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ABSTRACT: The present text approaches the cast of works selected by the authors for the Brazilian representation in the Cuenca’s 1 Biennial of Painting Equator. Based on the theme of the present edition of the Biennial, Latin America: Lives, bodies and stores, andi the propostion of gv priority tofiguatve works, theaurthors analyzed these works ascussng the theme proposed and the problematic of the figuration in Brazilian Contemporary at. However, they donot link the works directly to these questions, but ry to discuss the pertinence of any closed category forthe analyses of contemporary at KEY WORDS: Figure; Contemporaneous; Pain- ting: Artin Brazil [RESUMO: O presente texto abordao elenco de obras selecionadas pelas autoras para a representacao brasileira na VI Binal de Fin- tra de Cuenca (Equador). Com base no tema da presente edicdo da Bienal, América Lati- 1a: vidas, corpos e histrias, € na proposta de que fossem priorizadas obras figuratvas, as autoras analisam essas obras discutindo 0 ‘tema propostoe a problematic da iguracio ‘na arte brasileira contemporinea. No entan- to, nao vinculam as obras dretamente a es- sas questBes, mas, tentam dscutirapertinén- Cia de qualquer categoria fechada para aané- lise da arte contemporinea, PALAVRAS CHAVE: Figura; Contemporanei- dade; Pintura; Arte no Brasil 28 @ FIGURAGOES roposta desta Bienal perpassa o debate contemporaneo da critica, buscando no tema América: vidas, cue! pos e historias uma arte que responda ou pelo menos se questione sobre “Qué significa habitar en América a fines de siglo?” Esta proposicao, é claro, mostrou-se como algo facil de ser detectado na producto plastica brasileira atual. Mas, a solicitacao de que a selecao das obras privilegiasse obras figurativas colocou-nos frente a uma inesperada circunstancia; a constatacéo de que esta ndo 6 uma questio forte, na pratica contempordnea de nossos artistas. A maioria dos trabalhos mais significativos realizados entre nds incorpora, sem ddvida, as quest6es tematicas solicitadas, mas com um viés todo particular, que foge a figurades explicitas, deixando-se perceber muito mais como vestigios. As obras veem- se envolvidas num clima que aponta os questionamentos do artista: sua preo- cupacdo com as problematicas deste fim de século, com seu corpo, com seu espaco ‘e com os acontecimentos que o circundam. Mas as cores, formas, linhas mantém uma certa autonomia em relacao a representagdo tradicional, trabalhando em um espaco ambfguo que mostra e ao mesmo tempo oculta aquilo que figuram. Essa dependén- cia/independéncia visual em relacdo a mundo dos objetos, conduz muitas vezes a um jogo em que as formas aparentemente Porto Arte, Porto Alegre, v.9, n.16, 27-39, mai. 1998. Icleia Borsa Cattani e Maria Amélia Bulhdes ocupam-se consigo mesmas, sem uma defi- nigdo mais figurativa. Mas, a realidade individual de cada artista, apreendida e internalizada como parte de sua experiéncia, 6 assimilada ao seu sistema de formas e integrada em sua obra. Assim, a auséncia de uma ligacao mais direta com a figuragao nao represen- ta, necessariamente, um descompromisso coma realidade. Mas pode evidenciar, ao contrario, uma tentativa de destruicao transgressiva da figura que se aproxima das analises de Didi Huberman quando afirma que "A forma e a transgressio se devem uma a outra a densidade de seu ser... reci- procamente, a transgressdo das formas passa primeiro por uma obstinagao, tanto pratica quanto te6rica, a desprezar todos 05 tabus de tocar, e notadamente a impor dentro das formas a insubordinagio dos fatos materiais”(Didi-Huberman, 1995, Pp.20-30) Assim, desconstruindo as formas do mundo real, alguns artistas estao na ver- dade exercendo uma espécie de trans- gressdo simbélica que se insere na propria ordem dos fatos materiais. Essa transgres- so, contudo, nao livra os trabalhos de um compromisso com a realidade uma vez que, essas estruturas aparentemente distantes, deixam-se envolver de maneira complexa pela necessidade constante de propor ao mundo das aparéncias 0 seu préprio questionamento. Na pintura brasileira contemporé- nea, um ntimero expressivo de artistas evo- a, antes da historia, uma memsria pessoal dos fatos, que tenta reconstruir espagos € reconstituir eventos, recriando trajetérias Corpos, memérias, vestigios: a representacdo brasileira na Bienal de Cuenca e refazendo talvez uma historia das origens. As origens individuais, mas tam- bém as da América Latina, continente ocupado, cuja hist6ria oficial parece refe- ritsse sempre ao outro, ao de fora. Pois a histéria que aprendemos nao comeca com ‘© nosso “descobrimento”? Osartistas brasileiros na atualidade tentam construir uma outra hist6ria, que a0 mesmo tempo os concerne pessoal- mente e abrange uma realidade mais ampla. Trabalhando com as margens e os limites da hist6ria oficial, eles criam ves- tigios em que transparecem 0 “ndo dbvio", 0 “nao dito” Nessa encruzilhada de imagens e vestigios, a escolha da representacao brasileira orientou-se por cada um dos temas enunciados na convocatéria da Bie~ nal, mas principalmente, por seu conjunto. AMERICA: VIDAS, CORPOS E HISTORIAS. © Brasil nao tem uma tradicao de insergdo na América Latina nem em ter- ‘mos materiais nem em termos conceituais Separados, politicamente ao longo do periodo colonial, e linguisticamente até hoje, do mundo espanhol, temos cultu- ralmente pautado nossos padrées pela Europa e mais recentemente pelos EUA. Este também tem sido em parte o caminho do resto da América Latina, se pensarmos nos séculos de colonialismo e nas atuais tendéncias globalizantes. Olhar 0 mundo desenvolvido foi sempre a meta dos latino- americanos, e entreolhar-se, nao foi algo usual. Percebe-se hoje, porém, uma ten- a 29 déncia a reverter esta falta de insercao brasileira, com a criagao do Mercosul Nesse sentido, “América” passou a ser um tema atual e recorrente no discurso de nossa intelectualidade e que pode ser per- cebido perpassando a obra de alguns artis- tas. Mas mesmo quando nao é este um tema especifico, ele permeia nossa reali- dade na medida em que, como latino- americanos, temos historias em comum Vidas, corpos e hist6rias, nos pare- cem termos interligados entre si. Eles apon- tam para um ir e vir do individual ao coletivo, Vidas que se cruzam, corpos que se reconhecem, historias contadas destas vidas e destes corpos. Talvez possamos falar de memérias, em vez de historias, na medida em que nem sempre a estrutura das obras plasticas mantém uma forma narrativa. Mesmo sem “contar historias”, essas obras guardam a meméria dos espacos, piiblicos e privados, que marcam passagens nesse territério que é a América Guardam, ¢ a0 mesmo tempo fazem pre- sente, a meméria de corpos dilacerados, desfeitos no trajeto de muitas vidas, a meméria dos acontecimentos que confi- guram 0 que comumente denominamos Historia. PROPOSTAS Alex Cerveny trabalha, na série de aquarelas aqui apresentadas, com o tema da viagem e do documento, do registro. Retomando a expedicao, de dezenove anos, que 0 artista-viajante Cornelius de Bruyn alega ter feito no Levante, no final do século XVII, Cerveny reinterpreta em Porto Arte, Porto Alegre, v.9, 0.16, 27-39, mai. 1998

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