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Vila Maria Zélia: o processo de deterioração


do patrimônio histórico de uma das primeiras
vilas operárias do país

Eduardo da Rocha MARCOS1


Luciana SQUARIZI2

Resumo: Este trabalho teve por objetivo fazer um levantamento histórico do


estágio em que está a conservação do patrimônio histórico da Vila Maria Zélia,
uma das primeiras vilas operárias do país, fundada no início do século passado. O
local destacou-se por apresentar inovações no padrão de moradia do operariado
da época. Na vila, ainda hoje é possível observar o tipo de moradia que cada
trabalhador ocupava dentro da comunidade. No entanto, com o passar de 98
anos, essa história vai sendo cada vez mais debilitada pela ação do tempo e da
inércia do poder público em não resguardar o conjunto arquitetônico e a memória
de seus moradores e ascendentes.

Palavras-chave: Vila Maria Zélia. Patrimônio Histórico e Cultural. Memória.

1
Eduardo da Rocha Marcos. Mestre em Comunicação Social e Mercado pela Faculdade Cásper
Líbero. Especialista em Teoria da Comunicação pela mesma instituição. Graduado em História pelo
Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <ed_marcos@terra.com.br>.
2
Luciana Squarizi. Mestre em História e Cultura Social pela Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (UNESP) – câmpus de Franca (SP). Especialista em Planejamento, Implantação
e Gestão de EaD pelo Claretiano – Centro Universitário. Graduada em História e Pedagogia pela
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). E-mail: <lusqua@gmail.com>.

Educação, Batatais, v. 5, n. 3, p. 45-66, 2015


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Vila Maria Zelia: the deterioration process of


the historical heritage of one the first worker’s
villages in the country

Eduardo da Rocha MARCOS


Luciana SQUARIZI

Abstract: This study aimed to show a historical survey of the current stage that
is the preservation of historical heritage of the Villa Maria Zelia, one of the first
workers’ villages in the country, founded in the early last century. The place
stood out for presenting innovations in the standard of working class housing
of the time. In the village, even today you can see the type of housing that
each worker occupied in the community. However, over 98 years, this story is
being increasingly weakened by the time and the inertia of the government in
not protecting the architectural complex and the memory of its residents and
ascendants.

Keywords: Vila Maria Zelia. Historical and Cultural Heritage. Memory.

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1.  INTRODUÇÃO

Quem nunca foi tomado de emoção ao se deparar diante


de um monumento histórico como o Coliseu, por exemplo, e
deixou-se viajar pelas lembranças e por tudo que aquilo que a
imaginação consegue transportar com todos os valores culturais
adquiridos ao longo da vida e, num momento de sublimação,
contemplou e fez reviver toda aquela carga de informações
aprendidas nos bancos escolares, materializados num sentimento
único de estar frente a frente com um bem material mágico,
capaz de nos unir ao passado, com pés e reflexões no presente?
Esse sentimento proporcionado pela História depende, de um
lado, da sorte que cada indivíduo teve em sua formação intelectual
e, de outro, da preservação do que lhe é apresentado e que lhe é
capaz de fazer inferir e refletir.
Para estar conectado a um bem maior, que é capaz de nos
fazer sonhar, é preciso estar atento ao que se tem de preservação
da História, para poder estabelecer um verdadeiro diálogo entre
presente e passado, entre a História e a Memória.
Para que isso ocorra, uma das maneiras é a observação dos
patrimônios históricos que a humanidade passou a entender como
necessária de preservação e como objeto de evolução e reflexão do
próprio homem.
Ignorar a necessidade de conservação é ignorar a si mesmo, e
isso é o que muitas vezes vemos ao nosso redor.
Um exemplo específico, e que serve de base para a análise
deste artigo, é a questão da preservação do patrimônio histórico e
cultural da Vila Maria Zélia, uma pequena vila operária do início do
século passado, localizada na zona leste de São Paulo.
A vila, que possui em sua biografia momentos importantes,
foi cenário de transformações sociais e trabalhistas. Há quase cem
anos, serviu de presídio político da ditadura Vargas, funcionou
como cidade cenográfica de Amâncio Mazzaropi e guarda até hoje
tradições de muitos imigrantes que vieram para o Brasil tentar uma
nova vida, sem deixar de lado suas raízes.

