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Resumo: Este trabalho retrata um olhar sobre o subprojeto PIBID de Língua Inglesa da
Universidade do Estado da Bahia3. Pretende-se aqui discutir as possibilidades de
(re)construção da identidade dos indivíduos que compõem o subprojeto Inovação Curricular
e Formação de Professores de Língua Estrangeira, desenvolvido no Campus X4. Partindo do
primeiro relatório de auto-avaliação dos sujeitos deste projeto é que direcionamos nossas
lentes para uma análise do processo de (re)construção identitária de professores guiados pelo
referencial teórico da Teoria da Representação Social (MOSCOVICI, 2003). Os resultados
revelam que os participantes do subprojeto PIBID já demonstram uma percepção de que
maneiras as forças sociais e institucionais, como a relação universidade-escola, bem com a
sala de aula, influenciam no seu modo de pensar e de agir, constituintes de suas identidades.
INTRODUÇÃO
Para lançar um olhar sobre o subprojeto PIBID como possibilitador de (re)construção
identitária, faz-se necessário discorrer sobre Identidade, uma palavra singular que, muitas
vezes transformada em plural, é elemento constitutivo da formação de professores, o qual
ainda é considerado um conceito de difícil definição e exploração devido ao seu caráter
subjetivo, embora tenha sido cada vez mais discutido em pesquisas na academia (AUDI,
2011; BEIJAARD ET AL, 2011; NÓVOA, 1995) o que enfatiza a importância deste aspecto
nos processos de formação profissional. Por entendermos a relevância do ensino como um
processo de interações interpessoais, de envolvimento intersubjetivo e profissional,
comprometimento e dedicação, consideramos que seja necessário enfatizar a relevância de
estudos sobre a agência e (re)construção de identidade de professores.
Segundo Beijaard et al (2011) a identidade é algo que desenvolvemos no decorrer de
toda nossa vida. Entendemos, por essa concepção, que a identidade do professor não pode ser
estanque. Nas palavras de Audi (2011), “Ela pode ser (re)constituída ao longo da história do
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Bolsista de Coordenação do programa PIBID/CAPES. Coordenadora do subprojeto PIBID – Inglês da
Universidade do Estado da Bahia – Campus X. Mestre em Estudos da Linguagem, professora auxiliar do curso
de Letras-Inglês do Campus X. E-mail: lucianaaudi@yahoo.com.br
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Coordenadora voluntária do subprojeto PIBID – Inglês da Universidade do Estado da Bahia-Campus X.
Mestre em Estudos da Linguagem, professora auxiliar do curso de Letras-Inglês do Campus X. E-mail:
taisapas@gmail.com
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A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) constitui-se a maior instituição multicampi da América Latina,
composta atualmente por 29 departamentos, distribuídos por 24 municípios em diversas regiões do estado da
Bahia, os quais atuam em prol da interiorização do Ensino Superior em todo o estado.
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O Campus X está localizado no município de Teixeira de Freitas. Trata-se de um Departamento de Educação
que oferece atualmente 6 cursos de licenciatura, sendo eles: Pedagogia, Matemática, História, Biologia, Letras-
Vernáculas e Letras-Inglês.
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sujeito, das vivências que o constituem, ou seja, de sua interação sócio-histórica” (p.297).
Desse modo, ao conceber a identidade profissional de professores pautando-se na perspectiva
sócio-histórico-cultural (ELLIS ET AL, 2010; JOHNSON, 2009; LIBERALI, 2006; ROTH;
TOBIN, 2002; LANTOLF, 2000;) este aspecto pode ser percebido como parte da vida social
humana, a medida em que se (re)constitui nas/pelas práticas sociais dos indivíduos.
OS ENCONTROS
Todas as segundas-feiras nos reunimos pela manhã na UNEB para discussão das
leituras dos textos teóricos que fundamentam nossas ações e para avaliação das ações no
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espaço escolar da semana anterior, das 7:30 às 09:30. Reservamos o horário das 09:30 às
11:30 para prepararmos coletivamente as aulas da semana para cada uma das duas turmas
onde desenvolvemos o PIBID.
