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Conterrorizando

Um novo olhar sobre as narrativas de terror


Daniela Forcioni Turba dos Santos
Edimar Gonçalves de Barros Filho
Fernanda Silvania M. do Vale
Nádhia Valença Costa
Tatiana Simões e Luna

Iniciando o suspense
Histórias de terror sempre estiveram presentes nas diversas culturas humanas e
possuem, em sua construção, aquilo que escapa à explicação racional. O conto, por sua
vez, constitui-se como uma produção ficcional e estabelece uma relação entre seres e
acontecimentos. Pautando-se nesses conceitos, o presente trabalho tem o objetivo de
relatar a proposta de oficina elaborada na disciplina de Didática de Língua Portuguesa
I, do curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco no ano de 2013. A
oficina aqui apresentada contempla os elementos característicos, os recursos
linguísticos e os efeitos de sentido decorrentes, para proporcionar um contato com o
gênero conto de terror, de maneira diferenciada, na qual a formulação do suspense,
do incomum e do inesperado é o objetivo.

Por que o terror na sala de aula?


O conto de terror é um gênero que aborda o pavoroso e tem o objetivo de produzir a
percepção antecipada e sucessiva de medo (BARBOSA, MEY & SILVEIRA, 2005).

Ao pensar nos gêneros como objeto e nos textos como unidade do ensino da
linguagem, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) recomendam o trabalho com
variadas esferas da comunicação social, especialmente a literária, com destaque para o
gênero conto. Porém, os contos de terror são pouco explorados em sala de aula e nos
materiais didáticos de Língua Portuguesa.

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Sistematizar o ensino do conto, em sala de aula, de maneira escrita ou oral, visa à
possibilidade de comunicação em seus vários níveis, que é um dos princípios
defendidos por Schneuwly e Dolz (2004); por meio do domínio das peculiaridades do
gênero - por conseguinte - esse aprendizado faz-se de forma mais contundente. Nas
etapas de uma sequência didática que sistematize atividades promotoras desse
domínio, a partir das características dos gêneros, o aluno poderá colocar em prática o
que foi construído, observando seus progressos e colocando-se como um leitor
competente em relação a um discurso específico, uma vez que os gêneros coadunam
com a promoção de tais competências discursivas.

Aterrorizando em sala de aula

A oficina tem o objetivo de proporcionar a discussão e construção de conhecimentos


bases para o entendimento do conto e de aspectos fundamentais para a análise da
estrutura dos contos de terror, visando uma compreensão dos efeitos de sentido
pretendidos pelo gênero. A esfera lúdica, o mistério e a investigação sempre
seduziram jovens e adolescentes e, apoiando-se nisso, as atividades que compõem a
oficina utilizam o terror como uma ferramenta de ensino prazeroso aos alunos.

O projeto divide a oficina em seis etapas que exploram diversos elementos do gênero.
Abaixo, estão as etapas da oficina que foram pensadas para uma aplicação em turmas
do 9º ano do ensino fundamental:
1- Representações de um personagem: Devem ser entregues descrições
distintas de uma mesma personagem (uma velhinha) para a elaboração de
uma lista de características que será socializada para que os demais
participantes tentem adivinhar a personagem que se encaixaria na descrição.
Após essa etapa, deve-se montar na sala, sem a presença dos alunos, um
cenário de suspense para a exibição do áudio Velhinha da Caxangá, para que

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seja introduzida a temática do gênero conto de terror e discutida a
diversidade de representações de um mesmo personagem. (50 minutos)
2- Contextualização histórica: Deve-se realizar uma dinâmica com o curta-
metragem Alma para contextualizar historicamente o gênero e introduzir os
elementos do conto. Alguns alunos assistirão ao vídeo e depois contarão a
história a outra pessoa e essa, a outra. Através da analogia da dinâmica com a
origem oral do conto, deve ser feita uma explanação dos elementos
fundamentais do gênero. (50 minutos)
3- Elementos essenciais do conto de terror: Em grupos, os alunos farão a leitura
do conto Entrevista, de Rubem Fonseca, e a cada grupo, será entregue um
elemento do conto de terror e orientações para que seja analisado o aspecto
no texto lido e, posteriormente, seja socializada a percepção desse elemento
no texto. Por meio dessa atividade, busca-se explorar o enredo e o uso dos
elementos essenciais na construção do suspense do conto de terror,
sistematizando os aspectos do gênero. (30 minutos)
4- Recursos estilísticos de um conto de terror: Deve-se entregar o conto
Travesseiro de plumas, de Horacio Quiroga, para a leitura em equipes e,
juntamente com cada texto, os alunos receberão um roteiro de perguntas,
focadas na estilística do conto. Os alunos devem responder e discutir,
posteriormente, com os demais, com o intuito de identificar os recursos
estilísticos utilizados no gênero e realizar uma sistematização de alguns
métodos utilizados para a construção do conto de terror. (30 minutos)
5- Os elementos e seus encadeamentos: Divididos em equipes os alunos
receberão o conto Passeio noturno, de Rubem Fonseca, separado em partes.
As equipes serão orientadas para a montagem dos fragmentos para a
composição do conto, buscando estabelecer coerência e considerando os
recursos do gênero. Após a montagem, deve-se realizar a leitura do conto
original e discutir as possibilidades de construção dos recursos. (20 minutos)

