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PARTICIPAÇÃO DO INVESTIDOR INDIVIDUAL:

A DEMOCRATIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E DA NAÇÃO

RESUMO

Inserido na questão do desenvolvimento sócio-econômico do país, este trabalho se

apresenta como uma recuperação dos condicionantes determinantes da atrofia existente no

Mercado de Capitais Brasileiro, a fim de validar as perspectivas e as políticas que se podem

arquitetar para o seu desenvolvimento e conseqüente da nação.

Os principais condicionantes para a retomada do Mercado de Capitais de suas funções

clássicas são apresentados segundo uma lógica teórico-empirista, onde se faz essencial para a

retomada da liquidez e da eficiência do sistema, a democratização do mercado via a participação

do investidor individual.

Palavras chaves: bolsa de valores, investidor individual, mercado de capitais,

desenvolvimento sócio-econômico.

1
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................................................03

2 - A QUESTÃO DA POUPANÇA E DO DESENVOLVIMENTO..............................................................04

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A POUPANÇA PRIVADA NO BRASIL.................................................05

3 - O PAPEL DO MERCADO DE CAPITAIS.........................................................................................07

4 - A DEMOCRATIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAIS PARA OS INVESTIDORES INDIVIDUAIS COMO


ELEMENTO DE DESENVOLVIMENTO................................................................................................08

4.1 - A CRIAÇÃO DE UMA POLÍTICA PARA A PARTICIPAÇÃO DO INVESTIDOR INDIVIDUAL NO


MERCADO DE CAPITAIS.............................................................................................................10

4.2 - O QUE PODE SER FEITO PARA ESTIMULAR OS BRASILEIROS A INVESTIREM MAIS NO MERCADO
DE CAPITAIS?............................................................................................................................14

5 - À GUISA DE CONCLUSÃO..........................................................................................................15

6 - BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................................16

2
PARTICIPAÇÃO DO INVESTIDOR INDIVIDUAL:
A DEMOCRATIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E DA NAÇÃO

“A ascensão do investidor individual na última década é um


dos mais poderosos e marcantes desenvolvimentos dos nossos
mercados de capitais”
Arthur Levitt 1

1 - INTRODUÇÃO

Na teoria econômica qualquer tipo de produção pode ser efetivamente baseado em três

fatores: trabalho, recursos naturais e capital. Conseqüentemente, os mercados desses fatores de

produção têm sido passíveis de investigação, dentre os quais se destaca o mercado de capitais.

O mercado de capitais se traduz em um importante mecanismo para a promoção do

crescimento econômico, ao alocar a poupança de forma eficiente, entre as várias oportunidades

de investimento. A principal contribuição do processo de intermediação financeira é a de facilitar

a transferência de recursos para alternativas de investimento mais adequadas ao processo de

desenvolvimento econômico. Assim sendo, a captação e alocação eficientes de recursos através

do mercado de capitais, tornam-se de fundamental importância para viabilizar este

desenvolvimento.

A percepção de tal fenômeno, associada às especificidades da política econômica nos

últimos 30 anos no Brasil, nos permitem avaliar de forma crítica as causas da queda da poupança

financeira doméstica e do atrofiamento do mercado de capitais, a fim de que, embasados pela

história econômica do país, possamos construir um novo modelo de desenvolvimento

econômico-social impulsionado de forma auto-sustentável pelo mercado de capitais.

3
2 - A QUESTÃO DA POUPANÇA E DO DESENVOLVIMENTO

A experiência de vários países mostra haver inter-relacionamento entre o

desenvolvimento financeiro embasado na poupança privada e o desenvolvimento econômico.

Discutir sobre alternativas para aumentar a poupança privada pode passar a impressão

equivocada de que um esforço maior de poupança por parte dos indivíduos traduz-se

automaticamente em fluxo maior de investimento, em termos macroeconômicos. Isto poderia ser

válido, conforme lembra Keynes, apenas em uma economia do tipo “Robinson Crusoé”. Na

doutrina por ele questionada que “tem sido suposto que qualquer ato individual de abstenção de

consumir leva necessariamente a um aumento no mesmo valor do investimento” (Keynes,

1936:19).

