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A TRAJETÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

RAICHELES, Raquel. Legitimidade Popular e Poder Público. São Paulo.


Cortez. 1988.

Raquel Raicheles possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia


Universidade Católica de São Paulo- PUCSP (1971), mestrado em Serviço
Social pela PUCSP (1986) e doutorado em Serviço Social pela PUCSP(1997),
é professora assistente-doutora do Departamento de Fundamentos do Serviço
Social da Faculdade de Serviço Social da PUCSP, professora do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Serviço Social da PUCSP, pesquisadora do
Instituto de Estudos Especiais da PUCSP nas áreas de gestão pública e
políticas sociais/ política de assistência social, consultora no campo da gestão
pública,vice-coordenadora do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Serviço Social da PUCSP (2005-2007), Vice Reitora Acadêmica da PUCSP
(2000-2004). Docente e pesquisadora da área de Serviço Social nos seguintes
temas: fundamentos teórico-metodológicos do serviço social, trabalho e
profissão, política pública de assistência social, sociedade civil e processos de
democratização, estado e política social, gestão pública e controle social.
Integra conselhos editoriais das Revistas: Serviço Social e Sociedade, Em
Pauta, Inscrita e Plural, é autora de livros e artigos em revistas especializadas
nas áreas de Serviço Social e Ciências Sociais.

01 INTRODUÇÃO
No II capítulo deste livro a autora aborda a origem, trajetória, lutas, encantos e
desencantos do Serviço Sociallevando-nos a uma reflexão sobre o papel dessa
profissão que ora abraçamos. Originado de uma prática concreta e de uma
posição de vanguarda, o Serviço Social no princípio, caracterizou-se pela
formação de profissionais destinados a atuarem nos problemas sociais, que
envolveram todos os setores da sociedade, como uma conseqüência das
transformações econômicas e industriais, surgida a partir da segunda metade
do século XIX. Contudo, novas idéias foram se somando aos princípios bases
do Serviço Social, auxiliando, desta forma, a profissionalização desse ramo
profissional. No entanto, profundas foram as transformações registradas nessa
área após as duas grandes guerras. Assim sendo, pode-se afirmar que o
assistente social na atualidade possui um novo perfil bem diferente daquele
apresentado no início do século passado.

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02 DESENVOLVIMENTO

O Serviço Social criado para cumprir algumas tarefas na sociedade capitalista,


carrega até os dias atuais contradições e antagonismos explícitas na sua
trajetória histórica de prática com as classes sociais.

Com o intuito de intermediar entre o poder institucional (executora das políticas


oficiais) e a população (receptora dessas políticas) fica o Serviço Social
condicionado pela configuração estrutural da sociedade e pelo movimento
tenso e conflitual das conjunturas.

Tendo as raízes com a mobilização do movimento leigo pela Igreja Católica na


década de 20, teve o serviço social o reconhecimento, enquanto profissão
institucionalizada, quando a própria Igreja Católicaorganiza-se para assumir um
papel ativo na chamada “questão social” e somente a partir da segunda metade
da década de 30 é que ela resolve interferir politicamente no processo que foi
de agrudização da questão social relacionado com o desenvolvimento dos
grandes centros urbanos visto que começava a acontecer um crescimento no
processo industrial e consequentemente a presença política das classes
sociais fundamentais e como era de se esperar inicia-se o processo de luta
pela defesa de seus interesses antagônicos.
O reconhecimento da classe operária em nível do Estado ocorre quando
acontecem as reivindicações que combatem os níveis de exploração a que é
submetida; o crescimento numérico do operariado associado ao crescimento
da solidariedade de classe ameaçam a dominação burguesa.

A partir do Estado Novo, o conjunto de leis sociais implementadas pelo Estado


corporativista, significa o reconhecimento pelo Estado da presença política da
classe operária e da necessidade de que seus interesses sejam considerados.
É quando a “questão social” passa a ser centro das contradições sociais. É
neste contexto histórico que nasce o Serviço Social que oriundo do interior do
bloco católico

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passará a representar um dos elementos a ser utilizado na implementação do
projeto político-corporativo da Igreja. Em resumo, pode-se dizer que o Serviço
Social vai surgir, na década de 30, a partir da iniciativa de grupos sociais
majoritariamente femininos, vinculados à Igreja Católica, burgueses e
aristocracia agrária que compõem a basesocial do movimento leigo.
Registra SILVA (2008, p. 2), que:

São inegáveis os vínculos conservadores da profissão desde a sua origem,


marcada pelo capitalismo na era dos monopólios e pela agudização da questão
social reconhecida, no caso brasileiro, pelo modelo urbano-industrial,
claramente assumido no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) e
pela tendência crescente da Igreja Católica - nessa mesma época - em
‘recristianizar’ a sociedade apoiando-se na modernização das ações leigas.

