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INTENSIVO I

Daniel Carnacchioni
Direito Civil
Aula 02

ROTEIRO DE AULA

PRINCÍPIOS, PERSONALIDADE CIVIL, TEORIA DA INCAPACIDADE, LEGITIMIDADE E EMANCIPAÇÃO

1. Paradigmas do Código Civil em função deste novo modelo

Os paradigmas são desdobramentos do modelo contemporâneo de direito civil.

 Socialidade – função social.


 Eticidade – boa-fé objetiva. Três perspectivas (funções da boa-fé objetiva):
 Interpretação/integração (CC, art. 113).
 Controle – impor limites ao exercício concreto de direitos subjetivos e potestativos (CC, art. 187).
 Integração/prestação – deveres anexos e colaterais (CC, art. 422).
 Operabilidade – simplicidade e cláusulas gerais. Perspectivas da operabilidade:
 Busca pela tentativa de simplificação de algumas questões/institutos por meios de normas mais
claras/objetivas. Ex.: especificação dos prazos de prescrição e decadência.
 Cláusulas gerais.
 Razão da opção legislativa pela inserção de cláusulas gerais: com o pós-positivismo ocorreu a
abertura valorativa do sistema, ou seja, o sistema de direito se abre e os valores passam a
ingressar no mundo jurídico, principalmente através dos princípios. Como a sociedade é
dinâmica, o Código Civil não poderia ter, simplesmente, trabalhado com normas
descritivas/fechadas, sob pena de incompatibilidade entre o Código e o modelo contemporâneo
de direito civil. Portanto, a opção por inserir no Código Civil cláusulas gerais é justamente para
permitir ao intérprete que ele possa efetivamente integrar o conteúdo dessas normas para,
dentro de uma margem razoável, poder aplicar a norma a um caso concreto.

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 As cláusulas gerais devem ser tratadas como gênero. Espécies: cláusulas gerais propriamente
ditas e conceitos jurídicos indeterminados. Diferença entre cláusula geral e conceito jurídico
indeterminado:
 Cláusula geral: a atividade do intérprete é dupla. Isto é, na cláusula geral, o intérprete
realizará duas operações: 1º) integrar o conteúdo da norma – buscar a compatibilização
da norma, com base na fundamentação do modelo civil contemporâneo, para aplicá-la
no caso concreto. Exemplo: verificar se um contrato, concretamente, atende a
finalidade da função social, a qual é a compatibilidade do contrato com os valores
sociais-constitucionais. 2º) Resultado – o intérprete, após o processo de integração, à
luz do caso concreto, atribui ao caso a solução entendida como a mais adequada – o
efeito é obtido via intérprete (a lei não o prevê).
 Conceito jurídico indeterminado: única operação (integração). No entanto, ao contrário
da cláusula geral, no conceito jurídico indeterminado, a resposta não é obtida via
intérprete – é prevista em lei. Exemplos:
 CC, art. 317. Conceito jurídico indeterminado: “motivo imprevisível”. Resultado
(efeito): revisão.
 CC, art. 157. Conceito jurídico indeterminado: “premente necessidade” e
“inexperiência”. Resultado (efeito): invalidação.

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2. Princípios constitucionais relevantes que repercutirão no direito civil

a) Dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, inc. III).

Buscar a dignidade da pessoa humana, através dos institutos de direito civil, é garantir que essa pessoa tenha um
mínimo de direitos, o qual lhe proporcionará um mínimo de dignidade.

Os institutos de direito civil passam, portanto, a serem meios para a concretização de um fim – garantir a pessoa
humana um mínimo de dignidade (mínimo existencial). O mínimo existencial se concretiza no aspecto espiritual e
material - teoria do patrimônio mínimo – ex.: CC, art. 549, 928, parágrafo único.

b) Solidariedade social (CF, art. 3º, inc. I)

Repercussão para o direito civil: transformar as relações jurídico-privadas em cooperativas – não hierarquizadas.
Incidência no direito das obrigações e contratos, p. ex – teoria do adimplemento substancial, p. ex. Igualdade
substancial (CF, art. 5º).

Busca do equilíbrio concreto nas relações privadas.


Exemplos: CC, arts. 157, 317, 478, 413.

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3. Anotações sobre relação jurídica como premissa para a perte geral.

a) Conceito

Vínculo que o direito reconhece entre pessoas ou grupos, atribuindo-lhes poderes e deveres.

A relação jurídica dar-se-á entre pessoas (poderes e deveres previstos em lei) para a tutela de interesses (necessidade
de ter bens – razão da relação jurídica).

b) Requisitos para uma relação jurídica

 Material: comportamento dos indivíduos.


 Formal: reconhecimento, pela ordem jurídica, que confere à relação de juridicidade.

c) Elementos da relação jurídica

 Sujeito.
 Objeto – bens (relação pode ser real ou obrigacional).
 Vínculo – posição de poder e dever.