Entretanto, em uma economia onde as decisões de se abster de consumir e as decisões de

investir, associada a uma expectativa de consumo futuro, são tomadas por agentes diferentes.

Conseqüentemente, o desafio de aumentar a poupança privada no Brasil implica definir

mecanismos que permitam atingir simultaneamente dois objetivos, sem os quais as taxas de

poupança e de investimento dificilmente poderão aumentar até os níveis necessários para o país

poder aspirar a uma taxa de crescimento significativa nesta década: o primeiro é diminuir a

propensão média a consumir da sociedade, de forma a viabilizar um aumento da participação do

investimento na demanda agregada; o segundo, por sua vez, é canalizar os recursos que

deixariam de ser consumidos pelos indivíduos para que eles de fato sejam utilizados no

financiamento do investimento, dado que, sem essa intermediação eficiente do mercado de

capitais, o menor consumo vai ter como efeito apenas a diminuição da demanda agregada e da

renda.

Nesse último caso, o investimento como fator de geração de renda tem um fundo

Keynesiano, ou seja, implica em reconhecer que não basta apenas a decisão de não consumir

1
Chairman da Security and Exchanges Comission.
4
para que o investimento se realize, faz-se necessário a presença de um mecanismo para

intermediação de funding, o mercado de capitais, uma vez que os recursos devem ser canalizados

para viabilizar os novos projetos de investimento.

Há uma série de iniciativas que poderiam conduzir a um aumento da taxa de crescimento

do país, através de uma melhora dos mecanismos de financiamento do mercado de capitais, que

estão sendo convalidados pelo enforcement político e institucional. 2

2.1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A POUPANÇA PRIVADA NO BRASIL

O Brasil enfrentou, desde o final dos anos 70, uma queda expressiva dos seus níveis de

investimento, fenômeno ao qual esteve associado a um declínio de mesma magnitude da

poupança agregada. A literatura tem sido pródiga em relacionar este fato com a crise fiscal do

país, ressaltando o duplo papel do combate ao déficit público como elemento central de uma

política de estabilização e como fator-chave para a recuperação da poupança e do investimento.

Porém, quase nada tem sido escrito no país acerca de um fenômeno que vinha ocorrendo desde o

início dos anos 90 e que se acentuou recentemente: a queda da poupança privada, expressa pelo

boom de consumo das famílias que se intensificou a partir de 1993. Outros países da América

Latina, que nos anos 80 e 90 também passaram por processos de certa expansão econômica,

liberalização financeira e abertura das suas economias, têm experimentado um crescimento

similar do consumo privado, como são os casos do México e da Argentina.

Este trabalho aborda tal fenômeno, sem o intuito, porém, de analisar as suas causas, mas

apenas de avaliar os limites que o consumo elevado das famílias – ou a contrapartida, na forma

de uma poupança privada limitada – pode impor a uma trajetória de crescimento sustentado da

2
Este ponto é uma das discussões fundamentais da monografia e será discutido nos próximos itens.
5
economia brasileira 3, uma vez que os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento

distinguem-se dos demais por uma série de características comuns.

Provavelmente, a baixa capacidade de formação interna de poupança 4 constitui uma

grave limitação desses países, na medida em que cerceia o processo de acumulação de capital e

dificulta o crescimento acelerado do produto e do nível de emprego.

Naturalmente, um importante passo na busca de soluções para os graves problemas dos

desses países deve ser o encaminhamento de medidas que promovam o crescimento da poupança

interna, canalizando-a, de preferência via mercado de capitais, para as alternativas de

investimento que cumulativamente produzam altos retornos sociais.

É importante, nesse sentido, medidas que busquem estimular o hábito de poupança em

camadas crescentes da população, educando-as para a conveniência de obterem uma maior

consumo futuro com a transferência de parte de seu consumo atual para aplicações financeiras

que constituam aumento de patrimônio ou riqueza.

No Brasil, o atual nível da taxa de poupança doméstica indica uma significativa queda da

poupança pública em relação à que vigorava nos anos 70, o que reflete a piora das contas fiscais.

