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ÂMBITO DA JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS

I. Determine se os seguintes litígios devem ser julgados na jurisdição administrativa e, em


caso afirmativo, indique o tribunal concretamente competente para o efeito:

a) A., residente em Cascais e aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,


pretende impugnar o atual Regulamento de Avaliação, por considerar algumas das
suas normas violadoras do direito fundamental ao ensino.

b) B., residente em Lisboa mas proprietário de um terreno em Vilar de Besteiros,


pretende impugnar uma licença de construção atribuída pela Câmara Municipal de
Tondela relativa a um terreno próximo do seu.

c) C., empresa com sede na Amadora, pretende impugnar a validade do ato de


adjudicação relativo a um procedimento pré-contratual para a aquisição de
computadores promovido pelo Município do Porto.

d) D., empresa cuja proposta foi classificada em segundo lugar no âmbito de um


concurso público promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tendente à
celebração de várias empreitadas na cidade, pretende impugnar o contrato que
acabou por ser celebrado entre a SCML e a empreiteira Gruas & Gruas, S.A., do qual
consta uma cláusula atributiva de competência ao Tribunal Administrativo e Fiscal
de Sintra.

e) E., empresa que celebrou um contrato de prestação de serviços informáticos com a


EMEL ― EMPRESA MUNICIPAL DE MOBILIDADE E ESTACIONAMENTO DE LISBOA, E.M.,
S.A., pretende demandar esta última por atrasos no pagamento de algumas
prestações, contendo o contrato entre ambas celebrado uma cláusula atributiva de
competência, para o julgamento de quaisquer litígios emergentes da respetiva
execução, ao Centro de Arbitragem Administrativa (CAAD).

f) G., trabalhadora afeta aos serviços do Instituto da Conservação da Natureza e das


Florestas com vínculo de contrato individual de trabalho pretende contestar
jurisdicionalmente o despedimento de que foi alvo.

g) H., residente em Aveiro mas de passagem por Lisboa, pretende propor uma ação de
responsabilidade civil extracontratual contra a VALORSUL, S.A., responsável pela
recolha de lixo na cidade, em virtude dos danos que sofreu depois de ter sido
atropelado por um camião do lixo daquela empresa.
h) I. pretende propor uma ação de responsabilidade civil extracontratual por ato
jurisdicional contrário ao Direito da União Europeia em virtude de uma decisão do
Tribunal da Relação de Lisboa transitada em julgado.

i) J. pretende impugnar o ato de aplicação de uma coima praticado pela Inspeção-Geral


dos Ministérios do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia e da Agricultura
e do Mar (IGAMAOT), por violação de normas ambientais.

j) K., residente em Beja, pretende impugnar o ato de aplicação de uma coima praticado
pela Divisão de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, por violação de normas
urbanísticas.

k) L., residente em Leiria, pretende impugnar o ato de declaração de utilidade pública


(inserido num procedimento de expropriação) praticado pelo Município de Viseu em
relação a um imóvel aí sito.

l) M., residente em Faro, pretende consultar os arquivos administrativos relativos ao


seu percurso académico na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que
lhe negou a disponibilização dos correspondentes documentos.

m) N., funcionária dos serviços da Assembleia da República e residente em Sintra,


pretende impugnar as novas normas regimentais que regulam os horários de tais
serviços, aprovadas pela Presidente da Assembleia da República.

n) O. pretende impugnar o ato de liquidação de uma taxa aplicada pelo Município de


Lisboa, tendo proposto a respetiva ação impugnatória junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa.

II. Comente, sob a perspetiva do âmbito da jurisdição administrativa, o Acórdão do Tribunal


dos Conflitos de 22.03.2018, através do qual se decidiu que “incumbe aos Tribunais Judiciais
o julgamento de uma ação instaurada por depositante em banco intervencionado, contra
aquele banco, o respetivo gestor de conta, o banco de transição e o Fundo de Resolução,
sendo pedida a condenação solidária de todos os Réus”.

