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ERIKA LENEHR VIEIRA

Advogada

EXCELENTÍSSIMA SENHOR DOUTOR MINISTRO FRANCISCO


FALCÃO, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ.

Ação Penal nº 859

MARCO AURÉLIO GARIB, brasileiro,


divorciado, empresário, inscrito no CPF sob o n° 022.046.808-77, e
RG: 9.551.368-1 SSP/SP, residente e domiciliado à Estrada Carlos
Queiroz Telles, 101, apartamento 101-A, Condomínio Reserva
Tangará, Panamby, São Paulo – SP, CEP: 05704-150, vem, perante
Vossa Excelência, por intermédio de seus bastantes procuradores
que abaixo subscrevem (doc. 1), apresentar a presente RES-
POSTA PRELIMINAR, para tanto expondo e requerendo o
seguinte:

I – DOS FATOS ALEGADOS NA AÇÃO PENAL

SHIS QI 03 Conjunto 16 casa 21, Lago Sul, Brasília-DF, Cep.71.640-230


Cel. (61) 99982-7466
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ERIKA LENEHR VIEIRA
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Anteriormente, o Peticionário teve os documentos


das empresas Greenfield (da qual é sócio), Eversystems, entre ou-
tras da Evergroup, nas quais atua apenas como executivo legalmente
constituído, apreendidos em 31 de outubro de 2012, na cidade de
São Paulo – SP, em razão de ordem de busca e apreensão n°
35/2012 – CESP, emitida nos autos do Processo n° 2011/0274952-
5, Inquérito Policial 765, em cumprimento à ordem judicial exarada
pela Excelentíssima Senhora Ministra Laurita Vaz.

Tal mandado foi cumprido pela Polícia Federal, a


qual se utilizou de argumento falaz e pernicioso ao declarar que a
empresa Greenfield Agropecuária estaria supostamente ligada ao Dr.
Luis Felipe Belmonte, além de, também supostamente, ter adquirido
um imóvel respaldado em avaliação imobiliária suspeita, eventual-
mente entregue pelo vendedor ao Dr. Alexandre Rudge Castilho, ad-
vogado e procurador da Greenfield, gerando a suspeita de que esta-
ria sendo utilizada para movimentação de recursos oriundos de pre-
catórios pagos no processo 2039/89, conforme informação fornecida
pela Polícia Federal, de acordo com os autos do inquérito, anexo II,
pág. 090011, tendo o assunto merecido esclarecimentos em depoi-
mento prestado (doc. 02).

Nestas condições, foi oferecida denúncia contra o


Peticionário, onde foi afirmado, no que lhe diz respeito:

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a) Que a compra do imóvel então pertencente ao Desembargador


Vulmar de Araújo Coelho Junior teria sido feita por empresa ti-
tulada pelo Peticionário para “ocultar o verdadeiro adquirente
do imóvel”;
b) Que o Peticionário e Luís Felipe Belmonte dos Santos teriam
atuado em “unidade de desígnios”;
c) Que a empresa dirigida pelo Peticionário possui “vínculo socie-
tário com LUÍS FELIPE BELMONTE DOS SANTOS”;
d) Que “em 23/4/2010, a EVERSYSTEMS INFORMÁTICA trans-
feriu a vantagem indevida de R$ 800.000,00 para MARCO AU-
RÉLIO GARIB, que, na mesma data, para dissimular, livre e
conscientemente, a origem ilícita do dinheiro, depositou os R$
800.000,00 em espécie nas contas da empresa GREENFIELD
AGROPECUÁRIA” e que “esta, por sua vez, transferiu os R$
800.000,00 para VULMAR DE ARAÚJO COELHO JUNIOR,
como pagamento pela primeira parcela do contrato de compra
e venda dissimulada do imóvel”.
e) Que o mesmo teria ocorrido com o montante de R$ 400.000,00,
retirado por Marco Garib em 31.08.2010 e 02.09.2010, sendo o
mesmo valor pago a Vulmar de Araújo Coelho Junior
03.03.2011.

Com isso, pretende imputar responsabilidade ao


Peticionário, pelo delito previsto no art. 1º, § 1º, I, da Lei nº 9.613/98,
na forma do art. 29 do Código Penal.

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II – DA REALIDADE DOS FATOS

Tanto a denúncia em tela, como já se verificara


quando da referida busca e apreensão, respaldou-se em argumentos
falaciosos e completa coação ilegal em face do Peticionário, tra-
tando-se de uma medida extremada de violência e afronta aos prin-
cípios fundamentais do direito, além de contemplar versão totalmente
desconforme com a realidade, o que se extrai até mesmo da narrativa
e da disparidade de datas, além de basear toda a sua pseudo-funda-
mentação no fato, não provado e mendaz, de que o imóvel valeria R$
400 mil, o que não resiste a um exame sequer perfunctório, sendo de
pasmar a indicação de tal assertiva de tal modo falsa, contrariando
até mesmo laudo feito pela própria Polícia Federal, que avaliou o
bem, apenas na área construída, em mais de R$ 950 mil.

A empresa Greenfield Agropecuária constituída


em 2005, com sede em Cuiabá, Estado do Mato Grosso, tem por
objeto social a exploração de madeira em projetos de manejo sus-
tentável, aprovados pelo IBAMA, bem como projetos de refloresta-
mento de fazendas desmatadas, utilizando técnicas de biodiversi-
dade para garantia da restauração de fauna e flora da região amazô-
nica (doc. 03).

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A empresa Greenfield iniciou suas atividades em


2005, na sua fase pré-operacional, no processo de seleção e escolha
de fazendas na região do norte do Mato Grosso.

Findo o processo de seleção em Janeiro de 2006,


os executivos da Greenfield elegeram a Fazenda São Benedito, com
quase 35.000 ha, localizada ao noroeste da cidade de Aripuanã (MT)
(doc. 04), próxima da divisa com o Estado de Rondônia, e igualmente
próxima às cidades de Ji-Paraná (RO) e Porto Velho (RO), tendo em
vista esta fazenda atender todos os critérios almejados para os pro-
jetos de exploração de madeira com manejo sustentado, principal-
mente no que tange à logística para escoamento e exportação da
madeira através de Porto Velho: existência de boas estradas e de
logística portuária organizada.

Atente-se que a logística e proximidade de acesso


da Fazenda São Benedito, para as cidades de Ji-Paraná e Porto Ve-
lho em Rondônia, é muito melhor e mais adequada que o acesso
através da cidade de Aripuanã (MT).

Então, por intermédio do Dr. Alexandre Rudge


Castilho, em cumprimento de suas atribuições de advogado e execu-
tivo da Greenfield, empresa na qual figurava como sócio minoritário,
cumpriu as formalidades legais para a compra da Fazenda São Be-
nedito, em Aripuanã (MT).

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Mister salientar que a cidade de Porto Velho-RO


se configurou e se destacou com um polo portuário de exportação
para a região, atraindo investimentos de empresas estrangeiras,
como é o caso das gigantes MAERSK Group1 e Damco Logistics2,
que anunciaram, em novembro de 2009, investir na ampliação de
base de logística para containers, inclusive em face da conclusão das
estradas que viabilizam saída para o Pacífico, via Peru.

Saliente-se também que várias empresas que


executam a operacionalização de projetos de manejo sustentado da
região utilizam a logística de Porto Velho para escoamento e expor-
tação de madeira. Estas empresas, muitas vezes, optam por ter base
administrativa em Porto Velho para efetuarem o desembaraço e o
monitoramento do despacho e embarque de madeira, a fim de evitar
possíveis desvios ou troca de cargas. Isto é comum, usual e reco-
mendável.

Dada a grande proximidade e logística favorável


ao acesso à fazenda São Benedito, a partir das cidades de Ji-Paraná
e Porto Velho, executivos e funcionários da Greenfield se alojavam
em hotéis naquelas cidades, principalmente na época de chuvas
onde as vias de acesso terrestre ficavam um pouco comprometidas.

1(https://pt.wikipedia.org/wiki/Maersk)
2(http://www.euromerci.it/le-notizie-di-oggi/damco-brasile-lancia-un-nuovo-servizio-via-chiatta-
da-porto-velho-a-manaus-brasile.html)

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Em função do projeto e da ida desses executivos


e funcionários, no final de 2009 o Peticionário começou a vislumbrar
boas possibilidades de negócio, notadamente em função de que o
escoamento de produção poderia ser efetivado pelo Pacífico, uma
vez que já se anunciava a conclusão das obras de pavimentação de
estrada pelo lado peruano, sendo que as de atribuição do governo
brasileiro já estavam concluídas3. A partir daí começou a se pensar
na implantação de estrutura de logística e na busca de parceiros es-
tratégicos para o empreendimento madeireiro.

Com o advento do 1º Primeiro Fórum de Susten-


tabilidade, ocorrido em março de 2010 na cidade de Manaus (doc.
05), o Sr. Marco Aurélio Garib, ora Peticionário, constatou e verificou
o grande interesse de vários investidores internacionais (como foi o
caso do diretor de cinema de Hollywood, o bilionário James Came-
ron, entre outros), muito interessado em projetos de sustentabilidade
e reflorestamento na região amazônica, como os projetos da Green-
field.

