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Com apresentação de Nillo Batista e prefácio de Juarez Cirino dos Santos, a obra surgiu
para complementar uma lacuna que gera parte da crise do direito penal e criminal. A
criminologia crítica trabalha as ideias do desvio social, estudando os processos de
criminalização e os mecanismos de rotulação das pessoas.
Seu objetivo é a abolição do cárcere por dois motivos: o primeiro leva em conta a
inutilidade do sistema prisional enquanto controlador da criminalidade e por seus
claros efeitos de estigmatização e marginalização, após o desvio primário e a entrada do
indivíduo em tal bastilha. O segundo diz respeito a reinserção do condenado em uma
sociedade portadora da ideologia dominante, que se funda em estereótipos e conceitos
formulados pelo senso comum, trazendo o jargão lei e ordem contra tudo e contra todos
aqueles que não perfazem sua noção de igualdade, mitigada por uma consciência
obscurecida a qualquer tipo de solidariedade. Para Baratta, solidarizar também significa
dignificar um sistema de política criminal que tenderia aos processos de humanização
das penas, o minimalismo penal como tendência e a definição de novos processos de
alteridade e aceitação dentro dos mecanismos de formação, entre eles, a escola, são
primordiais passos para uma nova interação entre direito penal e sociedade, retirando
o ranço existente que separa uns dos outros.
A penalização seria, como deveria ser desde os primórdios passos do direito das penas,
a última etapa a ser analisada de fato, todavia, situações que se diferenciam do comum
e conhecido cárcere seriam aproveitadas, em prol do retorno do indivíduo a própria
sociedade, e, em favor da comunidade em geral que o receberá após seu período de
internação. Sugere a prisão como formadora da destruição dos moldes sociais aos quais
vive-se hoje, pois o próprio aparato de marginalização existente no interior do cárcere
causa, de todas as formas possíveis, a segregação e destruição do humano que adentra
suas bordas.
A partir dos anos 30, o início de uma criminologia contemporânea que tenta superar as
teorias patológicas da criminalidade e o determinismo. Todavia, a forte presença da
ideologia de Defesa Social ainda se perfaz avassaladora. O mito é de que a lei protege a
todos, igualando-os, trazendo o direito penal como um epiteto da igualdade, que
infelizmente, não prevê as diferenças sociais e econômicas.
Traz a vertente dos estudos da Escola de Chicago, estudada por Howard Becker,
o interacionismo simbólico, afirmando que o comportamento dos indivíduos somente
pode ser compreendido a partir das interpretações que cada um faz, em seu tempo, dos
mecanismos de interação social em que se encontra envolvido. Nesse sentido, traz as
teorias do conflito (Dahrendorf e Coser) e a sociologia do conflito; que a grosso modo,
nega os princípios do interesse social e interpretando os interesses dos grupos que
detêm o poder e que são priorizados quando as leis são realizadas, geralmente por
afiliados desse mesmo agrupamento. Assevera o autor que um importante item foi
deixado de lado em toda critica realizada até então: a seletividade no momento da
aplicação da lei: “O papel do Estado e direito na determinação do conflito faz com que este
seja institucionalizado.”
Os estudos referentes ao Labelling Aproach ou Etiquetamento são um enorme
diferencial nas análises de Baratta, que afirma ser o sistema penal a reprodução da
realidade social, que funciona desde o início em uma meritocracia viciada em seus
aparatos de seleção desde a escola, definindo em suas salas os grupos considerados
marginais, que são os alunos das classes mais pobres. Para ele, todo o sistema é classista
e seletivo e o que confirma isso é o preconceito e o senso comum na aplicação da lei
penal. O homem está fadado a ser estigmatizado na sociedade, dependendo muito do
berço de onde nasce e do lugar de onde vem.
A abolição das desigualdades por intermédio de uma política criminal que resgate a
identidade e entenda as lutas de classes, visando políticas sociais de destaque e inclusão
em detrimento a atual política de exclusão que temos hoje em dia, é um dos tópicos
asseverados pelo autor.
Por fim, a obra deve ser estudada pois possibilita diferenciar os sistemas e formas de se
entender todo o aparato sociológico e filosófico por trás do direito penal. O significado
de manifesto, entendido por Juarez Cirino dos Santos em seu prefácio, clama por uma
sociedade livre e igualitária abrindo-se para a diversidade e entendo a liberdade da
expressão da individualidade de cada um, desfazendo-se de um controle social
altamente autoritário e sem serventia nenhuma, a não ser a formação de mais violência
e mais caos.
Referencias:
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à
Sociologia do Direito Penal. 6° ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011