III. Comente, sob a perspetiva do âmbito da jurisdição administrativa e da competência dos


Tribunais Administrativos, o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 2 de julho de
2015, Proc. n.º 0637/15, através do qual este Tribunal se declarou absolutamente
incompetente para a apreciar o pedido de “suspensão da eficácia do Decreto-Lei n.º 181-
A/2014, de 24 de dezembro”, que aprovou o processo de reprivatização indireta do capital
social da TAP – Transportes Aéreos Portugueses, S.A.
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PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS GERAIS RELATIVOS ÀS PARTES

I. Comente o Acórdão do STA de 29.10.2009, Proc. n.º 01054/08, através do qual se decidiu
que “não tem interesse pessoal e direto e, por isso, carece de legitimidade ativa aquele que
pretende a anulação do licenciamento de uma grande superfície comercial com o
fundamento de que a sua entrada em funcionamento abalaria seriamente a atividade do seu
estabelecimento comercial, tornando-o economicamente inviável e que tal conduziria ao seu
encerramento e ao consequente despedimento dos seus trabalhadores”.

II. Comente, sob a perspetiva da legitimidade e do interesse processual, o Acórdão do STA


de 14 de julho de 2015, Proc. n.º 0549/15, através do qual se julgou uma providência cautelar
destinada a travar o processo de subconcessão da Metro de Lisboa e da Carris.

III. Na sequência de aplicação de sanção disciplinar de descida de divisão pela Comissão


Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol ao clube F.C. Axadrezados, os jogadores do
mesmo clube pretendem impugnar a referida decisão, alegando, para o efeito, a perda de
visibilidade e de estatuto a que ficarão sujeitos como jogadores da 2.ª Liga. Sentindo-se
igualmente prejudicados com a decisão da Comissão Disciplinar, os principais
patrocinadores do clube preparam também uma reação judicial, que incluirá igualmente um
pedido de indemnização.

a) Em que tribunal deveriam ser propostas estas ações?

b) Supondo que as respetivas ações seriam propostas perante um tribunal


administrativo, pronuncie-se sobre a legitimidade processual dos jogadores e dos
patrocinadores do F.C. Axadrezados.

c) Imagine que o Ministério Público pretende igualmente impugnar a decisão perante


um tribunal administrativo. Pode fazê-lo?

d) Imagine também que uma claque organizada do clube pretende reagir


processualmente “até às últimas consequências”, invocando, para o efeito, o
“interesse público da verdade desportiva”. Pode fazê-lo?

IV. 120 dos “lesados do papel comercial do BES” pretendem impugnar a medida de
resolução adotada pelo BdP no dia 3 de agosto de 2014. Não sabem, no entanto, se o devem
fazer individualmente, em coligação, ou se, para o efeito, devem constituir uma Associação
defensora dos seus interesses. O que lhes sugeriria?
V. A. pretende impugnar o Regulamento de Avaliação da Faculdade de Direito da Universidade
de Lisboa. Propõe, para o efeito, ação contra o Conselho Pedagógico da Faculdade, órgão
responsável pela aprovação do referido Regulamento. Fez bem?

VI. A CIMA ― Centro de Inspeção Mecânica em Automóveis, S.A., propôs junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa uma ação de responsabilidade civil extracontratual
contra o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, alegando ser ilícita a falta de
aprovação de uma Portaria que habilite, como previsto na lei, a realização de inspeções
periódicas a motociclos. Consultado sobre o caso, o Prof. Albino Fernandes comenta: “a ação
deveria ter sido proposta contra o Estado, não contra o Ministério do Planeamento e das
Infraestruturas, o que significa também que deveria ter sido citado, para assumir a
representação em juízo, o Ministério Público”. Concorda?