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A Vila Maria Zélia é um local de extrema riqueza no que se


refere ao patrimônio cultural, histórico, social e industrial, mesmo
com a sua preservação sendo determinada pelas leis de tombamento
dos órgãos competentes. Infelizmente, sua conservação não é
assegurada pelas ações práticas necessárias para sua manutenção
como um patrimônio e como algo que nos faça sonhar e que nos
permita relacionar com o passado.
Ao avançar pelas ruas da pequena vila na zona leste de São
Paulo, percebe-se, logo em sua entrada, a situação crítica em que
estão os prédios históricos projetados há quase 100 anos para serem
um marco de mudança nas relações trabalhistas dos turbulentos
anos de 1917-18, marcados por intensos movimentos operários que
reivindicavam melhores condições de moradia.
O comprometimento das estruturas dos prédios fica evidente
ao se adentrar a vila e nota-se que raríssimas casas preservaram a
fachada do conjunto arquitetônico original. A Escola de Meninos e
a Escola de Meninas, no coração do local, relutam em resistir contra
a ação do tempo e hoje sustentam apenas esboços do conjunto
arquitetônico, quase centenário, construído com o objetivo de
funcionar como local de estudo e aprendizado.
Este estudo procura entender o porquê da lentidão na
efetivação de ações práticas, previstas pela lei de tombamento. Tem
o objetivo, ainda, de revelar o precário estado de conservação e
clama para que algo de efetivo e rápido seja feito.
Daquela época até hoje, muita discussão tem sido feita
para normatizar e garantir, juridicamente, a preservação da vila.
Porém, no campo pragmático, pouco se tem feito de efetivo para
a preservação do patrimônio histórico. Esse é o tema central deste
artigo, que busca investigar as razões do descaso público com a
Vila Maria Zélia e quais as razões que justificam essa inércia de
ações, que acabam comprometendo a manutenção dos imóveis e da
própria história do local.
Para efetuar o levantamento da importância histórica da vila,
foi necessário, inicialmente, recorrer à pesquisa bibliográfica, em
especial ao conceito de patrimônio histórico de Funari e Pelegrini
(2011), que dá base ao entendimento da importância de preservação

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da memória e do patrimônio material. Ainda na mesma linha de


raciocínio, a contribuição de Rangel (2002) revela-se preciosa
ao aprofundar a pesquisa nos conceitos de patrimônio e sua
amplificação até os nossos dias, fazendo a ligação imediata com
a questão da preservação. Nesse ponto, foi imprescindível fazer
uso do estudo de Carvalho (2011), que narra detalhadamente a
evolução da legislação de preservação, desde a era Vargas, até os
nossos dias, passando pela mudança de conscientização do próprio
poder público.
Em seguida, para entender a importância histórica da Vila
Maria Zélia, fez-se necessário recorrer ao estudo sobre a trajetória
do industrial Jorge Street, realizado por Teixeira (1990), e a
importância histórica do presídio Maria Zélia, contido no estudo de
Karepovs e Lemes (1985), publicado pelo Centro de Documentação
do Movimento Operário Mário Pedrosa – Cadernos CEMAP em
1985.
Também serviu como base de análise sobre o processo de
tombamento a legislação específica que retratou o exato momento
em que o local se tornou de interesse histórico e público, envolvendo
a legislação estadual de tombamento, realizada pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
– CONDEPHAAT (1992) e, no nível municipal, pelo Conselho
Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e
Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP (1995).
Ainda com o intuito de contextualizar e precisar qual a situação
atual da vila, foi feita uma pesquisa envolvendo informações
noticiadas pelos jornais O Estado de São Paulo e Folha de São
Paulo, que reproduziram em suas páginas o fim da parceria entre
INSS e Município e o estado atual do impasse jurídico pelo qual
passa a vila, após o endurecimento das ações do Ministério Público,
no segundo semestre de 2012.
Como forma de demonstrar o estado de degradação dos
imóveis, foi realizada pesquisa iconográfica em livros impressos
e sites confiáveis, que forneceram imagens de época dos imóveis,
comparadas com trabalho fotográfico de campo realizado pelo
autor deste estudo.

