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FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO

O PAPEL DO SUPERVISOR DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE


MAUÁ/SP: ENTRE O ADMINISTRATIVO E O PEDAGÓGICO

SÃO PAULO

2014
FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO

O PAPEL DO SUPERVISOR DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE


MAUÁ/SP: ENTRE O ADMINISTRATIVO E O PEDAGÓGICO

Monografia apresentada á Faculdade


Campos Elíseos, como requisito parcial para a
obtenção do título de Especialista em Gestão
Escolar, sob supervisão da orientadora: Profª
Fatima Ramalho Lefone.

SÃO PAULO

2014
FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

FRANCISCO DE ASSIS CARVALHO

O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR

Monografia apresentada á
Faculdade Campos Elíseos, como
requisito parcial para a obtenção do título
de Especialista em Gestão Escolar, sob
supervisão da orientadora: Prof.Fatima
Ramalho Lefone.

Aprovado pelos membros da banca examinadora em

___/___/___.com menção ____ (________________).

Banca Examinadora

_________________________________

_________________________________

SÃO PAULO

2014
À minha família: minha maravilhosa esposa, Giselle, e
meus lindos filhos, Pedro e Julia pelo apoio na realização deste
estudo.
AGRADECIMENTOS

Às professoras Fátima Ramalho Lefone, Fernanda Duarte e Renata Munhoz,


docentes do curso de especialização em Gestão Escolas da Faculdade Campos
Elíseos pelos agradáveis momentos de aprendizado que me proporcionaram.
Às supervisoras Angelica Anunciatta, Denise Aparecida Antico Puntschart,
Divanise Aparecida Pontes Sotter, Edna Cecília de Oliveira Plaza Dalibera, Fátima
Terezinha Caisser Ishisaki, Geraldina Ferreira Canuto, Leonice Montanheiro Médici,
Maria Alice Moliterno de Moraes, Rita de Cássia Freitas Santos, Rosana pela
disponibilidade e colaboração.
Especialmente à orientadora desta monografia Profª Fátima Ramalho Lefone,
pelas valiosas orientações, dicas e motivação constantes.
A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a
condição humana, com todos os seus poderes funcionando
com harmonia e completa, em relação à natureza e à
sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a
humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e
continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica
tanto a evolução individual quanto a universal.

FRIEDRICH FROEBEL
RESUMO

O presente trabalho, baseado em pesquisa bibliográfica e de campo, visa contribuir


para o entendimento do papel do supervisor de ensino, da trajetória histórica da
função e de suas atribuições, notadamente no município de Mauá/SP. No capítulo 1
aborda-se a definição e denominações utilizadas para a função. Em seguida, no
capítulo 2, são apresentados aspectos históricos da função, desde sua origem como
função para exercício do controle dos processos administrativos e pedagógicos da
escola até os dias atuais quando a ênfase recai sobre os processos pedagógicos e
mecanismos de participação na escola. No capítulo 3, são analisadas as atribuições
desse profissional sob óticas diferentes, presentes no Sistema Estadual de São
Paulo e no Sistema Municipal de Mauá. Conclui-se que o trabalho do supervisor é
importante para a manutenção do sistema de ensino, sendo elo entre este e as suas
escolas de modo a garantir a unidade na diversidade que se lhe apresenta.

Palavras-chave: Educação. Supervisão de Ensino. Gestão Escolar. História da


Educação.
ABSTRACT

This paper, based on literature and field research aims to contribute to the
understanding of the role of education supervisor, the historical trajectory of the
function and its powers, notably in the city of Mauá/SP. Chapter 1 deals with the
definition and names used for the function. Then, in Chapter 2, historical aspects of
function are presented, from its origin as a function for exercising the control of the
administrative and pedagogical processes of the school to the present day when the
emphasis is on teaching processes and mechanisms for participation in school. In
Chapter 3, the duties of a trader from different points, present in the State System of
São Paulo and Maua Municipal System are analyzed. It follows that the work
supervisor is important for the maintenance of the education system, and link
between this and their schools to ensure unity in diversity that is presented to him.