O festejado Diretor de cinema, James Cameron,


estava interessado em investimentos ecológicos e sustentáveis, tam-
bém como uma forma de divulgar ainda mais esses princípios, os

3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_do_Pac%C3%ADfico - “A parte bra-
sileira da Estrada do Pacífico foi inaugurada em 2007, quando foram concluídas as obras
de asfaltamento e duplicações programadas. Entretanto, a estrada começou a funcionar
plenamente, com todos os trechos asfaltados no lado peruano, apenas em dezembro de
2010”.

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quais estavam presentes subliminarmente no contexto do sucesso


do filme “Avatar”, contemporâneo a esses fatos.

Viu-se então, por parte da Greenfield, tão-so-


mente por ter verificado quem iria participar do aludido Fórum e mais
ainda após sua realização, a necessidade de aceleração dos proje-
tos, que passariam pela:
 Melhorias na sede e infraestrutura da Fazenda São Benedito;
 Contratação de biólogos, engenheiros florestais e pessoal
administrativo;
 Escolha de uma base em Porto Velho;
 Criação da estrutura jurídica para permitir que investidores
nacionais e internacionais, investissem de maneira segura,
organizada, transparente e regulamentada pela CVM,
decidindo-se pela criação de um FIP (Fundo de Investimentos
em Participação) Florestal, através da contratação de empresa
especializada. Este FIP Florestal teria por objetivo, inclusive,
após sua constituição, registro e primeira captação, adquirir e
incorporar a empresa Greenfield e seus ativos.

Melhor esclarecendo, uma das primeiras consta-


tações que se fez foi de que era necessário um ponto de apoio em
Porto Velho, pela sua condição de localização estratégica. À época
se estava deparando com problemas de certa envergadura, pois com
a construção das barragens de Santo Antônio e Jirau, recentemente
iniciadas àquele tempo, sequer se conseguia local de hospedagem

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naquela capital, vez que os funcionários das empreiteiras ocupavam


praticamente toda a capacidade hoteleira da cidade. Outra preocu-
pação era com a excessiva valorização dos imóveis em Porto Ve-
lho, tanto pela procura de residência por alguns funcionários das
grandes empreiteiras envolvidas com a construção das barragens,
que lá estabeleceriam residência em caráter permanente, como tam-
bém pela valorização decorrente da recém-inaugurada saída para o
Pacífico.

Isso o que motivou a busca de um imóvel na ci-


dade de Porto Velho, por parte da Greenfield, sem qualquer relação
com Luís Felipe Belmonte dos Santos, que sequer era conhecido
pelo Peticionário, apenas tendo aquele advogado feito a aquisição
de uma Cessão de Cédula Bancária em 03.07.2009 de emissão da
Eversystems Informática, diretamente ao Banco Pine e sem qualquer
contato com o ora Peticionário. A primeira incursão de Luís Felipe
Belmonte na empresa Eversystems ocorreu em 17.12.2009, quando
da formalização de contrato de mútuo, intermediado por empresa que
também prestava assessoria ao Grupo Eversystems, numa relação
puramente comercial e financeira, também intermediada por tercei-
ros.

Veja-se bem que o relacionamento, por sinal for-


mal e negocial, entre o Peticionário e Luís Felipe Belmonte iniciou-se
com uma única reunião em São Paulo, às vésperas do Natal de 2009,

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sendo que Peticionário já buscava imóvel para sede de seu empre-


endimento e sequer sabia que Luís Felipe patrocinava causa em
Rondônia (assim como esse desconhecia o projeto de FIP Florestal
do Peticionário). Ou seja, à época o contato entre ambos era recente
e apenas de natureza negocial, por intermediação do Banco Concór-
dia Asset Managment.

Apenas por volta do segundo semestre de 2010


houve aproximação do Peticionário com aquele advogado, na efeti-
vação de providências para a criação do Fundo Florestal, quando o
Peticionário teve conhecimento, já agora por intermediação da CAM
Invest (CAM Gestão de Patrimônio Ltda.), de que Luís Felipe Bel-
monte era titular de extensa área de terras no Sul do Estado do Ama-
zonas, próximo a Rondônia, e que poderiam também ser aproveita-
das no projeto.

Voltando ao quadro existente no começo de 2010,


antes e durante a realização do Fórum de Sustentabilidade em Ma-
naus, o Sr. Marco Aurélio Garib, ora Peticionário, como sócio e exe-
cutivo devidamente constituído da Greenfield, decidira adquirir, o que
efetivou em 05/04/2010, um imóvel em Porto Velho - RO, em região
próxima do porto fluvial, onde seriam efetuados o escoamento e a
exportação de madeira, bem como em proximidade do aeroporto,
para acomodação de biólogos, engenheiros florestais, pesquisado-
res, pessoal administrativo e também receber com mais conforto os
potenciais investidores, a fim de que estes acompanhassem de

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perto o andamento dos trabalhos desenvolvidos na região, conforme


seu depoimento às folhas 001890 do 10° volume do inquérito (doc.
02). Já havia prospectado algumas possibilidades de imóveis em
Porto Velho, mas logo após o Fórum de Sustentabilidade, em função
dos contatos feitos e excelentes perspectivas de negócios e parce-
rias, decidiu acelerar o processo.

Houve ainda outro Fórum de Sustentabilidade, já


em 2011, também com importantes presenças, inclusive Bill Clinton,
quando também se intensificaram contatos e projetos. Infelizmente,
a crise financeira da Europa e nos EUA em 2010 e 2011, além de
fatores outros, como a exemplo os reflexos internacionais dos pro-
blemas do sub-prime americano, atrasou a entrada de investidores.

Desde então, a Greenfield esperava a manifesta-


ção positiva dos investidores internacionais, que aguardam a recupe-
ração da economia mundial, devido às crises que assolaram a Eu-
ropa e os EUA naquele período. Porém, com a suspeita ocorrida no
Inquérito, quanto ao imóvel, suspendeu-se todo o projeto, inclusive
com prejuízos de monta, pois iniciar um trabalho de captação inter-
nacional exige segurança e credibilidade, não se podendo iniciar cap-
tação desse nível com o quadro decorrente do inquérito mencionado,
quando o Peticionário veio a ser chamado para, estranhamente e
para sua perplexidade, prestar esclarecimentos a respeito da simples
compra do imóvel. Note-se mais que a operação foi promovida com

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estardalhaço, sendo que hoje se sabe que o problema havido no pro-


cesso foi uma localizada falsificação de procurações por uma advo-
gada, o que gerou recebimentos indevidos por parte dela, enquanto
se levantou suspeitas sobre diversas pessoas, o que ao final se re-
velou totalmente infundado.

Mas certo é que essa data de 05.04.2010 é muito


importante para apresentação de fatos que refutam veemente-
mente qualquer ilação leviana da Polícia Federal e do Ministério
Público: 05/04/2010, logo após o Fórum de Sustentabilidade
ocorrido em Manaus.

Fato é que, novamente por intermédio do Dr. Ale-


xandre Rudge Castilho, valendo-se de suas atribuições de advogado
e executivo da Greenfield, na qual figurava como sócio minoritário,
prontificara-se e incumbira-se de verificar a regularidade da docu-
mentação da casa e do vendedor, bem como confeccionar o contrato
de compra e venda, cumprindo as formalidade e finalidades legais
para a compra do imóvel em tela, tendo em vista o mesmo possuir
os critérios almejados para acomodação de biólogos, engenheiros
florestais, pesquisadores, pessoal administrativo e também poten-
ciais investidores interessados nos projetos de sustentabilidade e re-
florestamento da Greenfield: instalações amplas e confortáveis, infra-
estrutura impecável e boa localização, além de localização estraté-
gica. Serviria, pelas suas características, tanto de local de hospeda-
gem quanto funcionamento de escritório.

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A compra foi embasada em pesquisa e avaliação


imobiliária da empresa JReis, situada em Porto Velho – RO, a qual
apurou no imóvel um valor comercial de R$ 1.200.000,00 (um milhão
e duzentos mil reais), na data de 23.02.2010 (observe-se que não
havia nem dois meses do primeiro contato do Peticionário com o ad-
vogado Luís Felipe, com quem sequer tinha contato maior ou relação
de confiança). Esse valor foi cotejado com outros imóveis da região
e feitos os primeiros contatos para avaliar a documentação e regula-
ridade do bem, sendo que, após essas conferências, ficou acertado,
em 05/04/2010, o pagamento em duas prestações, sendo que a pri-
meira no momento da assinatura do Contrato de Compromisso de
Compra e Venda e a segunda no ato da escritura, após complemen-
tada a regularização documental, decorrendo um ínterim de 11 me-
ses entre as parcelas, de acordo com a avaliação do imóvel em
anexo (doc. 6), bem como o contrato de compra e venda (doc. 7),
escritura (doc 8) e certidões do imóvel (doc. 9).

