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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2018.0000527468

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1031847-81.2016.8.26.0506, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é apelante
TRANSERP EMPRESA DE TRÂNSITO E TRANSPORTE URBANO DE
RIBEIRÃO PRETO S/A, são apelados CELSO ANTONIO MIJOLER DA CUNHA
e ERICA FERNANDA CITTA.

ACORDAM, em 13ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


FLORA MARIA NESI TOSSI SILVA (Presidente sem voto), BORELLI THOMAZ
E ANTONIO TADEU OTTONI.

São Paulo, 18 de julho de 2018.

DJALMA LOFRANO FILHO


RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506
Apelante: Transerp Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão
Preto S/A
Apelados: Celso Antonio Mijoler da Cunha e Erica Fernanda Citta
Comarca: Ribeirão Preto
Juiz: Reginaldo Siqueira
RELATOR: Djalma Lofrano Filho

Voto nº 12925

APELAÇÃO. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE.


ANÁLISE JUNTAMENTE COM O MÉRITO. ANULAÇÃO
DE ATO ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE IRREGULAR
DE PASSAGEIROS. APLICAÇÃO DA PENA DE
RETENÇÃO, SENDO DESCABIDA A APREENSÃO DO
VEÍCULO. Pretensão à liberação do veículo sem o
pagamento de multas e diárias. Possibilidade. Autuado o
condutor por transporte irregular, com o desembarque dos
passageiros, sanado o vício, não pode a empresa, que
recebeu por delegação a fiscalização, aplicar a pena de
apreensão do veículo, nos termos dos artigos 231, VI e
270, § 1º, ambos do CTB. Por conseguinte, inadmissível o
condicionamento da liberação do veículo ao pagamento de
multas e estadias. Precedentes do STJ em sede de recurso
repetitivo (REsp. nº 1.144.810-MG) e deste E. TJSP.
Sentença de procedência mantida. Majoração da verba
honorária, nos termos do disposto no art. 85, § 11, do
CPC/15. Recurso não provido.

Vistos.

Trata-se de recurso de apelação interposto nos autos de


tutela cautelar antecedente, julgada como ação ordinária ajuizada por Celso
Antonio Mijoler da Cunha e outro em face da Transerp - Empresa de Trânsito
e Transporte Urbano de Ribeirão Preto S/A. Na r. sentença de fls. 80/81, foi
julgado procedente o pedido da parte autora que visava à liberação do veículo
de placa BWP-6729, devendo a ré abster-se da cobrança das despesas de
estadia no pátio, em decorrência do recolhimento nº 256, ocorrido aos 14 de
junho de 2016.

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 2


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Inconformada, a parte autora postulou a reforma da r.


sentença, aos seguintes argumentos: a) legalidade da autuação; b) é evidente
que o veículo do apelado foi flagrado transportando passageiros de maneira
ilegal; c) a apreensão realizada pela recorrente foi feita com base em
delegação de atribuição de transporte, não se referindo à normas de trânsito;
d) multa municipal de transporte não se confunde com tributo, pois para a
hipótese de incidência daquela o ilícito é essencial, enquanto que para este é
sempre algo lícito; e) os deveres de fiscalização e de autuação estão inseridos
no âmbito da competência do Município, conforme prescreve o artigo 161 da
Lei Orgânica e o Decreto Municipal nº 31 de 09 de fevereiro de 2000, com as
alterações realizadas pelo Decreto nº 49 de 09 de março de 2001; f) invocou,
ainda, o inciso XXI do art. 24 c.c. art. 135, ambos da Lei n.º 9.503/97; g)
necessidade de prequestionamento da matéria debatida nos autos (fls. 83/96).

Contrarrazões (fls. 101/106).

É o relatório.

Cuida-se de pretensão jurisdicional apresentada na


forma de tutela cautelar antecedente, cujo mérito está voltado à anulação do
ato administrativo consistente na apreensão de veículo sem a cobrança de
multa e/ou despesa de diárias/estadias.

Inicialmente, impõe-se afirmar a competência deste


Tribunal de Justiça para conhecimento do recurso interposto, porquanto sendo
a TRANSERP sociedade de economia mista, não se submete à regra de
definição de competência do JEFAZ, prevista no art. 5º, da Lei nº 12.153/09.

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 3


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No mérito, a TRANSERP é empresa de economia mista


com natureza jurídica de direito privado. Através de celebração de Convênio
firmado entre a Secretaria de Segurança Pública e a Municipalidade de
Ribeirão Preto, foi-lhe outorgada autorização para fiscalizar e autuar o infrator
de normas de trânsito, por meio de policiais militares, bem como atribuída
competência para atuar como Órgão Municipal Executivo de Trânsito, através
da Lei Complementar Municipal nº 998/2000.