Key-words: Education. Supervision of Education. School Management. History of


Education.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................21

PROBLEMA...........................................................................................................................................................22
OBJETIVOS............................................................................................................................................................22
OBJETIVO GERAL...............................................................................................................................................22
OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................................................................22
JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................................................23
METODOLOGIA...................................................................................................................................................23

CAPÍTULO 1 - O PAPEL DO SUPERVISOR DE ENSINO..............................................................25

CAPÍTULO 2 - ASPECTOS HISTÓRICOS........................................................................................27

CAPÍTULO 3 - AS ATRIBUIÇÕES E O PAPEL POLÍTICO DO SUPERVISOR DE ENSINO...32

CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................34

A EQUIPE DE SUPERVISÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MAUÁ/SP............34


TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA......................................................................................................34
ANÁLISE DOS DADOS COLHIDOS...................................................................................................................36

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................38

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................39

ANEXO I – DECRETO 6433 DE 28 DE MAIO DE 2003 (ANEXO VII)..........................................40

ANEXO II – INSTRUMENTO DE PESQUISA..................................................................................41

19
20
INTRODUÇÃO

Com o avanço econômico, ocorrido desde o final da década de 1990 e nos


anos 2010, o Brasil projetou-se positivamente no cenário internacional. A economia
brasileira tem mostrado solidez, mesmo diante de crises que abalaram os principais
mercados do mundo. Todavia, torna-se cada vez mais necessário investir e repensar
a educação de modo a ajustá-la às exigências sociais, políticas e econômicas. Até
porque, num mundo globalizado, as crises são habituais.

Sem mudanças significativas, que tragam maior qualidade à formação das


futuras gerações de brasileiros, desde a educação básica à educação profissional,
nos níveis médio e superior, será difícil, senão impossível, a manutenção de nossa
posição em meio às potências emergentes, bem como o aumento nas taxas de
crescimento econômico e, principalmente, nos níveis do IDH - Índice de
Desenvolvimento Humano.

As reformas devem ocorrer, indubitavelmente, em todos os sistemas de


ensino ligados às três esferas de governo: União, Estados e Municípios. O papel do
supervisor é, pois, de suma importância para o sucesso de qualquer iniciativa de
reforma no processo educativo. No entanto, considerando-se as exigências
anteriormente apresentadas, bem como as concernentes às competências
necessárias ao educador do novo milênio, é necessário entender como a ação da
supervisão pode contribuir para a melhoria do processo educativo nas escolas do
sistema de ensino. Assim, este trabalho tem o objetivo de investigar a produção
teórica acerca da trajetória e das práticas de supervisão escolar.

21
PROBLEMA

Qual o perfil do supervisor de ensino do Sistema de Ensino do município de


Mauá/SP?

OBJETIVOS

Os objetivos para esse estudo são:

OBJETIVO GERAL

Entender o papel do supervisor de ensino em Mauá

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Conceituar supervisão de Ensino

 Entender o desenvolvimento do papel do supervisor de ensino ao longo da


história

 Compreender as atribuições do supervisor de ensino e sua importância para o


processo pedagógico das escolas

22
JUSTIFICATIVA

No Município de Mauá, Estado de São Paulo, o supervisor de ensino é o


profissional da secretaria de educação responsável pela participação na elaboração,
implantação, acompanhamento e avaliação dos projetos de políticas públicas que se
pretendam implantar no sistema de ensino e, entre outras coisas, é, também, quem
deve zelar pela unidade dos trabalhos desenvolvidos nas escolas que compõem
esse sistema em meio à diversidade que as caracteriza. Portanto, conhecer o seu
perfil, as concepções e aspectos históricos que o compuseram, bem como outras
variáveis que possam influenciar suas ações é importante para o entendimento do
próprio sistema e das diretrizes que realmente o orientam. Esta é, pois, a razão do
presente trabalho.

METODOLOGIA

A abordagem metodológica utilizada para a pesquisa foi o estudo de caso.


O estudo foi realizada com base em pesquisa bibliográfica associada à
pesquisa de campo, caracterizada por questionário aplicado à equipe de supervisão
da Secretaria de Educação do Município de Mauá/SP
Em relação à pesquisa bibliográfica, o estudo buscou autores clássicos e
atuais que tratam da questão da supervisão escolar sob uma ótica progressista.

Contudo, os autores cujo uso foi mais frequente são Lüdke (2012), Sáez
(2208) e Lima (2013). Em Lüdke o estudo buscou elementos para constituir-se como
pesquisa qualitativa. Para definição do papel do supervisor de ensino o trabalho se
apoiará em Sáez (2008), que traz reflexões sobre o papel desse profissional,
especificamente na secretaria de Educação do estado de São Paulo, bem como das
habilidades necessárias para que possa agregar qualidade ao trabalho de educar. O
23
estudo de Lima (2013) trará referências históricas importantes para o entendimento
da trajetória desse profissional no Brasil e no mundo.