A relação jurídica se origina de fatos exteriores a essa relação entre pessoas (fatos jurídicos), o que faz gerar o vínculo -
a relação jurídica e o direito, nela contido, nascem, modificam-se e se extinguem de fatos jurídicos.

4. Sujeitos de direito

4.1. Pessoa natural

4.1.1. Teoria da personalidade

Teoria da personalidade - duas perspectivas, pois não é um conceito unívoco:

 Perspectiva do direito civil clássico: a personalidade é associada à capacidade de direito – aptidão para
titularizar relações jurídicas.
 Perspectiva do direito civil contemporâneo: não restrito à aptidão para titularizar relação jurídicas ou à
potencialidade de titularizar direitos e deveres. A personalidade, na perspectiva contemporânea, passa a ser um
valor inerente à pessoa humana, ou seja, a base de sustentação da condição humana. Expressões, as quais nos
deparamos quando do estudo do tema: personalidade, ser humano, pessoa e sujeito de direito. É comum
associá-las. Mas a idéia de ser humano destoa do conjunto. Por quê? Em uma visão clássica de
personalidade associam-se personalidade, pessoa e sujeito de direito. Em uma visão contemporânea de

personalidade associam-se personalidade, pessoa e sujeito de direito. Distinção: em uma visão contemporânea é
agregado o ser humano. Significado: a dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado brasileiro e
repercute no direito civil. Portanto, não é coerente que, em uma perspectiva constitucionalizada, deixar que o ser
humano desfalcado de personalidade, ainda que, em uma perspectiva formal, não seja pessoa.
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 Observação n. 1: a pessoa é uma concepção jurídica e o ser humano uma concepção natural. Exemplo: o
nascituro é ser humano, mas não é pessoa.
 Observação n. 2: concepção formal de personalidade associa-se pessoa e personalidade. A ausência de
pessoa provoca a ausência de personalidade. Em uma concepção pós-positivista: presença de
personalidade quando há ser humano, ainda que não haja a concepção jurídica de pessoa.
 Observação n. 3: teoria natalista vai ao encontro da perspectiva clássica; teoria concepcionista vai ao
encontro com a perspectiva contemporânea.
 Observação n. 4: sujeito de direito:
 Perspectiva clássica: sujeitos de direito com ou sem personalidade. Perspectiva contemporânea:
sujeitos de direito com ou sem personalidade. Distinção: ser humano. Para os formalistas, o
nascituro e o embrião são sujeitos sem personalidade. Para os pós-positivitas, o nascituro e o
embrião são sujeitos com personalidade.

4.1.1.1. Nova concepção como consequência da constitucionalização do direito civil

a) Nova dimensão como efeito de cláusula geral de tutela da dignidade humana e do movimento pós-positivista.

b) Superação da concepção clássica de personalidade que a associava à capacidade de direito e que considerava a
pessoa sob o ponto de vista formal: essa ideia é compatível com o positivismo e individualismo liberal.

c) No atual modelo, a personalidade como valor intrínseco e fundamental inerente à natureza humana.

d) Pessoa e personalidade: personalidade como princípio e pressuposto dos direitos que dela irradiam.

e) Personalidade como valor máximo do ordenamento jurídico, fundada no princípio da dignidade da pessoa humana.

f) A personalidade é parte integrante da pessoa? Depende. Visão formal: não (dissociação entre ser humano e pessoa).
Visão pós-positivista: sim (associação entre ser humano e pessoa).
g) Pessoa é o ser humano (ou pessoa jurídica) dotado de personalidade jurídica.
h) )A personalidade jurídica é um valor jurídico, que não se esgota na capacidade de ser sujeito de direito porque
relacionada à essência do ser humano ou à sua natureza.

4.1.1.2. A partir de que momento haverá pessoa?

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4.1.2 Capacidade de direito/capacidade de aquisição

Capacidade de direito (gozo ou aquisição) como atributo que decorre da personalidade – a capacidade é estática.

É a aptidão ou potencialidade da pessoa ser titular de relações jurídicas (como sujeito de direito). Portanto, pressupõe a
personalidade, por ser a projeção deste valor CC, art. 1º: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. O
dispositivo consagrou o seguinte entendimento: quem tem personalidade também tem capacidade, mas a recíproca não
é verdadeira. Isto é, nem todo aquele que tem capacidade tem personalidade.

4.1.2.1. Diferenças fundamentais entre capacidade de direito e personalidade, a partir dessa nova perspectiva

Capacidade de direito está relacionada aos direitos e deveres patrimoniais. A personalidade está relacionada às
questões existenciais. Eventualmente, o Estado pode restringir a capacidade de direito, mas não restringir a
personalidade. “O Estado concede capacidade e apenas reconhece a personalidade”. “Você pode ser mais ou menos
capaz, mas você não pode ser mais ou menos pessoa”.
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4.1.3. Aquisição da personalidade civil e teorias

Dificuldade: seres humanos que precedem o ser humano nascido: nascituro e embrião.
O CC, art. 2º adota a teoria natalista (concepção formal).
Teorias:

 Natalista - ADI 3510.


