automóveis, por meio da
ESTUDO expansão do crédito e da redução do IPI, SOLUÇÕES EM TRANSPORIT Especialistas
pioraram a situação·. O baixo volume de apontam que para melhorar a qualidade
O tempo pE!rdido pelos brasileiros no investim1.intos em mobilidade também do transporte público é preciso um plane-
deslocamento para o trabalho nas regiões contribui para agravar o quadro. Em 2014, jamento urbano que integre os diferentes
metropoUtanasdevldo às más oondfçõesde os investimentos do governo fEderal 0fTI mE!los, como ônibus, mE!trô, trens e ciclo-
mobilidade urbana gera um custo adicional Infraestrutura (Incluem mobllldado urbana) vias. Além disso, outras medidas podem
de RS 62,1 bilhõ-es por ano à economia, ficaram em 1,.47% do orçamento público ser adotadas, como rodízio de veículos,
cerc.a de oito vezes o que o país investe federa~ segundo estudo da lnto,B Consulto- pedágio urbano, implantação de corre-
anualmente na área, mostra estudo lid~ ria. No vizinho Poru,ossa fatia foi do 11%. (._) dores e faixas E!Xclusivas para ônibus e
rado pelo economista Armando Castelar, restrição de tráfego e deestaclonamE!nto.
do Instituto Brasileiro de Economia da /stof Dinheiro, 23/9/2#15 ......................................................
..
....................................................................... .......................................... .........................................................
. ......••...
..........•.......•• . ..•• •..... •. •.. ..•.. •.... ..... ..... ....
.......................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 131


li QUESTÕESSOCIAISDEMOGRAFIA

apo mais populosa do mundo,

N
AFAMILIACRESCEU

POR UMA com 1,4bilhão de habitmtes, a


China anunciou em outubro de
2015 tuna importante mudança na sua
diretriz demográfica:o 6m da politicado
Casal chlnts oom
sws dois filhos: a
cMa que Qf'a rara no
pais agora podo se

NAÇÃO filho único, que limitou a maior parte dos


casais chineses a ter apenas uma criança
durantequase40anos.Aadoçãodanova
política permite aos casais chineses ter
tomar mais comum

MAIS JOVEM até dois filhos a partir de agora.


Comessadecisão,ooomandodaChina
tenta enfrentar uma questão que desafia
o mundo todo - o envelhecimento da
população. No caso chinês, o aun1ento
acelerado da proporção de idosos na
A China flexibiliza a política população e a redução das pessoas em
idade ativa para trabalhar, em função da
de filho único para tentar restrição de nascimentos, têm impacto
reverter um fenômeno global: direto no ritmo de crescin1ento econô-
mico. i 1Ienosgente.trabalhando sigiillica
o envelhecimento da população menos riqueza sendo produzida, menor
renda per capita e menor arrecadac;ãode
impostos. Até 2050, mais de um quarto da
população chinesa terá mais de 65 anos.
Com isso, aumentará a pressão sobre os
serviços de saúde e previdência, já que
haverá cada vez menos pessoas em idade
ativa para sustentar mais idosos.

132 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


Controle populacional TRAHSIÇAO DEMOGRAFICA
A implantação da política do filho úni- Apl~lde populacional de um pais altera seu formato no decorrer do tempo,
co teve início em 1979,duranteo governo conforme seu desenvolvimento econOmlco.
de Deng Xiaoping ,quando o país comu- • homom (!lo) • mulh,r (!lo)
nista abriu zonas especiais a i1wesrimen-
tos estrangeiros, no modelo denomina-
do "economia socialista de mercado".
A ideia era conter a explosão demográ-
fica - na época, a população chinesa já
beirava a marca de 1 bilhão de pessoas.
Havia o receio de que o crescimento po-
fstldo 1 Esdglo2 ístlclo 3 [stlglo4
pulacional constituísse uma amea~aaos Hcje nlo há mais Pafses menos Paf,es de lrdustrl~ lzaiao Nações mais
planos de e.icpansão econômica do país. países nesta cond içlo desenvolvidos tardia na Asia ena desenvcMdas,
América latina Incluindo o8rull
Os casais que não respeitavam as res-
tri~ões impostas pelo controle de natali- PIRÃMIDES EM EVOLUÇÃO 1/o esúgio .1, a ,u,., indiu1/tu tuas dt nat,lidadt tdt tm>rtlllidadt: nascem
dade tinham de pagar multas e até havia muitas uiil)f's, mas muitM morttm. No eMázio ~·ta.xi de natalidadttontinua '1u, mas, morta/idiM
cai- c"su 1popliação. Apirâmide 3mostraqut • maior(Mrtt das uianps vNt ,ti1/imdos 6S anos..

--
a possibilidade de perda do emprego. Eru No íitimotsú,io, a tax1 de natalidadt imuito m,nor que, dt mottafdMt:1 pcj)U/,fão ,.,.1,«e,
alguns casos, medidas mais duras foram
adotadas, como esterilizações e abortos
forçados. Com a aceleração do envelhe-
cimento da população do país, houve um Envelhecimento mundial Como resultade\ o número de crianças
abrandamento da lei. Em 2013, o governo O aumento da propo~ão de idosos (até 15 anos) e jovens (até 29 anos) veru
consentiu que casais em que wn dos pais entre os chineses é unia das faces de um diminuindo em relação à popula~,o aci-
fosse filho único tivessem dois filhos, fenômeno de extensão global: na média ma dos 30 anos, especialmente de ido-
mas poucas fanúliasse interessaram pelo mundial, a população está envelhecen- sos. Segundo o Fundo da População das
novo sistema - apenas cerca de 10% dos do. Isso acontece pela combinação de Nações Unidas (UNFPA), em 1950, os
casais que poderiam ter o segundo filho dois fatores principais: jovens equivaüam a 34% da população
decidiran1 tê-lo. A preocupação com os mundial; hoje correspondem a apenas
custos de sustentar um núcleo fumiüar O Menor taxa de fertilidade Em 25%. Por outro lado, 12% da população
maior seria um dos motivos para isso. 1950, a taxa de fertilidade média mundial tem 60 anos ou mais; em 2050,
numdial era de quase 5 crianças essa proporc;ão será de 21%.
Menos mulheres por mulher; em 2015, essa taxa é de
Alén1 dessas consequências econômi- 2,5. Quando cai a taxa de fertilida- Transição demográfica
cas e demográficas, a política do filho de, consequentemente diminuem Cada país tem seu próprio ritmo de
ú1úco provocou outros sérios efeitos também a taxa de natalidade e a envelhecimento populacional, confor-
na sociedade chinesa, agravados pela taxa de crescimento da população me o estágio de desenvolvimento em
tradicional preferência por filhos do em geral. Entre os 1notivos que que se encontra na chamada transição
sexo masculino na cultura loca~ princi- contribuem para a queda da taxa demográfica. Ela se caracteriza pela pas-
palmente nas comunidades rurais. Uma de fertilidade estão a disseminação sagem de uma sin1ação com altas taxas
das razões para essa preferência seria o de métodos contraceptivos (como de fecundidade e mortalidade (nascem
fato de, após o casamento, ser comum a pílula anticoncepcional), o au- muitas crianç~ mas também morrem
a mulher passar a integrar a fanúlia do mento da escolarização e a maior 111uitas pessoas) para u111a situação
marido. Assim, os casais com apenas presença da mulher no mercado em que ruubas as trucas estabilizam-se
uma filha têm receio de, eventualmente, de trabalho. em 1úveis mais baixos (nascem menos
não contar com ninguém para cuidar O Maior longevidade Esse fenômeno crianças e as pessoas vivem mais).
deles na velhice. Isso levou a abortos é result•do dos •vanços da medicina Países pob~ com altas taxas de nata-
de fetos do sexo fenúnino, ao abandono e da implantação de políticas ptsbü- üdade e de mortalidade, têm pirâmides
de merúnas em orfanatos e até mesmo à cas de saúde, como campanhas de populacionais triangulares. Conforme
prática do infanticídio femirúno. vacinação, além de melhores condi- o pais se desenvolve, nascem 1nenos
Como resultado, a população fonú- ções nutricionais e sanitárias, que crianças e cresce a expectativa de vida.
nina tornou-se bem menor do que a reduzem a taxa de mortalidade e Com isso, a pirârn.i.de vai assumindo um
masculina, ocasionando um desequi- elevam a expectativa devida. No fim fom1ato mais retangular, com a base
líbrio de gênero no país. Estima-se que da II Guerra Mundial, a esperanp mais estreita, enquanto aumenta.o peso
em 2020 a China terá 30 milhões de de vida média no mundo era de cerca relativo da população adulta, deixando
homens solteiros, que não conseguirão de 50 anos. Já uma criança nascida o centro mais largo. Posteriorn1ente,
encontrar uma esposa - e isso vai resul- em 2015, em um país desenvolvido, há um crescin1ento absoluto e relativo
tarem menos nascimentos, agravando tem expectativa de ultrapassar os 80 da população idosa, tomando o topo
ainda mais a situação. anos de idade. também ruais largo (vejagráfiooacíma).

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 133


li QUESTÕESSOCIAISDEMOGRAFIA

OBRASIL EARAZÃO OE OEPEIIDENCIA


Durante o período do Evoluç~o da populaçao brasileira por faixas etárias, 198o·2050 (em '1b)
bônus demográfico,
, - . .
o pars precrsa rnvestu
• ,6s • • 1sa61anos • • oa14anos

AtlTE5 DO BON US PERIOOO DO BONUS


em educação e geração 1980 2010
de empregos 4,1% 6,81,
ll)ml~ae,
1,9m11hoe,

Bônus demográfico
>1,7 '4 67.61,
Uma das consequências da transiç-ão ll,7mllhoes ll,6mllhee,
demográfica é a modificação na clistn1rni-
ção da proporção de crianças, adultos e
idosos. Em geral,depois de diminuírem 25.61,
o ritmo do crescimento populacional, t\ml1hoes
os países assistem ao chamado bônus Homens Mulheres Homens Mui herts
demográfico, que corresponde ao perí- Razlo de depend!ncla = 73,3 'li, Razio de depend!ncla = 47,9 'li,
odo em que há uma maior proporç-ão de
pessoas em idade para trabalhar (entre PERJOOO 00 BOIWS OEPOISDOBONUS
15 e 64anos) em relação à de pessoas de- 2020 2050
pendentes (menores de 15 anos e idosos
com mais de 65 anos). Durante o bônus, 9,4'4 231,
20111.nhoes !l)ml~ae,
dinúnuia razão de dependência -por-
centagem da pop,dação de dependentes
sobre a população em idade ativa (PIA).
Essa situação representa um grande
potencial para impulsionar o crescimen-
to econômico. Para aproveitar essa janela
de oportunidades, que é temporária e
dura o período de passagem de uma es-
Homens Mulheres Homens Mulheres
trutura etária jo\t-em para uma idosa, é
preciso que o país invista em políticas de ~ de depend!ncla • 44,4 '1b Razlo de depend!ncla = S8,7 'li,
educação e geração de empregos para
dar a essas pessoas as condições de par,- JANELA OE OPORTUNIDADE//otequta pirimi/e atwl /2010/ jí stt/1/Mndiu n, laiJt• de população
ticiparem efetivamente da econonúa. E j<mm• MI /de 15164ano, dt idade}. e mantim o topo de idosouindaestroito. No J)t(Íodoposttrioç
tm 20So., • pirimidt ttrá invtJtido oformato origina L~w da it'NtNÍ01 a pirimide ,inda ptojeu
quando a população em idade ativa (PIA) para .,,. déad• lvtura ,... PIA /6314) bem maiorque • populaçío dt dependtntts (Vo/,J
se torna popula~o economicamente
ativa (PEA), empregada ou buscando
uma colocação no mercado de trabalho.
EVOLUÇAO DA RAZAO DE OEPENOENOA GERAl EPOR GRUPO {CRIAflÇAS EIDOSOS) NO BRASIL
Bônus no Brasil Em porcentagem
Obnças • ldosm a
Em sua transição demográfica, o 1111
Brasil atravessa o período favorável oo - r....--c--1--t--;--;---1---1--1- ~
de bônus demográfico:
Q Queda na troca de crescimento da
população O indicador dinúnuiu de
~ --".,,-= ..., .1--1-+-11--;--l---l-~- I -.-:- : : :-41---~
3% ao ano entre 1950 e 1960 para
pouco mais de 1% entre 2000 e 2010; <() _j~:_-1--1-_p,..:;;:::==+:--
Q Queda da taxa de fecundidade Em oo
1960, a taxa era de 6,3 filho por mu- lO ~ - 1 - - - - l - - l -
lher; em 2015, essa taxa caiu para 1,7
filho por mulher. Estima-se que ela
~1910 l99J 191') 11!0 19111 lOOl
1
lDIO lOlJI lOJl 2014 l!l;O lOIO WO lllO lOJl 2100
chegue a perto de zero nos anos 2040;
Q Aumento da longevidade Um bra- JANELA IRASILEIRA /los •nos 191'~ • 111iode dtpendtncia ,tingiu O stU ni•tl mais •ltD/90%/ dtvido ..
sileiro nascido em 2014 tem expec- al#Mnto da porrent.,em Mcriil'l{•s na populaçio. A1Mrtirdii a cu,w contef(IUa uir, e ajane/1
comtfOUI se,brir. Por'IO/u de 2030., d1comefarí a se fechare, em .ZJOO, vo/tarí ,o flÍ'ttlde l90.
tativa de viver 75,2 anos. Em 1960,
esse índice era de 48 anos.

134 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
...................................................................................................
.......................' .................... ' .......... ' .... .
...........
. .........' ..............................................
... ........... .......... .......... ..... ........
.......' ............................ .
SAIU NA IMPRENSA
............................................ ' .... .
........ ........................" ' ............ . Demografia

POR QUE A CHINA ABOLIU A long1:1vidade vai aumentar a taxa de de- POLÍTICA DO FILHO ÚNICO AChina anun-
REGRA DO FILHO ÚNICO( ... ) pendência na China e em outros lugares. ciou, em outubro de 2015, o abandono da
Jo/JoPedroCafe/ro O resultado será um declínio na taxa de rega do filho únlco,que determinava que
poupança pessoal e no balanço de conta cada casal pod1:1rla ter apenas uma única
(-.)"ApoUtlca do filho únlco,estendlda por corrente da China."( ...) criança. Essa medida ,que foi adotada em
tempo demais, significou que o apolo aos O desenvolvimento vertiginoso da China 1979 para conter a explosão demográfka
idosos ficou cada vez mais escasso. Com nas últimas décadas foi baseado em um do país, acabou aa!lerandoo aumento do
uma rede de proteção social insufkiente, modelo de multa poupança e investimento. núm1:1rode Idosos e a redução das pessoas
a poupança pessoal cresceu como forma (...) As reformas no pais, Incluindo o fim em idade ativa para trabalhar.Isso ameaça
de guardar para a aposentadoria~ diz um da política do filho único, são tentativas o cresdmento econômico chinês.
r1:1latório recente do Morgan Stant1:1y. de caminhar para um modelo com mais
"Apesar de uma proporção maior dos ênfase em consumo, serviços e inovação. ENVELHECIMENTO POPUlACIONALOque
idosos trabalhar na Asia do que na Europa ocorre atualmente na China faz parte de
ou na América do Norte, o aumento da Exame.com, n/J0/2015 um fenômeno mundial A população, de
um modo geral, está 1:1nvelhecendo devi-
do, principalmente, à redução da taxa de
fertilidade edoaumento da longevidade.
Em relação à proporção de crianças, condições econônúcas e sociais melho- Com isso, há uma proporção cada vez
adultos e idosos na população, a mudança raram, mas não foram suficientes para maior de pessoas com 60 anos ou mais
também é grande. Na última década, a fazer valer todo o potencial da estnitura vivendo no planeta. Hoje, 12% da popu-
população de idosos (60 artos ou mais) etária. O melhor aproveitamento teria lação mundial tem 60 anos ou mais; em
passou de 9;7% para 13,7%, enquanto a ocorrido no período entre 2004 e 2008, 2050, essa proporção serâ de 21%.
porcentagem de crianças e jovens (até com o crescimento da renda, redução da
17 anos) diminuiu de 33,1% para 26,9%. pobreza e das desigualdades sociais. A TRANSIÇ~ OEMOGRÁflCA Éa passagem
Atualmente, a razão de de-pendência partir de 2011, no entmto, a economia de uma situação de altas taxas defecun-
do pais é de 45%, o que significa 45 de- tem crescido menos, comprometendo dldade e mortaUdade (pirâmide popula-
pendentes para cada 100 pessoas em o aproveitamento do bônus. cional triangular) para uma realidade em
idade de trabalhar. Nos anos 1970, ela Boa parte da PIA não ingressa no mer- que nascem menos crianças e as pessoas
atingiu o seu nível mais alto (90%) de- cado de trabalho e engrossa o contingen- vivem mais (pirâmide mais retangula~.
vido, principalmente, ao aumento da te de dependentes. Segundo a Síntese de Atransição mostra o ritmo de envelheci-
porcentagem de crianças em relação Indicadores Sociais do IBGE, cerca de mento populaclona~ conforme o estágio
à população adulta como consequên- e 7 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, de desenvolvimento de cada país. Uma
cia das altas taxas de fecundidade do o que corresponde a 14% do total dessa das suas consequências é a modificação
período anterior). A partir daí, a razão faixa etári~ não estudam e nem traba- na dístr1bulção da proporção de crianças,
vem diminuindo- foi quando a janela de lham - a chamada geração "'nem-nem"'. adultos e idosos na população.
oportunidades começou a abrir. Ela deve Outro fator que influencia o aprovei-
atingir o seu ponto1uais baixo (44%) por tan1ento da janela de oportunidades é BÔNUS OEMOGRÁRCO Corresponde ao
volta de 2020-25. A partir de 2030, ela a idade média da aposentadoria. Quan- PQríodo em qu1:1 há uma maior proporção
começará a aumentar novamente, pois to mais cedo as pessoas se aposentam de pessoas em idade ativa para trabalhar
o percentual de idosos vai crescer de (aumentando a razão de dependência), (entre 15 e 64 anos) em relação à de pes-
forma mais rápida. Com isso, a janela mais curta será a janela. Esse foi um soas d1:1p1:1ndentes (menores de 15 anos
de oportunidades começará a se fechar. dos motivos da aprovação da "fórmula e Idosos com mais de 65 anos). O Brasil
No início do próximo século, por volta 8S/95 progressiva"', em noven1bro de vive esse momento.
de 2100, a razão de dependência deverá 2015, que considera o crescimento da
voltar ao nível de 1970, desta vez puxada expectativa de vida dos brasileiros no JANELA OE OPORTUNIOAOES Ourante o
pelo envelhecimento populacional. cálculo da aposentadoria. Para receber bônus, um país tem aberta uma janela de
o beneficio integrai são considerados os oportunidade para crescer economica-
Janela de oportunidades anos de contribuiçãoeaidade da pessoa, m1:1nte. lssod1:1pendedo quanto a nação ln-
E co1110 o Brasil ten1 aproveitado a sendo que a soma nún.ima deve ser 85 veste em políticas de educação e geração
sua janela? Segundo o demógrafo José para as mulheres e95 para os homens de1:1mprego para aproveitaro potencial da
Eustáquio Diniz Alves, nos anos 1980, (com contribuição mínima de 30 e 35 população em Idade ativa. Especialistas
o Brasil desperdiçou o início do bônus ano~ re.spectivamente). Esses valores da avaliam que o Brasil nãoestâ aproveitando
devido à crise econômica, ao aumento soma vão aumentar progressivaiuente pl1:1na mente essa possibilidade.
do desemprego e à fult.a de investin1e11to até chegar a 90 (para as mulheres) e .........
.. ..•.. •.... ., ...........................................
•.•.. ..•.. •... •• .. . •. ..••.... •. ... •.... ••.
em educação. Na década seguinte, as 100 (para os homens) em 2026. ll!I ........................................................
..........................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 135


li QUESTÕESSOCIAISPAPAFRANCISCO

AIGREJA EM BUSCA
DE RENOVAÇÃO
Em três anos à frente do Vaticano, o papa
Francisco assume papel ativo na diplomacia
e na defesa de ideias progressistas

esdequeassunUuocargomais pontificado de Francisco. Aos poucos, DIPLOMACIA PAPAL

D importante da Igreja Católica,


em março de 2013, como papa
Francisco, o argentino Jorge Mario Ber-
ele também começa a dar novos contor-
nos à Igreja Católica ao posicionar-se de
maneira mais progressista sobre temas
Opapa Frandsc.o se
rec.ondUa com o Uder
da lgyoja Ortodoxa
goglio vem se notabilizando por ser um polênúcos, como o aborto, o divórcio, o Russa, o pantarca
líder aberto ao diálogo. Em fevereiro de cehõato dos padres e a homossexualida- Cfrllo, em Havana,
2016, o pontífice deu mais um.a mostra de. Isso o diferencia fortemente de seus em fw«Qiro de 2016
de sua disposi?o em promover reconci- antecessores e o torna alvo de críticas da
liações ao se reunir com o líder da Igreja ala mais conservadora da Igreja. Além
Ortodoxa Russa, o patriarca Cirilo. disso,ao dar exemplos de simplicidade e
O encontro, realizado etn Havana, ca- clamar por justiça social, Francisco vem dos de pedofilia - com acusações de
pital de Cuba, é histórico: foi a primeira se aproximando mais dos fiéis. que o Vaticano tentava acobertar esses
vez que os lideres das Igrejas do Ocidente casos. Toda a crise contribuiu para a
e do Oriente se encontram desde o cisma Crise na Santa Sé saída precipitada de Bento XVI.
de 1054. Durante a Idade Média, a Igreja Francisco assumiu a liderança da Igre- A opção da cúpula do Vaticano por
Católica tinha wua sede em Roma, no ja após a renúncia do alemão Bento XVI Francisco sinaliza uma 111udanç.a de
Ocidente e outra em Constantinopla, (2005-2013), em meio a uma das mais rumos da Igreja Católica. Ele assume
no Oriente. Com o passar dos aJ1os, al- graves crises en&entadas pela instittúção. após dois mandatos de papas mais con-
gumas práticas religiosas da Igreja de En1bora tenha justificado sua retirada servadores - além de Bento XVI, o polo-
Constantinopla foram desagradando a devido à saúde fragilizada, Bento XVI nês João Paulo II (1978-2005) também
cúpula católica em Roma. Os desentendi- deixou transparecer que sua decisão tam- defendia a doutrina católica de maneira
mentos se acentuaram até o ron1pimento bém foi influenciada por fatores como rígida. Alén1de ser o primeiro papa não
definitivo em 1054, quando o papa em disputa de poder e divisões na Igreja europeu em mais de 1.200 anos, Bergo-
Roma e o patriarca de Constantinopla Paralelamente, a Santa Sé enfrentava glio também é o primeiro papa jesuíta
se excomungaram mutuamente. den(mcias de sonegação fiscal e lava- na Igreja Católica e o primeiro a adotar
A propensão àdiplomacia e ao estreita- gem de dinheiro no Banco do Vaticano. o nome de Francisco, em homenagem
mento de laços com outras religiões são Para piorar, aumentaram os processos a São Francisco de Assis, que fez opção
algumas das principais características do judiciais contra padres e bispos acusa- pelos pobres e pregava a humildade.

136 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


Perfil reformista ateus. Criou o Encontro Mundial dos O Casrunento e divórcio: como
'
Ao se tomar papa, Francisco anunciou Movin1entos Populares e incentivou a Igreja considera o casamento
reformas importantes contra a impuni- suas lutas sociais. Além disso, vem pro- indissolúvel e não reconhece o
dade nos casos de corrupção e de abuso movendo uma desoentralização da Igre- divórcio civil, as pessoas divor-
sexual cometidos por religiosos, intro- ja, com a nomeação de cardeais prove- ciadas que se casaram novamente
duzindo pen.as mais duras para esses nientes não só da Europa, mas de outros não podem receber a comunhão. O
casos. Fom1ou uma comissão especial continentes, sobretudo das Américas do papa Francisco propõe rediscutir
para tratar das acusações de abuso sexual Sul e Central. Aintenção também é dar a questão e acolher esses católicos.
cometidas por sacerdotes e autorizou mais autonomia aos bispos. O Aborto, apesar de a Igreja Ca-
o julgamento por abuso de poder dos tólica ser radicaln1ente contra o
bispos que acobertam os padres acusados Igreja para todos aborto, o papa Francisco reco-
de pedofilia. Em relação à corrupção, Uma forte marcada atuação do papa mendou aos padres que perdoem
criou um grupo para analisar o Banco Francisco é a defesa de uma igreja mais as mulheres que tenham abortado
do Vaticano e autorizou que auditores tolerante, inclusiva e misericordiosa desde que se mostrem sincera-
internacionais entrassem na Santa Sé. - pronta a perdoar e estender a mão mente arrependidas.
Na contramão de seus antecessores, a quem a procura. Essa filosofia pode O Celibato, afirmou que o celibato
já deixou claro que o papel da Igreja ser vista nas várias opirúões dadas pelo não é um dogma da Igreja Católica
é buscar o diálogo - inclusive com os papa sobre temas polê núcos: e que, por isso, pode ser discutido.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 137


li QUESTÕESSOCIAISPAPAFRANCISCO

Atuação diplomática
Em suas viagens, Francisco tem dado CATOLICISMO PERDE
preferênciaadestinosondeocatolicismo ESPAÇO PARA EVANGtllCOS
vem perdendo seguidores, como o Mé- NA AMtRICA LATINA
:cico, que visitou em fevereiro de 2016.
O pontífice também é recebido em países Aaproxfmaçioa,mos fUf s, uma eran-
que passam por conflitos e crises. Em d• caract•rfstlca do papado d• Francis.
maio de 2014, ele foi a Belém, na região co, ropruanta também a neceukfade
palestina da Cisjordânia, onde pediu o de reverter a porda propordonal de
fim do conflito "inaceitável"' entre Israel católicos. O fonGmono 10 acentuou
e Palestina e convidou o então presidente nas últimas décadas, prlnclpalm•nt•
O papa Francisco de Israei ShimonPeres, eo da Autoridade na Amérfc.a Latina. SQgundo o Instituto
Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Ab- norte-americano Pew Rosoarch c,m-
desempenhou bas, para irem ao Vaticano orar pela paz. ter, ontro 1970 e 2014 o percontuat de
papel decisivo na O improvável encontro foi realizado atóllcos na rogfão caiu do92% da po.
no mês seguinte. Entre os dois presi- pulação para 69%. Parto d•ss• porda
reaprorimação entre dentes, o papa pediu que sejam derru- de adeptos podo sor creditada ao au-
Cuba e Estados Unidos bados os "muros da inimizade". Duas mento na proporção do protestantes,
semanas depois, o Vaticano reconheceu quo saltou do4% para 19%no pulo do.
formalmente o Estado da Palestina, em MultosHpec:lalJrtas crodttam a escolhi
C) Contracepção1 embora condene decisão criticada pelo governo de Israel. deum papa argontlno a umatontattva
os métodos contraceptivos artifi- A atuação política do papa alcançou da Sinta S6d.frffroavançodu lcrtJas
ciais (como o uso de preservati- seu ponto mais alto quando atuou como evang411cas na América Latina.
vos), declarou que "os católicos mediador na retomada das relações di- Asituação na rogfão 4 parecida com
não devem se reproduzir como plomáticas entre Cuba e Estados Unidos o que acontaco no BnslL O pais ainda
coelhosn, pois é preciso ter res- (EUA), que estavam interrompidas des- 4 o Udermundlal om n6meros absolu-
ponsabilidade. de 1961, no auge da Guerra Fria. Num tos de católicos, com 123 milhões de
C> Homossexuruidade: a Igreja ato histórico, em dezembro de 2014, os Hguldores, do acordo com o Censo de
condena a prática homossexual, presidentes Barack Obama (EUA) e Raúl 2010. No entanto, propordonatmente
e o papa já afim1ou que a fu.mí- Castro (Cuba) fizeram o anúncio quase om relação à população, os c.atóUcos
lia é composta de um homem e sllnultaneamente. Ent seus discursos, bnsllolros diminuíram d• 96% para 65%
uma mulher. No entanto, costuma arnbos agradeceram o e11volvi111ento no porfodo. O cnucfmonto dos evangé-
afirmar que os homossexuais não cntcial do papa nas negociações. Nos licos também 6 o principal motivo da
podem ser discriminados. E é dele meses anteriores, o papa havia escrito diminuição do católicos no pafs, ombo-
a mais conciliadora declaração de a Ob:uua e a Castro, convidando-os a ratambém tenham cruddo omlmero
um pontífice sobre homossexuali- resolver questões humanitárias. Além de brasileiros que so dedararam Hm
dade: "Se um gay procurar Deus, disso, pressionou tarubén1 pela hõertação roUgtão o os do rollglõos minoritárias,
quem sou eu para julgar?n. de presos políticos dos dois países. como o osplrltlsmo.