No que diz respeito à evolução da poupança privada, observa-se que, após apresentar um

aumento na segunda metade dos anos 80, ela voltou a cair nos anos 90.

Este comportamento da poupança privada reflete a evolução do consumo privado no

período. O consumo privado caiu significativamente ao longo dos anos 80, como resultado da

queda do salário real no período, devido ao efeito combinado da redução dos níveis de renda –

decorrentes do período recessivo – com uma taxa de câmbio elevada. Contudo, a partir da

estabilização macroeconômica viabilizada pelo Plano Real, observa-se uma trajetória ascendente

do consumo privado. Isto se explica, por um lado, pela queda significativa das taxas de inflação,

3
A restrição de poupança não é o único entrave a prejudicar as possibilidades de crescimento da economia brasileira
a taxas maiores que a dos últimos anos. Para uma discussão abrangente dos problemas que devem ser enfrentados
para o país poder aspirar o crescimento, ver Ferreira (1996).
6
que reduziu o imposto inflacionário e favoreceu, particularmente, as camadas da população de

renda baixa que não tinham acesso aos instrumentos financeiros de proteção contra as perdas

inflacionárias do período anterior à estabilização 5. Considerando-se a demanda reprimida desta

faixa de população, isto representou um significativo aumento da demanda de bens de consumo,

com destaque para os produtos eletroeletrônicos.

Por outro lado, a isto se somou a restauração dos mecanismos de crédito, com destaque

para o alargamento dos prazos de pagamento, com efeitos positivos tanto para as classes de

renda mais baixas quanto para as mais altas, o que neste caso refletiu-se no aumento de bens de

consumo durável.

Dados os níveis de demanda reprimida das classes de baixa renda e levando em

consideração o fato de que sua propensão marginal a consumir é alta – praticamente gastam tudo

o que ganham – no período da segunda metade da década de 90 observa-se uma tendência ao

aumento da propensão a consumir da economia como um todo, o que a longo prazo, pode

comprometer o potencial de crescimento da economia.

O que se depreende é que a contenção do consumo requerida para aumentar as taxas de

crescimento do PIB é: a) apenas relativa, já que o consumo privado poderia crescer

continuamente; e b) gera como resultante, a longo prazo, um consumo maior do que aquele que

resulta de ter um consumo inicial maior associado a uma propensão a consumir maior. Em outras

palavras, a estratégia de conter inicialmente o crescimento do consumo envolve um trade-off

intertemporal, que implica substituir consumo presente por consumo futuro.

3 - O PAPEL DO MERCADO DE CAPITAIS

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, principal

responsável pela política de investimento do Governo, tem representado o grande sustentáculo

4
A poupança total da economia resulta da soma da poupança externa e da poupança doméstica. Esta última, por sua
vez, é composta pela poupança pública – calculada pela diferença entre o investimento do governo e o déficit
público – e pela poupança privada.
5
A respeito dos efeitos redistributivos da redução do imposto inflacionário, ver Néri (1996).
7
das empresas privadas nacionais nas últimas quatro décadas, suprindo-as de fôlego financeiro – e

capitalizando-as via empréstimos a juros subsidiados – para consecução de seus projetos,

evidenciando-se, portanto, seu papel em prol do desenvolvimento econômico de nosso país. Ora,

se o mercado de capitais é assumido como parte integrante de uma estratégia global orientada

para o desenvolvimento econômico, por quê, então, não pensar numa efetiva integração

BNDES/CVM, o primeiro em sua política fomentista e a segunda basicamente reguladora de

mercado, enquanto instrumento para compatibilizar os objetivos de capitalização das empresas

privadas nacionais com o de criação de uma legião de investidores individuais?

A popularização dos investimentos em bolsa de valores pode ser o grande mecanismo

acelerador do objetivo, a ser perseguido, de dispersar a propriedade na medida em que se crie

uma solução operacional de baixo custo que possibilite uma distribuição ampla e direta das ações

entre milhões de investidores individuais, atendido o princípio de vinculação da propriedade ao

controle. A conquista deste objetivo seria o fortalecimento de um notável instrumento a favor da

busca de um caráter de cooperação entre Governo-Empresas-Empregados, situação facilmente

identificada no Japão, por exemplo, como um fator muito importante para explicar os resultados

alcançados por aquela nação.