VII. B. S.A., empresa ordenada em terceiro lugar no procedimento pré-contratual promovido


pela Secretaria-Geral do Ministério da Economia e nos termos do qual foi adjudicada a
proposta de C., Ld.ª e ordenada em segundo lugar a proposta de D., Ld.ª, propõe ação de
contencioso pré-contratual urgente destinada a impugnar o ato adjudicatório praticado.
Demanda, para o efeito, apenas o Estado português e C. Quid iuris? Tenha em consideração,
a este propósito, o decidido nos Acórdãos do STA de 22.09.2015 e de 12.11.2015, ambos
tirados no âmbito do Proc. n.º 01018/15.

VIII. E., residente e eleitor em Lisboa, pretende impugnar a deliberação da Câmara


Municipal através da qual se atribuiu, a F., um subsídio tendente à publicação da tese de
mestrado deste último, simplesmente por considerar que a mesma não possui relevo
científico digno do patrocínio do Município, sendo por isso ilegal. Poderá fazê-lo?

IX. G., empresa do sector da construção, pretende anular o contrato de empreitada celebrado
entre a Ordem dos Advogados e a empresa F., alegando que o mesmo não corresponde, sob
o ponto de vista dos trabalhos a realizar, aos previstos no Caderno de Encargos. Quid iuris?
E se se tratasse de um contrato de prestação de serviços informáticos celebrado entre a
Ordem dos Advogados e uma empresa do sector, e fosse H., Advogado beneficiário desses
serviços, a querer propor uma ação destinada a garantir a sua boa execução?

X. A Assembleia Municipal de Sintra pretende impugnar uma deliberação da Câmara


Municipal de Sintra, por entender que este último órgão, ao deliberar sobre alteração da
toponímia de diversas ruas da cidade, decidiu sobre matérias para as quais não dispunha de
qualquer competência. Pode fazê-lo?
[3]
AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS; TRAMITAÇÃO DA AÇÃO
ADMINISTRATIVA

I. Em 11 de setembro de 2018, foi publicado no Diário da República um Decreto-Lei através


do qual o Governo determinou que “todos os funcionários públicos do sector dos transportes
da área metropolitana de Lisboa ficam sujeitos a um horário semanal de 50 horas em vez das atuais
40 horas semanais”, medida justificada em função do objetivo de garantir a melhoria da
prestação de serviços de transportes na região. Perante isto, o Sindicato dos Maquinistas
dos Caminhos de Ferro decidiu-se a impugnar aquele que considerava ser um “ato
administrativo totalmente ilegítimo”, violador dos direitos dos trabalhadores previstos no
artigo 59.º da Constituição, do princípio da igualdade, do princípio da
proporcionalidade, do direito à audiência prévia ― uma vez que nenhum Sindicato tinha
sido ouvido antes ou durante a adoção desta medida ― e do dever de fundamentação.
Sob a forma de ação administrativa de impugnação de ato administrativo contra o
Primeiro-Ministro, a petição inicial deu entrada no Tribunal Central Administrativo Sul
no dia 17 de dezembro de 2015. Na contestação que apresentou 40 dias após ter sido
citado, o Primeiro-Ministro invocou (i) a falta de legitimidade passiva do Sindicato, por
não representar todos os funcionários públicos do setor dos transportes da área
metropolitana de Lisboa, mas apenas os maquinistas da CP sindicalizados, (ii) a
ilegitimidade passiva do Primeiro-Ministro para esta ação, (iii) a incompetência do
Tribunal Central Administrativo Sul e, ainda, (iv) a impropriedade do meio processual
escolhido, tendo em conta que o que estava em causa naquele Decreto-Lei era uma
“norma geral e abstrata, não qualquer ato administrativo”. Já após a produção de
alegações por ambas as partes, o Sindicato dos Trabalhadores da Carris veio a constituir-
se como assistente no processo. No acórdão, o Tribunal Central Administrativo Sul, que
não houvera proferido despacho saneador, acabou por absolver o Réu da instância por
intempestividade da ação. Quid iuris?