A criação da primeira escola de Serviço Social no Brasil se dá em São Paulo


em 1936 e grupos ligados à hierarquia da Igreja Católica fundarão no Rio de
Janeiro e em São Paulo centros e institutos de ação social e ação católica que
darão origem às escolas de serviço social. Surge como ação preventiva junto
aos trabalhadores integrados ao mercado de trabalho, impossibilitados de
assumir sozinhos o custos de sua reprodução, objetivando também minimizar
as seqüelas do desenvolvimento capitalista e seus subprodutos indesejáveis –
mulheres e crianças.

Com isso a Igreja Católica lançará mão de todos os recursos para a formulação
e execução de uma estratégia política que lhe conceda posições de influência
dentro do aparelho de Estado expressando sua posição de que a questão
social não é monopólio do Estado portanto sua posição é intervir junto ao
proletariado – junto à família operária – na tentativa de recupará-la da sua
situação de “degradação moral e física”, ou seja, um trabalho educativo de
edificação moral da famíliaoperária, objetivando penetrar no cotidiano da vida
das classes trabalhadoras para incultar-lhes valores de enquadramento à
ordem burguesa, considerada naturalmente superior.

Neste período, a prática que caracteriza a ação da Igreja é conservadorista:


inspirada por correntes de pensamento de direita européia tem como principais
adversários o anticlericalismo, o comunismo e as idéias materialistas.
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Quando a ação social foi revestida de um caráter modernizador exigindo a
adoção de um instrumento técnico-motodológico, objetivando individualizar a
prática junto ao “assistido”, a prática assistencial passa a superar a ação
meramente curativa, transformando-a num instrumento de caráter ideológico
que tecnifica os problemas sociais, transformando-os em objeto de
“diagnóstico” e “tratamento” social apropriados. Com isso, a partir de da década
de 40, inaugura-se um novo campo de serviço social com as transformações
sociais, políticas e econômicas geridas pelo cenário internacional do término da
Segunda Guerra Mundial que acelerou o processo industrial estimulado pelo
declínio das importações (causado pela guerra), o êxodo rural em busca
mercado de trabalho urbano. Em conseqüência há a exploração da força de
trabalho com medidas bancadas pelo Estado: aprofundamento do controle
estatal sobre os sindicatos e o não cumprimento de itens da legislação
trabalhista previstos na lei, tais como: Jornada de trabalho de 8 horas,
regulamentação do trabalho feminino e infantil, o achatamento salarial que,
segundo IANNI, 1979,p.100-101,não houve mudanças nos anos de 1943 a
1952, embora a inflação fosse crescente, o que não acontecia com o aumento
do capital do setor privado.

Começa uma nova demanda. Por um lado a necessidade da qualificação dessa


nova classe trabalhadora que não estão habituadas a subordinação à
hierarquia e ao controle requeridos pelo trabalho nas fábricas e por outro a
organização da classe empresarial através da criação de instrumentos de
defesa de seus interesses e de suas entidades representativas. Para amenizar
a situação de acordo com MACIEL, TEPEDINO e CAMPELO (2001), durante o
período da ditadura do Estado Novo foram criadas várias instituições de
assistência social no Brasil, das quais destacam-se as seguintes:
a) Conselho Nacional de Serviço Social (1938): com o objetivo de centralizar e
organizar as obras assistenciais públicas e privadas;
b) Legião Brasileira de Assistência (1942): com o objetivo de prover as
necessidades das famílias, cujos chefes haviam sido mobilizados para a II
Guerra Mundial.

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Acrescenta esses autores que no Brasil, a partir da década de 1930, as
instituições sociais e assistenciais, tornam-se instrumento de controle social e
político dos setores dominados, servindo como instrumentos de manutenção do
sistema de produção.