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Por fim, para demonstrar o estado normativo em que está hoje


o estado de conservação do conjunto arquitetônico da Vila Maria
Zélia, foi feita uma entrevista com a presidente da Associação
Cultural Vila Maria Zélia (ACVMZ), entidade responsável pelas
iniciativas de preservação dos prédios públicos e de ações voltadas
para a construção da memória da vila.

2.  DESENVOLVIMENTO

A ideia de preservar o patrimônio histórico de uma sociedade


requer, como fundamentação teórica, a discussão do que é o
conceito de patrimônio. A palavra “patrimônio” tem origem no latim
patrimonium e era definida pela Roma Antiga como tudo aquilo
que se referia ao pai, ou ao pater familias, ou seja, o pai de família.
No entanto, o significado entre os termos “pater”, “patrimonium”
e “família” esconde alguns significados:
A família compreendia tudo o que estava sob domínio
do senhor, inclusive a mulher e os filhos, mas também
os escravos, os bens móveis e imóveis, até mesmo os
animais. Isso tudo era o patrimonium, tudo o que podia ser
legado por testamento, sem excetuar, portanto, as próprias
pessoas (FUNARI; PELEGRINI, 2003, p. 11).
No entanto, o conceito, surgido no âmbito privado, evoluiu
sobremaneira, chegando a atingir, no contexto da Revolução
Francesa, uma característica de preocupação voltada para a memória
e para a exacerbação do nacionalismo:
Em plena Revolução Francesa, em meio às violências
e lutas civis, criava-se uma comissão encarregada da
preservação dos monumentos nacionais. O objetivo era
proteger os monumentos que representavam a incipiente
nação francesa e sua cultura. A legislação protetora do
patrimônio nacional francês tardaria ainda muitas décadas,
pois a primeira lei é de 1887, tendo sido complementada
por uma legislação mais ampla em 1906, já em pleno
século XX. Essas disposições legais, na França, voltavam-
se para a limitação dos direitos da propriedade privada,
em benefício do patrimônio nacional, de acordo com a
tradição do direito romano (FUNARI; PELEGRINI, 2003,
p. 19).

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Trazendo a noção de patrimônio mais próxima dos nossos


dias, chegamos ao conhecimento de que o conceito de patrimônio
pode ser mais ampliado. Segundo o museólogo e professor francês
Hugues de Varine-Boham (apud RANGEL, 2002, p. 1), o patrimônio
cultural pode ser dividido em três categorias: o patrimônio natural,
constituído das riquezas da natureza (reservas naturais, por
exemplo); o patrimônio cultural intangível, que não é constituído
de sustentação material e é preservado pela tradição (danças
populares, costumes e lendas); e o patrimônio cultural tangível, que
é aquele sustentado por elementos materiais (edificações e objetos
arqueológicos, por exemplo).
Dentro desse espectro, pode se perceber, ao longo da história,
a evolução do conceito de patrimônio, saindo do cerne privado para
a esfera pública, sendo ampliado no século XX, em sua forma e
abrangência.
O que era meramente algo relacionado à preservação da
família e dos bens referentes a ela se transformou em abrangência
e sentido, sendo expandido o conceito para o patamar público e de
relação com a memória de um povo, em determinada época e espaço.
Mais que isso, transpôs os limites da materialidade, alcançando a
noção de preservação da riqueza natural e imaterial de um povo.
Além disso, o conceito passou a empreender um dialogismo
entre uma sociedade presente e sua memória, e um relacionamento
profundo de sinergia com o seu passado:
[...] o patrimônio inclui a herança cultural de cada povo, os
bens culturais produzidos pelos segmentos hegemônicos
em cada tempo histórico e também os bens culturais
visíveis e invisíveis, tais como língua, conhecimento,
documentação, artesanato, e também os produtos da
cultura dos grupos ditos populares. Assim, a política
patrimonial de conservação e administração da produção
cultural do passado está relacionada aos usos sociais
desses bens no presente e com a preservação dos bens
materiais e simbólicos produzidos por todos os grupos
sociais (CANCLINI, 1994 apud RANGEL, 2002, p. 1).
Tendo sido feito o resgate conceitual da importância e
amplitude do conceito de patrimônio, faz-se necessária a discussão

