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CURSO DE COLHEITA, PREPARO E TRANSPORTE DE MATERIAL BIOLÓGICO DE


ORIGEM ANIMAL
MODULO II

INDICE
Colheita de material.......................................................................................... 02
Sangue.............................................................................................................. 02
Pele e mucosas.................................................................................................10
Sistema respiratório...........................................................................................17
Sistema gastrointestinal....................................................................................19
Sistema urinário................................................................................................ 22
Sistema reprodutor........................................................................................... 24
Sistema Circulatório e linfático..........................................................................28
Sistema ostioarticular........................................................................................31
Sistema nervoso central ...................................................................................32
Aves ..................................................................................................................34
Referências .......................................................................................................43
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COLHEITA DE AMOSTRAS

Sangue
O sangue é responsável pelo transporte, regulação e proteção do organismo,
podendo também ser um eficiente transportador de patógenos. É um dos elementos
utilizados em exames diagnósticos para diversas doenças.
O sangue é composto pelo plasma que representa a maior parte de seu volume,
estão presentes também hemácias, leucócitos e plaquetas que compõe a parte sólida do
sangue.
A maior parte do plasma é composta por água, outros componentes são o
oxigênio, glicose, vitaminas, gás carbônico, hormônios, sais minerais, aminoácidos,
uréia, lipídio etc.
Os glóbulos vermelhos também chamados de hemácias ou eritrócitos sãos os
responsáveis pelo transporte do oxigênio e gás carbônico, efetuando a troca desses
gases para a respiração e equilíbrio do organismo. As hemácias possuem tempo de vida
variado nas diferentes espécies animais, nos cães é de cerca de 120 dias, similar aos
humanos, enquanto que em gatos nascem e morrem em até 60 dias.
Nas aves as hemácias são nucleadas, diferentemente dos mamíferos que são
anucleadas.

FIGURA 1 – Hemácias mamíferos


Fonte: http://www.brasilescola.com/upload/e/hemacia.jpg
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Os glóbulos brancos ou leucócitos sãos as células responsáveis pela defesa


imunológica do organismo, diferentes doenças podem provocar a diminuição destas
células provocando deficiência do sistema imunológico.
A coagulação sanguinea é um importante fator nas doenças que produzem
hemorragias, as plaquetas são as células que efetuam o controle de perdas sanguineas
através do processo de coagulação, a diminuição destes elementos no sangue pode
gerar transtornos circulatórios graves.
Conforme PITUCO et al (2010) o sangue representa cerca de 8% do peso
corporal de um animal. As análises do sangue são importante apoio ao diagnóstico
clínico. A colheita de sangue pode ser realizada com seringa e agulha e posteriormente
transferido para recipientes próprios para exames laboratoriais.
Quando a punção for em pequenos animais como cães e gatos o sangue pode
ser colhido e transportado na própria seringa.
A colheita pode ser realizada com ou sem anticoagulante, depende de qual
exame será realizado.
Para serem representativas, as amostras de sangue devem ter sua composição
e integridade mantidas durante as fases pré-analíticas de colheita, manuseio, transporte
e eventual armazenagem (PITUCO et al, 2010).
A colheita pode também ser diretamente com tubos vacutainer, estes já
possuem em seu interior o anticoagulante desejado e a punção é realizada de forma
estéril, visto que não há transferência para outros recipientes.
Todo cuidado na hora da retirada da amostra é importante, para a obtenção de
um bom resultado diagnostico a amostra deverá atender aos padrões. Alguns fatores
que prejudicam os resultados é a não refrigeração imediata da amostra ou a hemólise
(quebra de hemácias).
Onde colher o sangue nas espécies animais?
- Veia jugular
- veia cefálica
- veia coccigea
- veia mamária
- veia cava cranial (em suínos).
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Em grandes animais como bovinos e equinos a veia jugular é a mais utilizada,


assim como em cães e gatos ou filhotes destes, visto que a jugular oferece um maior
aporte de sangue em menor tempo de punção. Em cães de porte médio a grande é
bastante comum a utilização da veia cefálica ou safena. Em relação aos suínos a veia
cava cranial é a preferida por estar em local menos coberto por gordura corporal.
De acordo com PITUCO et al. (2010) para a obtenção de soro é necessário:
- colher o sangue em tubo sem anticoagulante
- manter o tubo inclinado em temperatura ambiente até a coagulação e ocorrer a
retração do coágulo ( 30 a 60 minutos ).
- transferir o soro para outro tubo (tubo tampa de rosca ou eppendorf)
- efetuar o congelamento a -20 C para realização da análise em outro momento.
IMPORTANTE: quando o material desejado é o soro sanguineo o ideal é realizar a
punção, transferir o sangue para tubo e realizar a centrifugação em até, no máximo,
duas horas após a colheita, o soro obtido por centrifugação fica límpido, de ótima
qualidade para exames que dependem de bom material, deve-se realizar o
congelamento imediato a -20 graus e utilizar em um prazo máximo de um mês. O
descongelamento só deverá ser realizado no momento dos testes laboratoriais.
Exames bioquímicos em soros que sofreram alterações térmicas não dão resultados
confiáveis. Soros contendo qualquer grau de hemólise também devem ser descartados
porque em testes colorimétricos a cor é fator determinante para o resultado.

A colheita de sangue com anticoagulante é realizada quando se deseja o sangue


total, o tubo já contem o anticoagulante, após a colheita é necessário a
homogeneização por suaves movimentos do tubo (PITUCO, et al., 2010). O sangue
total é utilizado em exames onde se pretende avaliar a série vermelha e a série branca
e em pesquisas que procuram por agentes infecciosos diretamente no sangue.
A hemólise é a destruição dos glóbulos vermelhos do sangue por rompimento da
membrana plasmática com liberação da hemoglobina. A hemólise não pode ocorrer
visto que muitos parasitas encontram-se aderidos à membrana da hemácia ou mesmo
dentro da célula. A visualização destes parasitas em lâmina de esfregaço sanguíneo
depende da integridade dos eritrócitos.
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Fatores que podem provocar a hemólise durante ou após a colheita do sangue:


- Puncionar com agulha de calibre muito fino (fricção das células)
- Transferir da seringa para tubo sem retirar a agulha (em forma de jato)
- Agitar demasiadamente o recipiente contendo o sangue (ocorre a quebra
mecânica)
- Manutenção da amostra em temperatura muito alta ou muito baixa (muito calor
ou congelamento).
- colher sangue de área com hematoma ou equimose

FIGURA 2 - Hemólise: Tubo da esquerda e central sem hemólise, tubo da


direita com hemólise.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hem%C3%B3lise

Os anticoagulantes são substâncias usadas para prevenir a coagulação e


retardar a deterioração do sangue. É necessário conhecer os tipos de anticoagulantes
e também a quantidade que deve ser utilizada. Quando utilizado de forma incorreta
resulta em informações erradas. O excesso de anticoagulante na seringa ou tubo
produz a diluição da amostra e interfere nos resultados.
O EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) é um dos mais usados pois
apresenta boa conservação das células e impede a agregação das plaquetas. Não
deve ser utilizado quando se deseja obter o tempo de protrombina e função plaquetária.
A conversão do fibrinogênio em fibrina é impedida pelo anticoagulante Heparina,
este não altera a morfologia celular.
Nas transfusões sanguineas é utilizado o citrato de sódio em solução aguosa a
3,8%.
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No mercado estão disponíveis tubos com variados anticoagulantes direcionados


para tipos específicos de exames. Na Tabela 1 estão discriminados os diversos tipos
de tubos:

TABELA 1 – Relação de tubos próprios para colheita de sangue. As tampas coloridas


demonstram qual o anticoagulante contido no tubo, ou se não há
anticoagulante.

Cor da tampa Anticoagulante Exemplo de uso

vermelha Nenhum Exames que utilizam


soro:bioquímicas e sorologia

Lilás EDTA Hematologia e tipagem


sanguinea

Azul claro Citrato de sódio Exames de coagulação (TAP,


TTPa, Fibrinogênio)

Cinza Fluoreto de sódio Glicose (impede a glicólise)

