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I SEMINÁRIO PATRIMÔNIO & CIDADE

IMIGRANTES E O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: O CASO DA ANTIGA


FÁBRICA SENEGAGLIA EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS-PR

William Willrich1

Marcia Keiko Ono Adriazola2

Resumo:

O artigo explora a história da antiga fábrica Senegaglia fundada pelo imigrante italiano João Senegaglia no
início do século XX em São José dos Pinhais-PR. Busca-se compreender o imóvel enquanto símbolo de um
modelo de desenvolvimento sócio-econômico atrelado, tanto ao município em si, quanto sua relação com a
população da São José dos Pinhais da primeira metade do século XX. Também é alvo deste trabalho a
compreensão do edifício frente às diversas transformações ocorridas ao longo de sua existência, que o
levam de um ambiente fabril a um centro de cultura: o espaço passa da produção de artefatos metalúrgicos
à consolidação de um polo cultural no centro da cidade, segue pelos anos vislumbrando glórias e revezes.
O texto cita ainda as realocações promovidas pela prefeitura municipal da cidade em meados dos anos
2000 e, como tais medidas colaboraram para esvaziar o espaço ao ponto da edificação ser ameaçada de
demolição pela sua ociosidade frente à crescente especulação imobiliária da área central, mobilizando o
segmento intelectual são joseense a lutar por seu tombamento, que ocorre em 2008. Apesar de grandes
esforços, o então Centro de Vivência Cultural João Senegaglia fecha suas portas à comunidade como
centro cultural no fim dos anos 2000. Por fim, procura-se entender como o poder municipal procura reabrir o
espaço por meio de novas funções, as quais também serão tratadas criticamente neste texto.

Palavras-chave: Patrimônio Industrial; Fábrica Senegaglia; Centro de Vivência; São José dos Pinhais;

1
Acadêmico, Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
willrich@alunos.utfpr.edu.br
2
Doutora, Docente do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, mkeiko1@yahoo.com.br
I SEMINÁRIO PATRIMÔNIO & CIDADE

IMIGRANTES E O PATRIMÔNIO INDUSTRIAL: O CASO DA ANTIGA


FÁBRICA SENEGAGLIA EM SÃO JOSÉ DOS PINHAIS-PR
Imigrantes sempre tiveram papel central no desenvolvimento de São José dos Pinhais:
Primeiramente portugueses e espanhóis, os quais vieram atraídos pelas riquezas minerais.
Séculos mais tarde chegaram italianos, poloneses, alemães e ucranianos, em sua maioria vinda
de uma Europa hostil, degradada social e economicamente.

Na primeira metade do século XX, em um contexto de pioneirismos, avanços urbanos e de


modernização industrial, surge a Fábrica Senegaglia. O imigrante italiano João Senegaglia
transforma uma simples oficina na principal expressão industrial da cidade, o que em pouco tempo
também seria a principal oferta de emprego para a população da região central do município.

Este artigo busca conhecer aspectos históricos relevantes da Fábrica Senegaglia. Para
tanto foram exploradas informações históricas inerentes tanto à fábrica em si, quanto alguns fatos
pontuais na vida particular de João Senegaglia, o que permitiu um breve panorama da evolução
do local enquanto indústria. Em um segundo momento, já quando o edifício se torna o Centro de
Vivência Cultural João Senegaglia, busca-se compreender a situação do edifício: a configuração
das instalações arquitetônicas e quais eram as instituições culturais ali instaladas no momento de
seu fechamento no fim da década de 2000, bem como as consequências desse fechamento e
como a realocação de instituições culturais causaram o declínio do Centro de Vivência. Para
subsidiar este estudo, lançou-se mão de monografias e teses que tratam dos temas, além de
fotografias e documentos existentes tanto no Museu Municipal Atílio Rocco quanto na Biblioteca
Pública Municipal Scharffemberg de Quadros. Também se utilizou de um levantamento
arquitetônico realizado in loco e uma modesta análise do contexto do imóvel relacionado com a
comunidade são joseense, considerando as duas configurações temporais: enquanto fábrica e
enquanto centro cultural.