Quanto à coleta de dados junto ao grupo de supervisores da Secretaria de


Educação do Município de Mauá, essa foi realizada por intermédio de instrumento
de pesquisa formulado com a intenção de obter informações consistentes
necessárias à composição do perfil atual desse servidor.

24
CAPÍTULO 1 - O PAPEL DO SUPERVISOR DE ENSINO

Etimologicamente a palavra “supervisão”, formado pelos vocábulos super


quem diz isso? (sobre) e visão (ação de ver), pode ser interpretada como o exercício
de um olhar superior, privilegiado, sobre determinado objeto. É, pois, um termo que
encerra em si o significado de um olhar abrangente, de uma visão geral.

Segundo Nérici (1974, p. 29), a Supervisão Escolar é a “visão sobre todo o


processo educativo, para que a escola possa alcançar os objetivos da educação e
os objetivos específicos da própria escola”.

Quanto ao complemento, “de ensino”, “escolar” ou “pedagógico”, esse


designa o objeto da supervisão. Em geral, utilizamos “supervisão escolar” ou
“pedagógica” para evidenciar o foco no trabalho da escola ou, especificamente, na
sala de aula. A supervisão de Ensino, geralmente está associada ao foco no sistema
de ensino como um todo. É claro que, na prática, comumente encontramos desvios
no uso dessas terminologias. Podemos, por exemplo, encontrar a denominação
supervisor pedagógico de um sistema de ensino como forma de expressar que o
sistema está interessado no processo pedagógico da escola.

Do ponto de vista histórico, o trabalho de Supervisão Escolar está ligado a


uma herança que o relaciona a atividades de inspeção e controle, mas, ao longo do
tempo, aproximou-se do acompanhamento da atividade pedagógica docente.

Sob essa denominação temos funções de diferentes níveis considerando-se


sua posição em um dado sistema de ensino.

Pode ser supervisor escolar, o profissional que atua na escola, diretamente


com o docente, empreendendo ações para sua formação, acompanhando seu
trabalho em sala de aula, discutindo os processos pedagógicos e buscando
soluções conjuntas. A esse profissional também chamamos assistente pedagógico
ou coordenador pedagógico.

Em outros contextos, em especial no estado de São Paulo, é o profissional


que atua na secretaria de educação e acompanha um grupo de escolas, buscando

25
orientar-lhes em questões pedagógicas e administrativas de modo a garantir certa
uniformidade na diversidade pedagógica existente. Nesse sentido, a atuação do
supervisor, embora possa ser feita diretamente com o docente, comumente é
desempenhada com os gestores administrativos e pedagógicos das unidades
escolares (diretor, assistente de direção, assistente pedagógico, coordenador
pedagógico, etc.).

Como atuo e conheço sistemas de ensino que têm no supervisor escolar o


profissional de secretaria de educação, responsável pelo acompanhamento de um
grupo de escolas, dissertarei sobre esse profissional.

No município de Mauá, Estado de São Paulo, por exemplo, o Anexo VII do


Decreto Municipal nº 6433 de 28 de maio de 2003, (ANEXO I), descreve as
atribuições do Supervisor de Ensino.

Nesse decreto, encontramos atribuições que demonstram o caráter


pedagógico do cargo como: Implementar a execução do Projeto Pedagógico através
das ações de: Assessoramento do trabalho docente; administração da progressão
da aprendizagem; análise do processo de trabalho em salas de aula;
acompanhamento da produção e da trajetória dos alunos; avaliar o desenvolvimento
do projeto pedagógico, entre outros que vão desde o planejamento até a avaliação.
Apesar da prevalência de aspectos pedagógicos, nota-se ainda a presença de
rotinas de acompanhamento administrativo, porém, com menor destaque.

Todavia, apesar da existência desse dispositivo legal que estabelece as


atribuições do supervisor escolar no município de Mauá, ênfase sobre aspectos
pedagógicos ou administrativos também é determinada pela concepção pedagógica
do partido político que assuma a gestão política da cidade.

Assim, em contextos políticos caracterizados por projetos políticos onde


predominam concepções essencialmente tradicionais, as rotinas de
acompanhamento administrativo da escola foram evidenciadas, enquanto as
pedagógicas ganharam menor destaque.

