Вы находитесь на странице: 1из 62
Parte V FASE DE ANALISE DO MATERIAL QUALITATIVO H Os prsoursapores cosrumam ENCONTRAR TRES grandes obstéculos quando iniciam a anilise dos dados reco- Ihidos no campo (documentos, entrevistas, biografias, resul- tados de discussio em grupos focais e resultados de obser- vacio). O primeiro deles é 0 que Bourdieu denomina “ilusto da transparéncia" isto 6, a tentativa de interpretacdo espontanea € literal dos dados como se o real se mostrasse nitidamente ao observador, Essa “ilusdo” € tanto mais perigosa quanto mais o pesquisador tenha a impressao de familiaridade com o objeto. Portanto, analisar, compreender e interpretar um mate- rial qualitativo é em primeiro lugar, proceder a uma supera- ‘o da sociologia ingénua e do empitismo, visando a penetrar nos significados que os atores sociais compartitham na viven- cia de sua realidade. © segundo obstéculo € 0 que leva o pesquisador a su- cumbir 4 magia dos métodos ¢ das técnicas, esquecendo-se do mais importante, isto é a fidedignidade & compreensio do material e referida as relacoes sociais dinamicas e vivas. Como orientadora de tese e avaliacgao de livros e artigos é 0 que mais tenho encontrado: uma tendicéo do investigador as técnicas, 300 fase de anélise do material qualitativo pondo-as no huigar da essencialidade dos significados e inten. cionalidades. Como ja referi inicialmente, repito aqui: méto. dos ¢ instrumentos so caminhos e mediadores para permitiy ao pesquisador 0 aprofundamento de sua pergunta central e de suas perguntas sucessivas, levantadas a partir do encontro com seu objeto empirico ou documental, O terceiro obstéculo, também recorrente na interpretacao dos trabalhos empfricos, € a dificuldade que muitos pesqui. sadores encontram na jungio e sintese das teorias e dos acha- dos em campo ou documentais. f muito comum que os pes. quisadores apresentem denso capitulo metodoldgico ¢ teérico © ao final, quase como um apéndice, descrevam em um ou dois capitulos sua visio sobre o trabalho de campo, geral- mente, sem apropriacio das teorias descritas Uma andlise do material recolhido em campo ou documen- tal, em termos muito gerais, busca atingir trés objetivos: + ultrapassagem da incerteca: dando respostas as perguntas, hipéteses e pressupostos; + enriquecimento da leitura: ultrapassando o olhar imedia- to e espontaneo em busca da compreensao de significacdes e de estruturas de relevantes latentes; * integracéo das descobertas, devendando a légica interna subjacente as falas, aos comportamentos e as relacées (Bar- din, 1979, p. 29). Sendo assim, a andlise do material qualitativo Ppossui trés finalidades complementares dentro da proposta de investiga- so social: (a) a primeira € heuristica, Isto 6, insere-se no con- texto de descoberta a que a pesquisa se propée. (b) A segun- da é de “administracao de provas", que se realiza por meio do balizamento entre os achados, as hipoteses ou os pressupos- tos. (c) A terceira é a de ampliar a compreensao de contextos culturais, ultrapassando-se 0 nivel espontaneo das mensagens (Bardin, 1979). Para a realizacao das andlises, varios caminhos sao pos- siveis ¢, praticamente, todos eles dependem da corrente de fase de andlise do material qualitative 301 pensamento a que o investigador se filia. No entanto, tam- bém nesse ponto existem problemas, pois, ao se fazer uma metandlise das pesquisas qualitativas se observa, freqiien- temente, que os investigadores tendem a ocultar a alquimia que usaram para transformar dados brutos em descobertas cientificas. Minha intencao nesta parte do estudo é discutir essa fase de uma pesquisa social, trazendo a luz possibilidades te- ticas e praticas de anélise do material qualitativo. Trabalharei com trés modalidades de andlise j4 consagra- das: (a) Andlise de Contetido, expressao genérica que designa o tratamento de dados qualitativos. Trata-se de um conceito his- toricamente construido para dar respostas tedrico-metodol6- gicas e que se diferencia de outras abordagens. A mais impor- tante autora dessa modalidade é Bardin (1979). (b) Andlise de Discurso concebido para trabalhar com a fala e sett contexto, sendo utilizada como alternativa as praticas de andlise de con- tetido tradicionais. Seus expoentes mais importantes sio Pé- cheut ¢ atualmente toda um escola de intérpretes do campo de comunicagao; (c) Andlise Hermenéutica-Dialética, proposta por Habermas no seu didélogo com Gadamer (1987) como uma uma terceira alternativa que superaria 0 formalismo das andlises de contetido e de discurso, indicado “um caminho do pensamento”, Indluirei, ainda, uma reflexio pessoal, ope- racionalizando a abordagem hermenéutico-dialética e uma proposta de triangulacdo de métodos qualitativos e quantita- tivos, tendo em vista que hoje essa estratégia vai se tornando freqiiente nas andlises do setor satide. Neste estudo, aos discutir as tés modalidades mais comuns, dou preferéncia 4 hermenéutica dialética, Minha escolha fun- damenta-se na busca de um instrumental que corresponda as dimensées ¢ A dinamica das relagdes que se apreendem numa pesquisa que toma como objeto a satide em suas mais variadas dimensées: concepges, politica, administracéo, configuragio institucional, representacdes sociais e telagées.

Вам также может понравиться