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ESCOLA
BRASILEIRA
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==Temas e Estudos
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Rua Conselheiro Nébi'as, 1384 (Campos Elfsios),
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Caixa Postal 7186 - Tel .: (01 1) 221-9144 (PABXl
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01203 São Paulo (SP) SAO PAULO
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A primeira ConstituiçãO do Brasil traz duas referéncias à educação: afirman
do que "a instrução prunária é gratuita il todos os cidadãos" e que haveria Colé-l\ \I
gios e Universidades para o ensino de Ciências, "Letras e Artes.
nas Constituições subseqüentes da escolarização. Mas o quadro re:>.! r.ão se altera signii1cativamente,
pois, de um lado, esta Constituição não apresenta os meios a serem utilizados pelo
governo para cumprir este dispcsitiyo constitucional e, de outro, as condições
rustóricas não permitiam a consecução dt:ste objetivo .
É importante destacar que na Con:;tituição e~contrarnos a declaração dos A partir do Ato AJicional, o governo central passou a se responsabilizar pela
rureitos fundamentais dos cidadãos ,e os modos pelos quais o Estado vai assegurá promoção e legislação do ensino no Município da Corte e pela educação superior,
-los. Dentre os direitos fundamentais do homem, a educação aparece nas Consti delegando às Prov meias a competência para législar e organizar a educação primá
tuições Brasileiras recebendo tratamento diferenciado conforme a época de sua ria e média.
Constituinte; a de 1937, outorgada pelo presidente Getúlio Vargas; a de 1967, ' Adicional de 1834, conferiu à educaçJ:o a função desejada pela aristocracia rural
pelo Congresso a quem se delegou poder constitUinte; e, frnalmente, a emenda e pelas camada, médias . 171
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A CONSTITUiÇÃO REPUBLICANA DE 1891 A política-adotada para melhorar o sistema educacional pode ser vista nas
refornlas ocorridas neste período, merecendo destaque a de Benjamin CorlStant,
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mais pelas idéias, já que não conseguiu sua implantação. Outras reformas se suce·
deram, mas de pouco alcance, pois em ni'lel federal não conseguiam mudar subs·
o iinal do periodo linperia! é marcado pela discussão de vários probiemas, tancialmente o caráter da educação desejada pela elite e pelas camadas mé dias em
\
como a escravidão, a vida político.partidária, o papel da reügião e dos militares .
franca ascensão social e, quando realizadas nos Estados, seguiam as mais diversas
A es~ação sacia! mostrava·se mais comQl~x<!-.Se.lldo-a...camada .rUéilia orientações, gerando os contornos de um quadro onde coexistiam vários sistemas
signiJl.Cailte, em núme[Q.J:~ atuação rias esferas.-do...exército~da..lgreja..e.em_atL escolares.
'Ildades mtelectuais. Mas esta camada média não tinha meios para mudar o regime \
·põrrtfC"ó, que se mostrava cada vez mais insatisfatório para seus interesses; logo, \
somente o conflito entre os membros do grupo dominante levaria à modificação l
política; a...I,mião de lídere.~ da ...cart\ad~ m~dia e do setor cafeeiro cria condições
para a proclàinaçãoda" Repúbifca em 1889 ./ .
;~ Constituição de 1891 in~titui~· sis·te~a federativo e, assim, a instituciona' Após a Primeira Guerra Mundial, esta estrutura começou a sofrer i!1terações
significativas: <!..O.JlQnio...de.....'li..ttu_ocial, assiste·se à crescente demanda po~cola· _
)~ação da descentralizaç1l0, que atendia aos interesses dos sei"óresífgãdos à cultura I rização ligada à urbanização e à industrialização c, quanto ao ide ária , algo novo
é
do caté,~? meio para concentração do poder e da renda.' .. II ,· surge com os movimentos educacionais. E nos anos 30 que assistiremos a mudan·
Quanto à educação, encontramos nesta Constituição as seguintes posições: l \) /
i '- ças no sistema político e educacional, refletidos nas duas Constituiçt:ies deste
"Artigo 34 . Compete privativamente ao Congresso:., ,30 . LegÍiiw sobre a organi·
zação muriicipal do Ois trito FederaLbem ÇQmO sobre..a polícia. Q emino rupen'or /;. período:.a de 1934 e a de ;937 ,
,. 'e os demais serviços que na Capital forem reservados para 0....Bovemo da 1Lnil~
:ft.'l parágr.aio_Q9.....J1.9 artigo 72 reza: "será leigo o ensino rn!nistrado nos estabe~ I ;
I .
