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A Constituição da República, o Código Tributário Nacional e o Estatuto do Contribuinte.

Até mesmo em razão do momento histórico em que foi discutida e confeccionada(14) a


Constituição brasileira não se amesquinhou na tarefa de resguardar direitos e garantias
individuais. Ao contrário, a Magna Carta estabelece expressamente uma série de princípios e
garantias aos indivíduos e aos contribuintes.

No artigo 5º da Carta Constitucional estão consagrados os direitos individuais básicos, tais como
os direitos à isonomia, à igualdade, à legalidade, à liberdade de pensamento, à liberdade
religiosa, à intimidade, à liberdade de locomoção, de profissão, o direito à propriedade, o
direito de amplo acesso ao judiciário, o direito à observância do devido processo legal, os
direitos políticos, o direito de petição, o direito de ação, entre outros.

E, no que se refere à figura específica do contribuinte, a Carta Maior relacionou em seu artigo
150 alguns direitos e garantias fundamentais(15).

Sob a forma de vedação ao poder de tributar, estão ali previstos os princípios da legalidade,
da isonomia, da irretroatividade da lei tributária, da anterioridade, da uniformidade em
todo o território nacional e da vedação do confisco, entre outros.

Nestes dispositivos constitucionais se encontra a base onde está amparada a tutela dos direitos
do contribuinte brasileiro.

Outrossim, o Código Tributário Nacional, recepcionado pela atual Constituição, também impõe
limitações ao direito estatal de tributar.

No Código Tributário estão delineados, além de vários daqueles princípios também tutelados
pela Constituição Federal, outros direitos e garantias mais específicos à matéria fiscal. A
discriminação do sujeito passivo da obrigação tributária, por exemplo. A previsão da extinção do
crédito tributário pela homologação automática do auto-lançamento, pela decadência do direito
à sua constituição, ou pela prescrição do direito à cobrança. Ou ainda, o direito à repetição do
indébito tributário. São estes alguns exemplos de garantias contidas no Código Tributário.

E é no sistema constituído basilarmente por estes dois diplomas legais (Constituição e Código
Tributário) que viria a se inserir mais uma norma, o Estatuto do Contribuinte.

Seria, com observância ao artigo 146, II e III, da Constituição Federal, necessariamente uma lei
complementar, que teria por objeto regular com mais precisão, sem extrapolar,
obviamente(16), os limites da tributação e os direitos do contribuinte.

É bem verdade que o Código Tributário Nacional já se encaixa na previsão dos incisos do artigo
146 acima referidos, ao dispor normas gerais sobre matéria tributária e impor limites à
tributação.

Aliás existem críticas ao projeto justamente por se entender que o Estatuto do Contribuinte
seria uma segunda lei a dispor normas gerais sobre matéria tributária. MESQUITA, por exemplo,
afirma que melhor seria se, ao invés de se criar um novo Estatuto do Contribuinte, fosse tão
somente criado um novo capítulo no Código Tributário, nele prevendo os direitos do
contribuinte(17).

Contudo, ainda que não se possa negar ser ponderada e coerente a idéia de inserir o Estatuto
como um novo capítulo no Código Tributário Nacional, também não se pode deixar de considerar
que a inovação legislativa, venha na forma em que vier, é importante ‘de per si’, não se
vislumbrando óbice algum no fato de ensejar a existência simultânea de duas leis
complementares tratando de normas gerais de Direito Tributário. Outrossim, há que se lembrar
que seriam, na realidade, leis a tratar de matérias diversas, uma vez que o Estatuto do
Contribuinte tem um objeto mais específico e determinado que o Código Tributário.

6. O papel do estatuto do contribuinte no sistema jurídico tributário brasileiro.

Mais importante do que a forma com que o Estatuto venha a se materializar – como capítulo do
Código Tributário, ou como norma autônoma – é o conhecimento da sua proposta.

E também neste ponto existem críticas ao projeto. Há quem diga que não há qualquer inovação
no projeto de lei do Estatuto do Contribuinte, uma vez que os direitos ali enumerados já estão
expressa ou tacitamente previstos na Constituição.

