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Aula 18

Economia p/ TCE-SC - Auditor Fiscal de Controle Externo - Cargo 4 - Economia

Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho, Paulo Roberto Nunes Ferreira


Economia p/ TCE-SC
Teoria e exercícios comentados
Profs. Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 18
AULA 18: 4.5 Indicadores do desenvolvimento
econômico e social brasileiro contemporâneo. 4.6
Desigualdades pessoais e espaciais de renda e de
riqueza. 4.7 Perfil demográfico brasileiro. 4.8
Estrutura tributária brasileira. 4.9 O mercado de
trabalho e as condições de emprego e renda.
4.11 A previdência social e suas perspectivas.
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA
Distribuição de renda e indicadores 01
Estrutura Tributária Brasileira 09
Previdência Social e suas perspectivas 25
Perfil Demográfico e Mercado de trabalho 31
Resumão da Aula 50
Exercícios comentados 51
Lista de questões apresentadas na aula 60
Gabarito 64

Olá caros(as) amigos(as),

Depois desse longo curso (a maioria dos nossos cursos tem entre 11
e 14 aulas; este teve 19!), finalmente chegamos a nossa última aula. Já
se considere um vencedor se você chegou até aqui, pois muitos ficaram
pelo caminho.

Bom, hoje, veremos os tópicos restantes do edital que ainda não


foram objeto de ensino. Daremos ênfase à questão da desigualdade, o
sistema tributário no Brasil, a previdência e o mercado de trabalho, que
são os tópicos mais interessantes da aula de hoje.

Mesmo assim, os assuntos da aula não hoje não são exigidos pelo
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Cespe. Para falar a verdade, o Cespe quase não tem questão sobre o
assunto! Quem costuma pedir esse tipo de conteúdo é a ESAF (e mesmo
assim apenas em apenas dois concursos: Analista de Planejamento e
Orçamento e Auditor Fiscal do Trabalho).

Pois bem, mesmo tendo poucas questões disponíveis, o assunto tá


no programa e temos que estudá-lo. A aula é bem pequena e simples.
Divirtam-se!

Vale ressaltar que as tendências aqui analisadas ainda não


incorporam o efeito da crise econômica de 2014 para cá, em virtude da
crise ser um fenômeno recente (apesar de estar sendo muito sentida pela

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Economia) e de ainda não termos análises agregadas sobre esse período
da Economia.

E aí, todos prontos? Então, aos estudos!

1. DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL E INDICADORES SOCIAIS

A distribuição de renda é um importante aspecto do


desenvolvimento econômico de um país. Neste sentido, vale a pena
diferenciar crescimento de desenvolvimento econômico.

Crescimento econômico significa o crescimento da renda ou do PIB


per capita de um determinado país (ou apenas crescimento do PIB). Vê-
se que é um conceito que leva em conta o aspecto quantitativo.

Desenvolvimento econômico, por outro lado, é um conceito mais


amplo, e engloba o de crescimento econômico. Dentro do
desenvolvimento econômico, o importante não é apenas a expansão da
produção ou da renda, mas também a natureza e a qualidade desse
crescimento. Neste sentido, devemos levar em conta a qualidade de vida
da população e, também, a distribuição de renda da sociedade. Afinal,
não adianta a renda de um país crescer, se esta renda adicional não for
repartida de forma a melhorar o padrão de vida da sociedade como um
todo, e não apenas o de algum grupo de indivíduos.

Dentro do estudo da distribuição de renda, é importante falarmos


de alguns indicadores sociais: PIB per capita, IDH, índice de Gini.

1.1. Indicadores

1.1.1. Produto per capita

O produto ou PIB per capita de um país significa a produção (ou


PIB) dividida pelo número de habitantes deste país:
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PIB per capita = produto per capita = renda per capita = PIB/População

Este indicador é mais efetivo para se medir o desenvolvimento


econômico de um país do que o PIB. Por exemplo, se compararmos a
China e a Suíça, será notória a diferença de PIB. No entanto, a renda per
capita da Suíça é muito maior que a da China, indicando que, pelo menos
do ponto de vista da riqueza material, os suíços estão melhores que os
chineses. Ou seja, sob o ponto de vista do PIB per capita, a Suíça é um
país mais desenvolvido que a China, porque a renda média da população
suíça é maior que a chinesa, indicando que os cidadãos suiços têm um
acesso superior a bens e serviços.

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No Brasil, o PIB per capita, em 2013, foi de R$ 24 mil reais (11,7
mil dólares). Esse valor representa um quinto da riqueza dos americanos.
Mesmo assim, podemos dizer que a renda per capita, em termos reais,
vem evoluindo, conforme se enxerga no gráfico abaixo:

Entretanto, devemos notar que o PIB per capita é uma média,


representando a renda média da população. Isso não significa que a
maioria da população tenha a mesma renda, ou o mesmo acesso a bens e
serviços. Há um desvio em torno desta média. Existem pessoas que
ganham mais, e outras que ganham menos. Quanto menor é esse desvio,
melhor será a distribuição de renda.

Esses aspectos são importantes quando se fala em desenvolvimento


econômico. Um país com um bom PIB per capita não terá,
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necessariamente, uma população com bom padrão de vida, pois grande


parte da renda pode estar concentrada nas mãos de poucas pessoas. É o
que acontece, por exemplo, com alguns países produtores de petróleo,
que apresentam bom nível de renda per capita (bem superior à renda per
capita brasileira), mas com ruins condições de vida para a população de
uma forma geral.

1.1.2. IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

Buscando chegar mais próximo de uma medida que realmente


retratasse o desenvolvimento dos países, no que tange às condições de

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vida da população, a ONU criou o IDH, Índice de Desenvolvimento
Humano.

O IDH é um índice que varia entre 0 e 1, e quanto maior o índice,


mais desenvolvido socialmente é o país, e melhores são as condições de
vida de sua população.

Vale ressaltar que este índice funciona mais como um indicador


social do que como um indicador econômico. Assim, o fato de um país ser
mais rico e possuir alta renda per capita não significa obrigatoriamente
que o IDH acompanhará essa riqueza. Conforme veremos a seguir, a
renda per capita é apenas um dos critérios do IDH, mas não é tudo,
indicando, portanto, que ele é um conceito mais amplo. Luxemburgo 1, por
exemplo, possui a maior renda per capita do mundo (aproximadamente
US$ 110 mil dólares por ano). No entanto, em termos de IDH, ele possui
apenas o 21º maior do mundo.

O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é


oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto
Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão
econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a
colaboração do economista indiano Amartya Sem, ganhador do Prêmio
Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral,
sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de
desenvolvimento e não é uma representação da "felicidade" das pessoas,
nem indica "o melhor lugar no mundo para se viver".

Aĺm de computar a renda capita, depois de corrigi-lo pelo poder de


compra da moeda de cada pás, o IDH tamb́m leva em conta dois outros
componentes: a (longevidade) sáde e a educac̃o. Para aferir a
longevidade, o indicador utiliza ńmeros de expectativa de vida ao
nascer. O item educac̃o ́ avaliado pelos anos esperados de escolariade e
pelos anos ḿdios de escolaridade. A renda per capita ́ mensurada pela
RNB2 per capita, em d́lar PPC (paridade do poder de compra, que elimina
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as diferencas de custo de vida entre os páses). Essas três dimens̃es tem


a mesma importância no ́ndice, que varia de zero a um.

Assim, podemos concluir que o IDH é uma média aritmética de três


indicadores:

i. Um indicador de renda da população: a renda ou RNB per


capita;

1
País europeu, localizado ao sul da Bélgica, e que possui apenas 500.000 habitantes.
2
A partir de 2010, utiliza-se a Renda Nacional Bruta per capita, e não mais o Produto Interno Bruto
per capita.

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ii. Um indicador que capta a saúde da população. No caso, é


utilizado um indicador de longevidade, medido pela expectativa de
vida da população;

iii. Um indicador que retrata o ńvel educacional. Neste caso, ́


utilizada uma ḿdia de dois outros indicadores: os anos ḿdios
de estudo (ńmero de anos de educac̃o recebidos pelas pessoas
com mais de 25 anos) e anos esperados de escolaridade
(ńmero de anos que uma crianca espera receber depois que entra
na escola).

O ́ndice ́ calculado a partir de uma ḿdia geoḿtrica destes 03


“sub́ndices”. A partir do IDH, ́ constrúdo um ranking e os ṕises s̃o
divididos em: alto IDH (maior que 0,8), ḿdio (entre 0,5 e 0,8) e baixo
(abaixo de 0,5). Entre 2012 e 2013, utilizando dados revisados de 2013,
o Brasil ocupa a 79ª posic̃o no ranking de páses, com um IDH de 0,744.
O maior IDH do mundo ́ o da Noruega (IDH de 0,944), e o melhor da
Aḿrica do Sul ́ do Chile, com IDH de 0,822.

Esse mesmo indicador pode ser utilizado para comparar as


desigualdades regionais no Brasil. Apresentamos abaixo a reprodução
de algumas partes do relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e
Trabalho Decente - A experiência brasileira recente, lançado por três
agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e
Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento), relatório publicado em 8 de
setembro de 2008.

Nota: apesar de um pouco antigo, o nosso mapa ainda serve para nos dar
uma vis̃o clara das desigualdades reginais no Brasil. O PNUD Brasil est́
produzindo o novo Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, utilizando
os dados do Censo 2010. Enquanto aguardamos o lançamento do mapa
novo, teremos que utilizar o mapa
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que está disponível.

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- Do Norte para o Sul


Os números (e as cores do mapa, de acordo com a legenda) mostram
uma clara divisão do IDH. Estados do Norte e nordeste (piores IDH),
estados do Sul, sudeste e centro-oeste (melhores IDH). O Distrito
Federal, no Centro-oeste, ocupa a primeira colocação com um IDH de
0,874, superior ao de países como a Argentina e Emirados Árabes Unidos.
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- Explicação Geográfica
Essa condição, mostrando um país em que o IDH é menor nas regiões
norte/nordeste e aumenta na direção sudeste/centro-Oeste/sul tem
explicação na geografia econômica do Brasil, onde a produção, atividade
econômica e renda ainda estão muito mais concentrada nestas regiões.

- Maiores IDH’s
Brasília no Centro-oeste ocupa a primeira colocação com um IDH de
0,874, O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina, com 0,840. Em
seguida vem São Paulo, com 0,833, seguido de perto por Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul e Paraná.

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- Menores IDH’s
Alagoas, com 0,677, Maranhão e Piauí são os piores IDHs do Brasil,
comparáveis aos de países mais pobres da América do Sul e Central.

- Lenta Melhora
Entre 1991 e 2005, o IDH de todas as unidades da Federação melhorou. A
região Nordeste, que registra os piores números desde a década passada,
foi a que teve também o maior crescimento do índice: 16,3%. Depois
vêm Sudeste e Centro-Oeste, ambos com 10,9%. O Sul, que mantém os
seus três Estados entre os seis primeiros IDHs também desde a década
passada, foi o que menos evoluiu no indicador: 8,5%. Dos dez Estados
com maior variação no índice, nove são nordestinos. Os de melhoria mais
forte foram Paraíba, Piauí e Bahia.

- Educação - Fator de Evolução do IDH


O vetor da melhoria recente está, segundo o relatório, na educação. Das
três dimensões do IDH (renda, educação e longevidade), o destaque foi a
elevação da instrução. Em todas as unidades da Federação o índice de
educação foi o que mais cresceu entre 1991 e 2005. A evolução do IDH-
Educação - e, de modo menos pronunciado, do IDH-Longevidade -
contribuiu para que diminússe consideravelmente a diferença (…) entre
os níveis de desenvolvimento das regiões brasileiras.

- Deslocamento do Eixo Produtivo


Mesmo que de forma lenta, mas há uma certa desconcentração
geográfica do processo produtivo em curso. Setores como o calçadista, de
automóvel, estão se expandindo tanto da região metropolitana para o
interior quanto do Sul/Sudeste para o Nordeste. Isso leva a aumento de
renda per capita, de exigência por mão-de-obra qualificada (o que influi
na educação) e, consequentemente, a maior atendimento público de
saúde - o que influi na longevidade.

1.1.3. O índice de Gini e a curva de Lorenz


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O índice de Gini é utilizado para se mensurar o grau de


concentração da renda e é calculado por meio da curva de Lorenz.

A curva de Lorenz relaciona a parcela da população (dos mais


pobres para os mais ricos) com a parcela da renda. Por exemplo, na curva
de Lorenz colocada abaixo, no gráfico A.1, o ponto A, indicado pela seta
vermelha, indica que 60% dos mais pobres, para o Brasil em 2009, detêm
22% da renda (o que significa que os 40% mais ricos detêm 78% da
renda). O ponto B indica que 90% dos mais pobres detêm 60% da renda
(o que indica que os 10% mais ricos detêm 40% da renda).

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A reta CD indica uma situação de igualdade perfeita, onde a


distribuição de renda seria totalmente equitativa (por exemplo, 20% dos
mais pobres teriam exatamente 20% da renda; 50% dos mais pobres
teriam 50% da renda, e assim por diante).

O coeficiente de Gini relaciona a área entre a curva de Lorenz e a


reta CD com a área do triângulo abaixo da reta CD. Se a curva de Lorenz
estiver bastante junta da reta CD, indicando que a economia tem uma
distribuição de renda equitativa, o coeficiente de Gini será baixo. Se a
curva de Lorenz estiver bastante afastada da reta CD, indicando que a
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economia tem má distribuição de renda, o coeficiente de Gini será alto.

Podemos concluir que o coeficiente de Gini variará entre 0 (quando


a curva de Lorenz coincidir com a reta CD) e 1 (quando a curva de Lorenz
estiver o mais afastada possível da reta CD). Quanto mais próximo de 0,
melhor é a distribuição de renda. Quanto mais próximo de 1, pior é a
distribuição de renda. Veja que o referencial é oposto ao que é adotado
no IDH. Neste, quanto mais próximo de 1, melhor. No índice de Gini,
quanto mais próximo de 1, pior; e quanto mais próximo de 0, melhor.

O gráfico 1 mostra que o coeficiente de Gini do Brasil vem caindo


nos últimos anos, o que mostra que a distribuição de renda da nossa

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economia vem melhorando e as pessoas mais pobres têm aumentado
suas rendas, diminuindo a distância entre pobres e ricos.

Em 2012, o índice de Gini brasileiro era 0.496. No entanto, em


2013, o índice cresceu para 0,498, mesmo patamar de 2011,
interrompendo uma trajetória de queda desde 2001. Apenas para
comparação, o índice de Gini de países como Suécia, Dinamarca e
Noruega fica abaixo dos 0,250. Na América do Sul, o melhor índice de
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Gini é o do Uruguai, em 0,452 (dados de 2006).

Por fim, vale ressaltar que o índice de Gini mede tão somente a
distribuição da riqueza e não o tamanho desta. Se em um determinado
país todo mundo for pobre, o índice de Gini será mais próximo de 0
(menos desigual), mas o PIB per capita também será mais próximo de 0
(baixa riqueza produzida pelo país).

2. ESTRUTURA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA

2.1 Conceito e princípios de tributação

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"A arte da tributação consiste em depenar o ganso de
modo a se obter a maior quantidade possível de penas com
a menor quantidade possível de grasnidos."
(Jean-Baptiste Colbert, ministro da economia do rei Luís XIV,
França)

Nós, como cidadãos, esperamos que o governo nos proporcione


diversos bens e serviços. Para fornecê-los, o governo precisa de recursos
para atender às necessidades do povo (nós). Esses encargos são
financiados por meio de várias maneiras; seguem alguns exemplos:
emissão de moeda, lançamento de títulos públicos, empréstimos e a
tributação.