Assim, convicto de estar realizando um bom ne-


gócio e em período relativamente rápido, o Peticionário, como ter-
ceiro de boa-fé, confiou plenamente na lisura das negociações, des-
conhecendo por completo que o vendedor, o Sr. Vulmar Araújo Coe-
lho, ex-proprietário, tratava-se de desembargador eventualmente
envolvido em questões supostamente indevidas em processo
bilionário de isonomia salarial perante o TRT da 14ª Região. Pelo
contrário, pois o fato de o vendedor ser um magistrado aumentava

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mais ainda a confiança do Peticionário e de Alexandre Rudge quanto


à lisura do procedimento. Por sinal, também por isso fez questão de
registrar na escritura o valor exato da operação de compra e
venda, com toda a transparência, como convém ser feito por
pessoas honestas, sérias e transparentes, mesmo que isso signi-
ficasse aumento de valores de tributos, sendo que jamais poderia
imaginar que isso viesse a significar qualquer tipo de suspeita futura.

Por sua vez, se apenas em 2011 foi iniciado um


inquérito para apurar as situações nele descritas, tornadas públicas
em agosto (depoimento – doc. 02) e outubro de 2012, efetivamente
o Peticionário não teria mesmo como saber, nos primeiros meses
de 2010, que pudesse haver qualquer tipo de possível irregularidade
com relação à atuação do desembargador.

Ao ter notícia sobre os fatos, quando do início das


investigações, o Peticionário, muito surpreso, cooperou integral-
mente com todas as averiguações que lhe envolviam, entregando
tudo o que lhe foi solicitado pelas autoridades policiais ao Departa-
mento de Polícia Federal da Superintendência Regional de São
Paulo - SR/DPF/SP, bem como se colocando à disposição da Justiça
e da Polícia Federal para colaborar com qualquer ato e documenta-
ção que se fizessem necessárias, o que de nada adiantou, vez que,
apesar de manifestar-se nesse sentido em seu depoimento, foi vítima
de elação e leviandade pela Polícia Federal, o que gerou a busca e
apreensão acima referida e já agora denúncia que não se encontra

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estribada em argumentação séria ou provas concretas, mas unica-


mente ilações e suposições, totalmente dissociadas da verdade dos
fatos e da cronologia respectiva.

Ademais, cabe ressaltar que de acordo com o or-


ganograma em anexo (doc. 10), o Peticionário não é proprietário,
mas somente executivo da empresa Eversystems Ltda. Brasil, devi-
damente constituído em Contrato Social, haja vista que tal empresa
pertence majoritariamente à Eversystems Ltd. Bermuda, que por sua
vez é de propriedade exclusiva das empresas Middlebury Trading Ltd
e Bozano Holdings Ltd., tudo devidamente registrado perante a JU-
CESP e Receita Federal, bem como todos os demais órgãos compe-
tentes.

A empresa Eversystems, fundada em 1991, se es-


pecializou no desenvolvimento de software e sistemas bancários, ga-
rantindo segurança e inviolabilidade através de mecanismos de crip-
tografia e autenticação segura anti-hacking, visando a eliminação e
combate a crimes eletrônicos e lavagem de dinheiro. Seria por
demais irônico e contraditório, para não dizer trágico, que o Peticio-
nário se dedicasse a trabalhar para evitar crimes eletrônicos e lava-
gem de dinheiro e depois promovesse qualquer ação no sentido de
ele próprio desenvolver qualquer tipo de procedimento de lavagem
financeira.

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As soluções e sistemas desenvolvidos pela


EverSystems tem destaque e reconhecimento internacionais, através
de prêmios, mídia internacional e conquista de clientes fora do Brasil
(doc. 11).

Desde sua fundação, a empresa Eversystems im-


plantou mais de 1.300 sistemas, soluções e projetos, para grandes
Instituições Financeiras e Bancos tanto no Brasil, como na América
Latina, Estados Unidos e Africa, dos quais destacamos:
 Banco Unibanco
 Seguradora Unibanco/AIG
 Seguradora SulAmerica
 Banco Citibank
 Banco HSBC
 Banco Itau
 Banco do Brasil
 Banco de Crédito do Peru ( BCP )
 Branco de La Republica Oriental do Uruguay ( BROU )
 Banco Venozolano de Crédito ( BVC )
 CAIXA Econômica Federal
 Banco Banrisul

Destaca-se que, sendo considerada como um dos


grandes ícones de EXPORTAÇÃO de SOFTWARE para o Brasil,
contribuiu e proporcionou o treinamento e consultoria para várias ou-

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tras empresas e empreendedores, a fim de que participassem do pro-


cesso de exportação, aumento de competitividade e crescimento do
Brasil, frente a outros provedores de software da Índia, China, Rússia
e Irlanda.

A Eversystems, sempre em busca de novos mo-


delos de negócios sustentáveis, identificou o enorme potencial de
crescimento no setor de desenvolvimento de aplicações financeiras
para o mercado de mobilidade, incluindo telefones celulares, smart
fones e tablets. Foi então que em 2008 a Eversystems consolidou a
empresa Evermobile, focada neste promissor mercado (doc. 12).

Um dos mais importantes produtos da Evermobile


é o pagamento com cartão de crédito e débito através do celular,
ideal para vendedores de porta-a-porta, profissionais liberais, trans-
portadoras dentre outros.

Empresas similares à Evermobile nos Estados


Unidos, foram avaliadas em centenas de milhões de dólares, pelo
grande potencial de crescimento e receberam dezenas de milhões
de dólares em investimentos para viabilizar o crescimento das mes-
mas.

Vislumbrando está oportunidade, a Evermobile a


partir do terceiro trimestre de 2009 e principalmente em 2010, passou
a identificar, através de empresa especializada, a busca e captação

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de investidores para a viabilização do seu plano de negócios e de


crescimento.

Nesta ocasião a Evermobile, recebeu a visita e


propostas de vários investidores, dos quais destacamos do Banco
Pine com um fundo de investimentos, do Banco Espirito Santo BES
de NY, e do investidor Dr. Luis Felipe Belmonte dos Santos, que
demonstraram interesse em investir no plano de negócios da Ever-
mobile, dado o grande potencial de crescimento. Ressalta-se que o
contato com futuros investidores é feito através de empresas
especializadas em captação, como no caso se verificou com o
Banco Concórdia Asset Managment (doc. 13), que aproximam
potenciais negócios lucrativos para investidores, sendo o Dr.
Luis Felipe Belmonte apenas um dos investidores apresentados
à Evermobile na época.

Insta salientar que a empresa Eversystems Ltda.


do Brasil é proprietária majoritária das empresas Organox, Everme-
dia e Evermobile, sendo que a última, e somente esta, foi quem
recebeu 6,15% de investimentos de capital da empresa Alvoran In-
vestimento Participação e Administração Ltda., CNPJ
72.637.762/0001-04 (pertencente ao advogado e investidor Dr.
Luis Felipe Belmonte dos Santos) que ingressou como sócia em
dezembro de 2010, iniciando, então, a relação jurídica da empresa
em que o Dr. Luís Felipe Belmonte é sócio (Alvoran), com a empresa

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que o Peticionário é administrador e representante legal (Evermo-


bile).

Ressalte-se que o ingresso da Alvoran na Ever-


mobile, na porcentagem minoritária de 6,15% (seis inteiros e quinze
décimos por cento), se deu pela 6ª Alteração Contratual, registrada
na JUCESP (Junta Comercial do Estado de São Paulo), em
15/12/2010 (Doc. 14), data de mais extrema importância dentro do
contexto, por ter ocorrido oito meses após a data em que o imó-
vel havia sido adquirido.

Vale destacar, assim, que a relação jurídica do


advogado Luís Felipe Belmonte dos Santos com uma das empresas
em que o Sr. Marco Garib opera como executivo, iniciou-se poste-
riormente à compra do Imóvel discutido pela Polícia Federal, ex-
cluindo, também por isso, qualquer hipótese de associação crimi-
nosa, haja vista tratar-se de crime impossível devido à sua disposição
no tempo.

Nessa toada, tendo em vista que o bem questio-


nado foi comprado em 05 de abril de 2010, conforme contrato ane-
xado, em data bem anterior ao ingresso do Dr. Luis Felipe Belmonte
como quotista da empresa Evermobile, o que ocorreu a partir de de-
zembro de 2010, impossível, física e temporalmente, a constitui-
ção de suposta associação criminosa, conforme será mais ainda
explicado a seguir.

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Para que não se fique nenhuma dúvida, acerca


dos contatos do Peticionário, Marco Garib e o Dr. Luis Felipe Bel-
monte, o Peticionante anexa proposta remetida em 24/09/2010, para
que o Dr. Luis Felipe Belmonte viesse a investir em um Fundo Flo-
restal, proposta essa elaborada pela empresa CAM Investimentos
Ltda. (Doc. 15). De qualquer forma, a data dessa proposta é bem
posterior à compra do imóvel pela Greenfield, desmoronando-se,
também por isso, a teoria do Ministério Público.

Outrossim, convém salientar que o Peticionário


promovera diversas injeções de recursos próprios em empresas do
Grupo Eversystems, sempre por intermédio de contratos de mútuo
(Doc. 16), onde consta cláusula “4. Pagamento”, prevendo a possibi-
lidade de pagamentos antecipados (item 4.3), daí porque se justifi-
cam as transferências feitas da empresa Eversystems para Marco
Garib, como restituição parcial das quantias mutuadas.

