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o b s e r v a ç õ e s g e r a is
pelas capitanias do ' Esta é a primeira das seis classes em que se divide o Reino
GraoPara', Rio Negro Animal, no Sistema de Linnaeus, ou seja a que compreende os
Corpos Naturais que são organizados, vivem e sentem. Aos vege
Mato Grosso e Cuiabaf tais pertencem somente a organização e o viver, porém não sentem.
E aos minerais por último, os que não são organizados (Syst.
N at. Edit. 12 Tom 1 pg 15), nem vivem e nem sentem (Scopol.
Inf. ad Hist. N at. Regn. Animal. Trib. •42. Pag. 501). Nos
U minerais a matéria dorme na inércia e espera que a chamem à
VIDA. Nos vegetais ela está animada mas como ainda não sente
fica SEMI-VIVA. Nos animais vem o SEN TIM EN TO unir-se
à VIDA que deste modo completa a matéria. Young. Tom. I
Noit IX A Imortalidade.
A Máquina Animal, no que se refere a vida vegetativa, em
quase tudo corresponde a Máquina Vegetal, se bem que a animal
difere (Philosoph. Botan. Aphor. 3) na posição vertical (Syst.
N at. Edit. 12 tom 1 pg 15) na motividade de lugar, (Aphor.
133. 11) e em diferentes comportamentos relacionados às suas
diferentes faculdades. (Syst. N at. Edit. 12 tom 1 pg. 15)
ZOOLOG/A Mostra que as plantas mesmo privadas de sensação* vivem igual-
BOTÂNICA mente aos animais sob os seguintes aspectos: 1 — o Nascimento:
2 — a Nutrição: 3 — a Idade: 4 — o Movimento: 5 — a Propul-
são; 6 —■a Enfermidade; 7 — a Morte; 8 — a Anatomia; 9 — natural ejjãíurbitrário. Os aquáticos além de não possuírem pés,
O Organismo (Aphor. 133. 11). nem mãos iguais à dos terrestres, apresentam outras diferenças
tanto internas como externas, porém ambos apresentam mamas.
Ambas as ,Máquinas._^AnimaLe_Vegetal)_ são hidráulicas. Pela denominação de Mamíferos, que engloba a todos, é que se
As suas partes sólidas correspondem ao tutano nos animais e à
medula nos vegetais; os ossos ao lenho; os músculos aos galhos; à deve especificar, e não pela de Quadrúpedes que compreendem
pele o córtex; à cutícula a epiderme; os pulmões às folhas; os dutos somente os terrestres e alguns anfíbios.
venosos aos arteriosos, etc., os vasos suetórios que conduzem os Por esta razão, esta classe compreende somente aqueles ani
fluidos, as vesículas que os retém e conservam; as traqueias que mais que se integram senão em todos, porém na maior parte dos
atraem o ar. Aos órgãos genitais que correspondem à frutificação, caracteres seguintes:
temos que os estames nas flores são os órgãos genitais masculinos
cujos cálices servem de lábios ou de prepúcio, e as corolas de ninfa; (a) PELA ESTRUTURA INTERNA
o pólen de semen, as anteras de testículos, e os filamentos de vasos
espermátieos. Os pistilos são femininos cujo estigma é a vulva; o (1) O Coração com dois ventrículos e duas aurículas;
estilete é a vagina; o germe, o ovário por fecundar; o pericárpio, o sangue quente e vermelho.
0 ovário já fecundado, e a semente, o ovo. A tudo isso provam: (2) A respiração pulmonar, recíproca.
1 — A sua eficiência; 2 — a Origem; 3 — a Situação; 4 — o Todos têm dentro da sua máquina animal para os exercícios
Tempo; 5 -— as Divisões; 6 —- a Castração; 7 -— a Estrutura do de suas faculdades, as cinco câmaras seguintes:
pólen (Amoenif. Acadein. Sponsalia Plantarum).
I — ANIMAL — que é a medular, a superior das outras
Aos cinco estados ou idades do animal correspondem semelhan e a motora de tudo. Está retida num bulbo organizado e tem o
temente outros tantos nas plantas. papel de exercitar o espírito para as funções de sentir, raciocinar,
À Infância que passa em meio aquático, sensível e inerte, reger, etc.
corresponde à Germinação. II — VITAL — ou pneumática que é a dos pulmões, pelos
A Puerícia que é mucosa, inconstante, corresponde à Adoles quais se inspira e expira o ar.
cência . III — NATURAL ou hidráulica, que é a dos vasos por onde
À Juventude que ê fogosa, audaz e dócil, à Florescência. circulam os fluidos. Depende do coração onde tem o seu movi
mento perpétuo.
A Virilidade que é sanguínea, forte, relaciona-se à Frutifi
cação. IV — ALIM ENTAR ou digestiva que é a dos intestinos.
Prepara os sucos dentro dos tubos intestinais que passam aos vasos
À Senectude que é melancólica, débil e ossuda, à Esfoliação
e daí às diversas partes do corpo.
(Scopol. Inf. ad Hist. N at. Regn. Animal. Trib. 42 pag. 501).
V — GENITAL ou espermática a qual reune na dicotomia
O intestino das plantas é a terra; as raízes servem de vasos do tronco as substâncias medular e cortical. Neste encontro sai
quilíferos; os troncos, de ossos; as folhas, de pulmões; o calor, de a máquina animal de tamanho diminuto porém distinta (Syst.
coração; e a i em si, como Nat. Tom 1 pag. 16).
invertido. '
O antigo nome de quadrúpedes como a maioria dos natura ( b ) PELA ESTRUTURA EXTERNA .
listas distinguiam esta classe, foi substituída por Linnaeus para (3) As maxilas tem o seu papel na alimentação e são
mamíferos: porque são as mamas um caráter universalmente cons
cobertas; a maior parte têm dentes introduzidos nos
tante quer sejam terrestres como o boi, a ovelha, o porco e a
alvéolos.
cabra, quer sejam aquáticos como a lontra, a anta e a capivara ou
aéreos como o morcego e o lemur. Além deste possuem outros As baleias em vez de dentes têm umas lâminas
caracteres distintos que lhe devem pertencer segundo um sistema córneas.
• P
*
70 — — 71 —
PROBLEMA
entanto é o exemplo de como se deve aprender a trabalhar quando A América desde o seu p ri^ jp _ tó .E to d q iíu „aaim ^ $ j« q u jr
se diz no provérbio — Vaclc ad formicam. ó p ig e r — Cap. 6.° Da pne em romparaçãd com os do mundo antigo. Segundo,observação
Hispaniola, escrito por Hcrrera quando cm 1518 se viu invadido por do diário do Coronel Jorge Croglan que perto do rio Ohio se
inúmeras legiões que consumiram todas as produções vegetais — encontram em grandes quantidades e enterrados na profundidade
O s colonos espanhóis (diz ele) depois de empregarem todos os de cinco a seis pés, uns certos ossos de grandezas fabulosas que
meios possíveis para as destruírem, resolveram recorrer ao patrocí os naturalistas não sabem até hoje da existência de algum quadrú
nio de algum santo mas não sabiam a que patrono invocar por ser
pede de estatura semeihante a não ser o elefante cujos ossos supõe
aquela, uma calamidade nova. Depois de embaraçados com a sua
escolha, resolveram jogar com a sorte, saindo nela S. Saturnino cuja ser. Como se explica o fato do doutor Hunter, depois de examinar
alguns fragmentos de dentes e maxilar enviados a ele, em Londres,
solenidade celebraram com grande pompa, a qual, diz o citado
Herrera, foi recompensada com a destruição daquela praqa (Decad. concluir que se trata de outro grande animal até agora desconhe-
2 \ Lib. 3* Cap. 15’ pág. 307), M
Entre nós há uma noticia célebre do extraordinário pleito que Sem sair do Brasil, bem no seu sertão, há uma célebre desco
ocorreu entre os Religiosos Menores da Província da Piedade no berta deste gênero entre os anos de 1770 e 71, Segundo me
Maranhão e as formigas daquele terreno. Encontra-se referido na informou o capitão Ignacio Roiz da Silva, testemunha ocular
obra intitulada _«Nova Floresta» cujo autor é o padre . Manoel daquele achado, na parte superior do rio Grande em distância de
Bernardas, da Congregação do Oratório. O padre narra que as légua v. „.-ia do arraial de S. Gonçalo da Ibituruna. comarca do
formigos não cessavam de minar a dispensa dos frades, solapando Rio das Mortes, dez léguas da Vila de S. João dei Rei e setenta
a terra do fundamento de maneira tal que ameaçava ruir. Por do porto do Rio de Janeiro, estando alguns mineiros a lavrar o
voto de um dos frades que se assentou no Tribunal da Divina fundo do rio para^ retirarem ouro, em terras do capitão-mor Bartho-
Providência, essas criaturas deviam ser postas em demanda. lomeu Bueno do Prado, em um lugar onde havia doze palmos de
Foram assinalados procuradores tanto por parte deles como por água e dez de cascalho cavado, encontraram primeiramente uma
parte das rés. O prelado ficaria servindo de juiz que era nome costela de seis palmos de comprimento e^ um de largura. No
da Suprema Equidade se encarregaria da sentença, O mesmo tocante ao seu comprimento indicava não estar inteira. Em
depois de visto os autos (ajunta o padre Bernardes) com'as répli segundo lugar um dente mandibular inteiro com a sua raiz e coroa.
cas e contra réplicas, que foram contra o libelo, deu a sentença: Juntos tinham um palmo de comprimento e outro de largura. Em
que os frades fossem obrigados a demarcar dentro de sua cerca, terceiro, um fragmento de maxila inferior que apesar de quebrada
um sítio competente para a vivenda das formigas e que elas sob deixava ver dois alvéolos; um deles com a metade de um dente e
ena de excomunhão mudassem logo de habitação, visto que ambas o outro com um dente inteiro introduzido. Estes dentes foram
Í s partes podiam ficar acomodadas sem prejuízo. Eles, religiosos. mostrados aos cirurgiões Laureano Palhares e Domingos Ferreira
Unhara vindo ali mandados por obediência a semear o grão que lhes pareceram ter muita analogia com os do humano. Tanto
evangélico era digno o trabalho para o seu sustento; e as formi o dente como a maxila e a costela ficaram na casa do guarda-mor,
gas podiam fixar-se em outra parte por meio de sua indústria a Diogo Bueno da Fonseca.
menos custo. Declarada a sentença deu-se um casó maravilhoso Estas descobertas não dão lugar a milhares de conjecturas?
(exclama o nosso historiador) e que mostra o quanto agradou este Isto prova as revoluções pelas quais o nosso Globo tem passado;
requerimento ao Senhor de quem está escrito que brinca com as pVA-, n.-iiia se ■sabe~com precisgbVe~náa-VTiouccrqü^cónstã~ha
suas criaturas — L u d e n s in o r b e te r r a m m — Provérbio 2 V 31. história dos mamíferos que ja5^passajã!éin_do_prinçipio_dõ_,dçsco-
Imediatamente sairam à toda pressa milhares e milhares daqueles
*5 r^n íQ ^ 4 a^ S m e^ ãs. À forma com que foram vistos, com que
animalescos formando longas c grossas fileiras em- direção ao
campo assinalado, deixando aqueles religiosos livres de sua moles o são é justamente como digo-
tíssima agressão. Linnacus divide os mamíferos em seis ordens.
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meses fazendo manteigas mima praia do Soliinões ou do Madeira, Ceralmcnte os mais negros de todos são os de Senegal, Gam
sempre exposto ao calor cio sol ou ao fogo das caldeiras, pouco boa, Cabo Verde, Angola c Congo.
difere de um preto. E neste caso sendo um branco, há dc parecer 3 ? __ Porém nos países do Novo Mundo onde se encontram
um mulato. Ao contrario, os que se empregam cm serviços domésti as Antilhas, o México, o Reino de Santa Fé. a Guiana, o País
cos, sempre sao mais alvos. As enfermidades tais como a obstru das Amazonas e o Peru, que certamentc têm a sua maior parte
ção, a caquexia, a consunção, os apresentam mais esbranquiçados situada debaixo da mesma zona tórrida, ao invés de habitarem
c pálidos. Os Purupurus que habitam no rio Punis, confluente homens de cor preta à semelhança dos que habitam nas regiões
do Solimõcs, com o nome de Catavixis, têm ns mãos e os pés correspondentes da África, habitam índios que supostos não serem
malhados dc branco. brancos como os europeus, também não são pretos como os africa
P.s-.J1Íst.?rÍac!?fÇ.s,. giie não. se._dão ao trabalho de filosofar, nos. São de uma cor de cobre ou dc castanha.
estão sempre a perguntar: donde procede a diversidade de sua., qc —. £•; certo que desta cor dc cobre uns se ufastam mais e
cor nativa e originária? Eles não cessam de recomendar aos físi outros menos e os Tapuias, como os brancos e os pretos, têm entre
cos e anatomistas a explicação ueste fenômeno. Contentam-se em si nações que são mais ou menos retintas. Nas partes mais seten
pormenorizar com milhares de exemplos e dc casos particulares as trionais da América habitam espécies de Lapônios semelhantes aos
observações a seguir: da Europa. Depois destes vamos encontrar outros gentios que
são brancos c tem as feições muito regulares. (Roterd. Hist-
19 — Sendo toda a Europa habitada cie brancos, há no N at. des Isles. 1658 — pág. 189). Entre os referidos gentios
entanto um reparo critico a fazer: à proporção que nos distancia há alguns que têm até mesmo os cabelos louros como os europeus
mos do norte e dos países frios, por sua vez expondo-nos, aos
setentrionais. Os gentios do Canadá e de todas a terra firme até
poucos ao calor do sol, assim vamos observando que gradualmcnte o Golfo do México, se assemelham em tudo aos Tártaros. Mais
a alvura da pele humana vai'diminuindo. Os gregos, napolitanos'
trigueiros que os do Canadá, são os da Flórida e Mississipi. Os
sicihanos e os habitantes de Córsega, da Sardenha e os espanhóis das Ilhas Lucaias são mais que os das dc S. Domingos e de
que se encontram a pouca diferença debaixo do mesmo paralelo,
sao indiscutivelmente mais trigueiros que os franceses, ingleses, C u b a.
alemães, poloneses, moldavos e os demais povos do norte até a Entre os habitantes do Istmo da América que W a fer reconhe
Lapônia. A cor .trigueira se espalha dos primeiros c sc distribui ceu (V oyag. dc Dnmpiçrrc. Tom. T' pág. 152), como sendo da
por mais alguns, povos da terra, gradativamente, até que por iim cor de cobre amarelo ou de laranjal vivem outros indivíduos que
termina em um preto fixo e uniforme. O espanhol é mais triguei são brancos da cor do leite. Os índios do Peru que povoam as
ro que Ó francês; o mouro mais que o espanhol e o negro mais costas do mar c as terras baixas, são da mesma cor de cobre que
que o mouro. os de todo o Brasil. As diferenças bem pouca ou nenhuma como
2'’ Em quase toda a .Asia c ainda nos climas temperados acontece entre os habitantes das Cordilheiras e os europeus, são
da África, os seus habitantes são brancos e somente abaixo da também encontradas em suas cores. Porém a mais geral, a que
zona tórrida na África ou nos países que lhe ficam vizinhos, 6 que lhes é nativa e originária é a de cobre e não a preta, a mais
sao pretos. Este fato também ocorre em alguns cantos da Asia. constante.