A meta de se estabelecer um clima de cooperação empresas-empregados tende a ser um

anseio comum quer endogenamente pela interdependência estrutural de interesses, quer pela alta

potencialidade de crescimento de produtividade, que acarreta amplos benefícios de

desenvolvimento econômico e social para a nação.

Ora, o mercado de capitais se traduz em importante mecanismo para promoção do

crescimento econômico ao alocar a poupança de forma eficiente, entre as várias oportunidades

de investimento.

4 – A DEMOCRATIZAÇÃO DO MERCADO DE CAPITAIS PARA OS INVESTIDORES


INDIVIDUAIS COMO ELEMENTO DE DESENVOLVIMENTO

8
A história da civilização humana é delineada por grandes acontecimentos que impactaram

sobremaneira a sociedade. Estes eventos funcionam como marcos históricos, pela relevância das

mudanças que deflagram em todos os níveis: social, político, econômico e tecnológico (Lima

Silva et. aii, 2000).

Todos os marcos científico-culturais que marcaram, o que alguns chamam e outros

negam, de a 3a Revolução Industrial são os fatores determinantes para a evolução econômica-

social no século XXI, seja através de uma sociedade global do conhecimento ou da informação,

mas fundamentalmente atrelados à velocidade de mudança e à concentração do capital e das

decisões vis-a-vis a descentralização do poder e fortalecimento do local.

Dessa forma, cada vez mais os fluxos financeiros dependem de contas com propriedade e

controle descentralizados; fundos de pensão, fundos de investimento, ativos de seguradoras,

caixas das empresas, grandes fortunas, pequenos poupadores individuais. Veja a propósito, o que

aconteceu com a Nyse – Bolsa de Valores de Nova York, na segunda metade do século XX.

Tabela I - Quem são os proprietários de ações nos EUA?*


1950 1970 1990 1996
Fundos Privados de Pensão 1,1 67 592 1255
Fundos Estaduais e locais de pensão 0 10 506 851
Companhias de seguro 2,1 14 228 425
Outros grupos seguradores 2,6 13 103 152
Fundos mútuos 2,9 39 607 1345
Fundos fechados 4 27 38
Contas fechadas em bancos 80 181 213
Estrangeiros 2,9 27 373 575
Investidores Individuais 130,3 572,5 3248 4477
Outros 0,8 12,1 42 51
Fonte: www.nyse.com Fact book Nyse, 1996/Data
*Valores em US$ bilhões

Nos anos 50, os investidores individuais tinham um predomínio absoluto sobre o

mercado. Os fundos mútuos, fundos, fundos fechados, as companhias de seguro e os fundos de

pensão, todos juntos, não representavam mais do que seis por cento dos ativos controlados pelos

9
investidores individuais no quadro da Nyse. O perfil mudou completamente nos anos 90 com o

crescimento dos Fundos, mas é preciso fugir de algumas simplificações.

Mesmo transformados em grandes atores, os fundos de pensão não podem nem querem

ser considerados com um fator de concentração. Sua participação na Nyse, tomando como base

os dados de 1996, limitava-se a 22,4 por cento do total.

O que está acontecendo, na realidade, é uma diversificação do processo de tomada de

decisões, e uma das conseqüências disso é uma procura cada vez mais intensa de administradores

profissionais e técnicas de cobertura de riscos, porém, as instituições, apesar de se mostrarem

menos avessas ao risco do que os indivíduos, são também menos dispostas comprar, sejam as

emissões sazonais de menor liquidez, sejam as novas emissões não-sazonais.

Portanto existe um espaço para os investidores individuais, haja vista a importância que

eles têm no aumento das negociações efetuadas, trazendo qualidade e eficiência para o mercado

acionário, através de liquidez e da pulverização de ações.