Por sinal, o próprio Ministério Público pode cons-


tatar essas injeções de recursos financeiros próprios, pelo Peticioná-
rio, como se verifica nos Relatórios por ele anexados. Ou seja, o Mi-
nistério Público já dispunha de conhecimento de que Marco Garib
havia feito inúmeras injeções de recursos próprios nas empre-
sas do Grupo Eversystems (Doc. 17), inclusive de elevados valores
como a exemplo R$ 1,091 milhão em 07.03.2006, R$ 414 mil em
01.08.2006, R$ 330 mil na semana seguinte, R$ 907 mil em

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31.08.2006, R$ 260 mil em 01.09.2006, R$ 381 mil em 16.11.2016,


R$ 854 mil em 31.01 e 28.02.2007, R$ 250 mil em 08.01.2007, R$
657 mil em 31.01.2007, R$ 620 mil entre setembro e novembro de
2008, R$ 500 mil em 02.05.2007, R$ 505 mil em 10.05.2007, R$ 540
mil em 20.05.2007, R$ 469 em maio/2008, R$ 400 mil em
30.30.09.2008, R$ 494 mil em 02.10.2009, R$ 742 mil em dezembro
de 2008, R$ 740 mil em 08.10.2010, dentre inúmeros outros. Todos
documentos juntados pelo MPF, que apurou esta realidade e a omitiu
na denúncia. Só com esses aportes (e houve inúmeros outros), se
tem comprovadas transferências anteriores de recursos próprios do
Peticionário, em mútuo para a Eversystems, da ordem de mais de
R$ 10 milhões, o que representava seu crédito pessoal junto àquela
empresa.

Da mesma forma, desde 2006 (comprovado pelos


dados obtidos pelo MPF com a quebra de sigilo bancário), promovia
também retiradas, permitindo-se juntar os comprovantes desta afir-
mativa, obtidos nos documentos juntados pelo próprio MPF (Doc.
18), com destaque para o primeiro juntado, da ordem de R$ 1,9 mi-
lhão, e outras mais de R$ 800 mil e R$ 500 mil, dentre outras. Logo,
as transferências da Eversystems para o Peticionário ocorriam con-
forme necessário, retirando de volta os valores que havia injetado
anteriormente, mediante formalização de contratos de mútuo. Em
anexo, planilha do Contador das empresas, demonstrando um saldo
em favor do Peticionário, por adiantamentos feitos, que lhe gera um
crédito, ainda hoje, da ordem de mais de R$ 16 milhões (doc. 19).

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Com isso, comprova-se que as transferências não


se deram apenas e para os fins pinçados maliciosamente pelo Órgão
Ministerial, com dados totalmente retirados do contexto em que inse-
ridos, pois tratavam-se de operações corriqueiras de retiradas, por
parte do Peticionário, embasadas nos contratos de mútuo celebrados
e em decorrência dos aportes pessoais antes por ele realizados, de
elevada monta.

Assim sendo, plenamente embasadas as retira-


das feitas pelo Peticionário e as transferências verificadas pela
Eversystems Informática em favor do mesmo, não possuindo ne-
nhuma relação com os valores que Luís Felipe Belmonte houvera
feito, para destinações absolutamente distintas, sendo ainda certo
que os valores por ele encaminhados para o aludido Fundo Florestal
foram em montante bem superior aos R$ 400 mil apontados pelo
MPF, mas em datas posteriores e sempre para aquela finalidade es-
pecífica.

III - DO GRUPO EVERSYSTEMS E DO INGRESSO DA EMRPESA


ALVORAN

Como já demonstrado e mais ainda aqui se evi-


dencia, o Grupo Eversystem apresentava estruturação de porte
(Doc. 20) e, por intermédio da sociedade Evermobile (Doc. 21), já

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possuía contratos assinados com grandes grupos, preparando a


montagem de um projeto de APO (Doc. 22), nos Estados Unidos, o
que gerava a previsão de alta rentabilidade para o investimento que
viesse a ser feito no Grupo.

Assim, cabe registrar que a empresa Evermobile


possuía um valuation calculado em cima de recebíveis, decorrentes
de contratações com as empresas Jequiti, Hinode e Banrisul (Doc.
23), bem como em fase de fechamento de negócio com diversas ou-
tras empresas, o que tornava o negócio bastante atrativo para inves-
tidores.

Por sua vez, a Evermobile precisava de investi-


mentos de certa monta para viabilizar a produção dos equipamentos
já contratados, sendo exatamente neste momento que a intermedia-
ção via Banco Concordia, que lhe dava assessoramento (e também
a Luís Felipe Belmonte), promoveu a possibilidade de investimento,
sendo os contatos e contratos conduzidos por aquela sociedade,
posteriormente sucedido pela CAM Invest, primeiramente com a ces-
são de CCB pelo Banco Pine à Alvoran (empresa titulada por Luís
Felipe Belmonte), em 03.07.2009 e posteriormente com contrato de
mútuo, em 17.12.2009 (Doc. 24).

Foi neste contexto que a empresa Alvoran, em


16.12.2010, optou por adquirir 6,15% das quotas do capital social da

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empresa Evermobile (Doc. 25), com perspectivas de ganhos expres-


sivos para todos, tanto pelas contratações já existentes como diante
do encaminhamento que estava sendo feito para realização de APO
(Alternative Public Offering), com lançamentos de ações da compa-
nhia na Bolsa de Valores americana.

Como se verifica, todo os aportes feitos, com o va-


lor de mais de R$ 15 milhões investidos pela Alvoran e por seu titular
Luís Felipe Belmonte no EverGroup, tinham destinação específica,
sem nenhuma relação com aquisição de imóvel algum, o que se ve-
rifica pela disparidade das datas de remessas de valores
(03.07.2009, 15.04.2010 e 01.11.2010) e a data do instrumento de
promessa de compra e venda (05.04.2010) e da escritura do imóvel
(03.03.2011), sendo que os valores utilizados para compra do
imóvel em tela são todos oriundos do Peticionário, mediante re-
cebimentos da Eversystems (em função de contratos de mútuo,
como já esclarecido) e aportes realizados na empresa Greenfield, ad-
quirente do imóvel para o projeto de Fundo Florestal.

IV - DO FUNDO FLORESTAL

Necessário, também, esclarecer a respeito da for-


mação do Fundo Florestal, além do que restou expresso anterior-
mente, juntando a documentação referente ao mesmo para demons-

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trar de que forma as coisas se encaminharam neste particular as-


pecto, notadamente porque a aquisição da casa se encontra inserida
nesse contexto e jamais como imaginado pelo Ministério Público em
sua peça que se permite pedir vênias para considerar como de fic-
ção.

O projeto já vinha sendo desenvolvido anterior-


mente, até que em 2009 iniciou-se o planejamento operacional efe-
tivo do negócio. Foi então elaborada uma Prospecção e Definição de
Áreas Florestais e de Produção (Doc. 26), com o dimensionamento
inicial do processo.

Novos estudos se seguiram até que foi formali-


zada a proposta de estruturação do FIP Florestal, em 24.09.2010
(Doc. 27). Em função disso diversas contratações e passos subse-
quentes foram efetivados (Doc. 28), inclusive na busca de investido-
res internacionais (Doc. 29).

Dentro desse contexto é que foi feita a aquisição


do imóvel no início de 2010 e a posterior entrada de Luís Felipe Bel-
monte para participar do projeto de Fundo Florestal, tudo capitane-
ado pela consultoria financeira que dava assistência ao Peticionário.

Assim sendo, foram também encaminhados re-


cursos, pelos dois interessados na criação do Fundo, exclusivamente
para efeito de viabilizar o aludido Fundo Florestal, sendo que o imóvel

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enfocado pelo MPF foi adquirido pela Greenfield, com sua titulari-
dade exclusiva, e em data bem anterior à entrada e participação de
Luís Felipe, tanto na Evermobile quanto no Fundo Florestal. Aquele
imóvel não integra, não integraria e não integrará o patrimônio do
Fundo, conquanto a situação que ora se pretende ver resolvida invi-
abilizou temporariamente todo o projeto que se desenhava até então,
postergando-o para após a solução e esclarecimento dos fatos, o que
já delonga mais de cinco anos.

V – DO VALOR DE AVALIAÇÃO DO IMÓVEL

O ponto chave de tudo diz respeito ao valor de


avaliação do imóvel. Primeiramente, a Polícia Federal (em seu rela-
tório, em 2012) chegou ao absurdo de considerar que aquele bem
estaria avaliado em R$ 300 mil, o que representa uma disparidade
gigantesca com a realidade.

Já agora o Ministério Público indica que o imóvel


valeria R$ 400 mil, conquanto não apresente nenhum elemento para
fundamentar tal assertiva. Nenhum laudo, nenhuma informação con-
creta, nenhuma pesquisa. Enfim, alegação vazia, desprovida de las-
tro mínimo e em descompasso flagrante com a realidade.

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A seu turno, a aquisição do imóvel em tela, pela


Greenfield, foi precedida de pesquisa de preços e obtenção de laudo
de empresa local (Doc. 06).