Da mesma forma que entre os brancos uns são mais que os outros, O que foi estabelecido, produz a seguinte dúvida: se. i?r.
ocorre a mesma sorte entre os pretos. atribuído ao calor a diversidade das cores, a primeira observação
Exemplificando, os que habitam a margem meridional do será favorecida, e para se subscrever a ela evidentemente se opõem
Senegal e os 1 alofos que sao os que ocupam as terras compreen a terceira visto que as cores não correspondem aos climas vigentes.
didas entre aqueles c o rio Gnmbam, os da ilha Coréia e da eosta Com efeito, ntribuindo-sc principalmcntc no calor, a diversida
do .Cabo Verde sao muito negros, de uma cor profundaiiiente de dc cores, nenhuma duvida obstara ao rcflctir-sc.
jzcvichadn. Menos pretos que estes, são os da serra Leoa. e os
da Cuiné. Ainda menos pretos que estes e os Conqos. s.to os a) Para sc determinar com exatidão a temperatura do clima
da costa dc Suda, dc Arada, e outros lugares circunvizinhos. cm algumas partos do Globo, não basta medir somente a sua
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distância ao Equador, mas também é necessário examinar: l 9 __ _d'Uòa. Tom. 1. pág. 453. Anson. voyag. pág. 184). Sabe-
a altura que e tão sobre o nível elo mar; 29 — a elevação das se qt e, nas raras vezes que na França, fora da zona terrida. o
montanhas cm que se encontram situadas ou as suas vizinhas; 31’
termômetro sobe a 30? c no Senegal até 389, no Peru a tempera
• n extensão do país; *5' — a natureza do terreno; 59 — os ventos tura jamais se eleva acima de 25°.
locais.
8” — Sabendo-se que a América sc estende mais para o polo
As latitudes nem sempre correspondem aos climas: se bem que do que a Ásia ou a Europa, o vento, que passa por aquela vasta
no mundo antigo uma ver determinada a posição de alquns países, extensão de terra elevada e gelada, se apresenta numa cadeia de
fica ordinariamente determinado o seu clima. altas montanhas dc neve eterna, sc resfria, de tal manei-a que nem
\ b) O americano situado debaixo da zona tórrida pode pade-
depois de atravessar para os climas mais temperados, chega a
perder a sua atividade. Somente quando entra no México é que
I cei menos calor que o africano, o seu correspondente; c por con.se- se modera. A noroeste da América Setentrional o frio é exces
j guinte pode mostrar diferença na cor, de sev de cobre e não preta.
sivo.
; As observações que continuam nos darão uma percepção mais exata
; e clara. Voltando ao vento daquela região, estando ou não na força
I
do mais ardente estio, imediatamente se experimentam os efeitos
S- — Faz rcalmente menos calor debaixo da zona tórrida, na de uma súbita transição dc calor paro frio. As províncias meri
América, do que na África. Sabendo que debaixo daquela zona, dionais sofrem a invasão deste ven.o ( Charlcvobç, Nov. Franc.
no novo Mundo, o México, a Nova Espanha, o Peru, etc., não Tom. 3 pág. 165; Hist. des voyag. Tom. 15, pág. 2 M) .
possuem tão grande calor, como deveria ser a temperatura destas
referidas províncias, se não fossem extremamente elevadas acima 9 » __Na parte do trópico meridional encontram-se, mais do
do nível da superfície do Globo. Nos grandes calores, o termô que na boreal, mares gelados e paises horríveis, estéreis e quase
metro nao chega a subir tanto no Peru como na França. As inabitáveis devido ao rigor do frio que também por sua vez sc
neves que cobrem os cumes daquelas serras, resfriam o ar; esta é a comunica às provindas interiores (Anson. s. voyag. pág. 74. voyag.
primeira causa que influi muito sobre a temperatura do clima, c des Quitos Hist. G. des voyag. Tom. 14 pág. 83).
os habitantes, por conseguinte, em vez de serem pretos, são aver 1o? — O vento, que Invariavelmente sopra na direção de leste
melhados ou de cor de cobre. a oeste, sobre as regiões da América situadas entre os trópicos,
No que diz a respeito às terras do Amazonas, que são baixas, antes le chegar às costas destas últimas, sc enriquece dc infinitas
são tantos os rios, os lagos e os bosques que por mais quente que partículas ígneas as quais são responsáveis pelas ardentes planícies
seja o ar que para ali se dirige, jamais pode deixar de se umedecer da Ásia e pelas áreas abrasadoras dos desertos da África. Porém,
c refrescar mais do que aconteceria cm outro país mais seco. como o vento atravessa o mar Atlântico antes de chegar às costas
_UkiinmKeme_nãoj!ç. encontram pretos senão em climas onde todas americanas, ele sc refresca neste mar e não somente diminui a in I
i.Ç.Ç’Çcaa.'jtâncins concorrem para que produzam um calor constante tensidade do seu calor, mas também sc faz sentir como uma br.anda
c sempre'excessivo (De Buffon. Hist. Nat. Tom. 6. pág. 308). e suave viração. E por esta razão o Brasil c tini país ficsco c I
temperado em relaccão às latitudes correspondentes às da África,
6" Em outras partes da América, da Ásia e África, que onde o calor deveria ter enfraquecido e moderado cm razão de sua I
sc encontram debaixo do mesmo paralelo onde o calor é fecundo posição e pela.s causas mencionadas. Não só o calor mas também
e benéfico, há predominância de um frio excessivo; c o inverno se a cor dos seus habitantes vem a diferir sendo a dos pretos mais <
faz sentir com um rigor extremo. variada que a dos brancos, pois o calor excessivo como c r. Se (
negal e em Guiné torna os homens pretos, mais pretos. Sendo
‘ Este mesmo trio se estende mais adiante como experi j s ativo, como sucede nas costas orientais da África, os pretos (
mentam os que atravessam a America para a zona tórrida onde são menos pretos; e passando a mais temperado como é o da Bcr-
cie serve para moderar a intensidade do seu calor. De sorte que beria, Magol, Arábia, etc., os homens passam a trigueiros; c sendo <
quando na costa da Áfiica os prelos estão ardendo cm calor, os totalmcnte temperado, como na Europa e Ásia, os homens sao
habitantes do Peru respiram um ar fresco c tempe-ado (Viag.
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brancos.
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Em 1783 faleceu na cidade. Antonia Maria de Oliveira (a mãe Não haveriam de crer cm minha palavra no que tenho a dizer sobre
dos generais) . Sei que tinha mais dc ccni anos, porém já padecia os índios, quer seja em louvor ou em censura; é de boa vontade
de demência. que renuncio à satisfação dc escrever. Deste modo ninguém po
R i o N e g r o — Faleceu na idade de cento c dez anos o capitão derá supor dc mim prevenção e ejíngefó,
Constantino Dutra e Ruin, morador dn vila Capital de Barcelos em «Não e a sua cor avermelhada (diz Mr. dc(Chanvalony falando
cuja matriz foi sepultado a d de agosto dc 17S6. dos Caraíbas da M artinica), não são as suas feiçõèS~3ITercntes das
Na mesma vila ainda continuava n viver o outro morador cen n o m s , responsáveis pela dessemelhança entre eles e nós, c antes,
tenário, o capitão Francisco Xavier dc Moraes. í. a sua excessiva simplicidade.
Com cento c doze tinos, faleceu no lugar dc Moreira cm 1786, . A sua razão não é mais iluminada nem maÍ3 _preyidente guc
\
o índio Damião. No mesmo lugar, com cento c vinte, faleceu cm ,s \ o histlnto dos animais, A razão dos homens do campo, os mais
1778 a índia Christina. Jy grosseiros, e a dos negros criados nas partes da África mais afas
Não é dc sc admirar que tudo isso suceda em um clima tão tadas do comércio, algumas vezes deixn entrever uma ..inteligência,
benéfico como é o do Pará c Rio Negro. Vejam os exemplos s ainda jjue embrionária, capaz de desenvolver-se. Porém a dos Ca
seguintes que são os do Forte do Príncipe numa capitania tão raíbas, nem isso écapaz de mostrar. ‘
doentia, a de M ato Grosso. Se..j_.sãi filosofia e. a.jej.jgião não nos niinistrassem_&.S suas
luzes; sc as decisões brotassem dos primeiros iftipulsos d«-•jespUfíP»
M a to G rosso ■
— Faleceu aos cento c quatorze anos, fgnacio .o inçhnnr-nqs-TinTõTIC.crcf Tqüç' semelhantes povoft n $o pertencem ,.à
Ferreira Marinho, natural do Rio de Janeiro, o qual até o ano de €r mesma c.spécíc humana que a nossa. Os seus(plhosysão o verda
1787 (ano do falecimento) dizia não ter conhecido mais do que as deiro espelho "de sua alma guc parece não ter função alguma — a
duas mulheres que teve. Montava a cavalo com todo o desemba sua indolência é extrema ( Voyag.j}JLa_^artinIquiD págs. 44, 45,
raço e até o seu falecimento não mostrou a menor falta de juízo 5 1 ). Se olhara como homens (efíz Uchoa^, ós limites de sua in
e sentidos. Jaz no cemitério do Forte do Príncipe, Também ali teligência parecem incompatíveis cõm 'à~"Sxcelência da alma e a sua
jaz o outro morador Àntonio Alves, europeu, falecido cm 1788 com imbecilidade é tão visível que cin bem poucos casos se pode fazer
cento e nove anos. No mesmo ano faleceu com mais de cem anos, deles, ideia diferente da dos animais. Nada altera a tranqüilidade
M aria Pinheira, natural da cidade de São Paulo. de suas almas, tão insensíveis aos revezes da fortuna, quanto às
È ainda vivo o preto Sebastião da Silva que conta cento c sete prosperidades. Andam tão contentes semi-nus, como o rei mais
anos; tem a cabeça c barba brancas; ainda trabalha na roça e nesta suntuoso vestido de suas galas. As riquezas para eles não têm o
idade, no ano passado, em 1788, pretendeu casar-se. Marcha a menor atrativo. A autoridade e as dignidades parcccm-lhes objetos
pê légua e meia sem ficar abatido; trabalha com foice e enxada tão insignificantes para serem ambicionados que um índio receberá
e tem vida ordenada. Um outro preto, Joze Anciré, vivo, conta com a mesma indiferença o emprego de Juiz ou Alcaide. O inte
acima de cento e dez anos e padece algumas cegueiras periódicas. resse não os move, preferem antes não fazer um pequeno serviço
por mais seguro que estejam de receber uma grande paga. O temor
Além destes especificados por seus nomes, existem mais cinco também não sentem: o respeito menos ainda. Ultimamente não sc
pretos centenários. Por ai sc*%ê que entre as 800 almas, dc que, pode tirá-los desta indiferença, que tantas provas de esforço tem
quando muito, constaria em 1786 a população cio Forte do Prín custado aos homens mais hábeis. Nem fazê-los sair desta igno
cipe, sc incluíam dez centenários.
rância grosseira e negligência que desapontam a prudência daqueles
O que eu tenho até agora escrito reíeie-sc a constituição física que sc interessam.Rç!jui.stms .comodidades e se ocupam em fazê-los
cios tapuias. felizes (Viagem dc llchôa. Tom. 1. págs. 335 e 3 3 6 ) . ' ;
f>) Espiritual: À insensibilidade (escreveu1 M r, Dela_Condaminçp depois
Pelo que diz respeito ás .suas faculdades intelectuais c as ati- de visto e tratado os índios tio Peru e do Pará) fornia' a base do
vidaacs pelas quais são impulsionados, cu não poderia escrever caráter dos americanos.
tanto, c nem ser aceito universaliuente entre os sábios, eomq esere- Deixo a decidir se deve honrá-la com o nome apatia ou n i-
veram o S filósofos mencionados no Auto da História da Am; rica. Iccê-ln com o dc estupidez. Fila nasce sem dúvida do pequeno
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•a número de idéias que não se extende além de suas necessidades. as suas observações e reflexões tão pouco acima dos objetos, que
Se empanturram até mesmo com voracidade quando têm de satis ferem os seus sentidos, apenas capazes de idéias abstratas, e não
-â fazê-la, são sóbrios quando não há necessidade e dispensam tudo têm palavras pata exprimi-las. A doutrina sublime e puramente
se nada desejarem. Pusilânimes e poltrões quando não se deixam espiritual do cristianismo deve ser incompreensível a semelhantes
levar pela libertinagem; indiferentes a todos os motivos de glória, espíritos tão pouco exercitados. As cerimônias numerosas e bri
■já honra e reconhecimento; unicamente ocupados com ji presente sem lhantes rio culto romano, agradam-lhes tão somente como um es
inquietação alguma pelo futuro — (Relation abrcqce de im voyacT petáculo. porém logo que começa a explicação dos artigos de ié,
V . págs’.~52 é 53)7" .... " " ' ................... ........... relativos ao culto exterior, eles simplesmente ouvem com paciência
Sobre a religião (diz o jpadre _Ribas), durante os muitos anos mas percebem tão pouco o que ouvem que a esta submissão não
em que residi entre estes povos, prestei a maior atenção possível se pode dar o nome de crença. A sua indiferença vai mais longe
e não sei se devia olhá-los corno idólatras. Posso assegurar, ainda do que a sua incapacidade. Ocupados tão somente com o pre
que em alguns se achem sinais de idolatria, outros não têm o menor sente, refletem tão raras vezes no passado e pensam tão pouco no
conhecimento de Deus nem mesmo de uma falsa divinda.de c não futuro que nem os tocam as promessas da religião e nem os ate
vi* prestam nem o maia formal culto ao Ser Supremo que governa o morizam as suas ameaças. Esta foi a razão porque alguns dos
inundo. Eles não podem formar ideia da providência de um primeiros missionários declararam que semelhante raça de homens
;íí era muito estúpida para compreender os primeiros prihcípios da
Criador de quem devem esperar na outra vida o prêmio das suas
virtudes e o castigo dos seus vícios. Jamais sc reunem em público religião.
para praticarem um só ato dc religião (Ribas. Triuinph. Va. Um concílio celebrado em Lima, declarou que em razão da sua
pág. 16). ' ' incapacidade, deviam ser excluídos do sacramento da Eucaristia.
