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Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida – ISSN: 2178-7514. V.5, n.

3, 2013

Análise ergonômica em empresa de triagem de metais para reciclagem: um


estudo de caso.

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Karine Rodrigues Becker
1
Marília Pires Araújo de Oliveira
2
Guanis de Barros Vilela Junior
3
Heleise Faria dos Reis de Oliveira
4
Gustavo Celestino Martins
5
Fabio da Silva Ferreira Vieira

1. Discente do Curso de Bacharelado em Educação Física na UNIMEP –


(Universidade Metodista de Piracicaba).
2. Docente do Curso de Bacharelado e Licenciatura em Educação Física e
Pós-Graduação Stricto Sensu na UNIMEP - Universidade Metodista de
Piracicaba.
3. Bolsista da CAPES (Doutorado em Ciências do Movimento na UNIMEP -
Universidade Metodista de Piracicaba), Docente da UEPG - Universidade
Estadual de Ponta Grossa.
4. Docente na FEUC – Faculdade Euclides da Cunha, São José do Rio
Pardo.
5. Bolsista da CAPES (Doutorado em Ciências do Movimento na UNIMEP -
Universidade Metodista de Piracicaba), Docente da UENP – Universidade
Estadual do Norte do Paraná.

Resumo
A Ergonomia enquanto área de investigação científica tem como objeto de estudo a
adaptação do trabalho ao homem, tendo assumido grande relevância uma vez que
vivemos sob o signo da produtividade acima de tudo. Neste sentido, muitas vezes,
os trabalhadores são colocados em situações potencialmente lesivas, ao
executarem tarefas em posições corporais inadequadas. OBJETIVO - O objetivo
desta pesquisa foi analisar as posturas laborais, adotadas pelos funcionários de
uma empresa de triagem de metais para reciclagem, por meio do protocolo OWAS
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(Ovako Working Posture Analyzing System), nas situações de execução de


movimentos rotineiros de um dia comum de trabalho; identificando os riscos
posturais durante o turno de trabalho, além de comparar as categorias de risco
ergonômico propostas pelo OWAS entre o início e o final do mesmo. Para a
questão problema, pensou-se: Quais as necessidades de intervenção ergonômica
para trabalhadores brasileiros ligados à triagem de metais para reciclagem?
MÉTODO - Pesquisa descritiva, transversal de análise quantitativa, para a qual
foram intencionalmente recrutados 30 participantes do sexo masculino, com idades
centesimais entre 19 a 41 anos de dois setores da empresa (corte e separação da
sucata), os quais foram filmados no início e final de um dia típico de trabalho. O
protocolo OWAS classifica as tarefas executadas no ambiente laboral em uma
escala progressiva de necessidade de intervenção que varia de 1 a 4, sendo a
maior delas a potencialmente mais lesiva a saúde dos trabalhadores. Na análise
estatística utilizou-se o programa SPSS 17.0, sendo feito o teste não paramétrico
binomial para comparar as condições ergonômicas no início e final do turno.
RESULTADOS - Os resultados não apresentaram diferenças significativas, para
p≤0,05, o que permite inferir que para esse grupo não são necessárias
intervenções imediatas. CONCLUSÃO – Tal resultado não exime a empresa de
desenvolver estratégias de intervenção para melhorar as condições de trabalho de
seus colaboradores uma vez que o caráter transversal desta pesquisa não
considerou o efeito do tempo de trabalho na saúde dos sujeitos.
Palavras-Chave: Ergonomia. Postura. Qualidade de Vida.

Abstract

Ergonomics as a field of scientific research has as its object of study the adaptation
of work to man and assumed great importance since we live under the sign of
productivity above all. In this context, often, workers are placed in situations that are
potentially harmful, to perform tasks in inappropriate body positions. OBJECTIVE -
The objective of this research was to analyze the working postures, adopted by a
sorting metals for recycling company's employees through the protocol OWAS
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(OVAKO Working Posture Analyzing System), in executing movements of routine