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A CONSTITUiÇÃO DE 1934
.. -mentos púbücos"; no parágrafo.24 det:te mesmo artigo encontramos a afirmação: ,
uÉ g~~l1.d(J ...2....!Jvre exercício d~ualquer profissão moral, intelectual e indus· . 1.
~ no artigo 35, item 3: ", .. incurnl:e ao.Congresso: criar instituições de ensi· I\ ,~ A Revolução de 1930 que levou Getúlio Vargas ao poder representa um mo
1 _
no superior e secundário nos Estados"; item 4: "prover a instrução secundária no mento do. processo iniciado nos anos vinte, com o fim de ultrapassar a velha
Distrito Federal", . ' -0:-:'. ordem sócio-econômica.
'Jr-.
r Embora ~sta Constituiç1l0 deClare certos princípios já consagrados pelo A crise. e~0!.1~l!.lica,_~ in~atis~ão de setores im....Portant~s... ~ ~~média
überalismo, como a igualdade ·de todos perante a lei e a liberdade, a Educação, desejosos de participação da vi~~.po[i!!s.ª.,-~rbanizaç.!o cresce_n_te e o aumento do
considerada pelosrepubücanos como fator fundiunental para a consagração do operariado urbano marcam O quadro dos primeiros anos da Revolução de 1930.
2~ novo regime político, recebe pouca atenção. Fica evidenciado ..9,ue a Rep~ Corri-iSSO, a populaçao bras4eira passa a aumentar a pressão em tomo de reivindi·
r~r.~ya a sep~o já existente entre aeducaçã? oferecida nas escolas secund~ cações, eclodindo inúmeros movimentos .
i/li ~. superiores às elites do país e a educaçao popularãas escolas primárias e profis. Para resolver a crise, o Estado deveria ser reformulado i! fim de se ajustar à
sion3.1s, Isto porque a União se responsabiliza pelo Ensino Superior em todo o país nova conjuntura econõmica e política, e era este objetivo o elo unificador dos gru.
(privativamen te), pelo e nsino ·seCu~dárionos.E~tados,(não privativamente) e·pelo pos que apoiaram Getúlio Vargas na caminhada em direção ao poder. Estes grupos
sistema de ensino do Distrito Fedcral~ · enquanto·os Estados incumbem·se de orga· d~fendiam idéias conflitantes , pois uns desejavam mud3!.lÇ.~.lofun..d.a.s e outros,
nizar o ensino primário e profissiórialiiante ; Ja!'p-3J.1.ilha de reSjJonsabilidades con mais conservador~ defendiam modi.ficaçõeUlUidi cas ou pessoas diferentes nos
o' sagra a existência de dois sistemas de ensino~e o :esta~ . poStos de poder.. ... - . .•
1
.;.ú' , :f: ,:S-A questão da überdade de ensirio está inscrita no item quê menciona o livre Gttúüo Vargas assume o govemo' em carltter provisório e enfrenta inúmeros
'1' c exercício de atividade in.telectual. li.':, i .. . - -' . --:--s, conGitos, devido às divergencias de interesSes dos grup9S que o levaram ao poder.
O aspecto novo e gerador de muitos conflito~rmaç~o do _efl~ino leig~ No início deste novo governo, destaca·se o conflito entre os tlnentes defensores
.llas..J!ScoJas p,ibücas, mostrando um momento de ~.ão entre a Igreja e o~o , _ de mudanças profundas e de um governo forte e centralizado e aqueles desejosos
A gratuidade d? eQ,sino primário não é considerada pela Constituição de da nova constituição, Em 1932, eclode a_B,..eJ...Pluç.ão-.Co~Q~ de São
1891, mas pelo Decreton9. 510, de . 22·06·1890, do então Governo Provisório, Paulo~~U-..Ç..Qntra a crescente centralização dO.Jlodçs....QQ
onde se le nO I~item-59: "O 'ensino será leigo e livre em todos os graus e .sovemo federale.m_detrimento .da . autonomia conquistada pelos Estados com ~
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Proclâmação da República. O Governo federal ·sufoca este moViíIlento; em 1934 173
-, i~ir_:;_~:~ ~;;~tc':-;·' :~_ · ( ~ :, -- .. -- - - _.