O Município tem competência para legislar sobre


transporte, conforme disciplinam os incisos I e II do art. 30 da Constituição
Federal, e pode exercer o seu poder de polícia, diante da existência de
interesse local. Também pode, em princípio, firmar convênios com outros
órgãos ou entidades com funções delegadas pelo Poder Público.

De outra parte, dispõe o Código de Trânsito Brasileiro o


seguinte:

“Art. 231. Transitar com o veículo:


(...)
VI - em desacordo com a autorização especial,
expedida pela autoridade competente para transitar com dimensões
excedentes, ou quando a mesma estiver vencida:
Infração - grave;
Penalidade - multa e apreensão do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;”

Na hipótese dos autos, observa-se que o apelado foi


autuado porque transportava irregularmente passageiros mediante
remuneração (fls. 18). A empresa recorrente apreendeu o veículo, levando-o
ao pátio.

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 4


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De outra parte, dispõe o Código de Trânsito Brasileiro,


ainda, o seguinte: “Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos
neste Código. § 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local da
infração, o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação.”

Não há notícia nos autos de qualquer outra


irregularidade que possa ser atribuída ao veículo ou ao seu condutor. Logo,
com o desembarque das pessoas transportadas, descabia a apreensão do bem,
consoante se vê da regra inserta do §1º do artigo 270 do Código de Trânsito
Brasileiro, acima transcrita.

Não se pode olvidar a distinção entre as condutas


administrativas fiscalizatórias de retenção e apreensão, que foi bem
sintetizada pelo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
1.104.775-RS, pela lavra do Rel. Min. Castro Meira, aos 24.6.2009, nos
seguintes termos: “A pena de apreensão, nos termos do art. 262 do CTB, impõe o
recolhimento do veículo ao depósito 'pelo prazo de até trinta dias, conforme critério
a ser estabelecido pelo CONTRAN'. Assim, por tratar-se de penalidade, não pode
ser ultrapassado o prazo a que alude o dispositivo. 2.2. Nada obstante, a retenção
do veículo como medida administrativa, que não se confunde com a pena de
apreensão, deve ser aplicada até que o proprietário regularize a situação do
veículo, o que poderá prolongar-se por mais de 30 dias, pois o art. 271 do CTB não
estabelece qualquer limitação temporal. 2.3. Assim, não há limites para o tempo de
permanência do veículo no depósito. Todavia, o Estado apenas poderá cobrar as
taxas de estada até os primeiros trinta dias, sob pena de confisco” (REsp
1104775/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/06/2009, DJe 01/07/2009) - destaques acrescidos.

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 5


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No caso em apreço, portanto, não poderia a apelante ter


apreendido o veículo, porque, após o desembarque dos passageiros
transportados, não remanesceu nenhuma outra irregularidade com o bem ou
com seu condutor.

O Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento


de recurso repetitivo, pacificou o entendimento a respeito do tema da seguinte
forma:

“ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE IRREGULAR DE


PASSAGEIROS. RETENÇÃO DO VEÍCULO. LIBERAÇÃO. 1. A liberação do
veículo retido por transporte irregular de passageiros, com base no art. 231, VIII,
do Código de Trânsito Brasileiro, não está condicionada ao pagamento de multas e
despesas. 2. Recurso especial improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543- C
do CPC.” (REsp. nº 1.144.810-MG, rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 10/03/2010)

“ADMINISTRATIVO. TRANSPORTE IRREGULAR DE


PASSAGEIROS. APREENSÃO DO VEÍCULO E PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL
DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 2ª Câmara Extraordinária de Direito
Público Apelação nº 0069584-14.2011.8.26.0506 5 CONDICIONAMENTO DA
LIBERAÇÃO AO PAGAMENTO DE MULTAS. IMPOSSIBILIDADE.
ENTENDIMENTO FIRMADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO AO JULGAR O RESP
1.144.810/MG, MEDIANTE A LEI DOS RECURSOS REPETITIVOS. 1. Segundo
disposto no art. 231, VIII, da Lei n. 9.503/97, o transporte irregular de passageiros
é apenado com multa e retenção do veículo. Assim, é ilegal e arbitrária a
apreensão do veículo, e o condicionamento da respectiva liberação ao pagamento
de multas e de despesas com remoção e estadia, por falta de amparo legal, uma
vez que a lei apenas prevê a medida administrativa de retenção. 2. Entendimento
ratificado pela Primeira Seção desta Corte, ao julgar o REsp 1.144.810/MG,
mediante a sistemática prevista na Lei dos Recursos Repetitivos. 3. Recurso
especial não provido.” (REsp. nº 1.124.687-GO, rel. Min. Mauro Campbell
Marques, j. 14/12/2010) - destaques acrescidos.