Para concluir o trabalho, traçou-se um panorama da situação atual do imóvel e das alternativas
que a prefeitura municipal utilizou para tentar reabrir o centro cultural. Também se propôs uma
pequena análise crítica dos prováveis usos propostos pelo poder público para a reapropriação do
espaço pela comunidade dada a importância do bem arquitetônico, uma vez que o edifício
consolidou-se em um ponto de interesse e de identidade coletiva da população de São José dos
Pinhais, além de ser um testemunho do modelo de desenvolvimento econômico-social vivenciado
pela cidade.

O ITALIANO JOÃO SENEGAGLIA: EMIGRAÇÃO E TRAJETÓRIA

O município de São José dos Pinhais recebe, desde a data de sua emancipação, no ano de 1853,
até o final do século XX, um número relativamente pequeno de imigrantes europeus. Entretanto,
observa-se que alguns desses imigrantes se fixaram de maneira isolada antes da instalação oficial
da primeira colônia na cidade (MAROCHI, 2006).

O relato de Glaci Escolaro Juliatto (MAROCHI, 2006), cita um imigrante italiano que começa a
ganhar destaque junto à comunidade local, a narração também evidencia como ele inicia seu
negócio, bem como as proporções que alcança quando comparado aos demais imigrantes do
município:
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O João Senegaglia veio da Itália no mesmo grupo dos meus avós que foram
morar lá na Colônia Inspetor Carvalho, mas ele ficou aqui no centro de São José.
O João Senegaglia fazia aquelas chocolateiras de zinco, punha todas elas
penduradas em uma vara e saía para vender para os colonos. Veja, depois ele
acabou ficando no que era. A sua vida deu certo e a sua indústria cresceu,
enquanto que os coitados que chegaram juntos ficaram lá na Colônia plantando
milho naquela miséria. (MAROCHI, 2006)

De acordo com Machado (2003), o italiano Giovanni Sante Senegaglia ou como era chamado em
português João Senegaglia, chega à Santos-SP proveniente de Genova, na Itália, no ano de
1896. Em um primeiro momento ele não tinha intenções de se fixar diretamente em São José dos
Pinhais e, logo após sua chegada ao Brasil, se estabelece na cidade de Itapira-SP, onde trabalha
como capataz em uma fazenda de café por alguns anos.

Ainda segundo a mesma autora, após seu primeiro trabalho em Itapira-SP, Senegaglia vem para o
Paraná em 1903. Ele chega ao Estado já casado, acompanhado de sua esposa Regina Celotto e
se estabelece em São José dos Pinhais onde já tinha a indicação de procurar o prefeito local, Luiz
Vitorino Ordine, também de ascendência italiana. O casal estabelece sua residência inicial, a qual
se localizava a poucos metros da atual Catedral São José, no centro da cidade.

Não se precisa exatamente a data, mas tudo leva a crer que Senegaglia trabalha nesse ínterim
como comerciante independente, vendendo artigos de lata no interior do município. Pouco tempo
depois consegue trabalho na cidade de Curitiba onde trabalha para José Gravina,
estabelecimento no qual fabricava brinquedos com folha de flandres (MACHADO, 2003).

FUNDAÇÃO DA FÁBRICA SENEGAGLIA E SUA EVOLUÇÃO

No ano de 1908, João Senegaglia se muda para outro local ainda dentro do centro do município,
onde prontamente estabelece sua nova residência e cria uma pequena oficina, a qual no início
contava com a ajuda de apenas cinco trabalhadores (Figura 1), ambos os edifícios construídos
ainda em madeira (MACHADO, 2003).
Figura 1 – Residência e Oficina de João Senegaglia,1908;

Fonte: Museu Municipal Atílio Rocco (2016).