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sobre a questão da preservação. Preservar, segundo o dicionário


Aurélio, significa “livrar de algum mal ou dano, resguardar,
defender”. Relacionando a definição com a abordagem acima,
pode-se afirmar que preservar é também livrar de algum mal ou
dano aquilo que é uma herança cultural ou os bens de um povo,
buscando manter vivos os valores produzidos numa determinada
época.
Segundo Carvalho (2011, p. 122), no Brasil, o Estado somente
passou a se preocupar com a questão da preservação, no ano de
1937, com a criação do tombamento, criado pelo Decreto-Federal
nº 25, de 30 de novembro de 1937, durante a ditadura de Getúlio
Vargas.
Ainda segundo o autor, que faz um balanço das políticas
públicas patrimoniais no Brasil, essa noção foi ampliada graças
à influência da política da preservação do patrimônio cultural e
natural da humanidade, instituída pela Organização das Nações
Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), em 1946,
e, mais tarde, com a Convenção de 1972 (CARVALHO, 2011).
A partir daí, o país passou a ter um paradigma internacional,
incorporado como norma na Carta Magna em vigor no país, tal
como destaca Carvalho (2011, p. 119):
Na Constituição Federal de 1988 também se encontram
preceitos relacionados ao instituto do tombamento: em seus
artigos 5, XXIII e 170, III, a função social da propriedade
é destacada, por isso se pode entender que a propriedade
tombada visa a garantir a proteção ao patrimônio histórico
e cultural do país. O art. 216 preceitua taxativamente
quais as formas de cultura que podem ser alcançadas
pelo instituto do tombamento; e, dentre outros, o artigo
30, inciso IX que dispõe da competência para promover a
proteção do patrimônio histórico-cultural local.
Vista a importância da preservação do patrimônio histórico
e cultural, referendado até mesmo pela Constituição do país, é
necessário conhecer um pouco mais da importância histórica da
Vila Maria Zélia, do seu conjunto arquitetônico e do atual estado de
conservação dos seus imóveis.

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A vila

De acordo com a pesquisadora Palmira Petratti Teixeira


(2009), a Vila Maria Zélia foi fundada em 1917, edificada pelo
industrial Jorge Street:
[...] para abrigar os trabalhadores da fábrica de Street, a
Companhia Nacional de Juta. O complexo, localizado na
rua dos Prazeres (zona leste), foi originalmente constituído
de 198 casas, distribuídas em seis ruas, que variavam de
75 a 110 m2 cada. As famílias maiores, com maior número
de operários, habitavam as casas maiores, assim como os
administradores. Os solteiros moravam em uma hospedaria,
própria para eles. Constituíam ainda o complexo uma
igreja, um centro de lazer e seis prédios históricos - dois
armazéns, dois colégios (Escola de Meninos e Escola de
Meninas), um local destinado à creche, um prédio para
o boticário. Num dos prédios funcionava o armazém e a
sapataria. No piso superior, localizava-se o salão de bailes.
Para a prática desportiva, havia ainda um campo de futebol
e uma quadra para a prática da “bocha”. [...] O aluguel era
mensalmente descontado do salário dos moradores, e era
necessário ainda o pagamento da taxa de eletricidade e de
água (TEIXEIRA, 2009, p. 4).
O complexo começou a ser construído em 1912, seguindo
a tendência de industrialização dos bairros periféricos da capital
paulista. O café era o principal produto econômico do país e
necessitava de uma enorme infraestrutura de apoio para que sua
produção fosse escoada (TEIXEIRA, 2009).
Vários bairros que se localizavam próximo às malhas
ferroviárias, como Mooca, Brás, Belém, Belenzinho e Bom Retiro,
por exemplo, começaram a receber as vilas operárias.
Para Teixeira (2009), o médico e industrial Jorge Street
notabilizou-se por enxergar a relação operário-patrão, que era
extremamente conflituosa na época, de uma maneira diferenciada.
Não havia ainda uma legislação que protegesse o trabalhador e,
muito pior que isso, a relação era de extrema exploração da mão de
obra imigrante. Street, no entanto, é apontado como um interlocutor
distinto nesse contexto, por promover o bem-estar aos trabalhadores,

