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JORNALISMO DE REFERÊNCIA.
Edição Nº 262 - 25 de Janeiro de 2013 Director Gustavo Costa Luanda 200 Kwanzas - províncias 250 Kwanzas

CAN 2013
Palancas
amestradas
presas por
um fio

>>P. 28

FNLA
Auto-flagelação
soma e segue
na liderança
de Ngonda

ANOS Há 40 anos
>>P. 15

Assassinato de
Amílcar Cabral
NESTA EDIÇÃO envolto
Gustavo Costa, Isabel Bordalo, Manuel António, em mistério
Vitor Silva, Jacques dos Santos,
Luís Fernando, Tandala Francisco, Filomeno
Manaças, António Tomás, António Bilrero,
Dina Cortinhas, Graça Campos, Adolfo Maria,
Rui Falcão e Adalberto da Costa Júnior,
escreveram sobre o Novo Jornal.
>>P. 20

1.º CADERNO ECONOMIA MUTAMBA


Kuando-Kubango Orçamento 437 Anos
A nova coqueluche Novas estratégias Luanda
do Executivo males antigos e os Kalús
>> P. 14 >> P. 08 >> P. 06-07
02 25 Janeiro 2013

Dossier
olhares diferenciados, que fizeram
da sua marca uma seiva vivificante
e incontornável para um exercício
saudável da liberdade de imprensa e
da democracia no nosso país.
O Novo Jornal provou que é possível
manter viva a independência edito-
rial de uma publicação com recurso
a uma linguagem civilizada, embo-
ra não isenta de críticas e reparos
intelectualmente honestos. O Novo
Jornal soube, desta forma, afirmar-
se como um projecto editorial inde-
pendente, dotado de personalidade
própria.
O Novo Jornal ao longo dos seus cinco
anos de existência soube provar que
era possível acabar com “o descon-
solo, a vileza medíocre e cinzenta”
e trazer uma fragrância de ar fresco à
imprensa angolana. E trouxe-a!
Mais do que um “lay out” ao esti-
lo dos melhores jornais do mundo,
concebido pela criatividade da EDI-
TANDO – a agência que procedeu à
sua concepção gráfica - também ao

sementes
da diferença Cinco anos depois de terem sido ambos os lados da contenda militar,
acrescentadas, com o surgimento do soube também dar o seu contributo
Novo Jornal, novas “sementes da di- para o fim da guerra civil.
ferença” à liberdade, este semanário O Novo Jornal partiu de um tempo
orgulha-se de se ter imposto como em que as persianas da liberdade
um marco de referência no jornalis- estavam maquilhadas com um fal-
mo angolano pós-Independência. so pluralismo porque persistiam em
O Novo Jornal nasceu depois de um agarrar-se ao cobertor do unani-
tempo em que a liberdade escure- mismo e corroíam, a céu aberto, a
cia cedo e as botas enfurecidas das diversidade, ofuscando a existência
sentinelas da censura insistiam em do Outro.
fazer prolongar o silêncio das vozes O Novo Jornal partiu de um tempo em
Gustavo costa da diferença. O Novo Jornal nasceu que as liberdades cívicas não foram
Director
depois de um tempo em que a liber- oferecidas mas antes conquistadas,
dade de imprensa, titubeante, contra tendo-se imposto, com dignidade,
os extremismos de vozes raivosas de como um laboratório de ideias e de
25 Janeiro 2013 03
 

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! 

  
  
  
   
      

  


JORNALISMO
DE REFERÊN

Novo Jornal tem plena consciência de que também tem defeitos de


Edição nº CIA.
247 - 12 de
Outubro de 2012

Vai para Wa Director Gustavo

shington
Costa

Ana Dias
Luanda 200
Kwanzas
- Provínci
as 250 Kwanzas

Integração

Lourenço
Region
al
Cobre da
na rota doTanzânia
CFB

chaparia e não se envergonha de reconhecer que aqui e ali, como outras no BM


Planeamen
A ex-ministr
to
cessante foi do governo
a do
Guiné Bissau
Alta tensã
nos quart o
éis
>> P. 21

publicações de nomeada, incorreu em alguns atrolepos


indicada pelo
Presidente
José Edua
dos Santo rdo
s para assum
o assento ir
reser
Angola no vado a
Board do
Banco Mund
ial, em >> P. 27
Washingto África do
n. sul
“Acordo de
entre Zumacavalheiros”
e Montalanthe
?
>> P. 31

Maboque
na Hor@ >> P. 26


Sonangol
Influência
de Vicente
na corda
bamba
1.º CADER
NO
Dossier >> P. 19

Venda ambu ECONOMIA >> P. 18


em causa lante Recursos
O carvão
naturais
>> P. 02 MUTAMBA
e o futuro Américo de
>> P.11 Precursor Carv alho
histórico
da luta pela
Independên
>> P. 06 cia

estilo de outras publicações de refe- não hesitou em apresentar à socieda- cados? Sem dúvida! Mas porque não e humildade, soube e saberá sempre ocultos, não ficou nunca indiferente
rência, o Novo Jornal fez a estreia do de o seu bilhete de identidade. quer ter a pretensão e, muito menos dar a mão à palmatória. à falsificação das regras do mercado
sistema de cadernos por edição. Essa aliança não impediu que o Novo a petulância de ser “o senhor abso- Nesta matéria, o Novo Jornal, em cir- em vários domínios da nossa socie-
Com o Novo Jornal veio também o Jornal se impusesse contra a amorfia luto”, o Novo Jornal tem plena cons- cunstância alguma, se sentiu ou se dade. O Novo Jornal impôs-se porque
tratamento diferenciado de temas de uma elite de intelectuais acríticos, ciência de que também tem defeitos sentirá diminuído mas não deixará quis fazer parte do leque de freios
como a economia e a cultura, a análi- que assumidamente decidiu demitir- de chaparia e não se envergonha de também de se orgulhar de se ter man- democráticos indispensáveis para
se e a investigação para a qual contri- se do seu papel e das suas responsa- reconhecer que aqui e ali, como ou- tido fiel à sua linha editorial, revelan- travar apetites totalitários, abusos
buiu, de forma notável, a Associação bilidades, numa tristonha reedição, tras publicações de nomeada, incor- do-se sempre avesso à arrogância e de poder, alucinações oposicionistas
Tchiweka de Documentação – ATD. como diria Lénine, dos “Idiotas Inú- reu em alguns atropelos. ao espírito de auto-suficiência, não ou “primaveras pueris”.
O Novo Jornal impôs-se de forma teis” do século passado e do século Despido de quaisquer preconceitos, cedendo a manipulações, não resva- O Novo Jornal impôs-se porque quis
irrequieta e incómoda sem nunca, presente… o Novo Jornal soube, no entanto, lando para assassinatos de carácter, afirmar-se como um dos veículos
porém, ter caído na sabujice sensa- O Novo Jornal impôs-se porque ao assumir as suas fraquezas e falhas, nem se embriagando com um vede- promotores do livre exercício da ci-
cionalista ditada pelos ditames do mesmo tempo que não se compro- tendo sempre noção das suas limita- tismo gratuito. dadania entre todos os angolanos,
mercado. O Novo Jornal soube esta- mete com as elites predadoras, não ções, agravadas pela pobreza e temor Resistindo a todo o tipo de pressões sem quaisquer distinções. O Novo
belecer como regras sacramentais o deixa de defender a promoção e o de uma paisagem social onde, para ou tentativas de mercantilização da Jornal impôs-se porque mesmo
cruzamento de informação, o respei- crescimento de uma burguesia na- desgraça dos jornalistas, as fontes de consciência dos seus profissionais, o submetido aos objectivos e às ló-
to pelo contraditório, o equilíbrio em cional patriótica, empenhada no en- informação tendem a apresentar-se Novo Jornal jamais, porém, preten- gicas comerciais que sustentam os
vez da fulanização, o nome próprio riquecimento espiritual e material da cada vez mais embaciadas, quando deu colocar-se em bicos de pés como grupos empresariais envolvidos na
em vez do pseudónimo e a pluralida- população através de um sistema de não se escondem por detrás da câma- se se tratasse de uma publicação comunicação social, soube fazer da
de em vez do monolitismo. distribuição da riqueza, que não sen- ra escura… eivada de pureza, pois, como escre- notícia um bem social e não uma
O Novo Jornal impôs-se também, e do igualitarista, com equidade chega O Novo Jornal não pode deixar de re- veu o romancista britânico Graham mera mercadoria. Ou, como diria
desde logo, como um produto inova- e sobra para todos: ricos, pobres e re- conhecer que poderá ter sido injusto Green, “ a pureza queima como o Eduardo Meditischs, impôs-se por-
dor num segmento de mercado virgem mediados. na avaliação do comportamento de vitríolo”… que a abordagem do jornalismo no
porque era o primeiro, no domínio da O Novo Jornal, no entanto, jamais certas figuras públicas ou menos ri- O Novo Jornal impôs-se porque lon- Novo Jornal pretendeu ser sempre
comunicação social, ancorado num se assumiu ou se assumirá como um goroso em certas investigações mas, ge de ser um produto panfletário ou “uma forma social de produção de
grupo económico – a ESCOM – que poço de virtudes. Cometeu erros e pe- em todos estes casos, com modéstia uma caixa de ressonância de poderes conhecimento”.
Temo-lo conseguido? Por raiar o
absolutismo e a soberba, seria de-
masiado pretensioso responder
pela afirmativa mas, no Novo Jornal
ninguém é ingénuo para ignorar o
potencial de conflitualidades que
pode estar subjacente na coabita-
ção entre os grupos económicos que
sustentam a comunicação social e os
jornalistas, enquanto agentes defen-
sores da liberdade de imprensa.
O Novo Jornal, acusado gratuita-
mente de ser um projecto sujeito ao
lápis vermelho da censura dos pa-
trões, provou, ao longo dos seus cin-
co anos de existência, porém, que é
possível delimitar, de forma clara, as
fronteiras entre os vários interesses
em jogo.
Por essa razão, a presença agora de
um outro grupo económico – a WYDE
CAPITAL – por detrás do Novo Jornal
alguma vez pôs em causa a sua auto-
nomia editorial e o direito do público
a ser informado pelos seus jornalis-
tas.
Dispondo de total autonomia nesta
matéria, à equipa de jornalistas do
Novo Jornal só resta arregaçar man-
gas e preparar-se para os gigantescos
desafios que terá que enfrentar nos
próximos cinco anos.
Porque as “sementes da diferença”,
que corresponderam ao lançamento,
As sementes da diferença a 25 de Janeiro de 2008, do Novo Jor-
nal, configuram agora um espaço de
configuram agora um espaço liberdade onde se diz o que se pen-
sa. Um espaço que não se preenche
de liberdade onde se diz o que apenas com sorrisos mas onde várias
se pensa.Um espaço que não se cabeças travam divergências saudá-
veis e indispensáveis em redacções
preenche apenas com sorrisos pluralistas.
Cinco anos depois, falta alguma
mas onde várias cabeças coisa? Falta muito! Falta sobretudo
agregar agora novos valores, valores
travam divergência saudáveis mais ousados e escalar novas monta-
e indispensáveis em redacções nhas. Para quê? Para continuar a de-
safiar e a lançar sobre o futuro novas
pluralistas “Sementes da Liberdade”…
04 25 Janeiro 2013

Dossier
António Tomás* Filomeno Manaças

Parabéns
Estatuto
conquistado

Novo Jornal
Solicitou-me o Director do Novo Jornal que debitasse algumas linhas
a propósito do quinto aniversário da publicação da qual é, de algum
tempo a esta parte, o timoneiro, convite ao qual acedi com prazer.
Leio sempre que possível o jornal e acompanho o esforço dos seus pro-
fissionais – ao qual rendo merecido tributo - para firmarem a publi-
cação como uma opção de leitura no universo da imprensa angolana,
um estatuto que considero já conquistado com toda a justiça.
São os leitores que fazem essa justiça, daí a persistência do projecto
Já lá vão cinco anos desde que te, da troca de ponto de vistas diver- editorial Novo Jornal neste percurso de cinco anos num mercado em
apareceu o primeiro número do gentes e da auto-crítica. que, tendo em conta as suas características, não é fácil uma publica-
Novo Jornal (NJ), em 2008. Por coin- Com todos os erros (e aqui erro no ção vingar.
cidência foi um ano quase inteiro sentido pedagógico, pois lembro-me As dificuldades vão desde os custos de produção, a luta pelo mercado
que passei em Luanda. Posso assim o Novo Jornal o jornalista Manuel António dizer- de publicidade e, não menos importante, a distribuição do produto
dizer que sou leitor do Novo Jornal
desde o primeiro número. Em 2009,
tem cultivado um me uma vez que em jornalismo é
preciso liberdade para se errar), com
final.
Curvo-me diante de opiniões mais abalizadas, mas tenho para mim
escrevi a primeira crónica no NJ e, ambiente de crítica todas as dificuldades (de formação que é mais comple- xo, mais custoso e mais difícil montar e fazer
como devo ter lido ou pelo menos fo- humana, num país em que a univer- perdurar um jornal
lheado todos os números publicados sobre os conteúdos sidade nem sequer forma licencia- do que uma rádio
 
 

 
!   
  
!    
 
      


 


desde então, estou à vontade para dos com qualidade suficiente para ou uma estação de
  

publicados que eu



falar sobre os feitos, erros, dificul- preencher as vagas de uma redacção televisão. Os avan-
dades, desafios desta publicação.
E seja qual for o balanço que faça
nunca vi em parte cultural), eu acho que o NJ é uma
aposta ganha. E a aposta foi, quan-
ços no domínio da
técnica e da tec-
JORNALISMO DE REFERÊN
Edição nº 249 - 26
CIA.
de Outubro de 2012

nenhuma
Director Gustavo Costa
Luanda 200 Kwanza
s - Províncias 250

tenho de reconhecer que o NJ tem do mais, oferecer aos leitores um nologia tornaram
Kwanzas

Guiné -Bissau

sido a contribuição mais séria para a espaço de diversidade de opiniões. hoje mais fácil as Militares não calam
as armas

compreensão da história do presen- E isso não é coisa pouca, num país empreitadas au-
te angolano. em que estamos habituados a que os diovisuais. Valente pontapé-de-
saída!
Em 2008, já havia os semanários, jornais sejam ou contra ou a favor do Para os jornais a
>> P. 24

Fundo
Bloco 4
Alta tensão

que, mesmo na sua condição de governo. O NJ veio, pois, ocupar este história é outra. no alto mar

marginalidade, eram as únicas fon- 5 anos é uma lição importante so- meio termo, nem a favor nem contra, Por isso há que Soberano
tes informativas que acrescentavam bre a relação entre independência constituindo-se como um veiculo brindar a este
investe Economia >> P. 05

alguma diversidade no panorama redactorial e os constrangimentos em que várias sensibilidades do país quinto ani- 356 milhões
Presidenciais
Debates televisivos
aquecem Quénia e
Ghana
jornalístico nacional. E isso num financeiros. encontraram espaço para expressar versário e dar em Londres
contexto, se quisermos, de um pon- Não estou a dizer que o NJ seja um livremente as suas opiniões. os parabéns à
to de vista mais estrutural, de dois o exemplo mais acabado de isenção E isso só mostra a destreza em que equipa por aju- Sai BMW e entra Jagu
>> P. 06
>> P. 30

ar
processos que decorriam simultane- jornalística (embora tenha de reco- o colectivo do NJ soube posicionar- dar a contribuir Parlamentares vão
sentar-se
CAN-2013

em cima de 59 milhõ Angola

amente. Por um lado, uma reorgani- nhecer que sendo eu provavelmente se perante a política real angolana, para o plura- es de dólares é o elo
mais fraco
>> P. 06 do grupo A

zação do político que já antecipava o mais irreverente dos comentado- onde ainda existem muitos traços de lismo de im- Dossier
>> P. 29
1.º CADERNO
ECONOMIA
Lepra BPPH MUTAMBA

uma vitória estrondosa do MPLA no res que passaram pelo NJ nunca me autoritarismo, que se traduzem nos prensa, para o preocupa
>> P. 02
Mário Tendinha
Sonangol cria
banco para habitação “Vento leste”
>> P. 06 histórias para o futur
pleito de Setembro – verdadeiro re- foi colocado qualquer tipo de limite limites que se impõem aos jornalistas pluralismo de >> P. 06
o

trocesso no processo de formação de sobre o que devo ou não escrever). em relação ao acesso à informação. E linhas editoriais
uma sociedade plural. Por outro, um Não. Mas o Novo Jornal tem cultiva- isso, nos últimos tempos, já sem ne- e, por via disso, para o reforço da democracia angolana.
processo de consolidação da econo- do um ambiente de crítica sobre os cessidade de se recorrer à violência. Tenho para mim que a sociedade é um mercado aberto de realização
mia empresarial, que, consequente- conteúdos publicados que eu nunca O poder tornou-se mais sedutor, e de ideias, entendidas estas como projectos. É na diversidade de pro-
mente, favoreceu quer a compra dos vi em parte nenhuma. Na minha qua- agora existem os prémios milioná- jectos editoriais, ancorados obviamente nos modernos princípios
semanários existentes, quer a fun- lidade de leitor consciente já escrevi rios que servem também para dis- do jornalismo, onde a ética e a deontologia devem constituir sem
dação de outros por parte de alguns várias vezes aos directores, o Victor ciplinar os jornalistas. O jornalista rendição a nossa bússola de orientação, que acredito vamos fundar
grupos empresariais. Silva, e, sobretudo, o Gustavo Costa, é assim levado a produzir certo tipo uma comunicação social angolana forte, capaz de contribuir para o
E foi como resultado desses dois pro- a comentar textos em que achei que de material, mais complacente em desenvolvimento do país, capaz de assegurar o exercício saudável da
cessos que surgiram os dois sema- o jornal estava a perder acutilância. relação ao poder, na esperança de cidadania.
nários de referência: O País e o NJ. E o que já se fez várias vezes foi en- um dia vir a ganhar um tão cobiçado Auguro que o Novo Jornal, surgido no mundo das gentes embrulha-
O primeiro seguiu uma trajectória volver outros jornalistas num debate prémio. E nisso também o NJ vincou do no manto da expectativa de vir a tornar-se um diário, continue a
mais ou menos esperada, em que os sobre como é que escolhem pontos a sua posição; não só não ganhou os servir os leitores com brio e profissionalismo e seja “militante” de um
interesses do grupo controlam em de vista, sobre que terminologias se mais variadíssimos prémios, dentro e jornalismo responsável, que contribua para o reforço dos valores de
grande medida o escopo da infor- usam para se falar de certas coisas. fora do país, como ainda conta com coesão política e social da nação angolana e para o progresso do país.
mação. O segundo fez um percurso Se um dia estas conversas fossem uma redacção que não se preza parti-
totalmente diferente: uma redacção tornadas públicas seriam uma gran- cularmente pela sua proximidade às *Director adjunto do Jornal de Angola
que sempre vincou pela diversidade de lição sobre os modos como se posições do poder.
de pontos de vista, independente- produz verdade jornalística e sobre Pela diversidade, só resta dizer, pa-
mente dos interesses do grupo. E como esta verdade jornalística só rabéns, Novo Jornal, e muitos anos
acho que a trajectória do NJ nestes pode ser alcançada através do deba- de vida. *Antropólogo
25 Janeiro 2013 05

Um dos méritos do Novo Jornal, quiçá


o mais nobre, tem-se centrado na
formação dos jornalistas, esforço nem
sempre devidamente compreendido

Luís Fernando* Manuel António*

Obrigatório ler “Chamem-me o que quiserem”


Pediu-me o Gustavo Costa - um jornalismo em Angola como uma espé-
amigo que prezo e, em grande medi- cie de vitória pessoal, porque tanto o
da, responsável também pela minha Vitor Silva como o Gustavo que davam
chegada ao jornalismo nos finais da vida ao projecto tinham sido meus ve- O Henrique Monteiro, jornalista emérito, crítico me qualidade ou saber, mas a necessidade de preen-
década de 70 – comentários da alma lhos camaradas de banca no Jornal de frontal, corajoso e, por isso, incómodo, chato e des- cher espaço, muitas vezes com bacoradas que enver-
sobre o “seu” Novo Jornal (NJ) que Angola, eles como efectivos na secção mancha-prazeres, não me condenará nem tomará por gonham aqueles que da profissão preservam a honra
esta sexta-feira, 25 de Janeiro, chega dos desportos e eu colaborador desse plágio que use o título das suas acutilantes, saborosas e dignidade. Tocamos vários instrumentos ao mesmo
à idade feliz dos 5 primeiros anos de mesmo pedaço da agitada Redacção e sempre actuais crónicas no «Expresso» como mote tempo e não dominamos nenhum na perfeição.
presença no mercado. daqueles tempos. de uma viagem iniciada em Abril de 2009 com o Novo O jornalismo angolano vê-se obrigado a viver em
É claro que não lhe chamou “comen- Portanto, se há méritos a isolar do Jornal à ilharga durante 24 horas em cerca de 1.500 movimento centrípeto ao redor dos centros de no-
tários da alma” ao que aqui hei-de conjunto da obra NJ, destaco com dias. tícias. Olha o fumo, vê a lava, cheira o enxofre mas,
deixar dito, tendo-me antes proposto bastante vigor o arranque fulguroso, Ao Vítor Silva e Gustavo Costa, que casuisticamente raramente consegue abeirar-se da boca do vulcão.
“um artigo de análise” sobre os efeitos que teve o condão de estabelecer no- me tiraram do desemprego, fiz questão de salientar Muito menos vislumbra o magma. Atingimos um es-
do surgimento do NJ na imprensa an- vos caminhos e, melhor do que isso, que «o Novo Jornal era a única publicação, em Ango- tádio em que os maus professores são tão perniciosos
golana. fixar uma fasquia que condicionaria la, onde me sentiria jornalista inteiro». quanto os falsos médicos, pois, se uns molestam os
A escolha daqueles termos pertence- todos os outros que surgissem depois. Queria eu dizer-lhes que o Novo Jornal, do qual era pacientes os outros matam uma profissão e inibem o
me em absoluto e quis, com eles, esta- Sei do que falo porque no mesmo ano, assíduo leitor, me abria a portas ao exercício do jorna- crescimento personalizado e sério de um dos pilares
belecer desde logo uma fronteira e um quando recebi o honroso convite para lismo que aprendera com alguns dos grandes mestres da Democracia.
caminho: que, na verdade, não entra- ajudar a estruturar o semanário O PAÍS -- no «Diário Popular», primeiro, onde transitei da Existe entre nós uma escola libertina, que confunde li-
rei pelo movediço terreno da avaliação que entraria para o mercado onze me- Tipografia para a Redacção e, depois, em a «A Bola», berdade com responsabilidade, que é desrespeitadora,
em profundidade da obra, a meu ver ses depois do NJ, a primeira grande re- duas verdadeiras universidades do mais distinto jor- preconceituosa, que assassina caracteres e lambes as
incontestavelmente conseguida, de ferência comparativa foi a produção do nalismo em língua portuguesa da segunda metade do botas ao dono.
ter o NJ semana a semana nas bancas, jornal que agora apaga cinco velas. séc. XX. Tenho escrito, por diversas vezes, que não conheço ou-
sem no essencial defraudar os leitores Disse a mim mesmo e à minha determi- Este primeiro lustro do Novo Jornal encontrou algu- tro lugar no mundo onde a Liberdade de Imprensa seja
que fidelizou. nada equipa: “se não quisermos fazer ma esteva e escalracho pelo caminho, agruras e dis- tão vilipendiada pelos próprios jornalistas como aqui.
Opinarei na minha dupla condição de papel de idiotas, ou somos como eles sabores, mas também militância e devoção dos seus Se incumbe à governação vigiar a competência de
leitor e colega ligado a outro jornal – ou os superamos, muito abaixo é que operários, porque todos, sem excepção, e a seu modo, quem lecciona para que aumente o grau de exigência
ou, se preferirem, na ordem invertida não vai dar”. fomos e somos intérpretes da nobre arte de produzir e dos formandos, aos jornalistas cabe a defesa do prin-
de colega/concorrente e depois leitor E foi assim que O PAÍS nasceu forte- dar à estampa a Informação. Com virtudes e os defei- cipal sustentáculo da profissão, a Liberdade, através
– mas sempre com a certeza, vista a mente condicionado pela existência tos próprios de uma sociedade onde, a despropósito e de uma prática ético/deontológica que abomine a ca-
pele que vista, de o fazer com a hones- do NJ, estabelecendo-se a feroz e sau- descaradamente, o sapato alto substitui o chinelo e a lúnia, a falsidade, a encomenda e o desrespeito pelos
tidade que ampara sempre os meus ac- dável concorrência que “numa boa” le- ânsia de botar figura nos transforma, não raras vezes, valores de cidadania e do Estado de Direito
tos, os públicos por maioria de razão. vamos ao limite todas as sextas-feiras em figurões de um analfabetismo funcional que raia Mas este e outros pressupostos apreendem-se na esco-
Devo começar por dizer que o nasci- desde então. Não entramos em histe- as fronteiras do risível. la.
mento do NJ em 2008 encontrou-me rias quando o Novo Jornal surge com Dirão os puristas, mailos acérrimos defensores de As nossas Universidades não podem ser fábricas de di-
a viver uma espécie de ano sabático, uma manchete de fazer inveja e nós um jornalismo politicamente asséptico, unívoco, nheiro para enriquecimento de nababos. Tem de haver
retirado da azáfama das Redacções, ficámos relativamente aquém, e acre- que não fica bem falar de nós e que menos bem fica exigência; tem de se pugnar pela qualidade; e tem de se
depois da minha experiência de anos ditamos que o mesmo acontece nas se- ainda aproveitarmos a efeméride para destaparmos impor rigor na selecção daqueles cuja responsabilidade
no Jornal de Angola e antes ainda nos manas em que somos nós os “heróis”. as fraquezas do jornalismo que temos no País e que o é, e sempre será, participar activamente na formação
Estúdios Centrais da RNA e no Emissor Ainda por cima, tratando-se de “furos” melhor seria fazer de conta e assobiar para o lado em das gerações vindouras.
Regional do Uíge. Escrevia livros, car- jornalísticos que só valem pela sua nome da receita que privilegia os interesses de casta. Um dos méritos do Novo Jornal, quiçá o mais nobre,
tas, ofícios para manter de pé a causa carga de cuidado e profissionalismo, Escrever sobre o Novo Jornal, aqui e agora, obriga- tem-se centrado na formação dos jornalistas, esforço
a que me consagrara, a da Anemia nunca tresandando a uma vontade me, por dever de consciência, numa recorrência que nem sempre devidamente compreendido por quem
Falciforme, e uma infinidade de ou- infantil de bater recordes ou de obter não me cansa, a voltar ao jornalismo que praticamos, espaventa o canudo como se nele estivesse contida
tros rabiscos úteis e ligeiros, mas nada vitórias obsessivas. fruto do que aprendemos nas nossas universidades, toda a ciência do mundo, mas que a evidência dos
do ritmo impetuoso das notícias e da Sinto que há um respeito a delimitar que é onde reside a raiz de quase todos os males que resultados demonstra ter sido a estratégia adequada
informação pública de uma maneira os nossos campos de actuação e isso, afectam a profissão, as quais produzem fornadas de para a afirmação de um projecto ímpar no universo da
geral. na minha visão e modo de estar no doutores da mula russa, de vocabulário «facebokea- Imprensa angolana, cujos resultados, por demais evi-
Tinha, pois, tempo para dedicar às coi- jornalismo, é o único elemento que no», incapazes de dividir uma oração ou de distinguir dentes, pessoal e editorialmente, são sufragados por
sas. verdadeiramente conta. Ganham com o sujeito do predicado e, o que é mais grave, incutem- uma plêiade de leitores atentos, críticos, parceiros de
E o Novo Jornal chegou-me às mãos isso os leitores, claramente, e aquilo lhes arrogância em lugar de humildade, o que leva «rout» e os grandes juízes da nossa forma de fazer e
com a “missão” de me converter em que poderia acirrar uma disputa sem a que alguns de nós vistam a toga e se armem, sor- entender o jornalismo.
seu leitor inveterado. Porque, clara- regras, acabou por se converter numa rateiramente, em juízes de causa militante, própria, Para aqui chegarmos suámos as estopinhas, sacrifi-
mente, representou desde o número espécie de complementaridade cida- confundindo um simples auto de notícia com a guer- cámo-nos imenso e fomos capazes de ultrapassar os
inaugural uma pedrada no charco, dã. Basta-me isso como angolano que ra das Malvinas ou um vocábulo benigno com uma escolhos que nos podiam garrotar a esperança. Não
num mercado em que infelizmente se se esfalfa por um país melhor. poção de estricnina. vencemos porque, no jornalismo, os combates não
tinha caminhado muito depressa na Como última consideração, devo dizer É tempo de se olhar para as doenças que afectam o se esgotam. São feitos de labuta diária, sem quartel,
arte de pontapear o jornalismo e suas que o NJ se tornou de leitura obrigató- crescimento saudável do nosso jornalismo que, por pelo povo e em nome do povo, exemplo de vontade
regras, substituindo o interesse públi- ria. Consegui-lo quando se tem apenas força de um escalonamento socioeconómico profun- de boa Justiça que ainda hoje vinca as sentenças ju-
co dos factos e fenómenos pela nojice 5 anos de uma vida longa, é encoraja- damente desequilibrado vê reduzidas as fontes de in- diciais no País.
do insulto e da devassa do cidadão. dor. Parabéns, pois, ao Gustavo Costa formação e o acesso aos centros onde palpita a notícia Este primeiro lustro, de muitos outros que nos espe-
Foi um alívio ver surgir numa praça e aos colegas todos que acreditaram devido à impossibilidade, por exemplo, de comer um ram, é, confiemos, apenas mais um degrau de uma
inquinada valores que se julgavam no projecto desde o início ou a ele se prato quente por dia em restaurantes que usam guar- aliciante caminhada em defesa de um jornalismo li-
enterrados para sempre. Senti aquele juntaram mais tarde. danapos de pano. vre, independente, intelectualmente capaz e respon-
resgate do lado profissional e útil do * Director do “País” Temos um jornalismo onde a especialidade não expri- sável. *Editor Desportivo
06 25 Janeiro 2013