Os produtos que Senegaglia fabricava em sua nova oficina eram praticamente os mesmos que ele
fabricou anos antes, o que “evidencia como o imigrante após ter trabalhado como empregado e ter
aprendido um ofício, passa a ter condições para construir seu próprio empreendimento e ainda
fazê-lo prosperar a tal ponto de consolidar uma indústria metalúrgica” (MACHADO, 2003).
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A fábrica prospera e no ano de 1928 é fortemente reestruturada (Figura 2): o pátio é ampliado,
novos equipamentos são adquiridos e 25 trabalhadores passam a produzir novos produtos como
fornos para fogões, banheiras em metal, chapinhas de garrafa e placas estampadas, além de
fortalecer a linha de produção dos artigos já comercializados pela indústria (MACHADO, 2003).

Figura 2 – Trabalhadores da fábrica Senegaglia após as ampliações, 1928;

Fonte: Museu Municipal Atílio Rocco (2016).

Na medida em que a indústria amplia suas operações, acaba por encontrar algumas dificuldades.
Primeiramente, um empecilho encontrado refere-se à obtenção de energia, posto que não havia
eletricidade durante o dia na cidade de São José dos Pinhais, o que é resolvido com a
inauguração da Usina Hidroelétrica de Chaminé na década de 1930 (MACHADO, 2003). Sanada
essa primeira dificuldade a fábrica continua a se expandir e encontra mais empecilhos, dessa vez
com relação à escassez de matérias-primas, pois muitos dos materiais eram provenientes de
países como a Alemanha, Estados Unidos e o Japão – países envolvidos na Segunda Grande
Guerra e que na ocasião não dispunham de condições para comercializar tais produtos.
Senegaglia então negocia com proprietários de imóveis locais que possuíam telhas de zinco para
que estas fossem trocadas por telhas de barro para que sua indústria assim, tivesse condições de
utilizar o material em sua linha de produção. O que demonstra também a relação que o
empresário passa a ter na cidade e sua influência enquanto industrial local (MACHADO, 2003).

Um fator que chama a atenção na trajetória de Senegaglia e de sua indústria é que ele dispunha
de um amplo suporte político, primeiro com o então prefeito de São José dos Pinhais, Luiz Vitorine
Ordine e, posteriormente, com Manoel Ribas (MACHADO, 2003). Prova dessa relação próxima
com o então governador do Paraná é registrada pelo depoimento que Marcos3 cedeu a Machado
(2003):

Quando o Manoel Ribas fez uma vez um aniversário o Senegaglia quis levar a
fábrica todinha lá pra, nós fomos lá fazer presença. Ainda no tempo que era no
Alto São Francisco, fomos lá, tudo em cima de um caminhão. Fomos lá só fazer
presença, ficamo lá na rua, foi um caminhão cheio! (MACHADO, 2003)

3
Marcos nasceu em 1924, foi admitido aos 13 anos de idade na indústria Senegaglia, trabalhou de 1938 a 1946,
registrado como aprendiz de funileiro e operário. A entrevista foi cedida a Machado (2003) em 18 de dezembro de 2002.
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No final dos anos 1930, as políticas de Manoel Ribas com relação ao emplacamento de veículos,
impactam muito a indústria de Senegaglia. Estima-se que durante o governo de Ribas (1932 a
1945), mais precisamente no ano de 1939, o número de veículos cujo emplacamento era exigido
girava em torno de 49.180 unidades, aliado a isso existiam apenas 10 indústrias no ano de 1938
no Paraná que fabricavam metais comuns, semelhantes aos produtos produzidos pela fábrica
Senegaglia (IBGE, 1942 apud MACHADO, 2003). Fica claro, portanto que, ao se associar a
quantidade de veículos a serem emplacados e o número de indústrias do ramo no Estado, além
da preferência do Estado nas placas das indústrias Senegaglia, o setor das placas assume um
dos principais eixos de produção junto ao complexo industrial, fazendo-o prosperar muito.