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fornecendo moradia básica de qualidade e infraestrutura no entorno


do local de trabalho.
Foi com esse intuito que mandou construir a Vila Maria Zélia,
uma vila operária ligada à Companhia Nacional de Juta (CNTJ). A
fábrica, com cerca de 2.100 funcionários, confeccionava sacaria de
juta para exportação do café.
De acordo com Teixeira (2009), enquanto a maioria dos
trabalhadores vivia em moradias precárias, na época, como os
cortiços, os trabalhadores da Maria Zélia destacavam-se por viver
condições mais dignas, de acordo com o tamanho da família. Havia
a moradia para solteiros e, quanto maior a família e o número de
trabalhadores na fábrica de Street, maior era o tamanho da casa
que ocupavam. As seis ruas da vila abrigavam essas diferentes
moradias.
A vila teve como inspiração as vilas operárias inglesas, em
especial, a vila de Saltaire, fundada em 1851, em Shipley, nas
proximidades de Bradford (Yorkshire), que serviu de modelo
para muitas outras vilas inglesas. O modelo objetivava melhores
condições de saúde, uma vez que muitos trabalhadores eram
acometidos por doenças relacionadas à falta de saneamento básico,
e de segurança, uma vez que a criminalidade na época era alta, de
acordo com o portal britânico Yorkshire.
A preocupação com o modo de vida dos trabalhadores fez-se
presente no projeto de Street, executado pelo arquiteto francês Paul
Pedarrieux:
[...] em depoimento sobre a vila operária, Street afirmou ter
consciência das necessidades dos trabalhadores, advinda
do contato diário e do interesse pessoal em conhecer de
perto suas condições de vida. Assim, compreendendo a
situação precária do operariado, elaborou sua meta pessoal,
voltada para o futuro do trabalhador. Reconhecendo-se
paternalista, não via o operário como um elemento isolado
na produção, mas como um todo que envolvia seu lar,
filhos e lazer. E fazia questão de pessoalmente dirigir sua
obra de justiça e de direito social (TEIXEIRA, 1990, p.
79, grifo do autor).

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Porém, vale ressaltar que os estudiosos da época foram


críticos ao apontar algumas deficiências de Street enquanto patrão
por não atender exigências da luta do operariado à época. Essa
relação com seu operariado foi vista das mais variadas formas,
como atesta Teixeira:
O polêmico Jorge Street tido por seus operários como um
pai; por seus pares empresariais como um poeta e pelo
movimento operário como um todo como um tartufo,
foi um personagem adjetivado, rotulado por cronistas,
jornalistas e historiadores. Mas, a qualidade de vida que
usufruíam os operários da Vila Maria Zélia é inquestionável
(TEIXEIRA, 1990, p. 5, grifo do autor).
Nesse cenário, portanto, foi inaugurada em 15 de maio de
1917, batizada com o nome de “Maria Zélia” em homenagem à
filha de Jorge Street, vítima de tuberculose (1899-1915).
O empresário esteve à frente da CNTJ até 1923. No ano
seguinte, a vila e a fábrica foram vendidas ao conde Nicolau Scarpa,
que modificou o nome do local para Vila Scarpa. Em 1929, o grupo
Guinle adquiriu a vila como forma de pagamento das dívidas de
Scarpa. O nome original do local foi retomado: Vila Maria Zélia.
Com base nas informações fornecidas por Ana Lucia Jucá e
Arzelinda Maria Lopes (2008), em 1931, a fábrica foi desativada,
e a vila passou para posse do IAPI (Instituto de Aposentadoria e
Pensões), hoje INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social),
também como forma de pagamento de dívidas.
No período compreendido entre novembro de 1935 e
novembro de 1937, a fábrica abrigou um presídio político, o Presídio
Maria Zélia, um dos órgãos de intensa repressão do governo Vargas.
Abrigou cerca de 700 presos e ocupava uma área de 100m de
fundo por 40m de largura. O local abrigou presos ilustres, como o
historiador Caio Prado Jr. e o militante político Paulo Emílio Sales
Gomes (KAREPOVS; LEME, 1985).
Em 1939, a Goodyear comprou do governo a fábrica e um
lote de 18 casas, além da creche e o jardim da infância. As casas
foram demolidas para expansão das dependências da nova fábrica.