situations of an ordinary day work, identifying posture risks during the work shift and
to compare the risk categories proposed by the ergonomic OWAS between the
beginning and end of it. To the question problem, it was thought: What are the
needs of ergonomic intervention for brazilian workers related to sorting metals for
recycling? METHOD - a descriptive, cross-sectional quantitative analysis, for which
they were intentionally recruited 30 male participants, aged between 19 to 41 years
of two sectors in the company (cutting and separating of scrap), which were filmed
at the beginning and end of a typical workday. The protocol OWAS classifies the
tasks performed in the workplace on a progressive scale of intervention of ranging
1-4, the largest being the most potentially damaging the health of workers. In the
statistical analysis we used SPSS 17.0, being made the nonparametric binomial test
to compare ergonomic conditions at the beginning and end of shift. RESULTS -
Results showed no significant differences for p≤0.05, which allows us to infer that
for this group are not required an immediate intervention. CONCLUSION - This
result does not absolve the company to develop intervention strategies to improve
the working conditions of its employees since the crosscutting of this research did
not consider the effect of long term working time on health subjects.
Keywords: Ergonomics. Posture. Quality of Life.

1. Introdução

A Qualidade de Vida (QV) é o equilíbrio entre as emoções, a sociedade, o


bem-estar, o sucesso pessoal e financeiro, a relação sexual e espiritual, dentre
outros, tornando complexo avaliar se uma pessoa tem, ou não, qualidade de vida
(1).
Para tanto, QV pode ser definida como; “o viver que é bom e compensador
em pelo menos quatro áreas: social, afetiva, profissional e a que se refere à saúde”
(2).

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Sendo assim, a QV não pode ser medida somente no meio familiar, mas
também, no ambiente laboral, já que o ser humano dedica a este, metade do tempo
de sua vida.
Desta forma, o termo QV, tornou-se popular dando origem ao termo
Qualidade de Vida no Trabalho – QVT - (Health Related Quality of Life).
A QVT pode ser definida como o envolvimento de pessoas, trabalho e
organizações, na qual se destacam dois aspectos importantes, como; a
preocupação com o bem-estar do colaborador e a eficácia organizacional, a
participação do colaborador nas decisões e problemas relativos ao trabalho. Por
este motivo, a satisfação com o trabalho, não pode estar isolada da vida do indivíduo
(3).
A ergonomia busca a compreensão das interações entre o ser humano e os
elementos do sistema de trabalho (4). É uma ciência, considerada por seus
pesquisadores, interdisciplinar, pois para compreendê-la é preciso ter noções
básicas de fisiologia, biomecânica ocupacional, anatomia e psicologia, sendo um
importante componente responsável pela conservação da saúde do trabalhador (5).
Nos últimos anos vem se acumulando inúmeros conhecimentos sobre o ser
humano, suas habilidades e limitações, porém pouco desse conhecimento científico
tem sido aproveitado na linha de trabalho e produtos (6).
Muitos dos trabalhadores, preocupados em manter seus salários e
empregos, se sujeitam a ultrapassar limites, não respeitando a fisiologia de seu
corpo (instrumento de trabalho), a fim de atingir metas impostas pela gerência, o que
os leva a constantes complicações locomotoras, como desconfortos e dores
posturais. Podendo, desta forma, provocar doenças; como as Lesões por Esforços
Repetitivos (LER), aumentando o risco de acidentes de trabalho e
consequentemente o afastamento deste, temporário e ou, definitivo (7).
Entretanto, para resultar em benefícios e melhorias de condições de trabalho
e vida, é importante o uso de conhecimentos que contribuam significativamente ao
cotidiano dos trabalhadores, reduzindo os fatores que influenciam no desempenho
do sistema produtivo, tais como físico ou mental (6).

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Neste processo de busca pela harmonia, entre o ser humano e suas funções
trabalhistas, é que se encontra a colaboração dos profissionais de Educação Física,
que ao avaliarem uma postura inadequada; à execução de uma tarefa, são capazes
de identificar as possíveis mudanças fisiológicas, significantes que poderão se
agravar com o tempo. E é adquirindo mudanças comportamentais, por meio da
aplicação de princípios ergonômicos que se consegue reduzir a incidência de lesões
e doenças relacionadas ao trabalho (8).
É essencial que os profissionais da área da saúde, como profissionais de
educação física, fisioterapeutas entre outros, não tenham visão simplista do trabalho
atual como “homem máquina” e sim busquem por conhecimentos e estratégias para
auxiliar e compatibilizar seu ambiente de trabalho às suas necessidades e limitações
(9).
Desta forma, objetivou-se realizar uma análise ergonômica, utilizando o
protocolo OWAS (OVAKO Working Posture Analysing System), através do Software
ERGOLÂNDIA, em uma empresa de triagem de materiais metálicos para
reciclagem, nas situações de execução de movimentos rotineiros de um dia comum
de trabalho, bem como, identificar se houve alguma alteração da postura entre o
início e término do expediente.
Sendo assim, levantou-se a seguinte questão problema: Quais as
necessidades de intervenção ergonômica para trabalhadores brasileiros ligados à
triagem de metais para reciclagem?
Para tanto, apresentou-se a seguinte hipótese: A identificação de posturas
capazes de ocasionar riscos de lesões viabilizando o trabalho ergonômico e de
qualidade de vida, no ambiente laboral.