CATOLICOSPELO MU!IOO EVOLUÇÃO NO NOMERO OE ADEPTOS DASPRINCIPAIS RELIGIOESPHO MUNDO


Olstrtbulçat> n!glonal de católloos (2010)

--
OrlC!ntt MédlOe Amért<a do Norte
Norted,Atla,;-- - - - , 11.550.(1)1) (1'!11
S,60QOOO n'IIJ
ll

- ~ ------
OJ . .,, .

t-1
_J~l
0A 1 1
'
o
lli6 1!80 191S 1990 19'lS 2000 !ll)S 2010

ANrla Utl na , •
1 Asla
UMIIIJIDO MENOS CATÕLl(l) Ap,,11 d, qued,no númtro e/e utólito, nos ú/timo,,nos,, América L,tjn,
ainda ê are,iio com m,i.s ,deptosd, rtligi~ como mostra o primeiro grífito.Ji no ~gundotrifico~
IISAIO.OOO(l9,0,) L Europa lJQSlQ(l)I)
vtmos como oc,tolicismo ues« em ritmo menor qut as outras relig~ ttndo sido ultrapassadopelo
1S7.li0.(l)I)(~ n~ íst.màmo no fiMI dos anos 1980, pt/o conjunto da, outras rdigi6e.s cmtis no início ,/e,r, siculo.

138 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
.............................................................................................................................................................................
.. ... . . .... . . ...................
Críticas ao capitalismo que os países ricos têm uma "dívida
Essa postura ativa na esfera polí- ecológica" com os países pobres, pois Papa Francisco
tica tan1bém pode ser observada nos exploram seus recursos com vistas ao
discursos de Francisco, cada vez mais lucro numa relação que considerou NOVO LIDERO argentinoJorge Ma rio Ber.
pontuados por contundentes críticas "estruturahuente perversa". gogllo assume a lidera nça do Vaticano em
ao capitalismo. Em julho de 2015, du- março de 2013. Ele é o primeiro papa não
rante sua passagem por Santa Cruz Figurapop europeu em mais de llOOanose também
de la Síerra, na Bolívia, ele disse que o Em plena consonância com o que pre- o primeiro a adotar o nome de Francisco,
capitalismo "impôs a lógica dos lucros ga, Francisco tem um estilo pessoal pau- em homenagem a São Francisco de Assis,
a qualquer custo ,,• E completou: "Atrás tado pela simplicidade e infonnalidade, que fez opção pelos pobres e pregava a
de tanta dor, morte e destruição está o que lhe confere grande popularidade. humildade. Desde que assumiu o papado,
o fedor disso que Basílio de Cesareia Ao ser escolhido como líder da Igreja estabeleceu uma relação mais pró)lfma e
chamava 'o e sterco do diabo' [dinhei- Católica,apareceu na sacada do Vaticano infom,al oom os fiéis e vem dando exem-
ro/. No mê s seguinte, em discurso na com um crucifixo de aço e não de ouro, plos de simplicidade-como a dispensa de
sede da Organização das Nações Uni- como era o costume. Também recusou a automóveis de luxo.
das (ONU), em Nova York, criticou os limusine blindada papal para compare-
organismos financeiros inten1.acíonais. cer ao seu primeiro compromisso oficial MUDANÇA NA IGREJAA P065" de Francisco
"Eles devem zelar pelo desenvolvimen- e optou por um veículo comum. marca uma alteração de rumo na Igreja
to sustentável dos países e não à sub- Sen1pre sorridente e simpático, não Católica, após dois mandatos de papas
missão asfixiante destes por sistemas esconde que é fanático por futebol - com um perfil ma is conservador. o polonês
de crédito que, longe de promover o seu time do coração é o argentino San João Paulo li U978,2005) eo alemão Bento
progresso, submetem as populações Lorenzo. Usuário das novas tecnologias XIII (2005-2013).
a mecanismos de maior pobreza e de- de comunicação,divulga ações por meio
pendência11, afirmou o pontífice. do YouTubeemantémcontanoTwitter REFORMAS Abusca do diálogo oomou1ras
Outro tema caro ao papa, também (@Pontifex) com mais de 8 milhões de religiões (e até com os ateus), um olhar
relacionado à exclusão social, é apre- seguidore.s. Para coroar seu lado poPt mais voltado para os pobres e os países
servação do meio ambiente. Exem- Francisco lançou um CD no final de 2015, periféricos, a descQfltralização da Igreja
plo disso foi a publicação da encíclica com trechos de seus discursos elll várias e a quebra de hierarquias no catolicismo,
Laudato Si' (Louvado Seja) em junho linguas. Segundo a RádioVaticano, a obra assim como a severa apuração em rela-
de 2015. Encíclicas são cartas escritas apresenta ºun1a inusitada mistura de ção às denúncias decorrupçãoe pedofilia
pelos papas e dirigidas aos bispos e aos pop-rock com canto gregoriano e rock por parte de sacerdotes, são algumas das
fiéis de todo o mundo para informar a progressivo apoteóticon. IEI açôeslmplementadas pelo papa Francisco.
posi?o da igreja sobre detemUn.ados Também ganharam destaque suas fortes
temas. Ela foi considerada histórica PARA IR AltM O filme Spotlight-Segredos críticas ao capitalismo e aos organismos
por tratar da questão ambiental pela Revetados (2015), de Tom McCarthy, mostra o financeiros lntemaclonals e a defesa da
primeira vez. O papa afirn1a que o trabalho de joma~stas de Boston que rewlaram questão amblenial na encíclica LoudatoSI.
"consunúsmo imoral" levou à conti- como a Igreja Católica acobertou casos de
nua degradação do meio ambiente e pedofilia envolvendo padres da região. IDEIAS PROGRESSISTAS Apesar de rea.
fimiar os dogmas do catolicismo, oomo a
.......................................... .............. ......................................................
...................................................... ................................................... ..... condenação do aborto e da homossexua-
....................................................
. . . .. . .. . . . . . .
.......................................................
. . . . . . . . . .. . . . .. . . . . . . . . . . .. . . .. . . . .
...................................................................................................... Udade, o papa Francisco demonstra estar
.......................................................................................................... ......................................................
.....................................................
( SAIU NA IMPRENSA
. aberto às diferenças e propõe uma Igreja
mais inclusiva e tolerante que não nega o
PAPA FRANCISCO CRITICA restrita para divorciados que se casaram perdão a quem a procura.
BISPOS COM 'CORAÇÕES novamente fora da Igreja Católica, mas
FECHADOS' AO FIM DE SINOOO rejeitaram pedidos de adoção de uma lin- ATUAÇÃO DIPLOMÁTICA Francisco tam-
Por Phil//> Pullella guagem mais acolhedora em relação aos bém reivindica para si um papel mais po-
homossexuais.( ...) Utlco, oom foco na resolução de conflitos
O papa Francisco, ao encerrar uma con- Ele também denunc.lou•teoriasda cons- mundiais. Exemplos disso são o fato de
troversa reunião de bispos sobre questões piração" e as •visões limitadas" de alguns ter reunido os presidentes de Israel e da
familiares, neste sábado, censurou líderes participantes no encontro, e dlsse que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) para
Imutáveis da Igreja que•enterram a cabeça Igreja não podetransmltfra sua mensagem uma oração no Vaticano, na tentativa de
na arela e se escondem atrás de doutrina
11
para as novas gerações "às vezes incrusta- favorecer o processo de paz no Oriente
rígida enquanto as famílias sofrem. das em uma linguagem que é arcaica ou Médio,ea mediação histórica na retomada
O papa falou no final de um encontro de simplesmente incompreensível•.(...) das relações diplomáticas entre Cuba e
três semanas, conhecido como sínodo, Estados Unidos.
onde bispos concordaram em uma abertura Rtuttrs, 24/10/2015 ............
...........................".............................................
.......................................................................................
...........................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 139


li QUESTÕESSOCIAIS IDH

sdados mais recentes divulga-

O dos pelo Programa das Nações


Unidas para o Desenvolvimen-

AQUALIDADE DE to (Pnud), referente ao ano de 2014,


mostram que o Brasil melhorou seu
Índice de Desenvolvimento Hum.ano
(IDH). O relatório revela que o indica-

VIDA EM DEBATE dor passou de 0,752 em 2013 para 0,755


em2014- Entre 2010 e 2014,o indicador
brasileiro cresce.u 0,60% ao ano.
Apesar doauruent0t o Brasil caiu uma
posição no ranking mundial de desen-
volvimento humano, passando a ocupar
Indicadores de desenvolvimento humano o 75° lugar entre 188 países e territórios.
O pais foi ultrapassado pelo Sri Lanka.
avançam no Brasil, mas o país perde uma Esta nação insular localizada ao sul da
posição no ranking global Índia obteve um ritmo mais acelerado
de crescimento nos últimos anos.
por Maria Fernanda Teperclglan

140 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


O IDH mede o desenvolvin1ento hu- brasileiros. Mas será que já é possível Esses indicadores específicos não
mano por meio de três componentes: identificar os reflexos do atual cenário foran1 afetados porque o IDH apresenta
educação, longevidade e renda. O índice econômico nos dados de desenvolvi- mudanças em longo prazo, ou seja, os
varia de O a 1. Quanto mais perto do 1, mento humano do Brasil? reflexos sobre os investin1e11tos em
maior é o bem-estar e a qualidade de Apesar de os indicadores serem refe- educaç-ão e expectativa de vida, por
vida do país (veja como oIDHécalrulildo rentes a 2014, quando a desaceleraç-ão exemplo, são notados con1 o passar
no boxe abaixo). Com IDH de 0,755, o da atividade econômica ainda mostrava de alguns anos. Segundo o relatório,
Brasil está na categoria de países de Alto seus prin1eirossinais, é possível perceber apenas recessões econômicas longas
Desenvolvimento Humano. Éo segundo que a crisejá impactou o rendimento dos causariam impactos mais profundos no
maior nível na escala, onde também se brasileiros. Isso porque esse dado espe- IDH. Os indicadores de escolaridade,
encontram países como Uruguai, Vene- cífico mostra, de forma mais aparente por exemplo, podem ser afetados se os
zuela, México, 1\trquia, Rússia e China e rápida, as mudanças da economia. O jovens deixassem de estudar para tra-
Brasil registrou queda na Renda Nacional balhar mais cedo. Uma crise econômica
O impacto da crise Bruta (RNB) per capita em 2014 (15.175 prolongada também pode ter impacto
O Relatório de Desenvolvimento dólares), quando comparada aos valores nos serviços de saúde, o que afetaria
Humano (RDH) foi divulgado em de- de 2013 (15.288 dólares). É a primeira diretamente a expectativa de vida.
zembro de 2015, em meio ao agrava- vez, desde os anos 1990, que a RNB do O relatório também fez dez menções
mento dos indicadores econômicos Brasil sofreu uma retração. diretas ao Brasil, com destaque ao pro-
?vias se a renda do brasileiro caiu en- grama social do governo federal, Bolsa
tre 2013 e 2014, afetando um aumento Família, lançado em 2003, que recebeu
mais expressivo do IDH, os outros dois três citações. O RDH reconheceu a
indicadores que 111ede111 os avanços iniciativa como uma política pública
sociais não foram impactados. O RDH importante de transferência de renda
01ostra que o indicador de esperança de para farnfüas mais pobres, melhorando
vida ao nascer aumentou de 74,2 anos as c.ondlções de educayão e saúde de
em 2013 para 74,5 em 2014. Além disso, milhares de familias. Segundo a ONU,
a média de anos de estudo passou de esse programa poderia ser replicado
7,4 para 7,7 nesse período. em outras partes do mundo.

COMO~ CALCULADO O IDH

A apuração do índicodo DosonvolvlmontoHumano (IDH) consi-


dera trais Indicadores: oducação, longevidade e ronda. Conh~a o
modo como são modldos esses parametros:

O SAÚDE t modlda '*ª oxpectatlva do vida: quanto mais sau-


dável uma população, maior sua longevidade.
O RENDA[ modlda pola Ronda Naclona1Bnrta(RNB) por capita (a
soma do PIB do pais mais a ronda rocoblda dooxtorlordlvldlda
pola população total).
O EDUCAÇÃO [medida'*ª m6dla do anos do estudo da popu-
lação acima de 25 anos e pela expectativa de escolaridade
para crtançu no Inicio da vida os colar. O IDH 6 Clllrulado pola
m6dl1 g,om6trtca do todasº""' medidas.

O IDH 4 apresentado como uma r4gua, de O a 1. Quanto mais


porto de 1, maior a qualidade de vida. O Programa das NaçõH
Unidas para Dosonvolvlmonto (Pnud) divulga anualmonto o IDH,
RESPOS'lll CERlll num ranklng de pafses dtvldldos em quatro faixas, conforme o
Aeducaça<> é um grau dli dQSenvolvlmonto humanoe multo alto (feual ou adma dli
dos três põrimQtros 0,800), alto (Igual ou acima do 0,700), m6dlo (acima do0,550) o,
medidos polo abaixo disso, baixo dosenvotvlmonto.
IDH: aumento Oosde que o IDH foi criado, os crlt4rlos so alteraram. Assim,
da escolaridade não 4 poufvel comparar diretamente a evolução do indica deum
meflora o Indicador pafs ao longo de todos os anos. Mas o Pnud dlvulg.ouum relatório
com dados est.atfstlcos pondorados, que pormlto a comparação.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 141


li QUESTÕESSOCIAISIDH

MAPA DO DESENVOLVIMENTO HUI.IANO


Em 20'4, o IDH global médio foi de 0,7ll 1,me 0,709 r>gistr,,lo no ,no ,nterlol);, A~lc, Subsuórna u .. ovalor de IDH m,ls b,1., 10,51~, seguld, pelo sul d, A,, (0,607).
Entre as rEe:lões em desenwlwimento, EuropaeAsia Central eAmérica latina eoCaribe tiveram o valor de IOH mais alto- todoscomo,71/j

• MUltOAltD
a AJto
M~IO
a s~.,
Nações que nlo entra,am oo rinklng

OESICUAIDAO[ 10 PLANETA Os,,.,,.,.,.,


1!111 muíto illlO- - na Am#rla tioll<rte e ll/n>p.l;•• Asl, e°"'"'~ ;,ptn,sJapilo, Corei• tio Sli, AU51dll• e /lo>n lellndll;
n,Amlnaútfna,desuc....,ArgentlnaeC/Jle.A,n~a>n1/C»lb""'"'""nt,..,..n,Alrbeapor«em-naAslaenoHall/,n,Am4rlc,CI/Jftr.ll.

estudo para uma criança que entra no Desigualdade qfeta o


Se a desigualdade ensino em idade escolar cresceu 24,5% índice brasileiro
(3 anos), e a média de anos de estudos Mas se a desigualdade social for le-
socialfor levada em de adultos com 25 anos ou mais subiu vada em conta, o Brasil fica co111 um
consideração, o Brasil 102,6% (3,9 anos). desempenho pior que seus vizinhos na
Na comparação com os países do Brics AruéricaLatina.SegundooP11ud,oIDH
perde mais de um (veja boxe napág.118),o grupo que com- é apenas uma média e não ilustra clara-
quarto de seu IDH põe as principais economias en1ergentes, mente a desigualdade na distribuição do
o Brasil possui o segundo melhor IDH, desenvolvin1ento humano. Por isso, foi
à frente de China, Índia e África do Sul. elaborado outro índice: o IDH-D (IDH
América do Sul e Brics O país é superado apenas pela Rússia, Ajustado à Desigualdade). A distribuição
No ranking latino-americano, o Bra- que ocupa o 50° lugar no ranking. com o desigual do desenvolvimento humano é
sil fica apenas na 138 posiç.ã o, atrás de IDHde0,?98.Emboraosrussostenham medidaemcadaumadastrêsdimensões
nações como Chile, Uruguai, Cuba, 111elhores indicadores de educação e do IDH (longevidade, educação e renda)
Venezuela e Argentina - o líder na re- renda, os brasileiros têm quatro anos a e então descontada do valor original do
gião. Ainda asslln, o lDH brasileiro, mais de expectativa de vida. indicador. Qu31lto maior o percentual de
de 0,7SS, é maior do que a média da Atrás do Brasil, está a Clúna (90°), desconto, maior a desigualdade no país.
América Latina, que registra 0,748. que possui o índice de 0,727, seguida No caso brasileiro, descontada a de-
Em uma perspectiva de longo prazo, da África do Sul (116°), com IDH de sigualdade, o IDH teria uma perda de
porém, o relatório mostra que o IDH 0,666. O pior resultado entre os Brics 26,3% e ficaria com 0,557. O país se posi-
brasileiro cresceu 24,2% entre 1990 e é da Índia, que ocupa o 130° lugar no ciona abaixo da média da América Latina
2014, um aumento anual médio de 0,91% ranking, com 0,609 de índice. Os india- nesses quesitos - a média para a região é
no indicador. Esse foi o melhor desem- nos também têm a menor renda (US$ de0,570 no IDH-D e23,7% de perda total
penho entre os países da América do 5A97) e menor média de anos de estudo do IDH. Entre os países considerados
SuL Durante esse período, os brasileiros (5,4) entre os membros do grupo. No com alto nível de IDH (grupo no qual
ganharan, 9,2 anos de expectativa de entanto, ao observar a e..'t_Pectativa de está o Brasil), a média do IDH-D fica
vida, viran1 a renda aumentar 50,7% e, vida dos cinco países, a Africa do Sul em 0,600,relativamente acima do índice
na educação, a expectativa de anos de tem o indicador mais baix~ de 57,4 anos. brasileiro, com perda média de 19,4%.

142 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
.. .... ............... ...... .........
...........................
............
..........
.....
...... ................
.....
.........
........ ..........
...... ..........
.... ..........
.............
....................
......
..... .......
.... .........
.......... ..
.. . ..
O IDH no mundo Outro fato a ser destacado na análise
No cenário mundial, a Noruega do IDH é que o aspecto econônúco por IDH
continua com a primeira colocação si só não leva diretamente a um maior
no ranking, com IDH de 0,944. Mesmo desenvolvimento hwnano. Um exem- IOH Para medir as variações no padrão da
se a desigualdade social for considera- plo que ilustra esse fato é a comparação quaUdadodevidadasd~erontospopulações
da, o país segue com o índice de 0,893, entre Guiné Equatorial e Chile. Embora do globo, o Programa das Nações Unidas
que é bem elevado. A média de anos de os dois países tenham indicadores de para o Desenvolvimento (Pnud) criou o ín-
estudo no país é de U,6 e a expectativa rend• similares (ambos na faixa de 21 mil dico do Dosenvolvlmonto Humano (IDH).A
de vida está e1n 81,6 anos. Atrás da dólares), o IDH é bem distinto. Enquanto apuração desse índice oonsldera três Indi-
Noruega, estão Austrália, Suíça, Dina- o Chile alcan~ou o índice de 0,832 e está cadores: educação, longevidade e renda.
marca e Holanda. no grupo de muito alto desem'Olvimento,
Dos 188 países listados no relatório, a Guinéteve0,587 e ocupa o 138"lugar no RANKJNGS No ranklng mundlal,cada pais
45 conseguiram aumentar o índice em ranking. Essa diferen'r' se deve aos ou- recebe uma pontuação de IDH, que varia
comparação com o último levantamen- tros dois indicadores. A média de anos de entre Oe 1. Quanto mais próximo de 1,
to (2013) - sete deles est ão na América estudo no Chile é de 9,8 anos, enquanto molhor a qualidado do vida do pais. O
Latina. O indicador dos países em de- que no país africano é de 5,5. O mesmo Pnud faz o rankfng que separa os países
senvolvin1ento continua a crescer, mas ocorre com os índices de expectativa de em quatro categorias: os com multo alto
em um riono menor do que na década vida: os clúlenos vivem 24 anos a mais desenvolvimento, os com alto desenvolvi-
passada. Entre 2000 e 2010, o IDH de que a população da Guiné Equatorial. Ou mento, os oom médio desenvolvimento e
países em desenvolvimento cresceu a seja, a renda no país africano não se tra- os com baixo desenvolvimento humanos.
un1.a média anual de 1,2%; porém, entre d uz em bem-estar para toda a sociedade.
2011 e 2014, o ritmo foi de apenas 0,7%. Em relafão aos países que mais cresce- BRASIL O IDH brasilolro passou do O, 752
A ONU destacou, no último relatório, ram no IDH, Ruanda merece destaque. om 2013 para 0,75Som 2014. Aposardo au-
que 2 bilhões de pessoas saíram de con- Em 1990, o ú1diceera de0,244 e, em 2014, mento, o país caiu uma posição noranking
dições de baixo desenvolvimento hu- alc:mçou 0,483. Nesse período, a nação mundial de desenvolvimento humano e
mano nos últimos 25 anos. Em relação passou pelo trauma de um conJlito sec- passa aocuparo 75• lugar entre 188 países
a 1990, o número de pessoas vivendo tário que causou o genocídio de 1milhão Ustados no relatório. OcrescimentodolOH
em países de IDH baíxo caíu 60%, de de pessoas. Nos últimos ru1~ a economia brasileiro foi afetado pela renda, que caiu
3,2 bilhões _para 1,2 bilhão. Algumas avançou e o pais conseguiu melhorar 0,74% ontro2013 • 2014. O Brasil ostâ na
nações da Africa Subsaariana, como seus indicadores. A maior mudança é na categoria de países de Alto Desenvolvi-
Gana e Nan1íbia, estão entre os 19 que expectativa de vida da população do pais, mento Humano.A expectativa devida do
saíram dessa categoria. Embora essa que aumentou 31 anos em relação a 1990. brasi\elroéde 74,S anos e a média de anos
região continue a ter o valor mais baixo Já os países q ue mais caíram no de estudo éde 7,7 nesse último relatório.
do índice de desenvolvimento humano, r:mking foraru a Líbia (27 posições)
12 países têm 1úveis de IDH individuais e a Síria (15 posições), duas nações IDH E DESIGUALDADE Sogundo o Pnud, o
que os classificam como médio. En- afetadas por violentos conflitos inter- IOH é apenas uma média que não ilustra
tre eles estão Botsuana (106°), Gabão nos. O último lugar permanece com o claramente a desigualdade na distribuição
(110°) e Cabo Verde (122°). a&icano Níger, com IDH de 0,348. IBI do desenvolvimento humano. Por Isso,
foi olaborado outro indico: o IDH-0 (!OH
......................................................
......... ........... .................' .............. .........
...................................................
......................................
.... ...... .......
................. ........ ' .............
...............................
........... ...........
.....................................................
.
....
Ajustado à Deslgualdado). A distribuição
, SAIU NA IMPRENSA
.....................................................
..... ..... ....... ..... ...... ..... .... ..... ....... ....
........................................................
...................................................
.... . ' ............................................
............... ....
..... ..... .. .... ..... ... ........ .... desigual do desenvolvimento humano
é medida em cada uma das três dimen-
sões do IOH e então descontada do valor
BRASIL 'AVANÇA EM ultrapassado pelo Sri Lanka ,um país insular original do Indicador. No caso brasileiro,
DESENVOLVIMENTO HUMANO' ao sul da índia.(...) Mas seria essa queda do doscontada a doslgualdado, o IDH torla
OU CAI EM RANKING DO Brasil no ranktng atgo rG1tevante? Para a coor- uma porda do 26,3% • ficaria com 0,557.
!OH? COMO INTERPRETAR denadora do Relatório de Desenvolvimento
RELATÓRIO DA ONU Humano (ROH) no Brasl~Andrea Bollon, não. CENÁRIO MUMDIALA Noruega é o primoiro
Segundo Bolzon, o mais Importante é manter colocado no rankingmundlal,com IDI-I de
AONU divulgou globalmont• nesta segun . a tendência de avanço na nota. 0,944. Em seguida, vêmAustrâlia,Suíça, Di-
da-feira seu relatório de Desenvolvimento "O ranklng é uma corrida (em direção a namarca e Holanda.AAfrica Subsaarlana,
Humano. (._) maiores nfvels de desenvolvimento). O fato por sua vez,é a região que maisconcentra
O relatório deste ano traz informações de alguém te ultrapassar numa corrida não países com IOH baixo - Níger é o último
sobre o Brasil que parec:Qlll, numa primeira slgnlflca que vo~ parou de andar ou andou colocado no ranklng. com IDH do 0,348.
leitura, contraditórias: o país melhorou sua para trás, slgnlflca que alguém passou mais Entre 1990 e 2014, Síria e Líbia foram os
nota no IDH em 2014, mas perdeu uma po- rápido por voe~ acrescenta.( ...) países que maiscaíram no ranking.
sição noranking- da 74• para a 75• - ao ser BBC Brasl(, 14/12/2015 ......................................................
.......................................... ............
....................................................... ............................................................ .........................................................
..............................................
...........................................................

GU,TUAUDADU ( l•sct11cstrt 201' 143


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE AQUECIMENTO GLOBAL

Pelo novo acordo


os países devem se
esforçar para tentar
frear o aumento médio
da temperatura

1,5 ºC. Não será nada fácil: a tempe-


ratura média no ano passado já havia
subido quase l ºC desde o fim do século
XIX. No atual cenário, se nada for fei-
to, o planeta poderá ter um aumento
médio de temperatura da ordem de ~ ITJI o:'

até 7,8 ºC nesse período. Isso significa CAÇA AFUMAÇA Centro para rec:klagQm de vQfculos multo poluElntes, em Yfwu, na Chirul
que, segundo alertam os cientistas, a
Terra está em wna trajetória perigosa
de aquecimento.