Em defesa desta tese, MESQUITA proclama que o cidadão-contribuinte já existe, não


precisando, pois, ser recriado(18), e, comentando o projeto do Estatuto, afirma:

“(...) entre ‘os direitos do contribuinte’ enumerados em um total de 14 itens, 8 deles -


portanto em torno de 60% (sessenta por cento) - já estão expressa ou tacitamente absorvidos
pelo texto constitucional (...) os demais, na verdade, tratam de pretendidos direitos junto à
administração fazendária, que, apesar de serem direitos, nada engrandecem o contribuinte, em
relação à cidadania”(19).

Contudo, não se pode acolher facilmente o entendimento de que o Estatuto do Contribuinte não
traria inovação alguma ao ordenamento brasileiro, e tampouco é concebível a idéia de que, na
realidade brasileira, a Constituição bastaria para tutelar os direitos do contribuinte nela
previstos.

Isto porque a mera previsão constitucional nem sempre é suficiente à garantia do direito por ela
referido. Muitas vezes é essencial a adoção de uma norma reguladora para atribuir eficácia ao
dispositivo constitucional. É neste prisma que se enxerga o ponto de inserção do Estatuto do
Contribuinte no sistema jurídico tributário nacional.

O Estatuto viria a lume para atribuir eficácia aos preceitos constitucionais fundamentais que,
apesar de inscritos na Lei Maior da nação, não podem, sem auxílio de norma especial, atingir
todo o seu âmbito de abrangência.

Ou, indo mais além, teria o Estatuto o desiderato maior de, desdobrando os princípios
constitucionais e tornando-os mais específicos, verdadeiramente trazer à superfície alguns
direitos cuja inteligência ainda não esteja devidamente compreendida(20). Aliás, coadunando
com esta idéia, a própria justificação do Projeto de Lei 646/99 refere que o Estatuto teria por
fim efetuar uma verdadeira releitura da Constituição(21).

A positivação do Estatuto do Contribuinte viria então basicamente para coroar e tornar efetiva
esta idéia, impondo à atividade fiscal a observância aos limites constitucionais e garantindo
maior segurança jurídica à seara tributária. Seria um auxílio relevante na aplicação das normas
constitucionais e mais um passo na consolidação do estado democrático de direito.

7. Conclusões.

A sociedade ocidental vive um momento de criação de direitos. E para tutelar esses direitos
positivam-se estatutos os mais diversos e específicos.

No Brasil clama-se atualmente por um estatuto que atenda aos direitos do contribuinte.

É polêmica a questão da necessidade e conveniência de o Brasil adotar um Estatuto do


Contribuinte.
Os defensores da idéia, entre políticos estudiosos do direito tributário, entendem que o Estatuto
se revelaria um instrumento contra as arbitrariedades perpetradas pelo Estado em matéria
tributária.

Outros, porém, entendem que as disposições constitucionais já bastam à tutela do contribuinte,


sendo desnecessária a criação de nova norma para este fim.

Há inclusive juristas e políticos que dizem que o Estatuto acabaria por imobilizar a máquina
fiscal e incentivar a sonegação de impostos.

No confronto entre o direito do Estado de tributar e os direitos fundamentais do contribuinte,


nenhum deles deve ser totalmente suprimido em função do outro. Dentro dos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, deve-se buscar ponderadamente garantir os direitos do
contribuinte sem prejudicar a atividade fiscal, e vice-versa.

A Constituição Federal de 1988 prevê os direitos e garantias individuais e, entre estes, há clara
proteção ao contribuinte.

As previsões constitucionais nem sempre são suficientes à garantia dos direitos por ela previstos.
Muitas vezes é necessária uma norma que venha instrumentalizar e trazer eficácia ao dispositivo
constitucional.

O Código Tributário Nacional, por sua vez, complementando a Constituição, prevê as normas
gerais de direito tributário.

O Estatuto do Contribuinte, positivando-se, viria a se juntar a esses dois diplomas (Constituição


Federal e Código Tributário Nacional) que hoje constituem a base do sistema tributário
brasileiro, para formar uma tríade onde estariam contidos os direitos e garantias do
contribuinte.

O papel do Estatuto do Contribuinte seria o de aplicar e tornar eficazes as garantias


constitucionais.

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