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(10 horas)
OBJECTIVOS
Quando tiver terminado o estudo deste módulo, o estudante deveria ser capaz de:
Definição
2. A atracção visual é uma das considerações que influenciam a decisão dos consumidores
de comprar um produto em vez de outro, especialmente em áreas em que existe no mercado
toda uma série de produtos que desempenham a mesma função. Neste tipo de situação, se a
qualidade técnica dos diversos produtos oferecidos pelos vários fabricantes for mais ou menos
equivalente, a atracção estética, assim como, evidentemente, o preço, determinarão a escolha
do consumidor. A protecção legal dos desenhos ou modelos industriais tem portanto a
importante função de proteger um dos elementos distintivos através dos quais os fabricantes
alcançam o sucesso comercial. Deste modo, recompensando o criador pelo esforço do qual
resultou o desenho ou modelo industrial, a protecção legal é um incentivo do investimento de
recursos no desenvolvimento do aspecto ornamental da produção.
1. Direito nacional
2. Direito regional
1) É costume dizer-se que a atracção visual é uma das considerações que exercem uma
grande influência sobre a decisão dos consumidores de preferir um produto a outro. Pode dar
um exemplo e desenvolvê-lo?
3. Direito internacional
1) O Acordo TRIPS
6. O Artigo 25.1 do Acordo TRIPS obriga os Estados membros a prever a protecção dos
desenhos ou modelos industriais criados independentemente e que são novos ou originais. Os
membros da OMC podem decidir que os desenhos ou modelos não são novos ou originais se
não diferirem significativamente de desenhos ou modelos conhecidos ou de combinações de
aspectos de design conhecidos. Os membros da OMC podem prever que a protecção não
abrange desenhos ou modelos resultantes essencialmente de considerações técnicas ou
funcionais.
7. O Artigo 25.2 contém uma disposição especial destinada a ter em conta o breve ciclo de
vida e o número enorme de novos desenhos ou modelos no sector dos têxteis: as exigências
relativas à protecção de tais desenhos ou modelos, especialmente no que diz respeito a
qualquer custo, exame ou publicação, não deve injustamente diminuir a possibilidade de
procurar e obter essa protecção. Os membros têm a liberdade de cumprir esta obrigação
através da protecção dos desenhos ou modelos industriais ou do direito de autor.
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PAA 34: Que declara(ção)(ões) sobre a protecção dos desenhos ou modelos industriais no
âmbito do Acordo TRIPS está/estão errada(s) e porquê?
1) Compete a cada membro definir os direitos exclusivos derivados do registo dos desenhos
ou modelos industriais.
2) Segundo o Acordo TRIPS, cada membro da OMC deve prever uma duração mínima de
protecção de 15 anos para os desenhos ou modelos industriais.
3) Os membros da OMC devem conceder a protecção pelo direito dos desenhos ou modelos
industriais a todos os desenhos ou modelos industriais.
2) O Acordo da Haia
15. Uma pessoa que não satisfaça nenhuma das referidas condições não se encontra em
posição de depositar um pedido internacional segundo o Acordo da Haia e deve, portanto,
para obter a protecção, depositar um pedido a nível nacional (ou regional), junto da
administração nacional (ou regional) interessada.
16. Onde é que pode ser obtida a protecção? A protecção pode ser obtida apenas nos
Estados que são partes do Acordo da Haia. O sistema da Haia não pode ser utilizado para
proteger um desenho ou modelo industrial num país que não seja parte do Acordo da Haia.
Para proteger um desenho ou modelo num tal país, o requerente é obrigado a depositar um
pedido nacional (ou regional).
17. Até 2006, 44 Estados eram partes do Acordo da Haia. Para uma lista desses Estados e
para informações actualizadas ver "países partes do Acordo da Haia" no sítio web da OMPI:
www.wipo.int/hague/en.
18. Convém também salientar que a OMPI não avalia a novidade do desenho ou modelo
nem intervém de qualquer modo nessa questão e, portanto, não tem o direito de rejeitar um
pedido internacional por essa, ou qualquer outra, razão fundamental. (O exame substantivo é
da competência exclusiva da administração de cada país designado).