II. A. é trabalhadora no Instituto Português da Juventude com vínculo de trabalho em


funções públicas. No dia 2 de novembro de 2018 foi-lhe aplicada pelo Diretor de Serviços
a sanção disciplinar de suspensão por 30 dias, por alegadas violações do dever de
obediência. Inconformada, parte de imediato à impugnação deste ato, reputando-o de
inexistente, desde logo por não ter tido conhecimento de qualquer procedimento
disciplinar que pudesse ter conduzido à prática de tal ato. Antes mesmo da apresentação
da contestação por parte do IPJ, emite parecer no processo o Ministério Público,
secundando as razões da Autora, mas alertando, em qualquer caso, que a ação sempre
deveria improceder, por não ter sido precedida do necessário recurso hierárquico,
previsto no n.º 4 do artigo 225.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas. Na
contestação, o IPJ invoca, entre outras exceções, a falta de constituição de advogado por
parte de A. Sem mais, o Tribunal profere despacho saneador através do qual “julga
procedente a exceção de falta de constituição de advogado da parte da A., absolvendo o IPJ da
instância”. Quid iuris?

III. Imagine, na sequência do caso anterior, que, na pendência do processo, o Presidente


do Conselho Diretivo do IPJ viria a anular o ato que determinou a suspensão de A.,
praticado pelo Diretor de Serviços. No saneador, o Tribunal vem a extinguir a instância,
por inutilidade superveniente. Mais tarde, porém, o Presidente do Conselho Diretivo
vem a emitir despacho no qual “substitui a anterior sanção aplicada a A. por suspensão por
20 dias”. A. pretende reagir de novo, mas ouve de um seu Colega, um jurista consagrado,
que já não podia fazer nada, designadamente por, ao não ter reagido logo no dia após
aquele último despacho, já ter aceitado o ato. O Presidente do Conselho Diretivo, por
sua vez, alega que o ato desse último despacho não havia sido sequer notificado ou
publicado, pelo que nada haveria a impugnar. Quid iuris?

IV. B., aluno da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, solicita ao Diretor uma
diminuição do valor da propina. Pronunciando-se sobre o requerimento apresentado, o
Diretor limita-se a “indeferir, por falta de fundamento legal”. B. pretende agora impugnar
este ato, mas ouve de um colega a indicação de que o não poderia fazer, porque ao
decidir daquele modo o Diretor teria simplesmente confirmado a proposta que recebeu
dos Serviços Académicos, pelo que, ex vi n.º 1 do artigo 53.º do CPTA, o ato não seria
impugnável. Quid iuris?
[4]
AÇÕES DE CONDENAÇÃO À PRÁTICA DE ATOS DEVIDOS; AÇÕES SOBRE REGULAMENTOS;
AÇÕES SOBRE CONTRATOS; OUTRAS PRETENSÕES

I. A. requereu à Câmara Municipal de Lisboa uma licença de construção para finalmente


concretizar o seu sonho: construir uma marquise, ao estilo barroco, em pleno Bairro Alto.
Tendo sabido das pretensões de A., logo se juntam ao procedimento administrativo B. e
C., comerciantes que detinham espaços comerciais no rés-do-chão do prédio de A. e que
frontalmente se opunham àquela que julgavam ser uma pirosice da pior espécie. Mais de
90 dias volvidos, e sem resposta alguma da parte da Câmara Municipal, A. pretende
agora reagir, tendo sido aconselhado por um seu amigo, famoso jurista, a (i) propor uma
ação administrativa comum de condenação à prática de comportamentos (ii) contra a
Câmara Municipal de Lisboa, (iii) sendo certo que o deveria fazer no prazo de 3 meses
contados desde o termo daqueles 90 dias. Quid iuris?

a) Imagine que, tendo já sido proposta a ação, a Câmara Municipal viria a


finalmente responder à pretensão de A., indeferindo-a com fundamento na falta
de previsão daquele tipo de marquises no plano especial de conservação do
Bairro Alto.

b) Imagine agora que é o Ministério Público que pretende propor uma ação
tendente a resolver a situação de A. E se fosse a Assembleia Municipal?