Dossier

JACQUES dos santos*

uma publicação de angolanos voltada para os angolanos


Entramos, com este número, no nados temas, tornam-no num projec- Apesar de serem visíveis lacunas no Jornal” possibilitou a redescoberta
quinto ano de vida do “Novo Jornal” to sério e militante da construção da seu formato (refiro-me, por exemplo, do Gustavo Costa e de todas as suas
e é com o mesmo sentimento de ale- democracia na informação angolana à ausência de um mais forte jornalis- potencialidades. Deu-me o ensejo de
gria que neste momento envolve na- que - esperemos bem que sim -, tem o mo de investigação, à acutilância na apreciar semanalmente a erudição
turalmente o grupo de profissionais seu destino traçado mas demora, por reportagem de cariz político e com po- do Manuel António, de me surpreen-
que o constitui, que me associo às co- variadas razões, em impor-se. líticos e à permanente crítica literária, der com o talento do Adebayo Vunge
memorações da efeméride. Como seu Hoje, qualquer reflexão no âmbito teatral e de outras artes, como forma e da Aoani D’Alva e de vitoriar agora,
colaborador, fiel embora não muito jornalístico e da comunicação no ge- de apoio à cultura nacional), não me o regresso de Carlos Ferreira, o nosso
assíduo, sinto-me na obrigação de, ral terá forçosamente de se inscrever parece excessivo afirmar que o “Novo “Cassé”, ao lugar que lhe pertence. A
neste momento, tecer algumas con- na agenda das liberdades e, portanto, Não me parece Jornal” tem o mérito de estar a aproxi- metamorfose operada no trabalho de
siderações sobre o papel que vem de- no seu aspecto político, contraditório mar a população leitora da “revolução Isabel João é também digna do meu
sempenhando no cenário da comuni- e construtivista. Aqui entre nós e no excessivo afirmar social” que o periódico vem fomentan- realce.
cação social angolana neste período.
Começarei por afirmar que o “Novo
que compete ao sempre discutido
conceito da verdadeira liberdade de
que o “Novo Jornal” do, encontrando-se em posição pio-
neira em relação à afirmação de uma
Deste pessoal como de todos os ou-
tros não citados não tenho a anotar
Jornal” é, sem dúvida, uma publica- imprensa e dos interesses que muitas tem o mérito de identidade jornalística contra o con- quaisquer atitudes ambíguas ou au-
ção completamente voltada para os vezes a condiciona, uma das mais po- servadorismo e a bajulação gratuita, sência de rigor deontológico no seu
problemas do país e dos angolanos, lémicas e escorregadias questões que estar a aproximar a descarada e gravosamente utilizada comportamento, pelo que julgo esta-
apresentando um perfil adequado e
consentâneo com quem se compro-
se afloram, é a da isenção.
Neste âmbito, parece-me que qual-
população leitora no nosso meio.
Por isso, conscientemente e sem
rem em condições de cumprir com o
compromisso formativo do leitor, de
mete, como ele se comprometeu, a quer tentativa para eleger o órgão que da “revolução qualquer outro sentimento que não modo lúcido e didático, que é inerente
contribuir para o fortalecimento de no nosso país melhor interpreta este seja o da justiça a motivar as minhas à profissão de jornalista.
uma informação plural e responsá- princípio que surge, regra geral, nos social” palavras, considero o “Novo Jornal” Por tudo o que fica dito, parabéns
vel. textos consagrados como preceitos uma pedra fundamental no processo “Novo Jornal”, saúde e um bem-hajam
A sua postura política independentis- fundamentais e obrigatórios das li- de criação do jornalismo moderno em a todos os seus responsáveis e colabo-
ta e a dos seus mais importantes co- nhas editoriais das várias publicações, Angola. radores.
laboradores e ainda a exclusividade vai-nos levar inevitavelmente às dou- Não posso deixar de mencionar que *Escritor e presidente da Associação
utilizada na abordagem de determi- trinas adoptadas pelo “Novo Jornal”. o meu envolvimento com o “Novo Chá de Caxinde

 

 
mores sem base, publicitan-
!
    !
 




 
 


  
    


do afirmações claramente





   
 


imparciais, grosseiras e
Jerónimo Belo * JORNAL
ISMO DE
Edição nº
REFERÊ
259 - 4
NCIA.
de Janeiro
interesseiras.
de 2013

Dezassei
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Espero, e espero mesmo, que
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continue a assegurar a quali-


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o pretexto ”infantil”
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a por um
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dade dos seus profissionais
e colaboradores, alguns dos

para apagar 5 velinhas


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o para o
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>>P. 20
quais muito diferenciados, e a
continuação de um jornalismo
Angola
amanhã- Zâmbia
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com ética e que este “Jornalis-


Em foco
Diferenç
>>P. 22
mo ético” seja a grande meta do
entre An as políticas
gola e Gh
ana Novo Jornal, a sua utopia. E ago-
O tempo voou. E, de repente, vamos (a TPA “fechou a porta ao Jazz”) tem Este Cassé, obrigou-me a regressar ra, meu Caro Cassé, recorro ao Ca-
assistir ao fim do primeiro lustro do sido vivido exaltadamente. à minha profissão de bibliotecário, “Dossier
” sobre
a Baixa
>> P. 07

>> P. 08
República
Rebelde
Centro Africana
>>P. 16

marada Paulo Freire, o pedagogo


da conqus próximo
O mass de Cassan

Novo Jornal - minha companhia se- Ao pedido do meu velho e dilecto a mexer em papéis antigos, a vol- não conacre que o colo
je ista do po
der
dos oprimidos, para te dizer- com
seguiu n
esconderialismo
manal pelos cafés da cidade. Agora, amigo, diria também “compagnon tar à política, que há bué se afas- 1.º CADE
Fecho
Jornal Co
RNO
>> P. 02
ele- que “ o utópico não é o irreali-
encerrado este primeiro ciclo, em de route” Carlos Sérgio Monteiro Fer- tou de mim, a reflectir, mas vou zável, a utopia não é o idealismo, é
ECONOM
não paga ntinente Cimento
IA >>P. 19

>> P. 23
salários
Grupo He
aterra em idelberg MUTAMB

que, habitualmente, as taxas de reira, Cassé, com quem partilho há fazer mais como? >> P. 05
Bengue
la BESA CuA
Entre ltura
vista
Leonor Sá com
a dialéctica dos actos de denunciar
Machad
mortalidade costumam ser elevadas, imensos anos a paixão da música e o O jornalismo, com a panóplia de emocio- >> P. 06 o
a estrutura desumanizante e anun-
surgem as próximas dificuldades, os amor às letras, não poderia recusar. funções e características que hoje nais excepcionalmente ciar a estrutura humanizante. Por
permanentes desafios, as condições O que penso destes últimos anos do lhe são atribuídas, designadamen- difíceis (como a dos médicos e de esta razão, a utopia é também um
éticas do trabalho jornalístico e mui- “nosso” Semanário? te como instrumento fundamental, outros trabalhadores da saúde) é ou- compromisso histórico”. E agora eu
tos etc. … Quando vivemos hoje, no século como “catalisador” de difusão de tra maka interminável, sobretudo na acrescento, à guisa de conclusão:
O projecto jornalístico, mas também XXI, e num novo quadro neste país é informação no seu lato sensu, é cada perspectiva do chamado “Jornalismo compromisso histórico com a verda-
– necessariamente - cívico e cultural - mais do que nunca- necessário de- vez mais relevante nas democracias público”: designadamente, interlo- de, a ética, a liberdade e a democra-
que em determinada altura da minha fender a Democracia e, neste escopo, modernas, pois possibilita, entre cutores das instituições políticas ou cia. É muito, é impossível? Tentem
vida também abracei a convite do as suas relações com a “comunicação muitas outras coisas, a interpretação agentes de ampliação da voz dos ci- regressar à longa noite colonial…
amigo Gustavo Costa, em comple- de massas”; maka antiga e terreno de factos, a avaliação de argumentos dadãos e daqueles que não têm voz? Um abraço, meu Caro Cassé. Diz ao
mento de outras actividades que vou para longas e intermináveis discus- e também a promoção de condutas Eis a questão. Gustavo que vou continuar a escre-
mantendo discretamente noutros sões, muito longe do apaziguamen- e acções racionalmente perspectiva- Mas, regressemos, ao Novo Jornal, ver sobre Jazz. Xê minino não fala
órgãos de Comunicação Social, no- to. Serão variáveis independentes? das, motivadas. que tem mantido preocupação com a política!
meadamente no Jornal de Angola e Existirão sinergias nesta relação? É O papel do jornalista - profissão verdade dos factos e a objectividade *Jornalista cultural
na Rádio Luanda Antena Comercial apenas a ponta do “iceberg”. muitas vezes exercida em condições jornalística e evitado fazer eco de ru- e crítico de JAZZ
25 Janeiro 2013 07

Espero, e espero mesmo, que continue a assegurar a qualidade dos seus


profissionais e colaboradores, alguns dos quais muito diferenciados, e a
continuação de um jornalismo com ética e que este “Jornalismo ético” seja
a grande meta do Novo Jornal, a sua utopia

Dina Cortinhas* Adolfo Maria*

graficamente precursor dias intermináveis de


Há cinco anos atrás nascia o Novo Jornal e eu Pediram-me que neste artigo fizesse referência a uma escrita e de reescrita
sorria de contentamento, em Luanda. Porque ver espécie de cinco virtudes e outras tantas não virtu-
nascer um novo projecto editorial é, seguramente, des, por se comemorar justamente o quinto aniversá- Ter uma visão cosmopolita do
para todos e em todos os mercados um momento úni- rio. Mas não sei se o consigo fazer porque na verdade mundo e da sociedade, pensar
co de expectativa e de esperança. Por essa altura, tal
como hoje, Angola fazia parte do meu universo pro-
enumeradas uma a uma as virtudes podem ser mais e
as não virtudes muito menos.
o país sem particularismos nem
sectarismos, afirmando em si-
o novo jornal
fissional, embora de forma diferente. Não que o Novo Jornal seja perfeito e um produto multâneo a identidade angola- tornou-se uma
Por isso, meses antes, tive o grato privilégio de ser editorial e graficamente intocável. Obviamente que na, é uma tarefa necessária, mas
convidada, pelo Victor Silva, a apresentar, com a mi- não. Mas porque ele representa a modernidade onde, difícil, que a publicação semanal publicação de
nha equipa de então (Editando – Edição & Comunica-
ção) uma proposta gráfica e também editorial (mas
em 2008, ela não existia. Representa a qualidade. Re-
presenta a ousadia. Representa o profissionalismo.
NOVO JORNAL vem realizando
desde há cinco anos.
referência pelos
aqui só e apenas ao nível do nome e da estruturação Representa o empenho e o vestir da camisola de uma Certamente não foi o acaso que assuntos que
das rubricas que haveriam de o vir a compor) para um equipa (desde os accionistas, à Direcção, aos jornalis- determinou o aparecimento de
novo jornal semanário que haveria de arrancar em tas, aos fotógrafos, aos gráficos e a todos os restantes um grupo de jornalistas que de- aborda e maneira
Luanda em Janeiro de 2008. colaboradores) por um projecto no qual muitos não senharam um projecto e o execu-
Na altura, apenas nos disseram que o vermelho deve- acreditavam. taram. De facto, como em todos como os trata
ria fazer parte integrante da marca, que teríamos de Tudo isto feito por um conjunto de bons profissionais os fenómenos que às sociedades
projectar três cadernos diferenciados (Primeiro Ca- angolanos, quer em termos editoriais quer em ter- humanas digam respeito, tem de
derno, Economia e Mutamba) e que se pretendia um mos gráficos, alguns dos quais já não fazem parte da haver um quantum de condições Assim, parece lógica a congre-
produto arejado, em linha com as equipa que o publica semanal- para que eles surjam.No caso gação de vontades que levou ao
tendências internacionais ao nível Não que o Novo mente, mas que para sempre deste hebdomadário, parece nascimento do NOVO JORNAL.
do que era então o design gráfico ficarão ligados a este símbolo evidente que estavam reunidas No entanto, no impulso de vários
para os jornais de referência. Jornal seja precursor da moderna impren- em Angola, particularmente em movimentos sociais, culturais e
E a partir daí começou uma aventu- sa angolana. Luanda, as condições políticas, políticos é importante o papel
ra que em termos gráficos envolveu perfeito e um Hoje, em termos gráficos, e económicas e sociais para o seu do indivíduo (toda a história da
pessoas que muito admiro e que fi-
zeram do Novo Jornal um produto
produto editorial ainda que com algumas alte-
rações e a merecer um lifting
aparecimento em 2008.
Durante trinta e três anos da
humanidade o demonstra). No
caso da criação deste jornal e
único e precursor no mercado an- e graficamente rejuvenescedor – daqueles que Angola independente tinham- para o seu êxito contribuiram de-
golano e no panorama dos jornais não rebentam com o ADN, com se desenrolado acontecimentos cisivamente alguns jornalistas de
que nele se publicavam à data. intocável. a imagem nem com o carácter marcantes, alternadamente de mérito (que não nomeio aqui em
Das pessoas envolvidas então, faço
questão de recordar o João Mar-
Obviamente que – continuo a rever nas edições
que se publicam semanalmen-
esperança e de trauma: a euforia
da independência em 1975 e as
particular, mas são conhecidos
pela sua verve e competência).
ques, excelente designer gráfico não. Mas porque te os princípios que nos norte- expectativas que esta suscitara O NOVO JORNAL tornou-se uma
com quem levei por diante vários aram no desenvolvimento do nas populações; a feroz ditadura publicação de referência pelos
trabalhos (alguns dos quais para ele representa a projecto gráfico: instaurada logo com a indepen- assuntos que aborda e maneira
Angola) e que hoje se dedica de
forma brilhante ao mundo da fo-
modernidade onde, páginas arejadas, que convi-
dam à leitura; fotografias que
dência e os mitos que criara; a
guerra civil; as tréguas e a ilusão
como os trata, pela diversificada
colaboração que reune, provinda
tografia; o Jorge Ribeiro, actual em 2008, ela não atraem o olhar; títulos curtos da paz em 1992; a retomada do de intelectuais de valor, pela fres-
director criativo da Exame Angola, e incisivos; diferentes tipos de conflito armado; o seu fim em cura e frontalidade de algumas
que assegurou de forma eficaz e existia. Representa letra; separação clara entre as 2002; a esperança na paz e na de- das suas crónicas. È relevante
deveras pedagógica a formação de partes que compõem uma boa mocracia então renascidas. o seu contributo para o debate
uma equipa na qual poucos sabiam a qualidade peça jornalística (o título e os Em simultâneo, crescera uma bur- nacional que se vai instaurando
o que era paginar num computa- antetítulos quando existem, guesia que se tornou detentora e para o florescer de um pensa-
dor; e o Mateus Fula, que ainda o lead e o corpo da mesma, de poderosos meios económicos, mento isento de preconceitos de
hoje permanece como o chefe de produção do Novo assim como os destaques, as caixas, as perguntas e também milhares de angolanos qualquer tipo e onde predomi-
Jornal, e que liderou de forma brilhante uma jovem as respostas); demarcação clara das peças que inte- tinham adquirido formação uni- nem as concepções modernas do
equipa de designers angolanos que hoje dão cartas gram cada uma das páginas; organização gráfica que, versitária no país ou no estran- mundo e da sociedade.
quer no Novo Jornal quer noutros projectos editoriais embora e desejavelmente não sendo geométrica, não geiro e Angola começava a dar Para quem sempre pugnou pela
que entretanto surgiram e se reformularam. confunde nem distrai o leitor. passos no crescimento económi- liberdade do povo angolano e
Obviamente que o trabalho destes três profissionais E continuo a ver a Economia e a Cultura separadas, co (embora de modelo desequili- pelo progresso do país, é gratifi-
só foi possível porque toda a equipa estava deveras o que verdadeiramente me agrada porque sem cada brado e profundamente desigual cante verificar como estão cria-
motivada e empenhada em ver nascer e fortalecer uma delas a vida é muito menos interessante. Infe- na distribuição da riqueza e na das novas condições de debate
um semanário diferente, para melhor em qualidade lizmente, na versão impressa deixei de ver a cor e a vertente social). e de expressão e como, dos sec-
imagética é certo mas também editorial, pois todos separação clara entre os três cadernos, característica Todos esses factores eram favo- tores mais esclarecidos da socie-
sabiam que do cruzamento destes dois pontos nasce- inovadora que tão bem caiu no mercado. Que o futuro ráveis para que a sociedade civil dade, estão brotando indivíduos
ria um produto do qual se haveriam de orgulhar. a curto e médio prazo seja capaz de os recuperar, é o se tornasse mais desperta para de grande consciência cívica e
E assim foi, parece-me, pois cinco anos volvidos e com desejo que expresso e que muito gostaria de ver con- as exigências de um estado mo- de saber, que se batem por uma
alguma turbulência a bordo, como é característico da cretizado em 2013, para assinalar da melhor forma a derno e o sector intelectual fosse Angola de progresso. Neste movi-
vida de todos os mercados, de todas as empresas e de comemoração destes desafiantes e muito estimulan- menos seguidista que o dos alvo- mento se insere o NOVO JORNAL,
todos os projectos, o Novo Jornal aí está: vivo e reple- tes cinco anos de vida do Novo Jornal. res da independência, mais críti- cujos responsáveis e colaborado-
to de interesse. Publicado semana após semana, sem *Directora, à época, da Editando – a agência que co e desejando maior debate de res saúdo patrioticamente.
interrupções, e dando à estampa temas de interesse elaborou a concepção gráfica do Novo Jornal e ac- ideias, aspirando a uma moder- * Antigo militante do MPLA a
e de reflexão a todos os seus leitores, com um design tual directora da UANDA – Comunicação e Relações nidade, tanto tempo arredia do trabalhar em Lisboa como co-
gráfico que se mantém actual. Públicas em Angola país e de muitos que o dirigiam. mentador da RDP-África
08 25 Janeiro 2013

Dossier

victor silva*

tempos de mudança
Nove meses após ter cessado funções
como director, eis-me, novamente, nas
páginas do Novo Jornal, a publicação
de que fui fundador e que até hoje não
se envergonha de ser o que se propôs
desde o início: a referência do novo jor-
nalismo que se produz em Angola!
Volto não mais para assinar o Edito-
rial, nem noticias, reportagens ou en-
trevistas, mas desta vez para recordar
um percurso que já leva cinco anos e
que, em tão pouco tempo, pode ser
considerado compensador, pesem
embora os contratempos próprios de
qualquer caminhada, onde a meta,
à partida, parece tão fácil de atingir,
mas escolhos vários obrigam a es-
forços suplementares para a atingir,
numa passada só ao alcance dos ven-
cedores, já que os derrotados ficam e o romancismo das revoluções, com a conta, não valendo aqui citá-los com
pelo caminho. malta a reviver utopias e a querer pro- receio de omitir algum. Nacionais, con-
Curiosamente, nove meses é também var que podia “viver sem eles” (os do- tinentais e mundiais! Aká!
o tempo normal de gestação de um ser nos)!!!... O Novo Jornal “modelou” a concorrên-
humano o que torna mais interessante Interessante também porque se fize- cia, o que faz com que tenha obrigações
este meu “regresso”. Será que nasceu ram coisas bonitas, muito bonitas mes- acrescidas junto da opinião pública e
um “outro” Novo Jornal, trinta e seis mo, como por exemplo a parceria com desafios maiores quando confrontado
semanas depois da minha saída da di- a Associação Tchyweka que permitiu com o surgimento de novas publica-
recção? a publicação de uma série extraordi- ções de formato e estilos diferentes.
Por ser a pessoa menos apropriada para nária dos acontecimentos que faziam Uma “pecha” do projecto continua a
o fazer, deixo a responsabilidade aos cinquenta anos e que têm a ver com ser a ausência do “online” que, embora
leitores que, mais desapaixonadamen- a nossa História e o percurso que nos prevista, nunca conseguiu “descolar”,
te, estarão em melhores condições de conduziu a sermos hoje um país inde- obrigando a utilizar um meio alternati-
encontrar a resposta. pendente e soberano! vo que tem obtido um grande sucesso a
Não posso esconder que, neste inter- Outra beleza desse período de “auto- todos os níveis.
regno, várias foram as pessoas que se gestão” foi termos ido aos trinta e cinco Sabia o leitor que, mesmo não estando
me dirigiram questionando o posicio- A adaptação do jornal aos novos conteúdos anos das independências de todos os “online”, o Novo Jornal chega anteci-
namento do jornal, seja por ocasião países africanos de língua portuguesa, padamente, por exemplo, às mãos de
da campanha para as eleições gerais, de média, além das questões internas da com excepção da Guiné-Bissau, cujo José Manuel Durão Barroso, presiden-
seja mais recentemente na acalorada
disputa na comunicação social sobre
impressão e distribuição, será dos maiores dossier sempre foi acompanhado ao
pormenor nas páginas do jornal des-
te da União Europeia, de Madeleine
Albrigth, a primeira mulher a assumir
as relações entre Angola e Portugal, desafios do Novo Jornal de a sua fundação! Foi uma odisseia e a Secretaria de Estado do Governo dos
quando a turma ressabiada emergiu tanto, levar as nossas equipas de repor- Estados Unidos da América ou a Uni-
do esgoto e se comportou pior que as tagem às diversas capitais dos PALOP, versidade de Stanford, também nos
kitatas da baixa luandense ou da rua dirigimos juntos e até nos escritos que modado… (Xé menino, não fala polí- sem que a administração tivesse larga- EUA, onde é “religiosamente” consul-
das Pretas, ignorando origens, rasgan- cada um produzia. tica…) do “algum”. tado e guardado! E que em Cabinda, os
do códigos e éticas, atrás de um prato Logo, um jornal por ele dirigido tem A minha saída da direcção e do jornal Ter visto, por coincidência, o Venâncio serviços de inteligência se interrogam
de lentilhas, mesmo que servido em de ser, necessariamente, diferente, por abriu um novo ciclo, iniciado por uma Rodrigues e o Ampe Rogério descerem como é possível que alguns cidadãos
bandeja babada de cuspo que largam e muitos que sejam os pontos de vista nova administração e uma nova direc- no aeroporto do Sal e aí permanece- possuam uma cópia do jornal, antes
que lhes permite, hoje, reclamarem ser que comungamos sobre o papel dos ção. É assim a vida, que abre e fecha rem, praticamente sozinhos, à espera mesmo dele sair em Luanda?
a voz do dono. jornalistas e dos órgãos de comunica- ciclos à mesma velocidade da dinâmica do avião no dia seguinte para a Praia A adaptação do jornal aos novos con-
A minha condição de fundador e ex- ção social. Haverá lugar, sempre, para das sociedades ou mesmo das empre- (eu segui para Havana) apimentou teúdos de média, além das questões
director remetia-me ao papel de mero opiniões diferentes que nada têm a ver sas, entre outras. esse momento mágico que vivíamos, internas da impressão e distribuição,
ouvidor, preferindo o silêncio e reser- com dogmas ideológicos, como supor Durante os cinco anos deste projecto então, no Novo Jornal. será dos maiores desafios do Novo Jor-
vando-me, tal como agora, a reflexões que a figura de director-geral seja o inovador e vencedor (um pouco de Um jornal de referência, que marca o nal agora que entra no seu quinto ano
internas, só quebradas, circunstancial- “prolongamento da filosofia marxista- imodéstia faz bem ao ego) viveram- antes e o depois, por muito que isso de publicação, para se manter como a
mente, em rodas de amigos. leninista que entrou em contra-mão se vários sub-ciclos, um dos quais foi reanime úlceras em estômagos calci- referência do novo jornalismo que se
A longa amizade que me liga ao Gus- com o modelo de organização empre- particularmente interessante quando a nados pelo veneno da inveja e a dor de pratica em Angola!
tavo Costa, que nos conduziu a estar- sarial”. A figura do CEO é só das mais administração decidiu desacelerar nos cotovelo. Da parte que me toca, fica a grata ima-
mos juntos na linha de largada deste disputadas no mundo empresarial investimentos e o jornal viveu quase E um arrebatador de prémios, mesmo gem de ter sido o seu fundador!
projecto de imprensa, não significa moderno e sobre isso parece, sim, uma que em auto-gestão! e se esse não fosse o propósito quanto Parabéns!
unanimismos que, aliás, são visíveis bizarria quem dela não quer abrir mão, Parecia que, na época, tinham sido arregaçámos as mangas e fundámos
nas diferentes mais de 220 edições que mesmo quando douradamente aco- desenterrados o fervor, o magnetismo o jornal! São tantos que até se perde a * Primeiro Director do Novo Jornal
25 Janeiro 2013 09

É também comum o Novo Jornal surgir


com inúmeros furos jornalísticos,
especialmente direccionados a adivinhar
as mexidas palacianas!