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~~ COllStituição e neste momento Vargas alif'.h~-se com os grup'os re \
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presentativos dos inte resses mais cons~r/adores. 'bra manter·se no pod~r, Getúlio
Varg'as p.Jocura atend er às pressões das Forças Armadas e de poderosos grupos da "
'defendida como agente capaz. ,\
" e!h~ oligarquia rural d~tentora inclusive do processo eleitoral. Esta duQls:.illt~;:. ·,.
de ação política acirra os ânimos e as virias facções radicalizam seu pensamento:
.Xp~~piciando mobg.hl..~q<;"~.9cj51.
~~ . AS ideologias educacionais eram conflitantes; assim convém destacar as li-
r esquerda e direita tentanl afrontar o Governo, de~onstrando seu desagrado com t'nhas centrais da pensamento dos grupo,~ mais intluentes.·
.- (' a política federal. -. Pelos anos 20, o ~~ colocou-se favoravelmente a
\
,- I, D~staca-se no campo ideológico, neste período, a figura de Francisco Cam- certos tem'as educaci6riàís, ~~2.=Ld~.~~a da escola P.iÍ.bii.ç,~_&!:at\1_ita..Lde..LtiMd.a.
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pos . Corno Secretário do Interior de /l-tinas Gerais, agiu de modo que Minas se a todos, a sua ~uestão fundamentáI. A educação igual para todos propiciaria a
alinhasse com os ven~edores da Rc:volução de 1930. Como sua secretaria era res igualdade de oportunidades e, no processo de escolarização, apa-::eciam os diíeren·
ponsável pela educação, Campos promove várias reformas no setor, realiz.a a Se tes talentos, fruto das qualidades de cada um. Os outros ponto> defendidos eram:
g':!rlda Conier~il..Na.c.ionaLdLEducação em..Belo Horizollte, em 1918, e convida a ed\!cação como dever do Estado, o ensino leigo e .um c~onjunto de princíp~
-_
eJucadore's europeus defensores de uma filosofia de educação nova.
Em ~Q, Francisco SMn-RQ.s..passa a ltuar
.. _- .
nof&!'~.lJlll.federal,
ficando no
dagógico inovadores, como o ensino auvo, a apro:umaçao da e~cola com a ~:.
~ .
O Mov4nento da Escola Nova afirmou, no campo educacional, várias figuras,
seu cargo em Minas Gerais Gustavo Capanema, que terá grande papel no governo
com pensamento nem sempre coincidente e com vida pública d: maior ou menor
Vargas, anos mais tarde. Francisco Campos passa a elaborar um projeto político
destlque __o\lguns foram duramente criticados pela Igreja e não encontr:u:am espa·
assentado numa proposta d&nsora de ')J.m governo forte, ~~~~~o-,~~ ':f!1a,ict.3~.I~_:J '-"'; >0', ço para infundir ruas. idéias; Lourenco Filho, no entanto, atuou como ~
gia social bem definida"s .s;ap,M de sepultar a vellia políÜCÃ-ciligái.Quic3.,)nas que r .
Capanema no Ministério da Edu5_ação e Saúde,
_desprezaVl a democracia liber'!l. Para alcançar seu if'~tento, julgava necessário agir
\ em duas direções : na áreii política, procuraria substituir a estmtura política, crian A outra força, a 19reja, 'lia a educação como meio import:ulte para o exerç"i·
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do a L~giã~(QiJ1UllrO:) e, ao mesmo tempo, atua.ria no sentido de envol'/er a cJ9-d.e...gY-llapel pol ítico. .