Metas voluntárias OS COMPROMISSOS ASSUMIDOS PELO BRASIL


A principal critica ao Acordo de Paris
é que todas as metas nacionais para a No Brasil,a Política Nacional sobre Mudança do Clima oficializa o compromisso do país
reduç-ão das emissões são voluntárias. em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 37%até 2025 e43% atê 2030 em
Este conjunto de propostas é apresen- relação aos valores de 2005. Essas metas apresentadas na COP-21 foram consideradas
tado por meio das INDCs (sigla em in- ambiciosas porque são absolutas, ou seja, não dependem do crescimento da economia
glês para Contribuição Nacionalmente como foi apresentado por outros países. Veja as metas do Brasil:
Determinada Pretendida), que são um
compromisso pollricovoluntãrio assu- O Aabar com o desmatamento Ilegal
mido por todos os países-membros da O Restaurar U mllhõas de hKUires do florestas
ONU na convenção. O Rocuporar 15 mllhõo. do hoctuu do pastagens dogradadas
Além disso, porenquanto,o conjunto O Integrar S milhões do hoctaru do lavoura-pocuír!a.florutas
das metas somadas é considerado insu- O Garantir 45% do fontos ronovávofs no total da matriz onorgétfca
ficiente para barrar o sobreaquecin1e11to C> Ampliar para 66% a participação da fonto hldr!ca na goração de olotr!cldado
médio em até 2 "C.Segtmdoos pesquisa- O Ampliar para 23% a participação dofontos renorivols (oóllca, solar• biomassa)
.
dores do IPCC, mesmo que todos os pai-
.
ses constga.m cumpnro que propuseram
na geração do enorgfa olétrlca
O Aumentar em cuca do 10% a oftclOncla elétrica
na CO P-21, a temperatura média subirá O Aumentar para 1G% a participação do otanol carburante o das domais biomas-
entre 2,7 ºC e 3,S oC. Por isso, o acordo sas derivadas da c.ana-do-aç(lar no total da matriz onorgétlca
prevê uma revisão de metas a cada cinco
anos, a partir de 2018, e uma primeira Em 2014, o governo brasileiro anundou que nossas emissões de gases agravantes
verificação de fato em 2023. Espera-se haviam diminuído 41% entre os anos de 2005 e 2012 A redução se deveu a uma forte
que até então haja uma ambição maior queda nos índices de desmatamento na Amazônia legal No entanto, a área de floresta
dos países no controle das emissões para derrubada cresceu um pouco de 2014 para 2015, de5.012 quilômetros quadrados (km2)
evitar as consequências. para 5.831 km2 • Também houve aumento em emissões na geração de energia, que
cresceram 6% em 2014, em razão do maior consumo de gasolina e diesel no transporte
Apoio financeiro e na geração de energia em usinas termelétric-as a carvão e óleo.
O Acordo de Paris também prevê o
apoio financeiro aos países em desen-
volvimento para frear suas enússôes e e
de nútigação e adaptação veja glossário As negociações nas COPs
adaptar'-se para enfrentar os problemas na Pá& ao lado). O texto diz ainda que Os relatórios dos cientistas do IPCC
decorrentes das mudanças do clima. "outras partes são convidadas a prover destinam-se a orientar os formulado-
Segundo o novo acordo, a partir de ou a continuar a prover tal suporte res de políticas públicas para que esta-
2020, ao menos US$ 100 bilhões anuais voluntariamente". Antes de 2025, será beleçam estratégias de contenção das
serão destinados pelos países ricos, constituído um novo objetivo coletivo emissões de gases. Para enfrentar un1
como EUA e os da União Europeia, aos a partir do piso de US$ 100 bilhões, problema global, e,,rém, é preciso uma
países em desenvolvimento para ações considerado baixo. decisão política. E preciso buscar, sob

146 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


OCARBONO ACUMULAOO
P~ndpals e11lss«es (18!0-2011) De onde sakl o u1bo10 (1870-2021)
Os 10 maiores, em Ido total Balan(o da cmcentrdÇ1odeC01 na atmosfe~ em partes por milhlo,
1ndonl!sla (1%)
conforme a fonte usada pelo ser humano
Mud~as RtabsoMdo

J Brasil (l'!I) ISO lotai nftWo


1
110 solo pelo solo

I
.e,
g-
soo

...- ,oo
~

g
t.g)
+S~6 ppm

-7 •
Pet~leo
can10 t'1 •28
mlrw raJ 11111 ppm
ppm
41
Gàs Cimento .,.
ReüsorYldo
ptlOOCUl'ICI

''

--
6 3111
llil

l5J) +211
ppm
China (li , __ _, ' --"R=ilssla(I%) )li) -
Atmosferaemlli'Q
OS CUUIADOS As n~, pf<M/r,s ,m ln<Arstrlilllz>(Jo tor,m,s 1111e """ emhltlmocllf>olW 1!11' ,si,,...,..,~
pdnq)l/,...,te de c.,mo, p,trN,o OWJ/um, êlllltldo
em pMttspor miNo de C01na .1tmosfera foiH,s+6 PPD\ mas JSppm fon.,u JIJsomdas por florestas eplantfose7J pelos ownos; resufundo em JJBppmatuais

uma instância como a ONU, atitudes em desenvolvimento econômico e social.


conjunto dos países signatários da Con- Mas, nas últimas décadas, o consumo de GLOSSÃRIO
venção. Esse é o objetivo dasCOPs (con- energia está aumentando rapidai.nente,
ferência das partes - cada país-membro especialmente nos países mais populo- MITIGAÇÃO Mltlpr slgnlflt11 abrandar
é considerado uma parte). Paralelamente sos, como China e Índia, que são grandes ou diminuir - neste caso, as emlsSÕH
às COPs da Convenção, orgruúzafões da co11SUnlldoresde carvão mineral e gás. do gasos agravantes do ofelto ostufa.
sociedade civil, empresas e instituições O caráter impositivo do Protocolo de ADAPTAÇÃO Ajudar os palses IM prtpa-
organizam encontros, fazelll estudos e Kyoto, definindo metas aos países de- rar para a lff.ldança no cOma, a transttar
propostas, cobram comprometimento senvolvidos signatários, tornou-se seu para as transformaçõN da tc0nomla dt
dos goven1os, um processo que se acen- principal problema. Isso porque os EUA, baixo carbono o aso protogor do dosas-
tuou a partir da Conferência do Clima o maior emissor àépoca, e hoje o segundo tros naturais rosultantos da mudança
de 1992, 110 Rio de Janeiro - a Eco 92. maior, não o assinaram. Outros, como cllmitlca, como socas o dosortlfkação,
A COP mais bem-sucedida anterior- Canadá,Japãoe Rússia, avisaram que não onchontos, dosUzamontos etc.
mente, antes dessa realizada em Paris, cumpririam as metas em tempos dificeis CAPTURA DE CARBONO R•f•r•-•• à rotl-
tinha sido a deKyoto, no Japão, em 1997 para suas economias. Como resultado, radade carbono da atmosfera. Plantar
(COP-3). Ela aprovou o Protocolo de Kyoto diminuiu as emissões, mas longe lirvoros, por oxomplo, ajuda a estocar
Kyoto, no qual foi estabelecida a estraté- do que é calculado como necessário. carbono na madeira. Plantações do
gia de "responsabilidade comum, porém As COPs seguintes tentaram reme- cana-do-açúcar são mais sustontivels,
diferenciada". Essa expressão define diar o problema, mas esbarraram sem- pois reabsorvem o carbono emitido na
que todas as nações têm responsabilida- pre na falta de consenso entre ricos e quolma do otanol o do bapço. Pesqui-
de no combate ao aquecimento global, pobres, entre interesses tão diversos sa-Sé, lnclustve, uma tocnotogla capaz
mas aquelas que mais contribuíram his- como os dos países que vivem de ex- de r.tfrar o carbono do arpara rMstoc,-
toricamente para o acúmulo de gases de portar petróleo e outros que sofreriam -lo soUdamtntt, no solo ou nosocunos.
efeito estufa têm umaobrigaç.ão maior. mais diretan1ente com o aumento do OESCARBONIZAÇÃO E ECONOMIA OE
Trata-se das nações mais ricas, como os nível dos oceanos, caso das pequenas BAIXO CARBONO Diminuir a produção
EUA e boa parte dos países europeus. ilhas do Pacífico e do Índico. Com o o o uso de compostos do carbono no
Por terem iniciado o processo de indus- passar do tempo, ficou claro que o pro- cotidiano, como combustlvefs fóuels
trialização há muito mais tempo, estas cesso impositivo não funcionou. Isso •plhtlcos.
nações produziram a maior parte do gás deu origem à proposta de construir um INDC Sigla om lnglb para Contribuição
acumulado na atmosfera - e, por isso, acordo voluntário dos países, os INDCs, Nadonalmento Ootonnfnada Preten-
ficaram mais ricas do que as demais com • baliza mais importante da COP-21. dida. Cada pais aproHntou volunta-
a industrialização. O protocolo impôs a rfamente a meta que aceita reduzir de
elas metas de redução da emissão dos Outras medidas suas Gmlssões. Apesar do servotunU-
gases agravantes. Paralelamente às COPs, desde• Eco r&a, a INDCnão reduz a rosponsablllda-
As demais nacões,
,. incluindo Brasil,
China, países da Africae de outras par-
92 governos e entidades da sociedade
civil, de organizações não governamen-
de dos pai ses dosenvolvid:0$ nos gasos
que eles omitiram. Após o acordo, as
tes do mundo, foram desobrigadas de tais (ONGs) a empresas, movimentam- INOCs passaram a sor oficialmente
cun1prir metas para não prejudicar seu -se para fomentar uma economia mais apenas NOC.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 147


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE AQUECIMENTO GLOBAL


O Um O Se1111ndo
o Aquecicli,.
superfkie emite
pouco da radiação
térmicadalerra vai
pu1oespa~o, mas a
oll'CC, m
mil hóes de tonelada, de
carbono jopdos pelalllo
calor na'"""" de
rldillio
"infravermelha
.............
rnaiorpor1Et1Cila

abtorvida 110rvapor
humana na atmosfera
ampliam oeftito estufa,
causando o aquecimento
d'tp, di6xidode do planeta
e oabsorwmceude
ar, terras equ&s carbono e outros
.,.., do efei1D estufa
e Quoncioos llÍOSdoSol
chepmiTen-.ce1tade
li'/, da ,..iaçlo solar

,,,..a,11qja .,.,_
10lta,ara1-,aco,
refletida IIO•poeiro e 1Segu,do os cientistasque c.naantrapodt p,osdool1114
tltlfa. lOS nnos 1t 111 a.nu 35D
nuvens, na atmosfera,. e • defenden o aquecimento &fobal:
por refletores naturais DA Oiliddo4tca"''°(""')
superflcie,. como areas e s~ jo~os pela e AD aumentar a concentração 300
a;~ humana na desse e de outros gases, o
cobertu por neve egelo atmosfera milh6es homem anpfia. oefeit:o utuh,
de toneladas de provocando o aquecimento 1 25D
do planeta 8.000 S.9Xl 3DXI 9Xl 20XI
carbono a.e. a.e. a.e. a.e.

Em muitos países, entre os quais o Aquecimento global


A conferência de Paris Brasil, foram estabelecidas metas para Quando a.maioria dos cientistas fala
reduzir as emissões de carbono (veja em mudança do clima e em aquecimen-
é a mais bem-sucedida boxe na pág. I 46) e criadas políticas de to global, é preciso entender que eles
desde a que aprovou o adaptação aos impactos das mudanfaS estão se referindo a um aun1ento, além
climáticas. EUA e China, que antes não do esperado, da capacidade da atn1os-
Protocolo de Kyoto, aceitavam metas e juntos emitem cerca fera de reter calor, o chamado efeito
no Japão, em 1997 de 40% do total mundial de gases de estufa. A exacerbação deste fenômeno
efeito estufa, assinaram um acordo mú- seria responsável pelas ondas de calor,
tuo de reduções no fim de 2014. Anteci- pelo aumento de casos de inundações,
sustentável, estabelecendo programas, pando o acordo de Paris, líderes do G7, secas e furacões e pelaele\~aç.ão do nível
parcerias e ações concretas em setores- as sete nações mais industrializa.das do de água dos oceanos.
- chave como água, energia, n1obili- planeta, concordaram em dinUnuirsua De acordo com os últimos levanta-
dade. Temas como descarbo1Üzação, dependência dos combustíveis fósseis. mentos, 2015 foi o ano com a mais alta
economia de baixo carbono e econo- Há muitos desafios à frente, entre os temperatura média do planeta desde
mia verde começaran1 a fazer parte quais o principal é substituir os com- que os registros começaram a ser feitos,
da pauta dos governos e das agências bustíveis fósseis por outros renováveis em 1880. O ano seguiu uma tendência
financiadoras, apontando o cantinho e limpos. Porén1, a crise recente 11.a eco- preocupante: 15 dos 16 anos mais quen-
para um novo modelo de desenvolvi- nomia mundial ton1a mais complicada tes já registrados ocorreram no século
mento econômico, mais sustentável. a transição de um modelo de matriz atual Os cientistas reunidos desde 1988
Ele implica cortes profundos no uso energética baseado na queima de com- no IPCC têm 95% de certeza de que esse
de combustíveis fósseis, investimento bustíveis fósseis para outro norteado aumento de calor é provocado pela ação
em tecnologia de energias renováveis e por energias limpas - essa mudança do ser humano. Isso porque o planeta
processos produtivos menos intensivos depende de elevados custos financei- possui mecanismos próprios de enússão
em uso de carbono. Até me.s mo o papa ros. Além disso, o excesso de petróleo e absorção do carbono, mas o ser huma-
Francisco divulgou uma encíclica, na disponível atualmente a preços baixos no jogou mais carbono do que o planeta
qual abordaalgmuas reflexões sobre o pode inibir os investin1entos em ener- consegue absorver, e esse carbono está
tema ( veja na pág.136). gias renováveis (veja na pág. 108). se acumulando na atn1osfera. Sempre

148 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
há dúvidas: há pesquisadores que dis- ca. Segundo o IPCC, a situação e xige
cordam disso e atribuem o aquecimento uma mudança drástica: diminuir nossa Aquecimento Global
a fatores naturais não humanos. dependê ncia de combustíveis fósseis
De qualquer forma, o sobreaqueci- - co mo petróleo, carvão e gás-, que AQUECIMENTO GLOBAL Êoaumento lnde.
mento está ocorrendo. Veja a seguir liberam grandes quantidades de C0 2 na seJável do efeito estufa, fenômeno natural
algumas das consequê ncias prováveis: atmosfera, e substituir essas fontes de que mantém a Terra aquecida. A maior
energia por outras renováveis até 2050. parte dos cientistas acredita que esteja
O O nível médio da água dos oceanos Também ampliam o efeito estufa sendo reforçado pela ação humana, com
subiu 99 cm de 1901 a 2010. O nível as emissões de me tano (C~, gás na- a emissão na atmosfera de gases como o
continuará a subir e poderá submer- tural) gerado pela decomposição do dióxido de carbono (C02 ), o metano (CH.)
gir os pequenos países insulares e lixo, pela digestão do gado, de ovinos e e o ôxldo nitroso (N,O). O aquecimento
destruir áreas costeiras habitadas. caprinos e do ser humano, e plantações global provoca mudanças no clima, pois
O Haverá mudanças no ciclo global das alagad as (princ ipalmente de arroz). a temperatura é um dos fatores que Inter-
águas, e aumento de contraste na Finalmente, o ó xido nitroso (N 20), ferem na dinâmica dos ventos,daschuvas
quantidade de c huva entre as regiões que resulta do tratamento de dejetos e das correntes oceânicas.
úruidas e secas e de intensidade nas de animais, do uso de fertilizantes e de
estações chuvosas e secas. Áreas alguns processos industriais, é outro IPCC Sigla do Painel Intergovernamen-
áridas poderão se tornar desérticas. componente que contribui para agravar tal sobre Mudança do Clima, órgão das
C> Aumentará o número e a força de o efeito estufa. Nações Unidas que reúne cientistas de
furacões, tornados, tempestades e Além disso, ao alterar o uso da terra diversos países (entre eles 61 do Brasil),
de problemas como deslizamentos por meio do desmatamento, o ser hu- com o objetivo de orientar os formadores
e enchentes. m.ano lanç.a no ar, por apodrecin1ento de políticas públicas na prevenção dos
C) Nas duas llltimas décadas, as ca- ou queima, gás C02 contendo o carbono efeitos do aquecimento global O IPCC
madas de gelo da Groenlândia e da que estava acumulado nas plantas e no ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Antártida estão perdendo volume. solo. Urufatoragravante équeosoceauos Seu quinto relatório aumentou para 95%
O derretin1ento das geleiras deve liberam COz estocado quando atempe- a probabilidade de que o aquecimento
continuar, gerando mudancas nos ratura a\m.1enta. Diminuiras emissões d e global resulte de ações humanas.
volumes de rios. O gelo do' Ártico metano será o desafio seguinte. Quando
de ve seguir diminuindo até o final é queimado para gerar ene rgia, o meta- ACORDO DE PARIS (COl'-21) Ê o acordo
do século, podendo chegar a apenas no é me nos agravante do aquecituento assinado por 195 países-membros da Con-
6% do que já foi durante o verão que carvão e petróleo, mas liberado na v,,nçãodasNações Unldassobre Mudança
(veja napâg. 76). atmosfera ele é pior que o COz. ll!I do Clima na Conferência de Paris (COP-21)
realizada em dezembro de 2015. Oacordo
Mudança de rumos PARA IR AltM O doc·umentário OGefoe o é o primeiro Instrumento legal de todos
Para atingir os objetivos previstos Céu (Luc Jacquet, 2015) registra o trabalho os países para adotar medidas de com-
pelo Acordo de Paris e evitar essas de um pesquisador da Antártida e aborda a bate às mudanças dimátlcas. Sucede o
terríve is consequê ncias, será preciso responsabiUdacle humana no aquecimento fracassado Protocolo de Kyoto, de 1997
promover uma reviravolta energéti- global e outros problemas no meio ambiente, (COP-3). Os países signatários do novo
acordo deverão reallzarações para tentar
........................................................................................................ .....................................................
................................................ .
.................................................................................................
conter o aumento da temperatura média
...................................................
. da Terra em 2°C ainda neste século, além
.......................................................................................................... ...................................................
..................................................
.................................................
( SAIU NA IMPRENSA
de fazerem o possível para reduzir esse
limite a l,S 0C.
ACORDO NÃO RESOLVE daCOP-21 (espécie de regras de implemen-
O AQUECIMENTO GLOBAL, tação, de menor expressão na legislação METAS 00 BRASIL O Brasil se comprome-
MAS t BOM COMEÇO internacional) é que a transição energética teu na COP-21 a reduzir suas emissões de
Dan/e/a Chlarett/ rumo a energias Umpasjá começou eo setor gases do efeito estufa em 37% até 2025
financeiro começa a se mexer na mesma e em 43% atê 2030 em relação a 2005,
O quanto o Acordo de Paris trará de mu- direção, descarbonizando Investimentos reduzindo o desmatamento, e alcançar
dança na vida das p-essoas dependerá do t ..). "OE!scarbonização• da economia, como 45% depart.iclpação de fontes renováveis
ritmo de implementação de suas dedsões. mota de longo prazo, foi contestado por pa- no total da matrlzenergétlca. Noentanto,
Mas, na linguagem diplomática negociada íses dependentes de carvão, como a índia. depois de uma tendência de queda entre
com mais de 190 países, os govemosse de- • Preferimos a expressão 'desenvolvimento 2005 e 2012, as emissões brasileiras na
cidiram por um caminho para o mundo do de baixo carbono"", disse liu Zhenmln, vice- geração de energia voltaram a crescer
futuro: será um lugar com pouco espaço ministro de Relações Exteriores da China. (._) principalmente devido ao uso de usinas
para combustíveis fósseis.Atradução das31 termelétrlcas a carvão e óleo.
páginas do Acordo de Paris e das dedsões Valor Econ6mlco, l4/l2/20J5 .........................................................
...............................................................................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 149


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DESASTRE AMBIENTAL

sponteirosdorelógioseapro-

O ximavam das 16 horas do dia

ALAMA ESEU RASTRO 5 de novembro de 2015, uma


quinta-feira, quando ocorreu a maior
tragédia ambiental no Brasil e o maior
desastre relacionado à mineraç-ão no

DE DESTRUIÇÃO mundo. O rompimento da barragem


do Fundão, na zona rural do muni-
cípio de Mariana (ll>IG), liberou uma
enxurrada de rejeitos de minério de
ferro. O"tsunami de lama" atingiu nove
cidades, percorrendo o Rio Doce até
O rompimento da barragem da mineradora chegar ao litoral do Espírito Santo, a
mais de 600 quilômetros de distân-
Samarco em Mariana levanta questões urgentes cia. A região ruais afetada foi o distrito
sobre como os crimes ambientais são punidos de Bento Rodrigues, onde ao menos
17 pessoas morreram - outras duas
Pw Sheyla Miranda ainda estão desaparecidas.

150 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


DEVASTAÇÃO em 5,2 bilhões de dólares. O cálculo leva A culpa é de quem?
Odistrito de S.nto em conta os gastos para reco11stn1ção A Samarco teve de are.ar com esses
Rodrigues (MG) das áreas afetadas, descontamina~o do pagamentos porque é considerada res-
ficou coberto com a solo e dos rios, além da perda dos bens ponsável pelo rompimento da barragem
lama llbonula após dos moradores atingidos, impostos e de F\1ndão e por suas consequências
o rompimento da royalties que deixarão de ser pagos pela ambientais, sociais e econômicas. Logo
barrag,m Samarco a Minas Gerais. após o incidente, o Ministério Público de
Minas Gerais abriu um inquérito para
Os efeitos da tragédia investigar detalhadamente as causas e
Alén1 das mortes e das centenas de se a empresa operava de modo ilegal.
pessoasqueforam desalojad..,a tragédia Mas, desde o primeiro momento, de-
deixou um rastro de danos an1bientais, clarou que a Samarco agiu de maneira
econônúcos e sociais dificeis de serem negligente, o que teria acarretado o
din1ensionados. Em todo o trajeto da desastre. Alguns indícios corroboram
lama, o Ibama detectou a destruição de a tese de que a mineradora foi onússa
estruturas públicas, de áreas agrícolas e em questões de segurança - e não só
de preservação permanente devegeta~o ela, mas também órgãos do governo.
da Mata Atlântica. O laudo preliminar Em duas sin1ações, pelo menos, fie.a
do Ibarua diz, ainda, que o nível de im- clara a negligência do poder público
pacto foi tão profundo que é impossível e sua responsabilidade no acidente.
estimar um retorno à normalidade da O processo de construção da barragem
fauna e da Bora nos locais atingidos. do Fundão começou de fonua irregu-
A lama também afetou o Rio Doce e lar, em 2007, quando a Samarco pediu
alguns de seus aJluentes de diferentes licen',8 prévia para operar a barragem
formas, provocando assoreamento (ex- sem apresentar um projeto executivo,
cesso de sedimentos no leito),mudanças no qual deveriam constar informações
decurso,diminuição de profundidade e completas sobre as intervenções que a
até mesmo soterramento de nascentes. obra causaria em seu entorno. Mesn10
A maioria das comunidades presentes assim, obteve liberaç-ão através da F\m-
nas regiões atingidas dependem eco- dação Estadual do Meio Ambiente de
De acordo com o Instituto Brasileiro nomicamente da pesca, da agricultura, Minas Gerais. Em 2013, a mineradora
do Meio Ambiente e dos Recursos Na- do turismo e da mineraç..\o. Essas ativi- pediu um novo licenciamento. Um laudo
turais Renováveis (Ibama), a barragem dades foram in1pactadas em maior ou técnico encomendado pelo M.inistério
do Fundão continha pelo menos 50 menor grau pela catástrofe, o que gerou Público apontou um risco de colapso es-
milhões de metros cúbicos de rejeitos uma série de dificuldades 6nanceiras trutural, mas, novamente, a empresa foi
de ferro. A quantidade equivale a mais e sociais. A Samarco foi obrigada pelo liberada pelo poder público para operar.
ou menos 10 vezes o tamanho da Lagoa Mirústério Pt1blico de Minas Gerais a Entre maio de 2015 e o desastre, a
Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. provideuciar lar temporário para mais de Samarco estava fazendo duas obras de
A responsável pela barragem é a Sa- 260 famílias desabrigadas e a pagar para alta complexidade no Fundão. Uma para
marco, en1presa estabelecida em Ma- elas uma indeniza~o de R$ 20 mil,além elevar a altura da barragem, chamada
riana há 38 anos e que é controlada por de um salário mínimo, mais 20% por alteamento, outra para fundir a barra-
duas gigantes da minera~ a brasileira dependente e un1a cesta básica. Tan1bém gem com outra maior, a de Gemiano. O
Vale, que é a maior exportadora de mi- foram detemlÍnados pela Justiça acertos MP apura se houve abalo estrutural por
nério de fem,, ea anglo-australiana BHP no valor de R$ 100 mil para as famüias conta das obras, como também investiga
Billiton, maior multinacional do setor. daqueles que morreram ou ainda estão seprocedeadenúnciadequeaSamarco
Segw1do a consultoria norte-americana desaparecidos. Esse montante é consi- depositava mais l3Jna no reservatório de
de gestão de riscos Bowker Associates, derado um adiantamento, pois o total Fundão do que divulgava e seria seguro.
os prejuízos financeiros são estimados da indenização ainda será estipulado. Segundo o engenheiro que projetou a

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 151


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DESASTRE AMBIENTAL

Após o desastre em
Mariana, o Novo
Código de Mineração
voltou a ser discutido
no Congresso Nacional

barragem, a empresa depositava urna área metropolitana de Belo Horizonte. Em muitos países, as sanções a crimes
proporção de 40% de lallla para 60% O Ministério Público levou 17 meses ambientais costumam ser mais severas.
de rejeito arenos0t quando as medidas para investigar o incidente e depois A British Petroleum, responsabilizada
infom1adas em seus relatórios errou de pediu a condenação de quatro pessoas pelo vazamento de petróleo no Golfo do
30% e 70%, respectivamente. A maior e da própria mineradora. Passados l.S México, em 2010, foi obrigada a pagar 20
quontidade de líquidos poderia com- ano~ ninguém foi preso, e a mineradora bilhões de dólares para custear reparos
prometer a estabilidade da barragem. conseguiu abrandar o valor de multas do meio ambiente eindenizações-quan-
e indenizações através de acordos com ti.a recorde para sanções ambientais.
Medidas punitivas o Tribunal de Justifª·
Dias após o rompimento de Fundão, Em 2003, uma barragem se rompeu Legislações para o setor
a licenr1 da Srunarco para operar no na cidade de Cataguases (MG), espa- O Brasil tem uma legislação especifica
complexo de Germano foi embargada. lhando 900 mil metros cí1bicos de licor para o uso de barragens, que está em
O Ibama aplicou na empresa cinco mul- negro, material orgânico constituído de vigor desde 2010. Embora esteja dentro
tas, que somam R$ 250 núlhões de reais, lignina e sódio, na Bacia Hidrográfica dos padrões internacionais, a Política
devido aos estragos ambientais - a mi- do Paraíba do Sul. Até hoje, a empre- Nacional de Segurança de Barragens
neradorarecorre, e as penalidades ainda sa re.s ponsável pela barragem luta na é recente e ainda não está totalmente
não foron1 quitadas. Em acordo firmado Justiça para não pagar a multa que regulamentada, o que gera, entre outros
en1 março entre o governo federal e a recebeu, no valor de R$ 50 milhões. problemas,negligênciadeórgi.osfiscali-
Samarco, a empresa se comprometeu a
fazer um aporte de 4,4 bilhões de reais
nos próximos três anos para reparar os
danos provocados pelo desastre. REJEITO INERTE OU LAMA TÓXICA?
Além das indenizações,osenvolvidos
podem responder criminalmente pelo Como se não basta no tGr do Udar com a dostn.atção do SGUS laros, os moradores das
desastre. A Polícia Federal indiciou roglÕH afetadas polo rompimento da barragom da Samarco tomem quo o contato
por crimes ambientais a Saruarco, a com os roJottos da minoração provoquo algum dano à saCrdo.
Vale e a empresa VogBR (consultoria No dia sogufnto ao romplrnonto da barragom do Fundão, a Samarco lnfonnou quo o
que atestou a estabilidade da barra- rejeito llborado ora lnorto, composto em sua maior parto do sfllca (arola), o que não
gem) - sete executivos e técnicos tive- apresentaria n'1!nhum elemento químico danoso à sa6do. No entanto, um laudo do
ram a prisão decretada em fevereiro. SAAE (S•rvlço Aütõnomo do Agua o Esgoto) doBalxoGuandu (ES) at•stou a pros•nça
No entanto, a julgar pela maneira como do motals posados, como an4nlo, chumbo, cromo, zinco, b6rto o manganês, entre
o Brasil pune responsáveis por crin1es outros, em nrvols superlorH ao recomendável. Dias depois, a ONU soltou um comu.
ambientais do gênero, não são poucas nicado oftclal redlgJdo por amblontallstas al•rtando sobro a toxlcldado dos r•J•lto,.
as chances de os responsáveis saírem ASamarco afirmou que, ombora haja a presença da mota Is como forro o manganês
ilesos desses processos. acima dos valores do refor4ncla, os rojeltos não roprosontam riscos à sa6do. Por
Em 2001, ocorreu o rompimento de onquanto, o quo se sabe 6 quo a lama 4 tóxica, ainda que não oforoça ameaça roal à
um reservatório de rejeitos da Mine- população. No entanto, ambientalistas lnvostlg.am so o.s ofoltos do contato com tais
ração Rio Verde, na região de Macacos, substancias podom domorar a aparocer.