A tributação, sem dúvida, é o mais famoso e atuante meio do


governo financiar os seus gastos. Benjamim Franklin, ex-presidente
norte-americano em meados do século XVIII, disse uma frase que ficaria
famosa mundialmente: “neste mundo nada é certo a não ser a morte e os
impostos”.

O mecanismo da tributação intervém diretamente na alocação dos


recursos e na sua distribuição na sociedade. Desta forma, pode, também,
reduzir as desigualdades na riqueza, na renda e no consumo.

O sistema tributário variará de acordo com as peculiaridades


políticas, econômicas e sociais de cada país ou Estado. Mesmo que
tenhamos sistemas diferentes, eles serão com certeza o principal meio de
obtenção de recursos e o principal instrumento para promover ajustes de
natureza social e econômica.

Neste sentido, dado que o governo vai enfiar a mão em bolsos


privados para pagar suas despesas, surgem algumas perguntas sobre a
composição de um sistema tributário adequado. Qual o melhor sistema
tributário para a sociedade? Quais as consequências de determinados
tributos para certas classes da sociedade? Quais são seus efeitos ao nível
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individual e coletivo? As alíquotas dos tributos devem ser as mesmas para


todos os bens e para todos os indivíduos?

De uma forma geral, espera-se que sistema tributário obedeça ao


seguinte:

 Obtenção de receitas para financiar os gastos públicos;


 Os tributos seriam escolhidos de forma a minimizar sua
interferência no sistema de mercado, a fim de não torná-lo (mais)
ineficiente (princípio da neutralidade);
 A distribuição do ônus tributário deve ser equitativa entre os
diversos indivíduos de uma sociedade (equidade);

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 Cada indivíduo deveria ser taxado de acordo com sua habilidade
para pagar (equidade  capacidade de pagamento);
 Os tributos deveriam ser universais, cobrados sem distinção para
indivíduos em situações similares;

Baseado nestas premissas, podemos apresentar os princípios


teóricos da tributação, a saber:

 Princípio da neutralidade

Princípio do benefício
 Princípio da equidade
Princípio da capacidade ou
habilidade de pagamento

2.1.1. Princípio da neutralidade

O princípio da neutralidade diz que os impactos gerados pelo


ônus tributário não devem alterar, ou intervir o mínimo possível, a
alocação de recursos na economia. Como os preços são a melhor
forma de se estabelecer a alocação de recursos em uma economia,
podemos concluir que o impacto da tributação sobre os preços dos bens e
serviços deve ser neutro, ou seja, a relação de preços existente entre os
diversos bens deve-se manter igual. Em outras palavras, e de um modo
mais técnico, o princípio da neutralidade não deve interferir ou distorcer
os preços relativos (preço de um produto em relação aos outros) dos bens
e serviços.

Para clarear o raciocínio, veja o seguinte exemplo: antes da


incidência da tributação, o preço do quilo de picanha custava R$ 30,00 e
o quilo de coxão duro custava R$ 7,50. Com isso, o preço relativo entre
picanha e coxão duro era 0,25 (7,5/30=1/4).
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Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da


tributação sobre a picanha deve ser igual aos outros tipos de carne (o
coxão duro, por exemplo). Imaginemos o caso de um aumento de cerca
de 10% na tributação para todos os bens. O preço do quilo de picanha
passa a custar R$ 33, e o quilo de coxão duro, R$ 8,25. Veja que foi
obedecido o princípio da neutralidade, pois o preço relativo dos bens não
foi distorcido, continuou com o mesmo valor de 0,25 (8,25/33=1/4).

Se o governo, por outro lado, decidisse não tributar a picanha para


tornar o seu consumo mais acessível às classes mais pobres e, ao mesmo
tempo, tributar o coxão duro nos mesmos 10%, haveria mudança nos
preços relativos. A picanha continuaria custando R$ 30,00 o quilo,
enquanto o coxão duro custaria R$ 8,25. O preço relativo seria 0,275. Ou

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seja, a tributação, neste caso, interveio na alocação de recursos, de tal
forma que não podemos dizer que, nesta última situação, o objetivo da
neutralidade foi atendido.

Assim, pelo exposto, percebemos que, quando a tributação deixa de


ser neutra, haverá mudança na alocação existente. Se esta alocação
preexistente significar um equilíbrio em um mercado competitivo, ela será
um ótimo de Pareto3 (eficiente economicamente). Ao tributar e mudar a
alocação eficiente preexistente, o (possível) não atendimento à
neutralidade pode tornar o mercado (mais) ineficiente. É por isso que o
princípio da neutralidade está intimamente ligado ao conceito de eficiência
econômica (ótimo de Pareto).

O último parágrafo pode ser mais bem esclarecido. Pense no


seguinte: imagine que a economia está equilibrada em um ótimo de
Pareto (equilíbrio competitivo  maximização de excedentes) e a
produção seja tributada com um imposto que não seja neutro. O que
acontecerá? Como a economia estava operando em níveis ótimos de
eficiência, será provável que este imposto, que não é neutro, piore os
níveis de eficiência da economia (ou seja, cause peso morto), pois ele
alterará a alocação preexistente, que era eficiente.

Por outro lado, imagine que a economia não esteja em níveis ótimos
de eficiência, em raz̃o de alguma falha de mercado (algum “defeito” no
funcionamento do mercado). Diante disso, o governo, a fim de corrigir
essa falha de mercado, pode decidir impor um tributo específico a fim de
corrigir a distorção existente. Veja que esse tributo, apesar de não ser
neutro, pode melhorar a eficiência econômica, tendo em vista que ele visa
à redução de uma falha de mercado.

Lump-sum X Excise tax

Lump-sum tax (ou tributo por montante único) é uma obrigação


tributária de montante fixo, um tipo de imposto em que cada indivíduo
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paga um valor fixo, independentemente do montante da sua renda e do


seu consumo. Por exemplo, se o governo decidir cobrar R$ 50,00 por
mês de cada indivíduo, isto configura um lump sum tax.

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O ótimo de Pareto é uma
Geralmente, definimos tal situação como sendo a hipótese em que o mercado competitivo está em
equilíbrio (curva de demanda intercepta a curva de oferta). Nesta situação, os excedentes dos
consumidores e produtores são maximizados e não temos peso morto. Daí, dizemos que há
eficiência econômica (ou eficiência de Pareto).

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Do ponto de vista da eficiência econômica (sem levar em conta


considerações de equidade4), o lump-sum tax é um tipo de imposto
“ideal”. Como ele ́ um valor fixo cobrado de todos os cidad̃os, ele ño
interfere na eficiência econômica das trocas, pois todos estão pagando o
mesmo valor para o governo e têm suas rendas reduzidas no mesmo
montante. Isto fará com que o comportamento de todos não seja
alterado, e o equilíbrio (preços e quantidades) não seja alterado.

Portanto, guarde o seguinte, em relação ao imposto lump-sum tax: o


equilíbrio do mercado (como um todo, incluindo preço e
quantidade de equilíbrio) não será alterado.

Observe que, se a economia está em um ótimo de Pareto, e é cobrado


um imposto do tipo lump-sum, a eficiência econômica não será
prejudicada. Por isso, o lump-sum tax é considerado um imposto neutro
(imposto eficiente).

Um excise tax é uma sobretaxa tributária que é acrescentada ao preço


de cada unidade de um produto. Segundo a doutrina, um excise tax
geralmente tem a peculiaridade de ser aplicado sobre uma pequena
parcela de produtos, e de também possuir alíquotas um pouco mais
elevadas. Alguns produtos, por serem supérfluos ou nocivos à saúde,
sofrem a incidência do excise tax: gasolina, álcool e tabaco, por exemplo.

Imagine que o governo queira levantar uma determinada receita


tributária e, para isso, ele tenha que escolher um lump-sum ou um
excise tax. Do ponto de vista do contribuinte, qual será a melhor
opção?

O lump-sum tax altera o orçamento disponível (renda) para o


consumidor, reduzindo-o. O excise tax não interfere no orçamento

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4
Quando falamos que um imposto é eficiente do ponto de vista econômico, isto significa que
estamos falando somente da eficiência econômica e isso não guarda qualquer relação com
equidade. Assim, podemos ter um tributo eficiente, mas que seja concentrador de renda (ou seja,
é eficiente, mas não é equitativo). Por outro lado, podemos ter um imposto que melhore a
distribuição de renda (obedeça a objetivos de melhorar a equidade), mas que não seja eficiente do
ponto de vista econômico.
Pense em um bolo. O tamanho do bolo é relacionado à eficiência econômica. A repartição das suas
fatias é relacionada à equidade. Assim, se o governo prioriza a eficiência econômica, na verdade,
ele está priorizando o tamanho do bolo. Por outro lado, se ele prioriza a repartição das fatias, ele
À
do bolo. Repartir o bolo e entregar a fatia para muito mais pessoas pode provocar desperdícios, o
que seria a nossa perda de eficiência. Por isso, às vezes, é dito que há um trade-off (dilema) entre
eficiência e equidade. Ou seja, priorizar a eficiência significa abrir mão de um pouco de equidade,
ou o contrário, priorizar equidade significa abrir mão de um pouco de eficiência.

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disponível, mas interfere na relação entre os preços dos bens. Ou seja, o
excise tax aumenta para o consumidor o custo de oportunidade do bem
que está sendo taxado.

Não será demonstrado aqui todo o processo de ajustamento e as


implicações sobre a escolha ótima do consumidor envolvendo a linha do
orçamento, curvas de indiferença e efeitos renda/substituição. Mas o
mais relevante é que, supondo que o consumidor adquira alguma
quantidade positiva do bem que é tributado pelo excise tax e sua
estrutura de preferências seja formada por curvas de indiferença bem-
comportadas, e, dada uma escolha entre um lump-sum e um excise
tax que proporcione a mesma receita tributária, o consumidor
preferirá o lump-sum. Em outras palavras, um lump-sum é a forma
preferível de tributação, pois é mais eficiente.

No caso do excise tax, o governo se afasta de seus objetivos de eficiência


econômica, tendo em vista que seu principal objetivo é taxar de forma
mais elevada alguns tipos de produtos (supérfluos ou nocivos à saúde).

Ressaltamos que essa escolha do imposto do tipo lump-sum depende dos


pressupostos de que as preferências do consumidor sejam representadas
por curvas de indiferença bem-comportadas e o consumo do bem
tributado pelo excise tax seja positivo. Para exemplificar, seguem dois
casos em que estes pressupostos não são obedecidos e, por conseguinte,
o lump-sum tax não é a melhor escolha:

Primeiro, imagine a escolha entre um lump-sum e um excise tax sobre


cigarros que arrecadem a mesma receita tributária, numa região onde
metade dos contribuintes seja fumante e a outra metade seja não
fumante. As pessoas que fumam (consumo positivo de cigarros)
preferirão o lump-sum, enquanto os não fumantes (não adquirem
qualquer quantidade de cigarros) preferirão o excise tax. Ou seja, se o
consumidor não adquire qualquer quantidade do bem que será
tributado, ele preferirá o excise tax. A explicação é óbvia: se o
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governo aplica um excise tax sobre um bem que ele não consome, ele
não será prejudicado de nenhuma forma, ao passo que, na adoção de um
lump-sum, ele terá que pagar alguma quantia ao governo. Ou seja, entre
pagar uma quantia fixa, e não pagar nada, é melhor não pagar nada!

Segundo, imagine que a estrutura de preferências de um consumidor


seja representada por curvas de indiferença “quebradas”. Isso
acontecerá, por exemplo, se os bens consumidos forem complementares
(curvas de indiferença em “L”). Neste caso, em que temos curvas de
indiferença “quebradas”, o consumidor é indiferente entre um
imposto lump-sum e um excise tax.

Então, você dever guardar o seguinte. Do ponto de vista da eficiência

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econômica (sem levar em conta considerações de equidade), o lump-sum
tax ́ um tipo de imposto “ideal”, que ño interfere no equilíbrio do
mercado. Portanto, ele é um imposto neutro (imposto eficiente).

Veja que o fato de os mais pobres serem mais prejudicados (pois estarão
pagando o mesmo valor de imposto que os ricos) é indiferente na
consideração da eficiência econômica do lump-sum. Mais uma vez,
vemos que a eficiência não leva em conta aspectos distributivos, ok?!

Um exemplo de tentativa de implantação deste imposto aconteceu na


Inglaterra no final do governo da “dama de ferro”, a primeira-ministra
Margaret Tatcher. No final da década de oitenta, seu governo tentou
implementar um imposto lump-sum que, no entanto, acabou causando
grande insatisfação popular (e forte oposição no partido), de tal forma
que teve sua implementação cancelada. A insatisfação ocorreu
justamente porque os pobres teriam que pagar fatias percentuais
maiores de suas rendas, quando comparadas com os ricos.

2.2. Princípio da equidade

O princípio da equidade tem por objetivo a garantia de uma


distribuição equitativa do ônus tributário pelos indivíduos, de uma forma
“justa”. Existem duas abordagens ou prinćpios a fim de definir qual a
parcela justa de imposto que cada indivíduo deve pagar:

 Princípio da capacidade contributiva: a repartição tributária


deveria ser baseada na capacidade individual de contribuição.

 Princípio do benefício: o ônus tributário deveria ser repartido


entre os indivíduos de acordo com o benefício que cada um recebe
em relação aos bens e serviços prestados pelo governo.
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A partir de agora, vejamos cada uma deles:

2.1.2.1. Princípio da capacidade contributiva

Também chamado de princípio da capacidade de pagamento ou,


ainda, princípio da habilidade de pagamento, ele nos afirma que os
impostos devem ser cobrados das pessoas de acordo com a capacidade
que elas têm de suportar o encargo.

Esse princípio é justificado pelo argumento de que todos os


cidadãos devem fazer o mesmo sacrifício para sustentar o governo. Isso
significa que R$ 100,00 é mais importante para um indivíduo pobre do

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que para um rico. Dado esse fato, se um indivíduo pobre e um rico pagam
um mesmo montante de tributos, eles não fizeram o mesmo sacrifício.
Devido à sua capacidade de pagamento inferior, o indivíduo pobre teve
um sacrifício superior ao do rico.

Para evitar esse tipo de injustiça, utilizamos dois mecanismos de


tributação que têm por objetivo igualar o sacrifício dos cidadãos: a
equidade horizontal e a equidade vertical.

A equidade horizontal significa que os indivíduos com iguais


capacidades devem pagar o mesmo montante de tributos. Sua
implementação é relativamente fácil, já que as pessoas com o mesmo
nível de renda (mesma capacidade de pagamento) devem, em princípio,
dar igual contribuição tributária.

A equidade vertical significa que indivíduos com diferentes


habilidades devem pagar tributos em montantes diferenciados. Quem
pode pagar mais, de fato, deve pagar mais. É o tratamento desigual para
desiguais. Vale destacar que esses montantes a que nos referimos são em
valores percentuais. Por exemplo, um sujeito que ganha R$ 1.000,00
deve pagar uma parte menor de sua renda que outro sujeito que ganha
R$ 7.500,00. Se o primeiro paga R$ 200,00 de impostos (20% de sua
renda) e o segundo paga R$ 1.500,00 (20% da renda), não estaremos
obedecendo à equidade vertical, mas, sim, à equidade horizontal, pois os
dois sujeitos estarão pagando o mesmo montante (mesmo percentual de
suas rendas). Assim, para que a equidade vertical seja obedecida, quem
ganha mais, deve contribuir com um percentual maior de sua renda.

2.1.2.2. Princípio do benefício

Este princípio afirma que as pessoas devem pagar impostos com


base nos benefícios que obtêm dos serviços do governo. Quanto maior o
benefício auferido, maior deve ser a contribuição e vice-versa.
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Algumas pessoas argumentam que esse princípio é mais justo


porque evita a situação na qual um indivíduo paga indiretamente pelo
benefício de outra pessoa. Outras pessoas argumentam que esse princípio
é mais eficiente porque ele se alinha perfeitamente com o sistema de
mercado livre, onde cada indivíduo paga de acordo com os benefícios que
recebe ao adquirir determinados bens e serviços.