 
 

!   !

  

  
   
 
    
    
 



Adalberto Costa Júnior*


JORNALISMO DE REFERÊNCIA.

Rui Pinto de Andrade* Edição nº 253 - 23 de Novembro


de 2012
Director Gustavo Costa
Luanda 200 Kwanzas - Províncias
250 Kwanzas
Emídio Rangel e as traqui
da justiça portuguesa nices Parlamento
Conselho de Administração

inspirado
nas mãos de Ramos da Cruz

uma lupa para Segundo a Forbes


Isabel dos Santos entre
os 40 mais ricos de África
>>P. 08

o florescimento do país Mãozinha


Kangamba renuncia
Água dura tanto
bate até que fura...
>>P. 31

no “expresso”…
A todos quantos integram o Novo Jor- conhecimento daqueles que acom- de preconceitos A criação de um novo projecto jor- longínquos anos pós independên-
nal, por ocasião do seu 5. aniversário, panham a sua trajectória, os outros nalístico, neste caso de um novo se- cia, altura marcadamente revolucio-
>>P. 06

Crise na RDC
>> P. 10
Rebeldes do M23
De vários chefes de Estado entraram em Goma

apresento os mais sinceros parabéns e (há imagem do que tem acontecido Novo Jornal destapa folh
a de salários manário, é sempre um acontecimento naria.
votos de que continuem a pugnar por com muitos) ficarão pelo caminho, à 1.º CADERNO
Dossier ECONOMIA
>> P. 28

MUTAMBA
>>P. 25
relevante para uma cidade, para uma Creio mesmo que ela foi o primeiro
uma informação cada vez mais séria, procura de culpados para a sua frus- região, ou mesmo para um país. No pivot da televisão em Benguela. Fi-
Criminalidade Refriango
Aposta Ana G. Marques
feminina alta A dança contemporânea
>> P. 02 no Índico
>> P. 04
na temporada de 2012

isenta, responsável e credível, fazen- tração, incapacidade e falta de discer- nosso caso, surgiu primeiro o mujim- quei orgulhoso ao reencontra-la,
>> P. 06

do valer o princípio e o direito consti- nimento para distinguir “informação” bo de que novos projectos estariam a uma angolana, com responsabili-
tucional de livre acesso à informação, de “opinião”.  
 

ser lançados, tendo em perspectiva dades de chefia numa holding de
contribuindo para a formação dos A abertura à Comunicação Social  
os desafios futuros e a necessidade referência.

!   ! 

  
   
 
    
    
 



nossos compatriotas e para o reforço Privada trouxe consigo o mesmo fe- de alguns dos novos poderes econó- Se faço um olhar crítico, e importa
da democracia plural no nosso queri- nómeno que verificámos aquando JORNALISMO DE REFERÊNCIA.
Edição nº 252 - 16 de Novembro
micos internos e não só, procurarem referir que uma crítica pode ser po-
do País, que todos amamos e que to- da democratização das Federações demarcar espaços de opinião. sitiva ou negativa, verifico que ge-
de 2012
Director Gustavo Costa
Luanda 200 Kwanzas - Províncias
250 Kwanzas

dos queremos ver desenvolvido. Desportivas. Muitos, porque tinham Na verdade, nos últimos anos, gran- ralmente o Novo Jornal procura ter a
Guiné-Bissau
Aumenta pressão
sobre jornalistas

O “Novo Jornal” desde cedo mostrou alguns kuanzas excedentes, entende- des movimentações foram operadas opinião dos diferentes actores políti-
ser diferente de muitos, por muitas e ram “abocanhar” aquelas instituições. EUA
>>P. 24
no campo da comunicação social cos. Tem uma boa revisão dos textos.
diferentes razões. Desde logo porque Fizeram-no, mas foi passageiro. pública e privada. Foram efectuados Também procuram com regularidade
Excessos despromovem
comandante da Africom

alguns dos seus fundadores e profis- Hoje, a apetência para a criação de >>P. 31
investimentos milionários no sector ouvir o porta-voz da UNITA e este é
sionais ao seu serviço, são quadros da títulos, não para melhorar os níveis de Desencontrados
da comunicação social, toda ela. Na de opinião que o jornal tem sido fiel
Quem manda
Gala de beneficiência
Elton John e Grey Goose
unidos contra o VIH

Informação, com excelente formação informação, mas, em imensos casos, imprensa escrita desde 2008 surgi- na transcrição das suas declarações.
e longos anos de “tarimba”, sendo, para servirem de meio de protecção de no Kilamba?
O ministro ou o Presiden >>P. 28
ram pelo menos cinco novos títulos, Isto é bom pois a nossa praça vai de
te?
por isso mesmo, jornalistas de facto, outros interesses que nada têm a ver uma nova televisão e também novas mal a pior nos maus hábitos da cen-
Parqueamento na Baía
>> P. 06
Preços “pornográficos”
Xi Jinping geram abaixo-assinado

Corrupção na agenda do
com perspicácia, savoir-faire, experi- com o objecto social desses Órgãos, é do Partido Comunista da
novo timoneiro
China
>> P. 30 >>P. 13
rádios apareceram com o Estado a sura, de se efectuarem cortes lá onde
ência e amor à profissão, sem precon- visível a olho nú. 1.º CADERNO
Dossier
Aumentam os casos
ECONOMIA
Ensino MUTAMBA
Sérgio Piçarra
mediar esta competição de modo não convém. Também muito positi-
Academia BAI

ceitos e defensores acérrimos de uma Neste emaranhado de interesses, ainda não muito leal. vo o Dossier, procurando oferecer ao
de cancro da mama
vira universidade O desnorte da Banda
>> P. 02
>> P. 11
Desenhada em Angola
>> P. 06

informação cujo objectivo único seja vai havendo espaço para o reinado da Diria como que a brincar, que sur- leitor uma visão sob diferenciados
o de apresentar os factos, despidos de mediocridade, mesmo que de maneira giram duas novas televisões e que ângulos da temática escolhida.
maquilhagens com interesses ínvios ou efémera. Ou seja, ainda vai havendo  
 

!   !  



se fechou um dos canais estatais! Positiva a oferta de conteúdos eco-
com objectivos inconfessos como é co- espaço para uns quantos “achistas”, Aprovou-se muita legislação de nómicos oferecendo aos leitores e
  
   
 
    
    
 



mum ver-se em muito do que se produz como diria o João Melo, e outros quan- maneira a restringir a liberalização aos empresários informação diferen-
na nossa comunicação social. tos “fetichistas”, mascarados de Jorna- JORNALISMO DE REFERÊNCIA.
Edição nº 251 - 9 de Novembro
de 2012
Director Gustavo Costa
de algumas áreas de comunicação, ciada de âmbito económico. Falando
Esse esforço, perceptível a quem, listas, que tudo vêm, tudo sabem, tudo nomeadamente aquela radiofónica em matéria de capas, notou-se uma
Luanda 200 Kwanzas - Províncias
250 Kwanzas

Sonangol

como nós, lê o vosso semanário, en- adivinham, mas que em nada acertam. e televisiva. elevada presença das faces governa-
Venda de diesel à Siria
sob a lupa dos EUA

tusiasma-nos, enquanto partícipes do Não deve ser fácil para os defensores da Mas atenção, pois existem por ai tivas. A UNITA habitualmente tem as
processo de construção do edifício da linha editorial, manter o “Novo Jornal” China
>>P. 30
exemplos que podem fazer jurispru- honras do centro da primeira página
comunicação e faz-nos acreditar que longe dessa realidade. Mas, é por saber Eleições americanas
A rendição
da guarda dência e obrigar o governo a con- quando a notícia é negativa.
as insuficiências e deformações que dessa dificuldade, que admiro, cada O MUNDO ceder forçosamente alguns alvarás. É também comum o Novo Jornal sur-
vamos constatando são passíveis de vez mais, esse e alguns outros projectos Seria bastante interessante abrir de gir com inúmeros furos jornalísticos,
QUERIA >>P. 28

correcção e que quanto maior e me- que vão pugnando por uma informa- facto o sector da comunicação social especialmente direccionados a adivi-
OBAMA
Guiné-Bissau
Reforma deixa militares

lhor for a formação de todos quantos ção isenta, equidistante e balanceada a criatividade e competitividade do nhar as mexidas palacianas! Qual o
com um pé atrás

>> P. 26

se pretendem jornalistas, maiores e pelo contraditório, valorizando o facto Caso Quim Ribeiro contami
nado empresariado nacional. jornalista que deita fora a oportuni-
Ordem dos advogados põe
melhores serão os níveis de qualidade em detrimento da opinião de quem os 1.º CADERNO
Tonet na ordem
>> P. 12 >> P. 22
O Novo Jornal surgiu em força em dade de uma boa antecipação?
dos serviços que prestarão à socieda- deve relatar. 2008! Em força porque movimentou Olhando para os colaboradores, vejo-
Dossier ECONOMIA
HP Angola MUTAMBA
Os 37 anos
de Independência Tecnologia e Filipe Zau
grandes negócios O ensino
>> P. 02

de. Por isso mesmo, permitam-me que um conjunto de quadros de refe- os de peso, mas seria talvez muito
>> P. 06 e a educação
>> P. 06

Essa convicção advém do facto de lhes sugira (ao Novo Jornal e a todos rência consolidada e naturalmente, interessante compor mais o grupo.
constatar, diariamente, que existe, os títulos que apostaram na melhoria foi notícia! Surgiu no início formal- Juntar mais uma cores e tentar com-
em todas as áreas da Comunicação da qualidade do Jornalismo Angolano)  
 

!   !
  

 
   
 
   
  
 


 

mente ligado a ESCOM, pertencente por um arco-íris, ganhando o jornal
Social, imensos quadros ávidos de um melhor e maior aproveitamento ao Grupo Espirito Santo. Estariam na abrangência das temáticas. Para



aprender e de fazer cada vez melhor o dos jovens que as nossas Universidades garantidas as necessárias condições fechar o olhar de retrospectiva críti-
seu trabalho de informar. e outras instituições vão formando, no para enfrentar com alguma tranqui- ca, mais uma constatação: com ex-
JORNALISMO DE REFERÊNCIA.
Edição nº 250 - 2 de Novembro
de 2012
Director Gustavo Costa
Luanda 200 Kwanzas - Províncias
250 Kwanzas

Sem complexos, é legítimo reconhecer domínio da Comunicação Social, ofere- Tarefa ciclópica
Tributo
«É Luanda» reaviva
André Mingas
lidade a fase subsequente ao seu cepção do correspondente de Malan-
que o vosso exemplo constitui o rumo cendo-lhes emprego, sempre que pos- do ministério
da Energia e Águas surgimento. ge, todos os outros encontram-se na
a seguir, não obstante sabermos que sível, e evitando que sejam inoculados >> Mutamba
O projecto jornalístico foi-se afir- faixa litoral urbana, o que certamen-
o percurso é longo e que temos de ser por vírus que os deformem à nascença. Moçambique
Dhlakama reabre
feridas na Gorongosa mando ao longo destes cinco anos te tem como consequência um maior
persistentes no sentido da valorização Estou convicto de que teremos o “Novo e posso mesmo dizer, que se distin- percentual de informação direccio-
da “classe jornalística” e do serviço Jornal” por muitos e muitos anos a Correr >>P. 24 guiu. Fiquei sempre com a impressão nada a esta linha que de algum modo
atrás do prejuízo
Furacão

que esta presta à sociedade. servir-nos de lupa para que vejamos Sandy lança o caos
na América
que o Expresso terá inspirado o mo- atira para segundo plano o interior
A Comunicação Social, no seu todo, melhor o florescimento do nosso País e >> Entrevista na página
08 delo, pela formatação dos cadernos do país.
vive do que a própria sociedade pro- possamos sentir o aroma da felicidade Literatura
>> P. 28
e alguma filosofia de conteúdos. Termino dando os Parabéns pelos 5
Dramaturgia de Mena Abran
duz. Naturalmente, como em qual- do nosso Povo. arrebata Prémio Nacional tes
da Cultura Guiné-Bissau
Governo expulsa
Interessante dizer que respondia anos, augurando longa existência,
quer outra área profissional, existem Bem hajam, todos os Responsáveis, então pela área da comunicação da pautando sempre pelo pluralismo,
delegado da RTP
>> P. 15 >> P. 25
1.º CADERNO
Dossier ECONOMIA
Empresas Públicas MUTAMBA

bons e maus jornalistas, o que facilita Jornalistas e Funcionários do “Novo ESCOM uma minha antiga colega de cada vez mais raro.
O dia
de finados Um raio-X para Jacques dos Santos
memória futura “Ler
>> P. 02
>> P. 05 é uma festa»

a destrinça entre uns e outros. Os bons Jornal”. turma na Escola Comercial e Indus- *Vice-Presidente do Grupo Parla-
>> P. 06

continuarão o seu rumo, fruto do re- * Secretário de Informação do MPLA trial de Benguela, Carolina Dala, nos mentar da UNITA
10 25 Janeiro 2013

Dossier

embrenhava em guerras no Afega- sein em 2003. ridos, a um grupo islâmico com base
nistão e Iraque, a 15 de Setembro de A caça ao líder da Al-Qaida, Osama no Paquistão.
2008, a falência do Lehman Brothers Bin Laden, autor dos atentados do
ISABEL COSTA BORDALO* fez eclodir a maior crise financeira e 11 de Setembro que mataram 2.996 POR QUE NO TE CALLAS?
económica mundial, que começou pessoas nos EUA, centrava-se nas Regressando a 2007, no Irão, o Pre-
a germinar um ano antes com a der- montanhas agrestes do Afeganistão sidente Mahamoud Ahmadinejad

cinco anos
rocada do mercado de empréstimos e, no vizinho Paquistão, a Adminis- anuncia, em Novembro, que o país
imobiliários de risco (o crédito do tração norte-americana, perdia um alcançara um marco no desenvolvi-
subprime). A crise desencadeou uma velho aliado, Pervez Musharraf, e mento do seu programa nuclear, ao
espiral de desemprego que se man- um importante pivot na luta contra o colocar em funcionamento três mil
tém até hoje. terrorismo, que pôs a nu os métodos centrifugadoras de enriquecimento

depois o
À crise financeira, juntou-se a mul- utilizados pela CIA. de urânio.
tiplicação de focos de instabilidade Contra ordens judiciais, o serviço de E, a 10 de Novembro, numa reunião
no Iraque, Paquistão (que se tornou, espionagem norte-americano admi- da 17ª Cúpula Ibero-Americana de
a par do Iémen, um celeiro do terro- te em 2007 ter destruído vídeos que Chefes de Estado e de Governo, em
rismo islâmico) e Afeganistão, numa documentam os interrogatórios a Santiago de Chile, o rei de Espanha,

que mudou
receita que conduziu a um momento suspeitos de terrorismo ligados à Al- Juan Carlos I, manda calar o Presi-
histórico: a 4 de Novembro de 2008, Qaida e um ex-agente revela o uso de dente da Venezuela, quando Hugo
os eleitores norte-americanos ele- técnicas de tortura durante as inqui- Chávez chama o então primeiro-mi-
gem, pela primeira vez, um negro rições. O Congresso americano pede nistro espanhol José Maria Aznar de
para a Presidência dos EUA, Barack explicações sobre o caso. O Presidente “fascista”. O “por que no ta callas?”
Obama. George W. Bush recusa-se a comentar correu mundo e abriu uma crise nas

no mundo?
2008 foi também o ano em que a a polémica, mas as técnicas usadas relações políticas, diplomáticas e
guerrilha das FARC (Forças Armadas pela CIA entram na ordem do dia. económicas entre a Venezuela e Es-
da Colômbia) sofreram um duro re- Após passar vários anos no exílio, a panha.
vés, quando o exército colombiano ex-primeira ministra Benazir Bhutto 2007 não foi, de resto, um bom ano
liberta a franco-colombiana Ingrid regressa ao Paquistão para dispu- para Hugo Chávez. O Presidente vene-
Betancourt, ex-candidata à presi- tar as eleições legislativas de 8 de zuelano assume, a 10 de Janeiro o seu
O 11 de Setembro 2008, ano de lançamento do dência daquele país sul-americano, Janeiro, mas, a 27 de Dezembro, é terceiro mandato, mas a sua proposta
Novo Jornal, marca um ponto de depois de passar seis anos em cativei- assassinada, durante uma acção de para a reforma constitucional – que
de 2001 tornou os viragem num mundo em convulsões, ro na selva. A operação liberta outros campanha. É o seu marido, Asif Ali lhe permitiria disputar a reeleição in-
desde que os atentados do 11 de Se- 14 reféns. Zardari, que assume o comando do definidamente – é derrotada num re-
primeiros anos do tembro de 2001 nos EUA mudaram Com poucos meses de vida, o Novo Partido do Povo do Paquistão, que ferendo popular. Em 2012, volta a ser
novo milénio na a concepção de segurança interna e Jornal testemunhou, em directo, as é eleito Presidente em Setembro de reeleito, mas a quarta operação a um
colocaram o terrorismo islâmico no mudanças no tabuleiro do xadrez 2008 e assume o cargo ocupado por cancro na zona pélvica impede-o de
década da ameaça do mapa. político, tornando-se parte activa na Musharraf. Os EUA perdem um aliado tomar posse a 10 de Janeiro de 2013.
terrorismo islâmico. George W. Bush prometeu um mundo difusão dos acontecimentos que mu- e influência no Paquistão, que se tor- A 28 de Outubro, Cristina Kirchner
mais seguro, quando a 29 de Janeiro daram o mundo. na num terreno fértil para os talibans torna-se a primeira Presidente da
Contra ele se fizeram de 2002 discursou sobre o Estado da e ao mesmo tempo num campo de Argentina, ao ser eleita com 45% dos
Nação, altura em que declarou guer- CAÇA AO HOMEM E ATENTADOS recrutamento da Al-Qaida. Os aten- votos à primeira volta, sucedendo ao
guerras, enquanto a ra ao terrorismo e traçou um eixo do Mas para perceber as mudanças ocor- tados sucedem-se e a instabilidade seu marido, Néstor Kirchner. Cristina
economia do mundo mal, composto pelo Irão, Iraque e ridas em 2008, é preciso recuar aos no Paquistão agudiza-se, irradiando terá como grande desafio o controlo
Coreia do Norte, países que tinham acontecimentos de 2007. No Iraque para os países vizinhos. da inflação e elege como prioridade a
entrava em colapso. programas nucleares. do pós-guerra, os atentados e mas- Em Novembro de 2008, uma série de conclusão dos julgamentos iniciados
Dois acontecimentos Mas Bush filho, não só não venceu sacres sucedem-se, aumentando a atentados em Mumbai, reivindicados no governo Kirchner contra integran-
a guerra contra o terrorismo, como contabilidade de civis mortos, bem por um grupo denominado «Mujahe- tes da última ditadura militar.
nucleares para tornou o mundo mais inseguro ao como de militares das forças interna- dines de Deccan”, espalham o terror 2007 também coloca Myanmar, anti-
fomentar a intolerância contra o cionais, em particular dos EUA, que pela capital financeira da Índia. Nova ga Birmânia, no mapa. Um protesto
perceber o que foram mundo muçulmano. Enquanto a se revelam incapazes de pacificar o Deli e Washington atribuem o ataque, contra o aumento nos preços dos
os últimos cinco anos administração norte-americana se país, após a queda de Saddam Hus- que fez 163 mortos e mais de 300 fe- combustíveis transforma-se na maior
25 Janeiro 2013 11

2008,
ano de lançamento do novo jornal, marca um ponto de viragem
num mundo em convulsões, desde que os atentados do 11 de
Setembro de 2001 nos EUA mudaram a concepção de segurança
interna e colocaram o terrorismo islâmico no mapa

manifestação pró-democracia no
país em 20 anos. No dia 24 de Setem-
bro, cerca de 5000 monges budistas Crise económica alastra à Europa e ameaça dólar
vão para as ruas protestar contra a
junta militar que governa há mais Um dos acontecimentos que abala- admite este laboratório de análise é para manter. Democrata, partido do governo. O
de quatro décadas naquela que ficou ram o mundo em 2007 foi o ataque europeu, ao colapso final da eco- Esta semana, o primeiro-ministro balanço dos mortos cifra-se em 77.
conhecida como a Revolução do Aça- na Universidade Técnica de Virginia nomia norte-americana e do dólar, britânico, David Cameron, anun- O governo e a população reagem,
frão. O governo reage e expõe, uma (nos EUA), o maior massacre a tiro provavelmente já em 2013. ciou a realização de um referendo abraçando os valores do multicul-
vez mais, a violência do regime. Pelo na história do país, que resultou na sobre a saída da União Europeia, se turalismo, que Breivik quis des-
menos, 31 pessoas morrem. morte de 33 pessoas. A discussão MORTE DO INIMIGO Nº 1 vencer as eleições de 2013. Notícia truir.
Um ano depois, é a Tailândia que sal- que se gerou na altura deu lastro A grande conquista do Presidente que irritou os restantes líderes po- Na Rússia, um duplo ataque sui-
ta para as primeiras páginas, quando ao debate desencadeado pelo mas- norte-americano foi a morte de líticos europeus, que acusaram Ca- cida perpetrado por mulheres no
a 2 de Dezembro, a Corte constitucio- sacre no liceu de Columbine, no Osama bin Laden, o inimigo núme- meron de jogar um jogo perigoso. metro de Moscovo, em hora de
nal ordena a dissolução do partido no Colorado, em 1999, onde morreram ro 1 da América, no dia 2 de Maio Em contraste com o cenário previs- ponto, faz 38 mortos e centenas de
poder, por corrupção, depois de oito 15 pessoas, mas não teve conse- de 2011, durante a Operação Lança to para os EUA, o LEAP sublinha no feridos. O ataque foi perpetrado
dias de manifestações contra o go- quências. de Neptuno, levada a cabo por um seu último relatório que o espaço por mulheres ligadas a grupos re-
verno, que levaram ao encerramento Se há realidade no mundo que não comando especial, em coordenação europeu e a sua moeda única, o beldes do norte do Cáucaso.
de dois aeroportos. Mais de 350 mil mudou, nestes últimos cinco anos, com a CIA, no refúgio onde o líder Euro, se revelarão como um espaço No Brasil, uma mulher sobe ao car-
passageiros ficaram bloqueados. foi esta. Os tiroteios nos EUA con- da Al-Qaida vivia, no Paquistão. O de segurança económica por se ter go de Presidente, depois de Lula
tinuaram a ocorrer e 2012 foi um cadáver de bin Laden foi lançada preparado melhor, com os distintos da Silva, nos seus dois mandatos,
FIDEL CEDE O PODER ano particularmente dramático, ao mar, para evitar que a sua cam- planos de austeridade, para o em- catapultar o país no panorama po-
Em França, a 6 de Maio de 2007, com um saldo de 48 mortos em três pa se transformasse num local de bate. lítico internacional. Dilma Rousseff
o candidato conservador Nicolas ataques, o último dos quais numa romaria, e as relações entre os dois A Primavera Árabe, em 2011, que herda uma economia pujante le-
Sarkozy, de 52 anos, é eleito Presi- escola primária de Newtown, onde países ficaram mais tensas por a eclodiu na Tunísia, após manifes- gada pelo Presidente que a revista
dente e promete reformar o gene- morreram 20 crianças e sete adul- operação ter sido realizada sem o tações populares, alastrou-se aos Times considerou uma das 100 pes-
roso sistema de benefícios sociais tos. conhecimento do Paquistão. países vizinhos do norte de África, soas mais influentes do mundo em
do país, desencadeando uma greve Só depois do massacre de Newtown, A América também estremeceu, em provocando a queda dos regimes 2010 e que chegou a ser considera-
geral no sistema de transportes. E, a 14 de Dezembro de 2012, é que 2010, quando o WikiLeaks divulgou da Tunísia, Egipto e Líbia, e es- do o “político mais bem-sucedido
a 25 de Novembro, a morte de dois o Presidente dos EUA encara com grandes quantidades de documen- tendeu-se ao médio oriente, onde do seu tempo”. E tem pela frente
adolescentes durante uma perse- determinação a guerra contra as tos confidenciais do governo dos confrontos entre o governo e for- dois grandes desafios: O Mundial
guição policial provoca uma onda armas e lança uma proposta para o EUA, com forte repercussão mun- ças rebeldes se mantêm na Síria. de Futebol de 2014 e os Jogos Olím-
de violência num subúrbio de Paris. controlo da venda de armas auto- dial. A organização, criada com o As redes sociais, como o Facebook picos de 2016, para os quais iniciou
Durante dois dias consecutivos, ata- máticas, dias antes da tomada de objectivo de divulgar na internet e o Twitter, sobressaíram como o processo de pacificação das fave-
ques deixam um rasto de dezenas posse do seu segundo mandato. documentos secretos, deu a noção protagonistas na Primavera Árabe. las, com o objectivo de desmantelar
de carros queimados e estabeleci- Barack Obama também pouco con- que o mundo tinha paredes de vi- Ao permitiram furar a censura e os os grupos de narcotráfico e tornar o
mentos destruídos. seguiu mudar na guerra contra o dro, mas depressa foi estrangulada bloqueios à liberdade de expres- Rio de Janeiro mais seguro para os
Na Irlanda do Norte, os principais fundamentalismo islâmico que pôs financeiramente e o seu líder, o são, ajudaram os manifestantes a milhões de visitantes esperados.
partidos católico e protestante che- o mundo ocidental e o muçulma- australiano Julian Assange, enfren- organizar-se e deixaram claro que Nestes últimos cinco anos, vários
gam a acordo para a divisão do po- no de costas voltadas, apesar do ta um processo judicial, por prática as paredes erguidas para suster a desastres naturais assolaram o pla-
der, pondo termo a três décadas de discurso conciliador do Cairo, pro- de crimes sexuais na Suécia, que informação, na era digital, deixa- neta. Num ano marcado por sismos
conflito do IRA (Exército de Liber- ferido um ano depois de ser eleito, o mantém refém na embaixada do ram de ser eficazes. Basta um tele- em vários países, 2010, um terra-
tação Irlandês), que fizeram, pelo durante uma visita ao Egipto, em Equador em Londres. móvel para abrir buracos. moto sacudiu o Haiti, provocando
menos, 3.500 mortos. 2009, uma das primeiras como Pre- A crise na zona Euro e a Primavera 230 mil mortos, 300 mil feridos e
Em Portugal, o desaparecimento de sidente dos EUA. Árabe foram os dois grandes acon- O POLÍTICO MAIS BEM SUCEDIDO três milhões de desalojados e, em
Madeleine McCain, de quatro anos, Obama não conseguiu grandes tecimentos dos últimos cinco anos. A Noruega, país pacifista, acorda 2011, um sismo seguido de tsuna-
de um complexo turístico na região avanços na pacificação do Iraque e A primeira pôs vários países euro- na manhã de 22 de Julho de 2011 mi, causa 13.333 mortos e 16 mil
do Algarve emociona o mundo. Os Afeganistão, assistiu ao recrudesci- peus à beira da bancarrota, como para o difícil drama do terrorismo desaparecidos no Japão. Danos
pais da menina inglesa chegam a mento da violência no Paquistão, a Grécia, Irlanda e Portugal, que ti- interno, quando Anders Breivik, na central nuclear de Fukushima
encontrar-se com o Papa Bento XVI não fechou a prisão de Guantána- veram de pedir ajuda externa, e ou- um militante da extrema-direita, colocam o Japão sobre ameaça de
em Roma, pouco antes de se torna- mo, como prometeu quando tomou tros, como Espanha e Itália, à beira faz detonar uma carrinha com um desastre nuclear e desencadeia
rem suspeitos. E os sistemas de aler- posse, e continua a lidar com um do resgate. O desemprego nestes explosivos no centro de Oslo e um debate mundial sobre a energia
ta para o desaparecimento de meno- país ainda não restabelecido da países acelerou e a discussão sobre ruma à ilha de Utoya, onde decor- nuclear.
res são revistos em todo o mundo. crise financeira de 2008, havendo o Euro ainda não acabou, apesar das ria um acampamento de verão do As alterações climáticas são alvo de
Em Fevereiro de 2008, Fidel Castro, quem prognostique que o dólar vai garantias de que a moeda europeia movimento da Juventude Social- atenção em todo o mundo, mas a
já doente, resigna e cede o poder colapsar em breve. conferência da ONU em Copenhaga
ao irmão Raúl, abrindo caminho a No último relatório do LEAP (La- para a aprovação de um plano de
mudanças constitucionais que, nos boratório Europeu de Antecipação defesa do planeta para substituir o
anos seguintes, começam a ser im- Política), este “think tank” prevê Protocolo de Quioto revela-se um
plementadas em Cuba. Apesar da re- sérias dificuldades para a economia fiasco. Os mais de 15 mil delega-
signação, George W. Bush não retira norte-americana e sugere mesmo dos, incluindo chefes de Governo
as sanções impostas a Cuba. como provável o colapso do dólar, de 191 países não se entendem e as
A China é alvo de dois grandes acon- devido à incapacidade do país em decisões fundamentais, como um
tecimentos em 2008. Em Maio, a pagar a dívida e de os seus credores compromisso sobre a redução das
província de Sichuan é devastada se irem confrontar com a inevita- emissões de gases de efeito de estu-
por um terramoto, de 7,8 graus na bilidade de terem de deixar cair a fa, são relegadas para a conferência
escala de Ritcher, que provoca 80 moeda americana. do Rio de Janeiro, em 2012, e, no
mil mortos. Mas fecha o ano em O LEAP sublinha como irreal a apos- Rio+20, são novamente adiadas.
grandeza, ao organizador em Agos- ta dos EUA em pensar que o resto No termo de 2012, a Palestina al-
to, com grande pompa, os Jogos do mundo estará sempre disponível cança uma importante vitória ao
Olímpicos de Pequim, que tornaram para “manter a respiração artifi- ver aprovado o estatuto de observa-
o norte-americano Michael Phelps cial” à sua economia e admite que dor das Nações Unidas, equivalente
num fenómeno ao conquistar oito essa condição está a chegar ao fim, a um reconhecimento indirecto do
medalhas de ouro, vencendo todas nomeadamente, com o fracasso da Estado Palestiniano por parte da
as provas que disputou. sua estratégia para descredibilizar comunidade internacional.
*editora de sociedade as outras moedas, o que conduzirá, I.C.B.
12 25 Janeiro 2013