·'Ü Francisco Campos não obtém IT1uito sucesso no canlpo da mobilização poli-
~ tica, mas a idéia de Ufr. "pacto com a 19reja" obteve sucesso e teve consequencias "~,~ ~'- certas medidas OfiCl3lS conslde radas flagelo da familia brasilctri .9 Para conquls
. ...: .~ duradouras e profundas .' ,.;. '<:. ~ tar sua área de influencia, a Igreja utilizou vârios recursos: ~bücacão de livros e
. ..,
..;
Nomeado Ministro da Educaç~o (do primeiro Ministério de Educação do
'. :.U ~ ~s, atuação da Uga Elei toral Católica na Campanha eleitoIaI de representar.
i f:". tes na Assembléia Constituinte e ou tros. .
Brasil) reafirnla sua posiç:l:o em relação à Igreja; esta forneceria ao regime a ideo ~ ' .. .
logia que o forta!ec~.ria, Estas idéias serianl concretizadas com a afirmação, na '1 .- ;.~ De modo oposto ao grupo da Escola Nov~a critica o ensjno laico, "
. ~~ a escola única, a co-;educação, a lflterterencla dõ .~a edl~~ "
.~-:,
Constituição, da religião católica como a da maioria da população brasileir:l. e
:J do "ensino facultativo da religião nos estabelecim~ntos de ensino primário e se ;r 'j" de do enSIno, I, , -- ... - _. " . _
" cundário". S . ~ ~; ~ atividades da Constitulnte têm início neste contex.to IDeum lado, a_
;-- -ft ' '> !S~_ C~-eE~~Õ1encaminhii suas propost1, onde se desta
. ',ensino religioso facu ltltivo nas escolas públicas e o direito natural dos pais à edu:
A aproximação rie VargaS ccim a ig~eja teve resultados imediatos: em l2.~.
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_G1Já~ Capanema assumiu O Ministério da Educaç~~~.Jl.a!!4~_~ a Assembléia
:~ c~ dos fj]ho~C:_ LO'" " - r ,
~nsti(1Iloteae . .12J.4 aprQ.'LQu as "emendas religi.ill,as". Nos seus onze anos como
~ .. :' . O conflito foi conternporizadp . .A~~se;nbJéi~_Coll!itit!lÍnlLa(llo'i.O.u...àuJs. J
1 . Ministro, Capaneml perrnmeceu ]",al a .iliu de .~so Lima, cuja influencia é " .. ~.. "emendl,S re~gios~:': o _nome de D~us él. invOCa?o no pre3m. b.ulo do ant~projet':'1l
significativa, principalmer:te em · re;z.ção ao contelido das reformas promovidas , ~ .de ConstltUlçao e a relaçao en~re IgreJa e E.stado..Lreúab.e.l.eJ:iru'_ Li V.." ,) ,"' c ' " • V
í:;
I) por Cap:menu. '. A Constituição de 1934, considerada a mais liberal, recebe t~bém críticas
. Co;no Getúlio ,var'gas não deu d~staque à educação no seu programa de ,à'p-üstura conciliadora, .lliLªtend~~ontos de fendidõSPêlos católicos e
.-'1 pelos partidários das "idéias novas'iCon'lém mostrar que, do ponto de vista for- ,
Governo. o Ministro da Educa.x.ão atuou com relativa lutonomia e, desse modo, a
ínãJ; esta Constituição é redigida :de modo mais organizado e dedica um capítulo
~" I~[eja~de ~nciiU_Q:'SQnlcido de v<i,tiaLin.içialli:!~ucacionais deste J:::_
!J 174 . nodo, • . . à.,Educação e Cultura, 175
/'
, ))"
\
- =--
ser m1Jlíiliaga Ee.a amília e pelos poderes públicos". - -
~
\ Os at1iíLos 150 e l 5 ljapresentam as competências da União e dos Es~ e
-
A CONSTITUiÇÃO DE 1937
do Distrito Federal. ~-
Para a União são defmidas tarefas mais gerais : .f}xação do Plano Nacional de O . "Estado Novo." foi o regime institu ido no Brasil em 10 de novembro
de 1937.