Verde Heparina Alguns exames especiais

Fonte: http://www.professoraangela.kit.net/tubosdecoletaeanticoagulantes.htm

Após a colheita o sangue total NÃO PODE ser congelado, deve ser refrigerado
de + 2 a + 8 graus, temperatura de geladeira, por um período máximo de 48 horas.
Observar que este material não deve ser armazenado na porta do refrigerador onde a
temperatura é mais alta devido ao abre e fecha, não deve ser colocado logo abaixo do
congelador pois tal compartimento pode congelar e não refrigerar, o local ideal é no
fundo da geladeira na própria grade.
Para o transporte do sangue refrigerado utilizar caixas de isopor ou qualquer
recipiente que ofereça isolamento térmico, colocar junto à amostra gelo comum ou gelo
seco que garanta a refrigeração (temperatura máxima de oito graus centígrados).
Para transporte de curta distância LACEN - SC (2005) recomenda que os tubos
com amostras (sangue ou soro) devem estar em estantes e transportados em caixas
térmicas.
Em transporte de longa distância sugerem os seguintes procedimentos:
- Colocar os tubos identificados com as amostras em um saco plástico e fechar.
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- Colocar o saco com os tubos na posição vertical, protegido com papel, em uma meia
garrafa plástica cortada (pode ser de refrigerante).
- Fixar com fita adesiva o saco à embalagem plástica
- Colocar em caixa térmica.
- Colocar gelo reciclável dentro da caixa
- Colocar papel por cima, amassados de forma a manter os tubos em pé, evitando que
se batam no transporte.
- Colocar as requisições correspondentes, devidamente preenchidas, dentro de um
saco plástico (não devem entrar em contato com o gelo porque estragam).
- Fechar o saco com as requisições e fixá-lo a tampa da caixa
- Fechar bem a caixa térmica
- Identificar a caixa com remetente e destinatário
- Fazer o envio ao laboratório escolhido.
Segundo LACEN-SC (2005) é importante que o gelo seja reciclável para não
haver perda de amostras e a caixa térmica de transporte deve ser de polietileno ou
similar, devendo ser higienizada a cada transporte, fixar na caixa a informação de que
contem material infectante ou de risco biológico, informar também o nome do remetente
com telefone e endereço para aviso em caso de acidentes.
PITUCO et al.(2010) ensinam como fazer um bom esfregaço sanguíneo:
1. Manter a lâmina horizontalmente entre o polegar e o indicador.
2. Colocar uma pequena gota de sangue sem anticoagulante na extremidade da lâmina.
3. Colocar uma segunda lâmina (extensora) contra a superfície da lâmina, em frente à
gota de sangue, formando um ângulo de 45º.
4. Movimentar a lâmina para trás, de modo que entre em contato com a gota de
sangue, pressionando-a até que a gota se espalhe por toda a borda da lâmina.
5. Impelir a lâmina, mantendo sempre o mesmo ângulo, num só movimento firme e
uniforme, sem separar uma lâmina da outra. Forma-se então uma delgada camada de
sangue.
6. Secar rapidamente ao ar e identificar com lápis.
7. Fixar por dois minutos em álcool metílico, retirar e secar.
8. Enviar ao laboratório em porta-lâminas.
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FIGURA 3 - Técnica do esfregaço sanguineo


Fonte: site desta imagem: prof2000.pt
As lâminas são utilizadas em pesquisa de hematozoários, devem ser
confeccionadas três lâminas para cada animal amostrado, não é necessário nenhum
meio conservante, devem ser transportadas em caixas próprias para que não se
quebrem, conservar em temperatura ambiente, não demorar mais que 48 horas para
envio ao laboratório .
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FIGURA 4: tipos de agulhas


Fonte: PITUCO et al., (2010)

Indicações de uso - Punção venosa (PITUCO et al, 2010):


Branca – bovinos e bubalinos;
Rosa – bovinos, equídeos, suídeos e pequenos ruminantes;
Creme – pequenos ruminantes;
Verde – pequenos ruminantes
Punção articular: verde, violeta, castanho e cinza; Aves – preto e verde
Em caninos utilizar agulhas de 1,5 pol 20-22 mm, em felinos 1,0 pol e 20-25 mm.
IMPORTANTE: Nunca esquecer de fazer a identificação da amostra. Deve-se colocar
uma etiqueta com identificação do proprietário do animal, espécie e raça e data da
colheita, se for amostra de sangue ou soro não encobrir o nível com a identificação.
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FIGURA 5 – Colheita de sangue em cão na safena


Fonte: http://portal.cnm.org.br/sites/8100/8136/02.JPG
Pele e mucosas
A pele é o órgão que interage com todos os sistemas do organismo animal e com
o meio ambiente. É uma eficiente barreira anatômica e fisiológica, impedindo perdas
hidroeletrolíticas e a ação de microrganismos patogênicos. Faz estocagem de
eletrólitos, gorduras, água, proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas. Também
realiza a síntese de vitamina D. É o órgão que protege contra a desidratação, tem
sensores que realizam a imunoproteção, possui propriedades endócrinas e
antibacterianas e principalmente tem a função de proporcionar um ambiente interno em
equilíbrio (HOUSTON; RADOSTITS; MAYHEW, 2002).
De acordo com PITUCO et al., (2010) a etiologia das enfermidades que afetam a
pele é muito variada, incluindo, entre outras, causas parasitárias, bacterianas, fúngicas,
virais, neoplásicas, nutricionais, tóxicas, físicas, congênitas e genéticas. Ao contrário do
que se pensa o diagnóstico de patologias da pele não é fácil, pois a pele está exposta a
contaminação, a radiação solar e a muitos outros fatores como umidade e calor.
Ainda segundo estes autores as lesões de pele são modificadas em função da
exposição o que pode causar dúvidas no diagnóstico. As mucosas (oral, ocular, vaginal)
também são acometidas por doenças que podem ser diagnosticadas a partir de Swab
para cultura ou através de colheita para biopsias.
O diagnóstico se baseia em informações clínicas, epidemiológicas e
laboratoriais. Os materiais de eleição para diagnóstico são fragmentos de epitélio e de
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mucosas e exsudato (líquido vesicular) provenientes de lesões linguais, bucais, podais,


úbere, de pele, etc (PITUCO et al., 2010)
TABELA 2 - Algumas doenças de pele e mucosas que acometem animais domésticos.
BOVINO EQUINO SUINO CAPRINO OVINO CÃO GATO
DOENÇAS
Febre aftosa X X X X
Estomatite vesicular X X X X X
Língua azul X X X
Varíola X X X X X
Pseudovariola X
Ectima contagioso X X
Rinotraqueite infecciosa X
Diarréia viral bovina X
Doença vesicular suíno X
Exantema vesic. suino X
Sarnas (ácaros) X X
Fungos X X
Dermatites X X
Fonte: PITUCO et al., (2010)
Segundo PITUCO et al., (2010) são necessários os seguintes materiais para
colheita de amostras de pele e mucosas:
- Tubos (tipo falcon) com meio conservante
- Coletor universal com meio conservante
- Punch para biopsias
- Luvas de procedimento
- Cabo e lâminas de bisturi
- Pinças
- Tesoura cirúrgica
- Tubo tipo KMA com tampa de rosca
- Tubos com tampa de rosca
- Coletor universal
- Eppendorfs
- Tubos à vácuo com gel separador, com e sem anticoagulante
- Seringas, agulhas, agulhas para colheita a vácuo
- Coletor de raspado esofágico
- Papel toalha
- Lâminas para raspado
- Porta lâminas
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- Swabs e meio conservante para transporte


- Papel toalha

FIGURA 7 - coletor universal

FIGURA 8 - Colheita de pele com punch

FIGURA 6 - Tubo falcon

FIGURA 9 – Eppendorf FIGURA 10 – Swab

Fig. 6 – fonte: ttp://www.ceifer.es/ceifer/images/stories/ceifer/articulos/descongelacion/tuboFalcon.jpg


Fig. 7 - fonte: http://omalfazejo2.files.wordpress.com/2007/05/coletor2.jpg
Fig. 8 – fonte: http://www.dermatopatologia.com/biopsias/f017001.gif
Fig. 9 – fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Eppendorf_tubes.jpg
Fig. 10 – fonte: http://www.sejalplastics.com/full-images/679487.jpg

Biopsia
A biopsia é um procedimento invasivo, exige anestesia, é um processo onde
pequenos fragmentos de tecidos ou células são retirados. Em caso de morte do animal
podem ser retirados fragmentos maiores de várias partes. A análise é feita em
laboratório de histopatologia. O objetivo é identificar alterações celulares que
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caracterizem a enfermidade pela qual o animal foi acometido. É um procedimento


laboratorial um pouco demorado porque lâminas são feitas a partir do material enviado,
são fixadas por reagentes específicos e recebem tratamento variado dependendo do
que se deseja avaliar.
O material biológico colhido para biopsia NÃO PODE ser congelado, este
processo produz a formação de cristais de água intracelular que lesionam as células
tornando o material impróprio. O CORRETO é a conservação da amostra em formol
10% , sendo que a peça deverá estar totalmente mergulhada no formol na proporção de
10 partes para uma. É muito comum o envio de amostras em recipientes muito
pequenos, onde a amostra não fica completamente encoberta, o formol é um
conservante da estrutura celular e as partes que não ficam devidamente mergulhadas
sofrem deterioração danificando a amostra.
TECSA (2010) informa que Histopatológico ou Biópsia:
• É uma Ferramenta de diagnóstico importante;
• Aplicável a qualquer pele incomum, como por exemplo, neoplasias e lesões não
responsivas a tratamentos.
• Permite a avaliação da constituição e composição do tecido, presença de
microrganismos, como por exemplo, esporos de Sporothrix shenckii (Pesquisa de
Sporothrix) ou mesmo protozoários como Leishmania sp em análise Imunohistoquímica.
Material a ser colhido:
- fragmento de pele da área de lesão, acondicionados em frascos contento 10 vezes o
volume da amostra em formol 10%.
Obtenção do material:
- biopsias excisionais ou incisionais, utilizando-se de bisturi ou mesmo “punch” em
pacientes sob leve sedação e infiltração anestésica local.
Observações importantes:
• É de extrema importância que o animal não esteja sob tratamento por no mínimo 15
dias, evitando-se assim resultados falso-negativos.
• A amostra enviada deve ser representativa, nunca enviar apenas pêlos.
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• Deve-se lembrar que para um diagnóstico de qualidade, o material deve ser


acompanhado da descrição do local de obtenção e informes clínicos, o que associado
ao exame, contribui ainda mais para aumentar a acertividade do diagnóstico.