19. A formulação de um sistema legal para a protecção dos desenhos ou modelos industriais
exige o estabelecimento de um equilíbrio de interesses. Por um lado, há a necessidade de
conceder uma protecção efectiva e eficaz, para que o direito possa cumprir a função de
promover o elemento de design na produção. Por outro lado, há a necessidade de assegurar
que o direito não alargue desnecessariamente a protecção para além do que é necessário para
criar um incentivo para a actividade de design, de maneira a que um seja introduzido um
número mínimo de obstáculos à livre utilização dos desenhos ou modelos disponíveis. O
estabelecimento deste equilíbrio exige uma consideração cuidadosa de um certo número de
questões, as mais importantes das quais são:
20. A protecção dos desenhos ou modelos pode ser obtida através do registo de acordo com
o direito dos desenhos ou modelos industriais. Também é possível gozar da protecção pelo
direito de autor (que é concedida sem quaisquer formalidades de registo). As Convenções
Internacionais não impõem quaisquer exigências aos Estados. A Convenção de Berna para a
Protecção das Obras Literárias e Artísticas prevê que a possibilidade de aplicar a protecção
pelo direito de autor aos desenhos ou modelos industriais é deixada ao critério dos Estados: é
aos Estados que compete "regulamentar o campo de aplicação das leis respeitantes às obras
das artes aplicadas e aos desenhos ou modelos industriais, bem como as condições da
protecção destas obras e desenhos ou modelos industriais" (Artigo 2.7 da Convenção de
Berna).
21. Isto significa que a questão de saber se a protecção pelo direito de autor se aplica aos
desenhos ou modelos industriais é regida exclusivamente pelas legislações nacionais. Na
maior parte dos países, os critérios utilizados para resolver esta questão baseiam-se na
distinção entre desenhos ou modelos "artísticos" e "industriais".
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– por um lado, os desenhos ou modelos que são puramente artísticos ("puras obras de
arte"), que são definidos como criações que têm apenas uma finalidade decorativa, sem
qualquer objectivo industrial. Estes desenhos ou modelos destinam-se apenas a ser admirados
(pinturas, esculturas, etc.);
– por outro lado, os desenhos ou modelos industriais, que são definidos como criações
destinadas a serem utilizadas com fins práticos (roupa, mobília, dispositivos domésticos, etc.).
Poderia dizer-se que este tipo de criação reúne o útil (o aspecto industrial) e o agradável (o
aspecto estético). Por outras palavras, no caso de um desenho ou modelo industrial, dois
elementos distintos combinam-se num só objecto:
• um aspecto industrial, uma vez que o objecto em questão destina-se a uma utilização
prática (por exemplo um vaso, ou uma poltrona), e
23. De acordo com a Convenção de Berna, os Estados conservam uma liberdade total para
organizar os seus próprios sistemas de protecção pelo direito de autor para os desenhos ou
modelos industriais e é um facto que as legislações nacionais apresentam grandes diferenças a
respeito do(s) sistema(s) de protecção que se aplica(m).
a) Sistemas nacionais que estabelecem uma distinção absoluta entre desenhos ou modelos
industriais e desenhos ou modelos artísticos (teoria de arte separatista).
Dentro deste tipo de sistema (por exemplo no Japão ou no Reino Unido), o regime de
protecção de um determinado desenho ou modelo depende do seu objectivo:
24. Esta teoria separatista, portanto, estabelece um divisão rígida entre as duas formas de
protecção, tendo cada uma âmbitos distintos e separados. Isto significa que no que diz
respeito a desenhos ou modelos considerados "industriais" – por exemplo sapatos, cadeiras ou
telefones – nenhum outro tipo de protecção se pode aplicar além do que provém do direito dos
desenhos ou modelos industriais. A protecção pelo direito de autor é inaplicável neste caso.
b) Sistemas nacionais que prevêem uma protecção cumulativa (teoria da unidade da arte);
significa que só é reconhecida uma forma de arte, que abrange todos os desenhos ou
modelos independentemente da sua finalidade. Todos os tipos de criação podem portanto
ser protegidos, à escolha do criador, alternativamente ou cumulativamente, através da
legislação do direito de autor e/ou da legislação sobre os desenhos ou modelos
industriais.