Note-se mais que aquele laudo é perfeitamente


compatível com outros preços verificados na cidade, inclusive tendo
o vendedor apresentado anúncios colocados por ele em jornais, de
longa data, dando conta do preço pedido, da ordem de R$
1.200.000,00, o que mais ainda induziu a que se tratava de preço
justo e adequado.

Verifique-se ainda que a própria Polícia Federal


reconheceu, nos autos do inquérito, que “uma casa de alto padrão
em condomínio fechado, em que VULMAR residia até sua viagem
para a Espanha, está avaliada em R$ 3.000,00 o m2 de área cons-
truída, avaliada por corretor consultado pelo próprio VULMAR” (Doc
06, parte final). Ora, tendo o imóvel 317 m2 de área construída, tem-
se que a própria Polícia Federal reconhece que o imóvel valeria,
apenas a área construída, à época, R$ 950 mil, sendo que o terreno
do imóvel é de 900 m2, o que justifica perfeitamente o valor de R$
250 mil adicional. Como se vê, o preço pago foi absolutamente com-
patível com o valor de avaliação do bem, consoante constatação e
afirmação peremptória da própria Polícia Federal.

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E não é só, porque foram feitas pesquisas de imó-


veis na região, tendo-se constatado que o valor realmente não dis-
crepa de imóveis outros de padrão semelhante, como nos indicativos
verificados nos anúncios anexados (Doc. 06), quando se tem uma
casa de 400 m2, também em condomínio fechado, avaliada em R$ 2
milhões.

Porém, para espancar de vez a tosca argumenta-


ção apresentada pelo Ministério Público, nada melhor do que a reali-
dade. Assim, basta verificar o preço de imóveis de alto luxo em Porto
Velho, na data de hoje, já com o desaquecimento nacional do mer-
cado imobiliário (e mais ainda em Porto Velho, após o término da
construção das barragens) e a forte crise financeira, como a exem-
plo (disponível na internet nos sites constantes do rodapé – Doc. 30):
- R$ 3.000.000,00, por imóvel de 380 m2 (R$ 7.894,00/m2);
- R$ 1.450.000,00, por imóvel de 340 m2 (R$ 4.264,00/m2);
- R$ 1.800.000,00, por imóvel de 500 m2 (R$ 3.600,00/m2);
- R$ 1.650.000,00, por imóvel de 480 m2 (R$ 3.437,00/m2);
- R$ 1.600.000,00, por imóvel de 360 m2;
- R$ 1.550.000,00, por imóvel de 400 m2;
- R$ 1.250.000,00, por imóvel de 400 m2 (R$ 3.125,00/m2);
- R$ 2.300.000,00, por imóvel de 4 quartos;
- R$ 1.400.000,00, por imóvel de 4 quartos;
- R$ 1.300.000,00, por apartamento de 3 quartos;
- R$ 1.100.000,00, por imóvel de 268 m2;
- R$ 1.000.000,00, por imóvel de 300 m2.

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Deste modo, considerando-se ainda que o mer-


cado imobiliário se encontra em forte crise em 2017 e tendo em vista
a realidade do aquecimento do mercado em Porto Velho, havida em
2010, com a inauguração da saída para o Pacífico e o início da cons-
trução das barragens, verifica-se, definitivamente, que o valor esti-
mado pelo MPF para o imóvel, de R$ 400.000,00, discrepa forte e
falaciosamente da realidade. Os preços atuais, em época de crise
financeira e forte desvalorização dos imóveis, são evidências clarís-
simas de que o imóvel foi comprado pelo valor que efetivamente va-
lia, ou quiçá até mesmo inferior, dada à privilegiada localização.

Deste modo, quer-se crer tenha ruído por inteiro a


argumentação ministerial, na medida em que calca toda a sua tese
na premissa de que o imóvel valeria menos do que o valor pelo qual
foi vendido, sem que tenha apresentado uma só evidência de sua
assertiva, enquanto a realidade encontra-se claramente estampada
pela verdade dos números e dos fatos.

VI – DA ARGUMENTAÇÃO DE DIREITO

No tocante à suposta lavagem de dinheiro, como


assevera Gustavo Henrique Badaró e Pierpaolo Cruz Bottini, na obra
“Lavagem de Dinheiro” (2012, p. 21), o crime configura-se pelo “ato
ou seqüência de atos praticados para mascarar a natureza, origem,

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localização, disposição, movimentação ou propriedades de bens, va-


lores e direitos de origem delitiva ou contravencional, com o escopo
último de reinseri-los na economia formal, com aparência de licitude”

Assim, cumpre informar que os recursos financei-


ros utilizados para aquisição do imóvel foram devidamente integrali-
zados na empresa Greenfield com origem lícita e constante no im-
posto de renda do peticionário.

Ressalta-se, veementemente, que Marco Aurélio


Garib nunca teve ciência de qualquer processo em andamento
relacionado ao escritório de advocacia do Dr. Luis Felipe Bel-
monte, tendo em vista o próprio e necessário sigilo profissional que
o advogado e seu escritório devem manter para com seus clientes.

Ademais, o Dr. Luis Felipe Belmonte ingressou


na Evermobile, por meio da empresa Alvoran, em dezembro de 2010,
como investidor em tecnologia, não como advogado. Os assun-
tos tratados entre ele e o executivo Sr. Marco Garib, intensificados
apenas após meados de 2010, sempre se restringiram à área de tec-
nologia de sistemas de mobilidade, objeto desenvolvido pela Ever-
mobile, bem como a captação de investidores nacionais e internaci-
onais para a Evermobile, além de uma proposta de participação do
FIP florestal retro mencionada.

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Vale destacar que mesmo o escritório do Sr. Bel-


monte tendo atuado no processo bilionário de isonomia salarial pe-
rante o TRT da 14ª Região, sua relação jurídica com uma das em-
presas em que o Sr. Marco Garib representa e administra como exe-
cutivo iniciou-se posteriormente à compra do Imóvel discutido pela
Polícia Federal, excluindo qualquer hipótese de associação crimi-
nosa, haja vista tratar-se de crime impossível devido à sua disposição
no tempo, pois quando da concessão e revogação da liminar o Peti-
cionário e Luís Felipe Belmonte não possuíam contato, ressalvado a
aquisição, por aquele de uma Cédula de Crédito Bancário em que a
Eversystems figurava como devedora e posteriormente um contrato
de mútuo no final de 2009, operações de cunho financeira e interme-
diadas pelo grupo de gestão financeira que assessorava o Peticioná-
rio. Ou seja, Marco Garib e Luís Felipe Belmonte sequer se conhe-
ciam à época, menos ainda tendo proximidade capaz de gerar esse
nível de relacionamento supostamente tendente a ocultar operação.

Desta forma, tendo em vista que até a presente


data não foi, e nem será, constatada nenhuma irregularidade quanto
a qualquer atividade praticada pelo ora Peticionário, no que diz res-
peito ao perfazimento ou recebimento de qualquer quantia ilícita, ou
mesmo de ter contribuído para algo do gênero, visto que foram apu-
rados apenas valores provenientes do seu próprio trabalho em ativi-
dades lícitas, não há que se falar em suspeita de crime de lavagem
de dinheiro, o que deveria ter sido vislumbrado pelo Parquet, em fun-
ção das próprias informações que detinha.

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Assim, os atos de busca e apreensão ocorreram


por manifesta coação ilegal e mais ainda a presente denúncia, já que
ausente qualquer motivo justificado.

Desta maneira, o motivo justificado para uma de-


núncia funda-se não apenas nos famosos indícios de autoria e mate-
rialidade, mas também se levando em conta outros princípios e ga-
rantias que certamente comporão o inquérito policial, conforme
acima aludido, para que não sejam infringidos os direitos básicos dos
cidadãos. Em síntese, o conceito amplo de justa causa faz determi-
nar que o poder público aja com lisura e técnica, de acordo com as
regras de direito materiais e processuais vigentes.

O inquérito policial, por sua vez, depende igual-


mente de justa causa para existir, por ser um procedimento adminis-
trativo de natureza inquisitória que tem o escopo de investigar a exis-
tência de fato criminoso e sua autoria, colhendo provas e conside-
rando as circunstâncias fáticas.

Portanto, já haveria falta de justo motivo para a


abertura de inquérito contra o Peticionário, bem como para busca e
apreensão, menos ainda haverá para a presente denúncia, o que é
causa que prejudica o curso procedimental, configurando uma coa-
ção ilegal ao submeter o então investigado a um constrangimento
injustificado pela existência de procedimento judicial ou extrajudicial.
Neste sentido escreveu Vicente Sabino Júnior (1964, p. 341):

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“Não se deve esquecer que a justa causa não se aprecia


in concreto, mas in abstrato, por que ela só existe quando
se atribua ao paciente procedimento que não constitua
crime. Se embora em tese, o fato, que lhe é imputado,
caracteriza uma infração penal, não há falta de justa
causa, mesmo sendo injusta a imputação”.

Assim sendo, a ausência de causa justificada cons-


titui constrangimento ilegal contra a pessoa. E nesse entendimento
segue a lição de Magalhães Noronha (1986, p. 414), ao definir que
“justa causa é o fato cuja ocorrência torna lícita a coação”, levando a
entender que a coação será considerada ilícita quando exercida sem
um motivo que a justifique. É o caso dos autos.