152 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
UR IMPROVISADO Entre as propostas, havia uma para a
Com a destruição liberação de parte da :irea de Unidades Desastre ambiental
de sUM casas, os de Conservação (territórios ecologica-
moradores de Bento mente rele vantes protegidos por lei) OACIDENTE EM MARIANA O rompimento
Rodrigues foram para a atividade n1ineradora. De pois da barragem do Fundão em Mariana (MG),
levados a abrigos do impacto da catástrofe en1 ?,,•f arian~ no dia 5 de novembro de 2015, causou o
provisórios Quintão participou de reutúôes com maior desastre ambiental Já registrado no
proc uradores federais e parlamentares Brasil. O "tsunami• de lama, formado de
para alterar o texto e torná-lo mais ade- 50 milhões de metros cúbicos de rejeltos
quado perante os riscos que a atividade de minério de ferro, matou 17 pessoas e
zadores.A última vez que a barragem do traz para o meio ambiente. Foram feitas deixou outras duas desaparecidas.
Fundão recebeu a visita de um técnico 28 emendas e ainda não há data para a
do Departamento Nacional de Produção nova versão do proje to se r votada. O IMPACTO O distrito de Bento Rodrigues,
Mineral (DNPM), órgão federal respon- o mais próximo à barragem, foi quaseto-
sável pela fiscalização do setor, foi em Dependência da mineração talmentedestruído pela lama. Em todo o
2012. Depois disso, a barragem passou O desastre en1 M:aria11ae videncia um trajeto dos reJeltos,que percorreram mais
por obras significativas, como a de. al- grande parado xo do estado de Minas de600quilômetrospeloRlo Ooce, pessoas
teamento, e não foi monitorada. Uma Gerais. Ao mesmo tempo que precisa perderam suas e-asas, houve destruição
semana após o rompimento em Mariana, combater os riscos da mineração, tem de estruturas públicas, de áreas agrícolas
o ministro de Minas e Energia, Eduardo uma economia que depende excessiva- e de preservação ambiental, morte de
Braga, disse que em 2015 o DNPM só mente da atividade. Um exen,plo disso é espécies da fauna e da flora, Interrupção
utilizou 13,2% do valor previsto para o o próprio município de Mariana, em que do abastecimento de água e de energia,
progTama de fiscalização das atividades 80% da arrecado,ão vinha da mineração da pesca e do turismo.
mineradoras. Ajustificativa para o baixo antes do desastre. Desde 20U, quando se
i1westimento foi o corte de gastos. iniciou un1a crise inten1acional no setor SAMARCO A responsáwl pela barragem éa
O rompimento da barragem de F\md.'lo de minerac;ão, autoridades de planeja- mineradora Samarco,queécontrolada pe-
reacendeu a discussão sobre o Novo Có- mento vêm falando sobre a importância la brasileira Vale a pela anglo-australiana
digo de Mineração, que está tramitando de investir em outros setores,como alta BHP Billlton.Aempresa foi acusada de ne-
no Congresso Nacional desde junho de tecnologia e indí1stria aeromobilísrica. gtlgêncla e omissão pelo Ministério Públi-
2013. O projeto de lei em discussão co- Como em outras regiões do país, o co, que abriu um inquérito para investigar
loca e m lados opostos os parlamentares de safio é crescer sustentavelme nte, ou emdeta\hesascausasdo acidente. órgãos
ambientalistas e os que de alguma forma seja, com ganhos econômicos efetivos, de fiscalização do governo também têm
d efende-mos interesses das mineradoras. preservando o meio ambiente e a se- sua parcela de responsabilldade, Jâ que
O texto inic ial do proje to, cujo re- gurança da população. O rompimento permitiram que a barragem fosse cons-
lator é o deputado Leonardo Quintão de Fundão e suas graves consequências truída sem um projeto final, além de não
(Pll1DB-MG), priorizava o âmbito eco- têm muito a e nsinar sobre o tema - terem acompanhado o funcionamento de
nômico da exploração mineral em detri- pena que às custas de vidas perdidas Fundão como deveriam.
mento de garantias ambientais básicas. e danos ambientais irre versíve is. IE
PUNIÇÕESASamarco foi multada em 250
.......................................... .............. .....................................................
...................................................... ...................................................
....................................................... milhões de reais pelo lbama. Aempresa
.......................................................................................................
....................................................... ainda secomprometeu a fazer um aporte
( SAIU NA IMPRENSA ......................................................
.......................................................................................................... ......................................................
....................................................
de 4,4 bilhões de reais nos próximos três
anos para reparar os danos provocados
MINERADORAS DOARAM partamentaresjâ indicados receberam RS pelo desastre.A mineradora também teve
R$ 6,6 MI A DEPUTADOS 3,39 milhões.( ...) de pagar indenizações às famílias afetadas
QUE DEBATEM ACIDENTE AVale, controladora da Samarco com a - o montanteflnalestá sendo negociado.
BHP, doou RS 4,2 milhões a deputados,
Empresas mineradoras doaram ao menos segundo o Estadão Dados. A reportagem LEGISLAÇÃO A legislação especifica do
RS 6,6 mithõesàscampanhasde deputados só contabilizou empresas que trabalham setor ainda não estâ totalmente regu-
federais que tratam diretamente do novo com mineração em seus grupos. (...) lamentada. O rompimento de Fundão
Código de Mineração e aos partamentares O líder de doações éJustamente o relator reacendeu o debate sobre o novo Código
da comissão externa da Câmara criada do texto que propõe novas regras para o de Mineração, que tramita no Congresso
para monitorar os efeitos do rompimento setor,deputado Leonardo Quintão (PMDB, desde 2013. Depois do desastre, 28 emen-
das barragens da Samarco no municiplo MG). Ele recebeu R$114milhão em doações das foram feitas no projeto para tornâ-lo
de Mariana, em Minas.(...) diretas e indiretas.( ...) mais adequado aos riscos da atividade.
Na rec»m-criada comissão especial para Ainda não há data para a votação.
discutir o Código de Mineração, 11 dos 20 O i.tado de S. Paulo, JS/JJ./2015 .........................................................
...............................................................................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 153


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DE OLHO NA HISTÓRIA

amanhãde28deabrildel986,

Radiação fatal N um funcionário da usina nu-


clear de Forsmark, na Suécia,
identificou um 1úvel anomW de radia-
ção em seus sapatos. Nesse momento,
Há 30 anos, um acidente na usina de Chernobyl, ele temeu pelo pior: será que algum
dos reatores estaria vazando material
na Ucrânia, provocou o pior desastre nuclear da radioativo? Para seu alívio, as inspeções
história e deixou milhares de vítimas constataram que não havia nenhun1
problema na usina de Forsmark.
Na verdade, as autoridades desco-
briran1 que a radiação ali encontrada
viajara 1.100 quilômetros até a Suécia.
Ela foi trazida pelos ventos da usina
nuclear deChernobyl, na Ucrânia, que
na época era uma rep\1blica da União
Soviética (URSS). Dois dias antes, em
26 de abril, um dos quatro reatores da

154 GE ATUALIOAOES l l•scmcstrt 201'


CONTAMINAÇAD já haviam ficado expostos durante 36 cerca de 100 mil as vítimas fatais do
Inspetores horas a altas doses de radiação. Ape· desastre em Chen1obyl.A diferença se
monitoram o nível nas quando os funcionários da usina deve à diJiculdade em precisar quantos
de radiação em ilrea de Forsmark, na Suécia, descobriram casos de óbitos por câncer - especial-
próxima à u.slna de que a radiação vinha de Chernobyl é mente de tireoide e leucemia - podem
Chemobyl, semanas que o governo soviético admitiu o fato ser creditados à exposição à radiação
ap6soaddente e intensificou a força-tarefa para lidar da usina de Chemobyl.
com a situação. Além disso, o impacto da contami-
Outros 116 mil moradores que vivian1 nação nuclear sobre a saúde mental da
........................
........... .. ........... nuin raio de 30 quilômetros da usina população foi muito alto. Registram-se
......... ...........
...........................
....' .....................
............
...... ................ também tiveran1 de ser retirados da casos de depressão, alcoolislllo e suicí-
........................
.......................................................
......................... ..............' .......... região. As operações de contenção do dios en111úmero elevado. Mas não é sô a
...................................
...... incêndio e confinamento do material exposição direta à radiação que afetou
.................
, , , ,, ..........
'
........................ ,, ,, ,, . , ,
radioativo envolveram cerca de 600 a população. Como o solo também foi
............ ..........
.................. .......
,. ,,...,,. . ................
..........................
............. ...............
,. . . . . . . . . . .
'
. . mil pessoas. A emissão de material afetado pelo material tóxico, durante
.........................
.····
......······· ..........······· ...... radioativo foi contida apenas duas se- anos as pessoas foram contaminadas
..........··· ....................···
........................ ..................
. ... ... .. .. .
..........................
manas depois. Entre maio e novembro pela ingestão de carne, leite e verduras
............................................... foi construído um enorme abrigo de produzidos na região.
concreto e a ço sobre o reator, que fi-
cou conhecido como "sarcófago". Ali Riscos persistentes
central de Chen1obyl havia explodido, dentro estão cerca de 200 toneladas de A contaminaç.ã o provocada pelo
lan?Ddo uma enorme quantidade de combustível nuclear que, ainda hoje, maior acidente nuclear da história ainda
material radioativo no ar. precisa ficar isolado, sob pena de pro- é sentida 30 anos de.pois. Estudos indi-
Sem saber exatamente as dimensões vocar danos incalculáveis. cain que levará pelo menos 20 mil anos
do acidente, as autoridades soviéticas Mesmo depois do acidente, a usina para que o entorno da usina de Cher--
tentaram acobertar o caso. Mas quando de Chemobyl continuou funcionando, nobyl possa ser habitado novamente.
a nuvem radioativa chegou à Suécia e até ser completamente desativada em A região de Pripyat, mais próxima da
a outros países da Escandinávia e da 2000. Nos \1ltimos anos, forrou identi- central nuclear, tomou-sewna espécie
Europa Central ficou difícil esconder ficadas rachaduras 110 "sarcófago" que de cidade fantasma, com prédios e in-
que algo muito grave havia aconteci- protege a usina 4, por onde ainda vaza fraestrutura abandonados. Ainda assim,
do em Chemobyl. Foi o pior desastre água radioativa. Para evitar que o ma- em 2011,o governo da Ucrânia decidiu
nuclear da história, atingindo o nível terial se espalhe, uma nova cobertura abrir a região de Chemobyl e de Pripyat
7 - a mais alta classificaç.ã o na escala começou a ser construída em 2011, com para turistas. As autoridades afirmam
internacional de acidentes nucleares. previsão de que fique pronta em 2017. que a radiação absorvida pelos visitantes
duranteopa.sseio não representa riscos,
O acidente As vítimas mas exigen1 que os turistas assinen1
A usina de Chernobyl foi inaugura· Há uma grande controvérsia em re- um termo de responsabilidade. O local
da em 1977 para suprir a demanda de lação ao número de vítimas. A explo- se tornou um dos principais destinos
energia elétrica na Ucrânia. No fatídico são no reator matou dois funcionários. turísticos da Ucrânia.
dia, os operadores da central reali- Em um período de três meses após o Como desastre em Chernobyi a ene!'-
zaratn wn teste para checar como o desastre, outras 29 pessoas que traba- gia nuclear passou a ser contestada no
reator funcionaria com baixo nível de lharaiu na operação morreram devido mundo todo, colocando em xeque os
energia. Devido a uma falha no pro- à exposiç.ão direta à radiação - nas argumentos de que sua produção é se-
jeto e a erros operacionais, o nível de primeiras horas depois do acidente gura. Muitos países na Europa, como
energia caiu demais, e o sistema de bombeiros e equipe de socorro tra- Alemanha, Itália e Reino Unido, redu-
resfriamento parou de funcionar. Com balhavam sem trajes adequados para ziram seus projetos de ampliação de
o superaquecÍlnento, o reator explodiu. lidar com a situação. usinas. Ainda assim, a energia nuclear é
A energia liberada arrebentou a laje O número de mortos em decorrência responsável pela geração de li% da ele-
superior do edificio e deixou o local do acidente em Chernobyl, contudo, é tricidade mundial - a França é campeã
em chamas. Uma nuven1 de matéria infinitamente maior. Como os proble- nesse que.sito, com 75% de sua eletrici-
altamente radioativa foi lanç ada na mas de saltde causados pela radiação dade gerada de centrais nucleares. 181
atmosfera e logo se espalhou. se manifestam a longo prazo, é difícil
Somente no dia segu inte, as autori- estabelecer o número exato de vítimas A\AA IR AI.tM O filme O Desastre de Chernobyf
dades da URSS decidiram comunicar fatais. Um relatório divulgado pelas (de Thomas Johnson,2006) é um documentârio
o acidente aos 50 mil habitantes da Nações Unidas em 2005 aponta para produzido pelo Oiscovery Channel que traz
cidade de Pripyat, situada a apenas 3 a 1norte de cerca de 4 mil pessoas. imagens da operação para conter o vazamento
quilômetros da central nuclear. Quando A organização ambientalista Greenpe- na usina e depoimentos de autoridades e
co111eç.aram a ser retirados da área, ace contesta esses dados e estima em funcionários que enfrentaram a tragêdia.

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 155


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DOENÇAS

mergênciadesaúdepúblicain-

E ternacional. Com essa declara-

ZIKA AVANÇA ECAUSA ção, a Organização Mundial da


Saúde (OMS) se pronunciou,em feverei-
ro de2016,a respeito do avanço dos casos
de microcefalia (rualfurmaçãocongênita

ALERTA GLOBAL em que o cérebro do feto não se desen-


volve de maneira adequada durante a
gestação) no Brasil e de outras doenças
neurológicas associadas ao zika vírus.
Segundo a OMS, o vírus se alastra
pelo mundo de forma explosiva. En-
O surto de zika, associado aos casos de tre 2015 e 2016, 40 países, a maioria
na América Latina, relataram casos
microcefalia, e a epidemia de dengue em 2015 autóctones, ou seja, pessoas que foram
mostram que as doenças infecciosas ainda são contaminadas na própria região onde
vivem. O Brasil é a nação mais afetada:
um grande problema de saúde pública no Brasil a estúnativa do Ministério da Sa\lde é

156 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


vmMAs oo AmES tu.ação, pois o desconhecimento ajuda Microcefalia
Casal leva filho a espalhar o pânico. Algumas nações, Segundo os cientistas, há chances de
com suspQita como Colômbia, El Salvador, Equador o vírus ter sofrido mutações recente-
de mlcrocefalla e Jamaica, sugeriram às mulheres que mente ou antes de chegar ao Brasil, pois
para tratamento evitem engravidar. A OMS recomendou até então não havia registros de casos
em hospital em às gestantes que não viajem aos países de malformação cerebral e111 bebês
Salvador (BA) onde o vírus circula. No Brasil, núlitares associada ao zika em outros países. Al-
da ?,farinha, do Exército e da Aeronáu- guns pesquisadores, no entanto, apon-
tica foram convocados para vistoriar tam que na África, onde ele surgiu, há
residências em todo o país para comba- um índice maior de abortos naturais e
ter focos de prolifera~o do mosquito. mortalidade infantil, e eventuais casos
Apesar de não haver comprovação de microcefalia poderian1 ter passado
científica definitiva de causa e efeito despercebidos. Mas os especialistas
entre o zika vírus e a microcefalia em tan1bém consideram a possiblidade
bebês, de acordo com a OMS "há forte de ter ocorrido a interação do vírus
possibilidade e a existência de uma li- com outros fatores, como o ambiente.
gação é clara". A informação confirmou De outubro de 2015 a20 de fevereiro
a mudança no perfil da doença, de leve de 2016, foran1 notiJicados 5.640 ca-
ameaça a algo de proporções alarmantes. sos de n1icrocefalia ou malformação
no sistema nervoso central em recém-
A origem do rika vírus -nascidos no Brasil, dos quais 583 foram
Detectado pela primeiro vezeru 1947, confirmados. En1 67 destes casos foi
na Floresta Zika, em Uganda, na Áfri- constatada a presença do vírus da zika
ca, o vírus até recentemente não havia no líquido anmiótico de gestantes cujos
se espalhado pelo mundo e não estava bebês tinham a complicaç.'lo. O número
relacionado a nenhuma doença grave. é muito grande em con1paração aos
No Brasii foi identificado pela primeira registros feitos até então. Entre 2001 e
vez em abril de 2015 e, a princípio, foi 2014, a incidência média de núcrocefalia
considerado um ''primo" mais brando era de 163 casos por ano. Alélll do Bra-
da dengue, com sintomas considerados sil, a Polinésia Francesa registrou nove
mais leves e de recuperação rápida - casos de malformaç-ão,muito provavel-
ambas as doenças são transmitidas pela mente ligados ao surto de 2013 e 2014.
picada do mosquito Aedes aegypti. Des-
de novembro do mesmo ano, no entanto, Síndrome da rika congênita
o zika vírus começou a ser associado Não se sabe ai nela qual éa taxa de trans-
ao surto de núcrocefalia que acomete, missão da zika de mãe para filho, pois
sobretudo, a Região Nordeste do país, nem todas as gestantes que tiverem a do-
especialmente o estado de Pen1.ambuco. ença vão gerar fetos com a malformação.
Antes de ser identificado no Brasil, Estudos mostram que o risco é maior se
o vírus já havia migrado da África e a mãe contrair o vinis nos três primeiros
que o zika já tenha infectado de 400 provocado um surto de zika nas ilhas 111eses de gravidez. Nos casos en1 que
núl a 1,3 núlhão de pessoas. da Micronésia, localizadas no Pacífico, ocorreu a microcefalia, o vírus alcança
O vín1s tan1bém assusta porque em em 2007, e na vizinha Polinésia Fran- o feto por meio da placenta e chega ao
80% dos casos ele é assintomático - a cesa, entre 2013 e 2014. Nas Alnéricas, sistema nervoso central, onde impede
pessoa não apresenta sintomas e, assim, o zika foi detectado apenas em 2014, o desenvolvimento normal do cérebro.
não sabe se o contraitL Além disso, há na Ilha de Páscoa, território chileno Já se fala, no entanto, en1 síndrome
fortes evidências de que o zika está re- no Oceano Pacífico. Várias hipóteses da zika congênita. Além da alteração no
lacionado a outra doença, a síndrome de foram levantadas para explicar como tamanho do cérebro, que pode causar
Guillain-Barré: manifestação neurológica ele teria atingido o Brasil As mais pro- diferentes níveis de deficiência men-
rara que causa fraqueza muscular e até váveis apontam como porta de entrada tal e até levar à morte, os fetos podem
paralisia parcial ou total dos membros. a visita do papa Francisco, em 2013, e apresentar outras complicações, como
A associação do zi.ka vírus à micro- uma competição esportiva denominada problemas oculares e auditivos e mal-
cefalia e à síndrome de Guillain-Barré Campeonato Mundial Canoa Polinésia, formaç-ão de membros (como as mãos e
é uma situação inédita e sem 1nuitos em 2014, eventos que contaram com ospés).Mesmoosfetosquenascemsem
registros na literatura médica. Cientistas a presença de grupos e de delegações a microcefalia, com o perímetro cefálico
e médicos de todo o mundo investigam vindos da Polinésia. Estudos mostra- normal (igual ou maior a 32 centímetros)
essa relação, mas ainda não há resposta ran1 que o vírus daqui é quase idêntico estão sujeitos a ter esses problen1as. Nes-
para todas as dúvidas. Isso agrava a si- ao do surto ocorrido no Pacífico. ses casos, a hipótese mais provável é a

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 157


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DOENÇAS

Aedesaegyptt um mosquito, v~rtas doenças


OA@desoeo,t/,qu, tnnsmlto oz*nfrus, • denl)IO • achlkungun,o, é orldn*lo da
As1.. d> Afrla. Omosquito mocho não pia seras humanos.Aflmea tom.., owtor
dos wfrus ao plur um lndlYJduo cont1rnlnado t passu adoença t outns pasSNS,

CHIIUNGUHYA ZIKA VIRI/S


Oe,,te,014 ovfros d> clli'"""'"'y, ,st~prw,1t, nop>f1 Ovfros circul• no p,t desd,.txil d'2015.
Além de r.bre .it~ o prindp,I si,tom, 1 um, dornvto Asgn~tk~ em Boi cbs ~ pode c.usNm.ncti.s
fortll n,s Jfticul;J(l/es oosp'5, ~ >lém d@dedo$ rermellw peklcorpo, ax@ir~ feb1' b>x~ dord,c,l!eç,
tOITIOlelos epulsos, Dávemo nomeda.doenp: ~p;,/illn e nas articul~ese verrnethid,O edor•tr.ú dos ol.OOs.
dltunguny~ n,Nngu,"1.rt,nosufeste d> r..ani.,
n0tt, deMoµm/Mju~ sigrilic• ",we/equ,sedoldd@ Podeowkuwambém:
Em 2015, o Brasil doc Pode ocorrer ard~dor dec,~doresnos e Mkrocefilli• ~os /pfDS d@multleres grfilrid>s/
mlsrofos emilldw v,mr,/h,s n, pele.Mas CPtGld@ e Slnitame de Gu111we.n1
registrou um recorde 301 dos wos n.b ~esentam siJtomlS.
OMirisUtio d> Salde@st/m, ,m iPO mil•
de mortes em fm11)1s/or,mn«iffcafos20,6 mil"'º'
decorrência da dengue:
(sendo7823cmmm.rfos/@m12est1tbsbt'11il@i"'1 -l.3 mi/Mo ,,.,..,,,m,.,s.
foram 863 óbitos

de que a mãe teria contraído a doent;a


depois do segundotnmestre dagravide2.
Especialistas alertam, no entanto,que
do total de casos de microoefu]ja notifica-
dos, uma parte pode não estar ligada ao
vírus zika, pois outras doenças, comoto- DIHGUl [WUJÇAO DOS CASOS O[l)(NQJ[
xoplasmose,n1béola, infecções causadas Osprimeiras rei.tos sobre~domµ no pa/sdâdlfl ct, Em número de casos, per ano
pelo citomegalovínis e até mesmo o uso sícuio XJX Pode sermirtomkir.a, lweou GUQr 1.619.011
abusivo de drogas também podem causar doenµgr~~ levlfldoJ tooff'e. Os sirtoms dbsims "" ufiu
S:o r.bre >Ir,. tbm musa,w,s •d@Gb'I~ dor,trM ""
a malfom10ção. E atestar a ligação do
dos oJhos~perda. de ~etitR eprostr•çJo. ,.. 1
zika com a microcefalia também é dificiL ..,.1
Isso porque os exames que identificam a UM lECORDE ACAOA AlfO Em 2<>JJ. o llrasif .,,.., )09) 1.muu
presença do vírus no sangue do paciente, • """" epid,mil d< dengue da hisrória 1tientlo.
por exemplo, só sãoefica,.esse realizados
.,( - 1&1.113!
Onúmerodtcasos c,iu no ano sezuint~mu
num curto espaço de ten1po - cinco a sete wimu •subirem 201s,,kanç111do"°"o rewde. "' l
"' '
dias após o início dos sintomas.

Síndrome de Guillain-Barré
Em 2016, esse triste ltit.o ttmle, se repetic. Aptn,s
emjantiro,,s notifrt"6ts supt11m em 461 as
rtgistr1d,s no mesmopetiododoano anterio, "' ..
, llll
"" ...
JM.lll7
ZOlS

rontt: #IIStldo d:a s.df


Além da microcefalia, o zika vírus
também tem sido associado à síndrome
de Gwllain-Barré. Trata-se de uma rea- Modos de transmissão Dengue
ção a agentes infecciosos, como vírus e Entre as fonnas de transmissão da Assim conto a zika, a dengue é uma
bactérias (e não sóao zika vírus) que tem zika, além da picada do mosquito Aedes infecção virai também transmitida pela
como sintomas a fraqueza muscular e a aegyptí e da via intrauterina (da mãe picada do mosquitoAedesaegyptí (e mais
paralisia dos músculos, principalmente para o feto por meio da placenta), um raramente do A. albopíctus).Circulam no
dos pernas e dos braços. Pode afetar, estudo da Fundação Oswaldo Cn1z, Brasil quatro tipos de vírus da de11gue -
ainda, os músculos respiratórios. Os vinculada ao ~Iinistério da Saúde, di- doDEN-l aoDEN-4. Aiufee<;ão por uma
casos mais graves podem levar à morte. vulgado em fevereiro de 2016, encon- delas não desenvolve no indivíduo inu1-
Brasil, El Salvador, Colômbia, Poli- trou a presença do vírus ativo (com nidade para as demais, e uma segunda
nésia Francesa, Suriname e Venezuela potencial para causar infecção) em contaminação pode provocar a dengue
relataram awnento nos registros dessa amostras de saliva e urina. No entanto, hemorrágic3, a versão mais grave da do-
sindromerecentement~ segundo a OMS. não foi comprovado o risco de contá- ença, com sangramentos gastrintestinais,
MartinicaePortoRicotambémnotifica- gio. Nos Estados Unidos, bá relatos de na pele, nas gengivas e pelo nariz.
ram casos relacionados ao zika. No Brasil, pessoas que contraíran1 a doença por No final dos anos 1940, a Organização
foram registrados 1.708 ocorrê ncias an meio de relação sexual com infectados. Pan-Amencana de Saúde (Opas) chegou
2015, 19% a mais do que no ano anterior. E em Campinas (SP), foi registrado um a considerar a doença erradicada no país,
Só na Balúa, 26 dos 42 casos relatados caso de paciente que ficou doente após mas ela retomou no final da década de
tinhan1 histórico de infecção por zi.ka. transfusão de sangue. 1960. O reaparecimento e a persistência

158 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


PREVENÇÃO
Funcfonárk> da
pref<itura lança
lnsetklda no Rec:Jfe
(PE) para Impedir
a disseminação do
Aedes aegyptl

das epidemias se devem, em parte, à alta A OMS classifica uma doença. como mundo todo, segundo a OMS. Todas
capacidade que qualquer vírus tem de epidemia quando há registros acima de elas enfrentan1 as etapas comuns ao
se modificar geneticamente, adaptando- 300 infectados a cada grupo de 100 iuil desenvolvimento de qualquer vacina,
se às condições do ambiente e criando habitantes num.a dete.rnúnada região. No que é um processo nom1altue11te muito
uma nova variedade, uma cepa. Brasil, essa taxa chegou a 813,1 casos por dificil, devido à rapidez com que esses
Além disso, em relação às doenças 100 mil habitantes. A situa~ão foi ainda núcrorganismosse modific,a m genetica-
transmitidas por vetores, como a de11gue pior em Goiás e em São Paulo, que su- mente. Também é um processo demo-
e a zika, também conta a dificuldade de peraram a taxa em mais de cinco vezes. rado, pois envolve testes com ru.úma.is e
combate ao próprio mosquito- a repro- O ano de 2016, infelizmente, não apre- humanos para verificar eficácia, 1úvel de
dução doAedes aegyptí acontece em água senta bo..1.s notícias na reversão da epide- imunização e segurança de cada vacina.
parada, e a quantidade em uma simples mia. Até o início de fevereiro já haviam Em fevereiro de 2016,o governo bra-
tampinha de garrafa jáé suficiente para sido registrados 170,1 mjl casoscontraos sileiro firmou acordo com os Estados
a !:uva se desenvolver. Segundo o Minis- 116,4 nú! verificados no mesmo período Unidos para o desenvolvimento de uma
tério da Saúde, dois terços dos criadou- do ano anterior. Porém, houve recuo no vacina a partir do sequenciamento do
ros doAede.s estão nas residências, fato número de casos graves e de mortes. genoma do vírus da zika, selecionando a
que levou militares e agentes de sal1de Além da dengue e da zik,,, o Aedes ae- parte responsável pelo desenvolvimento
a vistoriar, no itúcio de 2016, imóveis de gypti transmite outra doença infecciosa: de anticorpos. A pesquisa será feita em
todos o país para a eliminação dos possí- ovírusdochikungunya(CHIKV),que parceria entre a U1úversidade do Texas
veis focos (como água parada em caixas foi isolado pela primeira ve·z nos anos e o Instituto Evandro Chagas, do Pari.
d'água, lajes, tanques, pratos de vasos 1950, na Tanzãnja. Hoje se conhecem O prazo previsto para que o produto
de plantas, pneus etc). O crescimento quatro cepas do vírus, cada uma delas chegue ao mercado é de três anos.
desordenado das cidades e as condições batizada conforme sua região de origem Outra frente foi anunciada, também
insatisfatórias de sa.11ean1ento básico, ou maior ocorrência: Sudeste Africano, em fevereiro, pelo Ministério da Saúde e
como os esgotos a céu aberto e o lixo Oeste Africano, Centro-Africano ou Asi- o Instituto Butantan de São Paulo. A ideia
nas n1as, também tendem a aumentar os ático. A clúkungunya coineçou a fazer é usarmna vacina contra a dengue- que
criadouros, agravando a situação. vítimas no Brasil em 2014, quando foran1 está em fase final de testes -para dese11-
notificados 3,6 mil casos autóctones. Em volverum imunizante único, que evitaria
Maior epidemia da história 2015, esse número subiu para 20,6 mil os quatro tipos de dengue e a zika.
A dengue faz cada vez mais vítimas casos, atingindo 12 estados brasileiros. Uma vacina contra a dengue,a Den-
no mundo todo. A OMS estima que 50 gvaxia, produzida pelo laboratório
milhões de pessoas sejam infectadas a Vacinas francês Sanofi Pasteur, foi liberada para
cada ano. Em 2015, o Brasil registrou O alerta global da OMS em rela~âo ao comercialização no Brasil pela Agência
1,6 milhão de casos de dengue, a pior avan~o da zika impulsionou o desenvol- Nacional de Vigilância Sarutária (An-
epidemia da doença desde 1990, quando vimento de estudos e de pesquisas para visa) no final de dezembro de 2015. A
teve início a série histórica. Só o estado compreender melhoro~ aprimorar previsão é que ela esteja disponível na
de São Paulo concentrou quase a metade o diagnóstico e desenvolver tratamentos. rede privada até junho de 2016. O gover-
dos casos. O país teve recorde no n\m.1ero Em relação ao desenvolvimento de no ainda avalia se ela será incorporada
de mortes em decorrência da doença. vacinas, há ao menos 15 iniciativas no ao sistema público.