Baseado nestes argumentos, temos que, quanto maior é o


benefício, maior é o nível de consumo e, por conseguinte, maior é o preço
a ser pago pelos benefícios. Ainda nesta forma de análise, argumenta-se
que, se o pagamento dos tributos não é feito com base no princípio do
benefício, o resultado inequivocamente é o desperdício, porque há um

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estímulo velado à superutilização dos serviços, levando à ineficiência e/ou
desperdício.

Por outro lado, a aplicação do princípio do benefício revela duas


dificuldades intransponíveis. Em primeiro lugar, é difícil estabelecer qual é
o benefício de cada indivíduo na fruição de bens e serviços públicos. Por
exemplo, quanto de segurança nacional cada indivíduo usufrui? Difícil
responder, não!? Quanto cada cidadão paulistano usufrui do Parque do
Ibirapuera, ou quanto cada cidadão carioca usufrui das praias, ou, ainda,
quanto cada cidadão brasiliense usufrui do Parque da Cidade? São
perguntas (quase) impossíveis de se responder, de modo que se torna
inviável a aplicação prática do princípio do benefício.

Em segundo lugar, outra dificuldade para a aplicação deste princípio


surge no momento em que se procura mensurar o benefício individual
para que, de acordo com ele, se estabeleça um valor a ser pago. Pelos
exemplos do parágrafo anterior, vê-se que não há mecanismos eficientes
para medir o benefício que cada cidadão tem ao usufruir os bens e
serviços públicos. Mesmo que houvesse meios de mensurar esse
benefício, haveria ainda a dificuldade de estabelecer o quantum deveria
ser cobrado de cada um.

Assim, fica claro que o mecanismo da tributação baseado apenas no


princípio do benefício seria de dificílima implantação. Logo, a alternativa
de se estabelecer um sistema de tributação adequado mostra a
necessidade de se buscar outro mecanismo que, associado ao princípio do
benefício, torne a estrutura de tributação menos ineficiente e mais justa
e, ao mesmo tempo, viável do ponto de vista prático.

2.2. TIPOS DE IMPOSTOS

Neste tópico, nós veremos diversas classificações dos impostos, que


são cobradas em concursos.
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2.2.1. Ingressos públicos: receitas originárias e derivadas

Com o objetivo de atender às necessidades públicas, o Estado


possui meios de financiar suas atividades por intermédio dos ingressos
públicos. Eles são considerados todas as entradas de bens ou direitos, em
um certo período de tempo, que o Estado utiliza para financiar seus
gastos, podendo ou não se incorporar ao seu patrimônio.

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Quanto à forma de ingresso ou natureza, a receita pode ser
orçamentária5 ou extraorçamentária6. Para nós, o que interessa é a
receita orçamentária (ou receita pública).

Segundo o MTO (Manual Técnico do Orçamento), as receitas


públicas podem ser classificadas em vários critérios:

1. natureza;
2. indicador de resultado primário; e
3. fonte/destinação de recursos.

Apesar da classificação do MTO, existe ainda a classificação da


doutrina, no que tange ao critério da procedência7. Essa classificação
possui uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada
como classificador oficial da receita pelo poder público.

Receitas públicas originárias, segundo a doutrina, são as


arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pela
Administração Pública. Resultam, principalmente, de rendas do patrimônio
mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de preços públicos
(ou tarifas), de prestação de serviços comerciais e de venda de produtos
industriais ou agropecuários.

Assim, quando o Estado aluga um imóvel a terceiros ou quando


recebe dividendos de empresas em que tem participação acionária, tais
recursos são receitas originárias.

Receitas públicas derivadas, por outro lado, são as obtidas pelo


poder público por meio da soberania estatal, por meio da coercitividade.
Decorrem de norma constitucional ou legal e, por isso, são auferidas de
forma impositiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de
contribuições especiais.

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5
Para o Manual Técnico do Orçamento (MTO), a receita orçamentária é fonte de recursos utilizada
pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades públicas e
demandas da sociedade.
6
Receitas extra-orçamentárias são aquelas que não fazem parte do orçamento público. Como
exemplos temos as cauções, fianças, depósitos para garantia, consignações em folha de pagamento,
retenções na fonte, salários não reclamados, operações de crédito a curto prazo e outras operações
assemelhadas. Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua realização não se
vincula à execução do orçamento. Tais receitas também não constituem renda para o Estado, uma
vez que este é apenas depositário de tais valores. Contudo tais receitas somam-se às
disponibilidades financeiras do Estado, porém têm em contrapartida um passivo exigível que será
resgatado quando da realização da correspondente despesa extra-orçamentária.
7
Alguns falam também em critério da coercibilidade.

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Veja, então, que a maior parte dos recursos (tributos) que o Estado
aufere é enquadrada como receita derivada.

2.2.2. Impostos diretos e indiretos

A diferença básica entre esses tributos está na incidência. Enquanto


os tributos diretos incidem sobre a renda e riqueza (patrimônio) das
pessoas, os tributos indiretos são aqueles que incidem sobre as
mercadorias e serviços adquiridos pela sociedade. Nesse sentido,
podemos também conceituar o primeiro como sendo aquele que incide
sobre as pessoas, enquanto o segundo incide sobre a produção.

Como exemplo de impostos diretos, temos o IR (Imposto de


Renda), incidente sobre a renda das pessoas; o SIMPLES (imposto sobre
o lucro das micro e pequenas empresas e empresas de pequeno porte),
incidente sobre a renda das pessoas jurídicas; o IPVA (Imposto sobre a
propriedade de veículos automotores), incidente sobre o patrimônio; o
IPTU (Imposto predial e territorial urbano), incidente sobre o patrimônio;
o ITR (Imposto territorial rural), incidente sobre o patrimônio; etc.

Como exemplo de impostos indiretos, temos o ICMS (Imposto sobre


circulação de mercadorias e serviços), o IPI (Imposto sobre produtos
industrializados), o ISS (Imposto sobre serviços), etc.

2.2.3. Impostos específicos e ad valorem

Dentro dos impostos indiretos, nós podemos ainda ter os impostos


específicos e os ad valorem.

Imposto específico ou ad rem é aquele cobrado com base em um


valor único, dependente da quantidade transacionada da mercadoria. Por
exemplo, imagine um imposto de R$ 1,00 por cada lata de cerveja
produzida. É um tipo de imposto específico pois é um valor único e não
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depende do valor pelo qual a lata foi vendida, mas apenas do número de
latas vendidas.

Imposto ad valorem é aquele cobrado com base em uma alíquota


que incide sobre o valor da transação. É o tipo mais comum. Por exemplo,
imagine uma venda de um bem que custe R$ 100 e a alíquota do imposto
seja 10%. O valor do imposto será R$ 10. Se o mesmo bem for vendido
em outro lugar por R$ 200, o valor do imposto será R$ 20. Diferente,
portanto, do imposto específico que tem um valor único por unidade
transacionada.

Ainda em relação ao imposto ad valorem, podemos ter dois tipos:


os cobrados por fora ou por dentro.

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O imposto ad valorem cobrado por fora incide sobre o valor da


mercadoria, de modo que o imposto é uma porcentagem sobre o preço de
venda, onde ainda não está incluso o imposto. Exemplo: se um bem custa
R$ 100,00 (preço de venda) e o imposto por fora equivale a 10%, o preço
de nota fiscal do bem (aquele que o consumidor pagará) será R$ 110. O
IPI é um exemplo de imposto ad valorem cobrado por fora.

O imposto ad valorem cobrado por dentro incide sobre o preço de


venda, de modo que o valor do imposto é uma porcentagem sobre o
preço de venda, onde já está incluso o imposto. Exemplo: se um bem
custa R$ 100 (preço de venda) e o imposto por dentro equivale a 10%, o
preço de nota fiscal do bem será R$ 100 e o valor do imposto será R$ 10.
Ou seja, o preço líquido da mercadoria (preço de venda do bem menos o
imposto) será R$ 90. O ICMS é um exemplo de imposto ad valorem
cobrado por dentro.

Uma pergunta pertinente seria: qual destes impostos ad valorem é


mais oneroso para o contribuinte, o por fora ou o por dentro? Certamente
o imposto ad valorem cobrado por dentro é mais oneroso. Veja os
exemplos que foram citados acima. No caso do imposto por fora, o preço
líquido da mercadoria equivale a R$ 100 enquanto o imposto equivale a
R$ 10, ou seja, a tributação foi de 10% sobre o preço líquido da
mercadoria. No caso do imposto por dentro, o preço líquido da mercadoria
equivale a R$ 90 enquanto o imposto equivale R$ 10, ou seja, a
tributação foi de 11,11% (10/90) sobre o preço líquido da mercadoria.

2.2.4. Impostos proporcionais, progressivos e regressivos

2.2.4.1. Impostos proporcionais

Neste sistema, aplica-se a mesma alíquota de imposto para os


diferentes níveis de renda. Este tipo de tributo coaduna-se com a
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equidade horizontal, em que indivíduos com capacidades iguais de


pagar, pagam o mesmo montante percentual de suas rendas.

Veja como exemplo a tabela abaixo:

Classes Alíquota Valor do % de imposto % de renda


Renda
de renda % imposto sobre a renda após o imposto
A 1.000 10 100 10 90
B 2.000 10 200 10 90
C 3.000 10 300 10 90
D 4.000 10 400 10 90

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Veja que todos pagam impostos nos mesmos montantes
percentuais de suas rendas. A partir deste quadro, concluímos que o
sistema proporcional não tem nenhum impacto sobre a redistribuição da
renda na sociedade.

2.2.4.2. Impostos progressivos

Por meio desse sistema, aplicam-se maiores percentuais de


impostos para as classes de renda mais alta. Este tipo de tributo
coaduna-se diretamente com a equidade vertical, em que indivíduos
com capacidades desiguais para pagar, pagam montantes percentuais
desiguais de suas rendas. No entanto, se considerarmos que indivíduos
rendas iguais também pagarão percentuais iguais de suas rendas, então,
podemos afirmar que o imposto progressivo também se coaduna
com a equidade horizontal.

Veja como exemplo a tabela abaixo:

% de % de
Classes
Alíquota imposto renda após
de Renda Valor do imposto
% sobre a o imposto
renda
renda
Até R$
A 10 100 10 90
1.000
Até R$
B 20 100+200 15 85
2.000
Até R$
C 30 100+200+300 20 80
3.000
Mais
D que R$ 40 100+200+300+400 25 75
3.000

Nota  o sujeito que ganha R$ 4.000,00 não pagará a alíquota de 40%


sobre todo o montante de sua renda. Ele pagará 10% sobre os valores
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que se encontram na faixa de renda entre R$ 0 e R$ 1000; 20% sobre os


valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 1.000 e R$ 2.000;
30% sobre os valores que se encontram na faixa de renda entre R$ 2.000
e R$ 3.000; e 40% sobre os valores que se encontram na faixa de renda
acima de R$ 3.000.

Observe que aqueles mais ricos pagam percentuais maiores de suas


rendas. Após o imposto, o percentual que sobra de suas rendas é menor
que o percentual das classes pobres aṕs a “mordida” do imposto. Assim,
concluímos que o imposto progressivo é um sistema de tributação em que
há impacto sobre a redistribuição de renda da sociedade, contribuindo
para menores desigualdades na sua distribuição.

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No Brasil, temos como exemplo de impostos progressivos o IR
(Imposto de Renda), em que há uma faixa de renda em que não se paga
qualquer imposto e, por outro lado, há um faixa em que se paga até
27,5% sobre a renda. Outro exemplo é o IPTU em que, quanto maior o
valor venal (de venda) do imóvel, maior é a alíquota do imposto a pagar.
No município de São Paulo, por exemplo, dependendo do valor do imóvel
residencial, temos alíquotas que vão desde a isenção total (0%) até 1,5%
do valor venal.

A magnitude das alterações na distribuição da renda após o imposto


dependerá da diferenciação das alíquotas para as diversas classes de
renda. Quanto maior a diferenciação, ou seja, quanto maior o intervalo de
uma alíquota para outra, maior será o impacto sobre a distribuição da
renda.

2.2.4.3. Impostos regressivos

Esse sistema tributa de forma mais aguda as classes mais pobres,


fazendo com que elas suportem uma carga tributária maior. Nesse caso,
quanto menor o nível de renda, maior é o percentual de imposto a ser
pago pelo indivíduo.

No sistema tributário brasileiro, é admitido que os impostos


indiretos (incidentes sobre a produção) são regressivos. Por exemplo,
imagine uma pessoa com renda de R$ 1.000 que decida comprar um
televisor de LCD com o valor de nota fiscal de R$ 1.500. O ICMS e IPI da
televisão somados valem, digamos, R$ 300,00. Ao comprar a TV, este
indivíduo pagará, em impostos indiretos (ICMS e IPI), o equivalente a
30% de sua renda. Agora, imagine alguém com renda de R$ 6.000 decida
comprar a mesma TV. Ao pagar os mesmos R$ 300,00 em impostos, este
último indivíduo estará perdendo apenas 5% de sua renda.

Assim, percebe-se que os impostos indiretos, no sistema tributário


brasileiro, são regressivos e pioram a distribuição de renda.
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2.3. A TRIBUTAÇÃO DO CONSUMO NO BRASIL: Impostos


cumulativos e não cumulativos

Impostos cumulativos são aqueles que incidem sobre todas as


etapas da produção. Também são chamados de impostos em cascata,
justamente por incidirem sobre todas as etapas produtivas, assim como
uma cascata vem incidindo sobre tudo que está abaixo dela. A antiga
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) é um
exemplo típico. Qualquer transferência financeira, excetuadas raras
exceções, era tributada.

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Impostos não cumulativos são aqueles que incidem apenas sobre o
valor adicionado em cada etapa de produção. Por exemplo, imagine uma
fazenda que produziu trigo no valor de R$ 1,00 o quilo. Haverá tributação
em cima deste valor de R$ 1,00/kg. Se uma indústria comprar o trigo e
produzir farinha de trigo no valor de R$ 3,50/kg e o tributo for não
cumulativo, é permitido que se deduza o que foi pago na etapa anterior
de produção. Assim, é permitido compensar o imposto que foi pago sobre
a base de cálculo de R$ 1,00 (produção do trigo). Na prática, então, será
cobrado imposto somente sobre o valor que foi adicionado, ou seja, sobre
R$ 2,50 (3,50 – 1,00). Se o imposto fosse cumulativo, haveria tributação
sobre o valor cheio nos dois casos (sobre R$ 1,00 na primeira etapa e
sobre R$ 3,50 na segunda etapa). Pelo fato de o imposto não cumulativo
incidir somente sobre o valor adicionado, ele também é denominado de
IVA (Imposto sobre o Valor Adicionado).

2.3.1. Impostos cumulativos (em cascata)

O imposto cumulativo (ou em cascata) aplica-se ao faturamento ou


ao montante que é vendido. Ele incide, portanto, sobre todos os estágios
do processo produtivo.

