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do saber: da filosofia aos estudos das mídias, passando pelas revistas de sociologia,
educação e tantas outras. Contudo, autores como Rüdiger (1999), alertam que o conceito
é muitas vezes usado de maneira superficial e reducionista, o que retira seu teor crítico.
(1947) é parte integrante de uma crítica que procura compreender as tendências que estão
no interior da razão. Como afirma Cohn (1998), o conceito de indústria cultural não
exatamente aquele voltado para assinalar mudanças onde elas não são registradas pelo
pensamento dominante, e para expor tendências que esse mesmo pensamento está
Cohn (1986) pontua que para cumprir tal tarefa, será central uma noção de subjetividade
lógica desconhecida pelo consciente, mas que o condiciona, direcionando seu desejo para
certos objetos ao mesmo tempo com que afasta certos conteúdos para que não cheguem
modelo filogenético que será lido como uma antropologia que servirá de apoio para a
Essa pesquisa tem como objetivo investigar um dos fatores que caracterizam esta
dinâmicas de satisfação passam a serem administradas por uma racionalidade que aparece
por meio de uma somatória de mercadorias chamadas de cultura. Para Freud (1914), a
tal excitação; a satisfação nesse modelo é, portanto, o ato de diminuição da tensão através
de uma ação adequada. Tal dinâmica, denominada como princípio do prazer, é um dos
Um dos pilares da teoria freudiana está nos “Três ensaios para uma teoria da sexualidade”
como aparece nos demais animais, a sexualidade humana não visa a reprodução, mas a
anteriores.
Freud destaca que a condição para a existência da cultura é a renúncia de satisfação plena,
dessa forma, algumas pulsões, em sua maioria ligadas à impulsos agressivos e sexuais,
não poderão ser levadas em ato. Uma das formas que isso ocorre é através da repressão
(ou recalque), um processo no qual certos conteúdos serão afastados da consciência pois
sua aproximação desperta a censura e causa desprazer. A carga afetiva ligada a essa
pulsão terá como destino o inconsciente e procurará outras maneiras de ser descarregada,
porém de maneira indireta, o que leva aos quadros psicopatológicos examinados por
Freud. (isso definirá um tipo de sintoma, podendo aparecer em alguma parte do corpo nos
casos de histeria, em um objeto externo nos casos de fobia e em ideias substitutivas, como
nas neuroses obsessivas, ou então permanecendo indefinida, como nos casos de angustia.)
Outro destino para as pulsões é a sublimação, que é a satisfação por forma substitutiva,
porém ao contrário da repressão, ela ocorre de maneira direta. A pulsão busca outro objeto
para se satisfazer, procurando aquilo que é socialmente valorizado e que tem sua utilidade
para o grupo. Nesse caso está o domínio da cultura, na qual o indivíduo sublima suas
pulsões ao transforma-la em uma obra. A maneira como cada sociedade irá se colocar
diante dos problemas dos destinos das pulsões, ou seja, da economia pulsional é decisiva
com a psicanálise freudiana, como mostra Rodrigues (2015), debate que é particularmente
estabelecido com os últimos textos de Freud, das décadas de 1920-30. Tenho como
no qual o jovem Freud estabeleceu com a psiquiatria de sua época acerca do tema da
neurastenia e as neurose de angustia. Nesse debate Freud procura compreender o que era
medicina os delimitava enquanto causados pela vida moderna. Em tal debate, Freud,
aponta para uma teoria social das psicopatologias, mostrando como elas são um fator
importante da Cultura (Kultur), porém que devem ser lida a partir de um mediador, a
Minha hipótese é que ao sobrepor esses dois debates nesses dois pontos: na noção de
os debates oferecera uma visão do resto não sublimado, o resto que torna-se sintoma e
década de 1930, ambos autores faziam proposições que seriam desenvolvidas no texto de
Sociais, como: “o problema da conexão que subsiste entre a vida econômica da sociedade,
o desevolvimento psíquico dos indíviduos e as transformações que têm lugar nas esferas
culturais” (p.130). Adorno, por sua vez, passa fazer reflexões acerca da música na
sociedade capitalista, vale destacar que em textos como “Sobre a situação social da
relacionada ao ato de escutar música, ou seja, qual tipo de satisfação entre o sujeito e a
obra. Em ambos artigos, Adorno assinala uma satisfação parcial da pulsão, característica
diagnóstico mais amplo das tendências contraditórias e inerentes a razão. Uma dessas
como se o elemento a ser pensado já estivesse dado de ante mão ao esquema prévio, cito
os autores:
possível. O preço que se paga pela identidade de tudo com tudo é o fato
de que nada, ao mesmo tempo, pode ser idêntico consigo mesmo” (p.