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Já na década de 1960, as casas foram financiadas para seus


moradores, sob o sistema do Banco Nacional da Habitação (BNH).
De acordo com Jucá e Lopes (2008), em 1979, o espaço que
já era público se tornava efetivamente um logradouro público:
A partir de 31 de outubro de 1979, ocorre a oficialização
do Decreto Municipal n.16.179, que atende ao solicitado
no ofício nº. 421-009.321/81, de 21 de setembro de 1979,
do Instituto de Administração Financeira da Previdência
e Assistência Social (IAPAS), ou seja: “objetiva a
oficialização dos logradouros existentes naquela
comunidade, para final regularização da documentação
dominial junto ao registro de imóveis competente, o
que possibilitará a outorga de escrituras definitivas aos
respectivos promitentes compradores”. Desta forma,
foram nomeadas as dez ruas formadoras da vila, até então
designadas por números ou letras, tornando-as logradouros
públicos (JUCÁ; LOPES, 2008, n.p.).
No ano de 1992, a vila foi tombada pelo CONDEPHAAT,
resolução acatada e alterada pelo CONPRESP, em 1995, a fim de
especificar e complementar os critérios técnicos previstos pela
normatização do órgão estadual.
Atualmente, apesar do tombamento, das antigas casas dessa
vila pioneira em São Paulo, apenas quatro possuem fachada original.
Dos prédios históricos, cinco deles estão em avançado estágio de
abandono.

A deterioração

A ação do tempo, aliada à demora de tomada de ações, tem


se tornado implacável com a questão da preservação do patrimônio
histórico da Vila Maria Zélia. Nas linhas a seguir, é possível notar, a
partir de pesquisa iconográfica, a beleza e imponência dos imóveis
projetados por Perradieux, em fotos de época, e como essas mesmas
edificações estão hoje.
Começando pela Figura 1, temos um registro de 1926 da
antiga rua 6. As ruas tinham modelos diferenciados de moradias,
conforme o tamanho da família e sua posição social. A arquitetura

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da fachada variava de rua para rua. A seguir, é possível notar as


transformações ocorridas em quase um século de ocupação do
espaço (Figura 2).

Figura 1. Rua 6 (1926).

Fonte: Scarpa (1926).

Figura 2. Rua 6 (2013).

Fonte: Rocha (2013).

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A Figura 3 revela uma vista frontal da entrada da vila, um ano


após sua inauguração. Revela, além da riqueza do conjunto arquitetô-
nico, os costumes da indumentária da época. Na imagem, é possível
notar o armazém (à esquerda), a igreja (ao centro) e o restaurante (à
direita). Na Figura 4, uma vista frontal da igreja (à esquerda) e o res-
taurante (à direita) em adiantado processo de deterioração.

Figura 3. Vista frontal da Vila (igreja e restaurante) (1918).

Fonte: Associação Comercial de São Paulo (1918).

Figura 4. Vista frontal da Vila (igreja e restaurante) (2013).

Fonte: Rocha (2013).

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As Figuras 5 e 6 revelam a imagem de uma mesma fachada


separada por 98 anos. Trata-se da Escola de Meninos, criada para
educação dos meninos, que era feita separadamente das meninas.
O local funcionou como colégio até o início dos anos 1990, quando
foi desativado.

Figura 5. Escola de Meninos (1917).