;;ino; libe rdade de ensino; ~ino em I Úlgua portu.&lJesa; exames de seleção nos es rios passaram a pressionar agudamente o Governo; ocorreram movimentos de es
tabelecimentos de en3illíl.J!m.la~d~da superior à sua capacidade . querdae de , direita, dando a Getúlio Vargas os elementos necessários para conven
1934, Getúlio Vargas não podia ser reeleito . .A-disp_u_ta!r,,"vava-.se _erltre_ José_Amé~
mesmas funções do Conselho Na.do.ru.Lde Educação. í Armando de Silles Oliveira, apoiado pelo Rio Grande do Sul, desagradava
\ OsEstados responsabilizam-se 1pela organiz.ação e manu te!!5ão de seus siste..: \ a Getúlio Vargas que, ao mesmo tempo em que incentivava a campanh7e1eITõrãr,'
mas de ensmo. _, passou a tomar !Ilf.d.idas_c.oruraditfuias: interveio em aJg1,1_mJsJJ!.d.Q_L!l~g.9_
o ensino religioso adota a solução da freqüência facultativa e horário obri I _governadores confiá\eis, libertou políticos esquerdistas e ap.?.Í0u a campanha de
gatório nas escolas públicas do nível primário e médio. \ PI_0iy Salgado.
~plQ.clamad a-,\ liberd ade...d.e_d~~~ - Os políticos temiam pelo pior, e em junho de 1937 Vargas solicitou ao Con
Um aspecto inovadC'r desta Constituição é a atenção dada aos instrumentos gresso a aprovação do estado de sítio, O gúe lhe foi negaTo.
necessários à implementa.;:ão dos princípios defrnidos para a educação, como a
gratuidade e extensão do ensino para todos . Trata-se do financiamento da educa
------ A 9 de novembro de 1937, SalIes Oliveira, discu~ando
no Congresso Na
cional, afirmou haver no governo partidários da "prorrogação pacífica ou violen
_~J!nião e os Muni.0pios obdgam-se a despender "nunca menOS d~ da renda ~Q.d~_n=mbro..d.e 1937, o Congresso foi cercado pelo exército, e
result:mte dos impostos" com educação e 'õs Estados e o Distrito Federal ''nunca Vargas convocou o Ministério, outorgando a Constituição. elaborada há bom
menos de ~'. .' ' ''~~.vF ''.':;:.:.'';' , '" , tempo por Francisco Campos. -
{
~ O [l3rágrafo l0 doaí-tig(h5:r~d'ã'Os" ;'fllnAós especiais" com recursos desti De 1937 a 1945, o poder foi centralizado no Presidente Vargas. Pariu.QJ1Sfr
nados à educaç~. Uni.-dQ:s..:objetivos'dos fundo-s é o auxilio a ser prestado aos lidar o re~~ carente de unidade doutrinária, Vargas exilou os inirni~cercou-
~l'DOS pobres compree nden do maÚ~dal escolar, bolsa de e,;tudo, merenda e assis ·se de governos estaduais ad:ptos de su'. política. Os industriais e comerciantes' •
<CO==== _ ••
Completando a modernização do sistema escolar, a Constituição de3 . A Igreja, no inicio, fez-lhe ciíticas, mis h abilidosamente foi desfeito o
jnstitui o concurso de títulos e provas para os cargos do ~agistério público $..jI, desentendimento. Com o pres,tigio assegurado, y'yg~iniciou aconst[]!Ç.~~
vit~ade e inam ov ibilidade nos cargos. - Estado (ort.e__ com um sistema político-administratÍ'{Qs.~MLali~do sepJ.1Jtando a
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::J..:>.;r_-<;"r",- "", ·::-;~ ·",ll::.","""3"
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""D,"·. -=""_"",,=,,,,,,=""'~~-~~~--~---~----
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No plano econõmico, ~arg2,â_ defendeu um desenvolvimento nacionalista, No plano mais geral no artigo 15, item rx, e reafirmada a competéncia da
priorizando o setor industrial, obtendo grande sucesso. União na nxação de diretrizes e bases da educação nacional.
A estrutura social também se alterou; a oligarquia rural entrou em franca A Constituição de 1937 vigc até 1946. Neste período encontrarn'$e impor.