26
Capítulo 2 - ASPECTOS HISTÓRICOS

Como vimos, há muitas denominações para a função de supervisor escolar.


Segundo Sáez (2008, p.18), essas denominações variam de acordo com as
concepções teóricas que norteiam os trabalhos da secretaria de educação onde
atuam esses profissionais. No sistema Estadual de São Paulo o cargo é denominado
Supervisor de Ensino, mas, podemos encontrar variações como supervisor escolar
ou supervisor educacional.

No Sistema municipal de Mauá, a exemplo do Sistema Estadual, utiliza-se


também a denominação “Supervisor de Ensino.

Além das diferentes denominações podemos encontrar também diferentes


atribuições relacionadas em maior ou menor grau a questões pedagógicas ou
administrativas.

Historicamente, o conceito de supervisão surge em meio à revolução


industrial quando se buscavam mecanismos que permitissem a ampliação e maior
qualidade da produção. Posteriormente esse conceito passa a ser utilizado em
outras áreas e também na educação.

A ideia de supervisão surgiu com a industrialização, tendo em vista


a melhoria quantitativa e qualitativa da produção, antes de ser assumida
pelo sistema educacional, em busca de um melhor desempenho da escola
em sua tarefa educativa (LIMA, 2013, p.69)

Sendo fiel à sua origem, a supervisão estava inteiramente voltada a funções de


controle do processo educacional. Em 1841, na cidade de Cincinnati, no Estado
americano de Ohio, surgiu pela primeira vez o conceito de supervisão ligado ao
processo de ensino (LIMA, 2013, p.69).
Apesar disso, somente no início do século XX houve uma reformulação do
conceito de supervisão que passou a considerar não somente atribuições ligadas ao
controle e fiscalização, mas, rotinas de acompanhamento e intervenção cujo objeto
era o processo de ensino em si, notando-se a preocupação com concepções
democráticas e com currículo.

27
Entre 1925 e 1960, observa-se a influencia das ciências
comportamentais na supervisão e Lima (op.cit.) reforça que é possível notar
uma grande tendência em introduzir princípios democráticos, aplicando-os
ao papel do supervisor como líder democrático e a supervisão vai
assumindo um caráter de liderança dos processos de grupo na tomada de
decisão. Foi a partir de 1960 que a supervisão voltou-se para o currículo.
(SÁEZ, 2008, p. 22)

No Brasil, o surgimento da supervisão se dá com a Reforma Francisco Campos


que foi regulamentada pelo Decreto-Lei 19.890 de 18/04/1931, já sob a influência
das novas ideias que buscavam maior proximidade com as rotinas pedagógicas,
contudo, ainda caracterizada por um olhar de inspeção (LIMA, 2013, p.70).
Na época recebia a denominação de inspeção escolar e era destinada
exclusivamente ao ensino primário, tendo como objetivos a fiscalização e o controle
das ações dos docentes, como a observação da legislação vigente, situação
estrutural dos prédios escolares (SANTOS, 2012, p.28)
O Decreto-Lei de nº 4.244 de 09/04/1942, em seu artigo 75, parágrafo 1º,
mencionava que “a inspeção far-se-á, não somente sob o ponto de vista
administrativo, mas ainda com o caráter de orientação pedagógica”.
Na década de 1950, a inspeção escolar passa a ser chamada de supervisão
escolar. Um primeiro grupo de supervisores escolares que atuariam no ensino
elementar foi formado pelo Programa Americano-Brasileiro de Assistência ao Ensino
Elementar (Pabaee), que buscava a modernização do ensino e o preparo do
professor leigo. Conforme Lima (2013, p71), esse mesmo programa funcionou de
1957 a 1963.
Em 20 de dezembro de 1961, entrou em vigor a Lei nº 4.024 que trazia a
primeira LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em seu artigo 52 a
lei estabelecia que o ensino normal objetivava a formação de professores-
orientadores, supervisores e administradores escolares que atuariam no ensino
primário. Estabelecia ainda que os governos estaduais e municipais deveriam
assumir os encargos de organização e execução dos serviços educativos,
delegando, portanto, aos Estados a responsabilidade pela organização da inspeção.
Depois do golpe militar de 1964, a educação ganhou o status de assunto de
interesse econômico e de segurança nacional. Assim, à supervisão escolar, nos