Nessa época, o Brasil passava por um momento conturbado de sua história,


caracterizado pelas contradições, pelos conflitos e pelas tensões, produzidas,
principalmente, pelas relações capital-trabalho resultantes do processo de
consolidação de um capitalismo, que lançava suas primeiras bases.
Observa RODRIGUES On (1994), que a formação dos assistentes sociais
nesse período pioneiro tinha por eixo os fundamentos que embasariam suas
reflexões e práticas, os quais garantiriam também sua sólida formação
doutrinária e ética.
Em síntese, o surgimento do Serviço Social no Brasil recebeu uma forte
influência européia. No entanto, a expansão do Serviço Social no país,
somente ocorreu a partir de 1945, visando atender as exigências e
necessidades de aprofundamento do capitalismo no país, motivadas pelas
mudanças pós-Segunda Guerra Mundial.

O surgimento e desenvolvimento das instituições assistenciais (públicas,


privadas ou autárquicas) significam para o serviço social a perspectiva de
institucionalização e legitimação, por parte das classes dominantes, do
exercício profissional. Assim sendo, os assistentes sociais passam a ser
requisitados pelas instituições diretamente nas escolas de serviço social.

A partir da década de 60, período considerado de grande desenvolvimento no


Brasil, houve um crescente número e diversificação nas funções do assistente
social. Há um movimento de renovação na profissão, que se expressa em
termos tanto da reatualização do tradicionalismo profissional, quanto de uma
busca de ruptura com o conservadorismo. O Serviço Social se laiciza e passa a
incorporar nos seus quadros segmentos dos setores subalternizados da
sociedade. Estabelece interlocução com as Ciências Sociais e se aproxima dos
movimentos “de esquerda”, sobretudo do sindicalismo combativo eclassista
que se revigora nesse contexto.

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O profissional amplia sua atuação para as áreas de pesquisa, administração,
planejamento, acompanhamento e avaliação de programas sociais, além das
atividades de execução e desenvolvimento de ações de assessoria aos setores
populares. E se intensifica o questionamento da perspectiva técnico-
burocrática, por ser esta considerada como instrumento de dominação de
classe, a serviço dos interesses capitalistas.

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CONCLUSÃO

Com base no que foi exposto, podemos afirmar que o perfil que o assistente
social possui na atualidade é uma soma das experiências que outros
profissionais das áreas absorveram ao longo de pouco mais de um século.
Hoje, o assistente social modifica a sua forma de atuação profissional, levando
em consideração a demanda que lhe é colocada e a necessidade de responder
às exigências e às contradições da sociedade capitalista. Contudo, nem
sempre foi assim. No passado, o Serviço Social era completamente
influenciado pela doutrina social da Igreja Católica. Com a presente pesquisa,
pode-se perceber que outras correntes influenciaram o processo de
profissionalização do Serviço Social, cujas bases possuem um forte
relacionamento com o monopolista.

Absorvendo os princípios da filantropia desenvolvidos por movimentos ligados


à burguesia e à doutrina social católica, o Serviço Social desenvolveu-se na
Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, contudo, priorizou-se no Serviço
Social a filosofia social, definida observando os parâmetros da Igreja
Católica.Acompanhando as transformações da sociedade brasileira, a profissão
passou por mudanças e necessitou de uma nova regulamentação: a lei
8662/93. Ainda em 1993 o Serviço Social instituiu um novo Código de Ética
expressando o projeto profissional contemporâneo comprometido com a
democracia e com o acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos.

A prática profissional também é orientada pelos princípios e direitos firmados


na Constituição de 1988 e na legislação complementar referente às políticas
sociais e aos direitos da população. Não pode haver qualquer tipo de
discriminação no atendimento profissional.

Hoje, os profissionais do Serviço Social entendem que não são meros


expectadores da sociedade mas co-participantes dos que querem uma
sociedade mais justa e atuante independentemente de quem precise do seu
serviço.

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BIBLIOGRAFIA

http://www.cressms.org.br/novo/historico/pagina-1221246173/ - acesso em
07/10/11

MACIEL, Heloisa H. Mesquita; TEPEDINO, Maria L. Rocha; CAMPELO, Sônia


M. Lima. LBA – Trajetórias de uma instituição no contexto das políticas
públicas. In: Debates Sociais, Rio de Janeiro, n. 59, ano XXXVI, 2001.

RAICHELES, Raquel. Legitimidade Popular e Poder Público. São Paulo.


Cortez. 1988.
RODRIGUES ON, Maria Lúcia (coord.) Uma trajetória da docência em serviço
social período 1963/1976. São Paulo, PUCSP, 1994.

SILVA, José Fernando Siqueira da. Serviço social e contemporaneidade:


afirmação de direitos e emancipação política? Revista Ciências Humanas,
UNITAU, v. 1, n. 2, 2008.

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