23-4)
Aqui temos um pressuposto antropológico que diante de uma experiência com algo
estranho, inicialmente era sentido uma espécie de terror Dominar esse terror e transformar
o estranho em familiar é uma tarefa da razão, fazer com., em meio ao terror inicial, que
pode ser pensado como uma soma de excitação, o homem, durante séculos, procurou
da abstração.
Nesse horizonte crítico, o conceito de indústria cultural se coloca como uma tendência na
formação de um sistema, que liga não só as revistas, o cinema e o rádio, mas também as
grandes corporações industriais dos mais diversos setores. Esse sistema aparece como um
somatório de mercadorias que visam “ocupar os sentidos dos homens da saída da fábrica,
técnico e das produções espirituais, possibilitando uma relação dialética entre o universal
que se opõe ao factual, apontando outros mundos possíveis através da produção cultural.
É esse caráter crítico da cultura que tende a desaparecer à medida que a distância
de toda indústria: seus produtos seguem um mesmo padrão, o público consumidor passa
a ser considerado como dado estatístico e as poucas diferenças apresentadas nos produtos
pulsional.
Marx (2013), logo no início de seu capítulo sobre a mercadoria, faz uma primeira
definição a partir do seu valor de uso: “A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo,
uma coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de um tipo
qualquer. A natureza dessas necessidades – se, por um exemplo, elas provem do estomago
necessidades Uma tendência que Adorno e Horkheimer assinala surgir é uma indústria
que
Como afirma Türcke (2010), a célula básica da indústria cultural é o discurso publicitário
na medida que é ela que estabelece os padrões necessários para que o público consumidor
perceba o produto, que mesmo com o “olho cansado do consumidor, nada deve escapar
moderno”. A escolha deste último termo faz referência a M. Beard, médico americano
incluídos nessa categoria patológica, entre eles estão “um estado de fadiga física e
(2002), que tais sintomas já eram descritos e estudados pela medicina desde a antiguidade,
porém foram reunidos pela psiquiatria apenas no século XIX como uma entidade
nosológica específica
autor lista uma série de fatores responsáveis pela ampliação da neurastenia no final do
século XIX. Uma particularidade desse texto é que o autor aborda a neurastenia através
primeira delas, a civilização moderna. A expressão civilização moderna é usada com ênfase,
uma vez que civilização por si só não causa nervosidade. [...] A moderna civilização difere
das antigas principalmente no que se refere a estes cinco elementos – a máquina a vapor, a
Neste artigo, Beard irá assinalar as relações entre um excesso de estímulos sensoriais e
Como afirma Pereira (2002), Freud foi particularmente influenciado por tal deslocamento
da causa feito por Beard. Em dois momentos de sua obra podemos ver um diálogo entre
ambos, primeiramente no debate acerca da etiologia das neuroses que compreendeu texto
de 1895-981, e mais tarde no já citado artigo de 1908. Nesse primeiro período, Freud
sintomas de neurastenia enquanto uma maioria que está sujeita às mesmas condições
1
Os textos dessa temática que compreendem esse período são: “Sobre os fundamentos para destacar da
neurastenia uma síndrome específica denominada neurose de angústia” (1895a), “Respostas às críticas
sobre a neurose de angústia” (1895b) e “A sexualidade na etiologia das neuroses” (1898).
sócio culturais não os desenvolvem. Freud então aponta que há uma causa anterior ao
fator social que ele localiza na sexualidade. Nestes textos o autor se utiliza da tese
vivida como desprazer, essa energia pode advir de um estímulo do meio externo, como
também do meio endógeno, sendo está última sexual. Uma causa presente em todos os
pacientes neuróticos seria devido ao escoamento da energia sexual devido a fatores como
a masturbação.