Raspado de pele
As dermatopatias são doenças que afetam o sistema tegumentar, (pele e pêlos)
e constituem 30% da casuística de atendimento na clínica de pequenos animais,
representando um grande desafio de diagnóstico ao clínico (TECSA, 2010).
A etiologia das dermatopatias em cães e gatos são diversas (TECSA, 2010):
• Ectoparasitismo (DAAPP – Dermatite alérgica a picada de pulgas);
• Endocrinopatias (Hiperadrenocorticismo);
• Infecções bacterianas e fúngicas, protozoárias (Leishmaniose);
• Componentes imunológicos (alergias);
• Neoplasias (Carcinomas epidermóides);
• Estresse;
• Associação de duas ou mais causas.
O raspado de pele é um elemento diagnóstico, mas seu resultado deve ser
associado a uma boa anamnese, ao histórico do animal, a uma investigação clínica
mais detalhada. O raspado é indicado para a pesquisa de sarnas, ácaros e
dermatófitos.
De acordo com TECSA (2010) as técnicas de colheita de raspado de pele são:
Material utilizado: 01 lâmina de bisturi posicionada em 45º e frascos coletores de rosca,
lâminas de microscopia ou mesmo tubos de soro para acondicionar a amostra coletada.
São utilizados dois tipos distintos de raspados de pele: superficial e profundo.
Raspado superficial:
• Indicado na suspeita de escabiose canina (Sarcoptes scabiei), sarna notoédrica felina
(Notoedres cati) e sarna otodécica (Otodectes cynotis). Deve ser realizado com
amplitude em múltiplas áreas de pele, não sendo necessário sangramento capilar. As
áreas de escolha envolvem bordas de pavilhão auditivo, pele glabra da região
abdominal e de articulações úmero-rádio-ulnar e tíbio-társica.
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• Indicado também na suspeita de dermatofitose. Os microorganismos são fungos e


aqueles mais comumente envolvidos nessas patologias são Microsporum canis e
Trychophyton mentagrophytes. Deve ser realizado de maneira delicada, evitando-se a
contaminação da amostra com exsudatos ou sangue. Os locais de colheita abrangem
bordas de lesões alopécicas, crostosas ou descamativas.
Raspado profundo:
• Indicado na suspeita de demodicose (Demodex canis ou D. felis). Deve envolver no
mínimo cinco locais diferentes de pele apresentando eritema e hipotricose. A pele deve
ser comprimida vigorosamente entre os dedos para facilitar a extrusão dos ácaros no
interior dos folículos e raspada profundamente até que se observe sangramento capilar.
Preparações citológicas:
Permitem a análise de células superficiais da pele, bem como a visualização de
microorganismos (bactérias e leveduras).
• Indicado à maioria das lesões: pruriginosas, exsudativas, descamativas, fétidas,
pustulares, crostosas e nodulares.
• Indicada no diagnóstico de inflamações do canal auditivo externo (otites).
Esfregaço por aposição (imprint em lâmina de microscopia):
Utilizado para lesões de pele descamativas, oleosas, úmidas ou ulceradas.
Swabs:
utilizado no conduto auditivo em casos suspeitos de otites e malassezíases,
lesões características de esporotricose ou lesões interdigitais. Para a citologia auricular,
o swab é inserido no canal auditivo (terço médio do canal horizontal), rotacionado e
retirado. O material coletado pode ser armazenado em meio especial (apresentação
comercial de swab com meio preservante) ou transferido para uma lâmina de
microscopia, devendo o material estar identificado discriminando o ouvido de que foi
coletado.
Aspiração por agulha fina:
Utilizada na colheita de material proveniente de alterações nodulares, cistos,
massas ou placas. Para tal, deve-se segurar firmemente a lesão e introduzir uma
agulha (acoplada a uma seringa) e realizar múltiplas aspirações. Posteriormente o
material puncionado deve ser soprado em lâmina de vidro e essa fixada ao ar. A
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identificação do local de colheita do material, junto aos achados clínicos devem estar
devidamente expressos na ficha de solicitação de exames.
Cultivo celular:
Cultivo de bactérias e fungos permitindo o isolamento de possíveis agentes
etiológicos ou oportunistas. Trata-se de um recurso que permite ao clínico direcionar o
diagnóstico e instituir manejo e terapia medicamentosa mais específicas de acordo com
o agente identificado.
Cultura e antibiograma:
Pesquisam-se bactérias e sua susceptibilidade a antimicrobianos. O material a
ser coletado para tal análise constitui-se de swabs de lesões, swabs auriculares ou
aspirados de lesões pustulares íntegras.
Cultura fúngica
Pesquisam-se fungos em geral e em especial os responsáveis por
dermatofitoses. O material a ser coletado envolve raspados de pele de áreas
lesionadas e bordas de lesões.

Líquidos e tecido epitelial vesicular


Em grande animais as doenças de cascos e mucosas são comuns, o material de
colheita são líquidos e tecidos das regiões lesionadas. No caso de vesículas é utilizada
uma seringa estéril para sugar o líquido vesicular (febre aftosa). Tecidos são colhidos
utilizando tesoura ou bisturi e pinça estéril, deve-se incluir na colheita as bordas das
lesões (nas regiões: oral, nasal, podal e glândula mamária) (PITUCO et.al, 2010).
Segundo PITUCO et al., (2010) o úbere ou as patas devem ser lavados antes da
colheita, lavar somente com água para retirada das sujidades superficiais, não é
recomendado a utilização de sabão ou outros.
O líquido vesicular deve ser encaminhado refrigerado (+2°C a +8°C), sem
conservante, enquanto que tecidos ( 1 a 2 cm) devem ser conservados em líquido de
Vallée com pH 7,4 a 7,8; ou Meio Eagle duas vezes concentrado, com antibiótico e pH
7,2-7,6, também refrigerado, para ambos os materiais devem ser utilizados tubos
estéreis para o transporte da amostra (PITUCO et.al, 2010).
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O exame realizado nestas amostras é a pesquisa direta do agente não podendo


passar de 48 horas. Conforme orienta PITUCO et al., (2010) em caso de suspeita de
doença vesicular, o serviço oficial deverá ser imediatamente informado, as amostras
devem ser colhidas por profissionais do serviço oficial e enviadas sob condições de
segurança para laboratórios autorizados, tais medidas previnem a disseminação da
doença.
O líquido esofágico é utilizado para teste de febre aftosa, após colheita deve ser
enviado em prazo máximo de 48 horas, na quantidade de 15 mL conservado em Earle
duas vezes concentrado, com antibiótico e pH 7,4-7,6, podendo ser refrigerado ou
congelado. A colheita será realizada somente após 12 horas de jejum com material
próprio, nunca utilizar o mesmo copo coletor sem a prévia desinfecção (PITUCO et al.,
2010).
A pesquisa de vírus ou bactérias em exsudato é realizada colhendo-se material
nas mucosas oral ou nasal ou em outros tecidos que apresentem secreções
inflamatórias. Um swab é utilizado para colher a secreção, para a pesquisa de vírus
são conservados em Eagle duas vezes concentrado, com antibiótico e 10% Soro Fetal
Bovino (pH 7,4-7,6) e para a pesquisa de bactérias são conservados em Tioglicolato de
sódio. O material deve ser refrigerado e enviado ao laboratório em 48 horas (PITUCO et
al., 2010).
a
Sistema respiratório
A principal função dos pulmões é promover a troca gasosa contínua entre o ar
inspirado e o sangue da circulação pulmonar , fornecendo oxigênio (O 2) e removendo o
dióxido de carbono (CO2). A vida depende da realização contínua e eficiente desse
processo, mesmo em condições alteradas por doenças ou por ambiente desfavorável
(REGATIERI, 2010). Outras funções importantes são: equilíbrio ácido-básico,
termorregulação, reservatório sanguineo, filtração e metabolismo.
Exames recomendados em casos de distúrbios respiratórios:
- Radiografia, hemograma, citologia, biopsia, lavado traqueal ou bronco alveolar,
toracocentese, secreções respiratórias e oculares.
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FIGURA 11- anatomia do cão


Fonte: http://www.fmvz.unesp.br/dermatovet2/Semiologia%20do%20Sistem

As doenças respiratórias são multifatoriais e provocam mortalidade,


especialmente em animais jovens. Alterações climáticas, manejo zootécnico e
instalações inadequadas estressam e debilitam o animal, predispondo-o a infecções. O
diagnóstico deve basear-se no conjunto de informações, tanto clínicas quanto
epidemiológicas e na confirmação laboratorial (PITUCO et al., 2010).
O diagnóstico de rebanho geralmente é feito a partir de um animal que morre,
este é necropsiado, os resultados encontrados são estendidos ao grupo de animais
bem como o tratamento, caso exista.
De acordo com PITUCO et al. (2010) o material a ser enviado para análise em
caso de doenças respiratórias são o pulmão e linfonodos mais próximos do órgão. O
manipulador deverá estar protegido por EPI, deverá colher fragmentos das áreas com
lesões caseosas, purulentas ou marmorizadas. A pesquisa pode ser do agente
patogênico no material ou histopatológico.
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Recomenda-se a colheita de duas amostras: um fragmento de 20g e um


linfonodo regional, colocar em coletor estéril sem nenhum conservante, refrigerar e
enviar ao laboratório em 48 horas. Outra amostra seria fragmentos de 3x1x1 de cada
órgão, colocar em formol a 10%, podendo ser refrigerada ou não e enviado para análise
em prazo de 48 horas (PITUCO et al., 2010).
Secreções devem ser colhidas das narinas com swab estéril, utilizar um swab
para cada narina, os meios conservantes variam de acordo com a pesquisa que se
deseja realizar:
- Para pesquisa de vírus submergir o swab em dois mL de Eagle duas vezes
concentrado, com antibiótico
- Para pesquisa de Micoplasma spp submergir o swab em dois mL de A3xB
- Para outras bactérias submergir o swab em dois mL de meio tioglicolato de sódio, BHI
ou cary blair.
O ideal é que se realize uma amostra para cada tipo de exame desejado, apesar
do custo os resultados serão mais completos e evita a repetição de colheitas.
As amostras sempre devem ser refrigeradas, conservadas em temperaturas
abaixo de 8º C, o soro sanguineo também pode ser enviado, visto que alguns agentes
podem ser encontrados na pesquisa direta.