Dossier

Graça Campos*

“Antes” e “depois”
Lembro-me bem: com os convida-
dos atentos a Victor Silva, que apre-
sentava o novo título jornalístico,
um outro Victor, o Aleixo, que esta-
va sentado umas três ou quatro filas
adiante, virou-se para mim e falou
alto o suficiente para que outras pes-
(...) É ao Novo
soas ouvissem: “ ó Graça estás lixado. Jornal a quem
O reinado do Semanário chegou ao
fim!”. o Semanário
Como a generalidade dos presentes,
suponho, o V. Aleixo ficou impressio-
Angolense deve
nado com o Novo Jornal. algumas das
Um jornal totalmente colorido e com
um grafismo irrepreensível não é coi- mais importantes
sa a que os nossos olhos já se tives-
sem acostumado em Angola. decisões que tomou
Como o V. Aleixo, um experimenta-
do homem de imprensa, eu também
decifrei uma outra mensagem “im-
pregnada” no exemplar que tinha em
mãos: a força financeira do Novo Jor-
nal. Em Janeiro de 2007 não estava
ao alcance de qualquer um Imprimir
um jornal de três cadernos a côres na As semanas seguintes provariam
Lito Tipo. que não alterar nada foi uma decisão
Naquele fim de tarde marcaram muito feliz. O Semanário Angolense
presença no Chê, a antiga casa de continuava tranquilamente na lide-
trânsito da Endiama que o “Lucas” rança dos jornais de fim de semana,
transformou num dos espaços mais sem nenhum concorrente por perto a
solicitados e onde se fazia a apre- pressionar-lhe os calcanhares.
sentação do novo título, todas as Embora nunca lhe tivesse feito qual-
pessoas que “contam” em Luanda: quer sombra ou o tomasse como um
empresários bem sucedidos, ban- modelo a imitar às cegas, é ao Novo
queiros e bancários, gestores de Jornal a quem o Semanário Ango-
grandes empresas. Enfim, estava lá lense deve algumas das mais impor-
toda essa gente que decide quando e tantes decisões que tomou. Alterar o
onde pôr a publicidade que sustenta formato, o grafismo, o tipo de papel
os jornais. em que era impresso e outros esforços
Por isso, aquela observação do V de modernização foram claramente
Aleixo soava aos meus ouvidos como inspirados pelo NJ.
uma advertência, mas também a Até Maio de 2010, altura em que o Se-
certeza de que com o surgimento do manário Angolense mudou de mãos,
Novo Jornal começariam dias difíceis não se tinha concretizado a “premoni-
para a concorrência, sobretudo para ção” do Victor Aleixo. Até ali o jornal
o Semanário Angolense, que até ali esteve permanentemente à frente dos
reinava soberano. seus concorrentes, fidelizando milha-
Depois de meia taça de vinho, que res de leitores semanas após semanas.
emborquei a muito custo, sai sorra- Mas o SA foi buscar ao Novo Jornal
teiramente do Chê. inputs que lhe tornaram mais fácil a
Durante a noite reflecti imenso e no vida. Separar a notícia da opinião é
do seguinte, às 8h30, já estava reu- outro terreno em que o exemplo do NJ
nido com o Severino e o Candembo inspirou o SA e outros jornais. Semana
para, juntos, ajustarmos o Semaná- após semana era encorajador consta-
rio Angolense à nova realidade. O tar, nas colunas do NJ, que o jornal
encontro durou pouco mais de 10 não se furtava a dar a opinião. Mas ela
minutos mas no final concluímos que estava circunscrita ao editorial.
não havia que subtrair ou adicionar Por isso, não é favor nenhum registar
uma vírgula que fosse ao “Código ge- aqui que o surgimento do Novo Jornal
nético” do jornal. marcou um “antes” e um “depois” na
O SA continuaria ousado, perspicaz e, imprensa angolana.
sobretudo, sem medo nenhum de in- * Primeiro director do “Semanário
comodar ou perturbar os poderosos. Angolense”
25 Janeiro 2013 13

Tandala Francisco * António Bilreio*

carta de um parceiro dias intermináveis


Um concorrente? Não. Um parcei- meiros anos da publicação, da edição carece de redefinição. Estão, no Novo
de escrita e de reescrita
ro é a classificação certa. Embora o das páginas de economia. Jornal, enquadrados fotógrafos, cujo
semanário A Capital e o Novo Jornal, A editoria de política também não trabalho, porém, é insípido por conta O convite surgiu inesperado, mas temas, simplicidade na escrita,
que agora completa mais um ano de fica atrás. Aprecio, aqui, os furos re- de um tratamento editorial que me- mereceu resposta rápida. Era im- em português, o respeito e a im-
existência, persigam os mesmos ob- gularmente apresentados pelo Novo nospreza justamente o uso de uma possível recusar o desafio. Ir até portância das fontes e a aplicação
jectivos e actuem no mesmo sector Jornal. Falo, claro, das matérias pu- boa imagem. Luanda dar formação e apoiar o obrigatória de práticas que têm
enquanto agentes económicos há blicadas em primeira mão, denun- Por fim, entendo que se deve imprimir lançamento de um novo projecto tanto de básico como de essencial
uma multiplicidade de aspectos pelos ciando uma relação privilegiada entre mais criatividade aos títulos das maté- jornalístico, independente, de na profissão, nomeadamente, o
quais ambas as publicações se com- o director do jornal e as suas fontes de rias, de um modo geral, mas em parti- referência em Angola. recurso ao contraditório sempre
pletem. informação. cular aos de capa. Embora não estejam Estávamos em Dezembro de 2007 que estejam em causa questões
Ou seja, o mercado jornalístico ango- Acredito, muito sinceramente, que errados, os títulos aos quais recorrem e o semanário Novo Jornal tinha de carácter e bom nome de pes-
lano, hoje, não pode dar-se ao luxo isso é consequência do tempo. Ve- os profissionais do Novo Jornal estão encontro marcado com os leitores soas e instituições, públicas e
de prescindir da existência de um ou jamos o facto de muitas das figuras mais para a velha escola de jornalismo, para meados de Janeiro de 2008. privadas.
de outro título: cada um, a seu modo, hoje em cargos importantes da vida mais para trabalhos expeditos pelas Cumpridas as formalidades, fez- Tudo isto num país que tinha
ocupa o seu espaço e faz-se semanal- pública nacional serem contemporâ- agências de notícias que propriamen- se o caminho. Dia 05 de Janeiro saído há seis anos de uma longa
mente uma referência no universo neos dos jornalistas fundadores do te para um semanário. aterrava em Luanda. Dois dias guerra. Houve, sobretudo, uma
jornalístico angolano. Novo Jornal com os quais mantêm, Longe de ser um exercício de imo- depois pousava na redacção do profunda preocupação (em para-
Não é de agora que olho para as coi- inclusive, relações privilegiadas. déstia, as considerações acima são, Novo Jornal, na Rainha Ginga. lelo com a qualidade dos textos e
sas sob essa perspectiva. Quando a Mas há que destacar, ainda, a quali- apenas, resultado das apreciações de Arrancava uma nova fase da mi- imagens): Escrever para as pesso-
primeira edição do Novo Jornal saiu dade de algumas colunas publicadas alguém que respeita a publicação, que nha vida profissional – seis meses as, sobre assuntos do dia-a-dia,
à rua, já lá estávamos, nós, a lutar há neste periódico. A começar pela “Pa- todas as semanas não hesita em sacar de formação “on job”, na redac- que lhes estão próximos, que as
uns quantos anos no mercado. Se, lavra na Hor@gá”, do seu director, dos seus tostões para a adquirir, não ção. Um semestre a apoiar e tam- preocupam, mobilizam, estimu-
por um lado, trata-se de uma publi- assistimos a uma espécie de desfile es- apenas por obrigações profissionais, bém a aprender com os responsá- lam, despertam.
cação mais jovem, comparada com o tático de textos gramaticalmente bem mas também por puro prazer de leitu- veis editoriais do projecto – Vítor O jornalismo e os jornais são fei-
Semanário A Capital, por outro lado escritos e ricos em conteúdos produ- ra. Silva, director, Gustavo Costa, tos por pessoas, para as pessoas,
olho para ela com a deferência com zidos por Fernando Pacheco e outros, Não me tenho desiludido. Pelo con- director-adjunto, e António Frei- nunca contra as pessoas. E assim
que se deve tratar os mais velhos. embora houvesse, pelo meio, alguns trário. Nessa sarjeta em que se está a tas, Chefe de Redacção. começou esta aventura que já
E a razão é simples. Afinal, à frente do plagiadores cujo crivo da direcção do transformar o jornalismo angolano, é Depois, à nossa frente, uma re- ultrapassou as 250 edições. Só
Novo Jornal estão profissionais que jornal foi suficiente para afastá-los de reconfortante saber que há gente que dacção esmagadoramente com- mais dois apontamentos sobre o
têm de anos de jornalismo o mesmo cena. nos acompanha na tentativa de fazer posta por gente nova, com todos NJ (como gosto de o tratar). Re-
número de anos de idade ostentado Sugere a decência que não se deve cri- diferente, embora haja ventos fortes a os defeitos e virtudes destas si- gressado a Lisboa nunca deixei
por aqueles que dirigem, eu próprio ticar alguém em sua própria casa. Mas soprar contra. Mas essas são, como diz tuações. Inexperiente, mas com de seguir as edições semanais
incluído, o A Capital. Nomes como o Gustavo Costa orientou-me a que, o outro, mágoas de outro rosário. uma vontade genuína de apren- (entram-me pela porta da caixa
Victor Silva, hoje de fora do projec- ao escrever essas linhas, não olhasse Parabéns ao Novo Jornal e que a agi- der, de agarrar a profissão, de de email).
to, e Gustavo Costa, actual director, apenas para os aspectos positivos. É lidade dos directores e a persistência avançar, de trabalhar para afir- Ao longo deste tempo vi, com al-
influenciaram a opção de jovens da o próprio dono de casa quem sugeriu dos accionistas sejam predicados su- mar e consolidar o projecto. Tudo guma frequência e satisfação, o
minha geração pelo jornalismo. que o achincalhasse dentro das suas ficientes para ultrapassar esses tem- era novo. Novo por ser o Novo Novo Jornal ser qualificado como
Têm, ambos, um percurso profissional 46 páginas quando, na verdade, não pos críticos difíceis de manejar, hoje Jornal. “semanário independente ango-
invejável. Não são, apenas, directores há muito por criticar. Devo, no en- vividos pela generalidade da imprensa Inovador por incorporar, então, lano” em muitos despachos de
de jornais, ou figuras de destaque do tanto, dizer que a quali- privada. *Director da Capital novos conceitos para a imprensa agências noticiosas internacio-
jornalismo escrito. São, sobretudo, dade de impressão, hoje angolana, designadamente em nais que acompanham a socie-
referências do jornalismo angolano. disponível no mercado, matéria de grafismo e de trata- dade angolana, designadamente
Parece, agora, mais fácil entender a não se compadece com mento, organização e apresen- a France Presse. E só quem anda
razão pela qual olho para os dois se- o actual perfil gráfico tação dos três cadernos de cada nesta vida do jornalismo sabe o
manários, portanto, para o Novo Jor- do Novo Jornal. JORNAL
ISMO DE
REFERÊ
NCIA.
edição: Primeiro, Economia e significado e o valor incalculável
Director

nal e para o A Capital, como parceiros Se pretende fazer mu- DETERM Mutamba. Foram dias cheios, in- de ser tratado como independen-
Victor Silva - Dir
ector Adj
unto Gus
tavo Cos
ta - Edição
INAÇÃO nº 214 -

GRECIA
24 de Fev

e não como concorrentes. Ademais, danças, a direcção PRESIDEN


termináveis, de escrita, reescri- te. Embora muito jovem, o NJ já
ereiro 201
7 - Luanda
CIAL 200 Kw
anzas -
Províncias
250

estoirou
Kwanzas

a própria estrutura editorial do Novo desta iniciativa edi- ta, de revisão de textos, de muita viu dois dos seus redactores con-
!
Justiça
portugu
Jornal é determinante para que as torial deveria come- Álvaro So
ilibado brinho
esa
pressão (em especial nas noites quistarem o prestigiado Prémio
coisas assim sejam. É um semanário çar por aí, mudan- de fecho – às quintas-feiras). CNN Multichoice de Jornalismo
generalista, mas dá enfoque à cober- do o seu layout, E eu ali, sentado não só ao lado, Africano, na categoria de notícias
tura de assuntos de natureza política modernizando-o e mas do lado do novo jornalismo gerais em língua portuguesa. Um
e económica. nivelando-o a ou- angolano. Não foi tarefa fácil. (pequeníssimo) pedaço do cami-
>> P. 23
Mateus
Pelé
Zangad
É, nesta segunda particularidade, tras publicações o chora.
..
Para um viciado em jornalismo de nho está cumprido, com dificul-
que acho uma das maiores virtudes nacionais que >> P. 23 agência noticiosa – esse jornalis- dades passadas e presentes.
deste grande parceiro que é o Novo hoje oferecem GUINÉ-EQ
UATORIA
L
mo que muitos vêem com pouca Mas com a certeza de que o futu-
Jornal. O seu caderno de economia uma aparência Um >> P. 06
alma. Despido de emoções. Mas ro vai ser longo, com rumo certo
é deveras bem concebido. Engloba, mais arejada vulcão Kilamba
às escu
Sem água
vergado ao rigor dos factos. E foi e muito trabalho. O prestígio só
adorme
ras
nas suas diversas edições, informa- e mais convi- esse o caminho seguido e aceite. agora começou. Mas o jornalis-
ção variada sobre a vida económica dativa para
cido MANUEL
Enviados
ANTÓNI
Oe
especia AMPE ROGÉRI
is O Ajudar a conhecer e a aplicar as mo de referência em Angola tem
nacional, mas também, vez ou outra, a leitura. O Pacote eleitora
1.º CADE
RNO
regras do jornalismo, puro e duro um modelo a seguir. Longa vida,
Oposiçã l >> P. 02

traz análises pertinentes muito ao tratamento nas tarefas de todos os dias. Novo Jornal.
o
boicote prepara ECONOM
IA >> P. 11
>> P. 08 EUA
Transpar
estilo de António Freitas, jornalista confer ido Carnaval
ên
cerca pe cia
>> P.08
trolíferas
MUTAMB
A Rigor, isenção, pluralismo, in- * Membro de equipa de forma-
Troféu
económico que se ocupou, nos pri- à fotografia também dobrado
>> P. 10
dependência na abordagem dos dores oriunda de Portugal
14 25 Janeiro 2013

Política
Higino Carneiro “arrasta” UNITA prepara
reestruturação
Executivo para o Kuando-Kubango A UNITA prometeu criar condições
para o alcance da paz para todos e
aprovou os dois tipos de estratégias
Depois da Comissão Permanen- O programa de 2011 previa a re- e medidas de política, anunciou esta
te do Conselho de Ministros ter dução do índice de pobreza, o semana o seu líder Isaías Samakuva.
reunido em 2011, com a presença aumento da assistência médica e Samakuva, que discursava na ceri-
do Presidente da República, José medicamentosa e o incremento da mónia de tomada de posse dos no-
Eduardo dos Santos, para a imple- taxa de frequência escolar, através vos responáveis da sua organização,
mentação do Programa Integrado da construção de 121 novas esco- esclareceu que as primeiras medidas
para o Desenvolvimento Rural e de las com capacidade para cerca de visam obrigar o executivo a respeitar
Combate à Pobreza, a província do 500 alunos. o angolano, a cumprir a lei e honrar
Kuando-Kubango acaba de rece- Previa ainda o assentamento de os compromissos.
ber outra vez uma presença consi- 150 mil pessoas, de entre as quais “As segundas visam reestruturar a
derável de membros do Executivo, ex-militares, nos municípios de UNITA para ela continuar a mere-
que apresentaram o plano de de- Mavinga e do Rivungo, e o apoio às cer a confiança dos cidadãos, como
senvolvimento estratégico para a actividades de natureza produtiva defensora intransigente das aspira-
província no período 2013/2017. para a criação de emprego. ções e interesses dos angolanos, em
Em 2011, o Programa Integrado Pela constatação de Higino Carnei- particular dos mais desfavorecidos”,
para o Desenvolvimento Rural e ro durante uma visita ao interior ajuntou.
Combate à Pobreza contemplava da província, segundo uma fonte O líder do principal partido da oposi-
acções e projectos concretos em do executivo local, ainda há muito ção destaca, entre as medidas apro-
todos os municípios, nos domínios trabalho para fazer. vadas, as acções para acabar com a
da saúde, da educação, do sanea- Recentemente, Higino Carneiro pobreza e a exclusão social e o con-
mento básico, do abastecimento reconheceu, em Menongue, ser trolo da Comunicação Social Pública,
de energia e água às populações, difícil construir naquela provín- pelo Partido –Estado.
da construção de diversas infraes- cia, devido à ausência de vias de “A iniciativa legislativa para a consa-
truturas, vias de acesso e comuni- comunicação, principalmente, nos gração do quadro jurídico institucio-
cações, bem como da agropecuária municípios do interior, facto que, nal da organização e funcionamento
e do comércio rural. em parte, provoca atrasos na con- do poder local. As medidas para se
Na quarta-feira, o plano apre- clusão de algumas obras. terminar com o vício das fraudes
sentado pelo governador Higino “Viemos à província com uma eleitorais em Angola e aquelas que
Carneiro destacou a agricultura equipa bastante representativa do visam forçar o Estado a cumprir as
empresarial, vias de comunicação, Executivo e recolhemos a opinião suas obrigações relativas aos desmo-
desminagem, turismo e explora- de cada um dos integrantes da de- bilizados”, referiu.
ção de recursos minerais como as legação ministerial, no sentido de No Plano interno, Samakuva desta-
prioridades da região. melhorar os aspectos que se mos- cou a necessidade de reestruturar o
Nomeado na última remodelação traram necessários, de modo que partido de forma a corresponder às
governamental, Higino Carneiro se alinhem o mais possível com o exigências do momento.
acabou de visitar todos os municí- plano nacional”, disse o ministro “O momento exige que o nosso Parti-
pios que encontram sérios proble- do Planeamento, Job Graça Graça do se organize de modo a que aqueles
mas em vários domínios. que chefiou a delegação. extractos da sociedade que, devido à
propaganda enganosa e exclusivista
do MPLA, ainda têm receios da UNI-
Nas próximas jornadas parlamentares TA sintam que ela é hoje o estuário
de todas as forças que lutam verda-

Vice-presidente do MPLA quer bons deiramente pela democracia e que


busca organizar-se todo ele, como
Partido exclusivamente vocacionado
temas para melhoria da qualidade de vida do povo para governar para todos”, desafiou.
D.F.
O vice-presidente do MPLA, de Gestão Financeira do Estado e Estado, pois vai preparar melhor
Roberto de Almeida, aconselhou a sua relação com a execução da os deputados para o acompanha-
quarta-feira, em Luanda, que o Programação Financeira”, todos mento do desempenho da acção
Grupo Parlamentar do MPLA se- agendados para esta sexta-feira. do Executivo no domínio da ges-
leccione, para as próximas jorna- “Os deputados devem acompa- tão das finanças públicas.
das, temas que visem a melhoria nhar e dar uma atenção especial Deste modo, sublinhou que os
da qualidade de vida do povo, ao processo em curso de reorga- deputados poderão contribuir
com realce para o apoio à criança, nização e consolidação das finan- com sugestões técnicas para a
a mulher, a juventude, o idoso, os ças públicas do país, tornando-as obtenção de resultados positivos
antigos combatentes e veteranos mais robustas e seguras”, disse pelo Executivo, bem como para o
da pátria, bem como outras po- Roberto de Almeida. reforço de uma boa governação.
líticas nacionais de desenvolvi- O político afirmou que esse acom- A este respeito, lembrou as pala-
mento. panhamento tem de ser feito em vras do Presidente da República,
A agenda das jornadas, que ter- linha com a evolução que o país José Eduardo dos Santos, no seu
minam hoje, inscreve temas vai evidenciando nos vários do- discurso de investidura, segun-
como “conceitos e fontes das re- mínios. do as quais a “consolidação do
ceitas públicas”, “classificação e Por isso, considerou pertinente a Estado e das suas instituições
estrutura das despesas públicas”, realização desta actividade, que apresenta-se, neste contexto,
“qualidade da despesa pública e tem no centro dos debates os pro- como a garantia da estabilidade
causas do seu crescimento” e fun- cedimentos para a elaboração do política, da paz e das liberdades
cionamento do Sistema Integrado Orçamento e da Conta Geral do democráticas”.
25 Janeiro 2013 15

Findo o prazo estipulado pelo PR, nenhum resultado


foi apresentado pela comissão de inquérito criada
para a apurar as causas dos incidentes da vigília
do fim de ano, organizada pela IURD

FNLA diz que há forças


externas que pretendem
acabar com o partido
No Kwanza-Norte, o secretário
provincial da Frente Nacional de
Libertação de Angola (FNLA), Fer-
nando Caculo Manuel, mostrou-se
apreensivo pelo incumprimento glo-
bal do acórdão do Tribunal Constitu-
cional por algumas instituições.
Em declarações ao telefone, a partir
do município de Cazengo, o político
disse que há margem no programa
do líder da organização, Lucas Ngon-
da, em facilitar a harmonização e
coesão interna, que tem conseguido
êxitos. “Mas há questões que estão
a alimentar a desunião partidária”,
evidenciou.
Em algumas localidades do país e da
região do Kwanza-Norte, em parti-
cular, muitas bandeiras da organiza-

Lucas Ngonda ção política da FNLA continuam a ser


hasteadas pelos aderentes de Ngola
de justiça angolanos deveriam fa-
zer cumprir as decisões tomadas,
apelou aquele responsável.
Em relação ao crescimento de mili-
Kabangu, assim como permanecem exemplificando, com a presença no tantes do partido nos 10 municípios

Tenta ocupar nas comissões provinciais e munici-


pais eleitorais os membros indicados
e que são contrários ao pensamento
parlamento anterior de “indivíduos”
que não obedeciam às ordens da di-
recção “legal” da Frente Nacional de
do Kwanza-Norte, Fernando Caculo
Manuel recusou-se a revelar, temen-
do represálias por parte de indivídu-

bastião de Ngola da actual direcção.