25. Por exemplo, um desenho ou modelo puramente artístico (digamos uma escultura)
gozará da protecção pelo direito de autor cumulativamente à protecção resultante do direito
dos desenhos ou modelos industriais (desde que, evidentemente, as formalidades de registo
correspondentes tenham sido cumpridas para essa escultura). Do mesmo modo, um desenho
ou modelo industrial (por exemplo, uma peça de vestuário ou de mobília) será protegida pelo
direito de autor assim como pelo direito dos desenhos ou modelos industriais. Há uma
perfeita inter-operacionalidade entre os dois tipos de leis.
c) Sistemas intermediários
26. Enfim, existem sistemas nacionais (por exemplo na Alemanha e no Brasil) que
permitem a protecção dos desenhos ou modelos industriais pelo direito de autor, mas em
certas condições. Um desenho ou modelo industrial só poderá beneficiar da protecção pelo
direito de autor se preencher certas condições que variam de um Estado para outro, mas que
se baseiam geralmente num alto nível de esforço criativo ou no aspecto artístico predominante
da obra.
27. Por exemplo, a respeito de uma caneta feita de marfim coberto de várias filas de
diamantes e outras pedras preciosas, um tribunal alemão considerou que a dimensão artística
deste produto era mais importante que a sua função e, por isso, justificava também a
protecção pelo direito de autor.
28. Este tipo de sistema tem portanto em conta o carácter híbrido de um desenho ou modelo
(aspectos artístico e industrial), permitindo a vantagem da protecção cumulativa mas não a
qualquer preço. Considera-se que, por exemplo, seria estranho que um sapato beneficiasse do
mesmo grau de protecção que o que é concedido a uma obra prima. É por esta razão que, para
beneficiar também da protecção pelo direito de autor nestes Estados, o desenho ou modelo
industrial deve satisfazer um certo número de critérios, geralmente baseados no aspecto
artístico predominante da obra.
PAA 36: Os desenhos ou modelos podem ser protegidos através da legislação sobre os
desenhos ou modelos industriais, ou pelo direito de autor. Tipicamente, a duração da
protecção pelo direito de autor é muito maior do que a protecção pelo direito dos desenhos ou
modelos industriais (a vida do autor mais 50 anos no caso do direito de autor, comparado com
10 no caso dos desenhos ou modelos industriais). Explique as três maneiras típicas em que os
países decidem se um desenho ou modelo deveria ser protegido pelo direito dos desenhos ou
modelos industriais ou pelo direito de autor, e algumas razões para escolher cada uma das três
maneiras. Qual das maneiras de resolver esta questão é a melhor, em sua opinião.
29. Na maior parte dos países, um desenho ou modelo industrial deve ser registado para ser
protegido segundo o direito dos desenhos ou modelos industriais. Em geral, para ser
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registável o desenho ou modelo deve ser "novo" ou "original". Os diferentes países têm
definições diversas de tais termos, assim como diferenças no próprio processo de registo.
Geralmente, "novo" significa que não é conhecida e existência de nenhum desenho ou modelo
idêntico ou muito semelhante. Quando um desenho ou modelo é registado, um certificado de
registo é emitido. Depois disso, o prazo de protecção é geralmente de cinco anos, com a
possibilidade de novos períodos de renovação até, na maior parte dos casos, 15 anos.
32. O conceito ou ideia que constitui o desenho ou modelo pode ser expressado em duas ou
três dimensões. Considera-se geralmente que as palavras "forma" e "configuração" são
sinónimas e que ambas significam a forma em que um artigo é feito ou, por outras palavras,
qualquer coisa de tridimensional. Do mesmo modo, também se considera que as palavras
"padrão" e "ornamento" são sinónimas e que ambas se referem a qualquer coisa gravada,
estampada ou colocada sobre um artigo para decorá-lo, por outras palavras, a qualquer coisa
essencialmente bidimensional.
34. A exigência de que um desenho ou modelo seja aplicado a artigos utilitários para poder
ser protegido é uma das principais questões que distingue os objectivos da protecção pelo
direito dos desenhos ou modelos industriais da protecção pelo direito de autor, uma vez que
esta última diz respeito simplesmente às criações estéticas. A exigência é expressada de
diferentes maneiras em legislações diferentes. Por exemplo, o direito dos desenhos ou
modelos do Japão confere a protecção aos desenhos ou modelos "capazes de serem utilizados
na produção industrial" (Artigo 3.1).