Sistema gastrointestinal
Patologias que ocorrem no sistema digestivo são denominadas doenças
gastrointestinais. O trato digestivo inicia-se na boca e termina na porção final do
intestino grosso. São componentes deste sistema a boca, esôfago, estômago, intestino
delgado e intestino grosso, em anexo glândulas e linfonodos.
Em animais de companhia como os cães e gatos, distúrbios do sistema digestivo
são comuns em viroses, verminoses e infecções bacterianas. Os animais jovens e os
mais velhos são os mais acometidos em função da menor eficiência do sistema
imunológico.
Nos animais de produção bovinos, suínos e aves a incidência de doenças do
trato digestivo pode ocorrer em função da aglomeração de animais, ingestão de
alimentos processados, pastos com alta densidade de animais etc. Na ocorrência de
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distúrbios digestivos faz-se necessário a avaliação das instalações, inspeção dos


alimentos, armazéns e áreas de pastagens. O manejo inadequado pode originar
muitos problemas sanitários.
Em cães e gatos o material mais comum enviado para análise laboratorial são as
fezes. Pode-se pesquisar a existência de vermes ou ovos destes ou realizar a cultura
bacteriológica para identificação das bactérias. Em muitos casos a diarréia é uma
reação a alguma virose. A parvovirose, cinomose e coronavirose provocam diarréia
intensa em cães, sendo necessário o tratamento de suporte com antibióticos e
soroterapia.
A clínica é soberana em se tratando de pequenos animais, os distúrbios do trato
digestivo podem ter várias causas, sendo necessário que o clínico faça uma boa
anamnese para elaborar um plano de exames e de tratamento. Nos casos de
intoxicação alimentar e envenenamento o tratamento é de urgência, com suporte
adequado ao quadro, nem sempre exames irão ajudar no diagnóstico.
É absolutamente contra indicado medicar animais diarréicos com fármacos que
levam ao corte brusco da evacuação, este procedimento retém no organismo as toxinas
bacterianas podendo agravar a doença e até levar o animal à morte. A diarréia é um
mecanismo de defesa do intestino, ocorre devido ao aumento do peristaltismo com o
objetivo de eliminar o agressor.

Colheita de conteúdo ruminal em bovinos


A colheita pode ser realizada através de sonda gástrica ou por ruminocentese. A
sonda deve ser introduzida via oral com a retirada de conteúdo do rúmen. Na
ruminocentese a punção é feita no abdômen esquerdo do animal, no ponto médio entre
a ultima costela e a articulação femorotibiopatelar (PITUCO et al., 2010).
A ruminocentese é realizada da seguinte forma: (PITUCO et al., 2010)
- Fazer tricotomia e antissepcia numa área de 5cm x 5cm;
- Aplicar de 2 a 3 mL de Lidocaina 2% subcuntânea;
- Introduzir a cânula ventrocranial e aspirar o conteúdo com seringa de 20 mL;
- Se ocorrer obstrução da agulha injetar ar com outra seringa;
21

- Retirar de 3 a 10 mL de líquido ruminal, colocar em frasco estéril sem


conservantes.
- Introduzir 5 mL de solução fisiológica antes de retirar a agulha, isto evitará a
aderência.
- Não utilizar movimentos bruscos na retirada da seringa e agulha
O conteúdo ruminal é utilizado para exames toxicológicos, pode ser refrigerado
ou congelado a -20º C.

Colheita de fezes em bovinos


As fezes podem ser colhidas diretamente no reto do animal ou do bolo fecal,
deve-se colher uma porção de pelo menos 20 g. Colocar em frascos estéreis. Quando
for amostra de rebanho colher de 10 a 15 amostras de cada faixa etária, não utilizar
nenhum meio conservante e enviar ao laboratório em até 48 horas, lembrar que é
necessário refrigerar para conservação do material (PITUCO et al., 2010).
De acordo com PITUCO et al., (2010) em caso de necropsia enviar um
fragmento de alça intestinal com o conteúdo, enviar também fragmentos de fígado e
rim, tudo refrigerado para exame toxicológico, outros fragmentos em formol 10% para
exame histopalógico.

Colheita de alimentos para exames


Quais alimentos devem ser enviados ao laboratório?
- Grãos ( podem conter fungos)
- Ração comercial
- Forragens secas e conservadas (material de silo e feno)
- Palhadas
- Restos de cultura
Retirar amostras parciais de cada alimento a ser analisado, colhidas em
diferentes pontos do local de interesse: campo, armazém, sacarias, cocho, silos etc.
Dessa amostra média, após homogeneização, retirar uma única amostra, que deve ser
representativa da média do material a ser analisado (PITUCO et al. 2010).
22

As quantidades recomendadas são um quilo para rações, grãos e concentrados,


entre outros alimentos e dois quilos para volumosos (silagem, feno, rações e
concentrados com uréia, farelo de algodão etc). Utilizar embalagens do tipo saco
plástico para alimentos secos e frascos para alimentos úmidos, os alimentos secos
ficam em temperatura ambiente enquanto os úmidos devem ser refrigerados até o envio
ao laboratório (PITUCO et al., 2010).

Sistema urinário
As doenças do trato urinário são comuns em cães e gatos, podendo acometer
rins, ureteres,bexiga ou todos os órgãos do sistema urinário.
O trato urinário divide-se em:
- Trato urinário superior: rins e ureteres
- Trato urinário inferior: bexiga e uretra
A avaliação da urina pode fornecer várias pistas para patologias relacionadas ao
sistema urinário. Em cães e gatos a colheita de urina pode ser feita pela micção normal,
por cateterismo uretral (sonda e espéculo) ou por cistocentese.
Na micção natural existe a vantagem de ser isento de riscos e pode ser colhido
pelo proprietário do animal. A desvantagem é que a amostra pode estar contaminada
com células, bactérias e debris localizados na uretra distal (RADOSTITS et al, 2002).
A colheita por sonda ou cateter possuí a vantagem de retirar a urina de dentro
da bexiga, evitando-se assim a contaminação com o meio externo, no entanto a
utilização de equipamentos pode produzir pequenas lesões em seu trajeto e possibilitar
o aparecimento de sangue na urina que não teria importância diagnóstica. A colheita
por sonda no macho é bem mais prática que em fêmeas.
Segundo RADOSTITS et al. (2002) a cistocentese é bem tolerada por cães e
gatos. Esta técnica consiste na punção da bexiga com uma agulha através da parede
abdominal para obter uma amostra de urina, é simples quando a bexiga é palpável.
Utiliza-se agulha de calibre 22 e 2,5 a 3 centímetros de comprimento, em cães de
grande porte podem ser de 7 centímetros.
Passo a passo da cistocentese:
- Ter em mãos uma seringa de 10 mL com o calibre e comprimento desejado.
23

- Colocar o animal em decúbito lateral ou dorsal


- Localização da bexiga com a mão
- Fazer a tricotomia e assepcia do local onde haverá a introdução da agulha
- Inserir a agulha através da parede ventral ou ventrolateral da bexiga
- Ãngulo da agulha deve ser de 45º
- Recomenda-se apenas duas tentativas, caso ocorra insucesso só repetir o
procedimento no dia seguinte.