28
sistemas de ensino, coube a função de controlar a qualidade do ensino e propiciar
sua melhoria. Para o exercício da supervisão exigia-se formação em nível superior
(LIMA, 2013, p.73).
Na década de 1970, a supervisão ganhou força com o estabelecimento da
nova Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de Primeiro e Segundo Graus Lei nº
5692/71. Nesse contexto passou a englobar atividades de assistência técnico-
pedagógica e de inspeção administrativa. Moldou-se, pois, apara atingir não
somente a escola como o sistema como um todo.
Nesse período, no Estado de São Paulo, a CENP – Coordenadoria de
Estudos e Normas Pedagógicas utilizava a denominação supervisão pedagógica em
seus primeiros documentos. Todavia, essa denominação foi modificada para
supervisão de ensino, o que reforçava o caráter mais abrangente do cargo (SÁEZ.
2008, p.20). Nos sistemas de ensino, uma das atribuições mais características
desse cargo era o controle sobre o trabalho da escola e, porque não dizer, do
trabalho docente.
O processo de formação do supervisor de ensino era, pois, voltado para o
desenvolvimento de uma concepção de supervisão escolar funcionalista. Essa
concepção, concebia a escola como um ente passivo do sistema e, assim, as
mudanças eram vistas como desequilíbrio nesse mesmo sistema.Segundo Medeiros
(1985, p.24), a concepção funcionalista da supervisão negava o caráter dinâmico e
evolutivo da escola e da sociedade e enfatizava os papeis (funções) que cada
elemento da instituição tinha que desempenhar, além, de valorizar o como fazer
(meios), o controle das ações pedagógicas como forma de garantir a qualidade de
ensino e a reprodução da ideologia dominante por meio de livros, métodos e
técnicas de ensino.
Nos anos 1980, o modelo funcionalista presente na supervisão sofreu muitas
críticas, o que quase causou sua eliminação nas escolas. Contudo, a supervisão era
necessária à manutenção da organização e do encaminhamento pedagógico.
Nos anos 1990, a concepção predominante era de que a supervisão era
importante e que, no contexto adequado, contribui no sentido de coordenar as
atividades, promover discussões e estudos e de garantir unidade na diversidade de
29
processos desenvolvidos em um sistema de ensino. No final dos anos 1990 e anos
2000 com a implantação dos Parâmetro Curriculares Nacionais (Brasil, MEC, 1997)
o papel da supervisão torna-se essencial para acompanhamento dos processos
pedagógicos em sala de aula. Em parceria com o docente e com uma abordagem
baseada na participação, na cooperação, na integração e na flexibilidade a
supervisão torna-se imprescindível ao trabalho pedagógico das escolas.
Em Mauá, no ano de 2002, a Lei 3467/2002, estabelecia o Estatuto do
Magistério. Essa Lei trazia, no artigo 2º das disposições transitórias a
redenominação de diversos cargos técnicos da educação para o novo cargo de
“Supervisor Técnico”:
Art. 2º Os cargos de Assistente Escolar,
Coordenador Pedagógico, Orientador Educacional e Monitor,
de provimento efetivo, da Secretaria de Educação, constante
da Lei n.º 2.475, de 12.05.93, ficam transformados em
Supervisor Técnico, e integrarão o Quadro Especial do
Magistério – (QEM), em extinção na vacância, constante do
Anexo IV desta lei. (Lei 3467/2002, Disposições Transitórias)

No ano seguinte, em outubro de 2003, a Lei 3622 cria o Sistema Municipal de


Ensino.

Em 2007, o novo Estatuto do Magistério altera a denominação do cargo de


“Supervisor Técnico” para Supervisor de Ensino”:

Art. 1º Os cargos de Supervisor Técnico, de


provimento efetivo da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de
Mauá, constantes das Leis 3467/02 e 3594/2003, ficam
redenominados para Supervisor de Ensino e integrarão o Quadro do
Magistério da referida Secretaria.(Lei 4135/2007, Disposições
Transitórias)

30
No Sistema de Ensino do Município de Mauá, o supervisor de Ensino é, pois, o
responsável por um dado grupo de escolas, de modo a garantir a unidade
pedagógica do sistema, a implementação de políticas públicas, o acompanhamento
dos processos administrativos e pedagógicos, o respeito à legislação vigente e ao
estabelecido no Projeto Político Pedagógico da escola.