II. Analise criticamente, sob a perspetiva dos poderes de pronúncia do juiz no contexto de
pedidos de condenação à prática de ato devido, o Acórdão do TCA Norte de 28 de
setembro de 2006, Proc. n.º 00121/04.0BEPRT.

III. A Associação «Pesca no Bugio» pretende impugnar o Plano de Ordenamento do


Estuário do Tejo, o qual prevê restrições à atividade piscatória dos seus associados.
Alega esta associação que, para além de virem a impor restrições claramente
desproporcionais à luz da Constituição da República Portuguesa ― designadamente, à
luz dos direitos ao livre desenvolvimento da personalidade e da livre iniciativa
económica privada ―, diversas normas contidas naquele Plano padecem ainda de
ilegalidade formal, por não terem sido precedidas da necessária consulta pública. O
referido Plano foi aprovado pelo Conselho de Ministros. Quid iuris?

a) Imagine que a Associação «Velejadores no Bugio», também pretende fazer-se


valer da que julga ter sido a desaplicação com força obrigatória geral que foi
obtida pela Associação «Pesca no Bugio». Ou necessitará aquela Associação de
propor ela mesma nova ação?

b) Imagine que se tratava de um Plano Municipal e que no julgamento o Tribunal


de primeira instância se depara com questões jurídicas de alta complexidade,
novas e que antevê poderem vir a repetir-se em novos processos. Quid iuris?

IV. Imagine que C. tinha concorrido a um Concurso Público lançado pela Faculdade de
Direito da Universidade de Lisboa para a celebração de um contrato de empreitada de
obras públicas relativo à ampliação da Biblioteca; ficou, porém, ordenado em 2.º lugar,
tendo sido selecionado como adjudicatário B. Já depois do contrato celebrado entre B. e
a Faculdade, C. apercebe-se que a Faculdade tinha entretanto concedido a B. na
utilização de materiais de qualidade bem mais fraca do que inicialmente previsto no
Caderno de Encargos; por sua vez, B. estava já a incumprir os prazos previstos para as
diversas fases da empreitada. Quid iuris?

a) Imagine ainda que D., empreiteiro que havia decidido não concorrer àquele
Concurso Público justamente em função da alta exigência dos materiais previstos
no Caderno de Encargos, pretende também reagir.

b) Na sequência da hipótese anterior, imagine que o Tribunal vem a reconhecer a


procedência da alegação de D. e a invalidar o contrato celebrado entre a
Faculdade e C.; fá-lo, porém, num momento em que o contrato já se achava
integralmente executado. Ficará D. sem qualquer hipótese de tutela?

V. E. circulava na A1 a uns razoáveis 120 km/h quando inesperadamente lhe surgiu em


plena curva uma manada de javalis portugueses. Hábil mas nem tanto, E. não teve outro
destino: “cuspido” com o impacto, tendo o seu belo Mercedes ficado um “caco”.
Pretende agora assacar responsabilidades indemnizatórias à BRISA – Auto Estradas de
Portugal, S.A., concessionária da A1, junto dos Tribunais Administrativos,
nomeadamente por violação dos deveres de segurança e gestão da via emergentes do
Contrato de Concessão celebrado com o Estado português. Quid iuris?

a) Imagine agora que, já depois de o Governo ter ordenado a instalação de redes


especialmente destinadas a impedir a entrada de javalis ao longo de toda a A1,
B., frequente utilizador desta via, pretende demandar a BRISA, de modo a fazer
com que esta empresa cumpra efetiva e integralmente aquela instrução
governamental.
[5]
PROCESSOS URGENTES