Na subsunção ao caso real, antes que claramente


esteja confirmado o não envolvimento do Peticionário na prática do
suposto crime investigado, já estava inequivocadamente compro-
vada a sua boa vontade em contribuir espontaneamente para
tudo que lhe fosse solicitado pelas autoridades policiais, consi-
derando que em nenhum momento o Sr. Marco Garib foi, de qualquer
forma, privilegiado pelos atos de quaisquer dos envolvidos na sus-
peita, muito menos se esquivou em entregar qualquer documento so-
licitado pela justiça.

Além disso, não há interesse de nenhuma espécie,


por parte do Peticionário, nas supostas atividades ilícitas que possam
existir por detrás dos fatos, considerando que não obteve vantagem

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indevida, em sentido algum e em qualquer momento, relativa à com-


pra do imóvel, que até o momento não cumpre sua função originária
por estarem em suspenso as atividades da Greenfield e o projeto de
FIP Florestal exatamente por conta das investigações e suspeitas ha-
vidas, eis que um procedimento de captação internacional, mais
ainda nos dias de hoje no Brasil, carece de segurança e credibili-
dade perante os investidores estrangeiros.

Não se pode querer transformar o Brasil em um Es-


tado policialesco e nem se submeter os cidadãos a ditames do Minis-
tério Público, que não é senhor de baraço e cutelo.

De tal modo, tendo obedecido todos os requeri-


mentos que lhe foram feitos e levando-se em conta a ausência de
justa causa, não só para a busca e apreensão mas também para sua
inclusão no inquérito policial e na denúncia, não cabe referir-se à fun-
dada razão, considerando a necessidade de escusa de cumprimento
da ordem, que exige a demonstração dos elementos solicitados ca-
pazes de influir na convicção do julgador, o que não se observa no
presente caso, onde ocorreram ilações levianas da Polícia Federal e
do Ministério Público, posto que carentes de comprovação fática ou
de qualquer indício minimamente sério.

Destarte, a denúncia em face do peticionário,


que de pronto deverá ser rejeitada, configura constrangimento
ilegal por falta de justa causa para o processo.

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Quanto às nulidades, primeiramente é necessário


observar que possuem caráter absoluto. Noutras palavras, nos dize-
res de Soares (1977, p. 361), “o Direito Processual Penal é eminen-
temente formal, isto é, cada norma processual penal corresponde a
um ato, sujeito a determinada forma, que constitui a própria garantia
e segurança da ordem processual”. Por conseqüência, devem ser
anulados todos os atos praticados quando dotados de nulidade, de
imediato.

Inclusive, já se observara o cumprimento incorreto


da busca e apreensão, considerando o Código de Processo Penal,
que disciplina e regulamenta o tema ao tratar das provas. Desta
forma, temos que: “buscar” significa procurar, e “apreender” é o
mesmo que se apropriar. Então, busca e apreensão trata-se de pro-
vidência destinada a encontrar e conservar pessoas ou bens que in-
teressem a um processo ou investigação criminal.

Por conseguinte, a busca e apreensão havida an-


teriormente e mais ainda a presente denúncia, evidenciaram-se as-
saz arbitrárias, tendo em vista o malabarismo exacerbado utilizado
na execução e descrição fantasiosa dos atos, data venia.

Inclusive, quando da busca e apreensão, grande


parte do que foi recolhido ultrapassou as esferas do necessário para
a formação das provas, suplantando não só o objeto físico preten-
dido, mas também o objeto jurídico, que é a lisura do exercício da

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autoridade pelo Estado. Ademais, ocasionou situações extrema-


mente vexatórias ao Peticionário, que como pessoa idônea, enfren-
tou injustamente os olhares curiosos e assustados de sua vizinhança,
bem como de funcionários da empresa Eversystems, diante dos ho-
lofotes policiais, motivo pelo qual deixou de ser tratado como homem
de bem, passando a ser visto como uma pessoa que teria praticado
delitos, alvo de investigação policial por algo que jamais cometera, o
que teve fortíssimas repercussões negativas em seus negócios e pla-
nejamentos empresariais.

Ressalte-se que o Peticionário é expert em segu-


rança bancária e em criar mecanismos contra lavagem de dinheiro,
para fins do que necessita de absoluta credibilidade e lisura de pro-
cedimentos, colocados sob suspeição com os procedimentos acinto-
sos e midiáticos da autoridade policial e ministerial. Os prejuízos para
a imagem do Peticionário, tanto pessoal como profissional, são de
ordem incomensurável a essa altura, pois os projetos de lançamento
de ações na Bolsa americana foram interrompidos e a criação do
Fundo Florestal suspenso, exatamente como consequência direta do
abuso verificado e a leviana divulgação midiática.

E já agora o Ministério Público adentra com mais


essa peça de ficção, como se a honra alheia pudesse ser enxova-
lhada e conspurcada ainda que sem causa mínima que o pudesse
justificar.

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Inclusive vale lembrar, Excelência, que o indiví-


duo não pode ter sua vida devassada indevidamente e, mesmo no
curso da noticiada busca e apreensão, ainda que legalmente autori-
zada, deve ser preservada sua intimidade e privacidade, tanto da
vida pessoal quanto da profissional, não se admitindo a apreensão
de objetos que não tenham relação com a diligência, como ocorreu
no caso em tela, já que totalmente diversas as empresas do grupo
da Eversystems (Evergroup), com objetos sociais distintos, que reú-
nem apenas o mesmo executivo constituído, fato que não cabe como
embasamento para a extensão dos atos.

Nesse diapasão, de acordo com os ensinamentos


de Guilherme Nucci (2010, p. 42), devemos lembrar que

“no Estado Democrático de Direito, a força estatal deve


ser utilizada para a garantia da ordem e da segurança
de todos, embora com imparcialidade, respeitadas as
regras legais e sempre voltada ao bem estar comum e
não a interesses particulares, mormente de quem detém
o poder. Não fosse assim, desnecessária seria a Lei de
Abuso de Autoridade, pois os tipos penais nela previstos
encontram-se igualmente situados em outros diplomas
legais”.

Desta forma, o abuso de autoridade surge quando


o agente público extravia da ordem da legalidade, ultrapassando sua

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atuação legal, desvinculado de necessidade real. E na esfera crimi-


nal, esses desmandos apontam das mais diversas formas, desde a
agressão verbal, como na própria tortura e terrorismo, bem como a
violação dos direitos humanos, tal qual ocorre no presente caso, ante
a não observância dos preceitos básicos do artigo 5°, inciso X, da
Constituição Federal, que foram corrompidos sem justa causa pela
autoridade policial e agora pela atividade ministerial, pede-se vênia
para assim considerar.

Necessário é reconhecer que somos humanos, pro-


pensos a erros e acertos, não se permitindo, porém, aceitar a atitude
ludibriosa das ações defensivas, desrespeitosas e ofensivas, com uti-
lização inadequada das prerrogativas das funções, contrariando pre-
ceitos básicos previstos na Constituição Federal e essenciais para a
ordem social, como no presente caso, que constitui verdadeiro abuso
de autoridade, como se não houvesse assuntos outros, sérios e ver-
dadeiros, que coubessem ser apurados.

Além disso, considere-se que o Peticionário


cumpriu todos os atos legais e de cautela que precedem a com-
pra de um imóvel, agindo estritamente dentro da legalidade e como
terceiro de boa-fé, examinando documentação, confrontando anún-
cios de jornal quanto à venda do imóvel, buscando laudo de avalia-
ção, cotejando-o com preço de outros imóveis à venda na época e
indicando o valor real de compra em escritura, posteriormente levada
a registro. Mesmo na hipótese argumentativa de que não fosse o real

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preço de mercado mas meramente aproximado, mesmo assim não


haveria que se falar em autoria de crime de lavagem de dinheiro,
tendo em vista que seu comportamento não ultrapassou as esferas
do que pode ser considerado dentro do risco permitido, ou seja, sua
ação está de acordo com o comportamento esperado de um adqui-
rente de imóvel, utilizando-se seus próprios e lícitos recursos finan-
ceiros.

Neste sentido, se o comportamento observa as nor-


mas, atos normativos institucionalizados e as regras técnicas profis-
sionais, o risco por ele gerado é permitido. O comportamento, nesses
casos, é neutro, adequado socialmente, e mesmo que contribua ca-
sualmente para o resultado, não será materialmente típico, nem im-
putável sobre o prisma objetivo, ainda se, argumentativamente, abs-
traídas as considerações fáticas retro mencionadas.

Logo, em aplicabilidade ao caso real, insuficiente


não só para embasar inquérito policial, mas mais ainda denúncia, a
simples probabilidade de autoria de delito, eis que se trata de mera
etapa da verdade, não constitutiva, por si só, de certeza. E diante da
inexistência de prova esclarecedora da responsabilidade do acu-
sado, sua absolvição e exclusão da ação penal se impõem, haja vista
minimamente a dúvida, autorizando a declaração do “non liquet”, nos
termos do artigo 386, VI, do Código de Processo Penal, inobstante,
a rigor, seja o caso de aplicação de todos os demais incisos do dis-
positivo invocado e mesmo de rejeição sumária da denúncia.