Fonte: São Paulo Antiga (1917).

Figura 6. Escola de Meninos (2013).

Fonte: Rocha (2013).

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As imagens a seguir retratam duas residências particulares.


As duas compõem um total de apenas quatro moradias que ainda
preservam a fachada original do início da vila.

Figura 7. Exemplo de fachada original (2013).

Fonte: Rocha (2013).

Figura 8. Exemplo de fachada original (2013).

Fonte: Rocha (2013).

As figuras 9 e 10 demonstram a ação do tempo e a falta de


ações mais efetivas para a preservação. Na Figura 9, é possível no-

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tar, na Escola de Meninas, o descaso total quanto à preservação. O


local já foi até mesmo alvo de ação de escorpiões e de vândalos.
Trata-se do prédio em pior estado de conservação. Na Figura 10, na
foto do açougue da vila, uma demonstração da preocupação com a
infraestrutura voltada para os operários de Jorge Street.

Figura 9. Exemplo de má conservação do patrimônio histórico –


Escola de Meninas.

Fonte: Rocha (2013).

Figura 10. Exemplo de má conservação do patrimônio histórico –


Açougue.

Fonte: Rocha (2013).

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Legislação

No tocante à legislação, a Vila Maria Zélia foi tombada pelo


CONDEPHAAT segundo a Resolução 43, de 18 de dezembro de
1992. Segundo a resolução:
Artigo 1º – ficam tombados como bens culturais de
interesse Histórico, Arquitetônico e Social o traçado
urbano e o conjunto de imóveis situados na Vila Maria
Zélia, no bairro do Belenzinho, na cidade de São Paulo,
pela sua grande representatividade como vila operária do
início do século, por ter sido um empreendimento pioneiro
e por suas características originais (SÃO PAULO, 1992,
n.p.).
A resolução normativa foi, em 1995, complementada e
alterada pelo CONPRESP, segundo a resolução publicada no diário
oficial de fevereiro de 1995. As duas ações normativas demonstram
a preocupação do poder público, no âmbito jurídico e legal, de fazer
cumprir o que determina a Constituição Federal, em seu artigo 5º,
citado e reproduzido no corpo deste estudo.
De 1992 até os dias atuais, o que têm se visto, em termos
práticos, é muito pouca ação para a conservação, com medidas
tímidas e quase nenhuma fiscalização para coibir a depredação do
patrimônio público.
Um dos aspectos de maior destaque para a contribuição do
cenário descrito é a manutenção da posse dos imóveis públicos
nas mãos do INSS. Em 2006, uma parceria foi feita entre o órgão
federal e a Prefeitura de São Paulo. No acordo, o município
ficaria responsável pela posse do imóvel por cinco anos. Deveria
reformá-los e instalaria nos prédios projetos culturais e centros de
capacitação profissional.
O acordo foi desfeito em 2011, de comum acordo; mas, por
iniciativa da Prefeitura de São Paulo, que alegava não ter a posse
definitiva do imóvel, nada foi feito para a melhoria dos espaços e
prédios públicos privados.
A situação da vila, porém, é mais grave, uma vez que o
Ministério Público apresentou uma ação civil pública, obrigando a

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Prefeitura e o Estado a adotarem medidas para conservar o conjunto


