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O ensino médico não era permitido em sua plenitude, pois o sistema de governo
adotado por Portugal não permitia a implantação de instituições de ensino superior no
Brasil. Quase a totalidade dos profissionais da saúde vinham de Portugal, sendo que os
médicos portugueses, em sua maioria, se recusavam a vir para a colônia gerando uma
escassez de profissionais, deixando a população à mercê de práticas empíricas e
místicas.
O choque cultural dos indígenas com o povo colonizador fez que houvesse
preconceito com diversas práticas de ambos os lados. Muitas vezes, a arte de curar dos
índios era vista como demoníaca pelos jesuítas e pelos portugueses, gerando aversão a
esse tipo de prática.
As práticas médicas dos índios, exercida pelos Pajés, eram limitadas aos recursos
da terra, como ervas e chás, e os rituais religiosos, que buscavam a cura do corpo e da
alma. O contato com o povo português trouxe para os nativos a disseminação de diversas
doenças que mostraram a ineficiência para curar os novos males; com isso, grande parte
da população indígena acabou morrendo em decorrência dessas infecções.
A maioria dos jesuítas exercia a medicina de maneira informal, porém alguns eram
formados nas artes médicas. Outros, por meio de cartas, começaram a escrever as
primeiras escritas da farmacologia brasileira por meio do estudo das propriedades
curativas de plantas e antídotos para o veneno de alguns animais peçonhentos.
Com o intuito de tratar os enfermos que chegavam das viagens, com doenças
como escorbuto, febres e beribéri, e as classes desprovidas e recursos econômicos, os
jesuítas foram responsáveis pela fundação e reforma de várias instituições da área da
Saúde.
Desse modo, o espaço hospitalar era malvisto pela sociedade, gerando diversos
mitos e receios da população. A ideia de hospital como espaço terapêutico surge apenas
dois séculos depois, com o início da assistência médica no País.
Em 1768, foi fundado no Rio de Janeiro, o primeiro Hospital Militar, pois havia
necessidade de conservação do estado de saúde das tropas, evitando exposição às
diversas infecções que predominavam entre os pacientes internados nas Santas Casas.
O fato que marcou o início do ensino médico no Brasil foi a criação da primeira
Faculdade de Medicina, em 1808, na cidade de Salvador, como consequência da
chegada da Família Real. No mesmo ano, foi criada por decreto a segunda Faculdade de
Medicina no Rio de Janeiro.
Em Julho de 1840, assumiu o trono, aos quatorze anos, D. Pedro II. A grande
atividade econômica da época se torna a exportação do café, fundamentada no formato
de fazendas no sistema de plantation e o uso de mão de obra escrava. Porém com o
processo abolicionista, há uma substituição desse trabalho por uma força emigrante
europeia.
Esse modelo, por sua vez, mostrou-se ineficiente e não vigorou como deveria. O
Governo Central mostrou incapacidade de executar uma ação conjunta com as
províncias, sendo enviados poucos recursos inclusive em épocas de epidemias. Os
recursos se concentravam nas províncias próximos da Corte.
Entre os anos de 1849 e 1851, criou-se a Junta Central de Hygiene Pública que
tinha como função coordenar a polícia sanitária, aplicar a vacinação contra a varíola e
fiscalizar o exercício da medicina.
É fato, porém, que apesar de vários políticos terem insistido junto ao Governo
Federal a transformação da DGSP em um órgão permanente, a convicção de alguns
governantes sobre o caráter excepcional dos serviços de saúde fez que, durante este
período, a Saúde Pública não lograsse obter uma estrutura permanente. Nesse período,
reforçando o Modelo Campanhista, as atividades de Saúde Pública se voltavam quase
exclusivamente para as epidemias que eram combatidas, principalmente pela segregação
dos acometidos.
O Hospital Emílio Ribas foi criado com o nome de Instituto de Infectologia Emilio
Ribas, em 1880. O Hospital, que inicialmente atendia apenas os casos de varíola, foi
ampliado em 1894, para enfrentar as epidemias de doenças infecciosas que estavam
ocorrendo na época (febre amarela, tifo, peste, difteria), passando a se chamar Hospital
de Isolamento de São Paulo. Em junho de 1991 o Hospital foi transformado em Instituto
de Infectologia Emílio Ribas, tendo como principais atribuições, prestar assistência
médico-hospitalar, promover o ensino e a pesquisa, absorver o impacto das epidemias e
colaborar com quaisquer instituições em sua detecção e enfrentamento.
Logo após ser alvo das mais variadas críticas, o Médico Sanitarista deu início ao
combate à peste bubônica. Basicamente, consistia no isolamento de doentes e na
desinfecção de zonas empestadas, com a extinção de ratos e pulgas transmissoras. Por
vezes, demolições e modificações no espaço urbano foram necessárias.
Formado pela Escola Médica do Rio de janeiro, Chagas se destacou com o seu
trabalho de Conclusão de Curso sobre a malária e, em 1919, assumiu a diretoria do
Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), que veio substituir a antiga DGSP. O
novo órgão abrangia algumas proposições do movimento pelo saneamento rural e
expandia as atribuições estatais no campo da saúde.
A partir do ano de 1916, houve uma inquietação cultural e ideológica nos meios
médicos e sanitários do País no que concerne as políticas aplicadas no campo, que até
aquela data sofria e agonizava sem uma cobertura médica que os pudesse atender. Isso
se deu, principalmente, com a publicação do Relatório da expedição Neiva-Pena ao
interior do país, em 1902. Tal relatório possibilitou à elite urbana tomar conhecimento da
situação social e médico-sanitária nos sertões. A principal preocupação do relatório é a
denúncia das condições sociais injustas no campo, bem como a crítica à visão difundida
pelas oligarquias de que a causa da pobreza no Nordeste era o clima.
Para cuidar da saúde das populações urbanas, foram criadas no Rio de Janeiro, as
inspetorias de Higiene Industrial e Alimentar e de Profilaxia da Tuberculose. Além da
expansão dos serviços, o DNSP passou a legislar sobre diversos aspectos que, até então,
não tinham a atenção do Estado.
Esse período foi marcado pela instabilidade política e por sucessivas mudanças no
comando do Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP), entre eles Francisco
Campos, Belisário Penna e Washington Pires, até a posse de Gustavo Capanema em 26
de julho de 1934.
Estavam assim distribuídas: (1) Distrito Federal e Estado do Rio de Janeiro; (2)
Território do Acre e Estados do Amazonas e Pará; (3) Estados do Maranhão, Piauí e
Ceará; (4) Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas; (5) Estados
de Sergipe, Bahia e Espírito Santo; (6) Estados de São Paulo e Mato Grosso; (7) Estados
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (8) Estados de Minas Gerais e Goiás.
O foco das ações principais da Saúde Pública recaiu sobre o combate à malária e à
tuberculose, nesse caso uma novidade em relação ao período pré-Era Vargas, além da
formulação de um plano nacional de combate à lepra. A febre amarela, tradicional alvo da
Saúde Pública, e que retornara à capital federal em 1928, depois de duas décadas de
ausência, continuou a merecer a atenção do Governo Federal e a parceria da Fundação
Rockefeller, em especial nos anos 40, para a fabricação da vacina.
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