35. O facto de a protecção dos desenhos ou modelos industriais dizer respeito só à aparência
é também ilustrado pela disposição, geralmente encontrada nas legislações sobre os desenhos
ou modelos industriais, segundo a qual os desenhos ou modelos determinados apenas pela
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função que o artigo deve desempenhar são excluídos da protecção. A este respeito, o Artigo
25.1 do Acordo TRIPS autoriza, por exemplo, que os membros da OMC excluam da
protecção pelo direito dos desenhos ou modelos industriais os desenhos ou modelos
resultantes essencialmente de considerações técnicas ou funcionais.
37. Uma vez que, segundo certas teorias de design, a forma deveria seguir a função, diz-se
muitas vezes que excluir da protecção os desenhos ou modelos que são determinados apenas
pela função pode ter o efeito de excluir da protecção uma série demasiado vasta de desenhos
ou modelos. Porém, uma tal preocupação não se justifica na prática, pois a exclusão diz
respeito apenas aos desenhos ou modelos que são indispensáveis para executar a função
desejada. Na realidade, existem muitas maneiras de efectuar uma tarefa. Portanto, só se uma
função não for possível depois de o desenho ou modelo ser alterado, é que o desenho ou
modelo seria excluído da protecção. A questão é portanto saber se o desenho ou modelo para
o qual se procura a protecção constitui a única solução para a função desejada.
1) É possível que um desenho ou modelo industrial obtenha protecção pelo direito de autor?
2) Um amigo seu expõe a seguinte ideia: "Que tal um tabuleiro de xadrez esférico no qual as
peças habituais seriam substituídas por animais?" Pode esta ideia ser protegida pelo direito
dos desenhos ou modelos?
3) A sua empresa concebeu um novo pneu para automóveis que contém buracos com 1,2
centímetros de profundidade e 1,4 centímetros de diâmetro, colocados em grupos de quatro,
separados uns dos outros de 3,5 centímetros. Um teste científico demonstrou que uma tal
configuração permite uma muito mais eficaz evacuação da água no caso de chuva. Pode este
pneu ser protegido pelo direito dos desenhos ou modelos industriais?
Novidade ou originalidade
38. É uma exigência de todas as legislações sobre desenhos ou modelos industriais que a
protecção mediante registo seja concedida apenas a desenhos ou modelos que são novos ou,
como às vezes se diz, originais. A novidade do desenho ou modelo constitui a razão
fundamental para conceder uma recompensa ao criador através da protecção por registo do
desenho ou modelo industrial.
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40. O argumento a favor de uma norma de novidade universal não qualificada é que os
direitos exclusivos conferidos pelo registo deveriam ser concedidos só nos casos em que o
criador do desenho ou modelo produziu uma coisa realmente nova e que, portanto, justifica a
recompensa de direitos exclusivos. O argumento a favor de uma norma de novidade
qualificada é que um objectivo do registo de desenhos ou modelos é encorajar novos desenhos
ou modelos numa determinada jurisdição; por isso, um novo desenho ou modelo registado
nessa jurisdição não deveria ser privado de protecção pela publicação, noutro sítio, de um
desenho ou modelo que o criador não introduziu nessa jurisdição para juntar aos desenhos ou
modelos disponíveis para a indústria. Convém notar, porém, que uma norma de novidade
qualificada não significa necessariamente que uma pessoa pode obter direitos válidos numa
jurisdição simplesmente mediante o registo de um desenho ou modelo que viu noutro país e
copiou, pois o direito dos desenhos ou modelos industriais também exige muitas vezes que o
requerente seja o autor do desenho ou modelo.
42. Se um período de graça for previsto, será geralmente de curta duração, tipicamente entre
seis meses e um ano. O pedido de registo do desenho ou modelo na jurisdição que prevê o
período de graça teria de ser depositado antes da expiração do período de graça.
43. O existência de um período de graça permite pôr à prova um produto no mercado antes
de tomar uma decisão sobre o registo. Porém, convém ter em conta que nem todos os países
prevêem este tipo de período de graça. Se um desenho ou modelo for tornado acessível ao
público antes de um pedido de registo ser depositado, a protecção no estrangeiro pode tornar-
se impossível.