2. Desenvolvimento

O termo ergonomia já tinha sido anteriormente usado pelo polonês Wojciech


Jastrzebowski, que publicou o artigo “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho,
baseada nas leis objetivas da ciência da natureza” em 1857 (10).

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Entretanto, a ergonomia só veio adquirir status de uma disciplina mais


formalizada a partir do início da década de 1950, com a fundação da Ergonomics
Research Society, na Inglaterra. Nesse ínterim, pesquisadores pioneiros,
conectados a essa sociedade, começaram a difundir seus conhecimentos, visando a
sua aplicação industrial e não apenas militar, como tinha ocorrido na década
anterior.
Se o surgimento da ergonomia tem, de fato, uma data definida
precisamente, a mesma foi precedida de um longo período de gestação, que
remonta a pré-história. Este ramo da ciência se deu com a percepção clara, ou
imediata, do homem pré-histórico quando utilizou lascas de pedra para fazer
instrumentos empregados no dia-a-dia, ferramentas e armas, que melhor se
adaptassem às suas necessidades. A necessidade de adaptar os objetos artificiais e
o ambiente natural ao homem sempre existiu de forma gradual. As primeiras armas,
as ferramentas e a produção artesanal já eram ajustadas às pessoas. Constata-se,
então, a tentativa de acomodação do trabalho ao homem através da seleção de
pessoas, projetos, e mais tarde, de treinamentos (11).
Com a Revolução Industrial, partir do século XVIII, houve uma maior
preocupação com essa relação: trabalho x homem. As fábricas pioneiras tinham
condições precárias, eram sujas, barulhentas, perigosas e escuras, os salários
recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegavam a trabalhar até 18
horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos
trabalhistas como, por exemplo; férias, décimo terceiro salário, auxílio doença,
descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando
desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de
precariedade. Tratava-se de um regime de semiescravidão, determinados pelos
empresários da classe dominante (10).
Com o passar do tempo surgiram nos Estados Unidos, estudos mais
ordenados do trabalho. Em 1912, foi publicado, pelo engenheiro norte americano
Frederick Winslow Taylor, a obra: Princípios de Administração Científica, movimento
que ficou conhecido como Taylorismo (10).

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Os métodos de análise do trabalho evoluem, não só em consequência das


