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Enrico Dei Flamarion Malatesta foi um advogado italiano que, fazendo parte da escola
clássica da escola penal daquele país, escreveu uma obra imortal. Essa obra é A
LÓGICA DAS PROVAS. O livro foi publicado em 1894, e, salvo questões particulares,
ainda é atual, tendo influenciado a dogmática penal brasileira.
INTRODUÇÃO.
Na introdução do livro, o autor trata de aspectos ligados ao crime. Para ele, o crime tem
duas violações: violação específica e genérica. Quanto à específica, o crime é
instantâneo ou continuado. Quanto à violação genérica, é sempre continuado, pois toda
a ordem foi violada.
Malatesta faz diversas considerações sobre a forma como a prova é apreendida pelo
espírito. A prova é o meio subjetivo pelo qual o espírito humano se apodera da
realidade. O estado do espírito pode estar em ignorância, em dúvida ou em certeza.
DÚVIDA: há motivos afirmativos e negativos. Quando há mais negativos, tem-se o
improvável, quando há mais afirmativos, tem-se o provável, e quando há igualdade de
motivos, tem-se o crível.
A verdade tem duas categorias: a que o espírito adquire pela simples percepção
intelectiva (verdade puramente inteligível), e a que necessita do concurso dos sentidos
(verdade sensível).
A natureza tem ordens: modo constante de ser leva a certeza. Modo ordinário de ser
leva a probabilidades.
A certeza mista pode ser classificada de três formas: a) reflexão entre a afirmação e a
coisa afirmada, estabelecendo a verdade da afirmação, que se aplica a provas materiais
indiretas; b) reflexão na relação entre o afirmante e a afirmação, estabelecendo a
veracidade do afirmante, o que se dá nas provas pessoais diretas; e c) e a dupla reflexão
entre o afirmante e a afirmação, e entre a afirmação e a coisa afirmada, o que se sucede
nas provas pessoais indiretas.
Três espécies de certeza: a) certeza simplesmente lógica, intuitiva ou reflexa, que não se
aplica ao fato do delito; b) certeza simplesmente física, decorre da prova material direta;
c) certeza mista, dividida em certeza físico-lógica, físico-histórica, e físico-lógica-
histórica.
Diferença entre as duas. A primeira depende da indução, para concluir pela certeza do
fato em conexão, enquanto que a segunda a certeza é conhecida diretamente. Por isso a
indução sempre foi vista como inferior à prova testemunhal.
Na certeza existe o concurso dos sentidos e da inteligência. Os sentidos não nos fornece
capacidade de diferenciar o erro, que só ocorre pelo critério da inteligência.
A certeza física é a menos passível de erro. A afirmação direta da certeza de uma coisa
leva ao simples trabalho dos sentidos. Resolve-se na percepção pura dos sentidos. O
erro é mais difícil.
A quinta parte é nomeada como DIVISÃO FORMAL DAS PROVAS. Essa parte é
dividida em seções.
O quinto trata do testemunho do ofendido. Malatesta diz que esse testemunho deve ser
visto com relatividade, já que dois vícios podem ocorrer: a possibilidade de erro e a
vontade deliberada de enganar. O autor afirma, no entanto, que o testemunho do
ofendido pode ser utilizado, avaliando-se os critérios do testemunho clássico (sujeito,
forma e conteúdo).
O sexto do testemunho do arguido, com sua natureza e suas espécies. Esse capítulo
tem subdivisões. Primeiro, trata da avaliação concreta do testemunho do arguido.
Segundo, trata do testemunho do arguido sobre fato próprio, ou seja, sobre a desculpa, a
confissão e a confissão qualificada e divisão. Terceiro, trata do testemunho do acusado
sobre fato de outrem. Malatesta divide o testemunho sobre fato próprio em justificação,
confissão e confissão justificada ou qualificada. O testemunho do arguido sobre fato
alheio divide-se em testemunho sobre fato alheio no qual o arguido confessa em parte, e
testemunho sobre fato alheio no qual o arguido se justifica. Malatesta não concorda com
a designação de ser a confissão a rainha das provas, pois essa tem de ser analisada como
qualquer outro depoimento (usando os critérios de análise do sujeito, da forma e do
conteúdo para ser válido). Também divide o testemunho em vantagem própria, chamado
de desculpa, e o testemunho em desvantagem própria, chamado de confissão, além do
testemunho misto, a confissão qualificada. Trata também da testemunha que confessa
por antonomásia (voluntariamente) e a testemunha convencida a confessar pelas provas.
O nono é sobre o limite probatório derivado das regras civis de prova. Estuda, nesse
capítulo, a diferença entre as provas civis, de natureza formal, e as provas penais, de
natureza substancial e com limitações em sua produção.
Por fim, observando-se a divisão acima, verifica-se que o Código de Processo Penal
Brasileiro foi em muito influenciado por essa obra clássica.