I. A., residente em Braga, não se conforma por não ter sido admitido na prova escrita de
conhecimentos realizada no âmbito do concurso de acesso à carreira diplomática
promovido pela Secretaria-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e no qual
participaram mais de 100 candidatos. Assim que é notificada da Lista de Ordenação
Final, no dia 15 de dezembro de 2017, pensa: “vou para Tribunal – é evidente que a minha
resposta sobre a política colonial portuguesa em território indiano no século XVI merecia mais do
que 4 valores! Antes disso, porém, vou relaxar e aproveitar o Natal e o fim do ano”. Assim sendo,
A., depois de ter consultado o Dr. Paulo Janelas, reputado especialista, acaba por propor
ação administrativa de impugnação do ato que determinou a aprovação daquela Lista,
fazendo-o junto do TAF de Braga e apenas no dia 20 de janeiro de 2018. Fez bem?

a) Independentemente da resposta anterior, imagine que B. e C., que também


tinham participado naquele concurso, pretendem igualmente contestar
jurisdicionalmente a referida Lista de Ordenação Final, mas com motivos
sensivelmente diferentes dos invocados por A. Quid iuris?

II. Imagine que na sequência da aplicação de uma medida de resolução por parte do
Banco de Portugal a uma instituição bancária, centenas de acionistas e depositantes
propõem ações de impugnação dos atos em que se traduziu a atuação do Banco de
Portugal, todas junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. Consultado pela
imprensa sobre a possibilidade de a jurisdição administrativa e fiscal dar conta de
tamanha agitação processual, o Dr. Paulo Janelas afirma, convincentemente, que “não há
crise: foi justamente para estes casos que a revisão de 2015 do CPTA veio consagrar o novo
processo urgente relativo a procedimentos de massa previsto no artigo 99.º do CPTA”.
Concorda? Em caso negativo, consegue divisar algum mecanismo processual apto a
lidar com situações deste género?

III. Imagine que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas lançou um


Concurso Público tendente à aquisição de serviços de vigilância e segurança para as suas
instalações em Lisboa, tendo apresentado propostas diversas empresas do sector.
Imagine que já depois de ter apresentado proposta, mas ainda antes da prática do ato de
adjudicação, a empresa D., uma das concorrentes, antevendo não vir a ser escolhida em
função daquela que se vem a aperceber ser um “modelo de avaliação patentemente ilegal”,
pretende reagir de imediato. O que lhe sugeriria?

a) Na sequência da hipótese anterior, imagine que D. pretende reagir apenas


quando notificada do respetivo ato de adjudicação (o que ocorreu no dia 4 de
dezembro de 2017), imputando-lhe vícios determinativos da sua nulidade. D.
propõe ação de contencioso pré-contratual urgente no dia 20 de janeiro de 2018,
só se apercebendo no entretanto que o contrato entre o ICNF e E., a empresa
adjudicatária, havia já sido celebrado. Quid iuris?

b) Imagine que a ação anterior tinha sido proposta no dia 20 de dezembro de 2017,
numa altura em que, porém, o referido contrato já havia sido celebrado e os
vigilantes da empresa E. se encontravam já a prestar serviços nas instalações do
ICNF. Os serviços jurídicos deste Instituto Público entendem que nada deve ser
feito até que o Tribunal venha a decidir definitivamente o processo. Têm razão?

c) Imagine que se tratava de um Concurso Limitado por Prévia Qualificação e que


D., excluído antes mesmo de ter podido apresentar proposta por não cumprir
com os requisitos de capacidade técnica e financeira exigido, pretende impugnar
esse ato de exclusão da sua candidatura, pretendendo simultaneamente evitar
que no entretanto o procedimento pré-contratual prosseguisse o seu curso. O que
lhe sugeriria?