“O que está a alimentar essa coragem
é a existência de comissários, de
Libertação de Angola, práticas que
têm de “acabar”.
“Gostaríamos de gritar bem alto que
os do governo ligados ao partido no
poder.
“Ainda não estamos realmente em

Kabangu
elementos que não cumprem as di- o tribunal faça cumprir as suas duas verdadeira democracia. Os nossos
rectrizes do partido autorizado pelo decisões (acórdãos 109 e 110), por- jovens, os nossos militantes, as nos-
Tribunal. Esta prática tem estado a que foi o tribunal que determinou, sas mamãs, uma vez conhecido que
alimentar, a encorajar a disparidade com base nos estatutos do partido são militantes da FNLA, já não têm a
A polícia nacional dispersou os Bernardo devem faze-lo de forma no partido”, acautelou Fernando Ca- e nos resultados do congresso de possibilidade de serem professores,
apoiantes da FNLA de Lucas Ben- pacífica ou seja negociar com a di- culo Manuel. 2004, que o irmão Kabangu não era enfermeiros, enfim”, lamentou.
ghy Ngonda, quando estes preten- recção verdadeira e não com intru- Segundo aquele político, os órgãos a pessoa ideal para dirigir o partido”, Isaías Soares, em Malanje
diam ocupar, nas primeiras horas sos que defendem interesses incon-
quinta-feira 24, as instalações des- fessos”, disse a fonte.
te partido, situada na rua Samuel Com mais esta crise provocada pe-
Bernardo às Ingombotas, distrito
urbano de Luanda.
Segundo um dos militantes, que
los apoiantes de Lucas Ngonda, a
reconciliação na FNLA fica cada vez
mais distante.
CASA-CE no Kwanza Norte
denuncia perseguições
não quis ser identificado disse que, Ngola Kabango que também se con-
“quando eram precisamente 8h00 sidera líder deste partido histórico,
da manhã desta quinta-feira 24, no ano transacto chegou a reconhe-
mais de dez homens apareceram cer, que, está a revitalizar a FNLA e, O secretário executivo da Con- As conversas de ameaças e promes- sendo os financiadores dos grupos
aqui e nos mandaram sair das insta- “vou trabalhar com todos para nos vergência Ampla de Salvação de sas foram gravadas em vários tele- de delinquentes locais, assim como
lações para trocarem os cadeados, reafirmarmos como um partido ac- Angola – Coligação Eleitoral (CASA- móveis dos partidários da CASA-CE, os mentores junto da população
só que nós não aceitamos. Fomos tuante na vida política de Angola. CE), na província do Kwanza-Norte, que constituiu uma comissão que para a destruição de bens públicos.
aos arames com eles e, outros liga- Questionado na altura sobre a for- António Francisco Hebo, denunciou se deslocará, nos próximos dias, ao “Quais são as percentagens que as
ram para a polícia nacional”. ma como vai revitalizar a FNLA, recentemente, na cidade de Ndala- município citado para exigir trans- empresas que exploram a madeira
Ainda a fonte, reconheceu que ti- disse que “terá que haver um novo tando que, apesar de um crescimen- parência por parte do director de e a areia no Kwanza-Norte deixam
veram a pronta intervenção dos ho- congresso”. to massivo da organização, os seus um estabelecimento de ensino, cujo para a província?”, questionou Je-
mens da farda azul que dispersaram Afirmando que “ainda não digo militantes estão a ser perseguidos. nome omitiu, e do chefe de Reparti- sus Mbote Cassua Duas Horas, re-
os “insurgentes”, “infelizmente não nada sobre uma eventual candi- O responsável, que acusa militantes ção Municipal de Educação. presentante no CPACS. As questões,
fizeram nenhuma detenção, para datura à presidência do partido, e dirigentes do partido no poder, As escutas serão igualmente repro- que não foram respondidas, causa-
nós deveria ser detido um deles e sublinhou que o último congresso exemplificou, dizendo que os dis- duzidas e encaminhadas ao grupo ram um mal-entendido ao chefe do
responder em tribunal por criarem foi em 2011 e, estatutariamente, centes e docentes são as principais parlamentar da respectiva coligação executivo local, notou.
arruaças”, disse. há congressos de quatro em quatro vítimas, incluindo os candidatos aos eleitoral para discussão no corres- O assunto preocupa o mais recente
“Os insurgentes apareceram aqui anos”. concursos públicos do ano transacto pondente nível, prometeu o diri- partido político no país pelo facto
com a orientação do irmão Lucas A respeito do actual presidente da nos sectores da saúde e educação. gente político. de os habitantes dos municípios de
Ngonda, que não sabe o que fazer. FNLA, Lucas Ngonda, que o subs- No município de Samba-Cajú, in- António Hebo referiu, por outro Bonlongongo e Quiculungo conti-
Mas um homem que quer reunificar tituiu por decisão judicial, Ngola dicou o responsável, “o primeiro lado, que já foram acusados, numa nuarem a “ser enterrados em cai-
o partido parte em confusão? Assim Kabango descreveu-o como “um secretário municipal da JMPLA fez reunião do Conselho Provincial de xões de bordões”.
não vai a lado nenhum. Se querem a homem sem palavra”. reprovar todos os seus alunos” filia- Auscultação e Concertação Social Isaías Soares,
sede que se encontra na rua Samuel Domingos Cazuza dos na CASA-CE. (CPACS) do Kwanza-Norte, como em Ndalatando
AF-Lusiada-meiapagina-2013.pdf 1 1/15/13 8:36 PM
18 25 Janeiro 2013

Sociedade
Em Tóquio

Universidade Agostinho Neto e Ryukuku


assinam acordos de cooperação
Uma delegação da Universi-
dade Agostinho Neto, encabe-
çada pelo seu magnífico reitor,
No acto de inscrição
Detectados
Orlando da Mata, assinou na
segunda-feira, dia 21, em Tóquio,
um acordo de cooperação com a
universidade Ryukuku do Japão.
A novidade foi avançada ao NJ
mais de dez
pelo vice-reitor em exercício para
os assuntos académicos, Agatân- processos
gelo dos Santos Eduardo, tendo
afirmado que, numa primeira falsos
fase, o convénio vai permitir a
possibilidade de intercâmbio dos
estudantes das duas universida- Desde que começou o período de
des nas mais diversas áreas do inscrições no Campus da Universidade
saber. Agostinho Neto, no Camama, já foram
Este acordo, segundo a fonte, vai detectados mais de 10 casos de docu-
permitir que estudantes da Uni- mentação falsa. Os casos têm sido en-
versidade Agostinho Neto possam tregues à Polícia Nacional, através da
ir ao Japão e fiquem por lá cerca Brigada de Segurança Escolar, instala-
de seis meses ou um ano, inseri- da no local, que, por sua vez, tem dado
dos na Universidade Ryukuku, o devido tratamento e seguimento aos
onde vão Uma delegação da processos, como esclareceu ao Novo
Universidade Agostinho Neto, saber. a realidade do país, nos domínios sexta-feira, dia 25, um outro pro- Jornal o vice-reitor em exercício para
encabeçada pelo seu magnífico Este acordo, segundo a fonte, vai cultural e linguístico. tocolo de cooperação tripartido, os assuntos académicos, Agatângelo
reitor, Orlando da Mata, assinou permitir que estudantes da Uni- Agatângelo dos Santos Eduardo em Aruja, Tanzânia, que abrange dos Santos Eduardo.
na segunda-feira, dia 21, em Tó- versidade Agostinho Neto possam referiu ainda que este acordo três universidades (Agostinho O Campus Universitário recebe dia-
quio, um acordo de cooperação ir ao Japão e fiquem por lá cerca vai proporcionar uma interacção Neto, Universidade Dar Es Sala- riamente mais de dois mil candidatos
com a universidade Ryukuku do de seis meses ou um ano, inseri- muito estreita entre professores an, da Tanzânia, e a Universidade que querem ingressar no ensino supe-
Japão. A novidade foi avançada dos na Universidade Ryukuku, das duas universidades e a elabo- Nacional Tecnológica da Norue- rior. Com uma capacidade de resposta
ao NJ pelo vice-reitor em exercí- onde vão obter, fundamental- ração de projectos em conjunto ga). Este acordo de cooperação para apenas quatro mil 483 vagas, as
cio para os assuntos académicos, mente, formação no domínio das de pesquisa e mútua partilha de visa a participação num projecto centenas de alunos que se candidatam
Agatângelo dos Santos Eduardo, tecnologias, já que o Japão é uma informações, resultados e ideias conjunto entre as três unidades têm como preferência os cursos que se
tendo afirmado que, numa pri- potência neste ramo. O mesmo nos diferentes domínios do ensi- académicas do ensino superior e agrupam nas ciências sociais, como a
meira fase, o convénio vai permi- vai acontecer com os discentes da no. tem por objectivo a formação de sociologia, psicologia, economia, an-
tir a possibilidade de intercâmbio universidade Ryukuku que terão Paralelamente a este protocolo, mestres e doutores nas áreas das tropologia, história, ciências políticas
dos estudantes das duas universi- a possibilidade de vir a Angola e Agatângelo dos Santos Eduardo ciências e das engenharias dos e direito.
dades nas mais diversas áreas do passar uma temporada a estudar avançou que será rubricado esta petróleos. DOMINGOS BENTO

Bairro do Grafanil
Jovem morre baleada em frente de casa
Uma jovem, de 20 anos, morreu na Hilux branca, desceu quando viu que mas está fora do perigo.
tarde de segunda-feira, dia 21, após os rapazes estavam a cobrar dinheiro Já a sua sobrinha não teve tanta sor-
ser baleada na barriga, em frente de para deixá-los passar, foi até à sua te. A bala entrou pela barriga, atra-
sua casa, no bairro do Grafanil, rua do viatura, tirou uma arma, fez dispa- vessou o corpo e saiu pelas costas.
Colho. Um colega também foi balea- ros à queima-roupa, pelo menos seis “Ela foi socorrida, mas não resistiu
do, mas sobreviveu aos ferimentos. vezes, contra os jovens que faziam aos ferimentos e morreu no momento
A jovem, que se chamava Katiana cobranças e meteu-se em fuga, dei- em que chegou ao pronto-socorro da
Camoço Pinto e era conhecida por xando a minha filha e o seu colega cidade”, lamentou.
(Beba), foi morta cerca das 12h00, de escola baleados”, relatou o pai de Até à manhã de terça-feira, dia 22,
segundo o pai, Francisco Pinto, Katiana Pinto. ninguém foi preso. No entanto, o
quando um grupo de jovens, não Segundo Eduardo Camoço, tio da jo- comandante de divisão da Polícia de
identificados, faziam cobranças aos vem, a sua sobrinha, minutos antes Viana, de forma arrogante, recusou-
automobilistas que circulavam pela de morrer, estava à porta da sua re- se a prestar esclarecimentos, encami-
rua do Colho, em Viana. sidência a conversar com um colega nhando o Novo Jornal para o Coman-
“Um dos automobilistas, que circula- de escola, conhecido por Decas, e que do Provincial de Luanda.
va com uma viatura de marca Toyota também levou um tiro na barriga, Gaspar Faustino
25 Janeiro 2013 19

Terminou ontem, 24, uma formação sobre litigação junto da Comissão


Africana dos Direitos Humanos e dos Povos e do Tribunal Africano,
ministrada a advogados e defensores de direitos humanos angolanos e
moçambicanos, em Luanda, pela a AJPD, com o apoio da OSISA

Jornal Continente
Paralisação coloca sócios de “costa viradas”
Os trabalhadores do semaná-
rio Continente decretaram, nesta Hospital do Prenda
quarta-feira, dia 23, a paralisação
dos serviços no jornal, sem um prazo
determinado para o seu termo. Funcionários
reclamam falta
Em causa está a violação por parte da
entidade patronal do caderno reivin-
dicativo, apresentado no dia 30 do

de subsídios
pretérito mês, onde estão identifica-
das as principais reivindicações dos
trabalhadores.
Para além da falta de pagamento de
salários há cinco meses, os funcioná-
rios não usufruíram dos subsídios de
há quatro meses
Natal, de férias e do décimo terceiro.
Entre os principais pontos do cader- os funcionários do hospital e terapêutica (análises clínicas
no reivindicativo, constam ainda a do prenda, entre médicos, enfer- e raio x) e as horas acrescidas
entrega dos cabazes, o respeito pela meiros e técnicos de diagnóstico dos bancos de urgência para os
honra e dignidade e a cessação ime- e terapêutica, reclamam por falta médicos causaram um nível de
diata das ameaças constantes aos de pagamento das horas acresci- absentismo muito elevado.
trabalhadores, bem como os despe- das aos bancos de urgência e dos “se vierem às 9h00 não encon-
dimentos anárquicos. subsídios nocturnos e de turno, tram nenhum médico. estamos
Depois da comissão de trabalhadores desde setembro do ano passado. a faltar, porque, por exemplo, se
ter fornecido o caderno reivindica- respeito e consideração, como serem de influenciar soluções de conflito segundo informações dos tra- eu tiver que observar quatro pa-
tivo à direcção do jornal, a adminis- sócios naturais”, sustentou igual- laboral. balhadores, que preferem não cientes numa hora, quando não
tração terá respondido com apenas mente o membro da comissão reivin- De acordo com a mesma fonte, há se identificar, este mês, o mi- somos pagos, atendemos me-
cinco pontos, comprometendo-se a dicativa. uma série de anomalias que se cons- nistério das finanças orientou nos, porque estou lá de corpo,
liquidar os respectivos ordenados, O número dois, do artigo 51, da tata neste processo, por isso, os tra- que, na rubrica das despesas mas a mente não, por não estar
num prazo de 15 dias, a contar desde Constituição da República, proíbe o balhadores pensam endereçar uma correntes do hospital (água luz motivado. sabe-se que a classe
o dia 7, prazo que terminou no dia 22 empregador de provocar a paralisa- carta ao Ministério da Comunicação e a manutenção), se deveria técnica executa e a médica pres-
de Janeiro. ção total ou parcial da empresa, bem Social, Ministério da Administração retirar o adicional para motivar creve. quando não há motivação,
Os sócios encontram-se de costas vi- como a interdição do acesso aos lo- Pública, Emprego e Segurança Social os funcionários, mas o hospital é grave, há um grande esforço”,
radas devido ao destino incerto que cais de trabalho pelos trabalhadores e à Procuradoria Geral da República. não respeitou esta orientação. afirmou um médico.
se deu ao valor da venda de 20% das ou situações similares, como meio FERNANDO GUELENGUE “ao não respeitar esta directi- os trabalhadores invocam o
acções a um sócio ainda não identi- va, pensamos que o hospital cumprimento da lei, alegando
ficado. incorreu em erro. devia cumprir que, se é uma directiva, do pon-

Título será retido


Neste momento, os trabalhadores a directiva para salvanguadar o to de vista legal, que autoriza os
são impedidos de ter acesso às insta- bom ânimo dos profissionais”, hospitais a gerirem as rúbricas
lações da empresa, conforme contou frisam. para compensar os funcinários,
um profissional daquele periódico. Hermenegildo Manuel foi mais Outra fonte ligada a este jornal os funcionários foram informa- não há motivos para que a direc-
Hermenegildo Manuel, primeiro longe, ao garantir que, caso a en- confirmou haver interesses por dos que o salário deste mês foi ção do hospital não cumpra com
editor do jornal, disse que respeita- tidade empregadora não resolva parte do sócio maioritário em de- processado, apenas com o su- esta orientação. ”nós corremos
ram todos os trâmites legais, desde a situação com que se debatem negrir, sobretudo, a imagem dos bídio de janeiro, e estão preocu- riscos, abandonamos as nossas
a apresentação do caderno reivin- há cerca de um mês, será retido o dirigentes do país, particular- pados por, até agora, não haver casas, as nossas famílias, então,
dicativo à entidade patronal, bem título do jornal. mente os “Bentos”: Bento Bento qualquer informação credível é necessário que esta questão
como as reuniões de consenso com “Em função das respostas judi- e Bento Kangamba. sobre os outros meses. seja resolvida”, rematam.
a comissão criada pela direcção para ciárias que recebemos, o jornal “Os artigos que aparecem no jor- “um problema é não ter sido sobre as causas do atraso no pa-
resolver a situação. nunca poderá sair à rua sem que nal a manchar o bom nome de pago. agora, o outro problema gamentos dos subsídios, o direc-
“A direcção prometeu cumprir, num ultrapassem este problema”, entidades não são feitos pelos é saber se vão pagar com retro- tor clínico do hospital do pren-
prazo de 15 dias, e até ao momento alertou, justificando que, no jornalistas, mas sim por um staff activos ou não. o ministério das da, josé van-dúnem, garantiu
não conseguiu resolver nada. Decre- momento em que o jornal tirou a do jornal. Estamos preocupados finanças descarta essa responsa- que está ultrapassada, uma vez
támos a greve até que os nossos in- primeira edição do ano, todos os em ouvir o contraditório, embo- bilidade, alegando que os hos- que os salários de janeiro já fo-
teresses estejam resolvidos”, frisou o trabalhadores se encontravam a ra cumpramos com as ordens da pitais têm rubricas ram processados com
jornalista, acrescentando que os tra- gozar férias. casa”, denunciou. F.G. necessárias para o subsídio do mês de
balhadores tomaram conhecimento poderem compen- janeiro.
de uma circular que convocava a sar este trabalho. questionado se os
comissão para uma reunião, o que
não caiu bem aos olhos dos trabalha-
dores.
Os sócios enviado especial no CAN2013 na
os outros hospitais
fizeram isso, só o
prenda é que não.
outros meses serão
pagos com os retro-
activos, respondeu:
Disse ainda que o certo é que estão Henrique Miguel “Riquinho”, África do Sul. porquê? a gente “o estado atrasa,
em greve devido à falta de vontade sócio maioritário, com 50%, Wal- São cerca de 34 os trabalhadores não sabe”, notam. mas não deve a nin-
por parte da direcção do jornal. “So- taer Daniel, Jamba Lima e uma do título, incluindo jornalistas. para os trabalha- guém. esta é uma
mos jornalistas e, quando tentamos terceiro elemento, que terá com- “Os demais funcionários, que dores, a falta de questão que está
reivindicar os nossos direitos, o sócio prado cerca de 20%, são os pro- se diz serem mais de 40, são das pagamento dos sob controlo, até
maioritário trata-nos como analfa- prietários do Continente. empresas pessoais de Riquinho”, subsídios de turno do ministro, não há
betos. Há colegas que começaram O administrador geral do jornal, contou Hermenegildo Manuel. e nocturnos para razões para se preci-
a trabalhar no jornal em condições Walter Daniel, encontra-se como F.G. enfermeiros e técni- pitarem com isso”.
lastimáveis e hoje mereciam maior cos de diagnóstico maria campos
20 25 Janeiro 2013

Entrevista
JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA, jornalista do semanário Expresso

“Foram guineenses do PAIGC que


“Fui o primeiro a levou à morte de Cabral). Não tenho
dúvidas que houve várias tentativas
consultar o arquivo do poder colonial em tentar matar
da Pide-Dgs em Cabral, os arquivos da PIDE estão
recheadas de conspirações para ani-
Portugal, que tinha quilar o líder do PAIGC. Mas, do pon-
to de vista histórico, não foi a “mão
acabado de ser portuguesa” a mais determinante
tornado público em toda a trama que desembocou no
20 de Janeiro de 1973.
e fui o primeiro
investigador Altos quadros do PAIGC
recusaram colaborar
a mergulhar na investigação
Quais foram as maiores dificulda-
na vastíssima des que teve de ultrapassar quan-
documentação... do estava a fazer a investigação
para o seu livro?
sobre Amilcar Cabral” Houve três dificuldades grandes e
uma delas ainda se mantém. A pri-
meira, as reticências que encontrei
quando tentei falar com dirigen-
tes e responsáveis guineenses do
PAIGC. Ao todo falei com mais de
meia centenas de pessoas durante a
minha investigação. Na Guiné, falei
Texto JORGE MONTEZINHO inclusivamente com o então presi-
Fotos ARQUIVO NJ dente Nino Vieira, mas houve altos
quadros do PAIGC guineense que se
recusaram a falar comigo e não qui-
seram colaborar na minha investiga-
ção. Essa atitude foi absolutamente
Amílcar Lopes Cabral, nasceu em de Amílcar Cabral? lida e consistente. Por isso decidi oposta por parte das autoridades
Bafatá, na Guiné-Bissau, a 12 de Se- Vinte anos depois, não sei se escre- manter esse ponto de interrogação, cabo-verdianas. Estive duas vezes
tembro de 1924 e foi morto em Cona- veria exactamente a mesma coisa, que atravessa as mais de 300 pági- em Cabo Verde e não houve nin-
cri, a 20 de janeiro de 1973. Filho de porque, entretanto, houve vários nas do livro. guém que não tivesse colaborado
pai cabo-verdiano e mãe guineense, testemunhos, principalmente de- comigo ou aceitado dar a sua ver-
cresceu em Cabo Verde onde viveu poimentos de várias personalidades, Na sua obra, apesar de não afas- são dos acontecimentos. A segunda
até completar o curso liceal. Tendo que decidiram falar sobre a morte tar outras hipóteses, diz que terão dificuldade com que me deparei foi
conseguido uma bolsa de estudos, de Cabral. Mas, há vinte anos, fiz sido os guineenses os autores do na Guiné-Conacri. Gostaria de ter re-
formou-se em agronomia no Ins- todos os possíveis e falei com todas assassinato. Refere também que a colhido mais a versão das autorida-
tituto Superior de Agronomia, em as pessoas que me foi possível e con- PIDE teve diversas oportunidades des de Conacri, mas sabemos como
Lisboa, Portugal. Contratado como sultei todas as fontes que na altura para matar Cabral mas que nunca funcionam os países sob ditadura,
adjunto dos Serviços Agrícolas e estavam disponíveis. Fui o primeiro o fez. Poderemos alguma vez ex- por isso não encontrei tudo o que
Florestais da Guiné, pelo Ministério a consultar o arquivo da PIDE-DGS cluir a mão portuguesa por trás do gostaria. Touré já tinha morrido, os
do Ultramar, regressou a Bissau em em Portugal, que tinha acabado de assassinato de Cabral? seus colaboradores tinham sido di-
1952, onde por causa do seu traba- ser tornado público e fui o primeiro No meu livro trabalho quatro hipóte- zimados em sucessivas levas e ajus-
lho, percorreu grande parte do país investigador a mergulhar na vastís- ses e uma dela é a tensão existente tes de contas e tirando alguns livros
e se apercebeu dos problemas sociais sima documentação que a PIDE-DGS dentro do PAIGC entre o sector gui- que encontrei e consultei não me foi
existentes. foi recolhendo sobre o PAIGC e so- neense e os dirigentes de origem possível desenvolver essa linha de
Em 1959, juntamente com Aristides bre Amílcar Cabral. Como repórter, cabo-verdiana. Mas não esqueço investigação. A terceira dificuldade
José Pedro Castanheira, Pereira, com o irmão Luís Cabral, fui a todos os locais, Guiné-Bissau, as outras hipóteses explicativas: a continua por superar e tem a ver com
português, jornalista do se- Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Cabo Verde, Senegal, Guiné-Conacri. PIDE; a própria acção do sector mi- o acesso aos arquivos franceses. A
manário Expresso e autor de Elisée Turpin, Amílcar Cabral funda o Considero que fiz o trabalho mais litar, que por várias vezes tentou as- Guiné-Conacri foi uma antiga coló-
uma das primeiras obras so- partido clandestino Partido Africa- exaustivo que era possível fazer na- sassinar Cabral (aliás, visitei o antigo nia francesa e não tenho dúvidas de
bre o assassinato do funda- no para a Independência da Guiné quela época. É evidente que o meu quartel general do PAIGC em Conacri que a França sempre acompanhou
dor do PAIGC – “Quem Man- e Cabo Verde (PAIGC). Quatro anos livro, editado em 95, não é uma tese e pude ver os sinais ainda bem pa- aquilo que se passava no interior do
dou Matar Amílcar Cabral?”. mais tarde, o partido estabelece uma definitiva, nem nunca me passou tentes do bombardeamento feito país. Não me passa pela cabeça que
delegação na cidade de Conacri, ca- pela cabeça que fosse um trabalho pelo comando português ao quartel os serviços secretos franceses não
pital da República de Guiné-Crona- definitivo, daí o próprio título ter e à casa de Cabral durante a opera- tenham acompanhado de perto o
cri. A 20 de janeiro de 1973, Amílcar um ponto de interrogação: «Quem ção «Mar Verde», em Dezembro de que se passou em Conacri em 1973.
Cabral é assassinado em Conacri, por Mandou Matar Amílcar Cabral?» E 1970); e também a quarta hipótese, Tentei obter várias autorizações em
membros de seu próprio partido. esse ponto de interrogação fala por com a possibilidade do envolvimen- Paris para aceder aos arquivos, mas
Quase vinte anos depois da edição si. É uma pergunta que eu fiz e que to do próprio Sékou Touré (havendo nunca consegui. A resposta oficial é
da sua obra, mantém a leitura que na altura me pareceu ainda não ter sinais da sua participação, directa que ainda não passou o prazo fixado
fez na altura sobre o assassinato uma resposta suficientemente só- ou indirecta, em toda a trama que na lei francesa para disponibilizar
25 Janeiro 2013 21

«Ainda hoje Cabral tem muito de mito.