3 E ainda, Paulo 3 ’> pela sua famosa Bula de 1537, declarou-os cria
Para os que são religiosos (completa Pisou falando’dos índios turas racionais e com direito a todos os privilégios do cristianismo.
do Brasil, ô trovão, frequente neste país, e que se lhes apresenta A dois séculos cies tem sido membros da Igreja e os seus progressos
terrível, é tão digno de cultos religiosos que a ele sc referem com foram tão poucos que reduzido número de índios se acha com in
o nome de Tupana ou seja Deus, em sua língua (D e Med. BraziL teligência bastante para ser olhado como digno de participar da
* pág. 8) . Eucaristia. Por este motivo, quando Felipe estabeleceu a inqui
A respeito daqueles que possuem religião, cu já escrevi o bas sição na Américo em 1570, os Índios foram declarados isentos da
> tante em outra parte. Veja a Participação Geral do Rio Negro, jurisdição deste tribunal e ficaram submetidos à inspeção 'de seus
Tit. 16, Art. Superstição dos Gentios. diocesanos (Hist. de lAAmerique, T o m .).
Para os progressos do cristianismo (diz Roberlson dos índios Adverte-se, contudo, que as reflexões acima taxando os ame
espanhóis) ainda que sejam muitos os obstáculos, nem todos são ricanos de estúpidos e indolentes,, em suma, jnenos gente.gue_jiós,..
iguaimente insuperáveis. É verdade que os primeiros missionários, # V - conforme definido pelo jesuíta Vieira) é uma análise ao pé da letra.
inflamados do zelo imprudente -m fazer prosélitos, admitiram ao Por outra perspectiva, é de "se "reconhecer que estão em outro es-
grêmio da igreja cristã, muitas nações de gentios, antes mesmo tado de sociedade, em outra ordem de coisas, em outro país e com
delas estarem catequizadas na religião que se lhes propunha, mas ^ C’L>V' diferentes necessidades, pelas quais perdem grande parte de toda
também antes dos missionários possuiram a língua do país para a sua energia. Como os seus requisitos; naturais são poucos, tam
através dela explicarem os mistérios da fé e os preceitos da moral. * bém os seus esforços espirituais c corporais estão na niêsina pro
L foi assim que se viu durante o furor das conversões, um só sa * v ( »V j *^ porção. O que mais inquieta e tira cia inação os poy.Q5 ..cjvi!izado..
cerdote batizar cm um dia até 5 . 0 0 0 mexicanos e poucos a n o s 'f A / ! ./“ s são as necessidades adquiridas, porém estes, (cliz V çnétjasdos Ça-
AC >5- 7 ° v-
depois da redução do México, já se havia batizado acima de quatro lifórniox) não conhecem honra, nem reputação, títulos, postos, nem
milhões de almas. Disto ivmi
mente admitidos, conservando
ou que os proselitos inconveniente-
empre toda a sua veneração às ,m «
^ O' ,
distinção alguma de superioridade. De maneira que a .ambição,
^ I>S> - \V ^ esta poderosa mola das ações humanas que causa tantos bens apa
tigas superstições, fizeram um misto absurdos quais foram irans- rentes neste mundo e tantos males reais, não tem poder algum sobre
miúdos ã posteridade. Porem '■y
uáo é este ainda o obstáculo mais des. Por ai se vê que a sua indolência e toda a sua felicidade
insuperável. A inteligência d i.s índios ê tão limitada, cies levam consiste cm não trabalhar.
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— 90 — — 91 —
Quando a fome os persegue, e não há com que satisfazê-la, o peixe e as hortaliças, salgadas; de outro modo não se conservam,
qualquer raiz. qualquer animal lhes serve dc alimento. Daí a falta sendo esta forma a de menor despesa. Bebem vinho c fumam
de previsão para o futuro. tabaco. Em outros tempos os asiáticos diziam que os portugueses
eram gentes comedoras dc pedras, bebiam sangue e respiravam
Ao lavrador, entre nós, que tem o seu celeiro cheio, pouco lhe
fogo. Os tapuias, quanto ao pão de viagem ou de duração, torram
importa saber se o inverno será rigoroso ou não. Com maior razão
o tapuia não pensa cm futuros desta classe, porque não necessita grandes beijus que duram muitos dias, o mesmo fazendo com as
farinhas, se é que as usam. O pão dos índios espanhóis fica tão
de celeiro. À mandioca é retirada da terra que lhe serve dc celeiro
duro que só molhado sc pode mastigar. Às farinhas entre os
e irnedialamcntc preparada por ele. Isto quando os gêneros de
gentios não são ordinariamente provenientes da preparação da
suas lavouras não passam dc mandioca, milho, macaxeira, bata
mandioca. Quase todos eles, uma vez desmanchadas as roças que
tas, ctc.
estão maduras, se servem da mandioca para a extração do amido
X* As árvores por todo o ano dão frutos — acabam umas c prin ou da tapioca c, dela amassam grandes pães que são cobertos de
cipiam outras, por conseguinte não é preciso plantá-las ou cultivá- folhas, preservando-os de impurezas; depois de secos ao sol, os
\X > las mesmo porque não o sabem. Sc lhes faltam os frutos, não lhes enterram cm covas proporcionais ao seu número e volume e lhes
falta a caça no mato nem o peixe nos rios e lagos. Para surpreen fazem fogo por cima. Daí resultam grandes pães de tapioca bem
4- v d V derem a caça, a naturc2a_ dotou-os de ardis e estratagemas, os mais preservados da humidade e aptos a serem manipulados diferente
^ V - apropriádos"~pãra suprirem a imperfeição dc_ suas armas. mente à vontade de seu dono — ou em beijus para se Cv>mer ou
v em tacacás (que são caldos de farinhas) para se beber. Esta é
Qj É notável a propriedade com que arremedam as cutias, os
a prática dos Pacés e de outras nações de gentios que habitam
porcos, os veados e outros quadrúpedes assim como os papagaios, os confluentes do Japurá c mais rios que desaguam no Amazonas
cujtibis, inambus, mutuns, inacucos e outras aves; servindo estes
0> arremedos para atraí-las e as porem nas pontas de suas flexas.
e Soíiinões. O beiju ou massa da mandioca ou simplesmente massa
de amido, é o alimento mais freqüente. Os Tucunas da parte
y Valem-se do mesmo estratagema para surpreenderem os caçadores , superior do Solimõcs, usam o milho depois de colhidas as espigas,
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nVy arremedando as aves que eles mais procuram, até as colocarem ao
jÕ* alcance cie suas armas.
, as conservam na fumaça de tal forma arrumadas que não sobra
1 espiga por defumar.
^XXy Vo Como o peixe é infinito.nos.rios Amazonas, Solimõcs e outros, Como eles não têm sal marinho, este é substituído pelo sal
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y
* nem a arte de pescar lhes é precisa; basta remexer a água com o fuliginoso que lhes submirîîstra a fumaça de um fogo lento ao qual
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timbó, cururu-timbo, o astacu e outras plantas venenosas. Basta defumam o peixe e a caça, estendendo-os em u;ma grelha de
armar uma ligeira tapagem na boca de qualquer riacho. E como paus . A isto se chama moquear. Se dermos a um tapuia um pouco
v9 pescar desta maneira requer menos atividade que o caçar, todos de sal, de que todos são extremamente ávidos, ver-se-á que faz
os que habitam as margens dos rios são mais pescadores do que dele o mesmo uso que nós do açúcar. Ele vai dissolvendo-o com
X -y caçadores; de fitófagos que são por natureza, vão desde a infância a saliva e dando com a lingua grandes estalidos, o que prova bem
passando a ictiófagos. Por aí vemos que tudo quanto se vê neste o grau cie estímulo que sente. Eles em muitas partes não deixam
artigo referente aos índios, é a existência de uma preguiça extrema de o ter em um dos dois estados: ou no de fóssil, que se desenterra
e ilimitada embora dentro da própria natureza. Contudo, para o do seio de algumas montanhas c terras, ou no de eflorcscêneia na
cotidiano consumo durante as suas emigrações econômicas ou mili superfície dos lagos e lagoas. Um ou outro o recolhem c conservam
tares, eles fazem provisões. inquiro dentro de cabaças ou gomos de tabocas mais grossas e
P a r a que não necessi tem ca ç a r ou pes ca r em dias festivos, os dependuram ao fumeiro para os preservarem da umidade. A {
para pr e vcni i - s e contra os e st r ag os que ihes f az em nas roças pouca umidade que retiram, é através das cinzas do caruru .le
as i nundações repentinas, as c h u v a s e os cal or es s ucessi vos, as cachoeira, cias palmeiras paxiúbas c marajá c dc outras ervas e ^
p r a g a s de ratos e dc f ormi gas, eles se pr e vi nem p a i a o futuro, áivor-xs. Nota-se que não há um direito exclusivo dc uso por *
ma s de uma forma muito di f erent e da nos s a . O s europeus para aqi.y s que recolhem ou conservam o sal, o mesmo digo do peixe,
as suas l ongas e xcur s õ es marítimas, coz em o pão dua s vezes, da cata, etc. Isto que vou dizer é notável entre os indios quer |
r e c e b e n do o mune do bi scouto ( panis l u o c n t u s ) ; e- eaeia a carne. -sejam gzntios ou domes! içados. bentados a comer, a ninguém
•■íseasima
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— 92 — -
— 93
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chamam ou convidam, também a ninguém excluem. Todos irmã ■.■'-tf--'
- '-M x c . com r diferença que o décimo é màior ou seja mais pronunciado,
mente metem a mão na mesma cuia; onde um bebe, todos bebem, denotando dezena. Luas dezenas destas, formam na sua língua
-ê o pouco chega para muitos e como tudo é para todos, o hóspede c:8 f|~ uma jangaba ou vintena na nossa. Por conseguinte dez dezenas
não tem_o que agradecer. .-pjMfak t ' ou cinco jangabas. fazem uma centena que entre eles se chama
Outro método de conservar o peixe é praticado por eles. papassaba. Dez papassabas ou centenas, produzem um milheiro.
Este mesmo é adotado pelos colonos portugueses estabelecidos em Por meio desta forma contam os alqueires de farinha, de arroz,
distâncias consideráveis dos portos marítimos, todas as vezes que de milho, as arrobas de salsa, de cravo, de cãfé, de cacau, etc. Para
lhes falta o sal nos centros destes sertões ou se o seu uso é muito suprirem as folhinhas e os diários, abrem ao comprimento de uma
:_5i dispendioso, além das suas posses, ou também quando o peixe a tabuleta de madeira, tantos furos quantos são os meses do ano.
conservar é tão miúdo e espinhoso que não vale a pena disper- A cada um destes furos, correspondem pela largura da tabuleta,
ó diçar sal. Eu_já o descrevi em_ outra parte (Participação gerai outros tantos, sucessivos, quantos são os dias de cada mês. O dia
do Rio Negro. Tit. 27 —■ Dietética"'— A rtigo.— Piracuy) onde que corresponde ao domingo é notado com o sinal de cruz. No furo
disse que a todo peixe grande, ou pequeno, inteiro como se pesca ou em que está introduzida uma cravelha, este denota o número e a
se flexa e com as suas escamas e espinhas, o põem a moquear, denominação do dia em que se está. Se a algum deles perguntarmos
estendendo-o e voltando-o repetidas vezes . o ar de um fogo mais por exemplo, a que horas se chegará à boca de tal rio, kuma vez
forte até lhe dissipar toda a umidade interna e externa e ficar o entendida a pergunta, há de se perceber a resposta; o sol servirá
peixe de maneira a se quebrar entre as mãos. Neste estado então de relógio e o dedo indicador de mostrador. Se depois de apontar
o despem da escama e os expurgam das maiores espinhas para - ‘zsáfe* o indicador no nascente, com ele vier subindo até parar em um
o pulverizarem em farinha a qual passam por uma peneira e a •ííSfQi ponto equidistante do oriente e do meio dia, dá a entender pelas
torram ao forno como se faz a de mandioca, para a espalharem. 9 horas; se pnrar em perpendicular entende-se pelo meio dia; se
O método de uso desta farinha de peixe, consiste em cozê-la em descreve o semicírculo inteiro denota 1 dia. Umas poucas voltas
água, reduzindo-a a consistência de um apisto (os índios chamam destas, indicam uns poucos dias. Por aí certifica-se que não
de mungica), bebendo-o adubado ou com o tucupi (ArtigçQ—• rarq,_ apesar de seu fundo de estupidez, algumas espertezas tan to ’
Tucupy) ou com o molho de limão azedo c pimenta dã terra. mais dignas de admiração quanto menos je ra d a s dojensino.