4.1 – A CRIAÇÃO DE UMA POLÍTICA PARA A PARTICIPAÇÃO DO INVESTIDOR INDIVIDUAL NO


MERCADO DE CAPITAIS

Os volumes negociados no mercado brasileiro de ações aumentaram rapidamente depois

do Plano Real, refletindo a relativa estabilidade da moeda e acompanhando as expectativas de

privatização de empresas estatais. Entre 1995 e junho de 1997, o volume médio diário negociado

na Bolsa de Valores de São Paulo quadriplicou, passando de 300 milhões para 1,2 bilhão de

reais.

Apostando no crescimento da base dos acionistas, a Bolsa lançou uma campanha

publicitária, a primeira de toda a sua história com o uso maciço dos tradicionais veículos de

comunicação, televisão, rádio, jornais e revistas de grande circulação; no ano de 1996, quando se

achava que mercado de capitais iria sair de sua atrofia para se desenvolver.

10
A iniciativa da Bovespa baseou-se na hipótese de que, se o Plano Real fosse consistente a

longo prazo, haveria uma inevitável migração dos investimentos, que aos poucos sairiam da

renda fixa (CDBs, cadernetas e similares) passando para a renda variável (ações, fundos de

ações).

Se essa migração acontecesse (o que se confirmou), seria preciso aumentar o estoque de

ações para atender à procura. Até meados de 1997, contudo, os programas de privatização que

poderiam aumentar o estoque de papéis disponíveis para os investidores, contudo, o Estado

negligenciou este importante fato.

A opção do governo pela venda direta de lotes de controle acionário alegadamente visou

maximizar os ganhos para o Tesouro. O desinteresse pela pulverização das ações provavelmente

aconteceu por erros de leitura, somados a alguns preconceitos contra as Bolsas e o mercado de

ações.

O primeiro erro de leitura foi subestimar os anseios dos pequenos poupadores espalhados

pelo Brasil inteiro. Entre 1996 e 1997, os fundos de ações aumentaram de 4 para 12 por cento a

sua fatia no patrimônio global dos fundos, mesmo sem contar com o embalo das privatizações.

Os pequenos investidores, como se pode detectar no gráfico abaixo, queriam se informar

melhor e participar desses programas, fato que a Bovespa detectou através de um trabalho de

campo para sondar o que pensavam os sindicatos e a população em geral.

Gráfico I - Base Potencial de Novos Acionistas,


Ignorada pelas Privatizações

Profissionais Liberais
Professores Analistas de Sistemas
2% 17% 3%
Não informou Administradores
6% 13%
Outros
Contadores
11%
4%
Estudantes Economistas
3% 5%
Universitários
7% Sem Formação
Profissional
29%

11
Fonte: Pesquisa da campanha Privatização Democrática (junho/agosto de 1996)
www.bovespa.com.br

Portanto, os instrumentos para lidar com meios mais concentrados e oligopolizados,

durante as privatizações, poderiam derivar de um simples refinamento dos instrumentos

regulatórios nas mão do Estado, porém aquela oportunidade de valorização do mercado de

capitais se esvaiu, uma vez que o mercado brasileiro continuou com elevado grau de

concentração na Bovespa, respondendo por 54% do total dos negócios das dez ações mais

negociadas em 2001 vis-a-vis a uma incapacidade de democratizar o mercado de capitais,

posterguando-o como mecanismo de geração de renda futura e de longo prazo pela potencial

massa de investidores individuais.

O que se depreende desse processo é que a participação oficial do Estado no mercado de

capitais diminuiu, na medida que o dinheiro passou a fluir por canais privados, o governo

reservou para si o papel regulador, por outro lado o mercado de capitais continua atrofiado, mas

com um potencial promissor de acionistas que foram ignorados pelas privatizações, os

investidores individuais.

Gráfico II - Participação por tipo de Investidor na


Bovespa em 2001

Institucional Estrangeiro
17% 25%

Empresa Pública e
Pessoa Física
Privada
20%
Outros 3%
Instituições
0%
Financeiras
35%

Fonte: Relatório de Gestão 2001 www.cvm.gov.br

É sugerido que o crescimento dos investimentos em ações por parte dos investidores

institucional e estrangeiro e instituições financeiras através de uma especulação excessiva tenha

provocado efeito indesejável sobre a eficiência do mercado acionário, afetando a estabilidade dos

preços das ações.