Procurei encarar e investigar a sua morte de
forma independente e com os instrumentos
típicos do jornalismo moderno»

assassinaram Amílcar Cabral”


essa informação. Esses arquivos, do têm para com os seus povos e países. rente para a guerra colonial. Não nos com o crescente apoio político in-
meu ponto de vista, serão importan- Não estou a fazer nenhuma crítica a podemos esquecer que 1973 e 1974 ternacional, há uma alteração subs-
tes para apurar toda a verdade. Aristides Pereira, estou a dizer que foram anos de intensas iniciativas tancial na percepção dos comandos
entendo a sua atitude. Mas gostaria políticas e diplomáticas que ainda militares, que tomam consciência
Apesar de Cabral nunca ter assu- de sublinhar que sem a minha inves- não foram totalmente estudadas. É que só conseguem evitar a derrota
mido qualquer papel de herói, foi tigação e o meu livro, a maior parte conhecido, por exemplo, o projec- militar, no terreno, através de uma
complicado lidar, no terreno, com da literatura posterior não seria to de Spínola de chegar à fala com negociação política. Ou seja, são as
o ‘mito’ de Amílcar Cabral? Ou possível. Pode ser imodéstia minha, Cabral através de Senghor. Como é próprias condições da guerra que
seja, havia o medo de mexer com mas considero o meu livro o primeiro conhecida a negociação de Londres obrigam os militares portugueses a
o ‘mito’?
Todos os heróis acabam por transfor-
trabalho minimamente sério e inde-
pendente sobre a morte de Amílcar
«Se Cabral não em Março de 1974, envolvendo um
emissário português e uma delega-
tentar encontrar uma saída airosa e
necessariamente política.
mar-se em mitos e com Cabral isso Cabral. tivesse sido ção de cúpula do PAIGC, negociação
aconteceu, não só devido à sua en- que só não prosseguiu porque se deu Uma última questão. Quarenta
vergadura intelectual e política, ao A herança de Iva Cabral assassinado o 25 de Abril, uma vez que haveria anos após o assassinato, acha que
papel que desempenhou em termos Que análise faz à herança de Ca- uma segunda ronda em Maio de 74. alguma vez se saberá quem man-
políticos, militares e diplomáticos, bral? Como explica que Cabo Verde penso que seria Se Cabral não tivesse sido assassina- dou matar Amílcar Cabral?
mas sobretudo devido às condições
misteriosas em que morreu. O papel
tenha tido uma ditadura durante
15 anos e que a Guiné-Bissau ain-
possivel encetar do penso que seria possível encetar
uma negociação séria entre as auto-
Acho que já começamos a ter res-
postas. O meu livro abria caminhos
do jornalista é, respeitando a figura da hoje não tenha encontrado o uma negociação ridades portuguesas e o PAIGC sobre claros e acho que apresentei alguns
e o legado de Cabral, tentar também caminho para a democracia está- o futuro político e a independência, elementos que permitiam ao leitor
ser o mais rigoroso possível, inde- vel? Seria este o espólio que Cabral séria entre as principalmente da Guiné. E se hou- valorizar mais algumas das hipóte-
pendentemente das leituras e das
opções políticas e ideológicas que se
desejaria?
Não sei se Cabral defendia a demo-
autoridades vesse essa negociação, seguramente
haveria outras também sobre Mo-
ses do que outras. Desde então têm
aparecido outras obras, dando mais
façam. Ainda hoje Cabral tem muito cracia como solução para a Guiné e portuguesas e o çambique e Angola. Estou firme- peso a uma das hipóteses. E o já re-
de mito. Procurei encarar e investi- Cabo Verde, uma democracia plura- mente convencido que isso teria ferido livro/entrevista de Aristides
gar a sua morte de forma indepen- lista e representativa. Não conheço o PAIGC, negociação sido possível, porque há vários sinais Pereira põe, para mim, um ponto
dente e com os instrumentos típicos
do jornalismo moderno.
suficiente a sua obra, mas creio que
não era esse o modelo que ele de-
que só não que nos demonstram que começava
a haver vontade política, principal-
final sobre o assunto. A leitura que
Aristides Pereira faz reforça, de for-
fenderia. Os principais contributos prosseguiu porque mente das autoridades militares, ma clara, uma das hipóteses que eu
Mas, sentiu o peso desse mito teóricos de Cabral não se encontram de ensaiar a procura de uma solução próprio desenvolvi, que era a de um
quando falou com as várias tes- nessa matéria mas sim na estratégia se deu o 25 de Abril, política para a guerra colonial. Nesse conflito interno no PAIGC entre uma
temunhas que aparecem no seu da luta de libertação e na aliança en- contexto, a figura de Cabral era fun- parte substancial dos combatentes
livro? tre a Guiné-Bissau e Cabo Verde para uma vez que haveria damental, porque era reconhecido e guineenses e os cabo-verdianos. Os
À medida que os anos passam, as
pessoas conseguem falar de uma
colher vantagens na luta contra o
colonialismo e para a independência
uma segunda ronda respeitado como principal líder dos
três movimentos de libertação das
elementos fornecidos por Aristides
Pereira reforçam essa suposição.
forma menos apaixonada e mais desses dois povos. Talvez seja essa em Maio de 74.» colónias. Acho que a versão histórica mais
fria e objectiva. Quando comecei a a principal novidade da estratégia correcta é a que sugere uma tenta-
minha obra, só tinham decorrido de Cabral. O que não se pode é acu- Essas tentativas de negociação tiva de parte de alguns sectores gui-
vinte anos sobre e morte de Cabral. sar Cabral por aquilo que aconteceu não ilibam o Estado português do neenses de obter a supremacia na
Hoje, creio que muitas das pessoas nos dois países após a independên- seu assassinato? liderança política e militar do PAIGC,
que abordei falariam de uma forma cia – designadamente na Guiné. Não Não, porque o governo português que no essencial era protagonizada
diferente. E digo isto com conheci- se pode estabelecer uma relação de não actuava a uma só voz. Pode, por cabo-verdianos.
mento de causa. Falei na altura com causa/efeito entre os contributos quando muito, ilibar uma compo-
o então Presidente Aristides Perei- teóricos de Cabral e o que acontece nente militar, a que acabaria por E Sékou Touré, também esteve en-
ra, e o que ele me disse ficou muito na Guiné, onde ainda hoje não há derrubar o Estado Novo e a ditadura. volvido?
aquém do que viria a dizer anos mais um Estado digno desse nome. O Não nos podemos esquecer que Sobre o próprio Touré não posso afir-
tarde na entrevista que concedeu que me parece importante subli- o 25 de Abril tem a sua géne- mar, mas seguramente que alguns
ao meu amigo José Vicente Lopes. nhar é que ainda antes do início se na Guiné. A maior parte dos dos seus homens de confiança terão
Essa sua entrevista traz, inclusive, da luta armada na Guiné, e ao militares que estiveram mais instigado e dado apoio aos homens
muita informação decisiva e que longo dos anos de luta conduzi- envolvidos na conspiração e que que estiveram envolvidos na cons-
ajuda a esclarecer o que aconteceu da por ele, foram inúmeras e in- depois ocuparam cargos de res- piração. Não podemos esquecer que
em Concari. Foram os anos que pas- sistentes as propostas de Cabral ponsabilidade, nasceram para os assassinos foram recebidos por
saram que possibilitaram a Aristides para uma solução política do a política enquanto cumpriam Touré na própria noite do assassina-
Pereira ter uma atitude mais serena problema colonial. Isso é esque- missões militares na Guiné. Foi to. Eram todos guineenses e a maior
e mais descomprometida perante a cido muitas vezes, mas é uma a sua tomada de consciência da parte deles foram passados pelas
história. Penso, aliás, que ele quis das suas componentes estratégi- impossibilidade de uma solução armas. Um dos grandes mistérios é
dar o seu contributo para a história cas mais importantes. Já disse, e militar para a guerra colonial saber o que foi feito do relatório de
e não quis morrer sem esclarecer continuo a pensar, que se Cabral que os levou a procurar uma so- inquérito organizado pelo PAIGC e o
esse caso particularmente delicado não tivesse sido assassinado o 25 lução política, isso para mim é que foi feito das cassetes contendo
da vida do PAIGC. De facto, o tempo Abril teria sido diferente. Prova- absolutamente claro. A partir de as gravações dos interrogatórios aos
ajuda, assim como ajuda as pessoas velmente teria sido possível uma 1970, e do fracasso da Operação suspeitos. Tudo isso desapareceu e
deixarem de desempenhar certos negociação entre Portugal e o Mar Verde, há a tomada de cons- estou convencido que esse material
cargos. Percebo perfeitamente que PAIGC e se essa negociação, que ciência que a guerra da Guiné nunca mais será encontrado.
as pessoas tenham atitudes diferen- ele propôs durante toda a sua não tem solução militar. A partir
tes consoante as responsabilidades vida, se tivesse realizado, ter-se- daí, com a crescente supremacia “Expresso das Ilhas” Cabo Verde
históricas que em cada momento ia encontrado uma solução dife- militar do PAIGC no terreno e
22 25 Janeiro 2013

Opinião
ACADEMIA Rota Meridional
JOÃO DEMBA Jonuel Gonçalves

ideias - é possivél O Mali como foco inicial


aprender a criar? Após ter transbordado para a Argélia, a
guerra do Mali vai envolver a qualquer momento
posições anteriores à ofensiva jihadista do co-
meço do mês em curso e enfraqueceram pontos
outros países vizinhos. Na verdade, a ocupação importantes da logística do Ansar Dine, Mujao e
Ideia, criatividade, inovação, antecipa- ideia, nada mais é, do que a combinação de jihadista do norte maliano é sequência de ope- Aqmi nas três cidades que ocupam no norte.
ção, oportunidade, empreendedorismo, ape- velhos elementos. rações anteriores na Mauritânia e Niger, sobre- A reconquista desse norte vai depender dos
sar de palavras com significados diferentes, Complicou? O que é ideia? Que elementos são tudo pela Aqmi (Al Qaida do Magreb Islamico), efetivos africanos em volume suficiente e do
são obrigatórias nos dias que correm se qui- estes? Que combinação é esta? Como ocorre a ela própria resultado de metamorfose no salafis- continuo apoio aéreo, logístico e de operações
sermos sobreviver no actual e cada vez mais combinação? Ideia, é representação mental mo argelino. especiais pontuais, da França. Guerra prolonga-
competitivo mercado local e global. Na es- que a mente forma de qualquer coisa. Esta Estas origens multinacionais são semelhantes da em perspectiva.
cola, universidade, família, igreja, desporto, definição não se esgota aqui. Para J. Young, às da própria Al Qaida inicial. No caso maliano, Os jihadistas possuem armamento importante,
enfim, estes termos são usados com maior o que interessa saber, não é onde procurar as facilidades decorrentes do vazio militar e ad- capturado nos arsenais líbios durante a insurrei-
incidência. Enganam-se aqueles que pensam ideia, mas sim, como exercitar o cérebro ministrativo em extensas áreas do deserto, con- ção anti-kadafista e têm boas ligações às redes
que estes termos são propriedade de músi- através de um método pelo qual se pode criar tribuíram para criar o “santuário” dos montes comercias clandestinas que oferecem munições
cos, artistas plásticos, escritores, designers, ideias. O autor propôs o seu método para Tiberine, no extremo norte, juntando-se-lhe as e combustível em toda a sub-região, com longo
estilistas, publicitários, etc, etc. Enganam-se criação de ideias com base no seguinte pro- reivindicações autonomistas ou independentis- currículo na matéria, incluindo os conflitos da
também, cesso: 1. tas tuaregues. Libéria, Serra Leoa e Costa do Marfim. Alguns
aqueles que pensam que a capacidade de Colecta de matéria-prima; Tem a ver com a Foi um movimento com esta base comunitária, chamam-lhe “rede mandinga” à qual Aqmi
criar de ideias, de ser criativo, de inovar, de nossa capacidade de reter na mente a maior o Movimento Nacional de Libertação de Azawad acrescenta vias próprias, serviço muito aprecia-
empreender, de antecipar, de aproveitar as quantidade possível e diversificada de infor- (MNLA), que desencadeou a rebelião ao atacar do pelos seus aliados do Ansar Dine.
oportunidades, são dons naturais, conce- mação obtida na escola, vivência, viagens, um quartel do exercito maliano no norte, em 17 A aliança jihadista tem mostrado varias vezes
didos por Deus, logo a nascença. Aconselha- televisão, conversas, desde a mais terna ida- de janeiro de 2012. Outro movimento com forte capacidade para alterar a localização dos campos
mos a mudar de crença com brevidade, pois de... 2. Elaboração das matérias no intelecto; presença tuaregue foi entretanto criado, com de batalha. A ofensiva contra as proximidades
o tempo não espera por nin- Tem a ver com a habilida- maior capacidade de mobilização e propondo a de Mopti e a operação em In Amenas são só dois
guém. Entretanto, admitimos de e capacidade de apre- instauração da Sharia (lei corânica) em todo o exemplos. Assim, a pergunta agora é onde será o
que por um lado, existam pes- endermos, encontrarmos Mali, ao invés da separação. É o Ansar Dine (De- próximo ataque fora do Mali, antes ou durante o
soas com mais habilidades, lógica e significado das fensores da Fé), hoje a principal força rebelde, avanço das forças franco-oeste africanas.
mais capacidades, mais talen- coisas, bem como capaci- presente nas cidades de Gao, Kidal e Tomboctu, Na Mauritânia possuem várias células “adorme-
tosas do que outras - Leonel dade de falar-mos destas centro histórico de alto impacto em toda a Áfri- cidas” porque a repressão do governo de Nou-
Messi; Usein Bolton; mesmas matérias, com ca do Oeste. akchott é ao mesmo tempo severa e cautelosa.
Steve Jobes; Bill Gates; Hi- outrem. 3. O MNLA foi militarmente derrotado pela aliança Neste caso, não participando da força da CEDE-
tler; Betov são bons exemplos. Incubação; Fase em que do Ansar Dine com a Aqmi e o Mujao (Movimen- AO.
Apesar do dom, ainda assim, algumas informações ou to pela Unicidade e Jihad na Africa do Oeste), Situação diferente prevalece no Niger, país que
exercitar, exercitar, exercitar, intenções começam a formação apontada ás vezes como dissidência coloca um batalhão naquela força e acolhe des-
em determinada fase, também ser descartadas, dando da Aqmi, outras vezes como seu prolongamen- tacamentos do Tchad para, em conjunto, atra-
foi a palavra de ordem para prioridade a outras, que to. Na verdade, uma das características do mo- vessar a fronteira e retomar Gao em nome do
estes notáveis indivíduos. Por estejam mais próximas vimentos criado por Bin Laden é a flexibilidade, governo maliano. A Aqmi executou no Niger
outra, também é verdade que daquilo que pretendemos ou seja, mesmo dissidentes com planos táticos algumas arrojadas operações, como o rapto de
a capacidade de criar ideias, inovar, anteci- alcançar. 4. Estágio Eureka; Etapa em que diferentes podem prosseguir no uso do mesmo técnicos das minas de urânio, alguns dos quais
par, empreender, podem ser apreendidas de acontece a combinação de dados e informa- símbolo islamista. permanecem em seu poder, provavelmente nos
forma sistemática – Miguel Lutonda; Koby ções no subconsciente da pessoa. É fase em A brigada que atacou o campo de gás de In Ame- montes Tiberine ou proximidades.
Briant; Bealtes… fazem parte deste grupo que a ideia começa a nascer e a ganhar corpo nas seria uma dessas demonstrações. Mas acima de tudo, o partido dirigente no Níger
de pessoas. Se para os que nasceram com propriamente dito. Não é fácil O exército maliano, desde sempre com efetivos e é membro da Internacional Socialista e o Presi-
este dom natural, exercitar foi a palavra de falar desta etapa. Provavelmente estudiosos material insuficientes para proteger um territó- dente Issoufou é não só muito ouvido por Fran-
ordem, imagine você que não nasceu com da psicologia poderão explicar melhor como rio imenso foi, alem disso, abalado por um golpe çois Hollande, como tem amizades solidas no PS
dom, pretende atingir a excelência e desta- ocorre este fenómeno no subconsciente do de estado contra as instituições democráticas francês, construídas durante seu período de es-
car-se em alguma actividade? Ou exercita, ou indivíduo. 5. A ideia; Nesta fase acontece o vigentes no Mali há cerca de 20 anos. A Consti- tudante e exilado em Paris. Alvo claro da Aqmi.
exercita. Exercitar = Preparação é a palavra nascimento da ideia como tal e pronta para tuição maliana foi assim alvejada por dois inimi- O Senegal, pela sua repercussão externa é outro
de ordem. Alguns estudiosos, defendem que utilização prática. A capacidade de aprender gos: os jihadistas e os golpistas. alvo possível e a Guiné-Bissau faz parte da zona
“SE EXERCITAMOS ALGUMA ACTIVIDADE, a criar ideias, inovar, empreender, é interior A CEDEAO promoveu a criação de um executivo de risco. A Aqmi não esqueceu a prisão, há al-
POR 4 HORAS AO DIA, DURANTE 10 ANOS, a qualquer indivíduo, independente da sua provisório mas a junta militar permaneceu ame- guns anos em Bissau, de militantes seus acusa-
FACILMENTE ATINGIMOS O SUCESSO/PER- origem, estado físico, psíquico, religião, ida- açadora, até que os jihadistas voltaram a atacar dos do assassinato de turistas franceses na Mau-
FEIÇÃO”. Não é tarefa fácil, pois exige muita de, etc, etc. A criação de ideias, a criativida- no centro do país, em 10 de janeiro ultimo. ritânia. A instabilidade bissau-guineense é outro
entrega, exercício, disciplina e foco no ob- de, o O apelo do Presidente interino do Mali, Dion- atrativo. A não ser que os influentes traficantes
jectivo. Ao longo de toda a história da hu- empreendedorismo, durante muito tempo e counda Traoré à França, foi decidido após esse do norte maliano intercedam em favor dos ho-
manidade, poucos foram os estudiosos em nos dias de hoje, com realce, são elementos ataque, dada a fragilidade militar interna, a ex- mólogos de Bissau
Marketing e Comunicação, que conseguiram que justificam a existência de Agências de trema lentidão no envio de forças da CEDEAO e Tudo isto só para mencionar o Oeste africano
apresentar de forma sistemática, as técnicas Publicidade, Assessores de Imprensa; Con- as hesitantes tramitações da ONU. e sem esquecer o Oeste europeu, onde podem
para criação de Ideias/conceito ademais, sultores de Marketing e Comunicação no Esta, previa apoio militar internacional no ter- agir células organizadas da Al Qaida ou grupos
inovadoras, originais, atraentes, que fala-se geral. reno a partir de setembro deste ano. Espera-se simpatizantes espontâneos, como já ocorreu em
a linguagem da pessoa ou pessoas, a quem Sem criatividade ou ideias, estas áreas de ne- agora a chegada ao Mali, antes de final do mês, Espanha, Reino Unido e França.
se pretendia tornar comum uma mensagem. gócios poderão desaparecer, tal como muitas, de dois mil soldados dos estados membros da Uma das características do islamismo político é
James Webb Young, notável publicitário actualmente no abismo. Todavia está, tende CEDEAO e sua entrada em operações cerca de suscitar vocações de martírio e, em África, ata-
americano, foi o mais elucidativo a borda- a alastrar-se também em todas as áreas da uma semana depois. Atualmente, as ações aére- ca numa linha contínua desde o Atlântico e o
gem deste tema. Para o autor, uma nova vida. Comente em joao.demba©gmail.com. as e terrestres dos franceses, restabeleceram as Mediterrâneo até ao mar Vermelho e ao Índico.
25 Janeiro 2013 23

África
Intervenção francesa no Mali

Uma missão difícil mas necessária?


No princípio de Janeiro deste suas exigências, nomeadamente a ões sobre a questões importantes de apoio internacional e do grupo
ano, os rebeldes islâmicos no norte aplicação da Sharia na região sob como a laicidade do Estado e do de acompanhamento da situação no
do Mali que incluem o Ansar ed-Di- seu controle e uma maior autono- grau de autonomia a ser concedido Mali a 5 de Fevereiro próximo.
ne (Defensores da Fé), o Movimen- mia desta. à região norte do Mali, sob controlo Entretanto, os estados membros
to para a Unidade e Jihad na África A posição titubeante da comunida- dos rebeldes. da CEDEAO comprometeram-se em
Ocidental (MUJAO), o al-Qaeda no de internacional sobre o desdobra- No sábado passado, o ministro dos enviar 5 800 soldados para o Mali e
Magrebe Islâmico (AQMI), e o Mo- mento de forças militares no Mali, Negócios Estrangeiros francês, decidiram nomear o major-general
vimento Nacional para a Libertação mesmo depois do Conselho de Segu- Laurent Fabius, que participou Shehu Usman Abdulkadir da Ni-
do Azawad conhecido por Movimen- rança das Nações Unidas ter aprova- numa reunião de emergência da géria e o brigadeiro Yaye Garba do
to Touregue, lançaram novos ata- do a Resolução 2085, que autoriza CEDEAO em Abidjan, capital da Côte Níger como Comandante e Coman-
ques contra posições do governo de o envio de uma Missão de Apoio In- d´Ivoire, disse aos líderes africanos dante -adjunto da AFISMA, respec-
Bamako, animados pelos sucessos ternacional Liderada Africanamen- «Com este que era chegada a hora dos seus pa- tivamente, uma operação militar
do ano anterior. O exército maliano te no Mali (AFISMA), incentivou os íses assumirem as operações milita- que poderá custar mais de 500 mi-
abandonou posições sem grande re- rebeldes a serem mais ousados na forcing militar, os res no Mali “tão cedo quanto possí- lhões de dólares. Uma reunião de
sistência, tendo os rebeldes, que até
então se tinham mantido confina-
sua oposição ao regime de Bamako.
Não só o exército maliano carece de
grupos islâmicos vel”. A França não parece disponível
em continuar a liderar este proces-
doadores internacionais está agen-
dada para 29 de Janeiro próximo,
dos no norte do país, começado uma formação para poder estar na van- pretenderiam so, mesmo com os actuais apoios em Addis Abeba, capital da Etiópia,
movimentação para o sul e ocupado guarda das operações, mas também africanos e do ocidente, temendo para discutir como realizar tal finan-
a cidade de Konna, situada 650 qui- considerações logísticas e responsa- igualmente eventuais dificuldades militares no ciamento. Cerca de 150 soldados da
lómetros da capital, Bamako. bilidades financeiras ainda devem terreno perante as forças islâmicas Nigéria, Togo, Benin e Chade já che-
Segundo fontes de inteligência oci- ser clarificadas. Mesmo depois da
aumentar a pressão e possíveis reacções anti-coloniais garam a Bamako no domingo.
dentais, as forças islâmicas pode- Comunidade Económica dos Esta- sobre o governo por parte de alguns sectores em Não obstante o sucesso inicial da in-
riam controlar esta última cidade dos da África Ocidental (CEDEAO) África que não se sentem confortá- tervenção militar francesa no norte
em quarenta e oito horas se a sua ter disponibilizado 3.300 soldados, para forçá-lo a um veis com mais esta intervenção es- do Mali, observadores notam que o
ofensiva não fosse parada, o que continuava a especular-se que a trangeira em território africano. conflito poderá não ser tal fácil de
significaria o seu controlo quase operação do seu desdobramento só compromisso dentro A União Europeia (UE) nomeou o acabar. Aos insurgentes não parece
efectivo do país. Dado que o Mali
tem fronteiras longas e praticamen-
aconteceria possivelmente em Se-
tembro próximo.
dos seus termos» general de brigada francês François
Lecointre como comandante de uma
faltarem meios financeiros, dado
que existirem indicações segundo
te sem qualquer controlo com sete Com este “forcing” militar, os gru- missão para enviar 250 instrutores as quais eles estariam a receber fun-
outros países africanos, e estando pos islâmicos pretenderiam igual- militares ao Mali, em Fevereiro. Por dos secretos de várias monarquias
apenas a 3.000 km da França, anti- mente aumentar a pressão sobre o outro lado, vai disponibilizar 50 mi- árabes do Golfo que, paradoxalmen-
ga potência colonial, este agrava- governo para forçá-lo a um compro- lhões de euros para assistir as forças te, estão convencidas que subsidiar
mento da situação militar provocou misso dentro dos seus termos. Ao da CEDEAO e adicionalmente des- os movimentos radicais islâmicos
reacções internas e externas e ape- aumentarem a sua área de controlo bloquear 250 milhões de euros em em franjas distantes do mundo mu-
los angustiantes de assistência da militar, eles estariam interessados ajuda para o Mali, montante que ti- çulmano seria uma medida pragmá-
parte das autoridades de Bamako, em criar uma nova dinâmica num nha sido congelado depois do golpe tica para evitar o eventual derrube
nomeadamente do presidente in- processo negocial, que Bamako militar de Março de 2012. A União dos seus regimes.
terino, Dioncounda Traoré. Apesar aceita em princípio, mas que parece Europeia ofereceu-se também para Neste contexto, só a persistência de
dos esforços de organização e do condenado pela diferença de opini- organizar uma reunião ministerial considerações contra uma possível
material recentemente adquirido, propagação de movimentos islâ-
o exército maliano continua sem micos radicais na África Ocidental
capacidade operacional para fazer com implicações na Europa poderia
frente aos rebeldes islâmicos. continuar a mobilizar os apoios e
A reacção de Paris não se fez espe- as forças necessárias para reverter
rar e o presidente François Hollande o quadro militar no Mali, tendo a
ordenou uma intervenção militar França como a ponta e lança desse
imediata para parar o avanço islâ- esforço.
mico. No último fim de semana avi- José C. Neto
ões franceses de combate Rafale e
helicópteros Gazelle realizaram uma
dúzia de operações. Nesta segunda-
feira, cerca de 200 soldados france-
ses do Regimento de Infantaria 21,
apoiados por seis helicópteros de
combate e aviões de reconhecimen-
to, recuperaram as localidades de
Diabaly e Douentza.
Os ataques islâmicos teriam sido
provocados pela falta de progresso
no processo de negociações para
um solução política do conflito. O
grupo Ansar ed-Dine renunciou ao
seu compromisso anterior de pôr
fim às hostilidades e romper com as
organizações terroristas, por con-
siderar que o governo de Mali não
estava preparado para satisfazer as
24 25 Janeiro 2013