. ~ecadé ncia e novos es ~~~s_sociais s~rgiram com atuação marcante, S~ <)s no tantes ini ciativas educacionais realizadas pelo Ministro da Educação e Saú de , Gus
vãs nco~, 57a.silei·f ósóu imigran"ES":"A classe operiria urbana cresceu c estavãmãis tavo c.apanema. .
or~ãiiiZàdr,em-bo ta o Es tadQ Novo reprlmisse duramente as suas manitestaçoes.
A legisLação social foi exaltad~ pelos órg:Ios de propaganda dó governo e os sindi· Os embate s ideológicos travados em relação à educaç:lo no início dos anos
catos viviam sob o controle do Estado. --- ,. 30 haviam declir.ado e o Estado Novo colocara no ostracismo os nomes mais no.
----------------------------
A Constituiç<fo de 1937.12L.rciigirla., como' j á dissemos, pelo princioal
táveis do Movim~nto da Escola Nova. No Ministerio da Educação e Saúde, Capa.
nema é assessorado, com alguma.s exc~ções, por gru pos mais conse rndores.
ideólogo do Estado Novo, FrançisÇQ(amp.os, cujo pensamento político sintetiZa.
va'Se na condenação do liberalismo e da participação, bem como na defesa da di·
As ideias de Francisco Campos, Azevedo Amaral e Lourenço Filh o expres
r tad~~<I .cLas_rn~~~/l-----" -. , -_ . .... .
sam uma doutrina compatível com os fins da educação adequada ao nol'o regime.
I Em relação à educaç:!o, Ca..-npos foi o primeiro adepto das idéias da Escola
\\
Mas este pensamento não chegou a se concretizar, pois as reformas do sistema
\ Nova, ~do Secretário do In\t!rior em Minas Gerais e defensor do descnyqlri escolar ocorreram no m()mer.to em que o regime jâ'mostrava slnais de sua crise.
m~to d.9......ho~_com "iniciativa, espírito critico e -mdependéncia d~jufzo, I As reformas educacionais levldas a cabo por Capanema,-ª-2.M.UJ.M..J.931. são coe
Mas como Ministro da Justiça do Estado Novo suas idéias sobre educaç:io
)
rer;t~maCónStífüíção]fr9~, _q~BPI!l.d2.~~ellsi!1o .sec~dári~~~~' r~2
destinado àselites.e ,?_ensino P!ojiss io!l~g~t~. ~()~_me~os!av~:'~~.():'..c.~!ll.~~
J ÇI1edi~as, a Constituição de 1937. e os atos .educa~ionais de CaP<l!.lema reforçam..2_
( dualismo~t~~_e-m.c)c·rá2icoda educação brasileira.
esta'lam de aco rdo ,;om o nuvo regi.rr.e pai itico; afirmav~9.ue a.MIIlc;a.ção "pres
~:"'.i •.
..
------:-------......,-~'~" '~ , -~---,
A gratuidade e obrigatoriedade são garantidas para o ensino primário, não industrial. Neste período predominou o estilo político populista, iniciado com
especifican do, porém, a faixa etária abrangida por estes dispositivos legais, Quanto Getúlio Vargas e extinto com a destituição do poder de João Goulart, 16
aos níve is de ensino subseqüentes ao primário, a gratuidade atingirá os alunos De 1930 a 1964, o modelo político e o modelo econômico, objetivando a
carentes de recur.;os, Em matc'ria de ensino primário, estabelece a cooperação expansão industrial, desenvolveram-se dentro de relativa adequação , No momento
das empresas indllstriais, agrícolas e comercLais, obrigando-as a manter escolas em que teve início a entrada do capital ,estrangeiro, o equilíbrio entre a economia
para os seus funcionários e seus ftinGI , o. que originaria, posteriormente, o salá e a política começou a desestabilizar,e o desenvolvimento do país passou a neces
A profissionalização do trabalhado r menor deve ser garantida pelas empresas lista implicava uma mljdança de ordem econômica e social de esquerda ou a ado
industriais e comerciais, em cooperaçao com o Estado, ção de nova ideologia - o desenvolvimento interdependente - defmindo a poli,
O ensino religioso, de matricula facultativa e constante no horário da escola, tica e a economia ligada ao capital internacionaL O golpe de 1%4 escolheu o
segundo carninho,
deve atender ao credo religioso declarado pelo aluno ou por sua fam ma_
A liberdade de cátedra é consagrada e reafirma-se, como em 34, a exigência -,- O novo modelo econômico~i:oncentrador de rendd, exigia a redeflnição das
de concurso público de títulos e provas para o ingresso no ensino oficial, garanti ifunções do Estado, através das medidas de fortalecimento do poder e conseqüente