FIGURA 12 - cistocentese
Fonte: synararillo.com.br
A urina colhida via cistocentese é a mais indicada para cultura e antibiograma,
pois teoricamente é um ambiente estéril, e a presença de qualquer número de bactérias
seria um achado anormal. Em cães e gatos é recomendado colher de 3 a 5 mL de
urina, devendo ser encaminhada ao laboratório até uma hora após a colheita em
temperatura ambiente, se refrigerada (entre 2 a 8º C) até cinco horas após a colheita,
pode ser enviada na própria seringa ou em frasco estéril.
Em animais de produção a colheita de urina para exames é realizada também
pela micção natural, cateterismo ou punção vesical. Segundo PITUCO et al.(2010)
deve-se realizar a higienização da região vulvar ou do prepúcio com água e sabão,
enxaguar e secar com papel toalha, logo após colher o jato intermediário com coletor
universal estéril. A micção pode ser induzida por várias formas:
- obstrução dos olhos e boca em pequenos ruminantes, durante uns segundos
(funciona tanto em machos como em fêmeas).
- Em touros deve-se realizar uma massagem suave e rítmica no óstio prepucial e
em vacas massagem vulvar.
24

- Eqüino pode urinar após ser levado a uma baia limpa após período de exercício
- Suínos machos podem urinar em resposta a uma corrente de água quente
dirigida ao prepúcio.
- Uso de furosemida (diurético) por via intravenosa favorece a micção dentro de
10 a 15 minutos (não deve ser utilizado em animais com suspeita de presença de
urólitos).
A urina destes animais pode ser utilizada para a pesquisa de Leptospira spp,
brucela spp e técnicas de biologia molecular.
PITUCO et al. (2010) orientam:
Para a pesquisa de Leptospira spp: Meio de Fletcher, colocar 1 mL de urina em 9 mL
de solução salina tamponada, pH 7,2 e inocular 2 mL dessa diluição em tubo contendo
meio de Fletcher.
Para pesquisa de Brucela spp: Meio BHI, colocar 1 mL da urina em 3 mL em tubo
contendo meio de transporte (BHI).
Para técnicas de biologia molecular: Não utilizar nenhum meio, enviar o restante de
urina, cerca de 20 mL.

Sistema reprodutor
Em cães e gatos os problemas reprodutivos podem ser avaliados através de
exames laboratoriais como: swabs vaginais e citologia de esfregaço vaginal. Outros
exames auxiliares são ultrasson ou RX para detecção de prenhez ou outras patologias
que provocam o aumento abdominal.
A cultura bacteriana é feita a partir da colheita de material com um swab.
Segundo RADOSTITS et al.(2002) realiza-se a higiene da vulva da cadela, e com a
ajuda de um espéculo faz-se a colheita na parte cranial do útero, considerado que o
útero é um local estéril não é normal a presença de bactérias.

IMPORTANTE: A colheita de material uterino deve ser feita no momento em que a


cérvix está aberta (proestro, estro, pós parto ou em caso de piometra).
25

A citologia vaginal é bastante utilizada para a determinação dos estágios do ciclo


estral. As células vulvares se modificam em cada estágio e o laboratorista identificará
em lâminas os diferentes momentos do ciclo reprodutivo da fêmea. A colheita é feita
com um swab de algodão umedecido em solução salina e um espéculo ou otoscópio
(RADOSTITS et al., 2002).
O material do swab deve ser transferido imediatamente para uma lâmina pelo
processo de rolamento, será melhor conservado se for fixado por uma lamínula. Na
interpretação serão observados a presença de eritrócitos, leucócitos, bactérias intra e
extracelulares, muco, detritos e células epiteliais (RADOSTITS et al. 2002).
Para colheita de amostras do sistema reprodutor de grandes animais são
necessários alguns instrumentos, PITUCO et al. (2010) relacionam:
- swab estéril
- swab acoplado a pipeta de inseminação artificial
- agulha para colheita de sangue a vácuo
- meios para transporte de secreções (BHI, A3xB, Eagle e Lactopep)
- tubos a vácuo para colheita de sangue, com gel separador, sem e com
anticoagulante.
- saco plástico
- coletor universal
- tábua para corte de órgãos
- pedra de amolar facas
- facas tipo frigorífico e tesoura para destrinchar ossos
- tubo com tampa de rosca e eppendorfs
- papel toalha
- gaze
- tubos tipo KMA com tampa de rosca
- palhetas de sêmen
Tipos de amostras (PITUCO et al, 2010):
- fetos de até dois quilos
- fetos e natimorto com mais de dois quilos
- placenta
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- sêmen
- muco prepucial
- muco cervicovaginal
- urina ( anteriormente comentado).
Feto de até dois quilos: Enviar inteiro em saco plástico refrigerado, nunca congelar,
enviar em prazo de 48 horas, no máximo. É importante enviar soro do sangue da mãe.
O feto será necropsiado e diversas partes serão analisadas em exame histopatológico,
pesquisa-se também o agente etiológico direta ou indiretamente.
Fetos e natimorto com mais de dois quilos: Deve-se realizar a colheita de fígado, baço,
pulmão, sistema nervoso central, coração, rim, timo e fluidos corporais (torácico,
pericárdico, gástrico). A colheita deve ser feita com materiais esterilizados, colher partes
lesionadas. Os exames realizados são a pesquisa direta do agente e o
histopatolólogico.
Utilizam-se três tipos de amostras:
- fragmentos de 20g, sem nenhum conservante, embalado em sacos plásticos e
refrigerados, são utilizados para a pesquisa direta do agente patológico.
- fluídos corporais, colhido na quantidade de 3 mL, sem nenhum conservante,
também refrigerado em tubos estéreis, são utilizados na pesquisa de anticorpos.
- fragmentos de cada órgão com medida de 3x3x1, fixado em formol 10%, em
frascos que permitam 10 partes para uma, pode ser enviado refrigerado ou em
temperatura ambiente, jamais realizar o congelamento, são utilizados para a confecção
de lâminas para o exame histopatológico.
Plancenta: Colher áreas de transição do tecido com e sem lesão, em ruminantes colher
algumas carúnculas. Acondicionar para dois tipos de exames, a pesquisa direta e o
histopalógico, respectivamente fragmento de 20g e fragmentos de 3x3x1, o primeiro
sem nenhum conservante e refrigerado e o segundo em formol a 10%.
Sêmen: A colheita de sêmen em bovinos é realizada com a ajuda de uma fêmea, com
eletroejaculador ou vagina artificial. É necessário a utilização de palhetas ou tubo de
ensaio esterilizado para o transporte da amostra. Sêmen in natura, 0,5 mL, sêmen
industrializado 10 palhetas de 0,5 mL. As amostras devem ser bem identificadas e a
27

quantidade de sêmen enviada depende do tipo de exame a ser realizado, é


recomendado a consulta ao laboratório que realizará as análises.
Muco prepucial: A colheita é feita na cavidade prepucial, realizar antes a tricotomia do
óstio e lavar bem o prepúcio com água e enxugar com papel toalha. O muco deve ser
colhido no fundo de saco da cavidade prepucial com um swab estéril acoplado a uma
pipeta de inseminação artificial. Deve-se rolar o swab nas mucosas prepucial e
peniana, colocá-lo em meio próprio para o transporte, utilizar um swab para cada
amostra.
Com este material podem ser realizados três tipos de exames: pesquisa de
vírus, de bactérias e de Tritrichomonas foetus (PITUCO et al, 2010).
1 - Pesquisa de vírus: o swab com o material colhido deve ser mergulhado em 2
mL de eagle duas vezes concentrado com antibiótico em tubo de ensaio e refrigerado a
menos 8º C para envio ao laboratório.
2 – Pesquisa de bactérias: o swab com o material deve ser submergido em tubo
de ensaio com 2 mL de conservante tipo tioglicolato de sódio ou BHI para a pesquisa
de Campylobacter spp e A3xB Mycoplasma spp, e no conservante Cary Blair para
pesquisa de outras bactérias, refrigerar e enviar em 48 horas ao laboratório.
3 – Na pesquisa de Tritrichomonas foetus o swab deve ser mergulhado em 10
mL de Lactopep (0,5 g de Lactopep para 10 mL de solução salina 0,85%), manter em
temperatura ambiente e enviar em até seis ao laboratório.
Outra forma de colheita do muco prepucial é através do lavado prepucial, a
técnica é realização da tricotomia do óstio prepucial, lavar bem com água e enxugar
com papel toalha, realizar a lavagem da cavidade prepucial utilizando pipeta de
inseminação artificial acoplada a um tubo flexível ligado a uma seringa com 40 mL de
solução salina estéril 0,85%. Introduzir a pipeta até o fundo de saco da cavidade
prepucial e injetar o volume total da solução salina. Retirar a pipeta e obliterar o óstio
prepucial com uma das mãos e, com a outra, massagear vigorosamente o prepúcio por
um minuto. Liberar o óstio prepucial e recolher o líquido no frasco contendo meio
Lactopep (em pó). Homogeneizar e completar o volume com solução salina, até obter
40 mL (PITUCO et al. 2010).
28

O transporte do lavado prepucial é realizado em tubo cônico em temperatura


ambiente. Os 40 mL de solução salina obtido deve ser conservado em meio Lactopep
(proporção: 2 g/40 mL de solução salina) para a pesquisa de Tritrichomonas foetus

IMPORTANTE: O touro deve ser mantido sob repouso sexual no mínimo 07 dias antes
da realização da colheita. Evitar contaminação do muco com urina. Quando for o caso,
colher primeiro o swab prepucial e depois proceder ao lavado. Solicitar ao laboratório os
meios apropriados (PITUCO et al. 2010).

Muco cervicovaginal: é colhido na cavidade vaginal após higienização da região vulvar


apenas com água (secar com papel toalha). O swab deve ser adaptado a uma pipeta
de inseminação artificial e com auxílio de um espéculo, introduzido na vulva até a cérvix
onde será rolado. O material colhido é usado para as mesmas pesquisas do muco
prepucial, devendo ser conservado e transportado da mesma maneira já descrita. O
período ideal para colheita de muco vaginal é nos dias subsequentes ao estro (evitar
colheita logo após a cópula), o uso de espéculo é fundamental para obtenção de
amostra de muco cervicovaginal de boa qualidade (PITUCO et al., 2010).

