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OS LUSIADAS, A MENSAGEM E AS COMEMORAGOES CAMONIANAS por ANTONIO. MB. MACHADO PIRES Devemnos ao amével convite da Cémara da Vila ao Nordeste para uma conferéncia, aquando do centenario camoniano, 0 pretexto para a elaboracdo deste trabalho. Nao sendo especia- listas do periodo camoniano, quisemos entdo aproveitar a oportu: nidade para ordenat uma breve contribui¢&o ao estudo compa- rativo d’0s Lusiadas ¢ da Mensagem, no que toca ao caracter Spico e A exploragdo do plano mitico, Nesta aproximacio se cruzam os grandes problemas do ser portugués, do pensar a histéria e 0 modo de ser, a fatalidade e 0 destino bistérico, a grandeza e a decadéncia, enfim, 0 Pasado, o Presente e 0 Futuro, Nesses planos, tanto Os Lusiadas como a Mensagem oferecem larga matéria de reflexdo e um pendor para insinuar tum julzo sobre o ser-se portugues. Certos vultos, como Camées, polarizam as tendéncias de afirmaco universal dos povos, diothes coesto, firmeza, digni dade histéria; néio & possivel atentar facilmente contra uma cultura € uma naco que tém a expressio Spica dOs Lusiadas: Cogitat, ergo est, euma nacao existe porque pensa» como esere: veu Fradique ... Lembremos que no século passado as comemo. rages pretendiam set uma grandiosa manifestaglo nacional, civica e patriética, Reagiam ao sentimento geral de decadéncia que to fundamente marcou a geracdo de 70 e que nos anos 80 a ANTENTO MB. MACHADO PIRES ameagava acentuar-se em indices coneretos do deficit, da cor rupedo politica, das rodavivas partidarias rotativistas. As glé- rias camonianas estavam acima dos partidos; polarizavam um nobre sentimento da Patria, pois projectam-se universalmente. ‘Mas polarizaram também os sentimentos republicanos, que encontraram nelas uma valvula de escape. Em 1876 fundara-se © Centro Republicano Democratico; em 1878/79 apareceram candidaturas republicanas: Teéfilo Braga, Manuel de Arriaga (dois acorianos de origem), Latino Coelho, Teixeira Bastos (um positivista como Tedfilo), Rodrigues de Freitas. A activi- dade dos centros e clubes republicanos intensifica-se (lembre-se cap. VI d’ A Capital, de ca, que nos da a imagem satirica dos arrebatamentos, dos interesses venais, das inépeias e inge- nuidades burguesas de uma reunifio num clube republicano ...)- Em Janeiro de 1880 Teéfilo Braga insistiria, numa série de artigos de jornal (Comércio de Portugal), na necessidade das comemoracées, que operariam a revivescéncia nacional naquele periodo de crise, Para além dos pormenores do referido pro- grama e das suas fundamentagées eruditas (que nfo faltariam a0 eminente professor), sallenta-se 0 brio patriético, a com- preensdo mais geral das celebracdes. Latino Coelho, na sesso solene da Academia das Ciéncias de Lisboa (9 de Junho de 1880), faz 0 Panegirico de Luis de Camées, sublinhando o exemplo patriético da sua obra e a fora moral que ele inspira no futuro de um pov’ «Os Lusiadas so a estétua da nacdo, cinzelada pelo escopro do maior engenho portugues. Glorifiquemos, pois, cada vez mais a epopeia e o cantor. Veneremos com ele 0 nosso passado tlorioso. [...] volvamos o sentimento nacional aos tempos que J& foram, eo espirito moderno as eras do porvir: ao passado, para que dele possamos aprender o amor da Patria, a tenaz pperseveranca nas empresas mais dificeis; ao futuro, para que honrado o poeta nas suas mais largas e violentas aspiragées, ossamos completar as nossas glérias pelo caminho que a for- ‘tuna nos consente e nos deixou. Fizemos a epopela sublime, a 8 Lustap. A. MBNSAOEMI B AS COMEMORACOHS CAMONTANAS traduzida pelo Camées na divina linguagem do seu estro, Faca ‘mos hoje a epopeia mais modesta, da ciéncia e do trabalho» * Latino Coelho, estava, assim, a inserir as comemoracées numa intengdo nacional de revivescéncia, de antidecadéncia € anti-desmobilizacéo dos espiritos, De resto, os versos de Cambes nao s4o meramente laudatérios e descritivos; contém tum apelo, sublinham uma ligéo, valorizam 0 riseo corrido pelos portugueses, justificam pela dor ¢ pela experiéneia 0 prémio alcangado. Propéem-se cantar os feitos e sublinhar os exemplos. © outro valor que {T, 7], elnclinai por um pouco a magestade, / Que nese tenro xesto vos con: templo,» [I, 9] —sdo versos que provam a pouca idade de D. Sebastidio quando 0 poeta inicia 0 poema. D, Sebastizo + Opiiseulo com 0 Kilulo cit, Lisboa, 1680, pp. 1929. Sobre Tele, © centensrio camoniano © 0s projectos das celebragtes veja-se 0 artigo de Alexandre Cabral, «Comemoragées Camoneanas de 10>, in Notas ote centistas, Lisboa, Patano Eaitora, 1073 Antero, Prosas, Coimbra, Tmprensa da Universidade, tomo TI, «No ‘Tricentenario de Camdess, p. 31. 8

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