arquitetônico.
Segundo informação publicada no jornal O Estado de S.
Paulo, do dia 18 de julho de 2012, o promotor de Justiça Washington
Luis Lincoln afirmou que nenhuma medida foi realizada após o
tombamento. Mais que isso, ele solicitou que fossem apurados
os danos realizados em cada imóvel e no conjunto dos prédios
históricos, e que a Prefeitura e o Estado fossem responsabilizados
pela execução das ações de restauração.
Em entrevista concedida ao autor deste artigo no dia 4 de
maio de 2013, a indefinição sobre a posse dos imóveis também foi
apontada pela presidente da Associação Cultural Vila Maria Zélia
(ACVMZ), Éride Albertini, como entrave para a busca de alguma
solução efetiva:
A associação tem uma proposta de recuperar a memória
dos moradores e a história da Vila Maria Zélia, só que em
muitos momentos a gente não consegue avançar. Tem muitos
projetos que a gente tem para a vila, mas esses projetos
caem na questão do espaço físico que a gente ocupa hoje.
A sede da associação é dentro de um espaço que pertence
ao INSS. O INSS não vende, não dá, não empresta, não
faz um acordo de comodato, não faz uma concessão. O
espaço público que eles têm é o elefante branco que eles
têm que administrar. O INSS diz que a função deles não é
cuidar do espaço, é cuidar da Previdência e do trabalhador.
O patrimônio histórico vem a reboque. Então temos um
espaço que não pode ser cuidado, não pode ser melhorado.
Enfim, todos os projetos passam pela questão: quem é o
dono dos imóveis? (ALBERTINI, depoimento).
Albertini aponta ainda que a dificuldade em se fazer parcerias
esbarra na situação de impasse burocrático sobre a posse dos
imóveis:
Quando vou fazer uma parceria com uma empresa para
recuperação dos imóveis, por exemplo, eu digo: vocês
recuperam esses imóveis e em contrapartida coloco uma
propaganda dentro do espaço dos imóveis. Mas não posso
fazer isso porque o direito de propriedade pertence ao
INSS. Só posso fazer uma negociação que não envolva o
espaço, e com ações pontuais. Projetos mais longos, com

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investimentos altos, são inviáveis, porque uma empresa


privada não vai se comprometer, sob pena de o INSS vir
tomar o espaço de uma ação realizada (ALBERTINI,
depoimento).
A representante da ACVMZ pontua a importância da
responsabilidade e conscientização de cada morador em relação à
questão da preservação dos imóveis:
Espera-se, para o começo de 2014, que cada morador
seja chamado para discutir a questão da conservação dos
imóveis e do tombamento. O que cada morador fez no seu
imóvel e o que cada um deverá repensar e rever no seu
imóvel. O que foi aprovado ou não, o que é passível de
multa ou não, de maneira que todos sejam acionados junto
aos órgãos competentes (ALBERTINI, depoimento).
Como se vê, a questão da preservação é complexa, pois não
depende apenas das medidas legais e jurídicas a serem tomadas
pelo poder público, mas é notável que existe um enorme hiato entre
o mundo normativo e a ação prática, capaz de fazer o sonho da
preservação dos imóveis sair do mundo do desejo e se transformar
numa realidade.

3.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisados os conceitos de patrimônio histórico e da


importância da preservação, a história da Vila Maria Zélia e sua
relevância dentro do nascente cenário industrial paulistano do início
do século passado, é notável se deparar com as especificidades das
relações trabalhistas ocorridas nessa vila peculiar da zona leste de
São Paulo, que serviu como cenário de transformações sociais, da
memória de momentos históricos do país, como da ditadura Vargas,
por exemplo.
Conclui-se que a preservação de seus imóveis, de seu conjunto
arquitetônico e de sua memória se torna quase que uma obrigação
para a sociedade que hoje vive no local, para o poder público, que
tem o dever de preservar, e para a própria sociedade, que tem ali
uma fonte de inspiração e reflexão sobre seu passado e sua própria
história.

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O caso da Vila Maria Zélia revela que a esfera normativa é


capaz de demonstrar, por meio de leis e resoluções, sua preocupação
com a necessidade de preservar, de guardar e passar adiante. No
entanto, no campo pragmático, tal medida se revela ineficaz quanto
à prática da conservação.
É salutar a união de esforços, do poder público, dos
governantes, legisladores, técnicos, sociedade civil e moradores, a
fim de almejarem um mesmo movimento para que seja alcançada a
meta da restauração e preservação.
No caso específico da Vila Maria Zélia, apenas esforços para
se garantir um respaldo jurídico não representam o bastante para
a defesa do patrimônio histórico. Somente uma ação sociopolítica
mais contundente, inspirada talvez na práxis marxista, seria capaz
de pressionar as esferas governamentais, para fazer valer aquilo
que de direito já foi garantido há mais de 21 anos.

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concedida a Eduardo Rocha.

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