África

Guiné-Bissau mulheres
reivindicam
união africana pode desbloquear participação
qualitativa
governo de consenso
Em alguns meios políticos gui-
neenses existem fortes expectativas
de que a próxima cimeira da União
Africana em Addis-Abeba, na última
semana deste mês, poderá ser deci-
siva para o rumo da transição políti-
ca no país, pelo facto desta reunião
incluir na sua agenda o exame do
relatório da missão de avaliação da
situação política e de segurança, que
trouxe cerca de uma dúzia de altos
funcionários de cinco organizações
internacionais à Guiné-Bissau em As organizações empenhadas
meados de Dezembro último. na promoção da mulher na Gui-
Em Bissau, espera-se que a organiza- né-Bissau querem aproveitar a
ção continental adopte recomenda- revisão constitucional, prevista
ções claras, designadamente no que neste período de transição, para
respeita aos passos seguintes a dar fazerem aprovar no Parlamento
para o restabelecimento da ordem medidas conducentes a maior
legal e da estabilização durável, uma participação feminina na políti-
vez que a comunidade internacional ca. Pretendem nomeadamente
já possui uma posição mais harmo- a introdução de cota feminina
nizada sobre a sua intervenção no obrigatória nas listas dos par-
território. afirmou um dirigente local, “sem o tidos e personalidades quase todos sível garantir, nem eleições transpa- tidos concorrentes às futuras
Nesta ordem de ideias, aguarda-se pacto o país pára e todos perdem”, sem representação parlamentar, que rentes e pacíficas, nem uma justiça eleições.
que a UA se pronuncie formalmen- enquanto um político é de opinião se colaram aos militares golpistas e isenta. Nos debates realizados estes
te sobre o tão propalado Governo de que “ninguém está interessado em ocupam os principais cargos neste Embora a contribuição dos parceiros dias pelas associações e Ongs fe-
consenso, que inclua as forças políti- prolongar o isolamento do país e a regime de transição, que arriscam-se externos seja incontornável na bus- mininas nos media audiovisuais,
cas contrárias ao golpe de Estado de sua estagnação”. a perder, na eventualidade da consti- ca de solução para a crise, no entanto na perspectiva da celebração do
12 Abril de 2012, nomeadamente o Contudo, existe uma clara indefi- tuição de um novo Executivo. é aos actores políticos nacionais que Dia da Mulher Guineense, em 30
ex-partido governamental, o PAIGC. nição, para não dizer ambiguidade, Outra matéria que a conferência dos compete a última palavra. Assim, de Janeiro, a reivindicação mais
Na semana passada, este partido ru- sobre quem toma a iniciativa, bem chefes de Estado e de Governo da UA tanto a formação do Governo in- recorrente é a favor da tomada
bricou o Pacto e o Acordo Político de como sobre as modalidades e prazos poderá ajudar a agilizar é a questão clusivo, como a articulação entre a em consideração da questão do
Transição, documentos que regem de implementação desta medida. O de saber se a reforma do sector da reforma do sector da Defesa e Segu- gênero nas reformas políticas
este período de excepção, embora sob Presidente de transição, Serifo Nha- Defesa e Segurança (ler artigo nes- rança e as eleições gerais, deverão que irão anteceder as próximas
a reserva de sua posterior revisão. madjo, um dissidente do PAIGC que ta página) deve ser retomada antes ter uma resposta definitiva na pró- eleições gerais, ainda sem data.
A adesão do PAIGC ao pacto foi en- se juntou ao golpe, é favorável a este ou depois das próximas eleições. A xima sessão da Assembleia Nacio- Activistas femininas estão actu-
carada como uma evolução positi- cenário, mas é refém dos militares, maioria dos guineenses é favorável nal Popular, o Parlamento, prevista almente em concertação para
va, capaz de gerar os compromissos pelo que descartou qualquer decisão à realização desta reforma antes das para Fevereiro, em data ainda por ultimar um documento com
internos necessários aos entendi- sua neste assunto e remeteu os inte- consultas eleitorais, por considerar determinar. propostas neste sentido que
mento entre o poder de transição e ressados para o Fórum dos Partidos que sem umas Forças Armadas sub- Fernando Lopes Pereira, pretendem ver introduzidas na
os seus opositores. Porque, como Políticos, um conglomerado de par- metidas ao poder político, não é pos- correspondente em Bissau Constituição, em particular na
legislação eleitoral e na lei dos
partidos políticos. Odete Seme-
CEDEAO ACELERA do, uma conhecida intelectu-
al guineense, considera que o

reforma militar objectivo das mulheres não se


limita apenas a um “aumento
qualitativo da presença feminina
Na última cimeira da Comunidade Segurança guineense. missão militar e policial da CEDE- forma. na política”, o que já é um dado
Económica dos Estados da África Esta reforma é considerada cru- AO na Guiné, a ECOMIB, de mais Além disso, a própria filosofia da adquirido.
Ocidental (CEDEAO), em Abidjan, cial para restabelecer a legalida- de 600 efectivos, e que substituiu reforma já está a ser adulterada “Queremos sobretudo uma par-
na Costa do Marfim, consagrada de e a estabilidade, assim como a MISSANG. no sector da Segurança. A Guar- ticipação qualitativa na esfera
essencialmente à crise maliana, para assegurar a justiça, e lutar Em Novembro último, a CEDEAO e da Nacional, que devia estar sob de decisão”, indicou esta pro-
o presidente da Comissão da or- contra a impunidade e contra o o Governo de transição assinaram autoridade do Ministério do In- fessora de Literatura e Cultura
ganização encarregada de velar tráfico de droga. Em Bissau, a de- um acordo prevendo o desembol- terior, encontra-se na prática sob guineense e antiga governante,
pela transição política na Guiné- cisão da CEDEAO é interpretada so por Abuja de 63 milhões de as ordens da chefia militar, e tem que colabora com a Plataforma
Bissau, Kadré Désiré Ouedraogo, como um sinal de que a Nigéria dólares para a implementação da nas suas fileiras elementos jovens Política das Mulheres, criada em
do Burquina Faso, anunciou a quer ver-se livre o mais rapida- reforma. Porém, as autoridades vindos das Forças Armadas, onde 2009. Reconhece que a maio-
convocação, com carácter de ur- mente possível do problema gui- de Bissau deparam-se com sérias teriam sido admitidos sem antes ria dos partidos políticos está
gência, de uma reunião, em Abu- neense, que comporta elevados dificuldades para garantir os 10 terem prestado juramento da ban- aberta a acolher mais mulheres,
ja, sede da CEDEAO, para acelerar custos financeiros. Com efeito, por cento do Fundo de Pensões, deira. mas estas “continuam a não
a reforma do sector de Defesa e Lagos é que tem mais homens na indispensável ao arranque da re- F.L.P. pesar nos orgãos directivos”.
F.L.P.
25 Janeiro 2013 25

O Reino Unido revelou ontem que os ocidentais na cidade de


Bengasi, na Líbia correm um risco “real e iminente” e apelou
aos seus cidadãos que abandonem a cidade de imediato. A
Alemanha e a Holanda fizeram pediram o mesmo

Argélia
Havia canadianos entre os sequestradores
Abdelmalek Sellal, primeiro- 790 funcionários a trabalhar no lo-
ministro da Argélia, confirmou a cal, dos quais 134 eram estrangei-
morte de 37 reféns estrangeiros, ros de 26 nacionalidades. O cam-
nove argelinos e de 29 militantes is- po de gás natural de In Amenas
lamistas como resultado do seques- é explorado em regime de joint-
tro do campo de gás natural de In venture pela argelina Sonartach, a
Amenas. Algumas das vítimas ainda petrolífera britânica BP e a Statoil
estão por identificar. Segundo o da Noruega.
governante, “Havia um canadiano Segundo o chefe do governo arge-
entre os militantes. Era ele quem lino sete reféns japoneses foram
coordenava o ataque”. mortos e três ainda estão desapa-
Uma fonte da área de segurança recidos. Os rebeldes, que terão en-
argelina disse aos meios de comu- trado no país a partir do Norte do
nicação que, durante a ofensiva do Mali, eram originários da Tunísia,
exército argelino, foram encontra- Egipto, Mali, Mauritânia e Niger,
dos documentos nos corpos de dois além de se encontrarem entre eles,
militantes islamitas que os identifi- alguns argelinos.
cavam como sendo cidadãos cana- O ataque foi reivindicado pelo fa-
dianos. moso jihadista argelino, Mokhtar
Na operação militar que levou o Belmokhtar, um senhor da guerra
Governo argelino a recuperar a au- do Sara que consegue escapar as au-
toridade sobre o complexo, foram toridades internacionais há mais de
detidos três terroristas e salvo 25 30 anos e um dos fundadores da Al-
reféns. Sete funcionários interna- dade de explosivos e armamento foi essa razão, objectivo dos rebeldes mortos com uma bala na cabeça”, Qaida do Magreb Islâmico (AQMI),
cionais continuam oficialmente encontrada e segundo Sellal, a ofen- era fazer explodir as instalações. disse o primeiro-ministro, acres- que deixou o movimento em outu-
desaparecidos. Uma grande quanti- siva militar tornou-se inevitável por “Numerosos estrangeiros foram centando ainda que no total eram bro para lançar o seu próprio grupo.

São Tomé e Príncipe Moçambique


Cooperação Chuvas
com Angola reforçada continuam a matar
As chuvas provocaram a morte de
No seguimento de conversa- Francesas no Gabão e pelo adi- são-tomense, Pinto da Costa, na 35 pessoas desde Outubro em Moçambi-
ções entre o Parlamento e o Go- do de Defesa de França em São sequência da Moção de Censura que, onde a previsão de agravamento da
verno santomenses, no sentido Tomé e Príncipe e no Gabão. ao anterior, encabeçado por Pa- situação atmosférica faz temer a subida
de se reforçar a força militar no Gabriel da Costa foi empossa- trice Trovoada. das águas do rio Limpopo em zonas ri-
país, o Primeiro-ministro Ga- do a 11 de Dezembro do ano Em Dezembro, Eduardo Mingas beirinhas de cinco distritos da província
briel Costa reuniu-se com os passado, na mesma cerimónia manteve um encontro com a de Gaza, no sul do país. Segundo o Insti-
embaixadores de Angola em que conferiu posse aos dez mi- ministra dos Negócios Estran- tuto Nacional de Gestão de Calamidades
São Tomé e de França, residen- nistros que constituem o novo geiros e das Comunidades, moçambicano, revelou na quarta-feira,
te no Gabão, com o objectivo Governo do arquipélago. O Natália Umbelina, com quem 23, quatro pessoas morreram nos últi-
de intensificar a cooperação actual Executivo foi nomeado abordou também, a cooperação mos dias na região.
com estes dois países. pelo Presidente da República bilateral. Os distritos de Mabalane, Guijá, Chókwè,
O encontro, que decorreu no Chibuto e Xai Xai são os mais ameaça-
Palácio do Governo, em São dos, segundo informações da Direcção
Tomé, foi, segundo o embaixa- Nacional de Águas, citada pela imprensa
dor angolano, uma cortesia do moçambicana.
chefe do Governo do país. Min- A maior parte das mortes terão sido
gas acrescentou ainda que a ocasionadas por arrastamento, princi- dências informais, com paredes feitas de
«diplomacia económica e a de- palmente de crianças, afogamento na lama, desabaram também na localidade
fesa para estabilidade» estão travessia de rios, desabamento de casas, de Combumune. Um bebé morreu nas
a ser analisadas, no âmbito da electrocução, descargas eléctricas e ata- mesmas circunstâncias em Guijá e outra
cooperação bilateral. O diplo- ques de crocodilos, segundo a ministra criança morreu afogada num poço, no
mata e o governante passaram da administração estatal, Carmelita Na- distrito de Mandlakazi, informam ain-
em revista a parceria entre os machulua. O mau tempo deixou já cen- da.
dois países, nos mais diversos tenas de pessoas desalojadas e o número Na localidade de Chigubo, por onde pas-
domínios. total de afectados ronda os 37 mil. sa o rio Changane, afluente do Limpopo,
A delegação francesa foi com- A imprensa local aponta que em Ma- mais de 150 habitações desabaram e no
posta pelo embaixador Jean balane, distrito da província de Gaza, distrito de Massingir, três localidades
François Desmazières, pelo Ge- duas pessoas morreram esmagadas pelo estão isoladas e duas escolas primárias
neral Comandante das Forças desmoronamento da sua casa. 89 resi- ficaram inundadas.
26 25 Janeiro 2013

Mundo
El País suspende Para se defenderem
de tentativas

edição impressa
de violação

Partido
com imagem de extrema-
direita indiano
falsa de Chávez distribui facas
às mulheres
O jornal espanhol «El País» foto sublinhava que o «El País»
suspendeu ontem a distribuição não tinha conseguido verificar
da edição impressa, na qual tinha de forma independente as cir-
publicado uma imagem exclusiva, cunstâncias, o local e a data em
mas falsa, do Presidente da Vene- que a foto tinha sido feita”, su-
zuela, Hugo Chávez, hospitalizado blinhou.
há cerca de mês e meio em Cuba. A imagem de um homem, entu-
O «El País» explicou o erro no bado numa cama de hospital,
sítio do jornal, numa nota pu- permaneceu no sítio do diário
blicada às 06h37 (mesma hora durante cerca de 30 minutos. A
em Luanda), ou seja, depois da direcção do «El País» acrescen-
distribuição da primeira edição tou que a imagem foi fornecida
impressa do diário. pela agência noticiosa espanhola Um partido de extrema-direita in-
“Depois de ter constatado que a Gtres Online, identificada como diano começou a distribuir milhares
imagem fornecida não era a de sendo de Chávez. de facas às mulheres de um estado
Hugo Chávez, o «El País» sus- Hugo Chávez está hospitalizado no oeste do país, para as ajudar a
pendeu a distribuição do jornal há sete semanas em Cuba, onde foi defenderem-se em caso de agres-
e procedeu à expedição de uma operado devido ao reaparecimen- De acordo com a conta na rede Bouture. são, depois da a morte de uma es-
nova edição para os pontos de to de um cancro na zona pélvica. social Twitter do ministro da In- “Devido a este incidente, a edição tudante violada por seis homens em
venda”, de acordo com a direc- A verdadeira situação de Chávez formação venezuelano, Ernesto impressa do jornal de 24 de janei- Dezembro, em Nova Deli, ter choca-
ção do diário, o que não impediu tem sido mantida em segredo, de- Villegas, a foto terá sido tirada do ro poderá não estar disponível em do o país.
que o diário chegasse às mãos de sencadeando vários rumores so- vídeo de uma intervenção cirúr- alguns quiosques, tanto em Espa- Um número estimado de 21 mil fa-
muitos espanhóis. bre as hipóteses de sobrevivência gica de outra pessoa, e publicada nha, como no estrangeiro”, disse cas deverá ser distribuído pelo Shiv
“O texto que acompanhava a do presidente da Venezuela. no sítio de partilha de imagens o ‘El País’. Sena em todo o estado de Maha-
rashtra, com capital em Bombaim, o
principal bastião do partido conhe-

Obama defende o estado


cido pela sua atitude agressiva.
A distribuição das facas começou na
quarta-feira à noite em Bombaim,
dia do aniversário do fundador do

social na tomada de posse partido, Bal Thackeray, que morreu


em Novembro.
“Da mesma forma que se corta os
legumes, corta-se a mão da pessoa
Barack Obama tomou posse, ção de dependentes, libertam-nos Para assistir à tomada de posse soas afluíram à enorme alameda que vos tocar”, justificou um dos
segunda-feira, para o segundo para tomar os riscos que tornam pública de Barack Obama, num (National Mall) em frente ao Ca- seus partidários Ajay Chowdhary,
mandato como Presidente dos grande este país”, disse o 44.º Pre- dia de frio glacial na capital norte- pitólio, que tem uma extensão de incentivando, desta forma, as mu-
Estados Unidos, com um apelo sidente dos Estados Unidos. americana, perto de 600 mil pes- mais de três quilómetros. lheres a levarem na mala uma faca
para a unidade de todos os nor- O número fica muito aquém dos com uma lâmina de sete centíme-
te-americanos, elevação do de- 1,8 milhões de pessoas que lota- tros.
bate político e a defesa veemente ram a alameda e as ruas de Wa- A 16 de dezembro, uma estudante
do Estado social. shington quando em 2008 Obama de 23 anos, que voltava do cinema
No seu discurso de tomada de tomou posse como primeiro presi- com o namorado, foi brutalmente
posse no Capitólio, em Washing- dente afro-americano da História atacada e violada por seis homens
ton, Obama defendeu que “as do país. dentro de um autocarro, em Nova
escolhas difíceis para reduzir o Eleito em novembro de 2012, Oba- Deli. A jovem morreu 13 dias de-
custo dos cuidados de saúde e ma já tinha prestado juramento pois num hospital de Singapura. O
do défice”, não podem deixar domingo na Casa Branca, numa crime gerou uma onda de indigna-
desprotegidas as próximas gera- cerimónia reservada a familiares, ção na Índia, com centenas de ma-
ções. amigos e colaboradores. nifestações a exigir a mudança da
“Os compromissos que fazemos A cerimónia de segunda-feira fi- legislação e penas severas para os
uns com os outros – através do cou marcada por uma polémica violadores.
Medicare e Medicaid [progra- em torno da actuação de Beyonce, Na quarta-feira, uma comissão foi
mas de assistência de saúde para com a cantora norte-americana a nomeada pelo Governo indiano para
idosos e mais pobres, respectiva- ser acusada de ter cantado em rever a legislação sobre crimes sexu-
mente] e Segurança Social – não playback o hino nacional, recor- ais. Recomenda-se penas mais du-
tolhem a nossa iniciativa, fortale- rendo a uma gravação feita na ras para os agressores, mas a pena
cem-nos. Não nos tornam uma na- véspera. de morte é rejeitada.
25 Janeiro 2013 27

A Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton,


prometeu quarta-feira que os Estados Unidos vão usar a
Internet e as redes sociais na sua luta contra a Al-Qaida
e outros grupos extremistas islâmicos

Partido do primeiro-ministro israelita perde 10 deputados


Paralelos
Netanyahu vence eleições Por Isabel Costa Bordalo

mas tem de negociar governo Má companhia


O partido do primeiro-ministro Lieberman, só conseguiu 32 ou já se disponibilizou para for- O ministro das Finanças japonês Eu iria acordar sentindo-me incrivel-
de Israel, Benjamin Netanyahu, 33 deputados, dos 120 que tem mar “um Governo o mais amplo surpreendeu esta semana com uma mente mal por saber que o tratamento
o Likud, de direita, manteve-se o parlamento (Knesset), quando possível”, ao discursar aos seus declaração sobre o direito à morte dos era totalmente pago pelo Governo”,
o mais votado, em eleições le- antes tinha 42. apoiantes, em Telavive. doentes idosos. justificou o ministro que toma conta
gislativas realizadas terça-feira, O grande e inesperado vencedor Lapid, um recém-chegado à po- Surpreender não é bem o termo, ten- das finanças do Japão.
mas enfraquecido pelos avanços foi o partido centrista Yesh Atid, lítica, também já defendeu “um do em conta que Taro Aso há anos Mas não se pense que Taro Aso quer o
do partido centrista Yesh Atid, lançado há cerca de um ano pelo Governo o mais amplo possível”. vem assombrando o Japão com a sua mal dos outros. Ele próprio, que já vai
indicavam as sondagens à boca ex-jornalista Yair Lapid, que Um analista da rádio militar dis- conduta imprópria para um homem nos 72 anos, recusa assistência médi-
das urnas. conseguiu eleger 18 ou 19 depu- se que Netanyahu deveria ser de Estado. ca se ficar gravemente doente e já deu
Projecções divulgadas pelo Canal tados, o que o torna a segunda obrigado a entregar um dos três Ainda assim a última tirada do ex-pri- instruções à família para que não lhe
2 da televisão israelita no fecho maior formação política israelita, principais ministérios -- Defesa, meiro-ministro japonês, que regressa sejam ministrados tratamentos que
das urnas às 20h00 davam o Li- à frente do Partido Trabalhista, Negócios Estrangeiros ou Finan- à política activa após ser derrotado nas lhe prolonguem a vida.
kud a conquistar 31 dos 120 lu- que elegeu 17 dos seus candida- ças - a Lapid. urnas em 2009, é difícil de compreen- “Não preciso desse tipo de cuidados”,
gares do Knesset, o parlamento tos. Os resultados definitivos só se- der. Mesmo que a sua carreira esteja afirmou com o mesmo desassombro
de Israel, seguido pelo Yesh Atid, Perante esta perda, Netanyahu rão anunciados dentro de uma recheada de gaffes e declarações infe- com que, em Outubro de 2008, rea-
com 19 assentos, pelo Partido semana. lizes que levaram os media japoneses, giu aos media japoneses, depois de
Trabalhista, de centro-direita, Numa primeira reação palesti- em 2008, a compararem-no, em dis- noticiarem que Aso foi visto 32 vezes,
com 17 mandatos e pelo parti- niana, o negociador Saeb Erakat, parates, ao então Presidente dos EUA, no mês de Setembro, a sair de restau-
do religioso de extrema-direita afirmou à agência noticiosa AFP George W. Bush, depois de uma série rantes e bares de hotéis de luxo, onde
“Casa dos Judeus”, com 12 luga- que “os resultados da eleição de declarações públicas que causaram teria jantado e bebido. “Não vou mu-
res no parlamento. israelita são um assunto inter- embaraços internos e externos. dar o meu estilo de vida. Felizmente,
O primeiro-ministro israelita, no israelita”, mas adiantou que Uma das declarações públicas mais tenho o meu dinheiro e posso pagar
Benjamin Netanyahu, deve “qualquer que seja a natureza conhecidas foi proferida em 2001. Na isso”, afirmou Aso, muito criticado,
manter-se na chefia do Governo, da coligação governamental, ela qualidade de ministro da Economia, inclusive pelo seu partido, pela vida
apesar do mau resultado da sua deve pretender a paz e seguir a Aso disse que queria fazer do Japão faustosa que levava, em contraste
lista nas eleições legislativas, via de uma solução com dois Es- um país tão bem-sucedido que levasse com o seu antecessor, Yasuo Fukuda,
que o deve forçar a aliar-se a tados, para restaurar a credibi- os judeus mais ricos a quererem viver que apenas jantou fora sete vezes, du-
um novo partido centrista. lidade do processo de paz”. ali. Já em Outubro de 2005, durante rante o primeiro mês de mandato.
Segundo a agência noti- A taxa de participação nas a cerimónia de abertura do Museu É certo que Aso tem dinheiro para
ciosa AFP, a lista comum eleições foi de 66,6 por Nacional de Kyushu, onde está bem jantar fora todos os dias em hotéis de
formada pelo Likud, de cento, uma ligeira alta patente a forma como outras culturas luxo, mas expõe-se a que a sua vida
Netanyahu, e pelo Israel em relação ao verificado asiáticas influenciaram o Japão, Taro seja escrutinada, como aconteceu em
Beiteinou, do seu ex- nas legislativas de 2009, manifestou-se satisfeito por o país ter 2008, e o seu passado remexido, bem
ministro dos Negócios quando foi de 65,27 por “uma cultura, uma civilização, uma como o da sua família. A forma como
Estrangeiros, o ultra- cento, indicou a comissão linguagem e um grupo étnico”, esque- enriqueceu saltou para as primeiras
nacionalista Avigdor eleitoral. cendo-se que representa uma nação páginas dos jornais, com alegações de
com vários grupos étnicos. que as minas de carvão da sua família,
Taro Aso levou esta semana a sua disle- a Aso Mining Company, ganharam di-
xia mental mais longe e, um mês depois nheiro à custa de trabalho escravo, ao
Mais de 5.100 intervenções gratuitas de tomar posse da pasta das Finanças, forçarem prisioneiros de guerra dos
teorizou sobre os custos “desnecessá- Aliados a trabalharem de graça, em

Transplantes de rins colocam Cuba rios para o país” que os cuidados de


saúde para doentes idosos implicam.
1945, quando chegou ao fim a segun-
da grande guerra mundial.

entre as nações mais desenvolvidos Aso defendeu mesmo que a estes do-
entes devia ser permitido morrer rapi-
damente para aliviarem a pesada carga
Segundo os jornais ocidentais, 300
prisioneiros, incluindo 197 australia-
nos (dois deles morreram), 101 britâ-
Cuba realizou com sucesso os únicos que as autoridades de histocompatibilidade princi- financeira que representa o seu trata- nicos e dois holandeses trabalharam
mais de 5.100 transplantes de cubanas aceitam para esse tipo palmente ao nível do transplan- mento na economia japonesa. nas minas da família de Aso, haven-
rim desde Fevereiro de 1970, de transplante. te renal e da medula óssea. A declaração de Aso não foi gratuita. do fotografias, tiradas em Agosto de
conquista que coloca o país ao Nove centros de saúde reúnem As investigações internacionais O ministro das Finanças proferiu estas 1945, de uma força australiana sub-
lado das nações desenvolvidas, condições para realizar trans- provam que é quatro vezes mais frases, citadas pelo jornal britânico nutrida nas minas. Os jornais reporta-
disse um especialista esta quar- plantes com dado- barato realizar um «The Guardian», durante uma reunião ram ainda que 10 mil coreanos foram
ta-feira. res vivos, dos quais transplante renal do do conselho nacional dedicada às re- obrigados a trabalhar na Aso Mining
Do total de transplantes rea- cinco se localizam que manter o pacien- formas da segurança social e ao orça- Company, entre 1939 e 1945, sobre
lizados ao longo dos últimos na capital, Havana, te sob um tratamen- mento da saúde. severas e brutais condições, muitos
42 anos, todos gratuitos, 397 explicou Marmol to assente na diálise, Num dos países onde a esperança deles morreram ou foram feridos en-
foram efectuados com dadores Sonora. o qual custaria cerca média de vida é das mais elevadas do quanto recebiam ordenados miserá-
vivos, afirmou Alexander Mar- De acordo com o de 20.000 dólares mundo, onde os casamentos e a nata- veis.
mol Sonora, líder do programa mesmo responsável, nor te-americanos lidade decresceram abruptamente e Só à luz destes acontecimentos se
de coordenação de transplantes o recém-inaugura- (15.020 euros) por onde um quarto da população de 128 consegue enquadrar uma tese como
no Ministério da Saúde Pública, do Centro de Enge- ano, acrescentou o milhões de pessoas tem mais de 60 a que agora Aso defende para salvar
citado pela agência oficial chi- nharia Celular e de Transplante médico. anos, o “problema só será resolvido” a segurança social do seu país. Mas a
nesa Xinhua. de Órgãos e Tecidos vai elevar a Isto quando os cidadãos cuba- se se “deixar os idosos morrer rapida- receita revela um profundo desprezo
Os dadores vivos foram sobre- qualidade do programa nacional nos têm acesso gratuito a trans- mente”, segundo Aso. pela vida humana de um homem que,
tudo familiares próximos dos de transplante de órgãos na ilha, plantes renais, realçou Marmol “Que Deus não permita que sejam for- nem num bar, deve ser boa compa-
pacientes, como pais ou irmãos, por via da realização de estudos Sonora. çados a viver quando querem morrer. nhia.
28 25 Janeiro 2013