31
Capítulo 3 - AS ATRIBUIÇÕES E O PAPEL POLÍTICO DO
SUPERVISOR DE ENSINO

Conforme observamos no histórico do trabalho de supervisão, durante muito


tempo, coube a esse profissional um rol de atividades caracterizadas pelo controle,
em especial, de aspectos políticos inerentes ao trabalho da escola.
Em épocas não tão distantes, a visita desses profissionais a uma unidade
escolar tinha o objetivo de, entre outras coisas, verificar aspectos como limpeza,
problemas de infraestrutura, ordem dos registros administrativos, cadastrais e da
vida escola dos discentes.
Sáez (2008, p.46) descrevendo o sistema de ensino de Estado de São Paulo,
diz:
A Secretaria da Educação apresenta-se como uma organização
burocratizada, a partir do momento em que ela se organiza racionalmente,
com um sistema de cargos e posições hierarquizadas, aos quais
correspondem obrigações e privilégios definidos por normas específicas.
(SÁEZ, 2008, p.46)

Tratando especificamente do cargo de Supervisor de Ensino, a autora relata que


as ações do supervisor concentram-se na verificação de documentos tanto de cunho
administrativo, quanto pedagógico.
A verificação de documentos de caráter administrativo vai desde os
referentes à vida funcional dos funcionários como: ficha 10020; livro ponto
docente e administrativo; prontuários dos professores; escala de férias do
pessoal administrativo; recondução de professor coordenador21; até os
referentes a colegiados e formas de participação da comunidade nas
escolas: atas; balanços e balancetes da APM; prestação de contas FDE;
atas de Conselho de Escola; eleição e correta Composição dos Conselhos
de Escola e APM; inventário – chapas patrimoniais/material inservível.
(SÁEZ, 2008, p.47)

Enquanto o Governo Estadual de São Paulo é marcado por décadas de


administração do PSDB – Partido Social Democrata do Brasil, Mauá, assim como
muitos dos municípios do ABCDMR, passou por sucessivas administrações de
partidos de esquerda, sendo o principal deles o PT – Partido dos trabalhadores.
Mantendo as reflexões apenas no campo da educação, isso trouxe ao município
muitos ganhos, em especial, no sentido da implementação de políticas públicas
progressistas que têm como foco o ser humano e o processo pedagógico.
32
A supervisão de Ensino, já na gênese do grupo, teve um rol de atribuições
voltadas para o acompanhamento das unidades de ensino com foco no trabalho
pedagógico e em atividades administrativas que dão suporte àquele (Anexo I).
É claro que, por vezes, houve desequilíbrio nesse foco, marcado pela omissão
em relação a aspectos importantes da infraestrutura que traziam reflexos negativos
ao processo de ensino e aprendizagem.
Um dos supervisores do município de Mauá, em seu depoimento descreve esses
momentos como prejudiciais ao trabalho pedagógico, pois, eram caracterizados pela
agenda repleta de reuniões, sem encaminhamentos e com divagações extensas e
improdutivas aos propósitos das próprias reuniões.
Tal comentário nos remete a o pensamento de Paulo Freire:

O que se deve opor à prática não é a teoria, de que é inseparável, mas o


blá-blá-blá, ou falso pensar.
Assim como não é possível identificar teoria com verbalismo, tampouco o
é identificar prática com ativismo. Ao verbalismo falta a ação; ao ativismo a
reflexão crítica sobre a ação.(FREIRE, 1981, p.14)

Houve, por outro lado, uma gestão política da cidade em que os representantes
do partido eleito - na verdade uma coligação entre o Partido Verde e PSDB -
oriundos do Sistema Estadual de Ensino e nomeados em comissão para a
Secretaria de Educação, buscaram reproduzir na secretaria municipal as mesmas
rotinas presentes na Secretaria de Estado, talvez seu único paradigma de
organização.

33
CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS DADOS

A EQUIPE DE SUPERVISÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO


DE MAUÁ/SP
Como já mencionado neste trabalho, a equipe de supervisão foi composta em
2002, com a criação do Sistema Municipal de Ensino e a consequente necessidade
de um grupo que garantisse a coordenação dos trabalhos administrativos e
pedagógicos nas escolas desse sistema.
É preciso esclarecer que, antes da criação do Sistema de Ensino, já havia um
grupo responsável pela supervisão dos trabalhos da educação infantil e um outro
que supervisionava os trabalhos da Educação de Jovens e Adultos. O grupo
formado em 2002, agrupou profissionais desses grupos e também profissionais que
atuavam em assistência de direção, orientação educacional e coordenação
pedagógica. No Estatuto do Magistério de 2002, todos foram designados “supervisor
técnico, contudo, o estatuto foi alterado em 2003 e o cargo de “supervisor técnico”
redenominado para “supervisor de ensino”.
A equipe conta atualmente com 22 profissionais entre efetivos e
comissionados.

TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA

Para coleta de dados junto ao grupo de supervisão da Secretaria de Educação


do Município de Mauá, utilizou-se o instrumento de pesquisa apresentado no
ANEXO II.
Doze dos 22 profissionais que compõem a equipe responderam aos
questionários.
Na sequência são apresentados os resultados tabulados das perguntas.
1- Qual a sua formação?
Graduação:
 08 pessoas são formadas em Pedagogia,
 02 são formadas em pedagogia e Letras e

34
 02 em Pedagogia e Artes.

O tempo médio de formação é de 25 anos.


Pós-graduação:
 03 pessoas são especialistas em Psicopedagogia;
 02 pessoas são especialistas em Educação infantil;
 03 são especialistas em Gestão Escolar;
 01 pessoa é especialista em Mídias na educação;
 03 pessoas não têm pós-graduação

2- Há quanto tempo você atua


na educação? 32 anos em média.
na supervisão? 16 anos em média.

3- No seu trabalho, você considera mais importantes as rotinas administrativas ou as


pedagógicas?
06 pessoas responderam administrativas e pedagógicas, por considerarem que
ambas as dimensões estão entrelaçadas;
06 pessoas responderam somente pedagógicas, por considerarem que, apesar do
administrativo ser importante para a manutenção do pedagógico, essa é a dimensão
mais importante e a existência da dimensão administrativa é, pois, subordinada à
existência do pedagógico.

4- Que aspectos do seu trabalho mais lhe agradam?


As respostas que mais apareceram foram: dialogicidade; o fazer pedagógico;
flexibilidade; formação; visitas às escolas; reuniões.

5- Cite três aspectos que, segundo sua visão, constituem entraves ao trabalho de
supervisão:

35
Os aspectos que mais apareceram nas respostas foram: falta de infraestrutura da
escola (por desviar o foco do pedagógico); excesso de reuniões; falta de
planejamento da SE; falta de veículo para visitas às escolas; ir à escola sem foco.

6- Cite três condições, recursos ou conhecimentos que seriam úteis ao


desenvolvimento do seu trabalho:
As condições que mais apareceram nas respostas foram: melhores e maiores
oportunidades de formação, garantia da continuidade dos projetos
independentemente da gestão política; Acompanhar as escolas com maior
frequência

7- Gradue de 1 a 5, sendo 1 quase nada e 5 muito, o quanto a política institucional


da secretaria de educação interfere no seu trabalho, seja positiva ou negativamente
e por quê:
positivamente: Média 04
negativamente: Média 04

Explique: A política institucional que também é partidária contribui positivamente em


muitos aspectos, desde que bem representada em cargos chaves da administração.
Entre esses aspectos foram mencionados: As condições de trabalho, transporte
para visitas às escolas e desafios que exigem resiliência e mudança por parte do
supervisor e dos escolares. Porém, os aspectos negativos são numerosos, entre
eles a descontinuidade de projetos que dão bons resultados, por terem sido criados
em outras gestões políticas; o tratamento segregado que algumas gestões dão
àqueles que são politicamente engajados; A imposição de projetos prontos sem a
devida discussão e participação da comunidade escolar.

ANÁLISE DOS DADOS COLHIDOS

Os dados aqui apresentados nos oferecem uma visão do perfil do supervisor


de ensino que atua no Sistema de Ensino do Município de Mauá:
36
São pessoas que têm uma longa trajetória no Magistério, em especial no
município de Mauá. A maioria possui especialização, contudo nenhum dos
profissionais possui o título de mestre ou doutor.

Os profissionais consideram o trabalho pedagógico acima de todas as outras


atividades da escola e, mesmo quando destacam a relevância das rotinas
administrativas, mesmo assim subordinam essas àquela.
Outro aspecto importante é o fato de a maioria dos supervisores apontarem a
influência da gestão política diante da gestão pedagógica. Fala-se aí, é claro não de
políticas públicas, mas, de política partidária. A essa política se atribui tanto um
papel positivo como, por exemplo, o de estimular mudanças, como negativo do
trabalho.
Apesar de algumas divergências, em geral o grupo acredita em concepções
progressistas de educação, no trabalho participativo e na construção coletiva. Isso,
certamente, faz com que surjam dificuldades quando do trabalho em contextos que
valorizem concepções tradicionais. Contudo, esses dados reforçam a tendência
apresentada nos aspectos históricos desse trabalho de a supervisão cada vez mais
enfatizar o trabalho pedagógico.