44. Se houver um período de graça para a novidade segundo a lei (o que pode não ser o caso
em todas as jurisdições), a divulgação do desenho ou modelo pelo criador, ou por uma terceira
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48. Uma grande parte dos desenhos ou modelos contemporâneos são produzidos com a
assistência de computadores. Uma questão que surge é a de saber se é possível dizer que há
um autor ou criador que tem direito à protecção legal relativa a desenhos ou modelos gerados
com a assistência de um computador. Uma maneira de considerar o problema é tratar o
computador como qualquer instrumento que pode ser utilizado por um designer no processo
de criar um desenho ou modelo. Nesta base, a pessoa que é responsável pela manipulação da
capacidade do computador de produzir um desenho ou modelo seria considerada como o autor
do desenho ou modelo. Uma disposição neste sentido encontra-se, no Reino Unido, no Artigo
214.2 da Lei de 1988 sobre o Direito de Autor, os Desenhos ou Modelos e as Patentes que
prevê:
"No caso de um desenho ou modelo gerado por computador, a pessoa que efectua as
operações necessárias para a criação do desenho ou modelo será considerada como sendo o
designer."
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Aquisição de direitos
Registo
50. Um sistema que requer apenas o exame formal tem o efeito de transferir o ónus da
determinação da novidade para as pessoas interessadas no mercado que podem desejar utilizar
ou que podem ter utilizado o desenho ou modelo ou um desenho ou modelo muito
semelhante. Qualquer pessoa interessada em utilizar um tal desenho ou modelo terá a
possibilidade de se opor ao registo do desenho ou modelo do qual foi feito o registo, se o
direito aplicável prevê um processo de oposição, ou interpor uma acção de anulação de um
registo alegadamente inválido. O sistema oferece deste modo um meio de reduzir a carga
administrativa de manter um registo de desenhos ou modelos industriais. Oferece também
uma solução do problema da manutenção de uma documentação de pesquisa para levar a
efeito um exame substantivo da novidade dos desenhos ou modelos. Uma tal documentação
de pesquisa pode muitas vezes ser quase impossível de conservar, uma vez que, na base de
uma condição de novidade universal não qualificada, seria necessário incluir todos os
desenhos ou modelos feitos em qualquer momento em qualquer parte do mundo desde o
princípio da história documentada.
51. O sistema alternativo de exame prevê uma pesquisa de desenhos ou modelos passados e
um exame do desenho ou modelo para o qual é procurada a protecção para determinar se o
desenho ou modelo satisfaz a condição necessária de novidade. Este sistema necessita da
conservação de uma documentação de pesquisa e um número suficiente de pessoas
especializadas para executar o exame substantivo.
Formalidades de registo
53. As reproduções do desenho ou modelo que se deseja proteger podem ser fotografias,
desenhos ou outras reproduções gráficas. As reproduções constituem a pedra angular do
depósito. Convém ter sempre em conta que a protecção de desenhos ou modelos depositados é
visual, de maneira que só os elementos mostrados nas reproduções serão protegidos.
Consequentemente, um elemento que não é visível na reprodução não será protegido, mesmo
que realmente exista na prática. É portanto importante assegurar que cada artigo seja
representado em diferentes ângulos (vistas de frente e de trás de um vestido, por exemplo). A
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reprodução deve ser impecável, pois é do conteúdo e da qualidade das reproduções que
dependerá a extensão da protecção.
54. Os países prevêem geralmente um pedido feito em papel. Algumas administrações (por
exemplo, o Instituto Norte Americano das Patentes e das Marcas - USPTO, nos Estados
Unidos, ou o Instituto para a Harmonização do Mercado Interno - IHMI, da Comunidade
Europeia) têm também facilidades para se apresentarem pedidos de registo em linha
directamente através da Internet.
56. Pedido mono classe de desenhos ou modelos. A maior parte das legislações nacionais
autorizam que um único pedido contenha vários desenhos ou modelos, desde que esses
desenhos ou modelos pertençam à mesma classe da Classificação Internacional de Locarno. A
Classificação de Locarno é um tratado multilateral administrado pela OMPI que institui uma
classificação internacional dos desenhos ou modelos industriais. A utilização da Classificação
de Locarno pelas administrações nacionais tem a vantagem de permitir o depósito de
desenhos ou modelos industriais com referência a um único sistema de classificação. A
Classificação de Locarno contém uma lista de 32 classes que se referem a 6.831 indicações de
diferentes tipos de produtos. Por exemplo, nos países que têm um sistema mono classe de
pedidos de desenhos ou modelos, é possível depositar num único pedido uma gravata e um
casaco (ambos pertencem à classe 02), mas não uma gravata e um relógio (este último artigo
pertence à classe 10).