Machado (2003) também chama a atenção para o importante papel que as mulheres
desempenharam na indústria Senegaglia, segundo a autora, consta no registro da fábrica que as
primeiras mulheres foram admitidas a partir do ano de 1939 e que elas trabalhavam em uma
seção separada da dos homens, mas posteriormente isso se perdeu e elas trabalhavam junto
deles. Muitas trabalhadoras foram inclusive responsáveis pelo sustento de suas famílias quando
seus maridos perdiam o emprego o que alterava a estrutura social da época, reforçando o
importante papel da fábrica Senegaglia naquele contexto. Com a evolução da fábrica a presença
das mulheres foi ficando cada vez mais imponente até a venda da indústria – em 1976, elas
representavam um número significativo dos empregados da empresa. É importante citar ainda que
já na década de 1930 a indústria metalúrgica de Senegaglia se tornava uma importante
oportunidade de trabalho para a população do núcleo urbano da cidade de São José dos Pinhais
(MACHADO, 2013). Ressalta-se a característica de urbanização fabril levantada por Caldeira
(2011, p. 213) que, muito embora seja protagonizada pela cidade de São Paulo, também se
replicava nesse momento em São José dos Pinhais, dadas as características semelhantes, como
o convívio das classes sociais menos abastadas com as mais ricas numa mesma porção espacial,
uma vez que a urbanização seguia a disponibilidade de postos de trabalho em virtude da
crescente industrialização da cidade: “erguiam-se novas fábricas uma atrás da outra, e
residências tinham de ser construídas para abrigar as ondas de trabalhadores chegando a cada
ano”, as moradias tinham que ser providenciadas em um período muito curto de tempo e os
serviços públicos como saneamento ou não existiam, ou eram insuficientes, pois não
acompanharam a expressiva demanda por moradia (CALDEIRA, 2011). A fábrica se constituía
como um organismo fundamental no meio urbano das cidades em desenvolvimento, como
esclarece Florenzano (2012, p. 39): “a fábrica possui papel central na “nova cidade” que se
modernizava, a fábrica passou a ser o núcleo do novo organismo urbano, todos os demais
detalhes da vida ficaram subordinados a ela, reclamavam sempre os melhores sítios”.

A fábrica de João Senegaglia segue no tempo e, na década de 1940, o industrial italiano passa a
administração da indústria para os filhos: Luiz Senegaglia, Arlindo Senegaglia, e Augusto
Senegaglia. Neste momento a importância da fábrica para a cidade é muito grande, ela já se
encontra consolidada e representa a primeira grande indústria em São José dos Pinhais, a
empresa passa a contar com maquinário sofisticado e se distancia consideravelmente da situação
que detinha da antiga oficina de 1908 (MACHADO, 2003).

No ano de 1949 realizam-se algumas ampliações nas edificações. Neste mesmo ano foram
levados ao poder municipal projetos de algumas alterações na fábrica, dentre elas destacam-se a
alteração na fachada dos edifícios juntos à Rua XV de Novembro – compostos pela residência
Senegaglia, pelo escritório, além do corpo da fábrica propriamente dito e a ampliação de alguns
recintos da industriais internos como a construção de um barracão para a guarda de materiais,
uma garagem e uma oficina de carpintaria.
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Durante as décadas de 1950, 1960 e até meados dos anos 1970, os edifícios praticamente
mantém sua configuração inalterada. As dependências da fábrica Senegaglia são descritas por
Machado (2003) como é observado na figura 3.

Figura 3 – Configuração da Fábrica Senegaglia nos anos 1970, foto déc. 1950.