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 159


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE DOENÇAS

PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE NO MUNDO


Particlpaçao por tipo de causa, em 2015
DlllNÇAS NÃO IRAHSIIISSIVIIS DOENÇAS IRANSMISSIVEIS
cauma:temas cardlolascularts ooen(aS
(IDITlOaddent,~ ~OlllOlnfanxl eAVQ diarreicas
ctncer

J
ll,l!I.
Outra
OOQfl(aS
tnnsmlssfrels 11,1'1, 9,]'11

outns-- OlgestlYas - - ' L Rtsplratórlas TUbertulose _j HIV/Aids

ÓIITOS VAIUADOS Mlis dt dois lt/!Wd/ISmortts nomundo sio <1usados fJ</1 do,nfM não t1111111Jissmn - problemn c,n/iwaswl,m a>moinf- e,ádentt vaswl,r
c,,ebr1/'41'4 princip,lm,~. As dot/1/fl t,a,...is,í,.à comtítuem • segundl m,ior """' de mort~ s,guid., pet,, ,...,, txltrnM (como os acidt~s de trânsit»J

parte, por populações pobres. Daí serem Aídseebola


As doenças infecciosas doenças negligenciadas - recebem pou- Já a síndrome da imunodeficiência
ca atenção e baixos investimentos não adquirida, a aids, causada pelo vírus
afetam as populações só dos governos, mas dos laboratórios HIY, ainda não tem cura e atingiu 36,9
mais pobres e são farmacêuticos, que avaliam que o con- milhões de pessoas em 2014 - mais de
sumodo medicamento desenvolvido não 68% delas no continente africano. Mas o
negligenciadas por compensaria o valor investido nas pes- número de novos infectados e de óbitos
governos e empresas quisas. São consideradas negligenciadas, vem caindo e, paralelamente, aumenta
entre outras, a malária, a leishmaniose, a qualidade de vida dos soropositivos
a febre an,arela e a doença de Chagas. (portadores do vín,s), graças à distri-
Doenças transmissíveis As infecções das vias respiratórias in- buição dos remédios antirretrovirais
A zika, a chikungunya e a dengue são feriores (como a pnewnonia), as doenças (que impedem a multiplicação do vírus
exemplos de doenças infecciosas - aque- diarreicas e a aids são as três doenças HIV no organismo, evitando o enfra-
las transmitidas por microrganismos, transnússíveis que maiscausan.1 mortes quecimento do sistema Ununológico).
como vírus, bactérias, fungos ou para- no mundo, principahnente na África As O Brasil é referência mundial no con-
sitas. Essas doenças podem ser conta- duas prin1eiras acometem sobretudo trole da aids, ao ser pioneiro na combi-
giosas - passadas de u1n ser hun1a110 crianças em locais onde há desnutrição e nação de medicamentos (coquetel) e por
para outro, como a gripe, a tuberculose falta de cuidados adequados e de higiene. oferecer tratamento universal e gratuito.
e a aids - ou transmitidas por vetores, Atualmente, a epidemia é considerada
como o mosquitoAedes aegypti.Segtmdo estabilizada no país, con1 taxa de de-
a OMS, as doenças transmissíveis forrun AS [l(! OOIMÇAS QUE MA~ 1/JATAM NOIAUNOO (lOl!) tec~o en1 tomo de 20,6 casos a cada
responsáveis por 16,9% do total das 57,3 Número de mortes (em mllh!les) e taxa por100 mil 100 mil habitantes, mas o Ministério da
milhões de mortes no planeta em 2015. habitantes Satldealerta sobre o aumento do número
Historicamente, as doenças infeccio- Doe nsa isquhnia do (J)f~O 7 lOS de casos entre os jovens de 15 a 24 anos.
sas forru.n as grandes ameaças à sa\1de Acidenterucularctrer.ral(AVCJ :V U Outra doença i1úecciosa que preocu-
humana. Mas perderan1 força desde a Ooen(a pulmonar obsttutin , , fi4 pou o mundo recentemente foi o ebola.
u6nia(e.r; bronquite) ;41)&
segtmda metade do século XX, g,-a~ lnfecsats do tratomp!rat6~io ;J.J 4&
Em 2014, o mundo viveu a pior epidemia
ao maior acesso das pessoas a fom1as 1nfenor :=:.:-" da infec~o causada pelo vírus ebola,
de prevenção, ao desenvolvin1ento de Doenças diarreicas 2S desde que ele foi descoberto, hã 40 anos.
antibióticos e de vacinas e das melhorias HIV/Aids O ebola provoca uma febre hemorrágica
nos serviços médicos e de saneamento. Qnurdepulm.lo, t~ueiae extremamente severa, que leva à morte
r.,an•uios
No Brasil,as doen~infecciosas respon- em até 90% dos casos. A doença, que
dem por menos de 5% do total de óbitos. Diabetes atingiu principalmente Serra Leoa, Gui-
As doenças infecciosas são muito co- TraumatismOS- né e Libéria, contaminou cerca de 28 mil
muns em regiões tropicais e equatoriais, Hipertensão pessoas e causou a morte de mais de 11
nas quais o clima únlido e quente favore- AS MAIS uatsApe,w trfsdJSdez doenr.u ~e nuls
mi~gerandopâniconaspopulações.Em
ce a proliferação de vetores. Essas zonas nutn ao ,uundo s.lO tnrum.tutveu -.u lnl«{'Oes tm janeiro de 2016, a OMS anunciou o fim
do globo são ocupadas, em sua maior '/las ruplrJt6rlJSlnlMore4 .u doenp.s dw/WcJSe~ lltb. da epidemia de ebola na África.
f01te;(JIU

160 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ....................................
. ..............................................................................................................
.
A GLOBALIZAÇÃO DAS DOENÇAS Doenças

Aõltlma voz quo a OMS havia docrotado omorgênda global foi om 2014, quando ZIKA VfRUS A Organização Mundial da
o surto do obola atingiu a Afrlca. O mesmo ocorreu com a gripo HlNl, om 2009, Saúde (OMS) decretou, em fwE!relro de
consldorada um risco para a saõdo põbllca mundial dovldo à grande propagaçio 2016, situação de emergência interna-
Internacional. E agora, om 201G, foi a vaz do zlka vfrus. cional devido ao rápido avanço do zlka
Oaumonto das loco moções lnba!rcontlnentals, favorocldo pela globallz:ação, contribui no continE!nte americano e da relação
para quo as doonças lnfecdosas espath~w cada VQZ mais rapkf amontopolo mundo. com o aumento dos casos de microcefalia
Em 2015, mais dol,5 bilhões do pessoas viajaram doavtão, multas dotas trazendo em (malformação congênfta Eim que o ~rebro
seu corpo doenças lnfocclosas. Dessa fonna, os vfrus podem dar avotta ao mundo em do fE!to não se desenvolve de maneira
quostãodo horas ose dlssemlnarcomuma voloddado lffl)roulonante som s«Qffl lnklal- adequada) no Brasil.
monte dotoctados. Em alguns casos, a sfmplos vi agQm do uma possoalnfoctada a outro
pais 6 suftdonto para fnklarum ciclo quo podo dar orlgom a uma pandemia mundial MICROCEFALlAAlnda não há comprovação
Os grandos navfos,quo abasWU!m o lntonsocom6rclo lntomaclonal, também &ovam científica definitiva de causa e E!feitoentre
mkrorpnlsmospatoefnkos (tnnsmlssoNs CM dotnças) no casco, nos t.anquesdo licua o zfka vírus e a microcefalia em fetos de
do lastro, na própria carga transportada ou tripulação. Por tudo Isso, as autoridades mulheres grávidas. Mas a OMS Já confir-
m6dlcas consldoram lnwtuvol o surgJmonto de novas pandomlas. mou a existência de uma forte ligação
entre eles.. Os bebês que têm a doença
nascem com perímetro cefálico igual ou
Doenças não transmissíveis rismo. Elas avançam mais rapidamente menor a 32centímetros e podem ter outras
Enquanto as doenças transnússíveis e m países ricos, onde há maior fartura compUcações - a chamada síndrome da
respondem hoje por menos de um quarto de alin1entos industrializados e onde as zlka congênita- como problE!mascognltl-
das causas de morte no mundo, as do- tecnologias levam as pessoas a se 01ovi- V05, motores, neurológlcoserespiratórios.
enças não transmissíveis - congêrútas, mentarem menos. Nessas naçõ~ 87%
adquiridas por hábito e estilo de vida, das mortes têm como causa alguma DENGUE Assim como a zika, a dE!ngue
herança genética ou pelo envelhecimen- doenya não transmissível. Estin1a-se tamb-ém é transmitida pela picada do
to - são responsáveis por mais de 68% que até 2030 essa proporção chegue mosqultoAodesoegyptt. Em 2015, o Brasil
do total de óbitos. Duas delas, a doença a quase 90%. Mas a te ndência é de registrou 1,6 milhão de casos da doença,
isquêmica do coração (mfarto) e o aci- crescimento tarnbém em países pobres. a pior epidemia desde o início da série
dente vascular cerebral (AVC), lideram Mesmo 11.a África Subsaariana, a região histórica, há 25 anos.. Adengue chegou ao
a causa de morte en1 todas as regiões do mais pobre do mundo, a proporção país no ftnaldosêculoXIX e foi considerada
mundo, exceto na África. do número de mortes por esse tipo erradicada no final dos anos 1940. Um
Vários fatores explicam a maior inci- de doenç.as deve subir, enquanto os dos motivos para o rE!torno da epidemia
dência dessas doenças, como o aumen- falecimentos causados por doenças é a alta capacidade que o vírus tem de se
to da população idosa, a urbanização transmissíveis devem cair. No Brasil, modificar genE!tlcamente.
e o crescimento da obesidade, devido as dez doenças que mais matarn são
a dietas desequilibradas e ao sedenta- todas não transmissíve is. IE DOENÇAS TRANSMISS!VEIS Podem ser
contagiosas (passadasde um ser humano
........................................................................................................ ........................................................
...................................................
........................................................................................................
...................................................
para outro, como é o caso da aids e da
. .....................................................
. . tuberculose) ou transmitidas por vetores,
.......................................................................................................... .......................................................
....................................................
....................................................
( SAIU NA IMPRENSA
como o mosquito Aedes aegypti. Foram
as responsáveis por cerca de 17% das
MICROCEFALIA REABRE crocE!falia, que vêm sendo associadas ao mortes no planeta, em 2015, sobretudo
DISCUSSÃO SOBRE ABORTO zika vírus.( ...) em paísespobres,quetêmmenoracesso
NO BRASIL (...) Ogrupo que prepara a ação argumE!n- a medicamE!ntos, sistemas de saúde e
ta que a mulher não deve ser punida por formas de prevenção.
O aumento nos casos de mic.nxefaha no uma falha das autoridades em controlar
Brasil reabriu o debate sobre aborto no país.. o mosquito transmissor da doença,Aedes DOENÇAS NÃO TRANSMJSSIVEIS São
Atualmente, no Brasi~ só é permitido inter- aegypti, o mesmo da dengue. aquE!las congênitas, adquiridas por há-
romper uma gravidez em caso de risco àvida Além disso, o grupo argumenta que a ile- bito e estilo de vida, herança geoQtica
da mãe,quandoa concepção foi resultado de galidade do aborto ea falta depolítlcasde ou pelo envelhecimento. Constituem a
um estupro ou quando o feto ê anencffl!o. erradicação do Aedos ferem a Constituição causadequase 70%das mortes no mundo,
Em entrevista(...), a ativista Oebora Oiniz FedE!ral em dois pontos: direito à saúde e com destaque para o lnfartoe o acidente
disse estar preparando uma ação para pedir direito à seguridade social.( ...) vascular cerebral (AVC). Essa proporção é
que o Supremo Tribunal Fed,nal autorize mais alta nos países desenvolvidos.
o aborto em gestações de bebês com mi- BBC Brasil, 31/1/2016 .........................................................
....... ..... ..... ..................... ..... ..... .......
........................................................................................................

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 161


li CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE MARTE

NASA ENCONTRA épocas mais frias. O que os cientistas


descobriran1 agora é que as ranhuras
estão associadas à existência de água
em estado líquido que corre por esses

ÁGUA NO PLANETA sulcos durante o verão marciano.


O mistério foi solucionado a partir
da identificafão de sais hidratados nas
ranhuras. E são essas substâncias que

VERMELHO permitem à água permanecer em estado


líquido. Esses sais dissolvidos na água
evitrun que ela evapore devido à bai-
xa pressão attnosférica ou congele em
decorrência das baixas temperaturas.
O próximo passo é descobrir de onde
Aconfirmação da existência de água salgada ven1 a água. As principais hipóteses
em estado líquido em Marte alimenta a apontam para a existência de aquíferos
subterrâneos ou que a água seja formada
possibilidade de haver alguma vida no planeta a partir da condensação dovapord'água
que se encontra na atmosfera de Marte.
'
Agua salgada e líquida Vida em Marte?
U
m grupo de cientistas da Agên-
cia Espacial Norte-Americana, O estudo que confirmou a existência Os cientistas da Nasa já tratam a des-
a Nasa, fez um anúncio históri- de água em Marte foi conduzido por coberta de água em Marte como un1
co en1 setembro de 2015: existem provas pesquisadores do Instituto de Tecnolo- indício concreto de que possa haver
de que haja água líquida e corrente em gia da Geórgia, em Atlanta, a partir da vida no planeta - e finalmente poder
Marte. A descoberta sem precedentes análise das imagens feitas pelo satélite responder ao dilema que atormenta
provocou grande empolgação na co- Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), os astrônomos e demais aficionados
munidade científica e em entusiastas da Nasa. A sonda foi enviada ao planeta pelo tenia: afinal, estamos ou não so-
da astronomia em geral. Afinal ela ace- em 2005 e é dotada de uma câmera e zinhos no Universo? A expectativa dos
na para uma gama de possibilidades. de um espectrômetro que identificam cientistas é que haja - ou pelo menos
A principal é que o fato de haver água materiais pela luz que emitem. tenha existido - bactérias e micróbios
em Marte pode ser um indício de que Desde 2011, os cientistas haviam no planeta vermelho.
exista, ou tenha existido, algum tipo de identificado pelas imagens do MRO A investigação dessa possibilidade é o
vida no planeta vermelho. Além disso, misteriosas ranhuras escuras na super- próximo desafio da Nasa. Além de tentar
torna 1nais viável missões tripuladas. ficie do planeta. Esses sulcos apareciam entender com mais detalhes as etapas
A descoberta da Nasa agora aumenta a em bordas de crateras e encostas de do ciclo hidrológico do planeta - no
expectativa dos pesquisadores quanto ao algumas montanhas durante as esta- passado e no presente - , os cientistas
resultado das novas missões para Marte. ções mais quentes e desapareciam nas agora querem colher e analisar melhor

162 GEATUALIOADU j l•suncrtro: 201G


RESUMO
......................................................
........................................................' ...............
. ..........................................................................
........ ............................
'
.....................
Corrida espacial
Marte ocupa um lugar especial na as- Marte
tronom.ia, por ser o planeta vizinho mais
viável para as pesquisas espaciais: está ÁGUA EM MARTIA~ncia Espacial Norte.
a uma distância do Sol que permitiria Americana (Nasa) anunciou 1:1m setembro
haver vida e pode receber uma nússão d1:12015 a confirmação de qu1:11:1>dste água
tripulada. Vênus e Mercúrio estão muito 1:1m 1:1stado líquido 1:1m Mart1:1, associada a
próximos do Sol e com temperaturas que multo saLA1:1vldêncla surgiu no exam1:1d1:1
não permitem formas de vida como as fotos f1:1ltas pelo sat,füt1:1 norte-am1:1rfcano
da Terra,ou un1a visita.humana. MRO. As lmag1:1ns mostram ranhuras na
MISSAO: MARTE A prin1eiras missões para Marte co- superfíd1:1 do planeta qu1:11:1stão associa-
O robô Curlos1ty, meçaram na década de 1960 enviadas das a pequ1:1nas correntes d1:1 água qu1:1
em expedlç!o pela Nasa. Nos anos 1970, as missões p1:1rcorr1:1m1:1sses sul005 noverãomarclano.
no planeta, Vikings conseguiram os primeiros pou-
registra lmag@ns sos de sucesso na superficie. A partir de BUSCA PELA VIDA Cientistas procuram por
para análise dos 2004, os "jipes• Opportuníty e Curiosity água fora da T1:1rra para sab1:1r se há vida
cientistas d.a Nasa passaram a registrar imagens de alta de- 1:1m outros planetas. A água é elemêllto
' .
finicão dasupertlcie. Além da Nasa e da
ESA,a India tan.1bém começa a explorar
essencial à vida comoaconhec:1:1mos,1:1 sua
pr1:1sença, mesmo assoc.lada a multo sa~
Marte a partir de um satélite lan.,.doem Indica que pode haver algum tipo devida
as amostras do solo marciano para tentar 2014 com colaboração do Brasil. microbiológica 1:1m Marte. O planeta é o
identificar algum sinal de vida. No en- Um aspecto importante das pesquisas maisvfâvel para pesqulsasespacials1:1 está
tant<>t a Nasa não tem nenhuma missão e progran1as espaciais é que eles dão a uma distância do Sol que permite a vida.
com esse propósito planejada no mo- aos países autonomia na construção e
mento. Além disso, a Agência Espacial lan'r"mento de foguetes (inclusive para CORRIDA ESPACIAL As pesquisas espa.
suspendeu uma missão prevista para uso militar) eenviodesatélitespróprios, dais não serv1:1m apenas para saber se
março de 2016 por problemas técnicos fundamentais para telecomu1úcações, estamos sozinhos no Universo, mas para
- o lanfrunento do próximo módulo de segurança núlitar, monitoramento am- des1:1nvolvertec.nologia para a produção
aterrissagem para exploração do planeta biental e do clima, entre outras aplica- e o lançamento de foguetes e satélites.
deve ocorrer ape nas e m 2018. ções. O Brasil possui um programa de Eles são fundamentalsem telecomunica-
construção e lançan1ento de satélites ções, segurança miUtar, monltoram1:1nto
Coleta de amostras em parceria com a China e participa da ambiental e do dlma,entreoutras neces-
Mas a Nasa não é a única agência constru~o e manutenção da Estação sidades. O Brasil mantQm um programa
espacial que desenvolve projetos de Espacial h1temacional (ISS). IEI de construção de foguetes com a China,
exploração em i •I arte. A Agência Espa- e participa da construção e manutenção
cial Europeia (ESA), em parceria com a PARA IR ALEM O filme Perd;c/o em Morte (Ridley da Estação Espacial Internacional (ISS).
agência russa Roscosmos, de ve lançar Scott, 2015) mostra a tentativa de um astronauta .....................................................
.....................
................ ......................................
sua primeira missão científica ao pla- de sobreviwr no planeta apÓs ser abandonado. ...................................
'
......................................... ............
.................................................. '
'

neta em 2016 - até o fechamento desta


edi~o ela estava prevista para março. .... '' ......... .... ............... .... .... ....
.. ...................................................
' ' '' ' '
....'
......................................................
....................................................
······
. . .....·······
..... . ····· ········ ···•.....
··········
..... ··· ·· ......
·········
Oobjetivodoprojet~ batizado de Exo- : SAIU NA IMPRENSA
..........
.. ...... ...... ..................
...........
..............
...............
...... ..................
........ '
.....
.. .. ......
.....
.....
' ...............
.... .....'
. .. ..
.....................................................
....
.......................................................
..... ......
.......... .....
...... .....
................................................... . ......
'
.....
........ . '

Mars, é colocar na superficie de Marte


um pequeno robô que será responsável
por coletar amostras de terra do planeta NASA REVELA DETALHES DA território marciano, como radlaçôes,efeitos
para verificar a possibilidade de haver COLONIZAÇÃO DE MARTE da microgravidade e contaminações fatais
vida por lã. Equipado com rodas, câme- aos homens. Enquanto as primeiras datas
ras e uma broca de escavaçOOt o robô Da mesma forma que levou os homens à divulgadas pela agência previam 2030 como
irá extrair amostras a 2 metros abaixo lua, a Nasa pretende nos levar a Marte. No o ano provável para a chegada do homem a
da superfície, uma profundidade ainda entanto,ao oontrârioda missãoApolto, "hós Marte; o novo documento revisa oca lendário
não explorada em nússões anteriores. 1remos para fica~ afirmou a agâiclaespaclai para as "próximas décadas". (.-)
Além de tentar descobrir sinais de americ.anaem um documento de 36págfnas Oplanodlvld~seem três Etapas, a primeira
vida em Marte, uma outra possibilidade quedetathaospróximospassosdaJomada das quais já está em andamento com expe.
aberta a partir da descoberta de água para Marte, missão de colonização do pia ncrta. rimentos sobre a saúde eo comportamento
pela Nasa é o envio de astronautas et Diwlgado na última s1:1mana, o r1:1lató- humanos e sistemas para roltivar romlda e
que m sabe, até uma futura colonização. rio da Nasa rev-1:1la os muitos desafios qu1:1 recidar água a bordo da Estação Espacial
Ainda que seja uma perspectiva de ainda pr1:1dsam ser superados antes que Internacional (ISS). (._)
longo prazo, já há planos da Nasa nesse os humanos possam fincar a bandeira em Veja, n/J0/20J5
sentido (veja boxe ao lado).

GU ,TUAUDADU l l•sct11cstrt 201' 163


..
..
..
..
..
.. .......................................
SIMULADO
.................................. ..............................................................................
............................................................................
....................................' ..................................................................... ...............................................................................
............................................................................
.
. .
.............. ............................................... ....... ............................................................................
..................... ....................... ..... ..... .... .. ..... ..... ... .. ....
..... ..............................................................................
.. .. . . ..... .....
......................................
................................... ..... .... . .... . . . . ..... ...... .... ........... .............. . .... . ......... ...... ....
............................................................................. ...... .......
.....
........... .......................................................... ............................................................................
................ ..............................................................................
............................................................................
........ ..... .... ..... .. ........ .......... ..... ........... ...... ......... ..... ....... .. ........ .... .

QUESTÕES SELECIONADAS ENTRE OS MAIORES VESTIBULARES 00 PAIS COM RESPOSTAS COMENTADAS

All longo da história, os Jogos Oll"'lcos serilrn a,n oUMrto para clvenas
1. OUMPIAOAS (Uelj 2014) manttestaç61~ Individuais ou cclellm, de runho poUUoo. Esta l11agem
retrata os velodstts aflo,anerkanos Ton1111 S11lth e Joh tarlos, 111 un
mo111nto ernbl111Wco da hhtdrla das oi111pladas 11oderaas, ooonldo nos
JogosOllnplcos da Cidadedo lol!xlco, en 1'68.
Oe uordo <011 oa,1ttx10 hlstdrtco da l11ag111 apreseatada, t <0rreto allrn ar
que os atletas:
a) participaram de uma grande manlfestaç!o oontra a polltlca racial do apar·
theld, naAfrtca do Sul.
b) prestaram homenagem aos onze desportistas Israelenses assassinados por
terroristas palestinos.
C) fizeram asaudaç3o dos Panteras Negras,grupoque lutava pelosdlreltosclvls
dos negrosesta!lunldenses.
"""'--
WWW.eh argesdoedrablogspot.com.br d) protestaram contra apolltka nazlstadeAdolf Hitler, que~lstlu~competlç!o
em uma das tribunas do estádio.
AZona Portullla do Rio de Janeiro ven recebendo iool lDs l1ves1!11en IDs pll · e) participaram do maior bokote da hlstórta dos Jogos Olímpicos, liderados
bUcos e prlrulos<011 o objetivo de prm ovw .iarenovação ffskae fundonal pelos Estados Unidos, contra aUnl~Sovlétlca.
C.01~deraado ad!uge. anovadlnanlca espada! pode t!r asegalnte <0nst·
qu!n dasobre opro cesso de urban~ailo 1esu "lf iodan etrdpole cartoc a:
a) mudança do perfl I social 3, ORIENTE MElllO AAtesp 2016)
b) degradaç3o do setor oomertlal Há grande diversidade ent,e aqueles que p,ocu,am insplraç3o em sua fé oo
1) aumenlD da atividade lndurtrtal ls/3. Amona,q,,id vaabit.l daATábiaSaud~a eas /fderes ,etigiosasxiit.s do 112
d) red uç~ da acess lb llldade viária t!m profundas disco,dandas pclltlcas edlve,gem lguabnente em quest/Jes
soc/oe(on0mkas. Em te,masmaisamplos, ocoTTenos movimentasis/amiUsum
debate sob,e se ameta cocreta é mesmo chega, ao pode, estatat assim como
sobre ademoc,ad~a diveTS/dade sociat opapel das mulheres eda eduaç3oe
sobTea maneira deintequeta,oOJrl.a E,embocaa maioTladas/s/amit3s aceite
arealdJdeda existência dosatua/sEstadas esuas r,onteira~ uma minoria mais
,adieaiprocu,a destTUITtodo o sistema eestabe/ecen,m caf/fadoque aba,que
a,egiJointeifa [do Oriente Ml!dlo).
Dan Smith. OAdas doOrienteMe!wlio, 2008.

OaJllltlenlO prlndpal dotellto pode ser 1115113'0por llelo da<Xlllflil'asâO entre


a)o respeito a todas as orlentaçnes sexuais nos palses que vivem sob regime
Is 1am1 co ea per1egu lç~ ahomossexuais no Paqui lt3o e na índia.
b) o apolo un3nlme dos grupos lslamlcos ao atentado ao World Trade Center,
em Nova Iorque, ea lnvas!o militar norte-amertcana no Iraque.
<) asltuaç!o eos direitos das mulheres nospafses do <kldentee nas aTeas em
que prevalecem regimes polítloos lsl3mlcos.
d) a lnvasao norte-amertcana no Afeganlst3o eo apolo soviético ao regime
liderado pelo Tallb! naquele país.
e)os lsl3mlcosque protestaram oontrao atentado à redaç3o do Jornal Charlle
<httpJ/tinyrul.com/pa6xp2b Acesso em:1~u.1015. 1/ebdo, em Parl1, eaaç~ militar do Estado lsl!mlco.
4, ORIENIE MEDIO(Unka11p 2016) ladique aallnnasão comta arespeito dos grandes nuxos 11lgratclrlos atuais
Desde aqueda do império comunista na Europa,nos anos1989-1991,assfste-se no contexto da gtoN!lzação.
a uma nova forma de messianismo poUtlco que consiste em Impor o regime
democtático eos direitos ruma nospela fo,ra. a) EnYOlvem Imigrantes da América latlna,do nor1l! da Afrlcae do Oriente Médio,
Adaptado de Tnetan ToooroY, Os lnimigos/ntimos da Oemocrilt:ia São Paulo: atraídos pela lndustrlallraç!o fordlsta da Europa edos Estados Unidos, que
Companhi • das Letras, 2011, ~ li. gera trabalho nas fábricas e na construç!o civil.
b) Direcionam-se para os pafses rkos ou emcresclmentoeconõmlcoe envolvem
Oqumdeurltopelo texto pode ser analisado aquelas áreas de expulsa., cujas populações de origem sempre tiveram
a) como herança das lutasantlcolonlals exempllficadanaorganlzaç:io em torno culturalmente vocaçlo para a reallzaçlo de grandes deslocamentos.
do Estado multlétnlco, comoocomw na Afrkado Sul. e) Resultam das dlfe renças entre asltuaç3o eco nOmlca dos paises pobres ericos
b) como pane da nova ordem mundial sob a liderança dos EUA e seu poder ese dlre:lonam para os lugares em que as populações falam amesma língua
bélico em regiões como aSíria eoAfeganlst:lo. ou possuem proximidades culturais.
1) como oestabeleclmentode um princípio que desestablllraas lógicas Internas d) Assumem dlstlntasdlreções, sendo que uma das rotas dos Imigrantes para a
de organlraç!o,como ocorreu no Iraque e na ex-Iugoslávia. Europa Inicia-se em paises do Oriente Médio eda costa oriental do nor1l! da
d) como herançada Guerra Fria ecomo ullltaç!oda lógica mllltar que lnvlablllza Afrlca, Indo até aGrécia, com lfavessla pelo marMedlten1neo.
aadoç:io da democracia em regiões como a Ucranla.

7, REFUGIAD0S IFGVEcono111a2016l
5, ORIENIE MElllO (Unesp 2Gl6) R0TÃ$ OI! ,uGA
Detendo allberda!/e de expre553o lnestrita, mesmo depois desse ttáglco el/eilto - ~- -flcla~ ··-···- Arit.~ ·-- Ea~--H
em que os cartunistas do foma/ satlrico Charlle Hebdo foram morto~ além de -~ 40~ '°~ ,oc~

oulfas pessoas em um mercado kosher, em Paris.(...]Sou Intransigente no que


diz raspeito~ lberdade deexprass3odecada um:esou aindamaisintransigente
quandomatlm emnomedeAl~deMaomtdeCrls!D, de comunismo, de nazismo,
!/e fascismo etc. CJrlcaturarnuncallcrlme. CJnetaeUplsn3o matlm.Exageram,
humilllam, fallimf/1, mas ni:o matam.
Gerald Thomas. ' Quem ri por último ri melhor'. Folha de S.Palio, l].012015.

OarpmeatodefendldonotextoesU b-.10 na
a) valorlzaç!o do carater absoluto de todotipo de simbologia teológica ereligiosa.
b)prlmazlade prlnclplosorlginalmente burgueses eliberais no campo da cultura.
1) utopia comunista da Igualdade econõmlcaeda liberdade deexpressao.
d)depretlaç!o do livmarbltrlo, em favor de uma concepç:io totalitária de mundo.
e) defesa Intransigente de res trlções paraoexeKlclo daautonomia de pensamento

6, REFUGIADOS (UnkaJr4> 2Gl6)


OEstado de S.Paulo, lJ abr. 2015

Um dos 11alss!rlos prdlie11a.s com o qual aEuropa se defronta hoje e11 dia !
aquestãomlgratólla. Não que Isso seja acmdak ao longo de todo o séOJlo
XX. aEaropa se11pre se viu ~vdta.scomgruposqae sala do co1t11ente, ou
para tlest dl~gla11. Pwém, atualmeatt, amigrai.lo se tomou urna questão
tnu11ttka. O11ap.t, lnUtdado "Rotas de Faga", mostra os Canl~hosqae os
migrantes adotall.

Apartir desse 11apa, ! corretnaflr11u que


a) os Imigrantes vêm exx:luslvamente da Afrka
b) apenas aAfrlca Saarlana éresponsável pelocontlngentede Imigrantes que
a Europa recebe.
e) oOriente Mldlo, aAfrlca Saarlana eaAfrlca Subsaarlana colaboram para o
fluxo Imigratório.
http://internationatestadao.eom.br/noticias/geral;lmigrantesauzam·a·macedo· d) os emigrantes negros evitam atravessar o Deserto do Saara para chegar a
nia·para·chegar-ao,norte-daeuropa, 1749226. EuropaMedlten1nea
Imigrantes 011Zan1 aMuedllnla p.n dtegar ao Norte da hropa. e) o"Chifre da Afrlca' fica fora da oferta de Imigrantes para a Europa.