Sistema circulatório e linfático


O sistema circulatório, também chamado de sistema cardiovascular é constituído
por uma rede de “tubos” de vários tipos e calibres, responsáveis pela irrigação
sanguinea e linfática de todo o corpo. A circulação só é possível graças a eficiência do
coração, órgão composto por quatro câmaras que produzem a impulsão do sangue
para o pulmão e para o resto do organismo. O sangue que saí do coração para o corpo
é chamado sangue arterial ou oxigenado, enquanto que o sangue que chega é o
venoso ou carregado de CO2, é impulsionado aos pulmões para a troca gasosa.
As funções do sistema circulatório são (http://www.afh.bio.br/cardio/Cardio1.asp):
 transporte de gases: os pulmões, responsáveis pela obtenção de oxigênio e
pela eliminação de dióxido de carbono, comunicam-se com os demais tecidos do
corpo por meio do sangue.
29

 transporte de nutrientes: no tubo digestivo, os nutrientes resultantes da digestão


passam através de um fino epitélio e alcançam o sangue. Por essa verdadeira
"auto-estrada", os nutrientes são levados aos tecidos do corpo, nos quais se
difundem para o líquido intersticial que banha as células.
 transporte de resíduos metabólicos: a atividade metabólica das células do corpo
origina resíduos, mas apenas alguns órgãos podem eliminá-los para o meio
externo. O transporte dessas substâncias, de onde são formadas até os órgãos
de excreção, é feito pelo sangue.
 transporte de hormônios: hormônios são substâncias secretadas por certos
órgãos, distribuídas pelo sangue e capazes de modificar o funcionamento de
outros órgãos do corpo. A colecistocinina, por exemplo, é produzida pelo
duodeno, durante a passagem do alimento, e lançada no sangue. Um de seus
efeitos é estimular a contração da vesícula biliar e a liberação da bile no
duodeno.
 intercâmbio de materiais: algumas substâncias são produzidas ou armazenadas
em uma parte do corpo e utilizadas em outra parte. Células do fígado, por
exemplo, armazenam moléculas de glicogênio, que, ao serem quebradas,
liberam glicose, que o sangue leva para outras células do corpo.
 transporte de calor: o sangue também é utilizado na distribuição homogênea de
calor pelas diversas partes do organismo, colaborando na manutenção de uma
temperatura adequada em todas as regiões; permite ainda levar calor até a
superfície corporal, onde pode ser dissipado.
 distribuição de mecanismos de defesa: pelo sangue circulam anticorpos e células
fagocitárias, componentes da defesa contra agentes infecciosos.
 coagulação sangüínea: pelo sangue circulam as plaquetas, pedaços de um tipo
celular da medula óssea (megacariócito), com função na coagulação sangüínea.
O sangue contém ainda fatores de coagulação, capazes de bloquear eventuais
vazamentos em caso de rompimento de um vaso sangüíneo.
30

Quadro 1 – Componentes carreados pelos sangue em animais domésticos em 100


mL de sangue
SANGUE EQUINOS BOVINOS OVINOS SUINOS CANINOS
AGUA (g) 78 80 81 80 80
HEMOGLOBINA (g) 11 12 12,5 12 14
GLICOSE (mg) 55-95 40-60 30-60 69-90 60-80
SÓDIO (mg) 200 260 280 215 310
POTÁSSIO (mg) 170 40 35 170 28
CÁLCIO (mg) 4 7 5 5 6
MAGNÉSIO (mg) 4 5 3 3,5 4
FERRO (mg) 58 40 34 42 45
CLORETO (mg) 280 310 310 300 300
FOSFATO TOTAL (mg) 27 18 17 45 43
FOSFATO INORG. (mg) 3 5 5 6 3
ÁCIDO LÁTICO (mg) 14 12 10 10 12
Fonte: http://www.dzo.uem.br/disciplinas/fisiologia/fisiologia_cardiovascular.pdf

O Sistema linfático é um sistema paralelo ao circulatório, consiste de vasos e


nódulos linfáticos, existem nos diferentes órgãos do organismo aglomerações de
linfócitos, que aparecem na forma de nódulos linfáticos (linfonodos solitários) e de
aglomerações de nódulos linfáticos (linfonodos agregados) e, que juntamente com o
sistema vascular linfático, formam o sistema linfático.
O sistema linfático possui função de transporte e de defesa, representa cerca de
1% do peso corporal, no tecido linfóide ocorre a formação de linfócitos e
imunoglobulinas. Os corpos estranhos que entram no organismo são transportados
para os nódulos linfáticos com o auxílio do sistema vascular, onde são degradados ou
depositados. Microrganismos que entram nos vasos linfáticos também são
transportados para nódulos linfáticos regionais e são degradados. Nos diferentes
agentes infecciosos, os processos de defesa se processam com o auxílio de
dispositivos de defesa celulares do sangue, imediatamente no local de penetração do
organismo.
Doenças do sistema circulatório e linfático produzem sinais clínicos diversos, tais
como edema subcutâneo, coloração anormal de mucosas (palidez, cianose, congestão
e icterícia), hemorragias (petéquias e sufusões) na pele e nos órgãos internos, edema
de órgãos, principalmente do pulmão e do cérebro. Esses sinais são decorrentes da
ação de alguns patógenos que lesionam o endotélio e podem causar dificuldade
respiratória, cansaço, anorexia, apatia e prostração no animal. O diagnóstico diferencial
31

utiliza fragmentos de órgãos refrigerados e fixados em formol, sangue com


anticoagulante e soro sanguíneo (PITUCO et al. 2010).
Em cães e gatos o sangue e soro sanguineo são materiais de eleição para a
pesquisa de vírus, bactérias ou protozoários. São colhidos de 1 a 5 mL de sangue,
depende do porte do animal e do objetivo da colheita. É possível realizar um
hemograma completo com um mL de sangue total com anticoagulante. Quanto maior o
número de exames desejados maior volume deve ter a amostra. Os cuidados com a
colheita já foram relatados no inicio deste estudo.
A punção de linfonodos também é utilizada na pesquisa de bactérias e
protozoários. Na Leishmaniose canina é um exame bastante útil, geralmente o
protozoário não é encontrado no sangue, mas pode ser localizado na circulação
linfática.
Em animais de produção a avaliação diagnostica geralmente ocorre após a
morte de algum animal do rebanho e este deve ser necropsiado. Os diversos órgãos:
sistema nervoso central, fígado, baço, pulmão, rim, coração, linfonodos e intestinos são
retirados e colhidos pequenos fragmentos para exame direto e histológico.
A conduta de colheita e transporte é a mesma já relatada para analise de outros
sistemas, fragmentos (20 g) são refrigerados para exame direto e outros (3x3x1) são
fixados em formol a 10%, ter o cuidado de utilizar frascos plásticos estéreis e enviar
rapidamente ao laboratório. No caso de intestino enviar alça de 10 a 30 centímetros,
amaradas em ambas as extremidades com conteúdo.

Sistema ostioarticular
O principal material colhido para avaliação de articulações é o líquido sinovial.
Identifica-se a articulação acometida: escapulo-umeral, coxofemoral ou articulações do
carpo e do tarso.
Segundo PITUCO et al. (2010)
- Sedar o animal;
- Fazer a tricotomia e a desinfecção da região da punção;
- Conter o animal, a fim de evitar movimentos bruscos;
32

- Puncionar a articulação acometida, utilizando seringas com agulhas de 0,8 mm de


diâmetro e 40 mm de comprimento para articulações escapulo-umeral e coxofemoral e
com agulhas mais curtas para articulações do carpo e do tarso;
- Posteriormente, dividir a amostra entre um tubo com anticoagulante, para estudo
citológico e outro tubo sem anticoagulante, para pesquisa direta de agente;
- Retirar a agulha e aplicar um curativo no local.
O liquido sinovial é incolor e muito viscoso, deve ser enviado na quantidade de
1,5 mL em tubo estéril, refrigerado entre 2 a 8º C em até 48 horas após colheita, nas
artrites o líquido se apresenta avermelhado devido à presença de sangue, aconselha-se
exame sanguineo em paralelo.