Os brancos adicionam-lhe azeite ou manteiga ou simples gordura
do peixe. Tudo junto com gemas de ovos batidas e cebolas serve O que faria um europeu criado como um destes tapuias,
para preparar uma boa sopa. ignorantes da existência da geometria, geografia, hidrologia, etc.,
se lhe fosse perguntado a respeito de um rio, sua direção, con
A quem não possui_ bens jnóyeis jdesçendentes para deles fluentes, número de aldeias situadas? Posso responder o que fez
herdarem, nem inoeda entesourada que contar, nem tem longos, um gentio quando a ele foram feitãs estas perguntas; tomada uma
cálculos que fazer sejam sobre o tempo ou espaço, certamente, c c d a , a estendeu pela terra de forma a representar as voltas do
para nada serve à 'aritmética'. O s “ fâpuiàs 'servem -sc dela para rio principal, À referida corda, lateralmente, da direita e da esquerda
os seus pequenos cálculos, correspondendo os dedos de suas mãos foram atados outros tantos cordões quantos eram os confluentes
a outros tantos algarismos. Para significarem 20, mostram os dedos a representar, ajustando-os às distâncias que na sua mente tinham
das mãos e dos pés. De 20 para cima, uns mostram repetidas uns dos outros e também de forma a figurar as suas voltas. Final
vezes as pessoas e outros os dedos e outros os cabelos. Aiguns mente, em cada um dos cordões laterais, deu tantos nós mais ou
tomam um grande punhado de areia e a espalham pelo chão. menos aproximados quantos eram as aldeias dos índios e suas
Quantas são as castanhas de caju que eles mostram guardadas, cm distâncias umas das outras. Assim o problema que se lhe propôs
alguma cabaça tantos são os anos que eles querem dizer que têm foi resolvido sem ser preciso levantar qualquer carta. Isto me
de idade, pois o cajueiro só dá fruto uma vez por ano. Os índios sucedeu no iio Branco com um gentio da nação Macuxi que
domesticados e entre estes os de maior posto como os principais casuahnente encontrei na povoação do Carmo. Este indio reparou,
oficiais das povoações c pilotos das canoas de negócio, para darem na palhoça que eu habitava, o que cú estava a riscar. Era um
ou tomarem contas, praticam o seguinte método: nas quinas de pequeno mapa de população que ele supôs ser o rio Branco. Sem
uma régua de madeira que é maior ou menor segundo a progressão me dizer alguma palavra, tomou o meu bastão que eu trazia no
do seu cálculo, abrem com uma faca uma dezena de pequenos cientes canto da palhoça e com a ponta pôs-se a riscar na areia do pavi-
*9
f
#
— 9-1 — 95
e
mento urna encudcação de grandes e pequenos rios. Na foz do suas crenças, seus sacrifícios, bailes e funerais, sempre deixam r
* Arauru, segundo cie, o que para nós é o Tacutu, riscou a fortaleza transparecer a idéia de Deus através de sua revelação. Quanto
de S. Joaquim e tantos quadrados quantas eram as palhoças a a esta última, o homem animal (diz S._Paulo) não percebe «as
coisas que são cie Deus», cias lhes parecem uma estultícia e ele
r
ela anexadas. Aproveitando a ocasião, oferecendo-lhe papel, o. e
convidei a fazer com a pena e tinta o que até o momento tinha não as pode compreender porque as tais coisas pura se discernirem,
feito com bastão. Prontamente se pôs a riscar uma carta onde
as cordilheiras eram .marcadas por sucessivas séries de ângulos
pedem ut. a luz espiritual. Isto, no entanto, não serve de base
para os ímpios (como algumas tribos que carecem da idéia de
r
mais ou menos agudos e as malocas dos gentios por círculos maiores Deus), venham a argumentar a favor dc seu partido. Eles, mesmo f
c menores. Sem adicionar coisa alguma além dos nomes que me se opondo (diz o Padre Jaminp) aos selvagens estúpidos do Novo
Mundo que andam errantes pelos montes, sem lei, nem culto, sem €
dizia, mostrei a carta a sua Excia. o Sr. João Pereira Caldas, ao
Governador da Capitania, ao Dr. Astrônomo José Simocns de j templos e sacrifícios, são uns homens que apenas conservam a f
Carvalho e a muitos outros. figura de homens, de razão obscurecida, embrutecida e sepultada
na matéria. Dc forma alguma devem fazer-nos força contra uma e
A respeito da religião, é verdade que algumas tribos não verdade reconhecida por todos os povos da Terra (Pensamentos.
têm nenhum conhecimento de uni ser supremo c nem praticam lógicqs^Capi. 2 ) . Nós não fazemos juízo das faculdades do f*
culto religioso. Isto naturalmente deve acontecer ao ho.ncm consti corpo humano pelos mudos^ surdos, cegos c nem coxos e que em f»
tuído na infância da sociedade, estando cm semelhante estado as que o façamos dos ditames da linguagem humana por_»ns homens
potências intelectuais tão débeis, que não deixa distinumr-se (IfliJ i
! toscos, estúpidos e idiotas? Que cstravagância! Respondamos pois f
outros animais, Nem a ordem, nem a beleza do universo fazem !
aos filósofos que nos dão imagens inversas de uns doutores tão
a menor impressão aos seus sentidos. Na sua língua não há uma sábios, o mesmo que respondeu um poeta moderno;?. «En_ n bon. f
só expressão que designe a divindade. Vive, porém, jião faz mais i droit, libertins, vous êtez mcpresnbles. Lors que.jdans ces forets,
do que vegetar. Olha, porém não reflete; aprende, mas não vòüs chcrchez vos semblabcs». Pelo que pertence ao cristianismo,
raciocina. Pelo que sc vê, os seus espíritos não se acham exerci confessemos com De Buffon, que as missões têm formado mais f
tados pela filosofia nem iluminados pela revelação. Seria absurdo homens nestas nações bárbaras do que as armas vitoriosas dos
pretender que seja capaz _de_ reconhecer a e x i s t ê n c i a dc ura Ser príncipes que as subjugaram. Assim eu posso testemunhar dos
e
invisível;"qüem não reflete nem discorre. É o m e s m o q u e quisés
semos encontrar neles o mesmo conhecimento quando crianças !
gentios Cureluz, habitantes da margem oriental do rio Apaporis,
confluente do Japurá, segundo o que deles ouvi e o que eu mesmo
f
que quando homens. Contudo não é geral esta ignorância para
todos os americanos, seja na existência dc Deus como na imorta
1 vi.'Ouvi/do tenente-coronel Theodosio Constóndno_de_Chermqnte.
primeiro comissário da quarta partida da diligência da demarcação
r
lidade d'alma.' São pareceres de muitos observadores sobre as de limites, que achando-se na sua aldeia, ambas as partidas: r
idéias que tinham os Nathchez e naturais de Bogotá, os mexicanos
e peruvi inos. Os americanos de Manaus e do rio Negro que já
portuguesa e espanhola, aos 2 de julho de 1782, depois de ambas
terem side bem recebidas e agasalhadas dos referidos gentios.
r
escrevi a respeito (Participação geral do rio Negro. F it, 16 artigo Ele, primeiro comissário português havia representado o p r i n c i p a l
— Superstição), em matéria de religião, acreditavam com uma Catiamani que eles queriam um vigário para os batizar e instruir
espécie dc Manicheismo que haviam dois deuses; um chamado e que por conta deles deixasse o seu sustento como também a
Mavari, autor de todo o bem, e outro por nome Sarauã, autor fatura do negócio preciso para sc inteirar a sua côngrua. Foi o
dc todo mal. Entre as muitas superstições que praticam os gentios mesmo tenente que presenciei, estando eu em Barcellos, capital
Purus. habitantes de um confluente do Solimões de mesmo nome, do Rio Negro, dizer da sua parte ao filho do capitão-general
é célebre a do jejum expiatório ao qual se entregam por preceito João Pereira Caldas, que ali chegou a 3 de fevereiro de 1787.
de religião, sendo tão rigorosa a abstinência conforme a doutrina
religiosa. De tal forma a praticam que não a dispensam mesmo A doçura, o bom exemplo, a caridade e o exercício da virtude
f
se lhes vier alguma enfermidade, de maneira que muitos chenam constanterrscnte praticado pelos missionários tocaram estes..selvagens
a morrer de desfalecimento, preferindo antes a morte para c u m p r i r e m e venceram a sua desconfiança e ferocidade. Dc motu próprio
eles têm vindo muitas vezes pedir que se lhes ensine uma lei que
f
a lei ao que víolá-ln p; a viver ( Memória sobre os gentios, de
•f dc mnho de 1788). Apesar das idéias tão extravagantes das faz ; ’ os homens perfeitos, â qual sc têm sujeitado. Nenhuma e
•
*3 — 96 —
— 97
3
outra coisa faz tanta honra à religião como a de ter civilizado a diversidade das minhas observações; porque o certo é que quanto
estas nações e lançado os fundamentos dc um império sem outras mais nutrido e folgado anda o corpo, .tanto .maTs~ãrd'éntè sc .faz
armas que não a da virtude c(.Tpm._6 p á g . 299) . aquele apetite,
Não ê fácil dc se ver um índio empenhado em ganhar a
C onstituição rnoixtl afeição dc sua amada, seja por diligências assíduas, por caricias
externas e outras dessas demonstrações inventadas pelos amantes
-1 Uma vez começando pela afeição conjugal, o primeiro dc civilizados. Ela.s, por sua parte, não necessitam de tantos serviços
todos os afetos humanos, posso dizer que o melindre e a ternura pessoais, nem têm formada em si a idéia da especialidade de
... rs,'? que a mulher merece de seu marido entre os povos civilizados favor que tais serviços lhe fazem. Se elas demonstram amor pelas
não tem correspondência nos americanos. A tapuia na realidade obras e serviços pessoais que fazem, pela facilidade de condes
não é mulher e sim escrava de seu marido. E a este é dado somente cenderem em tudo quanto diz respeito ao tratamento corporal
, v -jc
s
/\ a atividade de roçar, caçar e pescar. A mulher é que planta daquele a quem se consagram, pelas suas maneiras externas, pela
■s' -J (quando isto se pratica), colhe e transporta o cesto de mandioca correspondência de obséquios, pelos risos de alegria, pelas lágrimas
x-y *? na cabeça para a sua palhoça. Se tem filho, o traz junto a si nas de tristeza, pelos gemidos dc dor, é muito difícil alguém julgar
* y costas ou a um lado do corpo. Ela é quem prepara o beiju ou a o afeto das mulheres. >
farinha, espreme os vinhos para as suas bebidas, vai buscar e O amor dos pais a seus filhos, enquanto são pequenos e
tO conduzir água e em suma faz tudo, passando pelos empregos necessitam dc seus socorros, que eu saiba até agora, não traz
t à {' ■ mais humilhantes. Os serviços pessoais que o tapuia consagra nenhuma dúvida por parte dos observadores. Este amor dura tanto
àquela com quem deseja casar não são os meios parat a conseguir. como o de qualquer outro animal. O filho, chegando à idade de
Depende tão-só comprá-la de seus pais, ou melhor dizendo, dar
UAA y era troca dela o que eles desejam, levando cm conta que entre
poder por si próprio diligenciar o seu sustento, o trato dos pais
fica inteiramente absorvido de obrigação e o filho passa a senhor
çf
V V ’J "
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, os gentios não existem moedas. Uns são monógamos c outros
polígamos. O país é fértil e abundante, dc maneira que não exige
de si e de suas ações. Nunca se ouve o pai aconselhá-lo, louvá-lo
e respo ’ lhe. Em uma mesma palhoça, que se sabe não existir
nenhum cuidado cm relação a uma numerosa família quando assim nenhuma repartição, vivem irmamente, o pai, a mãe, os filhos,
V 1 ^ pedem as suas instituições e costumes. Usam mais dc uma mulher. as filhas e as noras. T udo aquilo que entre os povos civilizados
f1- Porém elas não são gerais, nem para todos nem para os da sua só sc faz com grande recato, em ordem "de respeito e decência,
parentela. Por mais frios que eles sejam, isto não procede da cies, sc ,n alguma malícia, praticam um ao lado do outro.
falta de ciúmes, do apetite do coito ou da liberdade de o terem
quando e como o apetecem (sabe-se que entre eles não há lei A indiferença da relação entre pai e filho enfraquece muito
nem religião que os modere) . Pelo contrário, o que eles tratam aquela união c o amor de família que faz o caráter' permanente
logo dc esconder e recatar em vista de gente estranha são as das famílias civilizadas.
mulheres, raparigas e os filhos, os quais eles zelam e guardam As mães, logo que acabam de parir, lavam a si e a seus
corno as meninas, de seus olhos. Se alguns índios, depois de filhos. As filhas, chegada a idade ele lhes repontar o menstruo,
domesticados, tratam de bagatela a infidelidade conjugal, eles, logo a primeira vez que são assistidas, a cerimônia dc sua puri
subornados por dádivas ou importunações, entregam as mulheres, ficação é precedida de um baile lustral. A filha é retirada a um
Mas logo ao primeiro acesso de algum crápula, exprimem o seu tenda! levantado alguns pés acima do pavimento da palhoça e
ressentimento e dão a entender bem daramente o ardor de vingança ali os seus pais a conservam pelo tempo que lhe dura o menstruo,
que neles domina. © que se diz em prova de sua debilidade é que fazendo-lhe fumo por baixo e alimentando-a com caldos de farinha
a veemência do apetite do coito é bem menor que entre os europeus de mandioca. Isto ainda é hoje praticado ocultamente em algumas
mais morigerados. Eu não confirmo nos que tenho visto. É verdade das nossas povoações, onde índias, muito antes de serem assistidas,
que todos habitam as margens dos rios, onde r céu é benigno, o são tidas como pros‘itutas por efeito da corrupção dos costumes.
terreno fértil c a subsistência abundante. E, por conseguinte, as Da idade de nove anos para cima principiam a prostituir-se. pri
paixões que excitam as necessidades, como a lome, a peste c a meiramente com os chamados capitariz, índios rapazes cie doze a
guerra, não enfraquecem ou distraem a cio amor. 'i alvez aí esteja dezessete anes; depois, com os homens de todas as idades c
100 —
não sc ouve um índio gemei dc dor, sendo capuz de sofrer a .suiA.iantivo Itá (pedra) dava-o o primeiro lugar e o outro substan
amputação de um braço e de uma perna sem dar o menor suspiio. tivo Coara (buraco) o segundo lugar. Proferindo em seu idioma,
resulta o termo Itá-Coara.