A. Escritório e antiga residência de João Senegaglia e


Regina Celloto;
B. Portões de entrada;
C. Almoxarifado;
D. Seção de Chapinhas;
E. Distribuição de prensas;
F. Prensas menores;
G. Cemitério Municipal;
H. Banheiros, enlatamento de solda;
I. Seção de pintura;
J. Pintura das placas;
K. Galvanização e Estanhação;
L. Chaminé da seção de galvanização;
M. Montagem dos Baldes;
N. Montagem das latas de mantimento, garagem, oficina
mecânica e carpintaria;
O. Pátio frequentemente utilizado para secagem das
placas de veículos;
P. Rua XV de Novembro;
Q. Avenida Rui Barbosa;
R. Antiga residência de um dos filhos de João Senegaglia,
responsável pela administração de uma loja em
Curitiba, atualmente o local é ocupado pela agência do
Banco do Brasil;
S. Residência do filho de João Senegaglia, responsável
pela administração da indústria.

Fonte: Machado (2003).

Após anos de atividade a fábrica Senegaglia fecha as suas portas no ano de 1976, quando foi
então comprada pelos irmãos Trevisan que a rebatizaram com o seu sobrenome, passando a se
chamar Metalgráfica Trevisan S/A realocando a linha de produção do bairro Centro para o bairro
São Cristóvão, ainda em São José dos Pinhais. Os motivos para o fechamento seriam, segundo
trabalhadores além de familiares, a administração da indústria e a falta de modernização da
fábrica frente aos novos processos industriais que surgiam no final dos anos 1970 (MACHADO,
2003).

Andréa4, que trabalhava na seção de embalagens da fábrica, comenta a reação de Luiz


Senegaglia no dia da venda da indústria em depoimento cedido à Machado (2003):

A coisa mais injusta que eu vi o dia que ele vendeu, ele arrumando as coisinha
dele para leva, eu chorei tanto, eu não agüentei! (...) Vê ele juntando tudo o que
era do pai dele! Nossa, ele chorou tanto! (MACHADO, 2003)

4
Andréa nasceu em São José dos Pinhais em 1955, trabalhou na seção de embalagens de 1971 a 1976 na indústria
Senegaglia. Depoimento colhido por Machado (2003) na data de 4 de dezembro de 2002.
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NASCE O CENTRO DE VIVÊNCIA CULTURAL JOÃO SENEGAGLIA

Depois do fechamento da Fábrica Senegaglia o imóvel passa então à administração municipal que
promove uma adaptação no edifício, posto que há uma intenção de uso cultural do local. No início
dos anos 1980 é então inaugurado pelo poder público municipal o Centro de Vivência Cultural
João Senegaglia com a instalação do “Teatro Municipal Iguaçu” que abre suas portas com a
estreia da peça “Como sobreviver ao Matrimônio” (PMSJP, 2016). No local, além de funções
culturais abertas à população, também estava previsto o funcionamento de estabelecimentos
comerciais: é nesse momento que algumas lojas de confecções se instalam ali e, funcionam até
meados dos anos 2000 na fachada junto à Rua XV de Novembro (Figura 4).

Figura 4 – Fachada da antiga Fábrica Senegaglia, na foto, as lojas Minon, anos 1980.

Fonte: Acervo Biblioteca Pública Scharffenberg de Quadros (2016).

Outras instituições culturais também passam a ser incorporadas ao Centro de Vivência Cultural
João Senegaglia, como é o caso da Biblioteca Pública Municipal Scharffenberg de Quadros que
passa a compor o espaço juntamente com o Teatro Iguaçu no ano de 1989. A Biblioteca fica no
local até o ano de 2004, quando então é realocada para o casarão situado no largo Segismundo
Salata junto à Praça Oito de Janeiro, antigo local da câmara de vereadores que, por sua vez
também é realocada para uma nova sede. Cinco anos mais tarde o Teatro Municipal Iguaçu fecha
para reformas e é reinaugurado em 15 de março de 1999 (PMSJP, 2016), ele fecha novamente no
final do ano de 2009 e, reabre no ano de 2012 já como Teatro SESI São José dos Pinhais
(PMSJP, 2016).