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Descartada, portando, a imputação de autoria ao


Peticionário, conforme o art. 1º da Lei 9.613/98, posto que impossível
a configuração do hipotético crime de lavagem de dinheiro ante a ine-
xistência de qualquer suposto delito antecedente, sendo fato clara-
mente atípico a compra do imóvel debatido na denúncia.

“Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, lo-


calização, disposição, movimentação ou propriedade
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou in-
diretamente, de crime: (...)
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou
dissimular a utilização de bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal:
I - os converte em ativos lícitos;”

Assim, há que se observar que, com base no


referido dispositivo, o caso seria, e é, de absolvição sumária do Peti-
cionário, por manifesta atipicidade dos seus atos, haja vista que a
compra do imóvel ocorreu em abril de 2010 e a ligação jurídica do
Peticionário com o Sr. Belmonte somente ocorreu em data posterior
à compra do imóvel, pois apenas em dezembro de 2010 o aludido
causídico efetivou sua participação, em 6,15%, na empresa Evermo-
bile.

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Igualmente, inexistindo crimes antecedentes e,


por via de conseqüência, inexistindo “bens, direitos ou valores prove-
nientes, direta ou indiretamente, de crime”, impossível se revela a
configuração do suposto delito de lavagem de dinheiro, insculpido no
art. 1º da Lei 9.613/98. Com efeito, não demonstrou o Ministério Pú-
blico que houvesse algum valor ilícito recebido, notadamente porque,
conforme acima exposto, todos os recursos do Peticionário ad-
vém da empresa EverSystem, em face de contratos de mútuos e
remuneração do executivo, o que vinha ocorrendo desde 2006,
sem nenhuma alteração substancial em 2009 e 2010.

Por sua vez, mencionou o MPF apenas que teria


havido uma revogação de liminar, mas em nenhum momento de-
monstrou que isso fosse ilegítimo ou que estivesse em contrariedade
com a lei.

Por sinal, a falta de documentação completa


quanto ao assunto referente à cassação da liminar até mesmo difi-
culta uma defesa mais precisa, à míngua de demonstração do con-
texto em que inserida a questão processual mencionada pelo Minis-
tério Público.

Isto não obstante, o que se permite divisar, da


leitura do despacho de revogação de liminar, é que se trataria de um
bloqueio pedido em um processo, quando o caso envolvia a liberação
de recursos em outro processo, com outros beneficiários, o que longe

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está de parecer qualquer tipo de favorecimento, mas meramente cor-


reção de erro anterior na concessão de bloqueio equivocado.

O que o Peticionário tem conhecimento é que,


falando posteriormente com o advogado Luís Felipe Belmonte a res-
peito do fato de ter feito a operação imobiliária em tela (já após o sua
participação de 6,15% na Evermobile, em dezembro de 2010), o
mesmo disse que isso não poderia gerar qualquer tipo de problema,
pois o aludido magistrado sempre julgara contra ele e que a indispo-
sição entre ambos era pública e notória, o que tranquilizou muito o
Peticionário, daí porque o estranhamento da busca e apreensão e
mais ainda dos termos da presente denúncia.

Portanto, é inadmissível que se sustente, em


um Estado Democrático de Direito como se pretende ser o nosso,
que alguém possa ser acusado sem prova alguma da existência do
crime a si imputado, muito menos indícios, como no caso em tela.
Por isso, necessário lembrar que a definição da materialidade equi-
vale ao que diz respeito à matéria em seu aspecto físico e corpóreo.
Materializar é tornar material alguma coisa, torná-la sensível, com um
corpo que possa ser apreciado.

Nessa toada, como no presente caso não


existe e jamais haverá de existir elementos para comprovação da
materialidade delitiva, pois não há o que se falar em corpo de delito
quando inexistem vínculos ao crime, restará infundada a pretensão

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punitiva, porque jamais se pode conceber um crime sem que o


agente tenha exteriorizado uma conduta, tanto comissiva, quanto
omissiva, onde a intenção ou a vontade do agente deve vir sempre
acompanhada de uma conduta exterior concreta e penalmente rele-
vante, só assim se justificando a intervenção penal.

Desta maneira, sem evidência ou mesmo in-


dício algum de ilicitude, tanto pelo fato de que o imóvel foi nego-
ciado por valor compatível com o de avaliação na localidade,
como em razão de o Peticionário ter utilizado seus próprios re-
cursos para a compra aludida, pelo fato de as remessas feitas por
Luís Felipe Belmonte terem sido com finalidades específicas e
em datas distintas da compra do bem, assim como por parecer
também que a decisão de revogação de liminar tenha sido ape-
nas correção de erro anterior de julgamento, deve ser rejeitada
liminarmente a denúncia contra o Peticionário, posto que inexis-
tem indícios de materialidade e autoria de qualquer tipo de de-
lito, o que se observa até mesmo em um exame preliminar.

VII – DA IDONIEDADE DO AVERIGUADO

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Idoneidade moral é o conjunto de qualidades


que recomendam o indivíduo à consideração pública, com atributos
como honra, respeitabilidade, seriedade, dignidade e bons costumes.
Assim, a idoneidade significa a qualidade de boa reputação, do bom
conceito que se tem de uma pessoa.

Uma pessoa idônea é considerada honesta e


honrada no ambiente em que está inserida e esse requisito é avali-
ado a partir do cumprimento de normas e padrões.

Logo, idoneidade moral é a imagem ilibada da


pessoa na sociedade, que a torna merecedora de crédito e respeito,
conforme tem sido o caso do presente Peticionário, que sempre de-
monstrou idoneidade moral em todos os atos que praticou em sua
vida profissional e pessoal, inclusive sendo especialista em técnicas
de segurança para combate a fraudes e, inclusive, lavagem de di-
nheiro.

Nessa toada, NÃO é possível admitir todas as


afirmações, insinuações e maledicências constantes no presente
procedimento a respeito da pessoa de Marco Aurélio Garib, principal-
mente diante das declarações do Ministério Público, ao asseverar
que persiste fundada suspeita sobre o Peticionário, tendo em vista
que sua empresa teria comprado o imóvel do Desembargador Vulmar
por valores suspeitos, com o pretenso intuito de dissimular valores
de precatório ou para benefício ilegal de quem quer que seja.
Por sinal, sabe-se que a reclamação trabalhista
em tela foi objeto de severa investigação por mais de cinco anos,

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inclusive com auditorias feitas por empresa de renome internacional,


nada se tendo detectado em desfavor ou em face da conduta do ad-
vogado Luís Felipe Belmonte. Se não o houve para recebimento de
mais de uma centena de milhões de reais, durante mais de vinte
anos, não parece crível que isso pudesse ocorrer, depois do longo
tempo de tramitação daquele feito e depois de muitos recebimentos
efetivados, unicamente nesse caso descrito, que envolvia expressi-
vos montantes, mas infinitamente menores (comparativamente fa-
lando) que os já anteriormente liberados naquele processo.

Outrossim, JAMAIS, na história de sua vida


pessoal ou profissional, o Sr. Marco Garib negociou para si ou
para outrem, inclusive para suas empresas ou empresas que ad-
ministra e/ou administrou, nenhum precatório de qualquer natu-
reza ou esfera jurídica ou mesmo contribuiu, de forma alguma,
para viabilizar vantagem indevida para ninguém. Também sequer
teve alguma ação ganha contra qualquer Fazenda Pública que lhe
gerasse um precatório. Nesse diapasão, nunca a empresa Greenfi-
eld, situada no Mato Grosso, teria qualquer interesse trabalhista no
Estado de Rondônia, descartando a mínima relação, de qualquer in-
teresse, do Sr. Marco Aurélio Garib e sua empresa Greenfield com o
Desembargador questionado, além do que o contato com o advo-
gado Luís Felipe Belmonte, de quem tinha conhecimento de ser um
causídico renomado, com clientes e causas de porte (sabia-se que
havia sido advogado de Mario Garnero, Jorge Chammas e outros

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grandes empresários), se verificou da forma como esclarecido a li-


nhas volvidas, sem qualquer justificativa para participar o Peticionário
de qualquer tipo de conluio fraudulento, o que é veementemente re-
pudiado.

Como já é de conhecimento comum, o Sr.


Marco Aurélio Garib, como executivo bem sucedido que é, jamais
teve interesse (ou necessidade) de envolver-se em causas ilícitas,
principalmente qualquer delas que envolva o Poder Judiciário, haja
vista tratar-se de pessoa repleta de bons princípios e condutas coe-
rentes à lei e à vida em sociedade, o que pode ser comprovado por
toda a sua trajetória no âmago empresarial, onde jamais houve qual-
quer contestação sobre suas negociações e atitudes perante tercei-
ros, revelando a sua boa-fé em cada ato executado.

O presente Peticionário é engenheiro eletrô-


nico, formado pela Renomada Escola Politécnica da USP, sendo ad-
ministrador de empresa ícone de exportação de software, cuja clien-
tela é composta por Instituições Financeiras e Bancos (principais e
maiores do Brasil e América Latina), inexistindo qualquer origem ilí-
cita da remuneração de suas atividades e das empresas que admi-
nistra. Seu currículo e diversas publicações em revistas e jornais es-
pecializados são atestado de sua capacidade e responsabilidade pro-
fissional (doc. 31), absolutamente não condizente com a versão fic-
tícia apresentada pelo Parquet.