37
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O papel do Supervisor de Ensino é visivelmente imprescindível à manutenção


de um Sistema de Ensino. Resta-nos saber, porém, que concepções subsidiam as
ações desse sistema.
Esse estudo aponta, independentemente das concepções pedagógicas e/ou
ideológicas, a necessidade de que o Sistema, garanta à escola liberdade para o
desenvolvimento de seu Projeto Político Pedagógico e, ao mesmo tempo, suporte às
atividades que caracterizam o seu fazer pedagógico. Nesse contexto, a função do
supervisor de ensino é a de orientar, acompanhar, questionar e participar da
avaliação do desenvolvimento do projeto da escola, auxiliar na busca de condições
propícias a esse processo e, concomitantemente, observando a legislação e
diretrizes da secretaria de educação.
Quanto às dimensões administrativas e pedagógicas do trabalho, dada a
natureza do trabalho escolar, o foco deve, indubitavelmente, ser o pedagógico.
Contudo, aspectos administrativos que constituem apoio ao trabalho docente não
podem ser negligenciados sob risco de, caso o sejam, causarem o desmoronamento
do Projeto Pedagógico da escola.
O supervisor, como anuncia a denominação do cargo, são “os olhos” do sistema
sob a escola, mas, também deve ser “os ouvidos” desse mesmo sistema, no sentido
de que a escola possa também participar ativamente do sistema de ensino através
de um canal bilateral de informações. O supervisor é esse canal.

38
REFERÊNCIAS

BRASIL, MEC.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares


Nacionais. Brasília.1997.

FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. (Coleção O mundo Hoje, Vol.
10).5ª ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra. 1981

LIMA, Elma Correia de. Um Olhar Histórico sobre a Supervisão. In: Supervisão
Pedagogica: Princípios e Práticas.Mary Rangel (org.)... [et al.], 12ª ed., Campinas,
SP: Papirus, 2013.

LÜDKE, M.. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo. EPU,


2012

MEDEIROS, L. Supervisão Educacional: Possibilidades e limites. São Paulo,


Cortez, 1985.

NERICI, Imídeo G. Introdução à Supervisão Escolar. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1974

SÁEZ, Andrea Bueno. O perfil profissional do supervisor de ensino / Andrea.


Bueno Sáez. 2008

SANTOS, Marcos Pereira dos. Historiando a supervisão educacional no Brasil:


da gerência empresarial burocrática à gestão escolar democrática. Educação
em Revista (UNESP. Marília), v. 13, p. 25-36, 2012

39
ANEXO I – DECRETO 6433 DE 28 DE MAIO DE 2003 (ANEXO VII)

40
ANEXO II – INSTRUMENTO DE PESQUISA

FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS


ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR

Senhor(a) Supervisor(a) de Ensino,


Solicito sua colaboração no sentido de responder com sinceridade ao presente
questionário cujo objetivo é fornecer subsídios para a compreensão do papel do
Supervisor de Ensino no município de Mauá. Você não precisa se identificar e suas
respostas serão tratadas com sigilo.

Obrigado.

1- Qual a sua formação?


Graduação Ano de conclusão:
Pós-graduação Ano de conclusão:

2- Há quanto tempo você atua


na educação? ____ anos
na supervisão? ____anos
3- No seu trabalho, você considera mais importantes as rotinas administrativas ou as
pedagógicas?
( ) administrativas ( ) pedagógicas
Por quê?___________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

4- Que aspectos do seu trabalho mais lhe agradam?


__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
41
5- Cite três aspectos que, segundo sua visão, constituem entraves ao trabalho de
supervisão:
1 -_________________________________________________________
2- _________________________________________________________
3- _________________________________________________________

6- Cite três condições, recursos ou conhecimentos que seriam úteis ao


desenvolvimento do seu trabalho:
1 -_________________________________________________________
2- _________________________________________________________
3- _________________________________________________________

7- Gradue de 1 a 5, sendo 1 quase nada e 5 muito, o quanto a política institucional


da secretaria de educação interfere no seu trabalho, seja positiva ou negativamente
e por quê:
positivamente: 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )
negativamente: 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( )

Explique: _________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________

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