da a vitaliciedade do cargo, / enfraquecimento de outros setores; maior controle do Conselho Nacional de Se
Desenvol~imento_1 a
caráter supletivo para atender as regiões deficitárias e o dos Territórios; para os no campo t'ducacior.al agudizada pela , crescente demanda pelo ensino, afetando
Estados e o Distrito Federal, a organização de seus respectivos sistemas de ensino, o sistema escolar no sentido de alcançar modemização cornpat(vel com o novo
modelo ,e conõmico,;'
influencia das correntes conservadoras, do seguinte modo: a expansão do ensino derados como conquista da população e necessários à democratização do ensino
foi contida em face da demanda por educação dai canJadas populares, já que a são eXcluídos ou modificldos substancialmente, Ao lado de posicionamentos nada
legislação criava a "rig;idez, a inelasticidade, a seletividade e a discriminação"; populares, aparece o dispositivo que garante a gratuidade e obrigatoriedade do en
a ou tra forma de controle da educação operou ria estrutura do ensino orientada sino primário dos 7 aos 14 anos de idade, nos estabelecimentos públicos; a exten
por valores dos grupos dominantes, "ligados à velha ordem social aristocrática e são da escolaridade primária era objeto de lutas desde a elaboração da LDB nO
do ramo de ensino que assinalava a ascensão social l S Especificando estas questões, merece 'atenção a possibilidade de ajuda
tabdecida a obrigatoriedade de vinculação de parte da receita de impostos para o o exarne das várias constituições brasileiras rev ela que nenhuma é superior
ensino, defmindo-se: "nunca menos de 13 por cento" para a União e "nunca à outra, ma.s que em cada período histórico a Constituição estava adequada à
sociedade do momento.
men os de 25 por cento" para os Estados, Municípios e o Distrito Federal. 19
No plano geral de organização do sistema de ensino, o Capitulo II estabele A analise das Constituições mostrou ser o liberalism o o seu ideário orienta.
ce a competência da União na elaboração do Plano Nacional de Educação; o arti dor. A ideologia libera! tem servido à bu rguesia para deUnfar 03 limites da ação
go 99 deste Capítulo dispõe sobre as relações de colaboração entre a União, E~ estatal quanto aos objetivos, seja no campo ecunõmico, s~ja no ,aeial e político,
de modo que o Estato intervenha eliminando as oposições ao domínio do ca
tados, Municípios e o Distrito Federal e as Igrejas, "notadamente no setor educa pitalismo.
cional" e, finalmente, que compete à União legislar sobre as diretrizes e bases da
educação nacional_ O Estado atua de modo normativo, prestando serviços COnlO na área educa
cional . As classes dominantes nem pensam na saída do Estado destes setores
Alguns princípios orientam a legislação do ensino pós Constituição de
.:riando limites , porém para que as camadas politicamente [[1ai s fracas utilize~
1967: obrigatoriedade do ensino primário em língua nacional; gratuidade, como
destes ser/iças de modo pleno. As camadas populares, por seu lado, esperam que o
já foi afirmado anteriomlente, atingindo a faixa etária dos 7 aos 14 anos; nos ní· Estado ofereça todos este.\ serviços de interesse social. Estas duas posturas diferen.
veis ulteriores ao primário, será "gratuito p;lfa quantos, demonstrando efetivo tes deverão estar presentes nas discussóes desta nova Constituinte .
aplOveitamento, provarem falta ou insuficiéncia de recursos"; além desta medida
antidemocrática afirma-se que o Poder Público poderá substituir o sistema gratui Alguns temas sigclificativos, como o papel do Estado, mudanças estruturais
to "pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o posterior reembolso no caso no sistema político e econômico, as relações do Brasil com o eXl~rior mostram as
de ensino de grau supnior" (artigo 168, parágrafo 39, item IlI). modificações operadas, pós-1964, no processo do desenvolvimento brasileiro.