Uma medida da ineficiência econômica deste tipo de tributo repousa


na mudança de comportamento a que ele conduz os agentes econômicos.
Ele faz com que os vendedores verticalizem a produção. Pense, por
exemplo, na produção de um produto que envolve muitas etapas
produtivas. Um computador, por exemplo, começa a ser fabricado quando
as mineradoras extraem a matéria-prima (cobre, alumínio, etc). Depois,
outros componentes são produzidos por outras empresas (fios, plástico,
componentes eletrônicos, etc). Depois disso, a firma monta o computador
e o vende ao comércio. Este, por sua vez, vende o computador ao
consumidor final. Veja que ocorrem várias etapas. Se o imposto é
cumulativo, todas elas serão tributadas, de tal maneira que o preço do
produto será excessivamente apenado pelo imposto.
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Neste caso, vale a pena todas essas empresas que participam desse
processo se juntarem (isto significa “verticalizar” a produç̃o), de tal
modo a reduzir as etapas de produção a um pequeno número, e fazer
com que a tributação seja reduzida ao menor número de vezes possível.
Assim, percebe-se que a adoção de impostos cumulativos faz com que os
agentes mudem de comportamento na tentativa de “fugir” do imposto.
Essa mudança de comportamento gerada pelo imposto em cascata
representa a sua ineficiência econômica.

Desta forma, concluímos que o imposto cumulativo é um


imposto altamente ineficiente do ponto de vista econômico.

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A verticalização faz com que um número menor de empresas
produza em maior quantidade, o que nos levar a concluir que a
cumulatividade do imposto também reduz o grau de concorrência8
da economia.

2.3.2. O imposto sobre o valor agregado9 (IVA)

Teoricamente, um imposto sobre o valor adicionado na venda de


bens de consumo seria equivalente a um imposto sobre vendas somente
ao consumidor final, tendo em vista a igualdade contábil entre a soma
dos valores adicionados e o valor do produto final. No exemplo que foi
dado no início do tópico 3, os valores adicionados são R$ 1,00 e R$ 2,50;
e o valor do bem vendido ao consumidor final é R$ 3,50. Um imposto em
cascata seria inferior a ambas as alternativas (seria cobrado sobre os
valores de R$ 1,00 e R$ 3,50), uma vez que discriminaria contra produtos
que apresentassem um número maior de etapas de produção e
comercialização, incentivando a integração vertical das empresas e
reduzindo o grau de concorrência.

No imposto cumulativo, conforme vimos no tópico precedente, há


incentivo para que várias empresas se integrem, de forma que todas as
etapas de produção sejam tributadas somente uma vez. Explicando mais
uma vez, desta vez por meio de outra situação:

Imagine a produção de pão. Caso tenhamos a tributação


cumulativa, haverá tributação cheia em todas as etapas de produção
(produção do trigo, da farinha de trigo e do pão). Assim, naturalmente,
há um forte estímulo para que as empresas das diversas etapas de
produção (fazenda produtora do trigo, indústria produtora da farinha de
trigo, padaria produtora do pão) se integrem e formem uma só, de tal
maneira que somente o pão, ao final, será tributado. Por outro lado,
quando a tributação é não cumulativa, não há estímulo a essa integração
vertical, pois a tributação ocorre somente sobre o valor adicionado, pois é
possível utilizar como crédito fiscal o que foi pago na etapa anterior da
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produção.

Pelo fato de não estimular a mudança de comportamento dos


agentes, e nem prejudicar a concorrência de mercado (já que não há
estímulos à integração vertical), nós podemos entender que o IVA é um
imposto mais eficiente economicamente do que o imposto em cascata.
Assim, se o governo pretende tributar o consumo e se preocupa com
questões de eficiência econômica, a solução do IVA é preferível à solução
do imposto cumulativo. Por isso, em razão do IVA distorcer menos as

8
Essa redução da concorrência também é um parâmetro que nos mostra a ineficiência econômica
deste imposto.
9
Também pode ser chamado de imposto sobre o valor adicionado .

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decisões dos agentes (não estimular a integração vertical e incidir
somente sobre o valor adicionado), ele é mais neutro que o imposto
cumulativo.

Em relação à fiscalização dos impostos cumulativos e do IVA, neste


último, ela torna-se mais transparente. Como é possível o abatimento do
que foi pago nas etapas anteriores da produção por meio do crédito fiscal,
fica exposta uma espécie de trilha de auditoria. Assim, a sonegação é
desincentivada, pois ela só não será detectada se houver sonegação em
todas as etapas da produção. Muitos tributaristas dizem até que o IVA
(imposto não cumulativo) é um tributo autofiscalizador, devido a este
rastro que ele deixa nas várias etapas da produção.

3. A PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS PERSPECTIVAS

Um dos temas mais comentados em relação às contas públicas é o


déficit existente em nosso sistema de previdência. Isto é, o valor
arrecadado com as contribuições é insuficiente para pagar os benefícios
dos segurados. Em suma, duas são as causas deste déficit: crescimento
da despesa e fraco desempenho da receita.

A Constituição Federal de 1988 concedeu regras bastante generosas


de aposentadoria, sem se preocupar com o custeio de tais regras. À
época, os políticos da Assembleia Nacional Constituinte, responsáveis pela
elaboração da CF/88, tiveram uma preocupação bem maior em assegurar
o acesso de diferentes grupos e categorias aos recursos transferidos pelo
governo, do que de viabilizar as fontes de financiamento que permitissem
atingir esse objetivo.

Em resumo, as seguintes mudanças trazidas pela CF/88 impactaram


negativamente as contas da previdência:

 Definição de um salário mínimo para todos os benefícios (antes, o


piso do meio rural era apenas meio salário mínimo);
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 Correção de todos os salários de contribuição para cômputo do


salário mínimo;
 Extensão da aposentaria proporcional para as mulheres;
 Redução de cinco anos da idade para a concessão de aposentadoria
por velhice aos trabalhadores rurais.

Em que pese a justiça e o mérito das medidas, a ampliação dos


direitos não foi acompanhada de um esforço de aumento da receita,
prejudicando o equilíbrio financeiro do sistema.

Agora vamos falar das reformas ocorridas (no governo FHC e no


governo Lula) no sistema previdenciário. Comecemos pelo governo FHC.

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Em 1998, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 20. Seus pontos
mais relevantes foram:

 No caso dos servidores públicos, a adoção de uma idade mínima


para os novos entrantes se aposentarem (60 anos para os
homens, e 55 anos para as mulheres). Tal regra, no entanto, só
seria válida para quem aposentasse décadas mais tarde (ou seja,
no curto prazo, a medida ainda não teria efeito).

 Ainda no caso dos servidores públicos, a imposição de um pedágio


na forma 20% de acréscimo ao tempo remanescente para o
indivíduo ganhar o direito de se aposentar por tempo de
contribuição.

 Desconstitucionalização da regra de cálculo da aposentadoria pelo


INSS, que passaria a ser objeto de lei, e não mais matéria
constitucional.

 Adoção (em momento posterior) da lei do fator previdenciário.

Anos mais tarde, houve ainda outras mudanças no governo Lula. Os


pontos principais da Emenda Constitucional nº 41 foram:

 Adoção de regras mais rigorosas para a concessão de aposentadoria


integral aos servidores públicos, envolvendo a exigência de um
maior número de anos no cargo;

 Antecipação da vigência da idade mínima prevista na reforma


do governo anterior de 60 anos para os homens e 55 anos para as
mulheres para ser válida imediatamente para todos os servidores
públicos e não apenas para os novos entrantes;

 Taxação dos servidores públicos inativos em 11% da parcela do


salário que excedesse o teto contributivo do INSS;
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 Aumento do teto contributivo do INSS existente na época para um


novo valor cerca 30% maior que o valor anterior.

No primeiro mandato do governo Dilma, tivemos apenas a aprovação


da Previdência Complementar dos Servidores Públicos. A aposentadoria
dos servidores fica restrita ao teto do Regime Geral de Previdência Social.
Se o servidor quiser receber mais do que isso, poderá contribuir para um
Fundo de Previdência.

Bom, apesar das sucessivas reformas que vimos sobre a


previdência, os esforços para alcançar os objetivos de equilíbrio atuarial e
financeiro da previdência social são frustrantes. Apesar da previdência

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possuir um aspecto social e outro fiscal, esses aspectos não podem ser
tratados de forma diferente, já que o gasto com a previdência é enorme
no Brasil.

Para vocês terem uma ideia, de toda a despesa de custeio do


Governo (GND 3), aproximadamente 52,74% é apenas de previdência
(somados os regimes próprio e geral). Se adicionarmos a esse montante
a assistência social, o percentual chega a 62,18%. Ou seja, dá pra
perceber porque é difícil cortar despesas de custeio no Brasil: grande
parte da despesa de custeio vem da previdência/assistência, que uma
despesa obrigatória.

O Tribunal de Contas da União, anualmente, faz uma análise


detalhada de todas as funções governamentais. Na função previdência,
tem mais de décadas que o Tribunal já vem alertando para os sucessivos
déficits apresentados no sistema. No ano de 2013, as despesas do
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social foram da ordem de R$ 2,355
trilhões. Só a função previdência social respondeu por 39% deste
montante. A receita previdenciária cresceu, no período, 2,73%, mas as
despesas cresceram 12%, o que contribuiu ainda mais para o
alargamento do Déficit.

O déficit no sistema é bem notório. Considerando apenas o RGPS,


tivemos uma receita da Previdência Social de R$ 307,10 bilhões e um
pagamento de benefícios de R$ 357 bilhões em 2013. Do total das
receitas, temos R$ 301 bilhões de receita da área urbana e uma despesa
de R$ 276, 60, ou seja, o RGPS da área urbana foi superavitário em 24,3
bilhões de reais em 2013. No entanto, a área rural do RGPS apresenta
déficit de 74,2 bilhões (6,2 bi de receita e 80,4 bi de despesas). Assim, o
consolidado apresenta um déficit da previdência de 49,9 bilhões de reais,
apenas no ano de 2013. Esse déficit tem crescido ano a ano. Nem sempre
na mesma magnitude, mas tem crescido: Em 2009, o déficit foi de 42,9
bi. Em 2010, novo déficit de 42,9 bi. Em 2011, o déficit foi de 35,5 bi. Em
2012, R$ 40,8. Portanto, o rombo vem sempre aumentando.
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No RPPS, não é diferente. Repare no gráfico a seguir:

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Ou seja, o déficit no RPPS tem igualmente crescido. Atualmente, o


déficit atual já é consideravelmente maior que R$ 1 trilhão de reais.

Bom, e o que faz a nossa previdência ser tão deficitária? A literatura


especializada apresenta alguns motivos.

O primeiro e mais relevante é o envelhecimento da população


brasileira. O nosso sistema de previdência, funciona assim: as pessoas
que est̃o trabalhando “pagam” as aposentadorias dos inativos. Quando o
número de pessoas que estão trabalhando supera o número de pessoas
inativas, não se tem um problema, porque, em tese, as receitas superam
as despesas previdenciárias.

Só que o país está sofrendo o efeito inverso. Como a expectativa de


vida cresceu muito desde 1980, a população do país está ficando cada vez
mais idosa. Para vocês terem uma ideia, em 1980, a expectativa de vida
no Brasil era de 62 anos e meio, a população se concentrava na faixa de
19 anos e 6,1% dos habitantes eram idosos. Em 2010, a expectativa de
vida atingiu 73 anos e a expectativa de sobrevida, medida após os 50
anos de idade, era de 84 anos. A população já se concentra nos 29 anos
de idade, e os idosos são 10% da população. Em 2030, eles serão 18% e,
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em 2060, um terço da população.

O aumento do número de idosos traduz-se em maiores gastos com


previdência, para pagar as novas aposentadorias. Além disso, com a
expectativa de vida maior, nossos idosos vivem mais e esse fato contribui
para que haja a necessidade não só de pagar novas aposentadorias, mas
também de pagá-las por mais tempo.

Com o passar dos anos, a população vai cada vez mais


envelhecendo e o número de ativos ficará cada vez menor em relação aos
inativos. Ou seja, teremos poucas pessoas para sustentar as
aposentadorias, estas cada vez em maior número e pagas por mais
tempo. Portanto, temos uma tendência de aumentar ainda mais o déficit

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na previdência, só que, com o número menor de ativos, a situação será
ainda mais desesperadora.

Um outro motivo apresentado pela literatura é a aposentadoria


por tempo de contribuição. Recentemente, Argélia, Egito, Eslováquia,
Nigéria e Turquia abandonaram este tipo de aposentadoria e, assim,
restaram apenas 4 países no mundo que ainda seguem a aposentadoria
por tempo de contribuição: Irã, Iraque, Equador e Brasil.

Esse regime faz com que a idade média de aposentadoria no Brasil


seja de 54 anos. Apesar das regras do RGPS exigirem idade associada a
um tempo mínimo de contribuição, a Constituição não estabelece uma
idade mínima para a aposentadoria e isso permite a baixa idade média de
aposentadoria. Ainda mais se considerarmos que, nos tempos atuais, uma
pessoa de 54 anos ainda é extremamente produtiva, muitos estão no
auge de suas carreiras e uma aposentadoria tão cedo prejudica o sistema
como um todo.

Um outro motivo bastante relevante é a distorção na concessão de


benefícios do sistema. Pense, por exemplo, em um casal que more na
zona rural e que nunca tenha contribuído para a previdência. Após atingir
uma certa idade, o casal pode aposentar, recebendo um salário mínimo
cada um. Então, temos duas pessoas, recebendo um salário mínimo cada
uma, o que resulta numa média de 1 salário mínimo por pessoa.

Agora, vamos pensar também em um casal, mas na área urbana.


Vamos supor que um dos cônjuges contribua para a previdência com base
em seu salário mínimo e o outro não. No momento da aposentadoria, o
cônjuge que contribuiu a vida inteira tem direito a se aposentar, com um
salário mínimo. Já o cônjuge que não contribuiu, não tem direito a se
aposentar. Fechamos o quadro com duas pessoas, mas apenas 1 salário
mínimo na família, o que retorna uma média de meio salário mínimo por
pessoa.
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Repare que o casal da zona rural, apesar de nenhuma das duas


pessoas terem contribuído para a previdência, possui uma média de
aposentadoria maior que o casal da zona urbana (que um dos cônjuges
contribuiu durante todo o período de trabalho). Essa, é uma distorção
clássica do sistema.

Outro motivo apontado é a diferença de concessão nas regras de


aposentadoria. O exemplo emblemático é o das mulheres. Na época da CF
88, a defesa de regras de aposentadoria diferenciada para as mulheres foi
baseada no princípio de que a mulher deveria ter uma compensação pela
maternidade, o que é, na opinião de Giambiagi e Além, um argumento
razoável.

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No entanto, apontam os autores que há um contra-argumento
fortíssimo, pois, estatisticamente, a mulher vive mais que o homem e,
portanto, deveria trabalhar mais, ainda mais numa sociedade que busca a
igualdade entre homem e mulher. Ou seja, do ponto de vista atuarial, a
mulher teria que trabalhar mais que o homem, mas, na prática, se
aposenta antes dele.

Mesmo aceitando o argumento da compensação da maternidade,


ainda há alguns aspectos a serem considerados. No momento de se
aposentar, a mulher já possui filhos adultos, o que tira a racionalidade de
oferecer uma compensação por algo que aconteceu a 15, 20 anos atrás.
Seria mais interessante outro tipo de benefício como uma licença-
maternidade mais extensa ou uma jornada de trabalho diferenciada no
período da infância da criança. Um outro ponto levantado é que apesar da
aposentadoria precoce ser uma compensação pela maternidade, a
aposentadoria é usufruída por todas as mulheres, mesmo por aquelas que
não forem mães.

No RPPS, a literatura apresenta que a causa do déficit eram os


privilégios do setor público. Os 3 principais privilégios são a
possibilidade de, em alguns casos, ter um aumento de remuneração no
momento de aposentadoria (o que já foi extinto, mas ainda afeta o
estoque de aposentadorias), a existência de alguns regimes favorecidos
(como os servidores militares, os professores de magistério) e a
possibilidade de aposentadoria com base no último salário (que também
já foi extinta, mas também afeta o estoque de aposentadorias).