Todos os bolsistas participam das atividades às segundas-feiras, assim como das
atividades de leitura. Já as atividades na escola parceira estão divididas em 2 turmas, em
momentos distintos. Designamos uma turma de 6 bolsistas de iniciação à docência para
acompanhar cada bolsista de supervisão em uma de suas turmas. Uma bolsista de supervisão
tem 2 aulas na quarta-feira, e é coordenada pela professora Luciana, a outra tem uma aula na
terça e outra na sexta-feira, e é coordenada pela professora Taisa.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Para a coleta de dados para este estudo, utilizamos o primeiro instrumento de
avaliação construído após três meses da implantação do subprojeto, no qual cada bolsista teve
a oportunidade de expressar uma avaliação pessoal sobre sua participação e relacionamento
com o grupo, através de uma reflexão sobre a influência desse subprojeto na formação
inicial/continuada de cada participante.
Como nosso propósito aqui é discutir as possibilidades de (re)construção identitária,
como metodologia de análise, após uma leitura cuidadosa de todos os relatórios, selecionamos
os trechos que evidenciavam como o PIBID tem influenciado na (re)construção da identidade
dos sujeitos envolvidos no sub-projeto PIBID - Inovação Curricular e Formação de
Professores de Língua Estrangeira.
Na sequência analisamos tais excertos guiados pelo referencial teórico da teoria da
Representação Social, a qual tem suas origens na sociologia pelos estudos de Émile
Durkheim, cujo postulado das “representações coletivas” afirmava que as categorias do
pensamento, as quais elaboram a realidade expressada pelas/nas sociedades, não seriam
universais e nem pré-estabelecidas, mas sim construídas pelos fatos sociais através da
percepção de como os indivíduos pertencentes a um determinado grupo social se apropriam
da realidade e dão sentido a ela (MINAYO, 1995).
Tais conceitos foram recentemente redefinidos por Moscovici (2003), ao associar o
termo “Representações Sociais” às opiniões próprias a uma cultura, classe social ou
determinado grupo com relação aos objetos de um determinado ambiente social. Desta forma,
as Representações Sociais foram redefinidas como “fenômenos específicos que estão
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PIBID. Desta forma, a professora bolsista de supervisão demonstra em seu discurso abaixo,
que o projeto também constitui-se como espaço para sua própria formação continuada.
Corroborando com o postulado de Nóvoa (1995, p.16), sobre o processo identitário como:
“um espaço de construção de maneiras de ser e de estar na profissão”.
“O PIBID está me ajudando a rever a minha prática pedagógica enquanto
educadora, a minha postura e mudança de hábitos vem me ajudando no dia-a-
dia mesmo nas turmas as quais não fazem parte da parceria, visto que o
conhecimento vai além das paredes de uma sala de aula. [... ] Antes de estar
participando dessa formação continuada, um sentimento de incapacidade e de
medo acometia a minha pessoa enquanto profissional, pois não via meios,
tampouco saída, uma vez que a escola pública estadual tem umas crises de
comodismo e eu precisava de ajuda”. (Sirlene, linhas 16-19; 21-24)
“Percebo que as bolsistas de supervisão têm muito orgulho e satisfação de estar com
a gente na escola, vejo que, nesse sentido, que a identidade delas está sendo
ressignificada, e por conseqüência, é possível que o status do inglês na escola
venha a ser reconstruído de maneira mais positiva. Nesse sentido, vejo muita
motivação dos alunos da escola em nos receber. Eles se alegram muito e se
interessam por nosso trabalho, demonstram muito carinho para conosco, estão sendo
bastante receptivos. Acho que isso vai refletir na relação que possuem com o
inglês.” (Taisa, linhas 51-59)
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“[...] após a sua concretização (do subprojeto PIBID) pude entender realmente o que
é ser professor, pois nunca antes tive a oportunidade de estar em uma sala de
aula como professora, e a partir de agora estou realmente convencida que esta é
realmente a profissão que quero para mim” (Sílvia, linhas 47-49).