As questões intem.s de ordem econômica e social ainda exist~m com a intensi
Os Estados e o Distrito Federal são résponsáveis pela organização de seus I·
dade e significado de 1%4. Os resultados do crescimento econômico do país
,istemas de ensino, enquanto a União se incumbe do etlsino nos Territórios, seno receberam distrihuição desigual. O sistema escolar, de modo eSj1(cífico, apresen.
do o sistema federal de natureza supletiva, conforme as necessidades de cada
ta-se com inúmeras deficiencias e não atinge toda a população em idade de escola.
região do pais. rização.
As empresas industriais, agrícolas e comerciais obrigam·se a manter ensino
Atualmente, estes aspectos constituem tema central nos debates e anseios
prirnirio gratuito para os empregados e seus filhos e, em cooperação, atividades da populaçio bnsileira. .
de apr~ndizagem .
A Constituição, ainda que democrática, não produz a mudança social e
A Emenda Constitucional n9 1, de 17 de outubro de 1969, mantém as pres econômica do país, mas é n~cessária, .pois pode sig!1ific:\r a e;(pressão de que o
crições da Constituição de 1967, ressaltando as seguintes alterações : "a liberda povo deseja uma sociedade mais justa onde todos possam participar em igual.
de de comunicação de conhecimentos no exercício do magistério", ressalvado o dade de condições. .
disposto no artigo 154 com a redaçao: "O abuso de direito individual ou político,
. com o propósito de subversão do regime democrático ou de corrupção, importará
a suspensão daqueles direitos de dois a dez anos ... " NOTAS E REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
No. tocante à colaboração das empresas para o ensino, a no'IJ redação adi
cionl a contribuição do salário-educação para o des.e nvolvimento do ensino pri 1. DALLARI, Daimo de Abreu. COllsn·ruição e consciruince. 2. • d. São Paulo, Saraiva,
mário. O parágrafo único do artigo 178 dá nova redação às obrigações das em· 1984. p. 21.
presas quanto às condições de aprendizagem dos trabalhadores menores e à prepa 2. ROMANELLl , Onu. d. Oliveira. Hirrdria da edi<eação 110 Brasil - /930 /1973. PWó
ração de pessoal qualificado. polis , Vozes, 1978. p. 39.
3. HAlDAR, Marü de L. M.,iott o. A instrução popular no Brasil , a"I.:s da república. In:
A Constituição de 1967, ao repetir o espírito da Carta Magna de 1946, BREJON, Moyses, arg. DrfIJlUra e ;iá',ciqnameneq do ensino de /0 e 2? graus. 11. ed.
rel'ela que o capitulo sobre educação não reflete o ideário orientador das refor· ·S50 Paulo, P'oneira, 19 78. p. 39 .56. .
mas do ensino de 19, 29 e 39 graus, inscritas nas Leis n9 s 5.692/71 e 5.540/ 68, A auto ra. mosua que a,S deficiências quantitativas e qualit~tiv3.s do ~ nsino público, n~.ste
r"sp ec tivarnent~. Afora o dispositivo sobre a extensãó da escolaridade para oito período, princip.a~ne n t< <m relação ao nivel secundário,. podem Ser atribuído s à omis.
séries, é nessa legislação que se encontra a orientação do sistema de ensino tendo são do poder público, ;rerrnitindo, assim, a cresc"nte privat(zação do <nsino.
como fim a sua modernizaç~o e unifomlização. 4. RIBE[RO, MariJ Luiz. Santos. Hiscória da educação brarileira. São P'.\.lo,Cortez eManes,
1978. p. 47.
Concluindo, a Constituição de 1967 reforçou a centralização fundada em S. SCHW.-I.RTZM AN , Simon; BOMENY, Helena ~[aria B. & COSTA, VúndJ Maria R. Tempos
motivos ideológicos e eC0nõmico-financ~iros, manteve as disposições de 1946 e di! Capanem~. Rio do Jaooiro, poz e Terra/ Editora da UniversidJdr de São P"ulo, 198 4.
182 estimulou e reforçou a privatização do ensino, marcad<!!Tlente o superior. p.36. 183
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