Em relação aos regimes favorecidos, imaginemos o exemplo de um


servidor militar que contribua desde os 20 anos, se aposente com 55,
morrendo aos 75 e que deixe uma filha solteira de 45 anos que viesse a
falecer aos 80 anos. Nesse caso, a contribuição feita pelo militar durante
35 anos (55 quando da aposentadoria menos os 20 anos que tinha
quando começou a trabalhar) sustentou um pagamento de benefícios
durante 55 anos (20 que ele viveu depois de se aposentar e mais 35 anos
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de pensão que ele deixou à filha). Reparem que a disparidade é


significativa. Óbvio que não há nada ilegal nesse tipo de comportamento,
mas há algumas consequências para o sistema previdenciário de termos
uma legislação que permita essa situação.

Bom, como vimos, nosso sistema previdenciário possui algumas


características que precisam ser repensadas. É necessário fazer escolhas,
pois não podemos pensar apenas no presente e, sim, no futuro. Há
alguma justificativa hoje da diferença de tempo de aposentadoria ente
homens e mulheres? Faz algum sentido funcionários aposentados
contribuírem para a previdência? É realmente necessário que uma pessoa
que não tenha contribuído para a previdência ganhe o mesmo benefício

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de quem contribuiu a vida inteira? Enfim, são perguntas que exigem
respostas.

E as respostas precisam vir rapidamente. Uma prova disso é a


projeção atuarial do RGPS. Em 2050, a projeção do déficit atuarial do
RGPS já é maior do que R$ 3.000.000.000.000 (ficou perdido no meio de
tanto 0? Nós também: R$ 3 trilhões de reais). Segue o gráfico:

4 PERFIL DEMOGRÀFICO E O MERCADO DE TRABALHO E AS


CONDIÇÕES DE EMPREGO E RENDA.

4.1. Estrutura geral

Antes de expor os diversos conceitos a serem aprendidos, cremos


ser mais vantajoso ter uma ideia geral, por meio do organograma abaixo,
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de como se divide a população total:

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Ocupados

Desocupados
PIA
Não trabalham e
não buscam
População emprego
total PNEA
Trabalham
PINA de graça

Legenda:
PIA: população em idade ativa
PINA: população em idade não ativa
PEA: população economicamente ativa
PNEA: população não economicamente ativa

4.2. Trabalho

Vamos agora iniciar o aprendizado dos conceitos necessários e que


podem ser cobrados em prova. Desde já, alerto que o conteúdo foi
inteiramente retirado das Notas Metodológicas do IBGE e muitos dos
conceitos se apresentam confusos e truncados. Entretanto, achamos
melhor colocá-los na nossa aula exatamente como eles estão nas Notas.
Isto porque se eles forem cobrados em prova, a maior probabilidade é
que sejam colocados exatamente como constam nas Notas Metodológicas.

Para começar, vejamos o que significa, para o IBGE, trabalho em


atividade econômica. Pois bem, trabalho em atividade econômica significa
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o exercício de:

a) Ocupação remunerada em dinheiro, produtos, mercadoria ou


benefícios (moradia, alimentação, roupas, treinamento, etc) na
produção de bens e serviços;
b) Ocupação remunerada em dinheiro ou benefícios (moradia,
alimentação, roupas, etc) no serviço doméstico; ou
c) Ocupação econômica sem remuneração na produção de bens e
serviços, em ajuda na atividade econômica de membro da unidade
domiciliar.

Pelo conceito acima, observamos que para o trabalho ser


considerado atividade econômica, ele deve ser obrigatoriamente

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remunerado e esta remuneração não necessita ser em dinheiro, pode ser
em forma de outros benefícios. A única exceção é quando a pessoa ajuda
na atividade econômica de um membro da unidade domiciliar (não
confunda membro da unidade domiciliar com parente, são conceitos
distintos). Neste caso, mesmo não recebendo nenhum tipo de
remuneração em troca, a pessoa possui trabalho.

Vale ainda ressaltar que não se incluem no conceito de trabalho em


atividade econômica o exercício de:

a) Ocupação sem remuneração desenvolvida em ajuda a instituição


religiosa, beneficente ou de cooperativismo; e
b) Ocupação na produção para o próprio consumo ou uso de
membro(s) da unidade domiciliar.

 IMPORTANTE: não confunda trabalho em atividade econômica,


conceituado acima, com ocupação ou emprego. Por exemplo: se
uma pessoa dedica várias horas de sua semana em ajuda a
instituições religiosas ou beneficentes, ela será considerada ocupada
ou empregada (ocupada = empregada) para o IBGE, no entanto,
para este mesmo IBGE, ela não estará exercendo trabalho em
atividade econômica.

4.3. PIA

É a população em idade ativa. Segundo o livro “A Moderna


Economia do Trabalho”, a PIA refere-se às pessoas com mais de 16 anos,
no entanto, segundo o IBGE e o DIEESE, a PIA incorpora as crianças de
10 a 14 anos, segmento com idade inferior à idade constitucionalmente
estipulada como mínima para trabalhar no país. Ou seja, aqui no Brasil, a
idade ativa para efeito de mensuração da PIA começa aos 10 anos.

Embora tenha pouco efeito quantitativo sobre os indicadores


globais, a inclusão deste segmento decorre da consideração de que a
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presença dessa parcela populacional no mercado de trabalho é resultado


da própria realidade social do país.

4.4. PINA

É a população em idade não ativa. É constituída basicamente pelas


crianças menores de 10 anos e pelos aposentados que não pretendem
mais trabalhar. Se o aposentado decide procurar emprego ou trabalhar
ele ingressa na PIA.

4.5. Data e períodos de referência

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Seguem abaixo alguns conceitos sobre datas e períodos de
referência. Sei que pode parecer meio estranho simplesmente “joǵ-los”
aqui no meio do texto, mas eles serão úteis já a partir dos próximos
conceitos de População Economicamente Ativa (PEA) e suas subdivisões.

Semana de referência – é a semana, de domingo a sábado, que


precede a semana definida como de entrevista para a unidade domiciliar.
Cada mês da pesquisa é constituído por quatro semanas de referência.

Data de referência – é a data do último dia da semana de


referência.

Mês de referência – é o mês anterior ao que contém as quatro


semanas de referência que compõem o mês da pesquisa.

Período de referência de 365 dias – é o período de 365 dias que


finaliza no último dia da semana de referência.

4.6. PEA

É a população economicamente ativa, também chamada de força de


trabalho. A PEA/força de trabalho compreende o potencial de mão-de-
obra com que pode contar o setor produtivo. Ela é composta da seguinte
maneira:

 População ocupada: as pessoas que exerceram trabalho,


remunerado ou sem remuneração, durante pelo menos uma hora
completa na semana de referência ou que tinham trabalho
remunerado do qual estavam temporariamente afastadas nessa
semana.
Considera-se como ocupada temporariamente afastada de
trabalho remunerado a pessoa que não trabalhou durante pelo
menos uma hora completa na semana de referência por motivo de
férias, greve, suspensão temporária do contrato de trabalho, licença
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remunerada pelo empregador, más condições do tempo ou outros


fatores ocasionais. Assim, também foi considerada a pessoa que, na
data de referência, estava afastada: por motivo de licença
remunerada por instituto de previdência por período não superior a
24 meses; do próprio empreendimento por motivo de gestação,
doença ou acidente, sem ser licenciada por instituto de previdência,
por período não superior a três meses; por falta voluntária ou outro
motivo, por período não superior a 30 dias. A população ocupada
compreende:

- os empregados: são aquelas pessoas que trabalham para um


empregador ou mais de um, cumprindo uma jornada de trabalho,
recebendo em contrapartida uma remuneração em dinheiro ou

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outra forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário, etc).
Incluem-se entre os empregados os recrutas que prestam o serviço
militar obrigatório e os clérigos (pertencentes ao clero).

- aqueles que exploram uma atividade econômica ou exercem uma


profissão ou ofício sem empregados, ou seja, trabalham por conta
própria (os autônomos).

- os empregadores: são aquelas pessoas que exploram uma


atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, com
auxílio de um ou mais empregados.

- não remunerados são aquelas pessoas que exercem uma


ocupação econômica, sem remuneração, em ajuda a membro da
unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou em ajuda a
instituições religiosas, beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda
como aprendiz ou estagiário, todos por pelo menos 01 hora na
semana de referência.

Observe que aqueles que, sendo não remunerados, se


ocupam prestando ajuda a instituições beneficentes por pelo menos
01 hora semanal, apesar de não realizarem trabalho segundo o
conceito do item 3, são consideradas pessoas ocupadas
(empregadas), pertencentes à PEA.

Outra importante observação a se fazer é sobre o fato de que,


para o IBGE, não importa se a ocupação segue regras do mercado
formal ou informal. Trabalhadores do mercado informal de trabalho,
sem carteira assinada, e do mercado formal são indistintamente
considerados como ocupados.

 População desocupada: São classificadas como desocupadas na


semana de referência as pessoas sem trabalho na semana de
referência, mas que estavam disponíveis para assumir um trabalho
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nessa semana e que tomaram alguma providência efetiva para


conseguir trabalho no período de referência de 30 dias, sem terem
tido qualquer trabalho ou após terem saído do último trabalho que
tiveram nesse período.
Uma importante conclusão a que chegamos depois da leitura
deste confuso conceito, que consta em Nota Metodológica do IBGE,
é que para ser considerado um desocupado, o indivíduo deve se
ocupar buscando trabalho. Se, por acaso, ele não possui trabalho
nem o busca, não pertencerá à PEA, mas sim à PNEA (População
Não Economicamente Ativa).

Uma pessoa só deve ser classificada como desocupada


somente se já tiver sido estabelecido que ela não seja ocupada. O

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objetivo deste critério é assegurar que ocupação e desocupação
sejam mutuamente excludentes, com precedência dada à ocupação.
Assim, se alguém estiver inserido em um trabalho eventual, e
procurando trabalho simultaneamente, será classificado como
ocupado.

Concluindo sobre a PEA de uma forma geral (ocupados +


desocupados), é interessante lembrar que o fato de o indivíduo estar em
idade ativa e/ou capacitado para trabalho não o torna membro da PEA.
Ele pode estar em idade ativa e capacitado para trabalho, mas pode nem
estar trabalhando nem procurando emprego, desta forma pertencerá à
PNEA.

4.7. PNEA

É a população não economicamente ativa. É constituída pelas


pessoas em idade ativa (PIA) que não foram classificadas como ocupadas
nem como desocupadas. Estas pessoas são chamadas também de
inativas (lembre-se então que inativos são aqueles pertencentes à PNEA,
e não à PINA). É importante não confundir também o inativo, indivíduo
pertencente à PNEA, com desocupado, indivíduo pertencente à PEA.

A PNEA inclui aqueles que não trabalham e não buscam emprego


(estudantes, donas de casa, desalentados, presos, réus, inválidos,
preguiçosos, playboys, dondocas, etc), e aqueles que exercem atividade
não remunerada por menos de 01 hora na semana de referência.

Os desalentados: são pessoas que não possuem trabalho e que


procuraram trabalho por um tempo, mas desistiram por não encontrar
qualquer tipo de trabalho, trabalho com remuneração adequada ou
trabalho de acordo com as suas qualificações, desta forma, ficaram
desestimuladas, desalentadas ou desencorajadas.

Sendo mais técnico e preciso, os desalentados podem ser definidos


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como pessoas marginalmente ligadas à PEA na semana de referência da


pesquisa que procuraram trabalho ininterruptamente durante pelo menos
seis meses, contados até a data da última providência tomada para
conseguir trabalho no período de referência de 365 dias, tendo desistido
por não encontrar qualquer tipo de trabalho, trabalho com remuneração
adequada ou trabalho de acordo com as suas qualificações.

Para o IBGE, os desalentados não fazem parte da PEA, por não


estarem mais procurando emprego. No entanto, para o DIEESE, os
desalentados fazem parte da PEA constituindo um tipo de desemprego
denominado desemprego oculto pelo desalento. Apesar da divergência,
devemos guardar em mente o entendimento do IBGE, que inclusive já foi
cobrado em prova conforme consta na questão 03 ao final da aula.

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Apenas para concluir sobre o conceito de desalentados: fazem da parte da
PNEA, por não estarem mais buscando emprego.

4.8. SUBEMPREGO

Subemprego significa subutilização da mão-de-obra. Tal


subutilização deve-se a várias causas, entre elas, podemos destacar a
insuficiência de demanda agregada da Economia, atraso econômico e
social, além de questões estruturais e conjunturais (mercados sazonais ou
de época, como o agrícola, por exemplo). O IBGE, em suas notas
metodológicas, considera dois tipos de subocupação/subemprego:

 Pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas:


definem-se subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas as
pessoas que trabalharam efetivamente menos de 40 horas na
semana de referência, no seu único trabalho ou no conjunto de
todos os seus trabalhos, mas gostariam de trabalhar mais horas
que as efetivamente trabalhadas na semana de referência e
estavam disponíveis para trabalhar mais horas no período de 30
dias, contados a partir do primeiro dia da semana de referência.
 Pessoas sub-remuneradas: definem-se sub-remuneradas as
pessoas ocupadas na semana de referência cuja relação do
rendimento mensal habitualmente recebido de todos os trabalhos
por horas semanais habitualmente trabalhadas em todos os
trabalhos é inferior à relação do salário mínimo por 40 horas
semanais.

Além da classificação acima do IBGE, a doutrina costuma conceituar


os tipos de subemprego da seguinte forma:

 Subemprego visível: é a diferença entre o volume real de horas


trabalhadas pelo indivíduo e o volume de horas que ele
poderia/gostaria de ofertar. Acontece quando a demanda agregada
(o consumo da população em geral) é baixa, fazendo com que as
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firmas contratem menos horas de trabalho. Este tipo de


subemprego aumentou no final de 2008 e início de 2009 devido à
crise financeira vivida neste período.

 Subemprego encoberto: é a quantidade de mão-de-obra que


seria possível liberar melhorando-se a organização e a distribuição
das tarefas de trabalho, mantendo-se a mesma produção, a mesma
quantidade de máquinas, ferramentas, computadores (o capital da
empresa). Este tipo de subemprego reflete o nível de produtividade
da mão-de-obra. Imagine que haja um alto nível de subemprego
encoberto na Economia, o que isto significaria? Que há muita mão-
de-obra produzindo bem menos do que poderia se o trabalho fosse

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mais organizado e racional, em outras palavras, há baixa
produtividade.

 Subemprego potencial: é a quantidade de mão-de-obra que pode


ser liberada, dado um nível de produção, por meio de mudanças
nas condições de exploração dos recursos ou transformações nas
indústrias ou agricultura. Implica reduzir gradualmente a proporção
de mão-de-obra ocupada em atividades de baixa produtividade,
elevando esta simultaneamente.

4.9. INDICADORES DO MERCADO DE TRABALHO

4.9.1- Taxa de atividade

Também chamada de taxa de participação na força de trabalho, é o


percentual de pessoas economicamente ativas (PEA) na semana de
referência em relação às pessoas em idade ativa (PIA). Algebricamente
temos:

Taxa de atividade = =

Podemos extrair algumas conclusões prévias e que serão revistas


quando estudarmos a discriminação e segmentação no mercado de
trabalho:

 a taxa de atividade/participação masculina é maior que a feminina,


pois além do homem estar mais presente no mercado de trabalho, os
afazeres domésticos não são consideradas atividades economicamente
ativas.

 a taxa de atividade/participação adulta é maior que a participação


jovem ou idosa, por motivos bastante óbvios: os jovens ainda estão em
treinamento e os idosos, em sua grande maioria, estão se aposentando,
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além de enfrentarem discriminação e certas limitações no mercado de


trabalho.

 à medida que a economia e o país cresçam e se desenvolvam, é uma


forte tendência a taxa de atividade/participação feminina atingir valores
mais próximos à taxa masculina.