Não c que lhes faltem acenos ou vozes para manifestarem seus
gostos c dores, mas é que eles, fora do tumulto das paixões, nao O seu alfabeto carecia das letras I, L, S, Z e nem usava
são homens que desperdicem palavras. Acostumados a pensar o rr dobrado ou áspero. Às letras A com til (ã) davam energia
pouco, também falam pouco. Dai ser o aspecto de uni tapuia a algumas palavras: Xoco-ã — eu já vou: amano-ã — já morreu,
o dc um homem sério e melancólico. O seu falar é tao lento como aari-ã ■
— isso não. A letra E tinha a força de obrigar o verbo
são lentas as suas cogitações. Não se vê neles uma demasiada a significar o que se fazia, independente de coisa ou de pessoa’
atenção ao que se lhe diz. Com aquela mesma taciturmdac c com aço-c (eu mesmo vou ou vou por mim, sem me levarem) . I em
y que se deitam, com cia acordam. E sc não há o que fazer, assim princípio era relativo: I tayucá, nós matamos; no fim do nome
perseveram dias inteiros. Ora, quem não está acostuma o a era diminutivo — comanda, fava e comãnda-i, favinha; taguara,
comunicar com franqueza os seus sentimentos é por natureza cão c taguara-i, cãozinho, A mesma letra I, com til (í) junto
desconfiado, a ninguém abre o seu coração, a ninguém sc c uCU ao verbo torna a sua ação por acaso ou sem força — ainconhanguí
e carãicr é o de reserva em todas as suas deliberações. ern o / aço de minha propriedade o meu motu; accpiacl, vejo como se
1 mostra a experiência; para a execução dc seus planos, por exemplo, não visse. O jota servia, como na língua latin a,'o ra de vogai
para uma fuga, para um motim, nada é capaz dc abalar aque a ora de consoante. As línguas antigas usavam-no com dois pontos
I inimitável constância que guarda entre eles a insidiosa maxima de nas duas extremidades para se pronunciar com um som médio
um impenetrável segredo e de uma refinada dissimulação. An< aii o entre L e i .
j ou trabalhando, se não são índios criados entre os brancos, nao
A letra U cra sempre vogal. As línguas se serviam do K
lhes ouvimos o cantar netn o gemer. todas as vezes que pretendiam tornar a escritura com propriedade
na pronuncia de algumas dicções como a do verbo Aker, dormir;
Canta o caminhante Ledo onde não tinha lugar para a pronúncia da segunda sílaba, o C
No caminho trabalhoso áspero nem o Q .
Por entre o espesso arvoredo;
E de noite, o temeroso As letras I, C e T , serviam de relativos, correspondentes
Cantando refreia o medo. ao qui, quo, quoc dos latinos.
Canta o preso docemente. Sc alguém se interessar a respeito da ortografia, ortologia
Os ursos grilhões tocando; desta língua, como também pela sua etmologia, prosódia e sintaxe,
Canta o segador contente; poderá consultar as obras apontadas abaixo.
E o trabalhador, cantando
O trabalho menos sente. (Camões Pihytm. pnrt. 2'.) Os missionários jesuítas, encarregados das missões dos índios,
a estudaram profundamente desde o principio, para mais facilmente
Porém isso entre os tapuias de forma alguma sc verifica N as lhes introduzirem e arraigarem as máximas da religião cristã.
suas línguas, tanto para prosa como para verso, não deixa dc haver Porém pouco depois a língua foi se deixando penetrar pela dos
energia suficiente e propriedade. Tendo sido a extinta nnçao europeus que pela sua excessiva familiarização, tornou-se indis
tupinambá a mais dominante por estas partes, também a sua língua pensável, destinando a língua nativa à extinção.
foi a mais geral. A limitada esfera de suas idéias era harmônica, .......A parte da referida língua impressa cm Coimbra em 1695 por
vasta c enérgica. Pobre dc termos que significassem ideias José de_Anchie(ã, por ser o primeiro parto deste gênero, saiu
abstratas. Era° muito semelhante à grega pela composíção de seus muito diminuta e confusa, porém dela sc extraiu, juntando á
vocábulos. Estes eram apropriados à natureza e ao caraler das observações de'M arcgrav, um dicionário dc termos mais usuais.
coisas. Em alguns casos assemelhavam-sc à Jíngua inglesa in.s
posições dos nomes — sempre que concorriam dois substantivo:., O opúsculo que em 16KS saiu pela primeira vez, foi o que
o que cra posto em primeiro lugar ficava sendo o genitivo co em 1686 surgiu pela segunda vez sob o título de Cathecisrno-
segundo. Desta forma para eles dizerem buraco de pedra, o Brasil da doutrina cristã, com o cerimonial dos sacramentos v
o
9S — 99
c o n d iç õ e s . A s p ro s titu ta s n ã o d e ix a m de tra z e r a lg u m a s v a n ta g e n s imagem.çlos ,primeiros tempos. Elas são tão simples (diz o abade
a s e u s p a i s , p< r d u a s r a z õ e s : 1") e m v i s t a d a p o b r e z a c m q u e t!c quC| P°r raaior que seja. basta um dia para a
viv em , n u n c a d e ix a m d e s e r lu c ra tiv o s os s e u s d isfa rc e s: os b ra n c o s
■o \ ^ j
constrmr, Todas as referidas aldeias (continua Barrère) que
a s u s te n t a m c v e stem ta n to a e las c o m o a o s s e u s p a re n te s ; o s
ín d io s lhes fazem a s ro ç a s c co m isso lh es p a g a m . 2 ') p o rq u e
a s p r o s t i t u t a s n ã o p e r d e m c a s a m e n t o , v i.s ío q u e n o s o l h o s d e u m
?\y
' I
ordinariamente estuo edificadas em algum alto ou na margem de
«ilgum lio, confundidas umas com as outras, e sem ordem, tornmm
uma perspectiva das mais tristes e desagradáveis. Alt nada se
í n d io a h o r r n d e s t e g ê n e r o é c o is a b e tn i n s ig n if ic a n te , d o n d e sc y vê senao o horrível c selvagem. Mesmo o silêncio que reina c
s e g u e q u e c e d o p r i n c i p i a m c e e d o a c a b a m . U m a í n d i a do.s___17_ que só dc quando cm quando c interrompido pelo som jdesagra-
a t é a o s 2 0 a n o s , fica tã o e s t r a g a d a n a s f o r ç a s , n o a s p e c t o , e c o m .dávcTde alguma ;rve ou animal, é capaz de inspirar apenas o terror*.
n a p a r ê n c ia tã o m o rtific a d a c o m o unia m u lh e r de 30 a n o s na Na constituição política das nações, cada maloca c governada
E u r o p a . O p o u c o v i g o r n a t i v o d e s u a c o n s t i t u i ç ã o fisien, e n f r a peio seu membro principal. Não há um sò que governe a todos,
q u e c id o e e s g o ta d o p o r d ife re n te s c a u s a s : d e s ig n a ç ã o de su b sta n c ia s, ou uma parte escolhida para esse fim, ou todos eles representados
d e b ilid a d e d e a lim en to s, freq u ê n c ia d c deb o ch es, tra b a lh o d o m e s : por alguns, como as diferentes formas de governos que vemos
tic o e r u r a l , e s f o r ç o s d o s p a r t o s e a c r ia ç ã o d o s filh o s: com to d o s t v>° na Europa. E,videntemente se vê que a sua união política, ainda
e s t e s o b s t á c u l o s , a s u a íe«. u n d i d a d e e n t r a £ i n j o g o ; e s ã o p o u c a s , a s para os casos de interesse comum, é muito incerta e precária.
- ó V f' ! • “ ... .nte a paz é que duram mais os efeitos desta independência
indias q u e parem numa' idadc_3e_3Õ..an0s.para c i m a .
^ l / j' • . y 1* k natural. Como cies não têm magistrados, cada um faz justiça a si
'■ ^ ^ -s mesmo, tendo cada um o direito de vingança nos>casos de crimes;
C onstituiçã o política 4 o filho vinga a morte do pai, o marido a da mulher, o amigo a
J
•v J ’x í4 do outro amigo. Bem poucas ou nenhuma idéia têm do que seja
P ela p a la v ra 'n a ç õ e s ! d e ín d io s de form a a lg u m a sc deve rkft
4 subordinação civil. O mais que fazem nas ocasiões de calamidade
e n t e n d e r o m e s m o q u e n a E u r o p a . O e u r o p e u , q u e !ê o u o u v e & c perigo comum é consultar a experiência dos mais velhos.
d iz e r q u e ta l o u tal rio ê h a b i t a d o p o r t a n t a s o u t a n t a s n a ç õ e s , yfc.
e n g a n a r-s c -á a o p e n s a r q u e a lg u m a s d e la s é p o r exem plo (o qu e Quando sc trata de uma guerra ofensiva ou defensiva então
cu n ã o d ig o ) c o m o a a lem ã, a fran cesa, a p o rtu g u e s a , e tc . N ã o todos eles reconhecem que são membros de um só corpo, o qual
c nem se q u e r a q u ela p a rte dc h a b ita n te s que cabem na m enor
( / íyl ^ necessita de uma sô cabeça. Dá-se lugar de chefe ao que mais
p ro v ín cia de q u a lq u e r d estes re in o s.
s * ". j ^ valor tem c de mais experiência for, Este não obriga ninguém,
uma vez declarada a guerra, a servir nela quem quer que seja
C h a m a m d e n a ç õ e s d e ín d io s u m a so c ied a d e tao p e q u e n a j
e in sig n ific an te em n ú m e ro d e in d iv íd u o s q u e ã s vezes n a o u ltra - jjC ^ mas sim para dirigir tios que querem alistar-se como soldados.
d/' jPara ocuparem os postos dc oficiais é preciso cm primeiro lugar
passam m a i s d ê 3 0 0 , 4 0 0 o 6 0 0 a l m a s , tv p a r a s e a d m i r a r q u e
( v^ Oi yque o pretendente tenha dado repetidas provas de uma extraordi-
a ’g u m n s tão p e q u e n a s co rp o ra ç õ es ocu p em às vezes espaços
y iC naiia firmeza d alma ou ter antes sofrido sem limites. Os sucessos
m aio res tju ç p .s ..m a io re s re in o s d a . E u r o p a . A ssim , lhes é p te c iso
da guerra são os que fazem perpetuar as honras desta patente.
re p artir a s fam ílias cm p e q u e n a s trib o s p a r a p o d e re m su b sistir,
O noviciado d-a posto de chefe ou de capitão consiste em uma
segundo o seu m o d o dc v iv e r. A s g r a n d e s c o rp o ra ç õ e s n a o p o d e m -
/0 rigorosa repetição dc atos, nao de valor mas de paciência. (3 menor
a c h a r a su b sistê n c ia p re cisa , p o r q u e n a o tr a ta m da la v o iu a ,
sinal dc falta dela é o quanto basta para o inabilitar. Se ele passa
c o m é r c i o e d e c r i a ç õ e s d c g a d o . M e s m o d i v i d i d a s , nao . s u b s i s t e m
muitos dias sem comer, nem beber c guardar o jejum que se lhe
hem s e não estão s i t u a d a s e m d i s t â n c i a s p r o p o r c i o n a d a s à a b u n t l a a - impõem por ordem para prova do seu sofrimento; sc por muitas
c i a o u c a r e s t i a que há nos n o s o u t e r r i t ó r i o s d a s u a n a b i t a ç a O
horas que o estão flagelando, não produz um só gemido: sc na
D e s t a f o r m a , d o luga uns aos outros [tara cada tribo desfrutar sua maca onde o deitam e o cobrem dc formigas, as mais vorazes,
uma porção de tenvm , proporcionais ao seu numero e as mias se deixa miar tranqiiilo, sem emoção nem dc espirito nem de
necessidades. E cada ma delas, se não for errante e de curso, corpo: se ao fumo de algumas ervas de mau cheiro cie nem se
estabelece uma o u anus ddeias. sufoca nem voha a cara, então se julga digno do posto. Ilã queia
«Mas -Q que são estas aldeias? As casas de que se compõem diga que a sua sensibilidade a dores é menordo que a nossa., peia
jdiz.Álr. Barrete) têm um ar de extrema pobreza c unia perfeita contextura de sua pele e de sua constituição física. O certo é que
UB
H t t t t t l t t t t t t T l l l f 1 1 11 t t t V l K t « t
—- 103 —
que não era mais do que "a racsma continuação daquela cadeia Há alguma autoridade pata se fazer subir a sua origem à
de ilhas que cies tinham visto em tempo muito enevoado c raras fonte. Eu já a indiquei (O A. tem dito em outra parte — qué
eram as veres em que se podia observar o sol e as estrelas. muitos fatos decisivos estabelecem uma consangüinidade entre os
Observa-se, contudo, que sobre as posições dos lugares que uns esquimós e os groenlandescs. Tom . 2, pág. 4 7 ). Porém entre
e outros visitaram, não há exatidão. Este país onde Berring tocou todos os outros po/os da América, está saltando aos olhos, uma
estava situado a 5 8 ^ e 2 8 ' de latitude e a 2 3 6 '? d c longitude à semelhança tão viva, tanto na constituição fisica como nas quali
ilha do Ferro. E onde o tocou Ticirkoss, estava a 56'-’ de latitude dades morais que, não obstante diferenças produzidas pele
e a 2 4 1 c de longitude. Donde se segue que o primeiro chegou a influencia cio clima como pela desigualdade de seus progressos na
6" do porto de Petropasvlosvska onde se fez a veia, e o segundo civilização, que somos obrigados a olhá-los como ramos dc um
a 6 5 ° . Todavia, pela carta de Krenitzin, parece que não avançou mesmo tronco.
mais de 200‘-’ a L. e tão-somente a 32- de Petropasvloska.