Desporto
Confrangedora incompetência
«Apesar dos pesares» apuramento é possível
Texto de manuel António
Fotos de Ampe rogério Enviados especiais
ao CAN 2013 com o patrocínio da COSAL
Formação
É difícil entender tanta asneira Benfica
celebra
nesta 7.ª incursão da selecção nacio-
nal de futebol pelos palcos da maior

protocolo
e mais representativa manifestação
desportiva do Continente. Sendo o
futebol uma ciência aberta, ele não
é, como alguns poderão pensar, coisa
de somenos importância, acessível
com
nas suas inúmeras variáveis, algu-
mas de natureza intrinsecamente Colégio
científica, a tocadores de reco-reco,
curiosos, ou mais preocupantemente Caju em
aos chico-espertos.
Aquilo que vimos fazer à nossa selec-
ção, e no fazer estão, acima de tudo,
Luanda
os intérpretes e quem lhes deu a tác- O Sport Lisboa e Benfica
tica e preparou para esta competição, assinou ontem em Luanda
brada aos céus! um protocolo com o Colégio
Não pretendo insinuar com a excla- Caju, que visa a criação de
mação que Angola teria de encarar um projecto de formação de-
a sua participação neste CAN 2013 nominado “Geração Benfica
como séria candidata e que o mais – Escola de Futebol CAJU”.
equivaleria a derrota. Nada disso. Com a assinatura do presente
O que me levou a ficar imensamen- protocolo, a Escola de Fute-
te estupefacto foi, acima de tudo, a bol Geração Benfica – CAJU
ideia de jogo à qual se juntam as op- – Talatona, compromete-se
ções, prévias ou no andamento das a formar talentos de futebol,
duas partidas, em matéria de escalo- jogo ofensivo, sendo previsível que tando-se melhorias quando entra- contando para esse efeito
namento dos jogadores. estariam mais obrigados a pisar os ram Djalma Campos e Gilberto, man- com a presença de técnicos
Poucos sabiam como é que Angola se Contas espaços recuados? tendo-se em campo o perigo público especializados do Sport Lis-
iria apresentar neste CAN. Isto por-
que, dos jogos passados, incluindo
à nossa moda Ah… Ferrín pensou que Miguel era o
Marcelo (Real Madrid) e Lunguinha o
n.º 1, Lunguinha, e o jogador que,
juntamente com Geraldo,passou os
boa e Benfica, vindos de Por-
tugal, conjuntamente com

Nada está
os da eliminatória que nos conferiu nosso Daniel Alves (Barcelona)! Vai 180 minutos da nossa participação técnicos do Colégio Caju.
o apuramento, diante do Zimbabwe, daí seja o que Deus quiser… a fingir que «anda mas não anda», O projecto “Geração Benfica
não foi possível determinar com exac- Mesmo assim, onde está o maestro, o como dizem os brasileiros: Guilher- – Escola de Futebol CAJU”
tidão o que ia na cabeça de Gustavo
Ferrín, um técnico com experiência
na lide com «teenagers», mas a quem
decidido que marca o compasso e faz correr a
bola? Dedé? Pirolito?
Um seleccionador, seja qual for, não
me Afonso!
Para que a luz continue a aluminar
valeu-nos o resultado do Marrocos-
tem como objectivo formar
no decurso do ano 2013 cer-
ca de 400 alunos com idades
foi confiada missão de trabalhar com Mesmo perdendo Ango- deve inventar um sistema que vá Cabo Verde, segundo jogo do dia, compreendidas entre os 5 e
jogadores maduros, com vícios e la, que não depende de si, contra a filosofia dominante no fute- após o nosso desastre, o mesmo é os 16 anos.
muitas manhas. Mal comparado, é o continua com a janela do bol do país e muito menos contra as dizer, a confirmarem-se os nossos O protocolo foi assinado pelo
mesmo que pedir a um professor de apuramento aberta. Sem fa- características dos jogadores. Antes desejos e contrariando o ditado, que Director-Geral do Centro
instrução primária que leccione ma- zer grandes contas, apenas pelo contrário: deve aproveitar as a sorte protegeu quem menos tem de Formação e Treino Caixa
temática aplicada a universitários de aquelas à nossa moda, e a rotinas e as sinergias e moldá-las à feito por a merecer. Futebol Campus, Armando
5.ºano! Bondam as más experiências que estamos infelizmente selecção por forma a obter o máximo «Apesar dos pesares» Angola, que Jorge Carneiro, em represen-
conhecidas pelo mundo fora… habituados, o cenário é sim- rendimento com a matéria-prima de não depende de si própria, pode tação do Presidente do Sport
Pegando na ideia de jogo, a variável ples de descrever: que dispõe, cuja escolha e responsa- deixar pelo caminho equipas melhor Lisboa e Benfica – Futebol,
mais controversa e penalizante, um Para as Palancas Negras se bilidade são exclusivamente suas. organizadas como demonstram ser SAD, Luís Filipe Vieira, e pela
sujeito fica basbaque ao ver uma apurarem para os quartos- Não sabe o nosso seleccionador que Cabo Verde e Marrocos. Basta que Directora do Colégio Caju,
equipa, num repente, mudar uma fi- de-final têm de vencer Cabo Angola sempre jogou com um ponta- ganhe o jogo de depois de amanhã, Irene Ba-
losofia que não é apenas da selecção Verde, este domingo, e Mar- de-lança? O que mudou então? Há em Durban e que Marrocos não ven- rata.
como do próprio futebol angolano, rocos perder ou empatar com craques escondidos que justificam ça a África do Sul para que o futebol
assumindo o luxo, raro nos dias de a África do Sul. esta aventura? E esses craques são nacional escreva uma história misti-
hoje, de se apresentar com dois pon- Quaisquer outros desfechos Geraldo ou Guilherme Afonso, para ficadora daquela que está a ser a nos-
tas-de-lança de raiz sem o necessário equivalem ao bilhete de re- só referir as principais novidades? sa realidade neste CAN 2013 onde,
suporte na retaguarda, capaz de ali- gresso, num grupo onde a Contra Marrocos as Palancas Negras independentemente das asneiras de
mentar, com a assiduidade necessá- África do Sul confirmou o só acertaram mais ou menos o passo manual parece haver o «clima» que
ria, os dois avançados. favoritismo, Marrocos, e, na segunda parte, depois de saírem faltou a Lito Vidigal que, nesta altura
Que treinador é este que usa uma es- de forma muito particular e Guilherme Afonso e Lunguinha, pas- da prova, em 2012, fez muito melhor
pécie de ferrolho e meio da zona de saudável, Cabo Verde, che- sando a jogar apenas com um homem e conseguiu muito melhores resulta-
construção de jogo (Dedé e Pirolito) gam ao último jogo a discutir postado na área adversária; frente à dos do que aqueles que se registam
e pranta mais dois médios/ala com a o apuramento. África do Sul foi um deus-nos-acuda sob o comando de Ferrín. Mas… foi
dupla missão de defender e produzir durante toda a primeira parte, regis- despedido.
25 Janeiro 2013 29

Os «mais» e os«menos» quando se trata, tão-só, de um


jogador com algum potencial, que, Ferrín anda aos papéis
Lamá o herói… Invenções, teimosia
se conseguir fazer a sua «travessia
do deserto» sem traumas, pode
recuperar o seu verdadeiro estatuto

Lunguinha o vilão
no futebol nacional e na selecção.
Para que conste, e pelo que Geraldo ou desconhecimento?
evidenciou nas duas partidas em
que foi titular, a razão está do lado Estava na cara que a equipa a equipa de arbitragem e, em
É injusto culpar exclusivamente defesa, com a do Curitiba, que o dispensou a um que acabou o jogo com Marro- particular, com o 4.º árbitro.
os jogadores pelas exibições diante particularida- clube da II Divisão, e de todos os cos deveria iniciar o jogo com Mentira!
de Marrocos e África do Sul. Injusto, de de assumir treinadores que passaram pelas a África do Sul. Por duas razões A culpa é toda do seleccionador
porque se limitaram a interpretar com maior Palancas Negras, em particular Lito nucleares. Em primeiro lugar nacional e das suas opções, na
as ideias do seu treinador, nos dois frequência Vidigal, que foi imolado por não o porque Marco Airosa deu à de- convocatória e na ideia de jogo.
jogos completamente destrambe- a ajuda ao ter convocado para o CAN disputado fesa a segurança que nunca teve Porque é que rendeu um lateral
lhadas.Apesar desta importante e meio-campo. na Guiné Equatorial/Gabão. É um com Lunguinha e, depois, por- direito por outro lateral direito
justificada premissa deve enaltecer- A nenhum jogador mediano, imberbe, que não que era de esperar que a África (Lunguinha/Marcos Airosa) no
se o esforço dos jogadores que dos dois, porém, se podem apontar trouxe valor à selecção. Quando do Sul, sedenta de uma vitória, jogo com Marrocos? Para des-
cumpriram os mínimos e apontar culpas nos dois golos sofridos. saiu, no primeiro jogo, a equipa me- encarasse o jogo com redobrado cansar o titular? Não… para de-
aqueles cujas exibições estiveram Antes pelo contrário. Se mais não lhorou substancialmente, tal como empertigamento, no que pode- fender o resultado. Ora, se assim
aquém do que sabem, ou que se aconteceram a eles se deve. aconteceu frente aos sul-africanos, ria, e devia ser travada pela ex- foi, para quê insistir no pior dos
presumia serem sabedores. com a entrada de Djalma, que periência de Gilberto e o reforço dois? Por pressão? A pedido de
No cômputo dos 180 minutos dos LUNGUINHA deveria ser o titular indiscutível. E do meio-campo. várias famílias?
jogos já escoados apenas três (1) – Atribuí- a propósito do jogador do FC Porto A haver alterações, exigia-se a Por que bulas insistiu nos dois
«Palancas» justificam nota positiva, mos um ponto emprestado a um clube turco da I entrada de Djalma Campos para pontas-de-lança se se via a olho
sendo que um deles, Lamá, tem de acima do «pés- Divisão, não vale a pena argumentar formar o tridente atacante tão nu que Guilherme Afonso atra-
ser cotado muito acima da confran- simo» porque com o seu estado físico, com lesões comum nas Palancas Negras e palhava mais do que ajudava no
gedora mediania. respeitamos e outras escapatórias que tais, pois, soberbamente desenvolvido por jogo ofensivo, sendo responsá-
Numa pontuação de zero a dez o seu esforço, um jogador que provou estar apto Gilberto, Manucho e Flávio. vel, inclusive, por um dos melho-
seleccionámos os três melhores sem resulta- para fazer os segundos 45 minutos Mas, Ferrín, que substituíra Lun- res marcadores dos dois últimos
e os três piores nos jogos frente dos, sublinhe-se, que despendeu. diante da África do Sul é porque, guinha diante de Marrocos para CAN’s, Manucho, permanecer em
a Marrocos e África do Sul, que Os dois golos sofridos saíram da pelo menos, nesta importante segurar o empate, decidiu contra Branco? Fezada? «Desarrincan-
nos merecem as seguintes notas e sua zona de acção, em especial o partida, estava apto para jogar o a lógica e contra os interesses da ço»? Teimosia? Invenção? Desco-
comentários: primeiro, com o marcador a surgir tempo todo. O resto é conversa para nossa selecção manter aquela nhecimento?
completamente isolado na área. boi dormir… que é a sua equipa predilecta, Escolha-se a carapuça que me-
LAMÁ(9) – Se Frente a Marrocos foi um dó de alma com Geraldo, Guilherme Afonso lhor se ajuste, sendo certo que
Angola ainda vê-lo a ser rabiado por Assaidi, ten- GUILHERME e Lunguinha em campo. uma delas se serve a na perfeição
pode aspirar do sido substituído, tardiamente, (2) – Foi O resultado viu-se e já faz parte da ao comportamento de Gustavo
ao apuramen- por Marcos Airosa, quando Gustavo convocado, à história. O que ainda não é parte Ferrín.
to a ele o deve. Ferrín acordou. Inesperadamente última hora, do acervo deste CAN é a análise Seja qual for o motivo, tanta acu-
Frente a Mar- voltou a ser titular diante da África por ser um que terá de fazer-se sobre quem mulação de erros obriga a que se
rocos realizou do Sul e repetiu a péssima prestação atleta alto decidiu que assim teria de ser, questione o seu papel no futuro
duas espec- do primeiro jogo. Aos 5 minutos e possante. não dando a mais pequena justi- – estamos a falar das trevas que
taculares intervenções, a remates entregou a bola a adversário e Mas o futebol ficação para as suas inquietantes eventualmente nos esperam du-
para golo, aos 4 e 9 minutos. Na lançou o pânico na nossa defesa; não é… basquetebol. Independen- e descabidas opções que pro- rante os próximos dois
segunda partida, diante da África aos 8 minutos travou em falta o seu temente de corporizar um sistema duziram um empate e uma anos… --, seja qual
do Sul, e já depois de ter sofrido o opositor, ocasionando um «livre» contraproducente, imposto pelo derrota. Para o treinador for o destino que as
primeiro golo, sem culpas, voltou que quase deu golo; aos 30 minutos visionário Gustavo Ferrín -- Angola uruguaio a responsabi- Palancas Negras, aju-
a brilhar, aos 64 minutos, evitando esqueceu-me de marcar o seu espa- não tem «fontes de alimentação», lidade do nosso desaire dadas, ou, por mérito
o 2-0, caindo de imediato em cima ço e a África do Sul fez o primeiro nem escola, para se dar ao luxo de tem de di- próprio, consigam
de Lunguinha, o «passador» de ser- golo; e aos 50 minutos não estava usar dois pontas-de-lança – que vidir-se desenhar, depois de
viço. Refreou os ímpetos e deu-lhe onde era suposto estar e teve de ser acabou por matar a veia goleadora com amanhã, em Durban,
um abraço de alento, que não serviu Dany Massunguna a varrer a zona e de Manucho, um dos melhores frente a Cabo Verde.
de nada. o adversário tendo sido admoesta- marcadores dos CAN’s, com quem Será responsável,
do com um cartão amarelo. E não é chocou várias vezes na ária adver- como se insiste por
DANY MAS- que Lunguinha, o grande vilão das sária, não mostrou ser possuidor de aí, da necessária
SUNGUNA aspirações da equipa, terminou a qualidades para justificar a titulari- revolução que é
(7) – Foi um segunda partida! dade. Teve nos pés a possibilidade urgente imprimir
dos bombeiros de Angola poder sair do primeiro ao futebol angola-
de serviço na GERALDO jogo, com Marrocos, na posição de no?
defesa, mas (2) – É o vencedora, mas, trapalhão, falhou, Uma treta…
não conseguiu representante aos 47 minutos, um lance incrível, A ideia de virar do aves-
apagar os de um forte sem o guarda-redes na baliza. so o pensamento domi-
fogos todos. Foi quem mais sofreu e influente Atrapalhou mais a acção de nante continuará a
com o desacerto de Lunguinha, pois grupo de Manucho, um ponta-de-lança ser remetida para
a ele competiu fazer as dobras ao pressão que vê com credenciais, impedindo-o, as calendas. Por va-
seu companheiro. E dobrou-o vezes nele uma es- inclusive, de chegar a bolas que riadíssimas razões,
sem conta, tendo forçado o cartão pécie de Messi em ponto pequeno, podiam ter como destino o fundo da de entre as quais se in-
amarelo, frente à África do Sul, aos única razão, não entendível, mas, baliza adversária. clui a evidência de que as nossas
50 minutos, numa das incursões plausível, para ter ganho o lugar Todos os restantes atletas, nos principais equipas cada vez mais
pela auto-estrada que sempre foi o a Djalma Campos. Os que vêm quais se inclui a prestação injus- se reforçam no estrangeiro, e,
lado esquerdo da nossa defensiva. nele qualidade para representar a tamente breve de Marco Airosa no ainda, porque Ferrín está a fazer
selecção nacional são os mesmos cômputo dos 180 minutos, justifi- a demonstração, neste CAN, de
BASTOS (7) – Esteve ao nível do que fizeram a cabeça de Job ao cam nota 5. que não é o homem certo para
seu companheiro da zona central da apelidá-lo de «Puto Maravilha», meter mãos à empreitada.
30 25 Janeiro 2013

Em foco

Henry Okah

poupado em angola e na nigéria


culpabilizado na áfrica do sul
À terceira foi de vez. Poupado nenhuma acusação. Ambos estive- lações Exteriores de Angola, João tos foi igualmente citado pelo staff ninguém para um país que aplica a
em Angola onde esteve detido sob ram detidos na cadeia de Viana, ar- Miranda para que o governo obser- de Yar’ Adua como tendo dito que se pena de morte, sugeriram os seus
a suspeita de envolvimento em trá- redores de Luanda. vasse alguma ponderação no trata- tratando de um cidadão estrangei- advogados.
fico de armas, perdoado pelo presi- Na altura, Henry Okah negou qual- mento do caso. ro, no caso nigeriano, Henry Okah Extraditado e ouvido em tribunal,
dente Umaru Yardua da Nigéria que quer ligação ao Movimento de Eman- O apelo dos advogados foi despo- não pode ser julgado em Angola por Okah beneficiou da condescendên-
solicitara ao presidente José Edu- cipação do Delta do Níger, o que se letado por despachos da imprensa questões políticas. cia do presidente Yardua que num
ardo dos Santos a sua extradição, veio a provar não ser verdade. nigeriana que vinculavam o presi- João Gourgel e Paulo Rangel, os gesto de boa vontade autorizou a
Henry Okah, militante e activista Henry Okah alegou também que dente José Eduardo dos Santos a advogados constituídos por Henry sua saída para a África do Sul em
do MEND, Movimento para a Eman- tinha vindo a Angola à procura de promessas que teria feito ao presi- Okah escreveram ao ministro João tratamento médico. Acto contínuo,
cipação do Delta do Níger, não teve oportunidades de negócio que não dente nigeriano segundo as quais Miranda observando entre outros e para surpresa do governo nigeria-
a mesma sorte na África do Sul. O se consumaram. Após a sua deten- Okah seria extraditado. Na altura, o que não existia nenhum tratado de no, Okah ameaçou processar o go-
mais independente sistema judicial ção, o MEND tomou como ridículas gabinete do presidente José Eduar- extradição entre Angola e a Nigéria, verno de Angola. A ameaça nunca
destes três gigantes africanos não as acusações de que ele estava ligado do dos Santos recusou-se a comen- pelo que desaconselhavam qualquer foi adiante.
foi pelos ajustes. à sua causa. Entretanto a 23 de Se- tar o que ia pela imprensa nigeria- decisão neste sentido. Em Outubro de 2010, o governo do
Na segunda-feira, um tribunal de tembro do mesmo ano, o MEND sus- na. De resto o próprio porta-voz do pre- presidente Goodluck intentou um
Joanesburgo, onde estava detido a pendeu o cessar-fogo que observava O presidente José Eduardo dos San- sidente nigeriano, Olusegun Ade- processo contra Okah a quem acu-
pedido das autoridades nigerianas desde em Maio, depois da eleição do niyi disse à imprensa que o facto de sou de ser o mentor de um antenta-
declarou-o culpado num atentado presidente Yardua, alegando que o não existir nenhum acordo de ex- do que tinha feito 13 mortos.
à bomba ocorrido em Lagos a 1 de novo governo não tinha sido capaz tradição entre os dois países poderia Após uma maratona de dois anos,
Outubro de 2010, e do qual 13 pes- de honrar os compromissos que ha- vir a dificultar o processo. os quais incluíram recursos, Okah
soas morreram, 36 ficaram feridas viam acordado. Remetida com cópias ao presidente foi achado culpado. De acordo com
e vários bens acabaram destruídos. Contra a sua vontade e contra os ar- do Tribunal Supremo, juiz Cristiano o juiz Neels Claassen, o estado fez
Sobre ele pesavam treze acusações gumento dos seus advogados, que André e Carlos Alberto Fonseca, As- prova de todas as acusações que ti-
tendo sido achado culpado em to- na altura escreveram ao ministro das sessor diplomático do presidente de nha contra ele. Ao todo, a acusação
das elas. Relações Exteriores e ao secretário Angola, a carta referia-se ainda aos chamou 36 testemunhas. No ter-
Henry Okah foi incialmente detido a do Presidente para as Relações Ex- riscos que o seu cliente correria na mo da sessão, o procurador Shaun
3 de Setembro de 2007 no aeropor- teriores, Henry Okah foi extradita- eventualidade de ser extraditado Abrahams disse que a África do Sul
to internacional de Luanda quando do para a Nigéria em Fevereiro de para a Nigéria, país onde se apli- nunca será um refúgio de crimino-
regressava para a África do Sul, país 2008. ca a pena de morte. Uma decisão sos. A sentença será proferida na se-
onde tem residência. Com ele foi João Gourgel e Paulo Rangel, advo- desta natureza chocaria contra o gunda-feira. Okah arrisca-se a uma
detido o cidadão ganense Eduard gados contratados por Henry Okah, procedimento observado em casos pena de 26 anos de cadeia.
Atatah, contra quem não foi feita pediram ao então ministro das Re- do género, ou seja, não se extradita Tomás Vieira
Fecho
Helda Santos Contactos:
Tel: 222 393 700 - 222 393 703

Lixo à mesa
222 372 417 - 222 372 603
Nº 262/013 Fax:
927 955 587 - 927 955 588
222 396 238
E-mail: novojornal01@gmail.com
Quintiliano dos Santos
A ambientalista Helda Santos afir- tempo para o fim-de-semana em luanda
mou esta semana, em Luanda, que é ur-
gente que se crie um Plano de Gestão SEXTA SÁBADO DOMINGO
Integrada de Resíduos Sólidos nas cida-
des, que deve contar com a participação
de todos os cidadãos.
Helda Santos, que fez estas declarações
no âmbito do Dia Nacional do Ambiente,
que se comemora a 31 de Janeiro, afir- Máx./Mín. 34°/23° 34°/ 23° 35°/24°
mou não ser muito difícil perceber que
Luanda é uma cidade com grandes pro-
blemas, no que aos resíduos sólidos diz
respeito.
“Salta à vista de todo o mundo que Luan- Sobe
da está dentro de um grande contentor de
lixo. O angolano vive no lixo, come no li- A Procuradoria Geral da
xo, dorme no lixo e morre no lixo. Por to- República emitiu um longo comu-
da a cidade, vimos ruas transformadas em nicado, denominado “Processo de In-
aterros sanitários, como no caso do bair- quérito Preliminar – Relatório Final”
ro do São Paulo, mesmo no centro da ci- relativo a uma noticia do semanário
dade capital”. Continente, a propósito do chamado caso “Diamantes
Esta activista ambiental considera que se de Sangue”. Ao contrário do que é habitual e comum
tem agredido “violentamente e de forma “Tem-se agredido violentamente as nos- “Um relatório lançado recentemente pe- nas nossas instituições, que normalmente se ficam
injusta” as zungueiras, acusadas de se- sas pobres irmãs zungueiras acusadas lo Banco Mundial afirma que até 2025 a pelo silêncio, sem que o cidadão comum tenha acesso
rem as principais culpadas pelo aumento de produzir lixo pela cidade, o que não população urbana tende a aumentar na a qualquer tipo de informação. Para o bem e para o
de resíduos sólidos na capital, desviando é verdade, uma vez que o governo não produção de resíduos até 70 por cento, mal, esta atitude é um bom exemplo de como não se
a atenção dos verdadeiros responsáveis. apresenta políticas concretas para esta o que causará um aumento substancial deve demorar a responder a quaisquer dúvidas que
problemática, e, como tal, é o principal nos custos do tratamento destes resídu- deixam lastro e desconfiança no comum dos cidadãos.
culpado”, justificou. os nos países mais pobres”. Resposta imediata, sólida e fundamentada, sem deix-
na próxima semana Helda Santos, que recentemente foi no- “Os níveis actuais são de 1,2 mil milhões ar margem para quaisquer dúvidas.
meada secretária nacional para o Am- de toneladas por ano, que poderá cres-
2013 biente da UNITA, não se fica pelas crí- cer para 2.2 mil milhões por ano, o que A Endiama vai passar a sede da En-
1 Fevereiro
N.º 263 - 0 ticas e avança soluções: “É preciso um poderá ser um risco para países pobres, diama Mining, uma subsidiária que se
plano Nacional de Gestão Integrada de nos quais Angola está incluído”, frisou a responsabiliza exclusivamente pela
Resíduos Sólidos, onde o governo colo- ambientalista. produção e prospecção de diamantes,
Economia os
que à disposição da cidade um compac- Helda Santos conclui, afirmando que o para o Dundo (Lunda-Norte). Final-
quais são
Capanda: problemas? tador solar que funciona a energia solar ambiente em Angola “é doente” e que mente! Fazia algum sentido ter os recursos diamantíf-
os
verdadeir e que, no local, consegue incinerar o lixo precisa de políticas sérias para que se eros localizados, maioritariamente, no Leste do país,
a depositado, que também é um acumula- possa sair do estado em que estamos. e a Endiama ter todas as suas estruturas de topo em
Mutamb
lano será dor de energia biológica”, defendeu, su- O acto central nacional do 31 de Janei- Luanda? Não fazia... Francisco Queiroz, ministro
Livro ango do em Havana gerindo igualmente a criação de uma fá- ro vai voltar a decorrer na província do da Geologia e Minas, percebeu o alcance do prob-
a
homenage brica de reciclagem e de tratamento de Kwanza-Sul, onde há um ano foi lança- lema. E decidiu em conformidade. Agora é tempo de
águas residuais. do o projecto “casas ecológicas”, com o outras empresas públicas darem o exemplo. Porque só
Na opinião da ambientalista, a cidade apoio do Banco Espírito Santo (BESA), o criando estruturas atractivas (sejam elas económicas
capital tem sofrido uma grande crise em banco “Planeta Terra”. ou não) noutras regiões, fora de Luanda, será possível
matéria de gestão de resíduos sólidos. Ana Margoso desenvolver todo o país. Nem La Palice diria melhor.

Cartoon Desce
Os atrasos em relação as transferências
bancárias para organismos do Estado
no exterior continuam a ser uma dor de
cabeça. Tanto é assim que algumas rep-
resentações diplomáticas têm visto a
sua imagem manchada por não honrarem os seus com-
promissos. Tal é, por exemplo, o caso da embaixada de
Angola na Argentina cujos funcionários não recebem
os ordenados há três meses. Também por falta de
dinheiro, que deveria ser transferido pelo Ministério
dirigido por Carlos Lopes, as autoridades daquele
país cortaram os telefones, o pagamento das rendas
de casa regista atrasos preocupantes e alguns hospi-
tais fecharam as portas aos funcionários da nossa em-
baixada. Nada gratificante…

Numa altura em que se fala tanto em


consolidar a reconciliação nacional,
não admira que o projecto não vá para
a frente. Se depender do FNLA para
que o processo se conclua com êxito, estamos fadados
ao fracasso. Sem paciência para diálogos e sedento de
poder, Lucas Ngonda tenta, não pessoalmente, mas
delegando tarefas, ocupar a sede do partido. Não con-
segue porque militantes apoiantes de Ngola Kabango
já lá estavam e de lá não saíram. Chamou-se a polícia,
dispersou-se a confusão, ninguém foi preso e a coisa
continua na mesma. Se não há paz entre eles, há de
haver paz com os outros?

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