Tendo em vista que nossa identidade não é estanque, que pode ser reconstituída ao
longo das interações sócio-históricas dos sujeitos, consideramos que as relações de ser-com-o-
outro é que vão gerar ambos os capitais, social e simbólico, que por meio de atividades
colaborativas, tornam-se promotores de (re)significações identitárias, ao promover
possibilidades de mudanças nos sujeitos a partir do reconhecimento de si por si mesmo e de si
com o outro, pois potencializa-se neste contexto a oportunidade do indivíduo se constituir na
relação com o outro, processo este que Mateus (2007, p. 164) chama de outridade, “ é colocar
o outro no lugar de ser, no lugar de quem existe, de quem tem voz. Somente a experiência da
alteridade nos leva a ver aquilo que de outra forma não podemos imaginar por conta de nossa
familiaridade com o que se apresenta”.
Percebe-se, no discurso da professora Sirlene, que a questão de outridade é revelada
quando ela fala em harmonia entre os envolvidos, e quando afirma ter “um outro olhar”, o que
significa ser hoje diferente do que era antes de sua participação no subprojeto PIBID,
ratificando a (re)construção de sua identidade profissional.
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“O PIBID foi um presente dos Céus, não só pela remuneração, sobretudo pelo
convívio, aprendizado e harmonia entre todos nós; trouxe para mim um outro
olhar pelo que sou e o que posso ser como pessoa e profissional.” (Sirlene, linhas
74-77)
“Nesse grupo podemos nos ajudar, sugerir, ter olhares diferentes [...]. Mesmo
com diversos níveis de conhecimento, bagagem de mundo, temos voz também, ali
somos “um”, somos uma família unida, somos a ligação da teoria e prática. É
uma experiência única! Começando pelo planejamento das aulas que foi uma
prática nova para o grupo (me refiro aos futuros docentes), pois na universidade
muito se deixa a desejar dessa prática”. (Valdete, linhas 23-31)
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Segundo Fairclough (1995), as metáforas tratam-se de recursos amplamente utilizados, os quais representam
aspectos da experiência através de outros termos.
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mesmo, nos deixarmos apagar pelas relações hierárquicas que, muitas vezes, ainda
prevalecem em nos encontros. E, desta forma, seguirmos (re)construindo nossas identidades
profissionais.
CONCLUSÃO
O que foi relatado aqui é apenas um pequeno recorte, que, contudo, já expressa que, a
participação no subprojeto PIBID tem sido fundamental para os processos de (re)construção
das identidades profissionais de todos os envolvidos no subprojeto. Dessa forma, os
resultados apontam para como e o quanto este programa institucional de formação de
professores pode transformar suas identidades. Eles evidenciam que houve uma
(re)significação da identidade tanto das professoras bolsistas de supervisão, quanto das
coordenadoras do subprojeto, assim como construção da identidade profissional dos bolsistas
de iniciação à docência.
A partir dessas transformações, as quais ocorrem/ocorrreram essencialmente através
das/e pelas interações de todos os bolsistas entre si, mediadas pelas experiências propiciadas
no subprojeto, consideramos que é inegável a influência dos fatores históricos, sociais,
psicológicos e culturais na contínua construção da identidade profissional do professor de
língua inglesa. Uma vez que a identidade não é estanque, destacamos a importância de
programas de formação continuada serem oferecidos com maior frequência a todos os
professores de língua inglesa, vislumbrando nos aproximarmos do ideal de uma sociedade
mais humana e mais justa, como tão almejado pela nossa educação.
As diversas representações presentes nos excertos aqui analisados, revelam que os
participantes do subprojeto PIBID, já demonstram uma percepção de que maneiras as forças
sociais e institucionais, como a relação universidade-escola, bem com a sala de aula,
influenciam no seu modo de pensar e de agir, constituintes de suas identidades. Porém,
embora o presente subprojeto PIBID tenha buscado romper com velhos paradigmas de
produção e consumo de conhecimento - assim como as hierarquias nesse processo - ainda
temos um longo caminho a percorrer para aproximar a Universidade da realidade das Escolas
Públicas. Concordamos com Audi (2010), quando ela postula que é muito difícil encurtar este
espaço gigantesco entre as Instituições de Ensino Superior - universidades - e as Escolas da
Educação Básica, marcado pelo (pré)conceito de que as Instituições de Ensino Superior
configuram-se como local onde se produz o conhecimento, por vezes distante da realidade
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