No dia 29 de junho de 2000 é a vez do Museu do Boneco Animado ser inaugurado junto ao Centro
de Vivência Cultural João Senegaglia, entretanto a instituição permanece em atividade somente
até o ano 2013 quando também muda de lugar e é reaberto junto à Praça Getúlio Vargas, no
centro da cidade (PMSJP, 2016). O Centro de Vivência também abrigou a Secretaria de Municipal
de Cultura – SEMUC, órgão que funcionou ali do fim dos anos 1990 até meados dos anos 2000,
sendo realocada para um prédio alugado. A SEMUC volta ao Centro de Vivência no ano de 2016
após as reformas que a prefeitura promoveu e passa a funcionar nas instalações que foram da
residência do casal Senegaglia.
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Com inúmeras realocações e as instituições culturais funcionando aparentemente desconexas


entre si, o público no Centro de Vivência Cultural decai consideravelmente. A perda da biblioteca
contribuiu muito para isso, pois ela era fundamental para estudantes que, nos anos 1990 e 2000,
dependiam do espaço para realizar seus estudos e, acabavam por ali utilizando os outros
equipamentos do centro cultural, como o Teatro de Bolso Iguaçu ou mesmo as oficinas e feiras
que a Biblioteca promovia.

Tendo em vista o decréscimo de público e a readequação de alguns espaços culturais, no ano de


2004 a gestão municipal chega a cogitar demolir o imóvel, o que mobiliza o segmento intelectual
da época liderado pelo poeta e professor Leopoldo Scherner5, pela historiadora Maria Angélica
Marochi e por Ernestina Côrtes. Os intelectuais procuraram a Câmara de Vereadores e o
Ministério Público para impedir a demolição do edifício, mobilizando também a sociedade. Os atos
foram tão expressivos que contabilizaram a marca de 3.000 assinaturas em um abaixo-assinado
contrário a demolição (BOBROWEC, 2013). Ainda segundo o autor, no ano de 2008 o Ministério
Público decide acatar o pedido de não demolição e tomba o imóvel como Patrimônio Histórico
Municipal, passando o edifício à condição de Unidade de Interesse de Preservação.

O Centro Cultural foi de fato salvo pela lei que o torna uma Unidade de Interesse de Preservação,
entretanto isso não o livrou do abandono frente à falta de utilização do espaço, não o eximindo de
fechar suas portas para o público no fim da década de 2000. O local passa então a servir
administrativamente à prefeitura: materiais da SEMUC e da feira que acontece na rua XV de
Novembro passam a ser estocados ali.

A figura 5 demonstra a situação das instituições no Centro de Vivência Cultural João Senegaglia
em 2016: da direita para a esquerda tem-se o Teatro SESI, junto à esquina com a Avenida Rui
Barbosa e, a sede da SEMUC – ambas edificações há pouco tempo restauradas; Prosseguindo,
tem-se as antigas instalações das lojas de confecções Phom Phom, a antiga Galeria Municipal de
Arte e a antiga sede da SEMUC, edificações totalmente degradadas e sem uso até então.
Figura 5 – Reconstrução da fachada e análise de usos atuais e antigos, 2016.

Fonte: Autoria Própria (2016).

5
“Leopoldo Scherner (22 de julho de 1919 - 27 de janeiro 2011) Nasceu em São José dos Pinhais, onde cursou o
primário, depois cursou o ginásio na cidade de Rio Negro, o clássico no Rio de Janeiro, e Letras Neolatinas na
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil, hoje Universidade do Rio de Janeiro, foi aluno do
poeta Manuel Bandeira, além de Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Scherner foi ainda membro
da Academia Paranaense de Letras, ocupou a 5ª cadeira, sucedendo o poeta Tasso da Silveira e professor da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná – PUCPR” (PMSJP, 2018).
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ALTERNATIVAS PARA A REABERTURA DO CENTRO DE VIVÊNCIA CULTURAL