Podc-se-Íhcs achar alguma variedade no colorido, porém cm
Ultimamente, através de algumas relações circunstanciadas todos eles se acha a mesma cor primitiva. Cada tribo tem algum
feitas pelos missionários Luthcranus.„.c„ Moravos que ali haviam caráter particular que a distingue das outras, mas em todas elas
passado, a respeito daquele pais e seus habitantes, viemos a saber se reconhecem certas feições, comuns a toda sua raça. .Uma„coisa
que a costa ao N .O . da Groenlândia estava separada da América digna de reparo é que em todas as particularidades, físicas ou
por um pequeno estreito que, no fundo de uma baía onde ele morais que caracterizam os Americanos, acha-se mais semelhança
acaba, era provável que se unissem os dois continentes, os habi com as das tribos bárbaras espalhadas pélq N ,E . da.ÁsiaTdõ^que
tantes de ambos se correspondiam entre si. Por aí se vê que cs com qualquer outra das nações ^çsfãbfikcid3S_aa_ISL - d a .Europa.
esquimós da América se pareciam perfeitamente com os groen- Pode-se logo chegar à sua primeira origem c concluir que os seus
landeses, tanto na figura como nas roupas e modo de^. viver; que ascendentes asiáticos, havendo se estabelecido naquelas partes da
os marinheiros que sabiam algumas palavras cios groenlandcses, América, onde os russos descobriram a vizinhança dos dois con
contaram que eles tinham sido entendidos pelos esquimós e que tinentes, dali se foram espalhando gradativamente por estas dife
um missionário Moravo, bem versado na língua dos groenlandcses, rentes regiões.
tendo visitado aquele país, havia com muita admiração sua, desco
berto que eles falavam a mesma língua e por ela fora bem recebido Esta idéia se conforma com as tradições dos mexicanos sobre
por todos e agasalhado como irmão (G rantz. H ist. da Groenlândia, a sua própria origem e por mais imperfeitas que fossem, sempre
citada por(Robertson,^ha sua Hist. da America, iom. 2, pág. 46). as haviam conservado com o maior cuidado c mereciam mais crédito
do que as de qualquer outro povo do Novo Mundo. Entre eles
Ou será que pelo N .E . da Asia, a América recebeu os se is passava por certo que os seus ascendentes tinham vindo de um
primeiros povoadores? Qual destas duas hipóteses é a mais provável: outro país remoto e situado ao N .E . do seu império. Eles indi
a que sustenta que pelo N .O . da Europa recebeu os groenlandcses cavam certas paragens onde haviam pousado aqueles estrangeiros,
ou a que supõe que pelo N .É . da Ásia recebeu os tártaros? por ocasião da jornada, que iam sucessivamente fazendo, para os
Veja o parecer ao qual me inclino: sertões das pi jvíncias. E aquela era precisamente a rota que eles
deveriam seguir na suposição de terem vindo da Asia. A descrição
«Ainda que seja possível que a América tenha recebido do que os mexicanos faziam da figura, costumes e do modo de vida
nosso hemisfério os seus primeiros habitantes ou seja pelo N .O . dos seus maiores por aquele tempo, é uma descrição fiel das tribos
aa Europa ou pelo N .E . da Ásia, há boas razões para supormos selvagens dos tártaros, de quem me fez supor, serem os mexicanos
que os ascendentes de todas as nações americanas desde o cabo descendentes.»
de Horn até as extremidades meridionais do Lavrador, vieram
Depois de ter perguntado rjueni povoou a América, indago:
antes da Ásia que da Europa. Os esquimós são os únicos povos .quem a descobriu? Segunda questão bem pouco relativa ao assunto
da America que pela sua figura c caráter têm alguma semelhança tratncfo, põfemT dc minha parte, deixa ver nada menos que uma
com os europeus. Esta é, evidentemente, uma espécie dc homens, assiduidade de trabalho cm ler e combinar tudo quanto posso,
particularmente distinta de todas as demais nações deste continente, não obstante o pouco vagar que tenho para estender um passeio
pela língua, costumes c hábitos. mais largo na esfera das especulações.
— 106 — 107 —
Seria o piloto de quem se lembra Gomcra dizendo ter sido Primeiro: ainda que suposta a autenticidade de um fato escrito
extraviado de uma das costas da Europa c levado a O , por um mais de quatro séculos depois de sucedido — de o príncipe Madoc
vento L. fora dar cm outra costa desconhecida; uo voltar da ter descoberto um país desconhecido, não quer dizer que este fosse
qual ele e três marinhos haviam escapado da morte pelas mãos a América, podia muito bem ser ou a ilha da Madeira ou outra
da fadiga c da necessidade. Sendo recebido e agasalhado o dito qualquer.
piloto em casa de Cristóvão Colombo, seu íntimo amigo, lhe reve
lara, antes dc morrer, o mistério da sua navegação? Assim afirmam Segundo: sustentar que era América sem outro fundamento,
os espanhóis para obscurecer a glória de Colombo. Os historiadores alem da analogia de algumas palavras mericanas e francesas,
mais sinceros, fundados nas razões seguintes, escrevem; primeira é o mesmo que pretender iluminar a vprdade de um ato com provas
— não se determinou ao certo o nome nem do piloto nem do ambíguas e obscuras. Quando por outra parte não nos respondem
navio e muito menos o seu destino. Não se produziu alguma à pergunta que fazemos, porque razão, tendo-se preservado entre
daquelas provas necessárias para constituírem probabilidade. os índios certas palavras francesas até O tempo em que os desco
brimos, não se conservaram igualmente em três séculos de dife
Segunda — estas provas não dão aqueles que pretendem renças alguns indícios da religião cristã?
explicar o oposto, ou seja, onde saiu o navio e para onde se dirigia;
uns dizem que navegava de um dos portos de Andaluzia cm Seriam os noruegueses que depois de descoberta a Islândia
direção às Canárias ou à ilha da M adeira. Outros sugerem a em 874 e de estabelecida na Groenlândia outra colônia em 982,
partida de Biscaia para Inglaterra. Outros que cra navio português dali estenderam para O . as suas excursões marítimas pelas quais
da costa de Guiné, onde traficava. Como estes não concordam descobriram o novo país, melhor que o seu, e ao qual, segundo
entre si, também nenhuma probabdidade conciliam as suas afir escreve Snorro, per algumas vinhas que ali acharam, deram-lhe
mativas. o nome de W ínland? Todavia, a que parte da América aportaram
estes descobridores? O que na relação de semelhante viagem anda
Terceira — não se determinou o ano em que tal descoberta escrito a respeito do comprimento dos dias e das noites na latitude
se fez. Em referência a ela nenhuma palavra foi dita pelos dois de 58" ao N .? Porém ainda ali o país não produz vinhas, etc.
contemporâneos dc Colombo, André Bernardes c Pedro M artyr
e nem depois, por H errera. Q g -lu do o que se tem escrito da história, se divide em:
.eclesiástica, filosófica, ppfitica e~núlltar7 E ntrar em uma enumeração
Seria o Alemão M artinho Behaim a quem Stuven, sem aliás circunstanciada de todos e de cada um de seus autores, seria
produzir prova alguma, chama verdadeiro descobridor do Novo repetir desnecessariamente o que já se fez em parte até o ano
Mundo? Assim dizem os alemães equivocados ou a favor de sua 'd e 1737. Ao espanhol tãAntonio de Leço PinéIo)se deve ■— «o
nação. Isto porque, o geógrafo M artinho de Bohemia que real- epítome da biblioteca oriental e ocidental qüe“ cõntém os escritos
mente existiu no século XV, do qual diz Herrera ter sido português das índias Orientais e Ocidentais» — Eu me limito somente ao
natural das ilhas ou do Fayal ou dos Açores, amigo particular que se refere ao Brasil.
de Colombo, apelidado de Bohemia, não deixou nenhuma certidão
aos alemães, de ter nascido na Alemanha. Além do mais até Ainda que em 1624 tenham sido separadas do governo geral
agora lhe perguntamos pelo ano de sua viagem, pelo porto, onde do Brasil os conquistas do jMíara.E£ãQ. e_ Grão-Parág) com o título
de estado,/eu pelo Brasil entendo aquela plfrte da América, com
se dirigia e pelo roteiro de sua navegação, etc
preendida entreyos_rios: Amazonas e da P rata.j
Seria o príncipe Madoc de quem diz(PpweJ-\jue, desgostoso
das disputas que se sucediam no século X íl entre os filhos de Quanto aos referidos historiadores, sejam eles nacionais ou
Owen Guyncth, rei da parte setentrional das Gallicas. resolveu estrangeiros, não farei mais do que apontar os nomes e as obras
buscar além dos mares uma habitação menos incômoda c com daqueles qué se dedicaram a outro qualquer ramo da história que
efeito o conseguira, navegando a O -, onde descobrira um pais não tenha sido_a natural:
desconhecido e do ovai voltara às Gallicas para adquirir e trans
N A C IO N A IS:
portar novos companheiros — isto se passando em 1170 mas dai
por diante não se ouviu mais falar em ta! príncipe nem desta nova — O jesuíta Joseph de Anchicla — Gramática dn língua
À n ch icta
colônia? Isto é dito por alguns franceses que não refletem . brasílica.
— 109 —
C a lu ã o — Antonio Galvão — Descobrimento do M undo até a Roteiro das viagens desde a cidade do Pará até as últimas
era de 1550. colônias dos domínios portugueses nos rios Amazonas e Negro,
ilustrado com algumas notícias de agricultura de algodão e dois
Cama — Jose Brasilio da Gama, denominado na Arcádia. T e r- mapas: o primeiro relativo à agricultura e rendimento de Macapá
mindo Sepilio — O Uraguai — poema épico. cm cada ano decorrido desde 1773 até 1779 e o segundo sobre a
— Pedro de Magalhacns —-
M a g a lh a c n s T ratad o das co isas, escravatura da dita vila no ano de 1782 — pelo Coronel Gover
do Brasil. nador da capitania do rio Negro, Manoel da Gama Lobo de
Almada.
M arques — O jesuíta Simão Marques — Brasília Pontifícia; seu
Speciales Facultates pontifício, quo Brac{1,~ Episcopis con- Memória dos mais terríveis contágios de bexigas e sarampo
ceduntur et singulis decenniis innovantur. ocorridos neste estado desde o ano de 1720 em diante, poste-
riores às que manifestam os Anais Históricos do Maranhão por j
— N uno M arques Pereira — Compêndio narrativo do-
P e r e ir a Bernardo Pereira de Berredo, nos anos de 1621 (§ 487) e de
^Peregrino da América. 1663 (§ 11) — pelo Tenente-Coronel T heodorico Constantino /
P ita — Sebastião da Rocha Pita — História da América Por- de Cherrnont. ~ '"* —
tuguesa, até a era de 1724. Este mesmo Tenente-Coronel Theodorico, relata a introdu-
R a p h a e l — O monge beneditino F r. Raphael de Jesus — Cas-
ção do arroz no estado do Grão-Pará, com a história dã~origem
triôto Lusitano. e~dõs progressos que fizeram as máquinas de descascar e bran
quear: fala sobre as madeiras que podem servir para aduelas, exa-
S a n ta T h e r e s a — O carmelita descalço Frei João Jose de S . T he minadas por ordem do governador e Capitão-General João Pereira í
resa que escreveu em italiano — lstoria delle Guerre der Caldas; cita a respeito de uma porção de cabos formados dc casca \
Regno del Brasile. do Guambecima e ainda relata a respeito do uso que faz dos [
S ilv e ir a — O cap. am . Simão Estaço da Silveira — Relação caniços, para os tubos de espoletas. .—I
Sumária das coisas do M aranhão. Extrato dd Diário dei viaggio al Fiume Marié in septmb
V a s c o n c e llo s — O jesuita Simão de Vasconcellos ■— História do
d'1775, per él Decimento promesso, escriturato dalli* due Princi
Brasil. pal! Manacaçary, e Adnana suo fratelio — per Antonio Giuseppe
Landi, Acadêmico Clementino, e Publicc Professore de Architec-
V i e ira — O jesuita Antônio Vieira —• História do Brasil — por tura g Prospectiva nell Instituto delle Scienze di Bologna, Ar-
ele mesmo citada na vida do padre Jose de Anchieta, que chitteto Pensionario de S- Máestá Fidelíssima e uno di quelli
também recomendo a leitura. seguinte sucessi — Adirnstanza dei Dotore Alexandro Piz.
— 110 — — 111
Brasilia Médica de Antono José de Araújo Braga, cirur mória sobre o ano dc 1786 ■— por Antônio Villela do Amaral,
gião da Gente de Guerra empregada na Diligência da Demar morador da Vila de Barcellos.
cação para servir dc resposta à carta que lhe dirigiu o doutor
naturalista A .R .F . cm data de 20 de fevereiro de 1789. Anais do descobrimento das minas de M ato Grosso e da
fundação da Vila Bella da Santíssima Trindade que contêm os
Observações sobre a agricultura da Maniba, dos grãos e fatos anuais e memoráveis desde o ano de 1734 até 1772. A
das frutas de árvores, cultivadas pelos lavradores da capitania partir deste ano os anais continuara até 1789.
de S. J osé do rio Negro, conforme as recomendou o doutor
naturalista A . R . F . em carta de 15 de setembro, que podem Relação noticiosa e exata do que se tem passado nestas
interessar a curiosidade dos navegantes e dar mais claro conhe- fronteiras dc M ato Grosso e Santa Cruz de la Sierra, desde o
\ cimento das duas capitanias: do Pará e de S. José do rio Negro ano de 1759 até o princípio do ano de 1764 — pelo Tenente-
-Coroncl Antônio Filipe da Cunha Pontes.
^ — por seu autor o padre José M onteiro de Noronha.
Diário da viagem que, em visita e correição das povoações Memórias Cronológicas da capitania de M ato Grosso prin
da capitania de S. José do rio Negro, fez o ouvidor e inten cipalmente da Provedoria da Fazenda Real, intendente do ouro
dente geral da mesma, Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, nos Phelippe José Nogueira Coelho.
anos de 1774 e 75. Foi informado de algumas notícias geográ Relação cronológica dos estabelecimentos, fatos e sucessos
ficas da mesma capitania, e outras, concernentes à história civil, mais notáveis que aconteceram nas minas do Cuiabá, desde o
política e natural. seu estabelecimento, escrita pelo advogado José Barboza de Sá
Coleção das ordens expedidas pelo Capitão-General João P e e corrigida e ampliada pelo cap. Joaquim da Costa de Cerqueira
reira Caldas no tempo em que governou o estado do G tão-P aiá sendo este obrigado a escrevê-la, no ano de 1786, na conformi
sobre os diferentes objetos relativos aos presentes exames do dade da Real Òrdem de S. M ajestade, de 20 de julho d 1782.
doutor naturalista Alexandre Roiz Ferreira — pelo mesmo go Descrição da capitania de Goiás e todos os sucessos mais
vernador e capitão-general. notáveis da sua época dividida em 13 partes. Sem o nome
JReflexões breves sobre os principais motivos que obstaram do autor.
ao mais desejado progresso cTã~]avoura e comércio ~do~estãdõr3o Divertimento admirável para os historiadores observarem a
.Grão-Pará, desde a .nQyiTIÕnná d,e. -administração -flue principiou Máquina do M undo reconhecido nos sertões da navegação das
. com o 'felicíssimo reinado-do-..senhoE...D, Tosé. p„ l tf em 1750, minas do Cuiabá e M ato Grosso. Dizem que o seu autor é M a
indicados os motivos, pela mesma ordem, e sucessos dos diversos noel de Abreu. Também se diz que a história da capitania de
governos em que experimentaram e sugerindo ao fim, alguns meios Goiás foi escrita por Ignacio Joaquim Taques,
que parecem mais próprios a remediar o atraso — por A . R. Fer-
| je i.r a . Histórias da capitania de Minas Gerais — por Cláudio M a
Notícias de como no estado do Grão-Pará, em observância noel da Costa.
as resoluções reais, se continuou a praticar uma maior introdução N. B . — Deve-se também juntar às obras impressas apon
de escravos aos mais moderados e favoráveis preços, pela Com tadas, o que muitos outros escreveram a respeito do Brasil cm
panhia Geral do Comércio — A . F . Ferreira. outras obras de diferentes títulos e assuntos como por exemplo:
Noticias da redução de paz e de amizade da feroz nação B a r r o s — João de Barros. Na primeira das suas Décadas.
do gentio Mura, nos anos de 1784, 85 e 86 —- Alexandre R. F er C a stro — Damião Antônio de Lemos Faria e Castro — História
reira.