4.9.2- Taxa de inatividade

É o inverso da taxa de atividade. É o percentual de pessoas não


economicamente ativas em relação às pessoas em idade ativa.
Algebricamente temos:

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Taxa de inatividade =

Importante lembrar que as observações feitas no item acima sobre


a taxa de atividade valem para a taxa de inatividade de forma inversa,
temos então:

 a taxa de inatividade feminina é maior que a masculina.


 a taxa de inatividade entre jovens e idosos é maior que entre adultos.
 o desenvolvimento econômico tende a diminuir a taxa de inatividade
feminina.

4.9.3- Nível de ocupação

É o percentual de pessoas ocupadas (empregadas) em relação às


pessoas de 10 anos ou mais de idade (PIA). Assim:

Nível de ocupação =

4.9.4- Nível de desocupação

É o inverso do nível de ocupação. É o percentual de pessoas


desocupadas em relação às pessoas em idade ativa (PIA). Então:

Nível de desocupação =

4.9.5- Taxa de desocupação

Também chamada de taxa de desemprego, ou ainda taxa de


desemprego aberto, ela certamente é o indicador mais importante e
também o mais conhecido da população em geral. É o percentual de
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pessoas desocupadas em relação às pessoas economicamente ativas


(PEA). Assim:

Taxa de desocupação/desemprego =

Esta taxa contabiliza aqueles indivíduos que têm capacidade para


trabalhar, desejam trabalhar, buscam trabalho, mas não encontram uma
ocupação. Veremos em outra aula as diversas causas e tipos de
desemprego que, com certeza, influenciam bastante o valor desta taxa.
Segundo a teoria do mercado de trabalho, quando a taxa de desemprego
se situa em torno de 5%, o mercado de trabalho é considerado rígido,
indício de que os empregos são abundantes, de que é difícil para os

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empregadores preencher as vagas e de que a maioria dos desempregados
encontrará trabalho rapidamente. Quando a taxa de desemprego é mais
alta – aproximadamente 7% ou mais – o mercado de trabalho é descrito
como folgado, os trabalhadores são abundantes e os empregos são
relativamente fáceis de preencher pelos empregadores.

O mesmo raciocínio exposto no item 10.1, taxa de atividade, pode


ser feito aqui neste item. A taxa de desocupação dos homens é menor
que a das mulheres, no entanto, com o avanço econômico a tendência é
cada vez mais esta diferença diminuir. E a taxa de desocupação dos
adultos é menor que a de jovens e idosos.

Concluindo sobre a taxa de desocupação ou desemprego, não a


confunda com nível de desocupação. A taxa de desocupação, o indicador
mais importante, reflete o percentual de desocupados em relação à PEA,
enquanto nível de desocupação reflete o percentual de desocupados em
relação à PIA. Isto quer dizer que o nível de desocupação é sempre menor
que a taxa de desocupação, já que a PEA é sempre menor que a PIA.

4.9.6- Taxa de ocupação

Também chamada de taxa de emprego, é o inverso da taxa de


desocupação. Reflete o percentual de ocupados em relação às pessoas
economicamente ativas (PEA):

Taxa de ocupação/emprego =

4.10. ROTATIVIDADE DA MÃO-DE-OBRA

O mercado de trabalho é bastante dinâmico, de maneira que


diariamente há milhares de trabalhadores sendo admitidos e outros
milhares sendo demitidos. A rotatividade significa substituição, ela traz o
conceito que um trabalhador que foi demitido ou pediu voluntariamente
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sua dispensa será substituído. Caso ele seja dispensado e não haja
reposição da mão-de-obra, estaremos falando do desemprego
convencional e não sobre rotatividade.

Vimos cima que o conceito de rotatividade é bastante simples, no


entanto, sua mensuração macroeconômica é complexa e exige bom uso
dos recursos da estatística. Isto porque ao dispensar um trabalhador ou
este pedir voluntariamente sua dispensa, a substituição da mão-de-obra
pode demorar e não ser imediata, dificultando o aferimento da
rotatividade ou até mesmo ocasionando erros na medição.

Acerca da rotatividade, são amplamente aceitas pela doutrina as


seguintes relações:

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a) Mantendo-se os outros fatores constantes, um trabalhador dado


terá maiores possibilidades de sair de um emprego de baixo salário
do que um de alto salário. Isto quer dizer que trabalhadores que
sentem que poderiam ganhar salários maiores em outro emprego,
de fato, têm mais possibilidades de sair e procurar outro emprego,
ocasionando rotatividade.

b) As taxas de saída tendem a declinar à medida que aumenta o


tamanho da empresa. Existem várias explicações para este
fenômeno. Uma delas é a de que grandes empresas oferecem mais
possibilidades de transferências, remoções e promoções. Outra
explicação se baseia no fato de que grandes empresas investem
mais no capital humano, através de cursos e treinamentos, de
forma que o custo de substituição de um trabalhador já treinado e
ambientado nos processos de produção é bastante alto.
Conseqüentemente, vale a pena para estas empresas pagar salários
mais altos e evitar, desta maneira, rotatividade, já que salários
mais altos, tudo o mais constante, diminuem a rotatividade.

c) As mulheres geralmente têm taxas de saída maiores e períodos


mais curtos de emprego do que os homens. Devido ao papel
histórico que a mulher sempre desempenhou e ainda desempenha
na criação dos filhos e na produção doméstica, as empresas são
tendenciosas a investir menos no capital humano da mulher. Este
investimento na educação e treinamento do trabalhador é bastante
custoso para as firmas, e é um investimento que apresenta retorno
a longo prazo. Tendo em vista as mulheres apresentarem uma
duração de atividade no mercado de trabalho menor que a dos
homens, as firmas acabam por investir menos na sua
profissionalização. Logo, elas possuirão, na maioria das vezes,
menores salários e sua rotatividade será maior que a dos homens.

d) A rotatividade em determinado segmento do mercado de trabalho é


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maior quando for relativamente fácil e rápido para os trabalhadores,


ao saírem de um emprego, encontrar outro emprego. Assim,
quando os mercados de trabalho são rígidos (empregos
abundantes), as taxas de saída são maiores do que quando esses
mercados são folgados (menos empregos à disposição). Podemos
concluir então que há uma relação inversa entre a taxa de
desemprego e a rotatividade. Quanto menor o desemprego, maior
será a rotatividade e vice-versa.

e) As taxas de rotatividade caem à medida que aumenta a idade e o


tempo no emprego. A mobilidade é bastante elevada quando os
trabalhadores são jovens porque nesta fase tanto as firmas como os
jovens trabalhadores buscam o entendimento e satisfação

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recíprocos. Conforme estas vinculações mútuas são alcançadas ao
longo do tempo, a rotatividade cai. Por outro lado, o declínio de
saídas também está relacionado ao fato de que os trabalhadores
não sabem de todas as informações e características dos empregos
oferecidos. Apenas após iniciar o trabalho é que ele conhecerá todas
as nuances do emprego. Se o emprego não lhe agradar, ele buscará
posições em outro emprego, mesmo que isso possa demorar um
pouco. No entanto, se o trabalhador gostar do emprego e este lhe
trouxer satisfação, ele permanecerá por um longo período e a
rotatividade será baixa.

f) As taxas de saída serão maiores quando os custos de sair são mais


baixos. Se, para sair de um emprego, o custo envolvido é alto, a
rotatividade será menor. Imagine um trabalhador que trabalha para
uma firma de pesca em uma pequena cidade, onde a pesca é quase
a única atividade que gera empregos. Imagine agora um
trabalhador de um centro urbano. Qual dos dois terá maior custo de
sair? Certamente será o trabalhador na firma de pesca, pois se ele
sair do emprego, terá que mudar de cidade com toda a sua família,
provavelmente ainda terá que aprender outro ofício. Já o
trabalhador do grande centro urbano não terá este custo, pois não
precisará mudar de cidade e terá um enorme leque de opções
disponíveis de empregos na cidade.

4.10.1- Taxa de rotatividade

É a relação percentual entre empregos substituídos e o número


inicial de empregados. Temos algebricamente:

í
Taxa de rotatividade =
ú

Imagine uma firma com 100 empregados. Suponha que foram


demitidos 30 funcionários e admitidos 40. Qual a taxa de rotatividade?
31666848247

Destes 40 admitidos, 30 foram destinados à substituição dos demitidos,


então a taxa de rotatividade será 30/100 = 30%. Os outros 10
funcionários excedentes admitidos fazem parte do aumento de emprego.

Imagine agora esta mesma firma com 100 empregados. Suponha


que foram demitidos 50 funcionários e admitidos 25. Qual a taxa de
rotatividade? Destes 50 demitidos, 25 foram substituídos pelo admitidos,
a taxa de rotatividade será 25/100 = 25%. Os outros 25 demitidos que
ficaram sem emprego ingressaram na triste estatística do desemprego.

4.11. MERCADO DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL

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Não há, por enquanto, um conceito amplamente aceito sobre o que
vem a ser um mercado de trabalho formal ou informal. No entanto, a
linha de ação mais aceita aponta para o conceito de que mercado informal
é aquele que vive à marginalidade da legislação, e mercado formal seria
aquele que vive de acordo com a legislação vigente.

Dentro do mercado de trabalho formal estariam aqueles


trabalhadores que, sendo empregados, possuem carteira de trabalho
assinada, os servidores públicos civis e militares, e aqueles que trabalham
por conta própria e contribuem para a previdência social. Já o mercado de
trabalho informal seria constituído por aqueles empregados sem carteira
assinada, por conta própria não contribuinte, o trabalhador não
remunerado e o envolvido em construção para o próprio uso e produção
para autoconsumo.

O mercado informal é o que mais se aproxima de um mercado


competitivo, tendo em vista haver grande facilidade à entrada e saída de
novas empresas e o fato de que cada indivíduo ou empresa não tem
condições de influir no preço de equilíbrio do mercado. Além disto, os
mercados informais são basicamente caracterizados pelo baixíssimo uso
de tecnologia, por conseguinte, baixa produtividade, escala e produção
reduzidas.

No que se refere ao trabalhador, o mercado de trabalho informal


está associado a uma mão-de-obra de baixa qualificação e treinamento, o
que, somada à inexistência de direitos sociais e trabalhistas no setor, é
responsável por baixos níveis de remuneração. Além da baixa
remuneração, o setor informal registra altas taxas de rotatividade e
subemprego (seja pela baixa remuneração, seja carga horária baixa).

São muitos os motivos por que, cada vez mais, as pessoas buscam
o setor informal do mercado de trabalho. Entre eles, o principal,
certamente, é a burocracia necessária e os altos custos do setor formal de
produção. Para se abrir uma empresa no Brasil e contratar empregados, o
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tempo que se leva e, principalmente, o valor que se tem a pagar de


impostos e taxas são muito elevados, desencorajando as pessoas a
ingressar no mercado formal e encorajando-as a permanecer ou até
mesmo ingressar no mercado informal, já que os custos são muito mais
baixos.

A seguir, apresentaremos algumas tendências do mercado de


trabalho, que certamente são muito úteis na hora de resolver as
questões.

 a taxa de atividade/participação masculina é maior que a feminina;

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 a taxa de atividade/participação adulta é maior que a participação
jovem ou idosa;

 à medida que a economia e o país cresçam e se desenvolvam, há


uma forte tendência para a a taxa de atividade/participação das
minorias (negros, mulheres, jovens, idosos) atingir valores mais
próximos à taxa masculina adulta.

Através das relações acima e de outras que estão apresentadas logo


abaixo, podemos desencadear, pelo mesmo raciocínio, uma série de
sentenças que são verdadeiras não só no mercado de trabalho no Brasil,
mas também em outros países:

 1. A taxa de ocupação e participação das minorias (negros,


mulheres, jovens, idosos) é menor que aquelas verificadas
para os homens adultos (grupo considerado como referência
de comparação).

 2. A taxa de desocupação e inatividade das minorias é maior


que aquelas verificadas para os homens adultos.

 3. A tendência é que estas diferenças venham a diminuir com


o passar dos anos.

 4. O nível de escolaridade está aumentando.

 5. O trabalho infantil está diminuindo.

 6. A informalidade está diminuindo.

 7. Distribuição de renda está melhorando.

PNAD - RESULTADOS 31666848247

 Mercado de trabalho avança, rendimento mantém-se em alta.

 A formalização está aumentando, com ampliação dos empregados


com carteira assinada.

 Está melhorando o nível de escolaridade dos trabalhadores.

 A participação das pessoas de 10 a 14 anos na força de trabalho


vem diminuindo, indicando redução do trabalho infantil e o fato de
que as crianças estão estudando mais.

 Construção é setor com maior expansão de pessoas ocupadas.

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 Número de contribuintes para instituto de Previdência está


aumentando.

 O índice de Gini10 (que em 2001 era de 0,571) caiu de 0,528 para


0,521 no país, entre 2007 e 2008. Ou seja, a desigualdade nos
rendimentos está diminuindo lentamente (a concentração de renda
ainda é alta, mas o país está melhorando, pelo que mostra a
redução do índice de Gini).

O caso da informalidade11

A partir da década de 1990, surgiram várias mudanças no mercado


de trabalho brasileiro. Entre elas, uma das mais marcantes certamente é
o fenômeno da informalidade, que despertou atenção entre especialistas e
a sociedade em geral. O crescimento do setor informal, normalmente
associado à precarização da qualidade do trabalho, à fragilização da
inserção no mercado e à banalização dos vínculos empregatícios, foi uma
das tônicas dos últimos 15 a 20 anos.

Antes de tudo, devemos caracterizar o setor informal. De forma


bastante simplificada, podemos considerar como pertencente ao setor
informal o contingente de trabalhadores que não está sob o abrigo da
proteção da legislação trabalhista na sua inserção no mercado.

Seguem alguns malefícios da informalidade:

 Geração de empregos de baixa qualidade e remuneração;


 Ineficiências e custos econômicos adicionais;
 Evasão de recursos do Estado (sonegação de encargos trabalhistas
e previdenciários);
 A possibilidade de permanência no mercado de firmas menos
produtivas, o que tolhe a expansão de firmas mais produtivas que
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10Medida do grau de concentração de uma distribuição, cujo valor varia de zero (perfeita
igualdade) a um (desigualdade máxima). Ou seja, valores próximos de zero indicam ótima
distribuição de renda, ao passo que valores próximos de um indicam grande concentração
de renda (má distribuição). O índice de Gini vem sendo reduzido lentamente no Brasil,
indicando que a concentração de renda tem diminuído, apesar da diminuição ser lenta e
gradual.

11Retirado do texto pa O D R M
T B T F P e Lauro Ramos,
publicado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
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respeitam a legislação e, conseqüentemente, têm custos de
produção majorados;
 A menor tributação provocada pela sonegação do setor informal cria
a tendência à supertributação sobre as firmas produtivas, daí
gerando incentivos ao aumento da informalidade;
 Fomento à cultura da sonegação e desrespeito às normas legais;
 Banalização de princípios e valores, o que gera perda de
credibilidade das instituições, propicia o alastramento da
marginalidade e até mesmo tolerância em relação a ela.

Apesar dessa série de aspectos indesejáveis associada à


informalidade, o fato é que ela existe e abrange grande parte do mercado
de trabalho. Ela é, inclusive, bem vista por alguns, na medida em que o
setor informal tem capacidade de absorver mão-de-obra não qualificada
que não encontra colocação no setor formal, contribuindo, assim, para a
redução da taxa de desemprego.