58. Por que razão alguns requerentes desejam adiar a publicação? O adiamento da
publicação permite a reconciliação de dois objectivos contraditórios, a saber, obter uma data
de depósito (que marca o início da protecção e que no caso normal implica a divulgação do
desenho ou modelo pela publicação) e, ao mesmo tempo, manter o desenho ou modelo secreto
para os concorrentes. Uma tal situação poderia verificar-se no caso de um desenho ou modelo
que acaba de ser criado e que convém depositar o mais cedo possível para assegurar a
protecção. Porém, por razões de estratégia comercial, o criador considera que não é o
momento apropriado para lançar o desenho ou modelo no mercado, mas deseja também, por
enquanto, escondê-lo de possíveis contrafactores. É este o objectivo do adiamento da
protecção: assegurar a protecção de uma criação que ainda não foi explorada, sem ao mesmo
tempo revelar informações sensíveis a piratas potenciais.
novidade). Abaixo, damos alguns exemplos de taxas (convertidas em dólares dos EU para
facilitar a comparação) que devem ser pagas à administração em questão pelo registo de um
único desenho ou modelo (mostrado numa só reprodução):
60. Para mais informações e/ou actualização do valor das taxas cobradas pelos países acima
mencionados, ver os respectivos sítios web. 1
Criação e fixação
61. Os direitos relativos aos desenhos e modelos podem, segundo certas legislações, ser
também adquiridos pelo acto de criação e fixação do desenho ou modelo num documento ou
pela incorporação do desenho ou modelo num artigo. Estes sistemas não requerem qualquer
registo formal para a aquisição de direitos exclusivos sobre o desenho ou modelo. Exemplos
deste sistema são fornecidos pelo direito francês e a Lei de 1988 do Reino Unido sobre o
direito de autor, os desenhos ou modelos e as patentes.
62. O direito de impedir que outras pessoas explorem um desenho ou modelo industrial
inclui normalmente o direito exclusivo de fazer qualquer uma das seguintes coisas para fins
industriais ou comerciais: fabricar artigos aos quais o desenho ou modelo é aplicado ou no
qual o desenho ou modelo é incorporado; importar artigos ao qual o desenho ou modelo é
aplicado ou no qual o desenho ou modelo é incorporado; vender, alugar ou oferecer para
venda quaisquer desse artigos.
64. Ao contrário do direito de autor em que o objecto do direito é a obra criada pelo autor e
definida por ele, o objecto dos direitos do proprietário de um desenho ou modelo industrial
1 Austrália (www.ipaustralia.gov.au); Canadá (www.cipo.gc.ca); Espanha (www.oepm.es); EUA
(www.uspto.gov); França (www.inpi.fr); Índia (www.patentoffice.nic.in); Japão (www.jpo.go.jp); Marrocos
(www.ompic.org.ma); Noruega (www.patentstyret.no); Reino Unido (www.patent.gov.uk); Singapura
(www.ipos.gov.sg); Suíça (www.ige.ch); OAPI (www.oapi.wipo.net); Comunidade Europeia (www.oami.eu.int).
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são definidos pelo desenho ou modelo que foi registado. Contudo, é habitual prever que os
direitos do proprietário abrangem não só a exploração não autorizada do desenho ou modelo
exactamente como foi registado (uma cópia servil do desenho ou modelo; ver também uma
explicação sobre a imitação servil abaixo), mas também a exploração não autorizada de
quaisquer imitações do desenho ou modelo que diferem do desenho ou modelo registado
apenas em aspectos sem importância.
65. A duração de um direito de desenho ou modelo industrial varia de um país para outro. A
duração máxima habitual é de 10 a 25 anos, muitas vezes dividida em prazos que requerem
que o titular renove o registo para obter um aumento da duração. O período de protecção
relativamente curto pode estar relacionado com a associação dos desenhos ou modelos com
estilos de modas mais gerais que geralmente gozam de uma aceitação ou sucesso transitório,
especialmente sectores muito feitos à moda, tais como o vestuário e o calçado. Abaixo
indicamos alguns exemplos da duração máxima de protecção prevista por legislações
nacionais sobre os desenhos ou modelos industriais:
1) Ao ler na sua biblioteca um livro publicado em 1806 sobre recipientes fabricados nessa
época na Escócia, você pensou que um dos recipientes mostrados no livro poderia ser um
negócio interessante se fosse comercializado actualmente, especialmente na Ásia. Você
decide portanto comercializar uma versão ligeiramente mais moderna desse recipiente na
Malásia, o seu próprio país, mas que não se distingue significativamente do recipiente
encontrado no livro. Poderia você reivindicar direitos sobre este desenho ou modelo
ressuscitado?