Geral de Portugal e suas conquistas.
Notícias sobre a guerra ordenada contra as nações de índios
F a ria — Manoel Severiín de Faria — Vida do insigne historia
que infestavam a capitania do Piauí quando subordinada ao go
dor João de Barros.
verno geral do Grão-Pará; e sobre os sucessos da mesma guerra
-— A . F . Ferreira. Fonseca — Vida do Padre Mclchior dc Pontes.
Plano do qual saíram todos os anos do porto de Macapá G óes — Damião de Góes — Crônica de E! Rei D. Manoel e do
em média cem mil arrobas de arroz. Acompanhado de uma jnc- P n D C ip C O . ] 0 3 0 .
4
— 112 — — 113
4
M a tiz — Pedro de Mariz — Diálogos de várias histórias e no P a tc ic io — o padre Joan P atrício — H istoria d e lo s M am elu co s
tícias dos nossos reinos e conquistas. p aulistas.
Menezes — O Conde de Eiriceira D. Luiz de Menezes em o R o d r ig u e z — o jesu íta M a n o el R od rigu ez — M aragn on y A m a
Tomo 4.° da História de Portugal restaurado. zo n a s.
-ê O s ó r i o — Jerônimo Osório — De Rebus gestis emmanuelis. S ta d iu s — o ficial alem ã o q ue serviu n a s tropas de P ortu g a l. R e
S Seabra — José de Seabra da Silva — Dedução cronológica de lation de la m anière d ont le s p eu p les d u B résil tran stent les
p risionn iers.
■ *0 tudo quanto fiz em Portugal, a sociedade denominada de
Jesus, desde a sua entrada neste reino em 1540 até a sua T a m a jo — D. T h o m a z Tamajo — Restauradon de la ciudad del
■D& expulsão em 1759. Coleção dos breves pontifícios e leis ré S a lv a d o r y B ah ia de Todos os Santos en la Provincia del
gias que foram expedidas e publicadas desde o ano de 1741 B rasil.
3)0 sobre a liberdade das pessoas, bens e comércio dos índios do M e r c ú r io F r a n c e z — S u ite d e l’H isto ire d e L’A u g u ste R é g e n c e
Brasil. Deve-se ler todos os papéis impressos de diferentes d e l ’R ein e M aria d e M e d id s .
títulos, principalmente os memoriais e cartas instrutivas de
*0 8 de outubro de 1757 e de 10 de fevereiro de 1758 dirigidas Journal d u v o y a g e , fa it par O rd re d u R o y a L ’E q u ateu r —
à santidade de Clemente XIII por Sua Majestade Fidelís E d it , in 4 .ç. P aris, l Z n . . ~
sima para expulsar de seus reinos e domínios, pela força, N . B . — S em elh a n tem en te em m uitas ou tras ob ras im por
os regulares denominados da Companhia de Jesus, etc. ta n tes d e d iferen tes a ssu n to s, escreveram esp an h óis, fra n ce ses e
S o u z a — Manoel de Faria e Souza — História do Reirio dc ita lia n o s a lg u n s artigos q ue tratam da h istória geral d o B rasil e
)
Portugal. q u e s e acham d isp ersos.
-■i S o u z a — Frei Luiz de Souza — História dc S. Domingos; par M . R . R ob ertson , principal d a U n iv ersid a d e d e E d im bu rgo
ticular do reino c conquistas. c H isto r ió g r a fo ~ 3 e S . M aj. d e B ritânica, n o p refá cio à história
•4
q u e escrev eu da A m érica, prom eteu juntar-lhe a d a s co lô n ia s por
T e i x e i r a — O Eremita Augustiniano Frei Domingos Teixeira — tu g u e sa s e ou tros estab elecim en tos eu rop eu s n a s ilh a s d a A m érica.
Vida de Gomes Freire de Andrade.
D a H is tória F iIo só fica ~ \seg u n d o o s d iferen tes ram os em q ue
* 0 E strangeiros : s e d ivid e a filo so fia , a lgu n s au tores sã o n acion ais.
sá0Ê — Cláudio de Abbeville — Histoire de la Mission des
A b b e v ille N a M atemática :
Peres, Capucins em L'Isle de Maragnon et terres circonvoisins.
d&
S iB ^ m S a b e -s e d os im portan tes d escob rim en tos m atem áticos que
A C u n h a — Christovão da Cunha — Relação do Rio das Ama te v e p elo d ed ica d o g o sto , o In fa n te D . H en riq u e (L e ta len t d e
zonas. b ien f a i r e ) . M u ito lh e d everão o s p o rtu g u eses a n te s e d ep o is d e
B a r ... — Historiador de Anvesr, o qual escreveu na língua la su a m orte.
tina a história da Guerra do Brasil, entre os portugueses D esc o b r im en to d a ilh a d e P o rto S a n to em 1418, p o r João
e holandeses e de tudo quanto se passou no governo do G o n ça lv e s Z a r g o e T r istã o V a z T e ix e ira (d ig a -s e d e p a ssa g em
Conde J . Maurício de Nassau, Generalíssimo dos holande q ue p e lo s fra n ceses e ca stelh a n o s s e deu a con q u ista d a s C a
ses no Brasil.
n á r ia s ).
C o e lh o — Duarte de Albuquerque Coelho — Memórias de Artes D a outra ilh a d a M a d eira em 1420, p e lo s m esm os d escob ri
de La Guerra del Brazil. d ores aco m p a n h a d o s d e B artholom eu P er estrê llo (d ig a -s e tam bém ,
*90 q u e o C avalh eiro In g lê s R oberto M achina n ela ch egara prim eiro
L a e th — João de Laeth — Descriptio ultriusque Americae,
*30 q ue o s p o rtu g u eses, p ara desfru tar a com p anh ia d e su a A n n a
O v i ê d o — Gonzal Hernand de Oviêdo — Relatione de la naviga- A iíe t).
*80 tione par la grandíssima fiume Maragnon. D a n a v eg a çã o além d o cab o d o B o y a d o r em 1433, por
jè Pagan — Relation de la Grande Rivière des Amazones. G il A n n e s.
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. Das ilhas de Cabo Verde em 1446 por Diniz Fernandes. para os reconhecimentos das ilhas das costas e do continente do
Sendo que era 1449 mandaram povoar as ilhas dos Açores tendo Brasil quantos foram e têm sido os tratados relativos aos estados
sido a primeira delas descoberta em 1432 por Gonçalo Velho que as coroas nela possuem. Assim encontramos:
Cabral. A escritura com pacto de — Retro vendendo — outorgada
Descobrimento da travessia da Equinocinal em 1471 pelos in em Saragoça a 22 de abril de 1529.
teressados no comércio exclusivo, concedido em Lisboa ao ne O tratado concluído em Tordesilhas, a 7 de junho de 1594.
gociante Fernando Gomes.
Os dois tratados de Lisboa de 13 de fevereiro de 1668 e de
Dos reinos de Benin e de Congo em 1484, quando se alcan 7 de maio de 1681.
çou acima de 500 milhas da outra parte da Equinocial. Os olhos
europeus viram, pela primeira vez, novo céu e novas estrelas. Os dois tratados de Utrecht de 13 de julho de 1713 e de 6
de fevereiro de 1715.
Do Cabo da Boa Esperança em 1486 por Bartholomeu Dias.
O de Madrid, assinado a 13 de janeiro de 1750.
Da navegação do oriente em 1498 por Vasco da Gama. O de Paris, assinado a 10 de fevereiro de 1763.
E por último do Brasil em 1500 por Pedro Alvares Cabral. O de S. Ildefonso a 1 de outubro de 1777.
Todas estns viagens foram feitas pelos portugueses e os ro E por último o do Pardo a 24 de março de 1778.
teiros para a navegação foram acompanhados de carta, as pri
meiras que o s estrangeiros viram e usaram. Quem delas sc serviu El líeis da Espanha, pelo que se deixa ver nos artigos 5.° e
6 ° do Tratado de Paz concluído em Munster com a República dá
com bastante proveito foi Cristóvão Colombo que folheou o diário
e as cartas dadas pelo seu sogro Bartholomeu Perestrêllo, para Holanda, sacrificou todos os domínios católicos da Coroa de
navegação da ilha da Madeira, no seu projeto de descobrimento Portugal nas Índias Orientais e Ocidentais, na Paz de Vestphalia.
da Asiá. Sendo alguns franqueados aos holandeses para que em todos os
sentidos os reconhecessem (o que realmente foi feito).
Pedro Nunes, o nosso insigne matemático, sendo obrigado a
falar no início de seu tratado, em defesa da carta de marcar, diz: A mesma inclinação para a matemática que herdou a Se
reníssima Casa de Bragança juntamente com o Reino, fez com que,
— Não há dúvida (diz ele em uma das suas passagens fre em tempos mais modernos, o Sr. Rei D. João V, mandasse vir
quentemente copiadas pelos estudiosos da História Portuguesa) da Itália os dois jesuítas napolitanos: João Batista Carboni e Do
que as navegações deste reino, de 100 anos, a esta parte têm sido mingos Capaci chegados a Lisboa em 19 de setembro de 1722.
as maiores, mais maravilhosas, de mais altas e mais discretas con Ambos foram empregados para fazerem várias observações as
jeturas, que as de outras gentes do mundo. tronômicas em grande parte do Reino. O segundo foi mandado
Os portugueses ousaram enfrentar o grande mar oceano, de vir ao Brasil em 1729 acompanhado de outro jesuíta português
maneira que fomos os primeiros autores a citar os europeus esta Diogo Soares, para ordenarem as cartas geográficas deste país
belecidos nos seus novos sistemas naturais. Um deles é o famoso e assentarem em seus verdadeiros sítios, os meridianos do Brasil
médico de Ferrara, João Manardo, que nas suas epístolas medicas e dos seus principais portos e cabos, respeitando os já estabelecidos
impressas em Leão de França em L549) pretende mostrar çofltra na Europa e ilhas de Cabo Verde. Uma vez dividido o trabalho
Aristóteles e Averroy_quc as terras abaixo do equinocinal eram entre os dois, o jesuíta Soares não descuidou de sua incumbência:
.habitadas: SIquícfêm lusitanorum m éxtremo occídentefiabTtantium levantar diferentes cartas do rio da Prata, do sítio da Nova Co
hominum, per oceanum Atlanticum, ad Àustrum primo, deinde ad lônia e muitas outras daquele vasto domínio.
orientem navigatio, dare nos docuid, sub oquatorc, diversis in locis. Os portugueses empregados por ordem de Sua Majestade
inquibus, nec mare ncc aliares impedit, varias gentes habitare- para a execução do referido tratado preliminar de limites de 13 de
De todos os nossos descobrimentos, quantas foram as viagens janeiro de 1750, com o exercício de engenheiros em todas as 4
tantos foram os roteiros e as cartas portuguesas que se levantaram. repartições: Rio de Janeiro, S. Paulo, Mato Grosso e Pará, foram
As demarcações de limites, na América meridional, entre as os seguintes: c o m a p a t e n t e d e S a r g e n t o - M o r — José Custódio
duas coroas Portugal e Espanha, abriram outras tantas portas de Sá e Faria c Sebastião José da Silva: c o m a d e C a p i t ã o ■ —
116
Francisco Xavier Paes de Menezes e Bragança c Gregório Re- neral das armas de Pernambuco; a mesma cidade em 1643 pelo
bello Guerreiro Camacho; com a de A ju d a n t e — Guilherme Joa reforço de um navio, duas barcas e cinco lanchas também expe
quim Paes de Menezes c Bragança; A v e n tu r e ir o — João da Silva didas de Pernambuco por ordem do comandante Andrezon; além
Paes de Menezes. destes, muitos outros porto3 que foram omitidos para não alongar
muito.
Em consequência de outro tratado de limites de l.° de ou
tubro de 1777, foram c estão atualmente empregados nas mesmas Os mesmos reconhecimentos foram feitos em todas as vezes
repartições com o exercício de Astrônomos: Dr. José Simoens que foram invadidos pelos franceses. De Lery que acompanhou
de Carvalho, D r. Antônio Pires da Silva Pontes, Dr. Francisco o M r. de Villegagnon na sua expedição ao Brasil em 1556 e
José de Lacerda e Almeida, D r. José Joaquim Victorio da aqui residiu bastante tempo, escreveu a sua «História Navigacio-
Costa, Bacharel José de Saldanha Rebêllo, Bacharel Francisco nis in Brasiliam».
de Oliveira Barboza, Capitão de Bombeiros Joaquim Felis da A maior parte das costas do Brasil, antes e depois do ano
Fonseca Manso, Capitão-de-Auxiliares Francisco Sanches de de 1594, foi reconhecida por M r. de Villegagnon o qual na ex
Horta; e n g e n h e ir o s : com a p a te n te d e T e n e n te - C o r o n e l — Fran
cisco João Rócco e Thcdoro Constgntino de Chermont; com a pedição daquele ano aqui deixou M r. Des Vaux pare as^gxplerar.