Sistema nervoso central

As doenças que acometem o sistema nervoso central são tratadas com muita
atenção visto que algumas são transmissíveis ao homem e fatais. O diagnóstico é difícil
e em muitos casos só é possível após a morte do animal.
A raiva tem sido controlada pela vacinação anual de mamíferos, principalmente
os cães e gatos, já a raiva de herbívoros ainda persiste em algumas regiões do país, o
controle é possível através de campanhas intensas de vacinação dos bovinos.
Outra doença de importância relacionada ao sistema nervoso central é a
encefalopatia espongiforme bovina (EEB), é uma zoonose que preocupa as autoridades
sanitárias.
As patologias do SNC são de difícil diagnostico devido a complexidade da
anatomia do sistema nervoso, este sistema se divide em encéfalo (cérebro, tronco
encefálico e cerebelo) e medula espinhal, que atuam de forma integrada para controlar
as funções do organismo (PITUCO et al. 2010).
Os agentes agressores são variados: bactérias, vírus, parasitas, prions, tumores,
elementos tóxicos, traumas etc, que podem afetar direta ou indiretamente as funções
do SNC produzindo sinais clínicos diversos que facilitam a identificação da disfunção e
a localização das lesões.
Animais com doenças neurológicas apresentam alterações sensitivas, motoras,
comportamentais, reflexas e sensoriais, é necessário estabelecer um diagnóstico
33

diferencial para proceder a investigação. O diagnóstico post-mortem é o mais comum a


partir de colheita de fragmentos do sistema nervoso central para exames de pesquisa
direta e histopatológico.
QUADRO 2 – Principais doenças do SNC em animais de produção
DOENÇAS BOVINO SUINO OVINO CAPRINO EQUINO
RAIVA X X X X X
ENCEFALOPAIA E. BOVINA (EEB) X
SCRAPIE X
ENCEFALITE HERPETICA BOVINA X
FEBRE CATARRAL MALIGNA X
PSEUDORAIVA X X
LISTERIOSE X X X X
BOTULISMO X X X X X
INTOXICAÇÕES – QUIM. E PLANTAS X X X X X
ENCELALITE HERPETICA EQUINA X
ENCEFALOMIELITE EQUINA X
POLIO-ENCEFALOMALÁCIA X X X
LEUCOENCEFALOMALACIA EQUINA X
Fonte: PITUCO et al., (2010).
Os instrumentos necessários para a realização de colheita de materiais de
sistema nervoso central são (PITUCO et al.2010);
- Agulhas, seringas, tubos à vácuo, tubos sem e com anticoagulante
- Coletor universal e eppendorfs
- Tabua e facas para colheita de fragmentos de órgãos
- Sacos plásticos e frascos de boca larga para transporte de fragmentos
- Um frasco de Formol
- Serrote de arco, cizalha, gancho, machado, marreta e talhadeira
As amostras devem ser retiradas do encéfalo inteiro, PITUCO et al. (2010)
orientam como retirar o encéfalo da caixa craniana:
1º passo: calota craniana
2º passo: serra ou talhadeira e marreta
34

3º passo: seccionar com tesoura a dura mater e retirar o encéfalo cortando os nervos
cranianos
4º passo: enviar o encéfalo inteiro com a medula espinhal cervical e o conjunto
hipófise, trigêmeos e rede admirável carotídea (capilares ao redor da hipófise)
O encéfalo e medula espinhal podem ser enviados inteiros ao laboratório, deve
ser colocado em saco plástico e refrigerado, não utilizar nenhum meio conservante,
enviar ao laboratório em até 48 horas. Este recurso de envio do SNC completo é
utilizado quando a pessoa que colher o material não dispuser de instrumentos para a
separação das porções do encéfalo.
As porções do SNC são:
- Hemisférios cerebrais
- cerebelo
- tronco encefálico
- medula espinhal cervical
Fragmentos são colhidos para exame direto e histopatológico. Para o exame
direto as porções são apenas refrigeradas, sem nenhum conservante e enviadas ao
laboratório o mais breve possível. Para o exame histopatológico as porções são
colocadas em formol 10% em frascos de boca larga, podendo ser refrigerada ou não.
Orienta-se que sejam enviados também partes do fígado, baço , pulmão, rim,
coração, linfonodos e intestinos para exame complementar.

Aves
As aves são animais muito diferentes dos mamíferos, é importante conhecer a
sua biologia para se obter sucesso na criação. Doenças parasitárias, bacterianas e
viróticas acometem as aves com frequencia, principalmente aquelas criadas sob
confinamento e em grande aglomeração. A sintomatologia das diversas doenças
aviárias é muito similar, geralmente é quase impossível o diagnóstico apenas com a
prática clínica.
Como dito por Louis Pasteur no século XIX : “Os germes não são nada, as
circunstâncias são tudo”. A noção de biossegurança já existia, é preciso ter cuidado
com o ambiente, propiciar situações que desfavoreçam os agentes infecciosos.
35

Conforme afirmam PITUCO et al. (2010) é necessária a adoção de medidas de


biosseguridade, visando a obter elevados índices de produção, além da prevenção das
doenças. Por essa razão é imprescindível o diagnóstico e o monitoramento freqüente
do status sanitário dos plantéis avícolas

Algumas das principais doenças na avicultura e suas etiologias

Agente Etiológico Doença


Escherichia coli Aerosaculite, salpingite e colisepticemia
Salmonella sp Pulorosa, tifo e paratifo
Mycoplasma paragallinarum DCR, aerosaculite, sinovite infecciosa
Heamophilus paragallinarum Coriza infecciosa
Clostridium sp Botulismo, enterites
Birnavírus Doença de Gumboro
Paramixovírus Doença de Newcastle
Herpesvírus Doença de Marek
Coronavírus Bronquite infecciosa
Adenovírus EDS (síndrome da queda de postura)
Aspergillus sp Aspergilose
Cândida sp Candidíase
Eimeria sp Coccidiose
Ascaridia, Heterakis, Daivainea Helmintoses
Fonte: BERCHIERI & MACARI (2000)

Geralmente a maioria das doenças acima citadas não ocorre isoladas, quando as
aves adoecem podem estar acometidas por diversos patógenos, um mesmo lote pode
apresentar contaminação por agentes diferentes levando a elevadas perdas
econômicas por morte dos animais .

IMPORTANTE: A doença de Newcastle e influenza aviária são de alta patogenicidade


e havendo suspeita o serviço veterinário oficial do estado deverá ser comunicado,
sendo a colheita de amostra de competência de tal órgão.
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FIGURA 13 - GRANJA DE AVES DE CORTE


Fonte: http://www.es.gov.br/site/files
Em caso de mortes de animais ou suspeita de doenças no plantel o responsável
técnico deverá efetuar a colheita de material e enviar a laboratório para a pesquisa da
doença. Desta forma é preciso ter à mão todos os equipamentos para realização da
colheita. De acordo com PITUCO et al. (2010) são necessários:
- swab e gaze
- fracos de boca larga
- gaze para swab de arrasto
- palitos esterilizados
- frasco com água peptonada
- bolsa de água peptonada
- bolsa plástica para colheita
- propé descartável
- frasco com formol a 10% para histopatológico
- luvas
- tesouras e pinças
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- tesoura trinchante
- caneta
- seringas e agulhas
- pipeta Pasteur
- frascos para colheita de sangue
- eppendorfs
- plástico (folha lisa)

Colheita de sangue em aves (PITUCO et al. 2010):


Aves adultas: realiza-se a punção cardíaca ou veia ulnar (asa).
Aves de um dia: punção cardíaca ou decapitação (colheita do sangue da jugular)

Procedimentos:
Para a colheita na veia ulnar em aves adultas colocar o animal em decúbito
lateral, colher o sangue com seringa descartável de 5 mL através de punção venosa,
transferir para tubo de ensaio de 10 mL limpos e secos sem anticoagulante para
obtenção de soro. Em ave de um dia a obtenção de sangue é em menor volume mas o
procedimento é o mesmo.
Para a colheita via punção cardíaca a ave é contida e realiza-se a punção no
meio da região da quilha (base do esterno), onde há um “vazio” tendo o cuidado para
não atingir o pulmão, puxar lentamente o embolo até obter a quantidade desejada e
transferir para frascos de 10 mL.
Quantidade de sangue:
Quatro mL de sangue para obtenção de um mL de soro por ave. O sangue deve
ser transportado em tubos e o soro em eppendorfs.
Numero de amostras:
exame N. de amostras
ELISA 25 soros por lote
SOROAGLUTINAÇÃO RÁPIDA (Mycoplasma e salmonela) 100 soros por lote
SOROAGLUTINAÇÃO RÁPIDA (Mycoplasma gallisepticum) 150 a 300 soros/lote
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O soro obtido NÃO DEVE ser congelado, apenas refrigerado e entregue ao