2) O seu país está prestes modificar o seu direito dos desenhos ou modelos industriais e há
um debate sobre a questão de saber se deveria ser instituído um exame da novidade. Discuta
as vantagens e as desvantagens de um tal sistema.
67. Mas convém notar que se deve distinguir entre a acumulação e a "coexistência". A
coexistência das protecções significa que o criador pode escolher entre a protecção pelo
direito dos desenhos ou modelos industriais e a protecção pelo direito de autor. Depois de ter
escolhido uma, deixa de poder servir-se da outra. Se tiver registado o desenho ou modelo
industrial, quando expirar o registo ele não poderá reivindicar a protecção pelo direito de
autor, pelo menos para essa aplicação particular do desenho ou modelo industrial.
68. O sistema da acumulação da protecção pelo direito dos desenhos ou modelos industriais
e pelo direito de autor existe na Alemanha e na França. E o sistema da coexistência das
protecções pelos dois direitos existe na maior parte dos outros países.
69. A diferença entre a protecção pelo direito de autor e a protecção pelo direito dos
desenhos ou modelos industriais é a seguinte. Segundo o direito dos desenhos ou modelos
industriais, a protecção é perdida a não ser que o desenho ou modelo seja registado pelo titular
antes da publicação ou da utilização pública em qualquer parte ou, pelo menos, no país em
que a protecção é reivindicada. O direito de autor subsiste na maior parte dos países sem
formalidades. O registo não é necessário. A protecção de um desenho ou modelo industrial
tem geralmente uma curta duração de três, cinco, dez, ou quinze anos. O direito de autor tem
geralmente uma duração igual à vida do autor mais cinquenta anos depois da sua morte.
Nos últimos sete anos, Brimful Designs, um estúdio de desenhos ou modelos têxteis
baseado em Lahore, Paquistão, tem produzido e comercializado uma série notável de roupas
de estilista de alta qualidade em algodão estampado sob o nome Yashir Waheed Designer
Lawn (www.yashirwaheed.com).
Mas em 2003, a própria existência da firma foi comprometida pela cópia em grande
escala. Cópias de qualidade inferior dos desenhos ou modelos originais de Yashir Waheed
para a sua colecção de primavera/verão inundaram o mercado sob várias designações, a um
terço do preço do produto original. Os vendedores utilizaram o catálogo de produtos de
Yashir Waheed Designer Lawn para vender os desenhos ou modelos falsos, criando deste
modo confusão para os clientes fiéis da firma Brimful.
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Uma reacção negativa da parte dos clientes provocou um rápido declínio da parte do
mercado da empresa. A Brimful consultou peritos locais durante um seminário de formação
organizado pela Autoridade Paquistanesa em matéria de Desenvolvimento das Pequenas e
Médias Empresas (SMEDA) que recomendou que fosse procurada a protecção sobre o
Decreto paquistanês de 2000 sobre os desenhos ou modelos industriais. A Brimful consultou
advogados e desde 2004 registou todos os desenhos ou modelos da colecção Yashir Waheed
Designer Lawn a fim de desencorajar os infractores e permitir a instauração de processos
judiciários.
71. Os casos acima oferecem algumas lições instrutivas. 1) A colaboração entre o governo e
as associações comerciais nacionais no domínio de produtos de exportação estrategicamente
importantes é necessária para definir políticas e estratégias mais eficazes para a promoção de
tais produtos que, de outro modo, podem ser comercializados como matérias primas sem valor
acrescentado. A ausência de um componente nacional do valor acrescentado prende os países
numa situação em que uma grande dos lucros potenciais são perdidos a favor dos
intermediários dos quais passa a depender, de facto, o acrescentamento de valor. Isto torna
tais países muito dependentes de mercados incertos de uns poucos produtos agrícolas. 2) O
sistema de PI poderia e deveria ser integrado nas referidas estratégias comerciais (destinadas a
2 Estudo da OMPI (não publicado) preparado em Agosto de 2002 pelo consultor da OMPI, o Sr. Betty Mould-
Iddrisu.
3 Wall Street Journal, 12 de Julho de 2002, Padrões roubados; a indústria têxtil do Gana combate imitações