JOÃO SENEGAGLIA

Com o espaço cultural fechado e se deteriorando a Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais
procura reabri-lo em 2012, quando ela cede parte do espaço ao Serviço Social da Indústria –
SESI. A área de 377,65 metros quadrados de parte do Centro de Vivência foi cedida sob o
“regime de concessão e, por um período de dez anos, podendo este ser prorrogado por mais dez”,
(BOBROWEC, 2013) pode ser utilizada de acordo com o que prescreve a lei n° 2.509/2014 que
autoriza, a outorga da concessão de uso para exploração comercial dos espaços pertencentes ao
Patrimônio Público Municipal por parte do Poder Executivo Municipal, ficando o concessionário
obrigado a realizar obras de restauração de acordo com projetos das Secretarias Municipais de
Cultura e Urbanismo (SÃO JOSÉ DOS PINHAIS, 2014).

A concessão foi, por um lado, benéfica na medida em que viabilizou a reabertura de um novo
teatro para São José dos Pinhais, sem que para isso a prefeitura utilizasse os recursos públicos
com as obras. Entretanto, por se tratar de uma concessão de uso a uma instituição privada, esta
pode explorar comercialmente o local, cobrando ingressos e cerceando o direito de lazer público
de uma parcela da população a qual não tem como arcar com as entradas dos espetáculos. A
reforma do teatro também ocasionou a relocação do Museu do Boneco Animado para a Praça
Getúlio Vargas, cinco quadras distante do seu local original.

Cogitou-se por algum tempo tornar o complexo cultural parte de um trajeto gastronômico,
dotando-o de um restaurante e de algumas atrações culturais associadas ao teatro, bem como
outras opções de serviços como cafés, instalações para acesso à internet, cursos diversos e
praça de alimentação: “os elementos arquitetônicos do novo centro cultural estariam interligados a
outros patrimônios e sedes de órgãos públicos” (PAUTA SJP, 2010). No entanto, esse projeto não
chegou a se concretizar em sua totalidade posto que houve fuga à licitação e não houve
interessados para se assumir a obra. A parte concluída do grande projeto restringiu-se as novas
instalações da Secretaria Municipal de Cultura - SEMUC que, muito embora restauraram parte da
antiga fábrica Senegaglia, correspondem a uma instalação puramente administrativa e que não é
capaz de gerar atração de público para o local.

Com mudança de gestão no governo municipal no ano de 2017, a prefeitura busca então trazer
todos os equipamentos culturais da Escola de Linguagens Culturais – ELIC, a qual se encontra
em um edifício particular alugado, para o Centro de Vivência João Senegaglia. Tal mudança é
justificada pelo fato do Centro de Vivência já pertencer ao munícipio, não gerando assim despesas
com locação de imóveis. Há, no entanto, uma sensível redução de área para o suporte de
atividades culturais, pois em sua atual sede a ELIC conta com 12 mil metros quadrados contra
cerca de 3,7 mil metros quadrados do Centro de Vivência João Senegaglia, isso considerando a
metragem ocupada pelo SESI, pois quando se desconsidera essa parcela, a quantidade de
espaço fica ainda mais reduzida, demonstrando a sensível queda na oferta de atividades culturais
em um município cuja população beira aos 300.000 mil habitantes (GAZETA DO POVO, 2010).