transformações do trabalho, mas, sobretudo pelo desenvolvimento do conhecimento
e dos métodos que esta nova realidade impõe. A evolução do trabalho humano é,
nessa perspectiva, mediado ao mesmo tempo pelo instrumento e pela sociedade
(12).
A ergonomia é uma jovem disciplina, em evolução e que vem reivindicando o
status de ciência. A definição desta disciplina poderia ser uma ciência do trabalho,
ou uma arte alimentada de métodos e conhecimentos resultantes da investigação
cientifica (13, 14).
Também pode ser definida como o conjunto de conhecimentos científicos
relativos ao homem e necessário para os engenheiros conceberem ferramentas,
máquinas e conjuntos de trabalhos que possam ser utilizados com máximo conforto,
segurança e eficiência (15, 16). Todavia, ainda pode-se definir como a tecnologia do
projeto de trabalho (17).
A ergonomia busca dois objetivos fundamentais. De um lado, produzir
conhecimento sobre a relação trabalho, homem e condições de trabalho, por outro
lado, orientar racionalmente as ações motoras diante das tarefas de trabalho, tendo
como perspectiva melhorar a qualidade de vida no ambiente laboral. A produção do
conhecimento e a racionalização da ação constituem, portanto, o eixo principal da
análise ergonômica (18).
A postura e o movimento são de grande importância para a ergonomia no
dia-a-dia de trabalho. A postura correta faz a pessoa sentir-se bem e modifica os
aspectos mecânicos, estáticos e cinéticos das funções músculo esqueléticos (19).
Associada diretamente à má postura; está à dor. Entende-se que a curto,
médio, ou longo prazo, a dor e o sofrimento estão entre os fatores agravantes do
baixo rendimento produtivo do ser humano. Uma postura defeituosa está envolvida
em todas as condições patológicas dolorosas devidas a lesões, excesso de uso,
mau uso e envelhecimento (19).
As dores na coluna vertebral resultam do uso inadequado da postura corporal,
na forma estática, ou no movimento e, que na maioria dos casos os problemas
surgem por falta de exercícios físicos (sedentarismo), desconhecimento do próprio
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corpo e posturas inadequadas. A postura trata-se de uma atitude, não uma tarefa
(20). O sedentarismo e hábitos posturais, além dos modismos e más posturas de
trabalho também são causas das dores na coluna vertebral (21).
A coluna do homem não foi construída para permanecer por longos períodos
em posição estática e realizando movimentos repetitivos, porém o que mais
encontra-se nas empresas atualmente; por conta da tecnologia e maquinarias, é a
adoção dessas más posturas, ainda submetidas a pressão, devido a sobrecarga a
que a coluna é exposta.
Entretanto, existem inúmeras definições de problemas posturais, porém
deve-se ressaltar que postura envolve uma relação dinâmica na qual as partes do
corpo, principalmente os músculos esqueléticos, se adaptam a estímulos recebidos.
Neste contexto, surgiram vários estudos que analisam a qualidade de vida
das pessoas no seu ambiente de trabalho, atrelando-se a ideia de evoluir a técnica
de execução de algumas tarefas a fim de evitar lesões desse caráter, qualificando o
desempenho do funcionário e do trabalho realizado, mantendo a preocupação com a
integridade física do mesmo, o conforto e a produtividade.
A despeito disso, existem vários métodos diretos para a avaliação postural,
entre eles o OWAS, sendo desenvolvido em meados dos anos 70 (22). O protocolo
baseia-se em analisar determinadas atividades em intervalos variáveis ou constates,
observando-se a frequência e o tempo despedido em cada postura, permitindo que
os dados posturais sejam analisados para catalogar posturas combinadas entre às
costas, braços, pernas e que devem ser fornecidas as informações a respeito do
movimento e da massa manuseada, ou do esforço necessário (23).
Baseado nesses resultados é possível fornecer medidas preventivas a fim
de evitar sobrecargas articulares, especialmente na coluna dos trabalhadores.

3. Métodos

3.1- Casuística
A pesquisa se caracteriza como descritiva transversal, de análise
quantitativa, com colaboradores de uma empresa brasileira, com o objetivo de
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realizar uma análise ergonômica, utilizando o protocolo OWAS (Software


ERGOLÂNDIA), em uma empresa de triagem de matérias metálico para reciclagem,
nas situações de execução de movimentos rotineiros de um dia comum de trabalho,
bem como, identificar se houve alguma alteração da postura entre o início e término
do expediente.

3.2– População e Amostra


A pesquisa foi realizada em uma empresa de triagem de materiais metálicos
para reciclagem, na cidade de Piracicaba - SP. Para a população esta foi de 45
colaboradores. Todavia, para a composição da amostra esta ocorreu de forma não
aleatória e intencional, constituída por 30 (trinta) colaboradores, sendo 14
operadores de maçarico de corte, que carregam o instrumento maçarico e trabalham
com os joelhos e coluna, ambos flexionados (posição agachada), em maior parte de
sua jornada de trabalho; 10 ajudantes de pátio de sucata, que são responsáveis pelo
manuseio da sucata, ou seja, carga e descarga da mesma, que em grande maioria
trabalham movimentando-se para deslocar a sucata de um lugar para o outro.
Outros dois grupos, sendo 3 operadores de tesoura sucata e 3 ajudantes não se
deslocam durante as atividades, pois os operadores de tesoura sucata trabalham em
função da maquinaria tesoura de corte (em pé, somente rotacionando o tronco),
enquanto os ajudantes, somente preparam e entregam a sucata para o corte. Os
participantes eram do sexo masculino, com idade centesimal entre 19 e 41 anos.
Todas as atividades eram realizadas em turnos de 9hs, sem revezamento, porém
com pausas de 1h15min para refeições e pausas necessárias para atender as
necessidades fisiológicas.
3.3– Critérios de Exclusão
Aqueles que não pertenciam ao setor de corte, que fazem parte da área
administrativa.
Antes de iniciar o estudo, os participantes foram informados sobre os
procedimentos e riscos envolvidos na pesquisa, responderam a uma anamnese
pessoal e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, para a
realização dos testes.
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3.4- Instrumento Metodológico