12
Por outro lado, o crescimento dos investimentos em ações por parte dos investidores

individuais no Neuer Markt na Alemanha fornece um exemplo conciso que o desenvolvimento

do mercado acionário pode ser originado através do estímulo à participação de pessoas físicas,

garantindo-lhes transparência, informação e fácil acesso ao mercado, além de fortalecimento dos

acionistas minoritários como mecanismos eficientes de promoção do mercado de capitais, haja

vista que o mercado de capitais alemão, antes do Neuer Markt ser criado em 1997, tinha uma

baixa performance, considerando-se a concentração de mercado e o número de empresas que

abriam capital; situação não muito diferente do Brasil, que atento às transformações criou o Novo

Mercado, buscando diagnosticar as causas do enfraquecimento de nosso mercado de capitais e

encontrar os caminhos para a superação através de um tripé: liquidez, transparência e facilidade

de acesso.

Diante desse novo panorama de reestruturação e fortalecimento do mercado de capitais

nacional, faz-se mister a presença do investidor individual brasileiro em um momento em que

são desenvolvidos alguns instrumentos financeiros eficazes e instituições competentes para que a

poupança financeira possa ser administrada eficientemente. Fortalecendo a confiança e

credibilidade do público investidor no mercado de capitais, normalmente o público vai se

interessar mais, e. g. por ações, com isso o que tendencialmente acontece é que o preço dessas

ações deve melhorar e é isso que vai viabilizar a reativação do mercado primário, pois à priori

com preços baixos, devido aos elevados custos de transação, as empresas não se arriscam a abrir

seu capital.

Diante dessa considerações, o momento epigráfico de nossa partida faz sentido, pois

realmente “a ascensão do investidor individual na última década é um dos mais poderosos e

marcantes desenvolvimentos dos nossos mercados de capitais” ; é a partir dele que se inicia os

primeiros passos para que o nosso atrofiado mercado de capitais volte a andar.

13
4.2 – O
QUE PODE SER FEITO PARA ESTIMULAR OS BRASILEIROS A INVESTIREM MAIS NO
MERCADO DE CAPITAIS?

Existe um problema que está intrínseco na cultura brasileira e que foi sendo amalgamado

com o tempo, que é a aversão ao mercado de capitais ou à poupança. A problema da poupança,

conforme anteriormente explicado, está relacionado à elevada demanda reprimida que há,

principalmente nas camadas mais pobres da população. Já questão do mercado de capitais está

intimamente ligada a idéia de jogatina, que se explica pelo caráter conservador historicamente

construído.

Portanto faz-se necessário uma política geral, que procure reconquistar a confiança no

mercado de capitais, ou até mesmo criar uma nova idéia sobre os benefícios, do mercado de

capitais. Muito já tem sido feito pelos agentes e instituições do Mercado de Capitais, porém

estamos na era digital, que é marcada pela revolução tecnológica que está mudando, em alta

velocidade, as formas de pensamento, costumes e hábitos.

Paralelamente a essa mudança, as previsões de crescimento para o comércio eletrônico

mostram valores cada vez maiores. Analistas do mundo inteiro projetam um acelerado

crescimento do e-commerce nos próximos anos. As expectativas para o Brasil são mais otimistas

ainda: acredita-se que o comércio eletrônico crescerá aqui mais que em outros países. Além

disso, os processos de negociação entre empresas e consumidores têm mudado radicalmente.

Nunca antes os consumidores foram tão bem informados e exigentes (LIMA SILVA, et.aii,

2000), pois o computador é, atualmente, visto como um mecanismo de aperfeiçoamento técnico

e gerador de riqueza, e ferramenta que viabiliza a democracia e a emancipação política dos

habitantes do mundo, por quê não um mecanismo de pulverização de ações, a fim de diminuir a

14
concentração no mercado de capitais nacional? Segundo pesquisa do website Cadê? 6, em 1999,

menos que 5%de todas as pessoas que usavam a internet para compras já haviam comprado

ações, em comparação 80% já haviam comprado livros e 11% eletroeletrônicos; o que demonstra

que existe espaço na internet, não somente para transmitir informações, como transparência do

mercado, mas também para o comércio.