Do ponto de vista das firmas, o ônus associado aos encargos sociais


do trabalho tende a produzir um incentivo à sua sonegação como forma
de redução de custos e aumento dos lucros, particularmente em tempos
de retração da atividade econômica. Parece razoável supor que tal
incentivo seja inversamente proporcional à qualificação da mão-de-obra,
dados os crescentes custos de treinamento e dificuldades de reposição
com o nível de qualificação e especialização. Esse incentivo deve também
variar inversamente com o tamanho da firma, tendo em vista que os
custos do fator trabalho tendem a diminuir em termos relativos, as firmas
ficam mais visíveis para fins de fiscalização, com mais propensão de se
tornarem mais intensivas em capital e, por conseguinte, em mão-de-obra
qualificada. Assim, do ponto de vista das firmas, o incentivo à
informalidade deve ser tanto maior quanto menor o seu tamanho, menos
qualificada a mão-de-obra demandada e pior o desempenho da economia.

Para os trabalhadores sem carteira, partindo da premissa de que os


empregos formais sejam, de fato, de melhor qualidade e remuneração, é
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razoável admitir que os empregos com carteira sejam preferidos. Isso não
implica, todavia, que fiscalização mais intensa e maior cumprimento da lei
(inerentes ao emprego com carteira) os beneficiariam, pois poderiam
inviabilizar uma série de atividades de baixa produtividade que só são
possíveis no setor informal; e isso causaria desemprego.

No caso dos trabalhadores autônomos, a informalidade também


proporciona oportunidade de pagar menos ou até mesmo não pagar
impostos como forma de viabilizar ocupações de baixa produtividade. Vale
lembrar aqui que certos fatores diminuíram o apelo da posse da carteira
de trabalho assinada: as mudanças no sistema de previdência e
seguridade social que garantem acesso universal aos serviços de saúde,
bem como o direito de benefícios de aposentadoria a partir dos 65 anos,

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mesmo sem contribuição anterior ao sistema. Isso é particularmente
verdadeiro para os trabalhadores pouco qualificados, cujos rendimentos
do trabalho são normalmente baixos. Ou seja, o trabalhador de
baixíssima renda sabe que terá garantido acesso aos serviços de saúde e
benefícios de aposentadoria, com ou sem contribuição. Isto, sem dúvida,
é um incentivo ao trabalho informal.

Quanto à evolução da informalidade no mercado de trabalho


brasileiro, podemos asseverar que, apesar dela estar caindo nos últimos
anos, ainda é considerada bastante alta.

RESUMO HISTÓRICO DO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL

A seguir, apresentamos um resumo simplificado da história do


mercado de trabalho no Brasil.

No início do século XX, começou a se desenvolver o mercado de


trabalho, no sentido moderno do termo, como a forma predominante de
produção de bens e serviços. Durante as primeiras três décadas, o
trabalho transformou-se numa mercadoria livremente negociada,
já que leis e contratos coletivos eram quase inexistentes.

Durante as décadas de 1930 e 1940, o corporativismo de


Estado de Vargas estabeleceu um amplo código de leis do
trabalho, o qual marcou o mercado nacional por todo o século. A
partir de então, as noções de “formalidade” e “informalidade”
foram pouco a pouco sendo construídas. As estatísticas indicam
um longo processo de formalização das relações de trabalho,
sedimentado, sobretudo, por leis federais e, apenas
secundariamente, por contratos coletivos.

A legislação do trabalho estabelecia, de maneira cada vez mais


detalhada, quais eram as regras mínimas de relações de trabalho justas.
Salário mínimo, jornada de trabalho, férias anuais e muitos outros direitos
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foram definidos por lei. Acordos coletivos tiveram um papel bastante


secundário nesse processo. Muitos direitos sociais também foram
garantidos aos trabalhadores, aqui entendidos como trabalhador formal,
conformando um típico bem estar ocupacional.

Os servidores públicos foram os primeiros beneficiários dos


contratos de trabalho formais e, conseqüentemente, dos direitos sociais a
ele associados. Gradualmente, os trabalhadores urbanos não industriais
foram incorporados. Wanderley Guilherme dos Santos descreveu essa
história como a do desenvolvimento de uma “cidadania regulada”, isto ́,
um processo no qual as diversas categorias de trabalhadores obtiveram
direitos sociais (e do trabalho) de acordo com sua posição no mercado.
Entre as grandes categorias, uma das ́ltimas a obter sua “cidadania” foi

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o dos trabalhadores rurais na década de 1960. Assim, especialmente a
partir de 1930, o mercado de trabalho brasileiro e as questões do
subemprego ou da “informalidade” ś podem ser entendidos como
resultados da pŕpria construç̃o da noç̃o de “formalidade”, que, por sua
vez, está associada às noções de cidadania e de direito social.

A partir da década 1950, deu-se início no Brasil um forte processo


de industrialização, principalmente no governo JK. Este processo de
industrialização baseado no modo de produção fordista (produção
industrial em massa através de linhas de montagem meticulosamente
organizadas). Vale destacar esse modelo de produção industrial,
fordista, utilizava o assalariamento formal, ao contrário do que era o
costume no meio rural, por exemplo.

Nos anos de 1970 o perfil do mercado de trabalho já era claramente


dual: a maioria dos trabalhadores industriais havia sido incorporada ao
mercado formal, bem como expressiva parte dos trabalhadores do setor
de serviços. Além disso, o processo simultâneo de urbanização diminuiu
de modo significativo, em poucas décadas, o número de trabalhadores
rurais, os quais se encontravam fundamentalmente no mercado de
trabalho “informal”, ou em outras relações não propriamente contratuais
de trabalhos familiares, em economias de subsistência e com práticas
“contratuais” tradicionais. A urbanizaç̃o e a industrializaç̃o ampliaram
também a massa de trabalhadores subempregados, mal incorporados ao
mercado de trabalho.

A invenção peculiar da carteira de trabalho teve variados


significados simbólicos e práticos. Durante muito tempo funcionou (e
marginalmente ainda funciona) como uma verdadeira carteira de
identidade ou como comprovante para a garantia de crédito ao
consumidor, prova de que o trabalhador esteve empregado em “boas
empresas”, de que ́ “confível” ou capaz de permanecer por muitos anos
no mesmo emprego.
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Hoje, seu significado popular é o compromisso moral do


empregador de seguir a legislação do trabalho, embora, de fato, não haja
garantia, pois os empregadores podem, na prática, desrespeitar parte da
legislação e os que não assinam podem ser processados. De todo modo, a
assinatura em carteira torna mais fácil ao empregado a comprovação da
existência de vínculo empregatício. Enfim, popularmente no Brasil, ter
“trabalho formal” ́ ter a “carteira assinada”.

At́ o final dos anos de 1980 a “informalidade” (ou o subemprego)


era percebida principalmente como um problema endêmico pela maioria
dos especialistas. Porém, as mudanças das décadas anteriores levaram os
especialistas e políticos a prever (e desejar) uma expressiva redução do
mercado “informal”. Predominava a suposiç̃o de que a “informalidade”

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(ou o subemprego) era um legado de uma economia semi-industrializada,
cujo fim era uma questão de tempo e desenvolvimento.

Por fim, nos anos 1990 e início dos anos 2000, tem se
destacado a questão da terceirização dos serviços, a fim de
reduzir os custos elevados com a mão-de-obra. Assim, uma grande
firma, por exemplo, em vez de contratar determinados trabalhadores para
executar determinadas atividades (limpeza, manutenção, etc), pode
decidir terceirizar este serviço, contratando outra empresa para fazer
determinados serviços. Assim, ela evita os custos da contratação da mão-
de-obra.

..........

Bem pessoal, por hoje, é só! Foi um prazer ter todos vocês aqui no nosso
curso! Muito boa prova para cada um de vocês.

Lembrem de revisar o curso e de estudar bastante.

Quando estiverem lá no TCE-SC, não esqueçam quem é o verdadeiro


patrão de vocês.

Abraços e bons estudos!

Heber Carvalho e Jetro Coutinho

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RESUMÃO DA AULA

Conceitos Básicos
 Crescimento Econômico: Conceito que se refere ao crescimento do PIB.
 Desenvolvimento Econômico: Conceito mais amplo que o de crescimento. Engloba a natureza e
a qualidade do crescimento, bem como aspectos relacionados à distribuição de renda.

PIB per capita

 Produção de um país dividida pelo número de habitantes deste país;


 É um melhor indicador que o PIB para representar o crescimento econômico;
 É uma média e não demonstra, necessariamente, o bom padrão de vida da população;
 Quanto maior o PIB per capita de um país, melhor.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

 Índice que retrata as condições de vida da população. Apresenta mais características de um


índice social do que de um indicador econômico;
 Varia entre 0 e 1 (quanto mais próximo de 1, melhor);
 É composto por uma média aritmética entre um indicador de renda, um de saúde e um de
educação.

Índice de Gini e curva de Lorenz

 Mensura o grau de concentração de renda de uma população;


 Varia entre 0 e 1 (quanto mais próximo de 0, menor a desigualdade de renda);
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QUESTÕES COMENTADAS

01. (ESAF – APO – MPOG – 2010) O estudo das desigualdades de


rendas no Brasil aponta de forma sistemática um elevado grau de
desigualdade regional. O indicador usado para auferir o grau de
concentração de renda, que consiste em um número entre zero
(0) e um (1), em que 1 corresponde à completa desigualdade, é:
a) Índice de Laspeyres.
b) Índice de Desenvolvimento Humano.
c) Índice de Gini.
d) Índice de Fisher.
e) Índice de Paasche.

Comentários:
Questão muito simples. O enunciado se refere ao Índice de Gini.

Gabarito: C

02. (ESAF – APO – MPOG – 2008) A utilização de indicadores


sociais como parte da avaliação da riqueza de um país insere-se
na discussão entre crescimento e desenvolvimento econômico.
Com relação a indicadores sociais, aponte a única opção falsa.
a) Uma avaliação de como a renda é distribuída na economia pode ser
realizada a partir do índice de Gini, com este índice variando de zero a
um.
b) Quando o índice de Gini está mais próximo da unidade, pior é a
concentração de renda.
c) O índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelas Nações
Unidas, tem como objetivo avaliar a qualidade de vida nos países.
d) O IDH agrega, em sua metodologia de cálculo, três variáveis: saúde,
educação e renda per capita.
e) O IDH varia de zero a um, classificando os países em três grupos: os
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de baixo desenvolvimento (IDH maior do que 0,8); os de médio


desenvolvimento (IDH entre 0,5 e 0,8); e os de alto desenvolvimento
(IDH menor do que 0,5).

Comentários:
A) Correta. Sem problemas, certo? Vimos em aula que o índice de Gini
varia entre 0 e 1.

B) Correta. 1 representa a completa desigualdade. Assim, quanto mais


nos aproximamos de 1 no índice de Gini, pior (mais elevada) é a
concentração de renda.

C) Correta.

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D) Correta.

E) Incorreta. É ao contrário! Os países de alto desenvolvimento


apresentam IDH maio que 0,8. Os de médio desenvolvimento apresentam
IDH entre 0,5 e 0,8. Os países de baixo desenvolvimento têm IDH menor
que 0,5.

Gabarito: E (o enunciado pede a incorreta)

03. (FUNIVERSA – Auditor de Controle Interno – SEAP/DF – 2014)


Acerca dos conceitos de desenvolvimento econômico e
distribuição de renda, assinale a alternativa correta.
(A) Se houver crescimento econômico, então haverá desenvolvimento
econômico, mas o inverso não é necessariamente verdade.
(B) A distribuição setorial de renda procura mostrar a participação da
renda de cada região do País na renda nacional.
(C) O índice de desenvolvimento humano calcula o desvio em torno da
média de renda per capita de determinado país.
(D) O nível de concentração de renda de determinado país diminui à
medida que seu índice de Gini se aproxima de 1.
(E) Os indicadores de distribuição de renda são ineficazes para
demonstrar as situações de pobreza absoluta.

Comentários:
A) Incorreta. O certo seria: “Se houver DESENVOLVIMENTO econômico,
então haverá CRESCIMENTO econômico, mas o inverso não é
necessariamente verdade.” Vimos essa diferenciaç̃o logo no começo da
aula: o conceito de desenvolvimento econômico envolve o de crescimento
econômico

B) Incorreta. A distribuição setorial da renda, como o próprio nome já diz,


procura mostrar como a renda nacional é dividida nos setores
subnacionais. 31666848247

C) Incorreta. O IDH é um índice que leva em consideração a renda per


capita, depois de corrigi-la pelo poder de compra da moeda, a
longevidade e a educação.

D) Incorreta. O nível de concentração de renda diminui quando o índice


de Gini se aproxima de 0. Em outras palavras, quanto mais próximo de 0,
melhor é o nível de distribuição de renda (a concentração de renda
diminui).

E) Correta. Há alguns aspectos sociais não levados em consideração no


cálculo dos índices de distribuição de renda, como as situações de
extrema pobreza. Além disso, os indicadores sociais não podem ser

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tomados como verdade absoluta. O PIB per capita, por exemplo, apesar
de demonstrar a riqueza material de um país, não mostra como essa
renda está concentrada, nem leva em consideração medidas de
informalidade da economia.

Gabarito: E

04. (FUNIVERSA – Prof. de Economia – IFB – 2012) Com relação


ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), assinale a
alternativa correta.
(A) Países com IDH entre 0,500 e 0,700 são considerados de alto
desenvolvimento humano.
(B) Países com IDH entre 0 e 0,499 têm desenvolvimento humano
considerado médio.
(C) Países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano
considerado alto.
(D) Países com IDH igual a zero apresentam desenvolvimento humano
total ou pleno.
(E) Países com IDH igual a um revelam a inexistência de desenvolvimento
humano.

Comentários:
A) Incorreta. Com esse IDH, o desenvolvimento humano é considerado
médio.

B) Incorreta. Com IDH entre 0 e 0,499, o desenvolvimento humano é


considerado baixo.

C) Correta. Exatamente como vimos na aula.

D) Incorreta. Países com IDH igual a 0 não possuem desenvolvimento


total, muito pelo contrário este é inexistente.

E) Incorreta. Países com IDH igual a 1 possuem desenvolvimento humano


31666848247

pleno.

Gabarito: C

05. (FUNIVERSA – Prof. de Economia – IFB – 2012) Com relação


ao desenvolvimento econômico, assinale a alternativa correta.
(A) A renda, a longevidade e a educação não representam uma medida
conjunta de três dimensões do desenvolvimento humano.
(B) Quanto mais próximo de 1 é o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), mais representa um baixo índice de desenvolvimento humano.
(C) Quanto mais próximo o Índice de Gini (IG) for de zero, mais significa
desigualdade na distribuição de renda.

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(D) As três formas mais utilizadas para mensurar o desenvolvimento
econômico são: o IG; a curva de Lorenz e o IDH.
(E) Com relação à curva de Lorenz, quanto maior a distância entre a linha
chamada de reta de igualdade perfeita e a curva de distribuição efetiva,
menor a desigualdade de distribuição de renda.

Comentários:
A) Incorreta. Vimos durante a aula que esses 3 fatores são os fatores
usados para calcularmos o IDH, que é uma medida de desenvolvimento
humano.

B) Incorreta. Não. Quanto mais próximo de 1 o IDH, mais alto é o


desenvolvimento humano.

C) Incorreta. O índice de Gini, quanto mais próximo de 0, melhor a


distribuição de renda.

D) Correta. Repare que a FUNIVERSA considera essas três formas como


as principais. E são exatamente elas que estudamos aqui em nosso curso.
Já entendeu o que a Funiversa irá cobrar se cair uma questão dessa na
sua prova?

E) Incorreta. Vimos na aula que quanto maior a distância entre a linha de


igualdade perfeita e a curva de distribuição efetiva MAIOR será a
DESIGUALDADE de distribuição de renda.

Gabarito: D

06. (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – ECONOMIA - TRT 4 - 2006) - A


melhor medida para o grau de desenvolvimento de um país é o
índice
a) do Produto Interno Bruto.
b) de Gini.
c) da Curva de Lorenz. 31666848247

d) de Desenvolvimento Humano.
e) Laspeyres de quantidades produzidas.