IV. F., aluno Erasmus da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, rebela-se


contra o facto de o seu nome não estar contido nos Cadernos Eleitorais relativos à eleição
dos novos membros da Assembleia de Faculdade. Decide no entanto aguardar pela
divulgação do resultado das eleições, para as impugnar junto do Tribunal
Administrativo de Círculo de Lisboa, justamente com o fundamento de não ter podido
exercer o seu direito de voto. Faz bem?

a) Imagine agora que se tratava das eleições relativas aos órgãos representativos da
Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Deveria F. dirigir-se ao TAC de Lisboa?

V. G., reputado historiador, pretende aceder a diversos arquivos da Faculdade de Letras


da Universidade de Lisboa. Os serviços desconfiam dos reais propósitos de G. e o
assunto sobe, por iniciativa de G., ao Diretor da Faculdade. Mais de 20 dias se passaram
sem que G. obtivesse uma resposta. G. é aconselhado a recorrer aos Tribunais
Administrativos, mas não sabe em que termos o deve fazer. Quid iuris?

a) Imagine, na sequência do caso anterior, que o TAC de Lisboa condena a FLUL a


conceder acesso aos referidos arquivos no prazo de 7 dias. Mais de 15 dias depois,
porém, os serviços da FLUL continuavam a negar a G. o acesso a quaisquer
arquivos.

VI. Imagine que por alegadas deficiências na sua candidatura, o ISEG recusa a inscrição
de H. no Curso de Mestrado que este há tanto sonhava poder vir a frequentar. Perante o
iminente início das aulas, H. é aconselhado a lançar mão de uma intimação para a proteção
de direitos, liberdades e garantias por um seu amigo jurista, por estar em causa uma
restrição intolerável e injustificável do seu direito fundamental ao ensino superior.
Acompanha H. neste conselho?
[6]
PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

I. A., residente em Sintra e funcionário da Divisão de Compras da Secretaria-Geral do


Ministério da Saúde, vem desde há muito tempo sendo investigado pelos seus
superiores, por alegados “desvios de dinheiro” no contexto de procedimentos pré-
contratuais promovidos por esta entidade. Sem qualquer espécie de comunicação prévia,
e depois de se ter apercebido de “fortíssimos indícios” da prática de ilícitos na sua
atividade, a Secretária-Geral do Ministério da Saúde emite despacho determinando a
aplicação de uma pena de suspensão a A. durante o prazo de 15 dias. A. é notificado no
dia 10 de dezembro e quer de imediato reagir contenciosamente. Requereu, para o efeito,
uma providência cautelar de suspensão da eficácia do ato contido naquele despacho
junto do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, alegando pura e simplesmente
a “patente ilegalidade” do ato em causa, tendo em conta o facto de o mesmo não ter sido
precedido do competente e devido procedimento disciplinar. Quid iuris?

a) Citados para oferecem oposição na referida providência, os serviços da


Secretaria-Geral do Ministério da Saúde entendem que A. deveria de imediato
abandonar o seu posto de trabalho, dando cumprimento à sanção que lhe foi
aplicada. Têm razão? Caso contrário, como podem reagir de imediato à
manutenção de A. em funções?

b) Imagine que a providência havia sido requerida contra o Conselho de Ministros,


por A. entender que o caso era demasiado grave e exigia a intervenção daquele
órgão. Quid iuris?

c) Independentemente da questão anterior, imagine que A. queria garantir, da


forma mais imediata possível, a absoluta paralisação do ato que determinou a
aplicação daquela sanção. O que lhe proporia?

d) Perante o requerimento inicial e a oposição entretanto apresentada, o Tribunal


entende já possuir todos os elementos para que consiga decidir sobre a validade
do ato impugnado. Pode fazê-lo no âmbito cautelar?

e) Independentemente da questão anterior, imagine que a providência cautelar


requerida viria a ser decretada pelo Tribunal a 2 de janeiro de 2018, sendo que
em abril desse mesmo ano A. não havia ainda proposto nenhuma ação principal
relativa ao litígio que a opunha à SG do Ministério da Saúde. Quid iuris?

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