Uma outra importante maneira de democratizar o mercado acionário é a utilização de

recursos do FGTS na compra de ações. Além disso, a venda pulverizada é um caminho válido

para o governo alienar ações que detém em empresas estatais. Os casos da Petrobrás, Vale do

Rio Doce e Banco do Brasil são exemplos que demonstram o sucesso, e o comprometimento do

governo de ampliar as condições para o aumento de investidores individuais.

5 – À GUISA DE CONCLUSÃO

Somos sabedores da necessidade de viabilizarmos vultosos investimentos capazes de

criar oferta de empregos para as novas gerações e de melhorar o perfil de distribuição de renda

existente. Sem aumento da poupança privada, as alternativas de financiamento serão ou políticas

inflacionárias (pouco provável devido o compromisso com a estabilização), poupança externa;

fluxos de investimentos diretos ao exterior e empréstimos, ou maior poupança do governo via

tributos e poupanças forçadas, ou ainda maiores financiamentos externos.

Dentre estas opções, o mercado de capitais é o que apresenta a mais orgânica proposta de

desenvolvimento, integrada aos diversos setores econômicos nacionais e internacionais, como

uma proposta estratégica de concentração e alocação eficiente de capital e investimento.

O papel desempenhado pelo Mercado de Capitais difere, naturalmente, de país para país;

entretanto, de um modo geral, é bastante relevante nas nações desenvolvidas, onde já existam

mercados acionários representativos. Mesmo no caso de países menos desenvolvidos, com

6
www.cade.com.br
15
mercados acionários ainda em processo de evolução, existe um interesse bastante acentuado no

impacto da participação e das negociações dos investidores individuais sobre a liquidez e a

eficiência econômica.

Como muito bem demonstrado no case alemão de sucesso do Neuer Markt, o investidor

individual é uma elemento fundamental para o reerguimento do mercado de capitais, de forma a

injetar liquidez no sistema, segundo regras mais transparentes e eficientes. Da mesma forma,

com as reestruturações que vem ocorrendo no mercado de capitais brasileiro, tudo aponta, que

com o Novo Mercado e a nova Lei das S.A., garantindo maiores direitos aos acionistas

minoritários, eficiência e eqüidade, o Brasil aponta para um momento imperativo para o

desenvolvimento de seu mercado de capitais embasado - com princípios fundamentais da

Governança Corporativa e da democratização de participação do Investidor Individual,

revertendo-se como elemento propulsor de financiamento para o desenvolvimento nacional.

6 - BIBLIOGRAFIA

BOVESPA, Desafios e Oportunidades para o Mercado de Capitais Brasileiro. Estudos para o

Desenvolvimento do Mercado de Capitais. São Paulo: Bovespa, 2000.

_________, O Mercado de Capitais: Sua importância para o Desenvolvimento e os Entraves com

que se Defronta no Brasil. Estudos para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais. São

Paulo: Bovespa, 2000.

CALVACANTE FILHO, F. S. & MISUMI, J. Y., Mercado de capitais, 4a edição. Belo

Horizonte: CNBV, 1998

FERREIRA, P. C., Perspectivas de longo prazo da economia brasileira: uma análise exploratória.

Ensaios Econômicos da EPGE, no 290. Rio de Janeiro, 1996.

KEYNES, J. M., The general theory of employment, interest, and money. New York: Harcout,

Brace and Company, 1936.


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LIMA SILVA, A. C.; PAULA, E. R.; MORAES, M. A. & GONÇALVES, C. A., Um olhar

sobre o comportamento de compra dos usuários da Internet. Caderno de Pesquisas em

Administração, vol. 7, no 3, julho/setembro. São Paulo, 2000.

NAJBERG, S. & SOUZA DE OLIVEIRA, P. A., Democratização do Mercado Acionário: A

Utilização de Recursos do FGTS na Compra de Ações da Petrobrás. Revista do BNDES, vol.

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NERI, M., Fuga da moeda e distribuição de renda. Boletim Conjuntural no 34, julho. Rio de

Janeiro:IPEA, 1996.

www.bovespa.com.br

www.cade.com.br

www.cvm.gov.br

www.nyse.com

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