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Portanto, não é possível, Excelência, admitir


que o Peticionário seja sobrepujado e rotulado desta forma pelo Mi-
nistério Público, que no interesse de divulgar presteza e serviço pe-
rante à mídia e às autoridades judiciárias, deflagra a figura de um
homem de bem pelo simples fato de satisfazer o mais profundo cerne
de vaidade, sem a devida responsabilidade no exercício de tão no-
bres funções exercidas, pede-se respeitosas vênias para assim con-
siderar.

VIII – DA CONCLUSÃO

Em nosso ordenamento jurídico, a prova ilícita


é repudiada, tanto a originária com a auferida por derivação. A forma
como obtida a quebra de sigilo e busca e apreensão, com ilações e
falácias, encontrava-se eivada da mais desabrida ilicitude e nulidade,
devendo ser assim reconhecidas e excluídas sob pena de violar o
"due process of law", na contra-mão da via do Estado Democrático
do Direito.

Especificamente, a teoria dos frutos envene-


nados, conhecida também por “fruits of the poison tree theory”, repre-
ende a obtenção de provas ilícitas por derivação. Estas provas con-
taminam as provas subseqüentes, por efeito de repercussão causal,
gerando toda a nulidade do processo penal, eis que jamais se admite
condenar alguém sem observar as garantias constitucionais. Mas
ainda assim, mesmo do conjunto probatório obtido de forma irregular

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pelo MPT, nada se vislumbra de ilicitude ou que sequer tangencie em


qualquer tipo de tipicidade penal.

Deste modo, ressalta-se que a empresa Ever-


mobile, a qual o Dr. Luis Felipe Belmonte dos Santos, através de em-
presa Alvoran Investimento, Participação e Administração Ltda. in-
gressou como investidor minoritário (6,15%) em dezembro de 2010,
não possui qualquer relação jurídica com a empresa Greenfield,
que adquiriu o imóvel ora debatido. Não há liame direto ou sequer
indireto, menos ainda remoto, entre o aludido causídico e a aquisição
do imóvel em tela, cujo valor de venda é absolutamente compatível
com o do mercado hoje em dia (em tempos de crise imobiliária),
quanto mais à época, onde, como reconhecido pela própria Polícia
Federal, havia aquecimento substancial do mercado imobiliário em
Porto Velho/RO.

Essa afirmação é corroborada na teoria do


“iter criminis”, ou seja, o caminho do crime, as fases que ele percorre
até que seja executado.

Se o “iter criminis” possui como etapas cogita-


ção, atos preparatórios e consumação (tentada/consumada), inexiste
como associar ato passado (aquisição do imóvel) a uma associação
futura (ingresso indireto do Dr. Luis Felipe Belmonte dos Santos na
sociedade de empresa não relacionada). Fora isso, o ingresso de
Belmonte à uma sociedade, que em nada se relaciona ao fato nar-
rado, foi como acionista minoritário (6,15%), enquanto que a compra

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do imóvel foi feita por outra empresa (Greenfield) com propósito es-
pecifico de atender os seus planos e projetos na área de sustentabi-
lidade e reflorestamento da região amazônica, projeto esse gestado
no distante ano de 2006 e com início de execução bem antes do re-
lacionamento pessoal do Peticionário com o mencionado advogado.

Isso sem se levar em conta que, nem mini-


mante por indícios, posto que inexistentes indícios por inexistir ati-
vidade delituosa, a Polícia Federal evidenciou qualquer origem ilícita
de qualquer numerário para a aquisição do imóvel, o que seria fun-
damental para a existência de lavagem de dinheiro. Inexistindo di-
nheiro ilícito, não há que se falar em “lavagem”. O Peticionário se
valeu de recursos próprios, de fontes próprias e para objetivo próprio,
como demonstrado e até mesmo evidenciado pelos próprios dados
apresentados pelo próprio Ministério Público.

Nessa toada, injustificadas e incoerentes as


alegações e maledicências do Ministério Público, haja vista que para
a suposta associação criminosa, as partes deveriam se reunir e co-
gitar um ato criminoso futuro, onde o preparariam e, após, consuma-
riam, o que jamais ocorreu, levando-se em conta a discrepância de
tempo dos atos averiguados e a realidade dos fatos.

Além disso, Excelência, a empresa Evermo-


bile (São Paulo) não tem nenhum interesse na Justiça Trabalhista de
Rondônia, muito menos a empresa Greenfield (Mato Grosso), por se

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tratarem de empresas estabelecidas em outros Estados do país e


terem seus planos de negócios focados em setores específicos de
atuação. Também não possuem, nem o Peticionário nem as empre-
sas que representa e administra, qualquer interesse em qualquer pro-
cesso de precatórios, muito menos do precatório da SINTERO, ou
em qualquer outro que possa existir.

O suposto vínculo delituoso entre o Dr. Luis


Felipe Belmonte e o ora Peticionário jamais existiu, havendo apenas
o vínculo profissional de sócio investidor (Dr. Belmonte) e gestor (Sr.
Garib) na empresa Evermobile e um eventual interesse em investir
no FIP Florestal retro mencionado e documentado.

O Sr. Marco Aurélio Garib, sócio da empresa


Greenfield, não obteve nenhuma vantagem, tanto lícita quanto ilícita,
ao adquirir imóvel do Desembargador Vulmar. Muito menos essa
compra teve objetivo de pagar qualquer quantia ilícita a esse desem-
bargador, o que não passa de desabrido absurdo e fantasiosa ilação.

O interesse da Greenfield em um imóvel na ci-


dade de Porto Velho - RO só ocorreu dada a premente necessidade,
naquela época, de uma base em Porto Velho para dar início e anda-
mento aos planos e projetos de exploração de madeira com escoa-
mento e exportação através do porto e por este imóvel ter proximi-
dade da Fazenda São Benedito, gerida pela Greenfield, dentro do
contexto apresentado retro.

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Na realidade, inocentemente, baseou-se a


escolha desse imóvel em pressuposto de segurança, ao adquirir
um bem de uma pessoa que acreditava ter reputação ilibada pela
condição de ser Desembargador Federal. Teme-se que tenha
sido ledo engano, pois isso só corrói a imagem do Judiciário
como um todo, pois teve sua vida devassada pela Polícia Fede-
ral e pelo Ministério Público, por ter adquirido um imóvel de um
Desembargador. Se não se pode confiar na figura presumivel-
mente ilibada de um membro da Magistratura, em quem se po-
deria confiar.

A imagem da Polícia Federal, como pala-


dina da justiça, também fica arranhada, pois se baseia em ila-
ções desprovidas de qualquer prova ou indício, apenas baseada
em informação aleatória de que o imóvel valeria R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), e já agora o MP com o valor de R$
400.000,00, enquanto em outra assentada a própria PF reco-
nhece o valor de mercado de R$ 3.000,00 o metro quadrado na
região, sendo que o valor de aquisição é absolutamente compa-
tível com o valor de venda atual, em plena crise brasileira, mais
ainda em época de expressivo aquecimento do mercado imobi-
liário local.

Que mundo contemporâneo é esse? A Po-


lícia Federal afirma, sem qualquer indício ou prova do que disse

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e o Ministério Público acompanha, desprovido de um mínimo de


prova ou sustentabilidade? E ainda essa Colenda Corte, pela re-
latoria da época, o acolhe para fins de decretar quebras de sigilo
e busca e apreensão? Não pode o Judiciário ser ludibriado pela
pirotecnia processual da Polícia Federal e/ou do Ministério Pú-
blico, despida essa de qualquer sustentação válida. E envol-
vendo o nome e a honra alheia, com práticas que por vezes são
manifestamente ilegais, contrárias às garantias e direitos indivi-
duais, em fragrante violação de direitos constitucionais.

Logo, a apresentação de denúncia em face do


Peticionário constitui da verdadeira coação ilegal, sendo a própria
busca e apreensão, como também as quebras de sigilo, efetivadas
ao arrepio da lei, pela falta de substrato mínimo que as pudesse jus-
tificar, daí porque se pode considera-las como provas ilícitas e nu-
las (conquanto nada provem contra o Peticionário, frise-se), assim
como as equivocadas pretensões fáticas, com as interpretações for-
çadas, imaginárias e desconexas do Ministério Público, gerando um
escalonamento indevido de fatos e culminando com essa malfadada
denúncia, de características absolutamente natimortas.

A vista do exposto, requer seja liminarmente re-


jeitada a presente denúncia, determinando-se o arquivamento
imediato da mesma pelas suas visíveis condições de inadmissi-
bilidade, ou acaso prosseguindo-se o feito, seja determinada a ex-

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clusão imediata do Peticionário, a míngua de qualquer sustenta-


ção de sua conduta em qualquer tipicidade penal, ou mesmo ainda
sua declaração de absoluta inocência.

Termos em que
Pede deferimento.

Brasília/DF, 27 de outubro de 2017

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