GU TUALI.DAOU l l•nt'flcstrt 201' 165


.......................................................
.......................................................
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

8. UHIAOEUROPEIA (Unttor201') econOmlc~ pela desigualdade IOClal, por disputas políticas acirradas, por
Os palses ela União Europeia (UE) lora11 surpmnlldos nos OIUmos rteset tensõescolonlalse nacionalistas,casos do Pais Basco eda catalunha,condlções
por 11n enor11e ftlxode lrtlgrantes, os "'afsbuu11 reltglo 1esses palses, que geram aexplosao da Guerra Civil, em 1936.
fugindo de guerras e ela til ta de ptrspe<tlru econõmlcase11 seus palses de <) a Espanha tem a marta da fragilidade lntern~ com agrave crtse econômica
011gem. Tal ftlxn de retugJwos f o 11afor e1qJtrl11entado pelo oontlnente dos Inícios do século XX, que empobrece os grandes proprtetárlos nobres e
desde aG1em dos B1lc1s, nadéc.lda de 90. burgueses, representados na Re pú bl lca eque, contrai! ltorlame nte, sol uclonam
aquestao Inte ma das nac lonal ldad es e, extern~ das colõnl as, com acordos
Soore tal assu1to, asslnale aalternativa CORRETA. em nome da liberdade.
a)A maioria dos reluglados faz aviagem para a Europa por via aérea, lotando d) otratamento oferecido pela Monarqul~ pelo E~rclto e pela Igreja é oau·
os salões de desembarque dos principais aeroportos desse continente. torltartsmoe avlolêncl~ afundando a Espanha em grave crise econõmlca,
b) Omaior númeroderefugladosé originário da Palestina edo lraque,em ~ o que dá origem à Guerra Civil Espanhola, vitoriosa para os trabalhadores
do agravamento dos conflitos armac!M em tais locais. e camponeses, organlzadM pelM anarquistas, com a ajuda das Brigadas
e) Ogoverno brasl~lro, por melo da presidente Olima Roussel, manlfestou·se Internacionais.
contrariamente aproposta de receber retugladosem seu território, em raz:io e)as soluções para os problemas na Espanhaest!o ligadas àaçAodos conser-
da crtse econõmlca que ora atravessa vadores, que, vltortosos na Guerra Civil, com a ajuda militar nazlfasclsta,
d)Com oobjetivo de facilitar o fluxo de refugiados, a Hungria abriu diversos mantêm o poder sobre MarrocM, controlam a Catalunh~ e passam a go-
pontosdeentrada em toda sua fronteira com a Sérvia. vemar atendendo aos prtnclpals Interesses clM trabalhadores, mantendo a
e) Oe acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados estabilidade econõmlca
(AcnurJ,a Alemanhacontlnuasendo odestino mais procurado por Imigrantes
que chegam aEuropa
11. AMERICAIATINA(FGV Ecoocmuo1ij
tgrandeapreocupaçloromob/oco tantopebimobilismodesuasregrasquanto
g. R0SSIA1UtrJl01Sl pelo isolamento em relaç3o aos acO(doScome1C/ais.Aparalisia dog111po regional
ROSStA FORMALllAANEXAÇAo DA CRIMEIA eas crescentes medidas protecionistasda Argentina preocupam osetorprivado
AROss/a anexou formalmente a Penlnsu/a dJ Crimeia a seu te(lft6do, depois brasileiro, oma/O( prejudkado pO( essa situaçl o.
de um duro discurso do presidente Vladimir Pu~n em meloa pesadas cd!Jcas Eprevts/vel acontlnuadaoposlç3o daA,gentina eda Venezuela affexililizaç:Jo
aos EUA, a Un/3o Europeia eao governo intelino da Ucr3nia. Nesse discurso das regras do bloco. t do Interesse brasilt~o Ignorar essa oposlç3oe assumir
que antecedeu aassinatura da anexa{<!o da Crime/~ Putin destacou aquest3o aliderança nas tratativas para retomar os entendimentos com a UE eaceitara
como vitalparaos interessesrussos.Segundo ele, oOddente"cruzou uma linha ampHaç3o na negoc/a{<!o extêrna com palses mais desei volvidos, eomo oC.nadá
Vl!fmelha"ao interfelirna Ucr3nia. 'A Crimeia sempre foi eé parte Inseparável ea Coreia do Sul AEspanha defendeu abertamente umaopç3o pragmática para
da Rílssla", declarou opresidente. que as conversaçlles entre aUni3o Europeia eobloco possam avançar.
Adaptado deestadao.com.br, 18/0J/lOl~ OCstadode 5 Paulo, gjun.1015. Adilj)tado

oMntoaoonlldona reportajeffl tst1 l111mtaneamenteusodaloaopmente Otexto refere-se ao bloco


eao passado dos po,os eaV<ll,tdo~ a)Mercosul.
b)Aladl.
Pua expl car essa~ russa e11 relação aCrimeia, são fundamentais 01 <) Unasul.
segulnres hteresses do atual go,erno Put!rt d) Brlcs.
a) superar o pan-eslavismo- reduzir a diversidade étnka e) FMI.
b)estlmular aeconomia - ampliar a produçloenergétlca
e) combater acorrupçao - reconstruir ageopolítica global
d) reto11ar o nacionalismo- con10lldar ageoestratl!gla militar 12. AMERICAIATINA(Fuvestw)
Há dois lados na divfs3o internacional do trabalho (Oll]: um em que alguns
palses especializaram,seem ganhaçeowoem queseespedalizaram em pen1er.
10. GUERRACIVIL ESPANHOLA (FGV-Econortla 2016) Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de Amérka tatin~ foi precoce:
'Ao analisar omardeconlladiç{Jes em que a Espanha navegava nas primeiras especializou1e em pl!fdl!f desde os remotos tempos em que os europeus do
décadds do século (XX], offflsofoeescrltor espanhol Ortega y Gasset diagnos- Renascimento se abalançaram pelo mareffncaramosdentes em suaga,ganta.
ticava os proõlemas de seu pais, usando uma metáfora:era ade uma Espanha Passaram os séculos, eaAmllica Latina aperfeiçoou suas funç/!es. Este já n!Jo
tnvettebrad~sem esqueleto, que se fazia necessário tratar.• é oreino das maravilhas, onde areaUddde dl!frotava afá/Jula eaimagfnaçlo
Giselle Beiguelman·Messina,AGuerra Civil Espanhola.199, era humilhada pelostrotéus das conquistas,as jazidas de ouro eas montanhas
de p,ata. Mas a regi3o continua trabalhando como um setvfçal. Continua
Soore a11eU1ora de Ortega yGasset, é<omto altmar que existindo aserviço de necessidades alheias, como fonte eresl!fva de petróleo e
a) as contradições espanholas do Inicio do século XX dizem respeito somente fl!fro, cobre ecame, frutas ecafé, matélias·pdmas ealmentos, destinados aos
aos problemas Internos, Isto é, Instabilidade polltlcacrlada pelaaçaodos palses rkas que ganham, consumindo-os, mufto mais do que aAmérica Latina
sindicatos e, por outro lado, aestabilidade econõmka caracterizada pela ganha produzindo-os.
expansao da lndústrl~ enriquecendo a burguesia, que luta pelas liberdades
econOmlcas. Eduardo Galeano.As VeiasAbertasdaAmérica Latina. Rio de Janeiro: Paz eTerra,
b) a Espanha é um país com fortl!s contradições intemas, marcado pela c.rtse 1981. Adaptado.

166 GE ATUALIDADES l l•scmcstrt 201'


Sobre a atual DMs.\o lntemado1aJ do Tribalho (Dll1 no q1ediz respeito 1 b) à pouca dlve11lflcaç!o das estruturas produtivas e às dlverg!nclas socio-
~neração na Amérlca Lattna, éameio aflrmu: culturais.
<) àmanutenç!o das colõnlas europeias eà obrigatoriedade da exportaçlo.
a) OMéxico éo pais com malorproduç!odecarv3o,cujaexportaç3oé controlada d)~ fronteiras flexlvels eà generallzaçao de economias nao monetanzailas.
por capital canadense. Para tal sltuaçao, o padr3ode domlnaçao Norte/Sul e) aos altos custos no transporte de mercadorias el au~ncla de centros urbanM.
na DIT, menclonailo pelo autoi é praticado no mesmo continente.
bJ AColõmblaocupao primeiro lugar na produç!o mundial de manganês, por
melo de empresas pnvatl2adas nos dois últimos governos bollvarlanM, o 15 • ARIICO (ESPII :1016)
que realça sua poslç3o no cenário econômico Internacional, rompendo a Rbssla re/vlndka o/Ida/mente AONU ma/J de J miMo de km' do A111ro
domlnaçao Norte/Sul. ARdssid apresentou nesta terça/ei{a 14) ante as Nalf)es Unidas um pedido
q DChile destaca,se pela extraç!o de cobre, prlnclpalmente na sua porç!o oficial pilla reivindicar sua soberania sobra mais de 2 mi/Mo de qufl/Jmetros
centronorte,que é, em parte,explorado por empresas transnacionais, oque quadradosdo Artico. Opedido formatapresentadoantea Comiss3ode Limites
reitera opadr:to da DIT mencionado pelo autor. da Plataforma Continental da ONU, esüpu/a que, s~undo as pesquisas cientf.
d) ABollvla destaca,se como um dos maiores produtores de ferro da América ficas realizada~ a llllssia tem direito a.t2 mi/Mo de quilômetros quadrados
Latlna,e, recentemente, o controle de sua produçao passou a s-erfelto por adicionais da plataforma ártica.
Conselhos Indígenas. Essa autonomia do pais permitiu o rompimento da fontJe: htt~//noti cias.u ol.com.br/ultimas·notici as/ afp/lOlS/08/01/ru ssi a·reivindi·
domlnaçao estadunldeme. ca-ofi cialmente-ante-a-onu·mais<le-u mroilhao-de·kml<lo·artico.htm.
e) OUruguai éo prlncl pai produtor mund lal de prata, eocontrole de sua e.xtra· Acesso: Ol/08/1015.
ç!oé feito por empresas transnacionais. Nesse caso, mantém·seo padr3oda
lnserçao do país na DIT mencionada pelo autor. Opedido rasso pode ser <0mlderado:
a) Procedente, pois as atuais leis lntl!maclonalsdlzemque um pais tem pnvllé-
glos econõmlcos mluslvos sobre aplaca sltuaila em um ralo de 100 milhas
13. AFRICA(Macktnzle 2t16) náuticas ao redor ele sua costa.
Nl/iéf/a: sequesrro C0111pleta 2 ano com menlNS deuparecldas b) lmproceclente, pois os limites territoriais eocel.nlcos Jáest3o determinados
fm 24 de abril de 2024 as atenç~s do mundo se voltaram para o remoto há muitos anos pela ONU eessas regras s!o lrreve11lvels.
povoado de Chibok, no noroeste da Nlgéiia. L~ 276 adolescentes ün/Jam sido <) Procedente, pois apesar ele ser o maior pais do mundo a Rússia n!o tem
sequestradas por mi#tantes do grupo extremista muçulmano Boko Haram saldaao mar.
enquanto dormiam em uma escoá. d) rmprocooente, pois nenhum pais tem direito ao uso doArtlco eda Antártida.
BBC Brasil.com,14 abr. lOlS. e) Improcedente, pois a parte relvlndkada sltua,se na Europa ea Rússia é um
pais asiático.
Arespeito da 11anc~ett em destaq1e, anallse as segul1tts affrmaçlies:
1. Opaís citado éconsiderado o mais populoso do continente africano.
ll Abal:lado Rio Níger abrange amaior parte do território nigeriano, fawrecendo 16 •CORRUPÇAO (ESPll 2016)
aatlvldaileagrkola, porém a base da economia éaextraç!o ele petróleo. leia o texto aseguir que aborda apolê11ka nadonaJ em toreo dao~
IH. ogrupo e.xtremlsta Boi«> Haram onglnou,se no sul do pais, 005 estad05 de Lava Jato:
Ondo eDelta, onde os grupos lsl!mlcos prevalecem.
IV. Dentre os objetivos do Boi«> Haram est3o: o estabelecimento da Sharla, De acordo com odespacho dojui~ os papéis mostram queaoff-shore Smith&
combater acorrupçao, aeducaç3oocldental eo crlstlanlsmoem todo opais. Nash Engineering Company, que tem por benefJciária econômica aOdebrecht,
realizou depdsitos na conta em nomedJ Saga, Ho/dings, controlJda por Paulo
Estão amttt Roberto Costa, ex·diretor deabastecimentoda estatal. CMta havia afirmado em
a) 1eli, apenas. sua delaç3o premiada teffece/Jfdo 23 millllles de dôlJres. Aconta em nome da
b) 1, li e Ili, apenas. off·shoieArcar/ex Corporaüon,que também tem como beneffciJrid econômicaa
q 1, li e rv, apenas. Ode/Jrecht reahzou depdsitospara aMilz:art Ove1Seas, controlJdapelo ex·dlretor
d)\ Ili e rv, apenas. de Serviços da estatal Renato Duque. Aquebra de sigilo encontrou contas em
e) 1, li, Ili e IV. nome das off·shore Go/ac Project e Rodi{a Ho/dings, também vinculadas á
Odeb,echt De acordo com ainvesügaç3o, elJs reallzaram depdsitos para a
off·shore ConstMtoralnternaUonal Dei Sur, sel/ladJ no Panam~ que, por sua
14, AFRICA(Unesp2016) ve~ realizou tran rterêncidspara aconta em nome das off~hores QufnusService,
Os espaças á margem da economia mundial s3olgualmente pouco Integrados controlada por Costa.
regionalmente, e a desinteg,açao nacional hmlta a /nteg,açao. Oc.omérào fonte: Cilfta (apitai, ll/rJl/l01S.
lntraffeglonal africano se situa em tomo de 20\li do que é movimentado eé Oispon ível em: http://Www,cartacapital.com.br/blogS{direto-de-sao-pau loA ava·
polarizado em algunspalses. Fora aAfrlca do Sutclnco palsesrepresentam três ·jato-fecha-o-cerco-a·empreiteiras.g40g. htm 1.
quartas dJs exportaçlles lntra-ahtcanas. Acesso: Jl/08/1015,
Philippe Hugon.G"'l')l~ica daAlrica, 1009.
Aoperação da Polida Federar esanun arell4â<> entre <orruptos econup,
Alntxpressvtdade do co11!rdo lnlnmglonal a/r!tanodtve-se, e11 parte, tores e. oque tudo iul ca, parece estar e11operação no Brasl hl década\µ
a)ao ace.sso exclusivo a matérlas·prlmas Importadas e ao baixo mercado que as prl1dpals e11presas enVlllvldas atua11 U anos em et!free1dl11entos
consumidor. ligados ao governo.

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 167


.......................................................
.........................................' .............
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

E.ssu e11presu dlrewnente envolvidas sãl> espe<lall1ente do segnento 19, PLANOCRUZADO (PUC-Rlo 2116)
e~resallat Sobrt o Plano Csuzado. ala.lo aogoverno losf Samey. e1119S&, mnale a
a) Petrolelras. alternattva INCORRETA.
b) Construçao pesada. a) Houveoconfiscoda poupança dos brasileiros, que só podiam sacai a lmpor-
1) indústria automobilística tancla de 50 mll cruzeiros, e também a mudança de nome da moeda para
d) Siderurgia nacional. Cruzado Novo.
e)Bancosde Investimento. b) Houve oconge Iam ento depreços, amoeda perdeu três zuos, os salários foram
congelados num patamar relativamente alm -o que levou a uma euforla de
consumo pela populaç~o brasl~lra.
17, CORRUPÇÃO (Uaesp m6) <) Por ter golpeado a lnfl~o galopante, oplano foi, num primeiro momento,
Sob opMto de vista individuai acouupç3o pode se, vista como uma escolha um sucesso, consegu Indo reabl lltar tempo rarlamente oent!o desacreditado
la(/onai baseada em uma ponderaç:Jodoscustos edos benettc/osdos compor- presidente da República, que chegara ao poder após a morte de Tancredo
tamentoshonesto ecorropto. No tocante .ls emp,esas, punir apenasas pessoas, Neves, de quem era vice.
Ignorando as Mtfdattes, implica adotaç nesse 3mbito, a teolia dJ maç3 pod~ d) Com otempo, houve o desaparecimento de produtos essenciais dos super-
como se a corropç!Jo tosse um vicio dos ind/v/duos que as praticaram no seio mercados, o surgimento de um mertado paralelo para suprir a populaçao
empresarial Oque constatamos ébemdife,entedisso. Acorrupç3o e,~ para as dos Itens escassos ea cobrança de ágio, ou seja, o pagamento por fora do
empresasenvolvidas na ope,aç3o Lava/ato, um modelode negócio que majorava preço tabelado do produto.
olucro em beneficio de todos. e) Odescongelamentode preçosreallzado peloPlanoCruzado li, em novembro
Entrtvistacom Deltan Martinauo Dallagnol [procurilior pdblico/. OEstado de de 1986, levou a um elevado aumento da lnflaç30 e, consequentemente, a
5 Paulo, 18.03.2015. Adaptado protestos vlo~ntos em todo o pais.

Alllltll~ f aborda4a no textocx,m u11 proole11a que pode ser explicado


!d> u11 ponm de vista
a) ético, devido ao comportamento lrratlonallstaq ueé assumido pelos Ind lvfd uos.
b) moral, pois o fenômeno éabordado oomo resultado de comportamentoi
desregrados.
l)pragmátko,polséconslderadasobretwoaa,aHaç3odosefeltosprátlcosdasMfies.
•lJurfdko,polsé necessária uma leglsia,30 mais rigorosa paracolblro fenômeno.
e) materialista, ix>lssuascausas relacionam1ecomaestrutura do sistema capitalista.

18. D1TADURAMILIIAR (Ue,j2n6)


D EMOCRACIA VERSUS OrrADURA

/
"" - - /\ _J
1 ./
...
/ · 1'1..
/
/ !
.
"" .,,v ~ '\ AMARILOO Disponível em: www.amarildo.com.br. Acesso em 3mar. 2013
'-- /, .- . . 15%
, r-..
"" '
·-·.......,
llll'CIOC.
• _..,c;:;:
12% Na dlUge "um<rttf ca ao processoprcdrtlvo ag,tcola lrullelro reladonam ao
;)elevado preço das mercadorias no comércio.
---;.,.."4cdN_,_
- -
'"'
.
911 95
FHC
00 00 ~
IOl(4o'l-~j,.,,r,,,. 11ldit(f.,.

W.
-
"'
C8 14
0.~
"'
Adaptarlo de Folha de S.Paulo, 1S.OJ.1S
b) aumento da demanda por produtos naturais.
<) crescimento da produçaode alimentos.
d) hábito de adquirir derivados Industriais.
e) uso de agrotóxicos nas plantações.

No dlus de 11ario de 2985, aPresld!ncla da Rep~llca no Brasl foi assu 11lda


por um dv11 após 21 anos de governos mllwe~ Nos !Jlnta anos posteriores, 21. MATRIZ DE ENERGIA(f GV Ecx,ncmai01l)
houve amcx,nJanm de ,ooda!iasdestl aa4as apOr nm h práttcas iutorltúlas Os anosdebona1191pa,a ospalsesprodutores eexportadores de pW6leofica,am
athntão Vlgel l!!s. paratrás. OddodecotaçDesaclma de 1oodó/aresvldblllzou erentab/HIDU novas
Apartt da anlllse do grfflco, a tend!nda observ.!vel naopinião p~lla fronte/ias deexp/oiaç:Jo, como oxisto norte..imelicano,as areias betuminosas
resulta de u11anova 001Ju1turau1acterlza4a por: canadenses eopré-sal brasileilo. Mas opreço do ba,r{t em trajetória de queda
a) regulatldade dase~lçOes há seis meses; caiu abaixo do patamar psicológico de so dôéres.
b) extlnç~o do unlpartldarlsmo Os exportadores sofrem com o encolhimento das receitas. Nesse gropo, est1o
1) fortalecimento do poder =utlvo palses como Arábl. Saudita, Rrlssla, Venezwé eNoruega.
d) valorlz~o da liberdade de express!o Veja, 14 jan. 2015. Adaptado.
QUEDA POSITIVA ··~
O petróleo a um p-eço mais t>ab<o afeta patses exportadores.. mu acelera o 0'8Sctnento ela economia mundfal
r] ~
!
\..,,
EXPANSÁOMé.DIAANUA.L.ESTIMADAEM201W 016 •
------
Ban'l a80d6'are:.s • Barril a40 dõla res
../

...

Apartir de seus o,nhdmeatos eda wllse do gnllco, êtorreio aflnnar que receio de boa parte dos palsesdesenvolv/dos, de economias em uansiç3o eem
o p;Js que tem 11alor depend!ncla de suasexp«ta\611 de petróleo é desenvolvimento de pellierem espaço em svas exportaçlles levou-os a aderir
a)a Australia maciçamente aos APC
b)oCanadá Umberto Celli Junior e BelisaE. Eleoterio. "O Brasil; o Mercosul e os acordos
q os EUA. preferenciais de comércio"'. ln; En rique Iglesi as et ai. (orqs.). Os Desafiosda Amérka
d)afndla. Latina no Século XXI, 2015.
e)aRússla.
Comlderaado otoatex to dlalmo, apresentado pelo ecar to, c°"'rffll de-se
ap,úlfençâo dos w,rdos prtferendaJs de aimérclo tom0 resultado
22. MATRIZlll ENERGIA[Espcex2015) a) dos pactos lnterna(lonals de mútuo desenvolvimento econõmlco, o que
Sob« arntllz energéUca 11u1dlal e seus eleitos nas emlss6es de gases de leva a Investimentos naquallflcaç!o da mlo de obra em países perfférlcos.
eslllfa, podemos aJlrnarqae b) do endividamento Interno dos palses subdesenvolvldos,oque provoca forte
1. amaior parte da geraç:loenergétlca da Chlnaestâ vinculada aocarvlomlneral, press3o lnterna(íonal pela comerclal~aç:io de seus produtos prlmános.
fato este que explica os níveis totalsdeemlssões chinesas de gases de estufa e) da crise de superproduç:lo dos antigos centros Industriais, o que demanda
superarem largamente os dos EUA. rápidos aoo rdos para evitar fechamentos deempresas edem lssões em massa.
ll assim como o Brasil, a Françaapresentaumadas matrizes energéticas mais d) doenfraqueclmento dos antigos blocoseconõmlcos,oque provocadlvergên·
limpas do mundo, pois ambos os países priorizam a explo~!o de seus elas po 1~kas ea:onõmlcas em selDres prod utlvos estratégkos de rada palt
vastos recursos hídricos. e) da globallzaç:io da a:onomla, o que alimenta uma crescente lntegraçao e
Ili.apesar de aenergia nuclear, que émais limpa. desempenhar papel de des· uma relativa unlformlzaçl.o das condições de existência das sociedades.
taque, s:io os combustíveis fósseis que predominam na matnz energética
norte.amencana.
IV. embora aenergia nuclear esteja entre as matnzes energéticas mais limpas 24, GLOBALIZAÇÃO (Ene111115!
do mundo, aAlemanha lançou, em 2011, um projetodedesatlvaç!o gradual Noffna/ doséculoXX eemratlodosavanç,s da á~d1,produzlu~eum sistema
de todas as centralsnucleares do pais. presidido pelas técnicas da lnformaç1q que passaram a exerce, um papel de
V. na produçl.o de biocombustíveis, a eficiência energétka do milho é bem elo entre as demais, unlndo-Js eassegurando ao novo sistema uma presença
superior à da cana de açúcar, Já que e~ge uma área plantada bem menor pánetária.Um mercado que utiliza esse sistema m11écnicasavançadasresufta
para obte r·se a mesma quantidade de ene rgla. nessa globallzaç3o perversa.
SANTOS, M. Por uma GvtraG/oba/ização. Rio de Janeiro: Record, lllO& Adaptado.
Ass.,aJe aaJternaUva qae apresenta todas as aJlr11atl'las o,netas.
a)l,lie IV U11a o,nseqa!ncla pa,a o setor prorudvoe outnpua o 111ndo do 1Rb.llho
b)l,lleV alMndasdastra~dtaclunotextoestâoprtSellES,respedl..l!ell!,m:
()11, lllelV a) Eliminação das vantagens locaclonalse ampliaç3o da leglslaç:io laboral.
d) 1, llle IV b) llmltaçao dos fluxos loglstlcos efortalecimento de associações sindicais.
e)lll,IVeV e) Dlmlnulç!o dos Investimentos lndustnals e desvalorlzaç:io dos postos qua-
lificados.
d) Concentraçao das áreas manufature Iras ereduç3o daJornada semanal.
23. GLOBALIZIIÇÃO(Unesp201,1 e) Automatlzaç:lo dos processos fabris e aumenlD dos níveis de desemprego.
Ocomêráointemadonaltemsldomarcadoporumafl(olíferaç3ostmptecedMtes
de acordaspreterenciais de comércio regionais, svb-regiona/t Inter-regionais e,
em especiai bilaterais (denominados Acollios Preferenclalsde Comércio -AP(J. 2 5•
GENERO (UEM :tml(adapwla)
AtualmMte,s3o poucas ospalses queainda n3o fazem parte dessesatordas. Com Ainda que Dlma Roo sstff tenh sido reeleita pa,aaPresldêada da Repúblka
oImpasse nas ~oclaçOesda Rodada Oohada OMC, aafttmativa dasprincipais e11201i., o resultado das úlUms ele~ões ladka a red11Zlda nepreseatação
economiasdo IIXlndo, como fstldos Unldos,Un/3oEuropeiaeChina,folbuscar de roolhnsna pollUca brasllelra. Na Clman Federal, por exemplo, das 113
acel?b(aç3ode APC como forma deconso/idare teracesso ano.os mercados. O vagas e11 dhputa, so11ente 51 fora11 assumidas por depawlas.

GU TUAUDAOUll•nt'flcstrt201' 169
.......................................................
.......................................................
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

Co11fderaado oteru das 11!1116es de g@nero na polttka bmllelra, assl1ale Com base no texto e nos conhed11ento1 sobre u crlUcas ao pensmento
Vpara verdadeiro e Fpara falso. bl11rlo ap(laoo b expfl~6es das ll!fl!ôes soclah de g!nero, conslden as
aflnnaUvas aseguir.
( ) LA Igualdade formal entre os sexos convive no Brasil oom práticas recor- LNesse trecho, Vlrglnla Wooff Invoca o paradigma do construtlvlsmo social
rentl!s de subordlnaç:io, de lnferlorlzaçao e até mesmo de exclus:io de e entende que os posicionamentos sociais das mulheres e dos homens s:lo
mulheres da vida publica. fruto de forças sociais que~ndem a transcender as vontades Individuais e
( ) 2. Anatu rallzaç:lo de representações sodals que Identificam aesfera prlvada agerar opres!lles.
ts mulheres eaesfera pública aos homensacaba ~gltimando amanute nçao IL Para Vlrglnla Woolf, as separaçOesentre o mundo dos homens e o mundo
das desigualdades de gênero na politlca brasileira das mulheres s:lo Intransponíveis, havendo oorrespondêncla real entre as
( )~ oreduzido número de mulheres nos cargos eletivos da poIltlcabraslle Ira representações sociais e as práticas dos sujeitos empreendidas na experi-
é causado tanto pelo deslntl!resse feminino quanto pelas dificuldades ência concreta.
geradas pela mate midade. Ili.As evidências de que dfferentl!s sociedades atribuem poslçao de domínio
( )4-A recente femlnllizaçao da política brasileira se opõe aos valores de ao masculino fornerem a comprovaç!o de que os valores culturais sao
Igualdade, racionalidade e seriedade que ajudaram a constituir as de- determinados pelas diferenças biológicas entre os sexos, oque se expressa
mocracias modernas. em umacultura unlve15al.
( )>05 movimentos feministas surgiram das lutas coletivas das mulheres IV. Pelos exemplos históricos oonhecldos, os esquemas binários de represen-
contra o sexlsmo, a subortllnaç:lo e a lnferlorlzaçao Impostos por uma taçao do masculino edo feminino produzem hierarquias entre esses dois
estrutura social patriarcal. termos, de modo a reservar um status superior aos atributos classlftcados
como masculinos.

26•G(NERO (tne112015) AssnaJe a alttrnaUva oorreta.


Ninguém nasce mulhe,: torna-se mulher. Nenhum destino biotógko, ps(quico, a) Somentf as afirmativas Ie li s!o corretas.
econômico define aforma que af~mea humana assume noseiodasociedade;é b) Somente as afirmativas I e IV s!ocorretas.
oconjunto da dvi#12çJoqueel1bOfa esseproduto intermediário entre omacho e) Somente as afirmativas Ili eIV s:lo corretas.
eocaddstro que qualificam ofeminino. d) Somente as afirmativas 1, li e Ili s:lo corretas.
BEAUVOIR, S. OSegundo Sexo. Rio de J•neiro: Nova Frontfira, 1980 e) Somentl! as atirmatlvas li, Ili eIV s!o corretas.