No mesmo sentido, confira-se a jurisprudência deste E.


Tribunal de Justiça:

“Apelação - Ação anulatória - Transporte irregular de

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 6


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passageiros - Apreensão de veículo - Liberação condicionada ao prévio


pagamento de despesas de estadia e multa - Inadmissibilidade - Aplicação da
Súmula 510 do C. STJ - Precedentes do STJ e TJSP - Ratificação dos
fundamentos da r. decisão de primeiro grau - Aplicação do art. 252 do
RITJSP - Recurso desprovido.” (TJSP; Apelação 0069584-14.2011.8.26.0506;
Relator (a): Roberto Martins de Souza; Órgão Julgador: 2ª Câmara
Extraordinária de Direito Público; Foro de Ribeirão Preto - 1ª. Vara da
Fazenda Pública; Data do Julgamento: 26/04/2016; Data de Registro:
26/04/2016)

“TRANSPORTE IRREGULAR DE PASSAGEIROS


Apreensão do veículo e condicionamento da liberação ao pagamento de
multa e despesas Não cabimento Observância do decidido pelo STJ nos
autos do REsp. nº 1.144.810-MG, julgado na forma do art. 543-C, do CPC
(recursos repetitivos) Hipótese de retenção do veículo Art. 231, VIII, do
CTB Sentença mantida Recurso não provido.” (TJSP; Apelação
0017482-44.2013.8.26.0506; Relator (a): Luís Francisco Aguilar Cortez;
Órgão Julgador: 1ª Câmara de Direito Público; Foro de Ribeirão Preto - 1ª.
Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento: 02/02/2016; Data de Registro:
04/02/2016)

“Veículo. Apreensão por empresa pública municipal em


razão de transporte não autorizado de passageiros. Decisão que defere
antecipação de tutela para liberação do veículo independentemente do
pagamento de multa e despesas. REsp 1.144.810, julgado pelo STJ sob a
sistemática dos recursos repetitivos. Agravo de Instrumento improvido.”
(TJSP; Agravo de Instrumento 0170358-81.2012.8.26.0000; Relator
(a): Aroldo Viotti; Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Público; Foro de
Ribeirão Preto - 1ª. Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento:
27/08/2012; Data de Registro: 31/08/2012)

“MANDADO DE SEGURANÇA - TRANSPORTE


REMUNERADO DE PESSOAS SEM LICENÇA - APREENSÃO DOS
VEÍCULOS - LIBERAÇÃO CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE
MULTA E DEMAIS DESPESAS - INADMISSIBILIDADE - INFRAÇÃO
PARA A QUAL O CÓDIGO DE TRÂNSITO ESTABELECE COMO MEDIDA
ADMINISTRATIVA A RETENÇÃO - SEGURANÇA PARCIALMENTE
CONCEDIDA - SENTENÇA CONFIRMADA.” (TJSP; Apelação Com
Revisão 9116003-17.2002.8.26.0000; Relator (a): Ricardo Feitosa; Órgão
Julgador: 4ª Câmara de Direito Público; Foro de Ribeirão Preto - 10ª. Vara
Cível; Data do Julgamento: 06/11/2008; Data de Registro: 25/11/2008)

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 7


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Por conseguinte, nem há se cogitar do também


assentado pela Corte Especial, que assim definiu: “a autoridade
administrativa não pode exigir o pagamento de multas das quais o condutor
não tenha sido notificado, uma vez que a exigibilidade pressupõe a
notificação do interessado, que poderá impugnar a penalidade ou dela
recorrer, resguardando-se o devido processo legal e a ampla defesa. Se a
multa está vencida, pode exigir o pagamento para a liberação do veículo
apreendido, quer por ter-se esgotado o prazo de defesa sem impugnação,
quer por já ter sido julgada a impugnação ou o recurso administrativo. Caso
não vencida, seja porque o condutor ainda não foi notificado, seja porque a
defesa administrativa ainda está em curso, não pode a administração
condicionar a liberação do veículo ao pagamento de multa. Quanto ao prazo
de permanência no depósito, não há qualquer limitação temporal (art. 271 do
CTB), contudo as taxas de estada só poderão ser cobradas até os primeiros
30 dias da permanência no depósito”.

Portanto, era mesmo hipótese de procedência da ação,


nos termos em que decididos pela r. sentença recorrida.

Por fim, desprovido o recurso, os honorários


advocatícios arbitrados na r. sentença ficam majorados para 11%, em atenção
ao art. 85, § 11, do CPC/15.

Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso de


apelação.

DJALMA LOFRANO FILHO


Relator

Apelação nº 1031847-81.2016.8.26.0506 -Voto nº 12925 8

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