Embora as medidas não sejam, em sua totalidade, ideais para a preservação de um bem
arquitetônico, reconhece-se o engajamento do poder público em tornar o Centro de Vivência João
Senegaglia ativo e funcional novamente. O fechamento da Escola de Linguagens Culturais – ELIC
pode parecer em uma primeira análise um duro golpe para a vida cultural da cidade e de fato o é,
sobretudo quando se analisa criteriosamente os números das perdas de espaço relativo à prática
de atividades culturais. Por outro lado, quando se vislumbra a oportunidade para a requalificação
e a reapropriação de um espaço que pertence à comunidade são joseense, como o Centro de
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Vivência João Senegaglia – uma edificação que configurou por tanto tempo um símbolo do
passado industrial e um polo de cultura dentro do município, a perspectiva torna-se muito mais
promissora. É evidente que mais instituições culturais devem ser criadas, sobretudo para suprir as
lacunas deixadas pela ELIC e, pelas atividades e pela quantidade de vagas que não forem
suportadas pelo Centro de Vivência, quer seja pela limitação de espaço físico, quer seja pela
incompatibilidade técnica das instalações.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste artigo pode-se constatar quão desafiadora é a tarefa de manter a memória coletiva
viva, sobretudo em um ambiente urbano que, por vezes, dentro de sua metamorfose continua, vê
um ambiente hostil para a história do seu patrimônio edificado que, por vezes sofre frente à
agressiva especulação imobiliária e modernização dos edifícios: fatores advindos de um contexto
diverso e complexo de progresso econômico e social vivenciado por São José dos Pinhais nos
últimos anos.

A importância incontestável da fábrica Senegaglia enquanto marco da perseverança e do


empreendedorismo dos imigrantes locais, bem como um símbolo da modernização industrial de
São José dos Pinhais, a configura como um patrimônio arquitetônico singular, pois se consolida
como uma importante referência do desenvolvimento social e econômico do município no início do
século XX. Além da relevância histórica industrial do espaço, é praticamente indissociável a
imagem do Centro de Vivência Cultural João Senegaglia o qual consolida por anos um polo
cultural para a cidade além de uma alternativa para manter viva a memória daquele passado
industrial.

Levantar-se-iam questões talvez óbvias para o fechamento do Centro de Vivência Cultural, como
a obsolescência das instituições ali instaladas: a biblioteca que pequena ficou, que vê as páginas
transformando-se em dados, o teatro que evolui para telas confortavelmente acessível dos sofás
ou ainda os museus que em uma ironia fecham-se em si como se sua própria definição fosse a
sua mais nova obra – Será que em vista dessa transformação dos veículos culturais
necessariamente a antiga fábrica se perdeu ou o fim do Centro de Vivência repetiu o fim da
fábrica Senegaglia que permaneceu inerte ante o avanço da tecnologia? Para que se impeça a
perda desse importante monumento arquitetônico deve-se constantemente zelar por ele, manter a
memória coletiva deste espaço viva, além de cobrar políticas adequadas para a preservação de
patrimônio arquitetônico do poder público municipal e, que tais medidas não se restrinjam ao
simples resguardo jurídico, mas sim em ações concretas.

Cabe aqui ainda salientar o engajamento para manter o espaço, impedindo que tal edifício fosse
perdido frente às dificuldades ante sua degradação e a pressão imobiliária que existia e ainda
existe naquele espaço, entre eles destacam-se o escritor e professor Leopoldo Scherner, a
historiadora Maria Angélica Marochi e Ernestina Côrtes. Não se esquecendo também daqueles
que ainda hoje zelam por este importante patrimônio.

Por fim, faz-se oportuna a reflexão sobre a manutenção do aspecto histórico dos edifícios, o que
não cabe somente aos restauradores, aos arquitetos ou ainda aos historiadores, mas sim, àqueles
que detêm a memória, àqueles que detêm o registro daquilo o que era e o que é, quer seja em
suas mentes, quer seja em seus corações.
I SEMINÁRIO PATRIMÔNIO & CIDADE

REFERÊNCIAS

BOBROWEC, A. F. Imóveis tombados em São José dos Pinhais. 2016. Disponível em: <
http://revistapublicasjp.blogspot.com.br/2016/10/quantos-e-quais-sao-os-imoveis-e.html>. Acesso em: 6 nov.
2016.

_________________. Prédio histórico é restaurado e inaugura Teatro SESI em SJP. Espaço Público:
Patrimônio Público. São José dos Pinhais, p. 1-3. 31 mar. 2013.
a
CALDEIRA, T. P. R. Cidade de Muros: Crime, segregação e cidadania em São Paulo. 2011, 3 ed. São
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