Na décadade 196<>, a proposl(ÃO de Sl11one de Beauvolr oontrlbulu para


estruwrar 1m11ovf11ento social que teve 00110 mru o(a) 28• URBANIZAÇÃO (UHh016)(adapllda)
a) aç:lo do Poder Judl clárlo para criminal lzar a vlo !!nela sexual. "Diariamente, no Brasil intef(o, 1,4 ml/Mes de pessoas se deslocam da cidade
b) press!o do Poder Legislativo para lmpedlradupla Jornada de trabalho. onde moram para traba/harouestudaremoutrosmunlclpios-sendo 1,75 mi/Mo
l)organlzaçaode pro~stos públicos para garantir a Igualdade de gênero. só emS:OPautoe 1 mi/1130 no Ria•
d) opo slçao de grupos reli glo sos para Imped Ir os casame ntll sho moafetlvos. Folha de S.Paulo, l6/0J/l01S, ~ (4.
e) erubeleclmentode politlcas governamentais para promoYer açôesafi nnatlvas.
Co1ddenndo oen111dado, asslnale Vparavmladelro t Fpara falso arespeito
dos dedocarne1tos pcipulaclonal~
27•GENERO (UEL2116)
l!lao ttxtoa seguir. ( )LO movimento, no qual um morador viaja de um município a outro para
Inevitavelmente, nós consideramos asociedade um lugar de consplraçJo, que trabalhar ou estudar evolta para casa no final do mesmo dla, édenom Inado
engole olrm!lo que 100/tas de nós temos raz/Jes de respeltarna vida privad~ e movimento pendular.
lmp/Jeemseu ilgarum machomo11Struoso,de voz tonitroante de pulso rude, que, ( ) 2. Edenominado urbanlzaç:O o processo de deslocamento diário de uma
de forma pueril, i11Screve nocMo signos em giz, mtsticasHnhasdedemarcaçJo, cidade para outra. Quando o mesmo processo ocorre entre espaços n:lo
ent111 as quais as seres humanos ficam fixados, rlgldos, separadot artifidals. urbanos (espaços rural!), o fenõmeno édenominado ruraliiaç!o.
Lugares em que, ornado de ouro ou de pt)rpur~ enfeitldo de plumas como um ( ) 3, Quando os deslocamentos da populaç:lo n:loocorrem com amesma cons-
selvagem ele realiza seus ritos mtsticos e usufrui dos prazeres suspeitos do 1.l.n ela citada no enundado daquest:lo, sendo reallzad os tem porarlam ente,
poder eda dominaç:o, enquanto nós, •suas• mulheres,nos vemos fechadas na em uma determinada época do ano (exemplo: trabalhadores rurais que
casa da famflf~ sem que nos seja dado participar de nenhuma das nume,osas se deslocam para atuar no oorte da cana~açucarJ, s:O denominados
sociedades de que se compile asociedade. mlgraçOes saronals.
WOOLF; V. Trois Guinées. Paris: Editions des Femmes, 1997. p.200. apud Bourdieu, P. ( ) 4. l'opulaç:lo relativa corresponde ao oontlngente populacional que, tendo
A OominaçkJMascufina. 2ed. Rio de Janeira Bertrand Brasil, 2002. p.4- em vlstaconstantesdeslocamentlls, nao pode seroontada nos recensea-
mentos demográficos como absoluta, nem da cidade onde reside, nem da
Em sua oora, Vlrglnla WooH reflete sobre aconclção sodaJ das irulheres. Tal cIdade para onde se desloca.
coadf\âo lol hhtorlumente ab«clada a,11 base no pensarnuto bn úlo, a ( )s.05 deslocamentos populacionais, nas condições oomo as destacadas no
ue11plo dadlaAle 11asaill10,femn lno, tarrb!11 prese1tt na oposição entre enunciado da quest:io, ca=rlzam a lnteraç:lo das cldades e geram
orde11 t aos, oque pode ser encontrado em dHerentesu lturas e1ope11Sa- os chamados arranjos urbanos, de acordo com o lnstltutll Brasileiro de
11entodenUffco.Oblnarh110, noen!Jnto, é 1111a fomade ndonaJlzação da Geografia e Estatlstlca (IBGE). Os arranjos ooorrem se entre duas ou mais
vida soda! a1tkada pordHerentescooentes teóricas. cidades M lnter<amblo significativo de populações.

170 GE ATUALIDADES l l•scmcstrt 201'


29. URBAHIZAÇÃO (Fawst202i) leia as tabelas.
AS 20 AGLOMERAÇÕES URBANAS MAIS POPULOSAS DO MUNDO Apartir das tabelas e da hls~rla brullelra desde os anos 2940, f COITI!to
affr11ai que

a) uma sltua1ao parado10I ocorn!u na sociedade brasileira nos últimos -nta


anos, poiso processo de urbanlzaç:lofol mais ráplclo nas regiões produtoras
de mercado nas Industrializadas, mas a melhoria dos lndlcadon!s sociais
nessas regiões chegou aestagnar em algumas áreas.
b) desde os anon950, oBrasil jã eraconslderallo um palses.1endalmente urbano,
porém as condl1õesde saúde eeducaç:lo melhoraram no Sul eno Sudeste e
tiveram uma acentuada piora no Norte eno Nordeste, além doCentr~Oeste,
ainda hoje de maioria da populaçao no campo.
e) uma transforma1:io vivenciada no Brasil talvez amais marcante da segunda
metade do século XX, foi aforteondade urbanlzaç:lo, fenõmeno Importante
- porque foi um dos provocadores da melhorladetlldos os lndlcadon!s sociais
,. - apresentados.
d) a lenta passagem do Brasllde pais rural para urbano, condl~atlnglda em
meados dos anos 1980, produziu uma série de efeitos negativos, como a
Atlas du Mlgrations. Paris. tdítionsAUtrement, 2012. Adaptado. estagnas:io do grau de escolaridade entre os mais jovens eafrágil melhora
Soore as 21 qton 1ra16es 111,anas mais pq,ulosas do 11uldo,Oll1fome grtnco no aumento de expectativa de vida.
adma, é correto affr11ar. e) amais significativa mudança naorganlzasao social brasileira no século XX
a) Amaioria delas se encontra na Asla,e,dentre essas, predominam as localizadas n!fere1e ao t)((epclonal processo de urbanlzaçao nas áreas mais pobres do
em paises com economias desenl/Olvldas ou em desenl/Olvlmento. Norte e do Nordeste, mas que n:lo velo acompanhado de efeitos positivos
b) Mais de 50% delas encontram-se em países desenvolvidos, com alto PIB e na maio na dos Indicadores sociais.
alta dlstrlbulçao de renda.
<I 50% delasestao localizadas na América latlna,em paises subdesenvolvlclos
epouco Industrializados. l. llEMOGRAflA(llackenzle 2021)
d) 25'1b delas estlo em paises da Europa Orienta\ em que há boa dlstnbul~
de renda eserv~os públicos essenciais gratultlls.
e) osegundo maior número dessas aglomerações encontra-se em países da
Afnca, as quais se caracterizam por baiJUl IOH.

30•URBAHIZAÇÃO (FGV ECONOMIA


oe u~
2021)
AIJMENTO~ T,1\lCAS

Brasil
1 ..0
31
1960
45 ..
1980 1991
7S
1ff8
78
Norte
NON!tttt
Sudt:stt
28
23
30
38

"'S7
5:!
so
83
56
61
88
..
62

89
T RAXSIÇÁO
OF.JIIOGRÁ>-ICA
Sul
Ce ntR)-0U l9
t18Ge)
28
22
31

"' ..
62 14
84
11
84
Dei!X11doco11 osgriftai5admapmenudos, consldereualma!6tsaseavr.
~IA oos INO!CU SOCIAi$ l OBrasil ttm sua evolu1:io demogrática melhor representada na fase li a
partir da década de 1980.
Tlwl de
Esperança Mortli'klade li.Afase I do grático superior repn!senta com maior fidelidade o Brasíl na
Analfabetii mo fertilKStde
ele vlda
(%)
Infantil
(filhos: por décadade1920.
(anos) (f)Ot' míl)
ramill.a) Ili. Afase Ili representa de um modo aproximado oquettm ocorrlclo nas duas
1840 43 56 156 8, 1 últimas décadas no Brasil.
19SO 40 50 138 6,2 IV.Afase 1, de ambos os gráficos, ocorreu de modo uniforme em llldos os palsesque
18'0 •2 40 118 6,3 se urbanizaram independentemente desuascond~ões polltlas eeconOmlru.
1970 54 30 117 5,5
Estao corretas as afirmações
'"º 60 2S 88
•••
,...
1990

(lBGE)
8S
87
19
17
50
41
2,1
2, 1
a) 1, li, Ili e IV.
b) 1e li, apenas.
e) 1e Ili, apenas.
apudHervé Thery, Retrato cartogràfico eestatístico ln:lgnacy Sachs et ai, d) li e IV, apenas.
Brasil um Século de Transforrnaçóes e) 1eIV, apenas.

GU TUALI.DAOU l l•nt'flcstrt 201' 171


.......................................................
.........................................' .............
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

3 2 •DEMOGRAFIA(Espcex 2025) Avbltado papa FrandS(l) ao llmH, emjul1ode2013, per ocasláodalomada


No estudo sobre d111ografla, são utll zados vlllos n stn111e11Ds, tlá1cos e Mllndlal da luve1tude, moblllrou ~lhares de ffél; representando valores
prttloo; "'t posstbUl!Mn ;J>S organismos lntemaclouls aobten~ de sibsl. e prauas do piqeto 11lssfonlrfo da Igreja ta~lca para a Alléffa latlH.
cios para elaboraçlo de polklas ll(l)IIÕl11cas esociais.Arurva de Cffldrunto No texto. a menç1o a José de Anckleta aponta pva ootra époa da~ da
,en0jp1ff oo é uII mnplo. Apartir desta, é posslvel oocer lnfomaçõe sacerta Igreja: a colonlza~da Améffcaportug1esa 10sérulo XVI.
do esUgto da transl~ demogrfflca e11 qae se encontram detmnnadas Explldte o prtndpal objeUvo do pro)ell> 11lsstonlrfo da Igreja tat41ca no
sodedadt; 1111> é, 11>raa1e posslvel conkecer a dl1~ka de suas was de sé<1lo XVL E11 seguida, cite u11a proposta atual da Igrejatat411causodada
nataIdade ede mortalldade ao lo1godo ~o. Apartir da aalllse da c, m ao piqecomlsslon.lrlo pm a América LaUna.
decresd11ento da população nwndlat, p•se aflnnar que:

1. a humanidade, como um todo, percorre o último estágio da traos~ao demo- 34. 111H (Espcex2025)
gráfica, conslderan!IMe apenas as taxas médias decrescimento da populaç~ oIDH (klllce deDesenvolvfmlll> Hll1lln0) é asado pelo Program das Mlç6es
mundial. Unidas para o Desenvolvfmenll> (PNUD) para avaliar o nlvel de be11-estar
li. as taxas de natalidade apresentam nítido declínio, enquanto as taxas de soda! de um pais.Sobre o IDH, podt11osaflr1111 "'e
mortalidade praticamente se estabilizam; contudo, na Europa, as taxas de Lo cálculo desse índice é feito com base nos seguintes Indicadores socloeco-
mortalidade tendem a crescer um pouoo. nõmlcos: longevidade, nível de lnstruç!oe PIB per capita
lll a quase totalldadedas países em desenvolvimento Já exibe taxas de cresci- ll tal comoocoeficlentede Glnl,os valores do IDH varlamentreo e1, e,quanto
mento vegetativo lguals~sdos países desenvolvidos. mais próximos a zero, mais elevado será o IDH, Isto é, melhores serao as
IV. a Afrlcaalndaapresentaas taxas de natalidade mais elevadas do planeta, condições devida de um pais.
en quamo a Asla Já akan çou a médl a mu nd lal de crescimento vegetativo. Ili.o Brasil possui um IDH que o classlftca acima da média de muitos palses
V.oOriente Médio, assim como a As la e a América latina, apresenta dln~mlca em desenvolvimento, porém encontra-se ainda atrás de países como a
de cresc.lmento populac.lonal que avança para o último estágio da translçao Argentina eo Uruguai.
de mograflca ri.os IOHsap11!sentados pelosestadM do Maranh~ ede Alag<lils, no Nordeste
bras lle lrq estao entre os plores do mundo, 1nferlo res aos de países afrlcanos,
AlSlnale aalter1atlva "'t apresei ta todas as aflr11atlvascomtu. como Zlmbábue e Lesoto.
a)l,lllelV
b)II, Ili eV Assn ate a alternau vi qoe ll)rt~nta todas as aJlrnatlvas oorretu.
1)11, IVeV a)lelll
d)l,llelV b)llelV
e)I, Ili eV c)lllelV
d)\llelll
e)l,llelV

35. MEIOAMIIIEHIE (U1esp2116)


Pml1ente as ações de controle dosl~aáos da atlvldadehu11ana e i pre-
servaçlo do 11elo ambiente, aCOl1Jlffl~ a11blenuJ arutertza1e co110
a) um fundo prtvado utlllzado para suprir as obrigações financeiras legais,
respondendo aos reglstros,cadastras, serviços, rofrações emultas em órg!os
ambientais.
b) um lnventártoque antecede a reallzaçaodasconstruções, focado em Identi-
ficar, quantificar em Inimizar as consequências negativas ao melo ambiente.
e) uma metodologia para Identificar, averiguar eavaliar problemas ambientais,
produzindo documentos sobre a opera~ e a manuten~ de um agente
poluidor.
vejalabrilm.corn,br, UOJ.2013 d) um lnstrumemo financelroassocladoao procesoo de llcenclamentoamblental
de construções,empregado paraamenlzaros Impactos lrreve11fvels sofridos
De forma especiat q,,elia que esse mandato ressoasse em voc~s; jovens da pelo melo ambiente.
Igreja na América Latina, comprometidos com aMiss3o Continefllalpromovida e) uma garantlaeconõmlca perame aocorrtncla de Imprevistos, utlllzada para
pelos Bispos. Este continente recebeu o aritncio do Evangelho, q,,e marcou o custear o reparo de danos materiais, pessoais ou ambientais ocorrtdos em
seu caminho eproduziu muito fruto.Agora este aritncio éconfiado também a um empreendimento.
voeis, para que ressoe com uma força renovada. AIgreja precisa de voci!s, do
enwsiasmo, da criatividade eda aleglia q,,e os caractelizaml Um grande apóstolo
do Brasil, o Bem-AvenwradoJosé de Anchieta, partiu em miss3oquando tinha 36. A!IDENTE ™MARIANA(UnHor Medldna Nli)
apenas dezenove anos!Sabem q,,iil éomelhor/nstromento pata evangelizaros Oromp111ento de ruas bangens no dias de novembro de ms e11 Ml1as
Jovens? ouuo jovem/Este é ocaminlloa se, percorlido por voeis. Gerais provocou mais u11 grave desastre ecolõglco. Ae11presa Sa11arco,
PAPA FRAN CISOO sodedade entre a Yale e a IIHPlllll ton,é ampoos1wl pelas barrageu que
Adaptado deestadao.com.br, 28.01.202~ represava1111atertal com detritos 11lneral~

172 GEATUALIOAOES1l•umcstrc201'
Pode-se aflr11u soore oassi nto qte 3. Otextode apolo mostracomohádlferentesvertentes dentro do l~amlsmo.
a)a)ustlçaerroneamente bloqueou RS 300 milhões nacontadaempresa, pois Existem profundas dlvergênclasentreoxllsmodo Ir! ea correntewahablta da
ainda n:io se sabe a causa do fato e o tratamento da água contaminada é Arábia Saudita, por tx!!mplo, além das distintas relações que a comunidade
fácil e rap Ido. muçulmana estabelece com acultura ocidental. Posto Isso, aquest!o exige do
b) o desastre teve ampla propofl:lo deltrulndo vastas áreas verdes e regiões candidato uma reflexlo arespeito de como, equlvocadamente, multas vezes o
urbanas, mas nao provocou vitimas fatais. Islamismo évisto como uma rellglao homogênea, oque leva ageneralizações
e) as cidades queftcam ao longo do Rio Ooceestao bastante prejudicadas, pois simplistas. Existem grupos que se organizam em orientações extremistas, que
a lama contendo detritos minerais Invadiu o leito do rio e contaminou o optam pela radlcallzaçlo dos dogmas e se pautam pelo fundamentalismo e
sistema de abastecimento de água pelo combate ao Ocidente. No entanto, trata·se de uma minoria Grande parte
d) odesastre, apesar das am pias propo f1Ões, restrtnglu-se ao estado de Mlnas dapopulaç!o lsllmlca rechaça aviolência cometida pelos extremistas ebusca
Gerais, oque facllltaa açao efetivado poder público. uma convivência pacifica com acultura easociedade ocidental.
e)ofato de uma auditoria Interna ter sido feita em Julho de 201~ declarando Resposta: e
a segurança das barragens, exlmeaempresa de qualquer responsabilidade.

4. Após adlssoluç:iodo bloco soviético eo ftm da Guerra frta,os Estados


37•DOENÇAS (lmlfor 20~ Unidos emergiram como aúnica superpotêncla do planeta Valendosede sua
Doença virai tra111111!da p« mosquito que se espalb mais rapidamente 10 fof1aeconõmlcae milita\ opalstentadl~mlnar seus valorespolítlcose sociais
nwndo é a11als mp«ta1te arbcwtrose que aletao ser hl111l11o, cx,nstftlJl1do· pelo mundo, como a democracia liberal e o livre mercado. Multas veres essa
se e11 sálo proole11a de saõde pllbllca no 11111do. Nos OIU11os so ano~ sua lmposlçloé feita aforça,como mostram asocupaçõesde terntórlos no Oriente
lncld!nda au11entoo 30 vezes com awmento da exp;r,s.io geog,1/ka para Médio. Em nome da garantia da ordem, da paz e da democracia, promovem
novos palsts e, na pnsente d!cada, para pequenas <Idades e áreas rurais. lnvaslo milita\ armada e ostensiva Com base na guerra ao terror, as tropas
At! o fhal de sete11brode 2115, fonm regtstl1Alos L~IJ.11' taSOs prov.tvels americanas se Instalaram em paises como Iraque e Afeganlst:io, mas falharam
dessa do e1ça no Brasl, cx,nffrinados 739 ólllt~ oque npresenta 111 aisnento em Impor os modelos ocidentais egarantir os benefícios prometidos após a
de 7S°4 e11 reflllo ao mes110 perlodo de 2114. queda dos governos locais.
Resposta: b
Assinale aalternattva CORRETA que Indica onome dessadoenia vlral
a)Malárla.
b) FebreAmarela. 5. Odramaturgo Gerald Thomas defende aliberdade de express:iocomoum
e) lelshmanlose. direito essencial e lnvloláve\ Independentemente do conteúdo manifestado.
d) Dengue. Oentro dessavls:lo, nu ma sociedade verdade lramente de mocrátlca, allberd ade
e) Febre Zlka. deexpress:io deve ser garantida atl! mesmo aquem temoplnlões contrárias as
suas. Aliberdadedeexpress!o, juntamente com a liberdade de pensamento,é
um prtncíplo ortglnado no Iluminismo, movimento que nasce com a burguesia
ocidental eque prega o predomínio da razio contra afé.
Resposta:B

6, Os movimentos migratórios selntl!nslficaram devidoá grande quantidade


1. Os lnvestlmentnsna Zona l'crtuárta do Rlofaiem parte do projeto l'crto de conflitos. Atenslo crescente na Síria, a ameaça de grupos terroristas, o
Maravllha.Asobras preveem arevltallzaçlo urbanadaárea,que perdeu mais de extremismo eas disputas regionais levam habitantes do Onente Médio afugir
uo mli moradore5 nos úlU mos 40 anos. Oprocesso ocorreu devido adegradaçao de suas casas para encontrar melhores condições de vida em outros países. Os
de sua Infraestrutura e ao l!xodo das atividades econõmlcas mais nobres. Os ref ugladossírlos, porexemplo,encontram abrigo em campos de paísesv~lnhos
Investimentos no local, frutM de parcerias público-privadas, já estio atraindo como líbano eJord!n la. Um aoutra rota utl llzada poresses migrantes éa entrada
grandes em preend lm entose lnfraeltrutura para atenderaos jogos 01 lmp lcos de pelo litoral medlterráneo europeu, desejando chegar aos países mais ricos do
2016,oque eleva ovalor dos Imóveis edas atividades comerciais eeconõmlcas bloco, como Alemanha efrança Além dos ref uglados doOrlentl! Médl o, há uma
da regi lo. Oaumento do custo devida tende aprovocar agradual expuls!o da outra Importante rota mlgratórta que crurao Oesertodo Saara atê o norte da
populaçlo de nlvel de renda mais baixo, que passa a ser substituída por seg· Afrtcae,de lá, saem embarcações para aEuropa,cruzandoollarMeditl!rraneo.
mentos sociais com nível de renda mais elevado, assim como sugere acharge. Resposta: d
ResposU:a

7. Pela análise do mapa, épossível oMervar que omaior contingente de


2. Ogrupo Panteras Negras surge na década de 1960 nos Estados Unidos ref uglados vem doOrtente Médio eda Atrita, tanto Saarlanacomo Subsaartana,
para garantir os direitos dos negros no país por melo da resistência armada como Indicam as linhas vermelhas que cruzam essas regiões. Guerras clvls,
Após faierem asaudaç:io tlplcados Panteras, conslderadosameaça asegurança vlo lêncla, 1nstabllldade, pobreza efome s:io os motlvos que levam mllhões de
amerkana pelo FBI, os atletas toram punldoscoma perda das medalhas conquls- pessoas a procurar outros lugares para viver. /ls rotas Incluem longos trajetos
tadasduranteasOllmpíadas.OComitê Olímpico tntemaclonal proíbequeatletas terrestres e perigosas travessias do Mar Medlterraneo. Vale ressaltar que, ao
façam ou utlllZfm slm bolos políticos durante os Jogos, considerados apartld árl os. contrário do que Indica aalternativa d,arotados migrantes que saemdepalses
ResposU:< como Nigéria, GanaeCostadoMarflm cruza onorte do Nígereosul da Argélia e

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 173


.......................................................
.......................................................
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

da Ubla, lrus onde se loca.Ilia o Deserto do Saara Jl aalternativa emenciona 12. Entre as alternativas, aúnica que combina corretamente oproduto
o "Chffre da Afrlca•, reglao no lem do continente onde ficam palses como explorado pelo pais easua relaç!o na cadela comercial mundial éac OChlle é
Somália, Entre la, Etiópia eQu!nla Como mostra o mapa, as rotas migratórias o maior produtor mundial de cobre, extraído de Jazidas na regl!ocentro-nortl!.
cruiamessas naçõe\ oquedesmenteaaltematlva.Além dlsso,somallse erltreus Aexploraçao da matéria-prima é feltaporempresas multlnaclonals, queretlram
estaoentre as naclonalldadesque formam os maioresgrupos de refugiados. o mineral eo transportam para os palses ricos, reproduzindo a condlçao de
Resposu:c exportador de commodltles de seus vizinhos, conforme menciona Eduardo
Galeano, no texto de apolo. Aprátlraexploratóna reafirma o lugar do pais na
Olvlsao Internacional do Trabalho criticada pelo autor.
8. <h refugiados chegam a Europa porvias marltlmas eterrestres, vindos Resp05ta: e
do Oriente Médio eda Afrka, prlncl paimente da SIria edo Afeganl~, devido
a conflitos Internos, lnstabUldade e vlol!ncla Mediante o endurecimento da
polltlca de recebimento de refugiados por dlve11os palses europeus, o Brasil 13, Com malsdei7omllhoode habltantes,a Nigériaéopaís mais populoso
começou adespontar como um destino alternativo, eogovemoampllou acon· da Afrlca. Mesmo banhada pelo Rio Níger ecom Intensa atividade agrícola, a
cessao de vistos para os refugiados no país. Diante do alto flum de refugiados extraçao de petróleo corresponde acerca de go'lbdas vendas externas, tornan-
em dlreçao a Europa, a Hungria fechou os portões da fronteira com a Sérvia, do o país o maior exportador do produto no continente- multo em raLlo do
para Impedir apassagem de refugiados em dlreçao àAlemanha Mesmo asslm,a petróleo,a Nigéria se tomou amaloreconomladaAfrlca OBolm Haram surge
Alemanha ainda éopaís mais procurado pelos migrantes ese prop(lsa receber no Nordeste do pais, no estado de Yobe, visando Impor a Shana (lel lslamlca)
milhares de refugiados. eo banimento de costumes ocidentais ecnst:IM. Além da Nigéna, as disputas
Resposu:e entre crlstaos emuçu !manos também ocorrem em outros países subsaan anos,
na Afrlca Central eOcidental.
Resp05ta: e
g. Com aanexaç!oda Crimeia pela Rússia, em 2014 ogoverno Putln tenta
fortalecer sua liderança epopularidade Interna, além de assegurar seus lnte·
resses geopolíticos no lem Europeu. Ao retomar ocontrole da península que 14, Aeconomia africana é pouco dlve11ificada, sendo essencialmente
Jl havia sido parte de seu terntórlo no passado, a Rússia retorça o sentimento ag rtcola Como se tratam de bens pnmános, de bahro valor agregado, as receitas
naclonallstae fortalece a política Interna, desgastada nos últimos anos pelos que os países do continente obtém a partir das exportações desses produtos
problemaseconômlco!. Além dl~o, otradicional nacionalismo russo élm portante geralmente n!o s!o multo substanciais. Odesafio da economia africana é
fatordeatraçaodoeleltorado no pais. Ao mesmo tempo, Putln buscaautonomla aumentar o nível de lndustrlallzaçao, quealndaé multo baixo. Outrofatorque
sobre areglaoqueabrlgasua estrati!glcabasenaval de Sebastopo\ únko ac= !Imita as trocas comerciais entre os países do continente é a slmllarldade da
da Marinha russa aoMedlten1neo.Ao Intervir diretamente na crise da Ucranla, produç!o- como eles dispõem basicamente dos mesmos produtos, ocomércio
Putln também busca restringir oavanço da UnlaGEuropela(UE).Obloco busca lntrarreglonal acaba ficando restrito. Soma1e a Isso a Instabilidade polltlca e
atrair a Ucranla para sua zona de lnfl~ncla, o que évisto pela Rússia como as rivalidades étnicas entre as populações, presas afronteiras traçadas artlfi-
uma tentativa de minar asua hegemonia regional. No entanto,após oepisódio clalmente pela Confer!ncla de Berlim.
da Cnmela,a UE acabou fec.hando um acordo de livre-comércio com aucranla Resp05ta: b
Resposta:d

15, OArtlcoé disputado por seus cinco países vizinhos:Olnamarca (país


10. Em 1936, ogeneral mílltar Francisco Franco, apoiado pela oligarquia que exerce controle sobre aGroenl!ndla), Estados Unidos, Canadá, Noruega e
e pela Igreja católlc.a, Inicia um levante contra o governo popular eleito no Rú~la. Oderretimento da camada de gelo provocadopelasalteraçllestllmátlcas
mesmo ano, dando Início aguerra clvll espanhola. oambiente que permitiu abre caminho para uma nova rota mantlma eparaapMSlbllldadede exploraç!o
oconflltoeraconsequ!ncla dos problemas enfrentados pelo país no Início do comercial das reservas de petróleo egá.s natural da reglao. Adisputa crescente
século,como acrise econõmlca, advinda do parcodesenvolvlmento lndustnal; levou aRússia aexigir asoberania sobre grande parte da regl!o, pautada pelas
adesigualdade soei ai, que opunha abu rgue sla eaaristocracia aos camponeses leis Internacionais que ditam que um pais tem prlvlléglos econõmlcos sobre
eoperáno~ disputas políticas e separatistas, com as lutas por autonomia dos a placa situada em um ralo de 200 milhas náuticas ao redor de sua CM ta. Em
bascos ecatal!es. oclima de Instabilidade éagravado com adeposlçao do rei outubro do ano passado, aRússia Iniciou aconstruç;o de uma base militar no
em 1931e a proclamaçao da Repúblka Artlco, como parte da ofensiva sobre oterritório.
Resposu:b Resp05ta: a