 Concepcionista.

Teoria da personalidade condicional? Farsa, pois existem tão somente as duas teorias citadas. Conforme a teoria da
personalidade condicional, a personalidade do nascituro ou do embrião começa com o nascimento com vida, mas o
nascituro e o embrião, desde a concepção, titularizam direitos da personalidade. Heresia com a realidade constitucional:
condiciona a própria personalidade – condicionar o ser humano.

Tema relacionado: personalidade jurídica formal (direitos da personalidade) e personalidade jurídica material (direitos
patrimoniais) – ADI 3510. A teoria da concepção, a qual reconhece a personalidade, mesmo aos que não nasceram com
vida, diferencia personalidade jurídica formal e personalidade jurídica material. O nascituro e o embrião possuem
personalidade jurídica formal – aspecto existencial (direitos existenciais). No entanto, o nascituro e o embrião não
possuem personalidade jurídica material – aspecto patrimonial (concretizados com o nascimento com vida).
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Ao dissociá- las, a teoria da concepção aproxima-se da teoria da personalidade condicional – diferença efetiva entre as
teorias: a teoria da personalidade condicional condiciona a própria personalidade. A teoria da concepção não condiciona
a personalidade, mas, sim, a aquisição de direitos patrimoniais.

Observação n. 1: Lei n. 11.105/05, art. 6º e Enunciado n. 2 do CJF.

4.1.4. Teoria da incapacidade e valores constitucionais

Capacidade de fato = poder de exercício. Incapacidade de fato = restrição ao poder de ação.


Incapacidade: restrição ao poder de exercer pela própria vontade os atos da vida civil.
Por que a teoria da incapacidade de fato é relevante? Da mesma forma que a personalidade, é preciso analisar a
capacidade fato sob uma perspectiva constitucional, pois o Código Civil, ao tratar da capacidade e da incapacidade (CC,
art. 3º e 4º), o faz sob uma perspectiva clássica de Direito Civil. Significado: duas perspectivas sobre a incapacidade, a
depender do modelo de direito civil adotada.

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Perspectivas:

 Clássica (adotada pelo CC): perspectiva formal-abstrata: para o CC são incapazes as pessoas arroladas nos
artigos 3º e 4º (alterado pela Lei n. 13.146/15).
 Contemporânea (constitucionalizada): perspectiva material-concreta: não basta estar formalmente arrolado nos
artigos 3º e 4º. É necessário que a pessoa seja concretamente incapaz.

Observação: incapacidade formal (CC, arts. 3º e 4º) x incapacidade material (concretização de situações existenciais –
dignidade da pessoa humana).

4.1.4.1. Fundamento da teoria da incapacidade

Fundamento da teoria da incapacidade: proteção.

Temas relacionados à incapacidade:

 Causas:
 Objetiva: idade (critério biológico).
 Subjetiva: enfermidade que não caracteriza deficiência e que prejudica o discernimento – ébrios
habituais e viciados em tóxicos; aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade e pródigos. Observação: alterações promovidas pela Lei n. 13.146/15.
 Critérios de incapacidade: CC (formal-abstrato) x Lei n. 13.146/15 (concreto-material).
 Hipóteses determinadas em lei – é necessária a análise do caso concreto para verificar a necessidade de
proteção. Ex.: o contrato entre uma criança e a cantina de sua escola é nulo? Para o critério formal, sim. Para o
critério material, não.
 Poder – a incapacidade implica restrições de poder.
 Graus – relativo ou absoluto.

Observação n. 1: as pessoas citadas no CC, art. 4º são efetivamente incapazes? A doutrina civilista não é unívoca. Razão:
a Lei n. 13.146/15 claramente expressa que os portadores de deficiência física e mental são capazes. Ou seja, não há
incapacidade na Lei dos portadores de deficiência. Por tal fato, muitos doutrinadores estão defendendo a tese de que
não há mais que se cogitar na incapacidade dos deficientes físicos e mentais. Cf. o professor, tal questão é terminológica
e não jurídica. Para a Lei n. 13.146/15: questões existenciais (não há incapacidade); questões patrimoniais (restrição do
poder de ação – não é genérica. Tão somente para atos de natureza patrimonial incompatível).

Lei n. 13.146/15, art. 6º: “A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
planejamento familiar;
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IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas”.

Lei n. 13.146/15, art. 84: “A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em
igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º: Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei.
§ 2º: É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada.
§ 3º: A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível.
§ 4º: Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço
do respectivo ano”.

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