Utilizando o método OWAS do Software ERGOLÂNDIA, realizou-se uma
análise ergonômica, em uma empresa de triagem de materiais metálicos para
reciclagem, na cidade de Piracicaba, SP. Juntamente a uma revisão de literatura em
artigos científicos do portal CAPES, livros do acervo da UNIMEP (Universidade
Metodista de Piracicaba), campus Taquaral e do acervo do SENAC, campus Centro
e revistas científicas utilizando as seguintes palavras chaves: ergonomia, postura e
qualidade de vida.
A obtenção dos dados ocorreu mediante a observação direta (por vídeo),
sendo observado todo o ciclo, em atividades cíclicas, e nas atividades não cíclicas.
Para a obtenção dos dados, esta pesquisa utilizou-se de uma filmadora da
marca Sony Cyber Shot, 10.1MP, modelo DSC-950. Desta forma, 30 colaboradores,
de dois dos setores da empresa (corte e separação da sucata), foram filmados em
seu local habitual de trabalho, ao início de seu expediente às 7h30, e das 16h às
17h30, final do expediente. Cada filmagem teve duração de 1 hora e 30 minutos.
Após coletados, os dados filmados, foram analisados através do Protocolo
OWAS, o qual classifica as tarefas executadas no ambiente laboral em uma escala
progressiva de necessidade de intervenção à saúde. A escala de numero 1- Não
exige medidas corretivas; A escala de número 2 – São necessárias correções em
um futuro próximo; A escala de número 3 – Recomenda correções, tão logo quanto
possíveis; e a Escala de número 4 – Exige correções imediatas.

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Figura 1 – Método OWAS – Posturas analisadas durante o protocolo.

No método OWAS observa-se a frequência e o tempo despendido em cada


postura, permitindo que os dados posturais sejam analisados para catalogar
posturas combinadas entre; as costas, braços, pernas e forças exercidas, e ainda
determinar o efeito resultante sobre o sistema musculoesquelético. A Figura 1
mostra as diferentes posições do dorso, membros superiores, membros inferiores e
carga manipulada pelos trabalhadores.

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3.5– Análise Estatística


Para a análise estatística utilizou-se o programa SPSS 17.0; os dados foram
dicotomizados sendo feito o teste não paramétrico Binomial, para tanto, foram
comparados com uma empresa “ideal”, ou seja, que não necessita de nenhum tipo
de intervenção ergonômica, no início e fim do expediente, e entre eles (inicio e fim
de expediente).
Este estudo faz parte de um projeto mãe, intitulado “Análise cinemática e
ergonômica de colaboradores de uma empresa de mineração”, aprovado pelo
Comitê de Ética UNIMEP, sob o protocolo nº 32/12, de acordo com a Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde/MS, de 10/10/1996.

4- Resultados e Discussões

Os resultados não apresentaram diferenças significativas sendo p≤0,05,


podendo afirmar que para esse grupo não serão necessárias intervenções
imediatas.
No entanto, embora os dados não tenham apresentado diferenças
estatisticamente significativas, medidas de correção e ou prevenção, podem ser
implementadas pelo empregador da empresa investigada, a fim de contribuir com
melhorias para a mecânica funcional e ou minimizar possíveis fadigas musculares,
para uma pequena parcela dos trabalhadores que necessitam desta intervenção.
Estudos mostram que a Qualidade de Vida (QV), no ambiente laboral está
intimamente ligada à maneira com que os trabalhadores executam suas atividades
diárias, que o não cumprimento de certas regras básicas de segurança, respeito aos
limites, ou adoção de posturas adequadas à execução de tarefas, pode trazer riscos
á saúde do trabalhador.
O método OWAS, utilizado como protocolo para o estudo de caso dessa
pesquisa, tem demonstrado benefícios no monitoramento de tarefas que impõe
constrangimentos possibilitando identificar as atividades mais prejudiciais e ao
mesmo tempo indicar as regiões anatômicas mais atingidas (23).