11. Otexto refere-se ao Mercosul, bloco Integrado por Argentina, Brasil, 16. Deflagrada pela l'ollcla Federal em março de 2014, aOperaç~o lava
Paraguai, Uruguai e Venezuela. oMercosul está atualmente em negoclaçao Jato Investiga um amplo esquema de lavagem edesvlode dinheiro da PEtrobras,
para firmar um acordocomerclal com aUnlao Europeia, mas existe a reslst!ncla envolvendo executlllls da estatal, polltiCM de altoesca~ egrandes empreiteiras
da Venezuela eda Argentina Os dois países saocontrárlosa flexlblllza,;!o das do ramo daconstruç!o. Oesquema envolve opagamento de dinheiro por parte
regras do MerCMul, pois temem que a abertura comercial possa prejudicar dasempre-ltelrasa partidos polltkos por melo, principalmente, de llcltaçõesde
suas Indústrias por permitir o Ingresso de produtM manufaturados europeus obras da estatal elavagem de dinheiro. Um marco Importante da Operaçao foi
mais baratos. OImpasse evidencia M Interesses divergentes eas assimetrias adenúnclae acondenaçao hlstórlcadM corruptores - empresas eempresários
econOmkas entre os países que compõem o bloco. mlllonárlos que Manos se utllliam de esquemas afins.
Resposu:a Relp05ta: b
17. M comparar acorrupç!ocom um modelo de negócio consolidado, o li. Incorreta: Amatriz energética franCl!sa tem predomfnlo de energia nuclear,
auwr acaba por lnstltuclonallzá-la, sem, entretanto, ex.lmlr do Individuo sua sendo responsável por 75% do consumo energétko do país. Opaís busca
parcela de responsabllldade pela prática. Um sistema em que todos se benefi- uma translç!o dessa matriz e assume metas de reduç!o do uso de fontes
ciam - Indivíduo elnstltulç!o-Ulma acorrupç!o pragmática, por visar oêxito nucleares nos próximos anos.
ea utilidade prática, em beneficio de tlldos. Ili. Correta: Os Estados Unldoss!o extremamentedependentesde combustlvels
Resposta:c fMsels.
IV. Correta: Em 2011,AngelaMerkA!I decretouofethamentodas usinas atómicas
mais antigas do pais em decorn!ncla do acidente nuclear de Fukushlma,
18. As mudanças sociais naturalsocorridas pó~ rede mocratizaç!o eo no )ap!o.
amadurecimento do Estado e da democracia ao longo dos anos contribuem V. Incorreta: Acana possui maior eficiência durante o processo de produç!o,
para um sentimento de valorlzaç!o da liberdade econfiança crescente na força uma vez que produz mais biocombustível por área em relaç!o ao milho.
da democracia. Ocrescimento gradual dos movimentos sociais, apromulgaç!o Resposta:d
da Constitulç!o, o restabelecimento de direitos cMs e polltlcos s!o causas
e consequências do reconhecimento do valor da liberdade de expressao no
exercltlo da cidadania. oaumento na proporç!ode pessoas que acreditam no 2 3. Agloballzaç!oaumentou alnterdepend!ncla entre osatoreseconõmlcos
regime democrático ao longo dos anos, como mostra ográfico, é reflexo dessa globais. Após a quedado Muro de Berlim, em 1989, oplOCl!sso se Intensifica e
conjuntura.Ainda assim, cabe ressaltar que ocontingente deu% entre os que têm lnklo a quebra de barrelrastarlfárlas e oaumento do grau de lntegraç!o
preferem a ditadura n!o é Inexpressivo - vide as manifestações em favor da comercial entre os países. Aprocura pelos acordos preferenc.lalsde comércio
voltados militares que aconteceram em 2015. é uma alternativa aos amplos acordos mediados pelaOrganlzaç!o Mundial do
Resposta:d Comérclo,que busca um entendimento geral para Incentivar olivre comércio.
ARodada Ooha previa uma acordo comercial envolvendo todos os países. No
entanto, seu Impasse vem levando as nações a buscar soluções regionais e
19. Oconfisco dapoupançaaoqual aaltematlva•a•se refere ocorreu no bilaterais, de forma a dinamizar eagilizar as transaçõescomerclals. Amassl-
governo de Fe mando Collor de Melio, durante oc hamado 'Plano Collo r".OPlano ficaç!o da prátka leva à gradual erelativa busca de uniformidade que regule
Cruzado lançado porSarney foi oprimeiro de uma série de medidas lançadas a transações entre economias com padrões multo dUerentes.
partir da redemocratlzaç!oque visava combater alnflaç!o. Entre as principais Resposta: t
determinações do Plano Cruzado, estavam atrocado Crun!iro pelo Cruzado e
ocongelamento de preços.
Resposta: a 2 4, Agloballzaç!o unive~allza os avanços tecnológkose distribuino globo
as mudanças trazidas por ele. Alnovaç!o tecnológica revoluciona o moclo de
produç!o,a organlzaç!oe estrutura dasempresase do trabalho. Asubstltuiç!o
20. Acharge crltka ouso ex(esslvo de agrotóxicos na agrkultura brasi- dos processos manuais por processos automatizados aumenta aprodutividade
leira eas consequências do consumo de seus produtlls. Autlllzaç!o Intensiva esofistica oproduto. Porem, aotlmlzaç!o da produç!otem comoronsequêncla
de agroqufmlros, como pesticidas, fertli~antes e adubos químkos, apesar de o desemprego estrutural, que ocorre quando otrabalhador é substituído pela
aumentar aprodutividade, causa prejuízos à sallde humana, estando relacio- máquina. Por Isso o autor classlficaofenõmenocomo perverso.
nado principalmente à Incidência decasosdeclncer. Segundouma pesquisa do Resposta: t
IBG~ em 10 anoso aumento do uso de agrobixkos no Brasil mais que dobrou.
Estima-se que 10% dos alimentos in natura consumidos no Brasil estejam
contaminados com agrotóxkos. 25.
L Verdadeiro: Apesarde ~ haver umadlscrlmlnaç!o farmai contra as mui heres,
Resposta: e
alnferiorlzaç!o aparece na sociedade brasileira em aspectos como o salário
mais baixo em posições de trabalho Iguais eo baixo índice de mulheres em
21. opetróleo eogas natural s!oos principais produtosdeexportaç!o da poslç!ode chefia.
economia russa. Essa lnformaç!o ea análise do gráfico permitem Inferir que 2. Verdadeiro: Ourante muitos anos, as mulheres foram Identificadas como
o pais éoque mais sofre com aqueda nos preços do petrôleo, sendo o únko a responsáveis pelo lar e pelos afaieres doméstkos, cabendo ao homem o
apresentarretraç!o naatlvldadeeconõmka com aprojeç!odo barrllamenosde trabalho fora de casa. Mesmo com as mulheres conquistando mais espaço
sodólares. Aqueda do preço do barrllseacentuouapartlrdofimde 2014,devldo, no mercado de trabalho, ainda permanece em muitos setores da sociedade
sobretudo, à demanda mais baixa do que o esperado na Europa e na As la, ao avls!o de que amulher seria menos capacitada para cargos de chefia, oque
aumento da produç!oe ofertadoprodutoe aocresclmentodaproduç!ode xisto se reflete narompos~!o de gênero no Congresso Nacional.
betuminoso nos Estados Unidos, que se constitui numa alternatlvadeofertade 3- Falso: Abaixa representaç!o feminina na polltlca brasileira é reflexo do
óleo fora dos paises da Organ lzaç!o dos Países Exportadores de Petróleo (O pe p). preconceito da sociedade, que restringe opapel profissional epolltko que a
Resposta:e mulher pode exercer.Adeslgualdadedeg!nero !Imita, lncluslve,a ocupaç!o
de posições estratégicas pelas mulheres dentro dos própr!M partidos.
4. Falso: Afemlnllizaçao da política brasileira converge com os valores de
22. Igualdade dentro das democracias modernas.
1. Correta: Cercade70%doconsumo energético da China vem docarv!o mineral, s. Verdadeiro. Omovimento feminista surge para reivindicar Igualdade de
fonte altamente poluidora. No fim da década passada, o pais ultrapassou os direitos para homens e mulheres.
Estados Unidos ese tornou omaior emissor mundlaldegasesdoefeltoestufa. Resposta: vvm

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 175


.......................................................
.......................................................
SIMULADO
.......................................................
.......................................................

2 6, Aescritora Simone de Beauvolr éuma das maiores expoentes do 30, Aanálise das duas tabelas revela que oaumento dos Indicadores
movimento feminista. Em seu livro OSegundo Sexo, ela reflete sobre a de qualidade de vida é proporcional ao aumento da taxa de urbanlzaç!o
condlçao de Inferioridade e submlss!o da mulher na sociedade patnarcal. do pais ao longo dos anos. Apartir da segunda metade do século XX, os
Naf rase 'Ninguém nasce mulher. torna-se mulher', ela parte da premissa de projetos Industrialistas edesenvolvlmentlstas estlmularam ocre.sclmento
que amulher n!o se define apenas pelo aspecto biológico. Beauvolrclasslflca econõmlco ea urbanlzaç!o, que provocou melhoras significativas no modo
o conceito de feminino como uma construçao social dentro do contexto de de vida da populaçao. Isso ocorre principalmente porque, nas cidades, a
domlnaç!o do gênero masculino. Sua obra contribui para a organliaç!o da populaç!o tem mais acesso a serviços de educaç!o, saúde e saneamento
luta das mulheres por direitos e ajuda aImpulsionar nos anos 1960 protestos do que no campo.
que pedem Igualdade de gênero. ResposU:c
Resposta:c

31, Asúnlcasafinnatlvascorretas s!oa Iealll.Apnmelra fase representa


27. o Brasil na décadade194D, em que ataxa de mortalidade cal, proporcionando
1. Correta: Para a autora, a separaç!o de espaços e costumes destlnadM a o aumento consequente do crescimento natural. Na fase dois, na década de
homens e mulheres ê capitaneada pela estrutura social vigente que lmplle- 1980, o pais passa por umaevoluçao demográfica ao ver a taxa de natalidade
se aos Indivíduos. alta ede mortalidade baixa. Na terceira fase, que representa as duas ultimas
li. Incorreta: No texto, Vlrglnla Woolf critica as separações artificiais da vida dl!cadas, o processo se estabiliza: a mortalidade entra numa oonstante multo
social eoencarceramento das mulheres. baixa, enquanto aalta taxa de natalidade oomeça a ba~ar, como reflexo das
IIL lncorrm;Asformasde poderede domlnaçaos3ovanávels entre as diferentes transformações econômicas e sociais que se acentuam na segunda metade
culturas eexpressam sua origem socla\ cultural ehistórica. do século XX. Oquadro de estabilidade tem se mantido, principalmente por
IV. Correta Oblnarlsmo oculta eJustifica as estruturas de desigualdades entre causa do aumento da expectativa de vida eda reduç!odo número de filhos por
os tennos colocados em oposlçao. Na dicotomia mascullno/femlnlno, o mulheres, que passou de 6J nos anos 1960 para ~8. As taxas de natalidade e
primeiro assume asuperioridade em relaç!oao segundo. mortalidade de uma populaçao variam de acordo com o pais edependem das
Resposta: b condições socloeconõmlcas eestruturais de cada regl!o.
ResposU:c

28.
1. Verdadeiro: Omovimento pendular ocorre quando os deslocamentos s!o 32.
dllriose n!o pennanentes,comoos realizados por trabalhadores eestudantes. LCorreta: Oúltimo estagio da translçao demográfica aponta para sua esta-
Esses movlmentM ocorrem devido àfalta de oferta de emprego eestudoem blilzaç!o, com declínio da mortalidade eaumento da expectativa de vida
cidades pequenas. ll Correta:Ataxa de mortalidade tende acrescernooontlnenteeuropeu devido
1. Falso: o conceito de urbanlzaç!o está relacionado ao crescimento das ao envelhecimento de sua populaçao.
cidades eao processo de fonnaç!o ou ampllaç!odas áreas urbanas. Rura· Ili. Incorreta; Muitos países em desenvolvimento ainda sofrem com aexplos!o
llzaçao éofenõmeno de transferência de características do campo para o demográfica.
melo urbano. Nenhum dos dois conceitos édetennlnado pela ocor~ncla IV. Correta: AAfrlca apresenta a maior taxa de crescimento demográfico entre
de deslocamentM. os cinco continentes.Já a taxa da Aslaê baixa, apesar de ser ocontinente
3,Verdadelro:As migrações sazonais s!otemporárlas, também motivadas por mais populoso do globo.
questões de necessidade, como a busca de emprego em cidades dlstantes da V. lncorreta:O crescimento populacional apresentado pelos países do continente
moradia do trabalhado t asiático epelos Integrantes da América Latina êdíspar.
1. Falso: Oconceltodepopulaç!o relatlvacorresponde àdensldadedemográfica ResposU:d
de uma regl!o, ou seja: éa relaç!o entre o número de habitantes e a área
ocupada por eles.
s.Verdadeiro: Asegmentaçao entre os locais de re.sldêncla e de emprego 33, Em meados de 1soo, chegam ao Brasil os primeirosJesuítas, Inte-
ocasiona deslocamentos rotineiros e Interações espaciais entre as cidades. grantes da ordem católica Companhia de Jesus. Eles foram os responsáveis
Os arranjos s!oas unidades que concentram aoferta eoonõmlca, social ede pela catequlzaçao dM lndlose educaç!o dos colonos, através da construçao
Infraestrutura epor Isso recebem um grande fluxo de pessoas emercadorias. de Igrejas e coléglM. No processo de conquista e colonlzaçao da América
Resposu:VFVFV portuguesa, a Igreja (atóllcaatuou decisivamente para a expans!odo Im-
pério Ultramarino Lusitano. Acatequese eaconver1!0 dos nativos era uma
fonna de controle eocupaç!odos territórios coloniais. Atualmente, aIgreja
2 9, Para responder aesta quest!o épreciso Identificar aquais palses Católica se volta novamentl! àAmérica latina propondo uma renovaç!oe o
pertencem as cld ades apresentadas no grafl co, em que oontlne ntes esses palses desengeS!iamentode dogmas oonservadores, tendo como principal expoente
se localizam ese essas nações s!odesenvolvldasou em desenvolvimento. Das dessa mudança o papa Francisco. Como reaç!o t expans!o de rellgilles
20 cidades que figuram no mapa, 12 esUo no continente asiático. fias estáo evangélicas euma busca da renovaçao do seu público por melo da atraç3o
localizadas em países desenvolvidos, como Jap!o eCoreia do Sul,e em países da populaç!o Jovem (geralmente mais afastada de práticas religiosas), a
em desenvolvimento, como índia e China N!o à toa, a Asla é o continente Igreja se vale de ações como a reallzaç3o de eventos mobilizadores, como
mais populoso do planeta -quase 6o% dapopulaçao mundial mora em algum as Jornadas Mundiais da Juventude; o apelo à partlclpaçao dos Jovens
pars aslatloo. na dlfusao de praticas catequistas; e em práticas sociais Inclusivas, que
Resposta: a dialoguem com ocontexto social atual.

176 GE ATUALIDADES l l•scmcstrt 201'


34.
1. Correta: OIOH mede as variações no pallr!o de qualidade de vida de dl· [l)ff0R4, ,AbrD
ferentes populações eécalculado sobre três lndlcadore.s: educaç!o (anos ,..,. . .lfft
VICJOR Cl'itTA R08fRJOCIWITA
de estudo da populaç!o acima de 25 anoseexpectativa de e.scolarldade (1907-1990) (lls>,ol3)
para crianças~ saúde (expectativa de vida) e renda (Renda Nacional c«tllelhofdltollal:Vr:to1Cl'1tl Neto(ltesld8111,
Bruta per capita). Ttnnaz SOUlO c&:rea{'Vlce-PresldM!li,Al«sa11dra l.apparoi, EurfpedesAldnt.ara,
ll Incorreta: Ele varia de oa1e,quanto mais perto dei, maior é o bem-estar. GlanaloCIWltujOSéPdi«toQIUI)

Oranklng é dividido em quatro faixas: multo alto, alto, médio e baixo de- Prd4entt N>tll Mldla: Willter lOn,.>
PreO:ltntefdltora.•t"ll:AleiaMretaWlnl
senvolvimento. Diretor CClmeldal: ~Gblel COmprldo
Ili. Correta: OBrasil pMsul um ln dice de 0,755 e é classificado como um país Oltttu deVindas pmAuHfocll: omas Mletto
Dlfâo,de Marlletlns: Jla80Afno
de alto desenvolvimento humano, mas ainda está atrl.s de alguns países Diretora 0111ta1 eMclblle:Sa'llra.catYalho
v~lnhos,comoArgentlna eUruguai Oltttor de~ Edlll'.lflal:Edward Plm8'tl
IV. lncorreta:Apesarde serem os dois estados com pior IDH do Brasil, Maranh!oe D1re10ta.fdltmal Abtll: Alec:sard'i.Zapparolh
Aia,oasalndase encaixam na categoria de médio desenvolYlmento,enquanto
Lesoto eZlmbábue est!o na faixa de baixo desenvolvimento.
Resposu:a e=
Olfttl:lr ldlll:rlal · tstllo de Wlda: SêrgklGwercman
Oltttu deAeda(3o: rabloVdpe

35. Acompensaç!oamblental éum lostrumentode polltlcapúbllca que Diretor de Ntt:ráblo eosqA ldttus Nblo Akb sasakl, Usandra.Matl~ Ma-ln. Nadai, Paulo M:ttda
R1pórter:Ana lt.llrenço Anahsta. ,e lllforma(Df5 Gerelldals: S11ro1e Chawes de Tdedo Mal.lsta. ft
lníotma(tlf5 Gffe,c.lals ir,:Maria Femanda.Tepeldglan Des11n11s: Mnut Nao, WIIOr ll'l)Je At81dlmff'IIO
vlsaacontrabalançaros lmpactosamblentals esociais futuros ou Já ocorridos
ao UltU: caro11na.Garofalo, SVd'aHadch, soniaS.ntos, wall.111a Glorg~o CTl fdua-00 Blanoo(SupervlSor)
devido á lmplantaç!o de um empreendimento. Aconstruç!o de uma usina
PROOUTO OIGITAl Gertntede lle86dos Dl81lals: Mltlanne NIShlhat.a Gerentes ele Pfoeluto: Ptdro
hidrelétrica, por exemplo, provoca alnundaç!odeextensas áreas, oque pode hkre'lo e Rnt.aGoffl!S de Ag!Jar Mallstu de ltodutr:k Elllne Cr!Slhl oos santos e LeOnam e«nanlo
afetar a wgetaç!o local e forçar o deslocamento de comunidades Inteiras. A ou11ners: oanllo ~ \ ,-Alw lbelra, Stnone Yamamoto Al1ma(3o: Felpe lNr(IJI tst:aglitlet Da1el
tto oesawt,111,1110: NQrSl:l'I lrelato Poll, Cah reli., Denis v 1\15.'so, Eduardo e«&es Ferreira, Elton
compensaç!o pode se dar por melo da destlnaç!o de recursos para acrlaç!o Prado. fftatlltlo: \llnk:lusArruda
ou manutenç!ode áreas de conservaç!o pela empresa empreendedora. Esse CDI.ABDMRAM NESTA fDl;ÃO <onsult«&l: IIIOberto Cardtkrl bporl3t1J11: Cihdkl SOi'~ Ofdo TtuJllo
Instrumento está assegurado na lei quelnstltul oSistema Nacional de Unidades hb'ae; Glown ~ su2111, Mlrdl N(I.UElraTonello, Martlla san ).lan Aançl, ShEfla. Mrarda, Thals
Matcg Plnhdrt>i Therna V!flturol~ Yllllll'II ladro, Ytrl Yil9c:oocebs. lnfqyaflae lluflJ~AI"' Ny>!lrq
deConservaç!o da Natureza Mwrldo Plane!, MUltl-SPAl!'risl:k ):d \li~ Berna-do
Resposu:d WIIM,&!Jadcetudm.o:m.ru
VINDAS O[ PUBUCIDAD( -An:lrta\'elp; !RD,AIU Stvens Onttrrw:lcna.0,.WMaeooo«ooa, oec«açao
e e ~. Cristiano Pencna '"nancsrt4 Oillllela seraftm (recrd0$la, Telea>m, Ed~ao e saddfl
36. Orompimento de uma barragem de rejeitas de mlneraç!o da em- Sielna SOOto (Bens de Coosurrol Wlllam Haec,lai (rransp:,~ '**Hkladt\ fntrECenlfflllO e Turtsmo)
VENDAS NAl NJOltN(IA -MaJltofl Granacb(ltcus,:isl, Ctrlhla:Obre:lrt(OroJa(J) ewne,rtmnln~
presa Samarco, na zona rural de Mariana (IIG), provocou o maior desastre DanlelaVadl twl ka-o ffdtas (OOJltÇao ~a,IUfestJI•, LUd Sllta ('l'endas Martdlfl.! 01,eto), Marco
TulkJArabe (rst.Wlo de Crlai;aci, Mary Vtru{VtndasC«pora11wa5l PmflgoChlfla311a(e-bU51nesisl Yi11son
ambiental Já ocorrido no Brasil. Uma enxurrada de so bilhões de litros de JOnkr r.tndas Pesmls) MUICEf!NG- Miro A.bellelra('\lejal,Andrea.Costa íPesqutside M!Kado), ctw
lama contendo metais pesados atingiu nove cidades percorrendo o Rio Affletla. (Ufesttkl, <arollna. &fflalll (rn1n1n~, Diego MaO!do ~lw11 61& oatq ralaNdprete (l);am•,
Rbrdo Packness ()M:eans e fwntos). OIGITAL f MO Bill . Adriana btobtlr:l{Métr~, Alrton l,:p!S
Doce ate desaguar no litoral do Espírito Santo, a mais de 600 qullõmetros (T~dasl Man:OS Rancescdnl (IBpn~de Terdnd~, Pl:ldrlgo MUUns(llHles so~
de dlst!ncla Aregl!o mais afetada foi o distrito de Bento Rodngues,onde APOIO . Mflll IMNOED COIITENT . oa,nar serpa, ICUla Milltelbe Thla&OAral.lO PlANE,!AMIHfO,
ao menos 17 pessoas morreram e mais de 600 ficaram desabrigadas. A CDHTllllE e OPEM~OIS - fdlson soa-es ~ . flenatumunes (Marketing e c«rtlódo) CIOD< e
AIRll PRfSS EIEnce renart RfCUASOS HU*NOS . Nll KoN (Sa,We e Sttwl{osl Aleslsard'ade castro
responsabilidade pelos danos humanos, sociais eamblental.sédaempresa (Desnolflmtnto Otp11tzadoniill Mlrdo Na.Sdmento ~UIIEfaç20 e eene«dos) e 11e11naCOtdelro
(Consultoria htlfna)
poluidora, segundo o direito ambiental, através do princípio do poluidor-
RfOAÇÃO e (OR.ltfSPONOlk<IA -IN.das •ai;6es Ufl~ 7UJ, ~ and~ Pinheiros, sao Pau~ SP,
-pagador. Oe acordo com a leglslaç!o, cabe ao poluidor fornecer os recursos c.EPo~lel.bl)):97-1000.
earcar com os custos de reparaç!o. ASamarco, cujos donos s!o a brasileira PU IUCIDADf sAtl PAUlO e lnbrma(lle mtt rt!Pf9!ntllltesde: p.tillddade no 1ras11 e 11> fl:tell«:
Vale e aanglo-australiana BHP, Já foi acionada legalmente para arcar com www.publabrll.cun.lr
as consequências do desastre. Gl At\lAUCWIS l' sene:m JOl6 «b3 ~N ]IHfiU-10419 J) 4unapuUkaçao dafdtmAkll Ed"6f5
anll'ltns:'ffl'da9'dJ§laemteocas,pelo 1nçodu'.1Unaed(J)tm bl'lta ff81Sdespuadenmessa. SOldt!
Resposu:c ao !eU 1analelf0. DISIJlluda:emtcdo o pats pela.OtapSA. Dtstlbukb'aNadcnalde PUUI~ sao Paub.
APU BUCA-;AO nu adldte publk:ldldit rmlonal.
SIIWIÇDAO ASSINAN'f(: Grarde s:ao Paulo: tuJ sol]nu

37. Segundo dados da Organlzaç!o Mundial da Saúde (OMsi mais de Demais kolldads OI00}'1'Sllll VMw.abrllsac.(J)ffl
PARA ASSINAR: Q'ande: Slo Paulo: (1l) 334,nll
Demais kolldads 01007152&» VMW.asslneabrll.com.tr
so milhões de pessoas s!o Infectadas pelo mosquito da dengue (o Aedes
Para adqulllr osdlreltt.lt de ttprodU(Jodetextos e Imagens do QJacb Estudante,
aegypt~ todos os anos. OBrasil passou por uma grave epidemia da doença aasse M'IW.abrlcaiteu:lo.combr
em 2015, quando foram registrados pelo menos 1,5 mllh!odecasos prováveis IMPRfS'SA NA GRN'ICA .OIIU•. Ot.aVlam Ahedf! Uflll, 4400, CEP029(11}9)0 · fft&,tlesladoó ·
da doença, com mais de 700 mortes confirmadas de acordo com o Ministério S:loPaJO·SP
da Sa(lde - os índices s!o recordes no pais. Além da dengue, o país também IVC.. rtPP ~ ~ SIP
se viu assolado por outras duas doençasadvlndas do mesmo mosquito trans-
missor: a febre chlkungunya, com Início em 2014, ea febre zlka, a partir de ,,Abril Ml~U.
Praldeflte:Walt8" LOOW)
2015. Com sintomas multo parecidos com osda dengue, ozlka vlrus alarmou
Oltttor·SUpetlntenditfltt da Grãftca: EdualdoCosta
o pais devido á relaç!o entre os casos da doença e o surto de microcefalia, Olrelor ele flrer9seGe:stlO: rábk> Petrossl Gllb
especialmente na Regl!o Nordeste. 011etoraJurldlca: MarlanaMaela
Olftloradit AeOJUOt HUmanos: Oaudla.Nbelro
Resposu:d

GEATUAUDAOU l l•ur11cstrt 201' 177


.......................................................
.......................................................
PENSADORES
.......................................................
.......................................................

Zyginunt
Bauman,
o pensador da
1D • •
modernidade
líquida
Na época atual, o ritmo
incessante das transformações
gera angústias e incertezas e
dá lugar a uma nova lógica,
pautada pelo individua1ismo
e pelo consumo

''Fluidez• é a qualidade de
líquidos egases. (..J Os lí-
quidos,diferentementedos
sólidos, rnl'o mantêm sua forma com faci-
lidade. (..J Os fluidos se movem facilmen-
te. Eles ''f!uent'1 •esrorrem.... •esvaem-se"'
"respfncrnm.., '
"transbordam" ' "vazam..,'
'"ó_.. ~ j ' '

"inundam"(. ..) Essas stlo raz/Jes para


considerar •jluideZ" ou "liquidez" como
metáforas adequadas quando queremos
captara naMeza da presente fase(._) na laços de identificação entre as pessoas, Assim,duas das características da mo-
história da modernidade. que trazem a ideia de perenidade e a dernidade líquido são a substituição da
O trecho acima faz parte do prefácio sensação de segurança. Na era sólida, ideia de coletividade e de solidariedade
deModernidadeLíquida, uma das princi- os valores se transformavam em rinno pelo individualismo; e a transformação
pais obras do polonês ZygmuntBauruan lento e previsível. Assim, tinhan10s al- do cidadão em consumidor. Nesse con-
(192S-), professor en1érito das universi- gumas certezas e a sensação de controle texto, as relações afetivas se dão por
dades de Leeds (Inglaterra) e Varsóvia sobre o mundo - sobre a natureza, a meio de laços momentâneos e volúveis
(Polônia) e un1 dos mais importantes tecnologia, a economia, por e.xemplo. e se tomam superficiais e pouco seguras
sociólogos da atualidade. Com uma lin- Alguns acontecin1entos da segunda (amor liquido). No lugar da vida em
guagem simples e acessível, Bauman metade do século XX, como a instabili- comunidade e do contato próximo e pes-
lança um olhar critico para as transfor- dade econômica nuindial, o surgimento soal privilegiam-se as chamadas cone -
mações sociais e econômicas trazidas de novas tecnologias e • globalização, xões, relações interpessoais que podem
pelo capitalismo globalizado. contnbtúram para a perda da ideia de ser desfeit as com a mesma facilidade
Conceit o central do pensamento do controle sobre os processos do inun- com que são estabelecidas, assim.como
autor, a "modernidade líquida" seria o do, trazendo incertezas quanto a nossa mercadorias que podem ser adquiridas
momento lústóric.o que viveiuos atual- capacidade de nos adequar aos n ovos e descartadas. Exemplo disso seriam
mente, em que as instituições, as ideias padrões sociais,que se liquefazem e mu- os relacionamentos virtuais em redes.
e as relações estabelecidas entre as dam constantemente. Nessa passagem do A modernidade líquida, no entanto,
pessoas se transformam de maneira mundosólidoaolíquido,Baumanchamo não se confunde com a pós-modernida-
muito rápida e imprevisível: atenção paro a liquefação das formas so- de, conceito do qual Bauruan é critico. De
"Tudo é temponirio, a modernidade ciais: o trabalho, a família, o engajamento acordo com ele, não há pós-modernidade
(..J- tal como os líquidos- caracterim-se político, o an1or, a ain izade e, por~ a (no sentido de n1ptura ou superação),
pela incapacidade de manter a forma•. própria identidade. Essa situação produz mas sim un1a continuação da moderni-
Paramelhorcompreenderamodenu- angústia, ansiedade constante e o medo dade (o núcleo capitalista se mantém)
dade líquida, é preciso voltar ao período líquido: temordodesemprego,do violên- com uma lógica diferente - • fücidez da
que a ant ecedeu, chamado por Bauman cia, do terrorismo, de ficar para trás, de época anterior ê substituída pela vola-
de modernidade sólida, que está asso- não se encai.·rnr nesse novo mundo, que tilidade, sob o donúnio do imediato, do
ciada aos c.onceitos de comunidade e muda nwn ritmo hiperveloz. individualismo e do consumo. ll!I

178 GE ATUALIDADES l l • scmcstrt 201'

Вам также может понравиться