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6- Produção textual: Para encerrar a oficina e realizar uma atividade que
sistematize tudo que foi explorado, serão exibidos os resumos de algumas
narrativas clássicas infantis para a discussão de quais aspectos os alunos
apontam nas narrativas apresentadas que possam remeter a um elemento
dos contos de terror. Logo após, deve-se solicitar a produção de uma paródia
dos clássicos infantis, utilizando elementos e recursos do gênero trabalhado
para posterior socialização e conclusão da oficina. (100 minutos)

Com a elaboração das sequências didáticas, a oficina propõe a exploração das


narrativas de terror. Objetiva-se estimular a leitura, aproveitando os efeitos
característicos que esse gênero produz em quem o lê, e incentivar ainda a produção
escrita.

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Bibliografia

NICOTTI, João Armando; GONZAGA, Sergius; GONZAGA, Pedro (Org.). Contos de


mistério e morte. Porto Alegre: Leitura XXI, 2006.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim et al. Gêneros orais e escritos na escola.


Campinas: Mercado das Letras, 2004.

CORTÁZAR, Julio. Alguns aspectos do conto. In: ________. Valise de Cronópio. São
Paulo: Perspectiva, 1974.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1975.

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Edimar Gonçalves de Barros Filho
Licenciando em Letras Português/Espanhol pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi
Pesquisador pelo Programa Institucional de Iniciação
Científica (PIBIC/FACEPE) por dois anos e, há três,
trabalha como monitor e corretor na Equipe de
Redação do Curso de Português - UTI, voltado para o
pré-vestibular. Desde 2012, integra, também, o E&E
Tradutores Associados, um escritório on-line de revisão, edição e tradução de textos
em geral, com especialidade em gêneros acadêmicos. Atua, atualmente, também
como professor de Redação no Colégio GGE, da Rede Particular de Ensino de Recife.

Fernanda Silvania M. do Vale


Licencianda em Letras Português/Espanhol pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), foi
bolsista pelo Programa Institucional de Iniciação à
Docência (PIBID/UFRPE) por um ano e meio e por seis
meses participou como pesquisadora do Programa
Institucional de Iniciação Científica (PIBIC/CAPES/UFRPE).
Desde fevereiro de 2012 trabalha como professora de
Língua Portuguesa/Redação no Colégio Decisão, da Rede
Particular de Ensino de Recife.

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Nádhia Valença da Costa
Licencianda em Letras Português/Espanhol pela
Universidade Federal Rural De Pernambuco
(UFRPE), foi bolsista pelo Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UFRPE)
por três anos, participou do grupo de estudo
(Neo)Barroco e Modernidade e atua como
participante do grupo de Leitura e Fruição da
Literatura Contemporânea do curso de Letras da UFRPE, Parataxes, e como bolsista do
projeto Oficinas de didáticas da linguagem da UFRPE.

Daniela Forcioni Turba dos Santos


Licencianda em Letras Português/Espanhol pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE), atua há quatro anos como professora de
Português e Produção Textual nas séries do ensino
fundamental II,e há dois anos,como professora de
Língua Espanhola, fundamental I e II,ambas
experiências em Rede Particular de Ensino de
Recife e Jaboatão dos Guararapes.

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Tatiana Simões e Luna
Possui graduação em Letras pela Universidade
Federal de Pernambuco (2003) e Mestrado em
Linguística (2006) pela mesma instituição.
Atualmente é professora da Universidade Federal
Rural de Pernambuco e do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco. Tem experiência na área de Língua
Portuguesa e Linguística, com ênfase em Teoria e Análise linguística e Linguística
Aplicada e atuou como orientadora do projeto Conterrorizando.

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