laboratório em até 24 horas.
Colheita de órgãos
Para a realização de exames histopatológicos colhe-se fragmentos de traquéia,
pulmão, orofaringe, coração, fígado, baço, rim, bursa, cérebro, cerebelo, nervo ciático,
proventrículo, moela, pâncreas, tonsilas cecais, duodeno e ceco. Os fragmentos podem
ser colocados todos em um mesmo frasco com formol a 10% deve-se incluir o nervo
ciático e a traquéia deve ser integra (PITUCO et al. 2010).
Como realizar a colheita
Segundo PITUCO et al.(2010) para a realização da colheita deve-se utilizar luvas
e com uma tesoura de destrinchar aves abrir a cavidade abdominal e torácica, as
amostras devem ser retiradas de ave recém sacrificada para se obter bom material de
exame. Tesouras e pinças devem estar esterilizadas, ir retirando cuidadosamente os
fragmentos desejados com espessura máxima de 2,0 cm, de tecidos que apresentem
alterações. Evitar que os órgãos se contaminem com bancada ou mãos de pessoas e
efetuar o agrupamento de órgãos em quatro conjuntos;
GRUPO 1 - Traquéia, pulmão e orofaringe;
GRUPO 2 - Coração, fígado, baço e rins;
GRUPO 3 - Cérebro, cerebelo e nervo ciático;
GRUPO 4 - Proventrículo, moela, bursa, duodeno, pâncreas, tonsilas
cecais e ceco.
Quantidade
Deve-se colher amostras de cinco aves por lote, sendo três aves doentes e duas
aparentemente sadias.
Exames
São realizados três tipos de exames:
1- Exame bacteriológico: a amostra não deve ter nenhum meio conservante, utilizar
frasco coletor ou tubos tipo falcon, refrigerar e entregar ao laboratório em até 24 horas,
utilizar um frasco para cada amostra (ave).
2 - Exame isolamento viral e biologia molecular: utilizar o meio conservante MEM (meio
essencial mínimo) com 10% de soro bovino (ou 10% de soro fetal bovino) com solução
de antibióticos (0,5x); BHI com solução de antibióticos (0,5x); caldo triptose fosfato
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tamponado (TPB) com solução de antibióticos (0,5x), utilizar frasco coletor ou tubos tipo
falcon, refrigerar e levar ao laboratório em até 48 horas.
3 – Histopatológico: amostra em solução de formol 10% (100 mL de formaldeído a
37% e 900 mL de água v/v), enviar em temperatura ambiente, jamais congelar.
Swab de traquéia
Conforme orientação de PITUCO et al. (2010) ao efetuar a colheita com o swab
deve-se verificar se este está sendo introduzido no local correto, pode ocorrer de estar
dentro do esôfado. A traquéia localiza-se na porção VENTRAL. Uma dica é tracionar
um pouco a língua da ave, de modo que a traquéia seja projetada em direção à
cavidade bucal, podendo então ser visualizada.
Cuidados com a colheita (PITUCO et al. 2010):
- usar luvas para efetuar a colheita e não tocar na parte que será usada
- Abrir o bico da ave e abaixar a língua
- Introduzir o swab esterilizado
- esfregar em toda a circunferência evitando mucosas da boca
- usar um swab por ave (cortar a extremidade que estava na mão)
- mergulhar a amostra no meio de transporte
Exames:
Isolamento viral : Swabes de 30 aves/ lote, agrupando 10 swabes em cada
recipiente, conservados em solução salina com antibióticos, podem ser transportados
em frascos com tampa de rosca, refrigerados e entregues ao laboratório em até 24
horas.
Isolamento bacteriológico: A quantidade de amostras são de 20 aves por lote em
meio caldo frey, acondicionados em frascos de tampa de rosca e refrigerado, entregar
ao laboratório em até 24 horas.
Biologia molecular para micoplasma: Colher também swabes de 20 aves por lote
e colocar em meio caldo frey, se for apenas refrigerada deve ser entregue em 24 horas
ao laboratório, se congelada poderá demorar mais tempo.
Swab de cloaca
O swab de cloaca é feito em caso de suspeita de salmonela no plantel. O
manipulador deve utilizar luvas e material estéril para a colheita. Fazer movimentos
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circulares na cloaca, descartar a parte do swab que não foi utilizada, mergulhar em
meio de transporte para envio ao laboratório.

FIGURA 14 - SWAB DE CLOACA


Fonte: web.uct.ac.za
Exames:
Pesquisa de salmonela: Escolher 100 aves de cada núcleo e realizar a colheita
de 50 swabs, agrupar em um mesmo recipiente em água peptonada tamponada
esterilizada, refrigerar e enviar ao laboratório em 24 horas.
Isolamento viral e biologia molecular: Separar 30 aves por núcleo e realizar a
colheita com swab estéril, agrupar em recipiente com 10 swabs (três de 10) em solução
salina com antibiótico, pode ser refrigerada ou congelada.
Swab de arrasto
Utilizado para efetuar a colheita de amostras no piso do galpão. A pessoa que for
colher deverá usar propé esterilizado, percorrer o galpão com uma gaze ou esponja
esterilizada amarrada em um cordão (é adquirido no mercado já pronto para tal
colheita).
Procedimentos:
De acordo com PITUCO et al. (2010) o manipulador deverá usar luvas, abrir a
embalagem do swab de arrasto dentro do galpão, segurar o swab pelo cordão e
caminhar pelo galpão, arrastar sobre a cama, entre os comedouros e bebedouros,
acondicionar o swab em meio de transporte descartando o cordão. O propé também
poderá ser usado na pesquisa, visto que será utilizado estéril e os resíduos que se
acumularem poderão fornecer informações dos patógenos existentes na cama.
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Indica-se a colheita de duas amostras por galpão, os swabs devem ser


colocados em meio contendo água peptonada tamponada estéril, refrigerado e enviado
ao laboratório em prazo máximo de 24 horas.
Como você já deve ter percebido, sempre que a pesquisa é de bactérias utiliza-
se meio estéril sem antimicrobianos, pois a pesquisa justamente deseja encontrar
bactérias. Para exames virais são utilizados meios que eliminam as bactérias facilitando
assim a pesquisa dos vírus na amostra devido a eliminação de colônias bacterianas.
Avaliação de caixas de transporte de aves de um dia
A colheita pode ser feita com gaze, passar sobre o fundo da caixa e colocar em
recipiente adequado para o transporte (frasco de boca larga) ou enviar o próprio fundo
da caixa para análise, a caixa deve ser dobrada de modo que o fundo contendo fezes
fique protegido, deve ser embalada em saco plástico.
O swab de gaze deve ser colocado em meio com água peptonada tamponada
estéril , deve ser feito em pelo menos quatro caixas por lote de aves, refrigerado e
enviado ao laboratório. O fundo de caixa ( quatro fundos por lote de aves) deve ser
dobrado e colocado em saco plástico resistente, não utilizado nenhum tipo de meio
conservante, é enviado em temperatura ambiente para o processo laboratorial. Nestes
dois tipos de amostras pesquisa-se a presença de bactérias ou fungos.
O papel que é colocado nas caixas para transporte das aves de um dia também
deve ser enviado ao laboratório, deve ser recolhido por pessoa portando luvas,
colocado em sacos plásticos resistentes, transportados a temperatura ambiente e sem
nenhum meio conservante.
Fezes no galpão
As fezes podem produzir informações importantes. Deve-se recolher com uma
espátula esterilizada pequenas porções de diferentes pontos do galpão, lembrando que
as fezes frescas são as melhores amostras, colocar todas as porções em um mesmo
recipiente.
Exames
Bacteriológico: Recolher 100 porções e colocar em um mesmo recipiente, não
utilizar nenhum meio conservante, refrigerar e enviar em 24 horas para analise.
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Isolamento viral e biologia molecular: Recolher de 50 a 100 gramas de fezes


frescas por lote, colocar em recipiente com solução salina contendo antibióticos,
refrigerar e enviar para o laboratório.
O teste para salmonella enteridis também pode ser feito a partir da colheita do
Mecônio (primeiras fezes da ave recém-nascida), com uma leve pressão é possível
fazer com que a ave excrete o mecônio, este deve ser colhido no incubatório utilizando
recipiente adequado. Colhe-se 50 mL de aves provenientes de reprodutoras não
vacinadas e mecônio de 200 pintos de reprodutoras vacinadas. O mecônio não deve
ser colocado em nenhum meio conservante, é refrigerado e enviado ao laboratório para
a pesquisa da bactéria (PITUCO et al., 2010).
Ainda no incubatório pode-se testar ovos bicados não nascidos. Recomenda-se
que a amostra tenha 20 ovos proveniente de reprodutoras não vacinadas contra
salmonella enteridies e 150 ovos de reprodutoras de primeiro nascimento que tenham
sido vacinadas, estes ovos podem ser refrigerados ou congelados e enviados ao
laboratório para a pesquisa (PITUCO et al. 2010).
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REFERENCIAS

BERCHIERI, J.A., MACARI, M. Doenças das aves. FACTA, Campinas, São Paulo,
2000. 490 p.

HOUSTON, D. M.; RADOSTITS, O. M.; MAYHEW, I. G. Exame clínico do sistema


tegumentar. In: RADOSTITS, O. M.; MAYHEW, I. G.; HOUSTON, D. M. Exame clínico
e diagnóstico em veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 166-190.

LACEN/SC – Manual de orientações para coleta, preparo e transporte de material


biológico. 2005. Disponível em
http://www.saude.sc.gov.br/hospitais/lacen/manual%20de%20coleta%202005.pdf.
Acesso em 06/07/2010.

PITUCO, E.M.; FAVA, C.D.; RIBEIRO, C.P.; BESANO, J.G.; MIVASHIRO, S.; Centro de
P & D de Sanidade Animal, Manual veterinário de colheita e envio de amostras,
2010.

REGATIERI, F.L.F.; Fisiologia do Sistema Respiratório. Disponível em:


http://www.marski.org/downloads/altamontanha/Fisiologia_Sistema_Respiratorio.pdf.
Acesso em 23/07/2010.

RADOSTITS, O .M.; MAYHEW, I.G.J.; HOUSTON, D.M.; Exame clínico e diagnóstico


em veterinária. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2002.

TECSA DIAGNOSTICOS PET. Diagnóstico de dermatopatias. Disponível em:


http://www.tecsa.com.br/media/File/pdfs/DICAS%20DA%20SEMANA/PET/PET%20DIA
G%20DERMATOPATIAS.pdf. Acesso em 22/07/2010.

O sistema Cardiovascular. Disponivel em : http://www.afh.bio.br/cardio/Cardio1.asp.


Acesso em 03/08/2010.

LEITURA ANEXA:

Orientações para Coleta e Envio de Material para Laboratório. Disponível em:


http://www.labsantacecilia.com.br/divisao_veterinaria/suinos/coleta.pdf. Acesso em
02/09/2010.

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