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O método OWAS é considerado um dos meios mais tradicionais de


avaliação postural (24). Para registrar as posturas procede-se do seguinte modo,
observando o trabalho de forma geral, averiguando a postura, força e fase do
trabalho (25).
Desta forma, o método possibilita a elaboração de recomendações
ergonômicas que eliminem ou minimizem tais atividades penosas. Porém, em muitos
casos os trabalhadores não são instruídos quanto aos possíveis riscos a que estão
expostos e acabam ultrapassando seus limites, sem ao menos desconfiar que
estejam prejudicando sua integridade física.
A magnitude dos riscos depende da qualidade de relações e processos
sociais. O principal deles é a alienação, o obscurantismo, a inacessibilidade e a
dependência das pessoas (26).
Desta forma, a falta de informação impede que o indivíduo identifique e
perceba a amplitude dos riscos presentes em seu dia a dia, assumindo condutas
imprudentes ao não possuir essa percepção de risco. Esta pesquisa demonstrou
que os riscos ocupacionais, são influenciados devido às condições e processo de
trabalho.
A grande maioria dos trabalhadores, tomados pela ignorância, obedecem a um
determinado processo de execução de tarefas, impostos por seus superiores.
Normalmente em empresas, de mesmo caráter como a citada neste estudo de caso,
as atividades são exercidas com o trabalhador em pé, manuseando cargas,
alimentando máquinas e depositando peças.
Os trabalhadores executam suas operações com uma elevada frequência de
repetições do ciclo, durante sua jornada de trabalho, além da constante adoção de
posturas incômodas, com manuseio periódico de cargas e giro constante das
articulações (27).
A consciência aguda do risco do trabalho obrigaria o trabalhador a tomar
tantas precauções individuais que ele se tornaria ineficaz do ponto de vista da
produtividade. Por outro lado, para uma atitude preventiva é interessante que o
trabalhador detecte o risco, pois caso não identificado, o trabalhador pode não
assumir uma atitude postural defensiva, maximizando os índices de lesões no
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ambiente laboral, o que não é favorável à empresa, menos ainda, ao funcionário


(28).
Quando acontece a percepção de determinados riscos, existe,
consequentemente reações para a sobrevivência, ou seja, as pessoas tendem a
reagir a riscos percebidos, o que, auxilia na prevenção de possíveis lesões (29, 30).
Ao analisar as posturas inadequadas, o trabalhador é capaz de perceber a
necessidade de correção em determinadas funções e a partir de então, o possibilita
ponderar quais estratégias, ou intervenções, podem ser disseminadas visando à
saúde ocupacional.

5. Considerações Finais

A pesquisa demonstrou que os procedimentos inovadores dos postos de


trabalho trouxeram, sem dúvidas, vantagens para a atividade humana, mas com elas
vieram também, sérias consequências que interferem diretamente na saúde do
trabalhador.
Sendo assim, o protocolo utilizado confirmou ser interessante que a empresa
investigada tome medidas ergonômicas corretivas a algumas das funções, de certos
setores, como a dos maçariqueiros e seus ajudantes, que tingiram na maior parte do
tempo, a classificação mais lesiva do protocolo, dispondo maior atenção a
programas de prevenção e promoção a saúde no ambiente ocupacional, podendo
ainda estudar a possibilidade de como executar as tarefas em um local mais
apropriado, como uma mesa, já que os funcionários da empresa pesquisada
realizam os cortes das peças no chão, posição na qual os funcionários mantinham-
se agachados por muito tempo, exigindo contração contínua de alguns músculos,
afim de manter o corpo, ou parte dele, na mesma posição.
Desta forma, a postura incorreta mantida por longo período de tempo, acaba
tornando-se fatigante, devendo desta forma, ser evitada. Entretanto, caso seja
inevitável, a fim de evitar a fadiga, tal posição pode ser aliviada, utilizando-se de
mudanças frequentes na postura, otimizando-se o posicionamento das peças,
ferramentas, ou utensílios ou, ainda apoiando partes do corpo, objetivando reduzir
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as contrações estáticas dos músculos. Pode-se também, sugerir a possibilidade de


efetuar pausas para descanso, periodicamente, permitindo o relaxamento muscular
e o alívio da fadiga (31).

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