A ilha de Maranhão em 1510 por Mr- Danid de la T ouche,
p a te n te d e S a r g e n t o - M o r — Eusébio de Ribeiros e Henrique João
Senhor de la Ravardière. A mesma ilha em 1612 pelo mesmo
Wiikeinsj. c o m a d e C a p itã o — Pedro Alexandrino de Souza
Pinto, Ricardo Franço de Almeida Serra, Joaquim José Ferreira, Dé" la Rãvardière acompanhado de Francisco de Racily, o Barão
João da Costa Ferreira e Alexandre Portella, etc. de Sancy e os Senhores de Pizieu e de Pratz. A Fortaleza do
Cabo Norte, da Invocação de Santo Antônio do Macapá em
) O s estrangeiros que fizeram observações astronômicas exatas 1637 pelos 40 franceses que a guarneceram por ordem do Marquês
force: cucos. Porém os que levantaram cartas das costas, en de Terrol, governador de Caiena.
seadas, cabós e portos do Brasil, são tantos quantos os náuticos Em tempos não muito distantes, chegou às costa do Rio dc
e oficiais hábeis da m arinha inglesa, francesa, espanhola e ho Janeiro a esquadra de 1710 comandada por M r. du Clerc que
) landesa que as navegaram , seja de passagem ou por invasão. De fundeou na Ilha Grande passando depois à cidade de S. Sebas
todas elas se tem marcado os rumos, examinado as barras e son tião. Em 15 de setembro do referido ano foi ocupada a Ilha das
dado os canais, principalmente depois que o invadiram por várias Cobras e depois a referida cidade pelas 18 naus comandadas por
j j » vezes, as armadas holandesas e francesas. Sabe-se que entre as Dugai Trovin, fazendo os franceses observações e reconhecimen
muitas costas e portos acometidos pelas armada dos Estados Gerais, tos! Por ultimo, em fevereiro de 1777, a Ilha de Santa Catarina
temos a citar: a Bahia de Todos os Santos em 1604 por uma ar foi tomada pela Armada Espanhola para ali expedida sob as or
mada pelo General Paulo W asncarden; a mesma Bahia em 1624 dens do General D . Pedro de Ceballos Gusmão; os reconheci
por outra armada comandada pelo General Jacob Willkens e pelo mentos devem ser unidos àqueles que, para sua particular instru
Mestre-de-Campo João Dorth; pela terceira vez em 1638 por outra ção, adquiriu o inglês Roberto Makduval, por ocasião governador
armada comandada pelo Conde João Maurício de Nassau; a foz e chefe da esquadra portuguesa.
do rio Amazonas até a fortaleza de Santo Antônio do Curupá
em 1625, por mais ou menos 200 holandeses cujos Capitães eram: Os mesmos reconhecimentos nos portos do mar, pelos sertões
Nicolao H osdan e Philippe Porcél; a Baía da Traição em 1626 do Brasil fizeram os estrangeiros empregados com o exercício de
por uma arm ada de 34 naus comandadas pelo General W alduino engenheiros por ocasião da demarcação de 50. São os seguintes:
Henrique: a Fortaleza de Ceará em 1637 por 2 navios coman c o m p a te n te d e C o r o n e l — O genovês Miguel Angelo Blasco;
dados pelo Sargento-M or Gusman que havia saído do Recife de com a d e C a p itã o — o suiço João Bartholomeu Havelle e os
Pernambuco; as vizinhanças da referida fortaleza de S . Antônio alemães: João André Schwebel, Gaspar João Gerardo de Gransfeld
do Curupá no no Amazonas em 1639 por um patacho holandês e Carlos Ignacio Reverend; c o m a d e C a p itã c A T e n e n te — o ho
que foi abordado e rendido pelo Comandante português João Pe landês Joseph Rollen Wandrech; c o m a d e T e n e n te — os ale
reira de Caseres; a cidade de S . Luiz do Maranhão em 1641 por mães: Adão W entrel Hetcho, Manoel Gotz e Ignacio Satton; co m
uma arm ada de IS naus de que era General João Cornelles, que a p a te n te e so ld o d e A ju d a n t e — os italianos: Henrique Antônio
fora para ali expedida pelo Conde J. Maurício de Nassau, G e Gatuzzi e José Maria Cavagna; c o m o s o ld o s o m e n te d e a ju -
;■~-ti —■ ■ ï,- IÍ.TÍ;i.ii^ r ^ l - -------- » .
— 118 ~ — 119 —
Antes que omita, por razão de importância, temos o «Erário nuscrito sem o nome do autor, intitulado — Relação Geral de
Mineral» por seu autor Luiz Gomes Ferreira. toda a conquista do Maranhão ■ — o qual (diz ele) fora escrito por
Anda pelas mãos dos curiosos o «Governo de Mineiros» Frei Christovão_deJLjsbqa, tio do Secretário das Mercês. Gaspar
«História das Enfermidades de Minas Gerais» por José Antô de Faria Severim, e que na maior parte trata da História Natural.
nio Mendes. Em outra biblioteca, de D , Antonio Alvares da Cunha, ele
«Relação cirúrgica e Médica» na qual se declara especial- viu outro manuscrito intitulado — História Natural e Moral do
mente um novo método de curar a infecção escorbútica ou Mal de Maranhão e Pará por Frei Christovão de Lisboa, bispo eleito de
Loanda, e todos os seus derivados conseqüentes, fazendo para tal, Congo e Angola.
menção a dois remédios específicos e muito particulares — por O jesuíta Diogo Soares que acompanhou o padre Capaci, não
João Cardoso .de -Miranda. somente satisfez a obrigação que lhe tocou de trabalhar nas cartas
Contam que, durante o governo do Exmo. Marquês de La geográficas da capitania do Rio de Janeiro, mas também escreveu
vradio, José Henriques Ribeiro_^de_i>_aiya_ foi médico de sua uma história natural dos rios, montes, árvores, ervas, frutos e
câmara na cidade do Rio de Janeiro, o qual sob os auspícios de animais do Brasil.
S. Excia., fez algumas observações médicas, naturais que ainda Também dela trataram os outros dois jesuitas, José da Costa
não foram publicadas.
e Simão de Vasconcellos.
Na H is tó r ia N a tu r a l Havendo o Senhor Rei D. José, o l 9 de saudosíssima me
mória. ordenado a reforma geral dos estudos na Universidade de
Já foi d ito em ou tra parte que a H istó r ia Natural é tratada Coimbra, mandou que entre eles se cultivasse o da História Na
m ais p articularrnente no B rasil e n ão em to d a a América. tural. Cultivou-a, em nossos dias, seu augusto neto, o Senhor
O q ue P iso n d e ix o u escrito n o L ivro I V — D e F a cu lta tib u s D. José, Príncipe do Brasil, que sucedeu seu irmão o Sr. Dom
sim plicium — n ã o p a ssa m d e d esc riç õ es n atu rais c virtu d es m é João. Antes de S .S A .A ., a tinham cultivado e honrado seus
d ica s d e a lg u m a s serp en tes n o rein o an im al, d em o ra n d o -se prin augustas tios, os sereníssimos senhores D , Antônio e D . José.
cip a lm en te n a s p la n ta s d e reco n h ecid o p réstim o para o cu rativo Sempre a estudaram e protegeram, os Exmos. Martinho de Mello,
d a s en fer m id a d e s en d êm ica s. o Castro, Marquês de Angeja (falecido) e Luiz Pinto de Sou2a
Coutinho.
M a is d o q u e P iso n , s e este n d eu J o rg e M a r c g r a v n a su a
H isto r ia R erum N atu ra liu m B rasília. E la s e a ch a d iv id id a em 8 O primeiro que se doutorou nesta faculdade, na Universidade
liv ro s q u e tratam : o s 3 p rim eiros d e p la n ta s, o IV ,° d e p eix es, de Coimbra, foi o Exmo. Visconde de Barbacena, filho.
o V .° d e a v e s, o V I .9 d e q u a d rú p ed es e d e se rp en te s, o V I I .0 de D . Alexandre da Terceira Ordem de S. Francisco que passou
in seto s, o V I I I .9 d a r e g iã o d o B rasil e se u s ín co la s. N ã o se i a té
a Bjspojle PêHrn7estudou a História Natural como uma disciplina
o p resen te d e o u tra s o b ras im p ressas, seja m e la s p or n a cio n a is ou
preparatória para as matemáticas, na mesma Universidade de
estra n g eiro s.
Coimbra.
N a c io n a is — A m esm a a fe iç ã o q u e te v e o In fa n te D . H e n
rique à s m a tem á tica s e em g era l a to d a s a s ciên cia s natu rais, o Quanto ao Brasil, S. Exa. o Sr. Luiz Pinto de Souza Cou
In fa n te D . A le x a n d r e , irm ão do E l R ei D . João IV .°, te v e à s tinho, o terceiro governador e Capitão-General das capitanias de
ciê n c ia s n atu rais. C o m o g ra n d e p erscru tad or tam bém en con tram os M ato Grosso e Cuiabá passou a ser mensageiro de Sua Majes
o jesu íta A n tô n io V ie ir a e A le x a n d r e , o R e i da M a c e d ô n ia . tade Fidelíssima, na corte de Londres. De todas as suas escru
pulosas averiguações concernentes à História ^faturai, tanto em
A le x a n d r e , o In fa n te d e P o rtu g a l, a estu d o u e h o n ro u . O viagem desde o Pará até aquela capitania, como dentro delas,
m esm o têm fe ito m u itos o u tro s n a cio n a is, d e to d a s as o rd en s e comunicou a M r. Robertson algumas notícias e manuscritos seus,
co n d içõ es. o qual ingenuamente se explica, à S. Exa. pelo teor que consta
O au tor d o s a n a is h istó ric o s do e sta d o d o M a r a n h ã o n o s no prefácio da sua história; e por esta razão me dispenso em tentar
a sse g u r a ter a c h a d o na b ib lioteca d o C o n d e d e V im ieiro , um ina- tocar esta matéria.
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— 125 —
Relação circunstanciada dos três rios Madeira, Mamoré e Gua- Grande de Joannes, permitindo-lhe, quando voltou, a honra de
poré até a capital de Mato Grosso. acompanhar a Sua Exa. na viagem que fez ao rio Tocantins.
Observações filosóficas e políticas sobre as minas de Mato Protegeu todas as suas dependências públicas e particulares.
Grosso e Cuiabá, enfermidades endêmicas da capitania de Mato Previu as suas necessidades para a viagem ao rio Negro, mu
Grosso etc. Umas c outras têm sido feitas mediante os auxílios nindo-o de uma portaria franca para tudo quanto precisasse. O r
que pata este fim me têm dado os meus patrocinadores. denou que fosse construída uma canoa cômoda e decente para o
seu transporte. Recolheu no seu palácio e fez acondicionar e
ln p c r e n n e m •geati a n im i s ig n ific a íio n c m
remeter os volumes dos produtos naturais. Promoveu a Alferes dos
índios, das suas povoações, dois índios: Cipriano de Souza e José
da Silva por terem servido de preparadores dos referidos produtos,
P R IM E IR O
com a mesma habilidade e sujeição que o naturalista havia demons
trado. Tudo informou a Sua Majestade e todos os seus pedidos
O limo. e Exmo. Sr. Martinho de Mello e Castro do Con foram atendidos por Exa.
selho de Sua Ma/estade Fidelíssima, seu Ministro e Secretário de
Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, etc. Quare — Infreta dum fluvii current dum montibus umbrae
lustrabum convexa, polus dum sydera pascet, semper honos, nomen
Adiantou as obras do Real Jardim Botânico da Ajuda e o en que suumt laudes que manebunt.
riqueceu de um sem número de plantas indígenas e exóticas; pro
moveu as experiências químicas que por ordem de Sua Exa. con
tinuaram a ser feitas no Real Laboratório. Estabeleceu o Real Ga T E R C E IR O
binete de História Natural. Chamou o Naturalista da Universi
dade de Coimbra e o apresentou à Sua Majestade para o encar O limo. e Exmo. Senhor João Pereira Caldas, do Conselho
regar da História filosófica e politica dos estabelecimentos portu de Sua Majestade Fidelíssima, seu Governador e Capitão General
gueses no Estado do Grão-Pará. Provei''" de mão cheia, de todos nomeado, para as capitanias de Mato Grosso, Cuiabá e nos respec
os livros e instrumentos preciosos e nomeou dois desenhistas e um tivos distritos de seus governos e do Estado do Grão-Pará. En
jardineiro botânico para o acompanharem, exercitando cada um o carregado de execução do tratado preliminar de limites e demar
emprego de sua profissão. E para todos alcançou de Sua Majes cação dos domínios reais, etc.
tade uma grande ajuda de custo. Consignou o ordenado de qua Preveniu, antes da chegada do naturalista à Vila Capital de
trocentos mil réis por ano ao naturalista, e de trezentos aos demais Barcellos, uma decente acomodação, para ele e os demais emprega
empregados, além do sustento cotidiano e das despesas de trans dos. A todos recebeu, agasalhou e beneficiou, contemplando-os
portes. Contemplou o irmão do naturalista em um dos canonicatos na Mesa ordenada por Sua Majestade para os empregados na Di
da sede arquiepiscopal da cidade da Bahia. Honrou-o e protegeu-o ligência da Demarcação. Instruiu e enriqueceu o naturalista de um
por obras c palavras. sem número de conhecimentos, fazendo-lhe a honra de lhe confiar
Q u a r e — . . . Erit ille mihi sempre Deus: . . . tener nostris ab
repetidas cópias das ordens compreendidas nos bandos, editais,
ovilibus imbuet agnus. portarias, avisos, cartas circulares e particulares, expedidos por Sua
Exa. e pelos seus predecessores, sobre as diferentes repartições
e dependências da população, agricultura, comércio, navegação e
SEGUNDO
das manufaturas do estado. Solicitou de sua parte, adquiriu e ofe
O limo. e Exmo. Sr. Martinho de Souza e Albuquerque do receu muitos produtos e curiosidades naturais, e com as quais mul
Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, seu governador e Capitão tiplicou e engrandeceu as remessas que fez aprontar e expedir.
General das capitanias do Pará e Rio Negro, etc. Recomendou-o aos comandantes e diretores de ambas povoações
todas as vezes que o expediu para as suas diligências: a primeira
Honrou-o com sua companhia na viagem de Lisboa para o para a parte superior do rio Negro c a segunda para o rio Branco.
Pará. Ali II;c ofereceu a honra de residir, se quisesse, no'Palácio Deu informações a respeito dele à Sua Majestade e o distinguiu
de sua residência. Sem a menor demora o expediu para ,a ilha com todas as demonstrações de proteção e amizade.
ji&dBEàâ
MAMAIS
1 — Q U AD RÚ PEDES I l t — P IN A D O S
Q uarc — Ante pererrntis amborum inibus, e.xul. Aut ararim U — ALADOS
UííOULADOS
— D e u n h a in te ira 45 D c lp h in o »
— S. N . B e llu o e
21 E q u u s
—■ D e u n h a ra c h a d a
— N ã o r u m in a n te s
— S. N . B r u t a — co m o s h íp o c ô n d rio s
22 E le p h a s fixos
—• S . N . B e llu o e —■ M ih i G e n u s
23 R h in o c c ro s CU,
24 S us — Spcoes
— R u m in a n te s n) m u r i n u , 8.
— S . N . P é c o ra / f / u / i'öL in,. L in .
25 C o rn e liu s b) T o lan s a. S e i-
26 M oschus u r u , vo b in , L in .
27 C c rv u s c) ja g ttia 9. Sau-
28 C o p ra r u , ja g itia L in .
2 9 O vis
a n f I b io s
U n C O lC U L A D O S >
30 Bos
— S. N . G lírc s
31 C a s to r
32 K av. L u t r a
—• S . N . Bt-lluue
U n b u ; \dos