Comentários:
A melhor maneira (não é a única) de medir o desenvolvimento de um país
é o IDH, pois é o índice que reúne a maior quantidade de itens a serem
avaliados (o IDH avalia educação, saúde e renda per capita).

Gabarito: D

07. (VUNESP – Economista – IBGE – 1999) - O índice de Gini serve


como:
(A) deflator implícito de preços;

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(B) medida da deflação, tendo como base 100;
(C) um índice de Laspeyres modificado;
(D) mensuração de algum grau de concentração, como a da renda;
(E) critério para medir a disposição de compra de um consumidor.

Comentários:
Questão bem tranquila. O índice de Gini serve para mensurar o grau de
concentração da renda.

Gabarito: D

08. (CESPE/Unb – Economista – INMETRO – 2009) - Na linha da


perfeita igualdade, a curva de Lorenz é uma reta e corresponde a
um coeficiente de Gini igual à unidade.

Comentários:
Na linha da perfeita igualdade, a curva de Lorenz é uma reta e
corresponde a um coeficiente de Gini igual a zero.

Gabarito: Errado

09. (AFT/ESAF – 1998) – Com relação aos conceitos básicos


envolvendo o mercado de trabalho, podemos afirmar que:
a) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possui emprego.
b) não se incluem no conceito de desemprego aquelas pessoas que, não
estando empregadas, abandonaram a busca de emprego.
c) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possui carteira de trabalho assinada.
d) não são computadas no desemprego aquelas pessoas que nunca
trabalharam. 31666848247

e) o fato de um indivíduo estar em idade ativa caracteriza-o como sendo


membro da PEA (População Economicamente Ativa).

COMENTÁRIOS:
a) para ser considerado desempregado, ele precisa estar em idade ativa e
buscando emprego que lhe pague remuneração. Incorreta.
b) Correto. Se a pessoa desiste de procurar emprego, ela sai da força de
trabalho (PEA), não passando mais a figurar no conceito de
desempregado.
c) Incorreto.

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d) se a pessoa nunca trabalhou, mas está em idade ativa e buscando
emprego, ela é considerada desempregada.
e) para ser considerado membro da PEA ou força de trabalho, o indivíduo
deve estar empregado ou buscando emprego remunerado.

GABARITO: B

10. (AFT/ESAF – 1998) – Em relação ao mercado de trabalho


brasileiro, no período recente, é incorreto afirmar que:
a) se verifica uma precarização do emprego, especialmente no setor de
serviços privados.
b) se observa um crescimento das taxas de desemprego aberto e do grau
de informalização do pessoal ocupado.
c) apesar de se verificar um aumento nas taxas de desemprego, constata-
se uma diminuição nas taxas de subemprego e rotatividade da mão-de-
obra.
d) se verifica uma tendência à desregulamentação no mercado de
trabalho.
e) se verifica uma tendência à sonegação fiscal no mercado de trabalho.

COMENTÁRIOS:
Em 1998 (época de aplicação da prova), o Brasil enfrentava uma
tendência de crescimento não só nas taxas de desemprego, mas também
do mercado informal (o crescimento deste último perdura até hoje). O
crescimento do mercado informal traz, a tira colo, a precarização do
emprego, aumento do subemprego, sonegação fiscal, desregulamentação
do mercado de trabalho e aumento da rotatividade, assim como constam
31666848247

nas assertivas A, B, D e E. A assertiva C está incorreta pois afirma que


houve diminuição do subemprego e da rotatividade, o que é incorreto, já
que houve crescimento do mercado informal. Este assunto será visto com
maiores detalhes na aula 08, no item mercado de trabalho no Brasil.

GABARITO: C

11. (AFT/ESAF – 2003) – De acordo com o IBGE, os trabalhadores


desalentados são aqueles que desistem de procurar emprego
porque:

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a) não encontram qualquer tipo de trabalho ou não encontram trabalho
com remuneração adequada ou de acordo com suas qualificações.
b) não pertencem a nenhum sindicato.
c) não estão dispostos a trabalhar, independentemente do salário, pois
valorizam o lazer acima de todas as coisas.
d) trabalharam efetivamente menos de 40 horas em todos os trabalhos
da semana de referência.
e) trabalharam efetivamente mais de 40 horas em todos os trabalhos da
semana de referência.

COMENTÁRIOS:
Desalentados são as pessoas que não possuem trabalho e que
procuraram trabalho por um tempo, mas desistiram por não encontrar
qualquer tipo de trabalho, trabalho com remuneração adequada ou
trabalho de acordo com as suas qualificações, desta forma, ficaram
desestimuladas, desalentadas ou desencorajadas. Correta, portanto, a
assertiva A.

GABARITO: A

12. (AFT/ESAF – 2003) – No Brasil, o mercado informal de


trabalho tem crescido porque:
a) a demanda de mão-de-obra do setor informal é infinitamente inelástica
em relação ao salário real.
b) as empresas que operam no setor informal estão operando a plena
capacidade.
c) os trabalhadores do setor informal são mais eficientes que os do setor
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formal.
d) os custos trabalhistas do setor formal são muito elevados.
e) os salários pagos no setor informal são mais elevados.

COMENTÁRIOS:
Os principais motivos do crescimento do mercado informal são a
burocracia e os altos custos do setor formal. Correta a letra D.

GABARITO: D

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13. (AFT/ESAF – 2006) – Suponha uma economia que possua as
seguintes características: População total = 1000 pessoas;
população em idade ativa = 800 pessoas; população desocupada =
200 pessoas; população economicamente ativa = 600 pessoas.
Podemos afirmar que, nessa economia, a taxa de desocupação e a
taxa de inatividade são (aproximadamente), respectivamente:
a) 33% e 25%
b) 25% e 25%
c) 20% e 20%
d) 33% e 40%
e) 25% e 20%

COMENTÁRIOS:
PIA = 800
Desocupados = 200
PEA = 600
PNEA = ?  PIA = PEA + PNEA  PNEA = 800 – 600 = 200

Pede-se a Taxa de desocupação e a Taxa de inatividade:


Tx. De desocupação = desocupados / PEA = 200 / 600 = 33,3%
Tx. De inatividade = inativos (PNEA) / PIA = 200 / 800 = 25%

GABARITO: A

14. Analise as afirmativas a seguir, com base nos conceitos e


definições do mercado de trabalho no Brasil e de acordo com o
IBGE: 31666848247

I. A PINA inclui as crianças menores de 10 anos mais os


aposentados que decidiram parar de trabalhar.
II. A taxa de participação e desocupação feminina é menor que a
masculina.
III. A pessoa que trabalha sem remuneração, obrigatoriamente,
faz parte da PNEA.

a) I e II estão corretas e III está incorreta.


b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.

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d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.

COMENTÁRIOS:
I. Correta.
II. Incorreta. A taxa de participação feminina é menor que a masculina,
no entanto, a taxa de desocupação é maior que a masculina.
III. Incorreta. Se a pessoa trabalha sem remuneração por pelo menos 01
hora na semana de referência, em ajuda a membro da unidade domiciliar
em atividade econômica, assistência à entidade religiosa ou beneficente,
como aprendiz ou estagiário, ela é considerada integrante da PEA, como
ocupada.

GABARITO: C

15. Se a PEA é 80% da PIA, a taxa de inatividade é:


a) 80%
b) 10%
c) não há meios de descobrir
d) 40%
e) 20%

COMENTÁRIOS:
PIA = PEA + PNEA
Se PEA/PIA = 0,8, então PNEA/PIA = 0,2
Como PNEA/PIA é a taxa de inatividade, esta é 20%.
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GABARITO: E

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

01. (ESAF – APO – MPOG – 2010) O estudo das desigualdades de


rendas no Brasil aponta de forma sistemática um elevado grau de
desigualdade regional. O indicador usado para auferir o grau de
concentração de renda, que consiste em um número entre zero
(0) e um (1), em que 1 corresponde à completa desigualdade, é:
a) Índice de Laspeyres.
b) Índice de Desenvolvimento Humano.
c) Índice de Gini.
d) Índice de Fisher.
e) Índice de Paasche.

02. (ESAF – APO – MPOG – 2008) A utilização de indicadores


sociais como parte da avaliação da riqueza de um país insere-se
na discussão entre crescimento e desenvolvimento econômico.
Com relação a indicadores sociais, aponte a única opção falsa.
a) Uma avaliação de como a renda é distribuída na economia pode ser
realizada a partir do índice de Gini, com este índice variando de zero a
um.
b) Quando o índice de Gini está mais próximo da unidade, pior é a
concentração de renda.
c) O índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelas Nações
Unidas, tem como objetivo avaliar a qualidade de vida nos países.
d) O IDH agrega, em sua metodologia de cálculo, três variáveis: saúde,
educação e renda per capita. e) O IDH varia de zero a um, classificando
os países em três grupos: os de baixo desenvolvimento (IDH maior do
que 0,8); os de médio desenvolvimento (IDH entre 0,5 e 0,8); e os de
alto desenvolvimento (IDH menor do que 0,5).

03. (FUNIVERSA – Auditor de Controle Interno – SEAP/DF – 2014)


Acerca dos conceitos de desenvolvimento econômico e
31666848247

distribuição de renda, assinale a alternativa correta.


(A) Se houver crescimento econômico, então haverá desenvolvimento
econômico, mas o inverso não é necessariamente verdade.
(B) A distribuição setorial de renda procura mostrar a participação da
renda de cada região do País na renda nacional.
(C) O índice de desenvolvimento humano calcula o desvio em torno da
média de renda per capita de determinado país.
(D) O nível de concentração de renda de determinado país diminui à
medida que seu índice de Gini se aproxima de 1.
(E) Os indicadores de distribuição de renda são ineficazes para
demonstrar as situações de pobreza absoluta.

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04. (FUNIVERSA – Prof. de Economia – IFB – 2012) Com relação
ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), assinale a
alternativa correta.
(A) Países com IDH entre 0,500 e 0,700 são considerados de alto
desenvolvimento humano.
(B) Países com IDH entre 0 e 0,499 têm desenvolvimento humano
considerado médio.
(C) Países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano
considerado alto.
(D) Países com IDH igual a zero apresentam desenvolvimento humano
total ou pleno.
(E) Países com IDH igual a um revelam a inexistência de desenvolvimento
humano.

05. (FUNIVERSA – Prof. de Economia – IFB – 2012) Com relação


ao desenvolvimento econômico, assinale a alternativa correta.
(A) A renda, a longevidade e a educação não representam uma medida
conjunta de três dimensões do desenvolvimento humano.
(B) Quanto mais próximo de 1 é o Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), mais representa um baixo índice de desenvolvimento humano.
(C) Quanto mais próximo o Índice de Gini (IG) for de zero, mais significa
desigualdade na distribuição de renda.
(D) As três formas mais utilizadas para mensurar o desenvolvimento
econômico são: o IG; a curva de Lorenz e o IDH.
(E) Com relação à curva de Lorenz, quanto maior a distância entre a linha
chamada de reta de igualdade perfeita e a curva de distribuição efetiva,
menor a desigualdade de distribuição de renda.

06. (FCC - ANALISTA JUDICIÁRIO – ECONOMIA - TRT 4 - 2006) - A


melhor medida para o grau de desenvolvimento de um país é o
índice
a) do Produto Interno Bruto.
b) de Gini.
c) da Curva de Lorenz. 31666848247

d) de Desenvolvimento Humano.
e) Laspeyres de quantidades produzidas.

07. (VUNESP – Economista – IBGE – 1999) - O índice de Gini serve


como:
(A) deflator implícito de preços;
(B) medida da deflação, tendo como base 100;
(C) um índice de Laspeyres modificado;
(D) mensuração de algum grau de concentração, como a da renda;
(E) critério para medir a disposição de compra de um consumidor.

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08. (CESPE/Unb – Economista – INMETRO – 2009) - Na linha da
perfeita igualdade, a curva de Lorenz é uma reta e corresponde a
um coeficiente de Gini igual à unidade.

09. (AFT/ESAF – 1998) – Com relação aos conceitos básicos


envolvendo o mercado de trabalho, podemos afirmar que:
a) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possui emprego.
b) não se incluem no conceito de desemprego aquelas pessoas que, não
estando empregadas, abandonaram a busca de emprego.
c) é considerado desempregado todo o membro da população residente
que não possui carteira de trabalho assinada.
d) não são computadas no desemprego aquelas pessoas que nunca
trabalharam.
e) o fato de um indivíduo estar em idade ativa caracteriza-o como sendo
membro da PEA (População Economicamente Ativa).

10. (AFT/ESAF – 1998) – Em relação ao mercado de trabalho


brasileiro, no período recente, é incorreto afirmar que:
a) se verifica uma precarização do emprego, especialmente no setor de
serviços privados.
b) se observa um crescimento das taxas de desemprego aberto e do grau
de informalização do pessoal ocupado.
c) apesar de se verificar um aumento nas taxas de desemprego, constata-
se uma diminuição nas taxas de subemprego e rotatividade da mão-de-
obra.
d) se verifica uma tendência à desregulamentação no mercado de
trabalho.
31666848247

e) se verifica uma tendência à sonegação fiscal no mercado de trabalho.

11. (AFT/ESAF – 2003) – De acordo com o IBGE, os trabalhadores


desalentados são aqueles que desistem de procurar emprego
porque:
a) não encontram qualquer tipo de trabalho ou não encontram trabalho
com remuneração adequada ou de acordo com suas qualificações.
b) não pertencem a nenhum sindicato.
c) não estão dispostos a trabalhar, independentemente do salário, pois
valorizam o lazer acima de todas as coisas.

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d) trabalharam efetivamente menos de 40 horas em todos os trabalhos
da semana de referência.
e) trabalharam efetivamente mais de 40 horas em todos os trabalhos da
semana de referência.

12. (AFT/ESAF – 2003) – No Brasil, o mercado informal de


trabalho tem crescido porque:
a) a demanda de mão-de-obra do setor informal é infinitamente inelástica
em relação ao salário real.
b) as empresas que operam no setor informal estão operando a plena
capacidade.
c) os trabalhadores do setor informal são mais eficientes que os do setor
formal.
d) os custos trabalhistas do setor formal são muito elevados.
e) os salários pagos no setor informal são mais elevados.

13. (AFT/ESAF – 2006) – Suponha uma economia que possua as


seguintes características: População total = 1000 pessoas;
população em idade ativa = 800 pessoas; população desocupada =
200 pessoas; população economicamente ativa = 600 pessoas.
Podemos afirmar que, nessa economia, a taxa de desocupação e a
taxa de inatividade são (aproximadamente), respectivamente:
a) 33% e 25%
b) 25% e 25%
c) 20% e 20%
d) 33% e 40%
e) 25% e 20% 31666848247

14. Analise as afirmativas a seguir, com base nos conceitos e


definições do mercado de trabalho no Brasil e de acordo com o
IBGE:

I. A PINA inclui as crianças menores de 10 anos mais os


aposentados que decidiram parar de trabalhar.
II. A taxa de participação e desocupação feminina é menor que a
masculina.
III. A pessoa que trabalha sem remuneração, obrigatoriamente,
faz parte da PNEA.

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a) I e II estão corretas e III está incorreta.


b) I, II e III estão corretas.
c) I está correta; II e III estão incorretas.
d) I e III estão incorretas; II está correta.
e) I, II e III estão incorretas.

15. Se a PEA é 80% da PIA, a taxa de inatividade é:


a) 80%
b) 10%
c) não há meios de descobrir
d) 40%
e) 20%

GABARITO
01 C 02 E 03 E 04 C 05 D 06 D 07 D 08 E
09 B 10 C 11 A 12 D 13 A 14 C 15 E

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